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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9391: Turismo de saudade (1): Gostei de voltar à Guiné e ver pessoalmente algumas melhorias, mas a Guiné precisa de muita estabilidade para atingir o tão benéfico desenvolvimento (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem de José Borrego (*), Ten Cor na Reserva, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), com data de 19 de Janeiro de 2012:

Há uns anos a esta parte, despertou em mim o desejo de voltar à Guiné, volvidos 40 anos, para matar saudades dos locais por onde andei e conversar com os guineenses de quem guardo boas recordações.

Era uma questão de tempo e de oportunidade para concretizar a minha vontade. Esse dia chegou e lá fui eu até Bissau de 4 a 12 de Janeiro do corrente ano.

Fiquei surpreendido pela positiva com o que vi: Bissau cresceu cerca de dez vezes mais. Muitas construções coloniais foram substituídas por construções feitas pelos chineses, nomeadamente, em Santa Luzia, para alojamento de militares.

A antiga messe de sargentos foi destruída, dando origem a outro edifício.

A antiga messe de oficiais é hoje o Hotel Azalai, uma das unidades hoteleiras mais importantes de Bissau, segundo fontes não oficiais. Bissau está uma cidade muito movimentada com os seus táxis de cores azul e branca e os autocarros de amarelo e azul conhecidos pelos “Toca-Toca”, os quais cruzam constantemente a cidade e os seus arredores, transportando as pessoas para os mais diversos sítios como Antula, Bairro Militar, Quelele, Enterramento, Empantcha e outros num grande frenesim.

Culturalmente, Bissau também me pareceu uma cidade bem servida de ensino básico, secundário e universitário a avaliar pela quantidade de alunos que vi junto dos estabelecimentos de ensino.

O uso do telemóvel também me pareceu mais ou menos generalizado.

O Mercado do Bandim, continua igual a si próprio, ou seja, sempre apinhado de gente e ali vende-se de tudo!

Do aeroporto de Bissalanca, hoje Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, sai uma via rápida, de três faixas de ambos os sentidos, até Bissau o que torna os transportes mais rápidos. Mas quem optar por outros destinos, também encontra estradas com bom piso.

Como não podia de deixar de ser, visitei, com alguma demora, a minha antiga unidade, em Santa Luzia, o Grupo de Artilharia N.º 7, herdeiro a partir de Julho de 1970, da Bateria de Artilharia de Campanha n.º 1. O aquartelamento foi adaptado ao ensino e hoje é a Escola Secundária Unificadora 23 de Janeiro desde o 1.º ao 12.º ano.

No meu planeamento, mencionei uma visita ao cemitério da Liga dos Combatentes em Bissau, o que fiz, prestando uma homenagem aos nossos camaradas ali sepultados até 1964.

Em resumo, gostei de voltar à Guiné e ver pessoalmente algumas melhorias, mas a Guiné precisa de muita estabilidade para atingir o tão benéfico desenvolvimento.

A má reputação da Guiné fora de portas, nada tem a ver com a realidade guineense. A Guiné é um País pacífico e os guineenses continuam afáveis e acolhedores, a quem desejo do fundo de mim mesmo a melhor sorte deste mundo!

Anexo: Junto 1 foto do antigo palácio do governador em reconstrução; 2 fotos do ex-GA7; 1 foto do cemitério da LC; 1 foto da antiga messe de sargtºs e uma foto da ex-messe de oficiais.

Um abraço amigo do
JOSÉ BORREGO

Antigo Palácio do Governador em reconstrução

Antiga Casa da Guarda do ex-Grupo de Artilharia N.º 7

Panorâmica do ex-Grupo de Artilharia N.º 7

Cemitério em Bissau da Liga dos Combatentes

Local da antiga Messe dos Sargentos de Bissau

Antiga Messe dos Oficiais de Bissau, hoje o Hotel Azalai

Fotos: © José Francisco Robalo Borrego (2012). Direitos reservados.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8144: Notas de leitura (231): A Última Missão, por José de Moura Calheiros - Gostei francamente do que li (José Francisco Borrego)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8144: Notas de leitura (231): A Última Missão, por José de Moura Calheiros - Gostei francamente do que li (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem de José Borrego (*), Ten Cor na Reserva, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), com data de 19 de Abril de 2011:

Acabei de ler o livro “ ÚLTIMA MISSÃO “ do Senhor Coronel Pára-quedista José de Moura Calheiros e gostei francamente do que li! É sempre confortável ler a experiência de alguém que esteve na Guiné, mais a mais, de um homem que teve responsabilidades de Comando e Estado-Maior.

Fiquei a “conhecer “ a mítica península do Cantanhez, encravada entre os rios Cumbijã e Cacine e as dolorosas batalhas travadas em Guidage e Gadamael-Porto, entre Maio e Julho de 1973, com a preciosa ajuda dos pára-quedistas.
A minha comissão na Guiné foi repartida por Bissau, Bajocunda, Paúnca e Ganguará na península de Gampará. Pertenci ao Grupo de Artilharia nº 7, estacionado em Bissau (Santa Luzia).

O livro descreve de maneira simples e detalhada o que foi a recuperação do Cantanhez e a actividade do Batalhão de Pára-quedistas n.º 12 na Guiné, através das suas Companhias de Intervenção, em apoio da Manobra Sócio-económica, defendida pelo Comando-Chefe.
Quanto à população, também partilho da ideia de bondade e simplicidade da mesma, aliás, a maioria daqueles que por lá passaram, guardam boas recordações com quem conviveram.
A esmagadora maioria de nós é sensível a tudo o que se passa na Guiné e queremos o bem daquela terra! Ficámos emocionalmente ligados àquele País e à cultura das suas gentes!

Voltando ao Cantanhez, deixo uma pergunta para quem queira responder: Se aquela península era considerada um “ Santuário“ e uma base logística do PAIGC, porque esteve abandonada tanto tempo pelas NT?

No livro, apreciei também o extraordinário trabalho e espírito de sacrifício que foi levado a cabo pelas Equipas Técnica e de Missão na exumação dos restos mortais dos militares pára-quedistas que foram enterrados no cemitério de campanha de Guidage, há trinta e cinco anos, por dificuldades de evacuação, o que revela bem os difíceis dias ali passados!

Senhor coronel Calheiros, muitos parabéns pelo seu testemunho, através do seu magnífico livro que é, na minha opinião, um excelente documento histórico!
Pela minha parte, o meu penhorado muito obrigado.

Aproveito esta oportunidade, para desejar a todos os camaradas e Excelentíssimas famílias uma Feliz e Santa Páscoa.

Um abraço fraterno do
JOSÉ BORREGO
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4685: In Memoriam (27): Recordando o Major Raul Passos Ramos (José Borrego)

Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8141: Notas de leitura (230): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5554: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (24): Várias mensagens de Boas Festas (Editores)

Reproduzimos mais algumas mensagens de Natal de camaradas que se nos dirigiram através de correio electrónico. Os editores e a Tertúlia retribuem e agradecem. 1. Mensagem de António José Pereira da Costa ***/***/***/***/*** 2. Mensagem de José Francisco Robalo Borrego Caríssimo Carlos Vinhal e Excelentíssima Família, Com a mais elevada consideração e estima venho desejar-vos um Santo Natal e um 2010 o melhor possível em todos os campos! Se for possível gostaria que esta Mensagem fosse extensível a todos os camaradas da Tabanca Grande e suas famílias. Deixo ao teu critério... São estes os votos mais sinceros do camarada e amigo JOSÉ BORREGO ABRAÇOS ***/***/***/***/*** 3. Mensagem de Jorge Rosales Aqui vai um abraço de votos de Boas Festas, com SAUDE, para ti e todo o pessoal da Tabanca. Jorge Rosales ***/***/***/***/*** 4. Mensagem de Jorge Teixeira Caros Tertulianos Queridos Editores e seu/nosso Cmdt, não menos amado. Caro Carlos Vinhal Camaradas (vou discursar?) Há uma coisa que não entendo, não percebo nada. Se o Natal é quando um homem quiser, dizem, porque é que só nesta altura, toda a gente envia as Boas Festas? Só para chatear e dar trabalho? (ao CV?) Têm 365 dias para o fazer, não se guardem para o último dia! Como eu não sou desses, aproveito esta altura boa para desejar a todos UM BOM NATAL E FELIZ ANO NOVO (será ao contrário?), já agora, como nos velhos tempos, além das Propriedades para o Ano Novo, também um adeus até ao meu regresso. BOAS FESTAS cumprim/jteix PS: (sempre a politica), outra vez, mas sem conotação. PS: Já alguém pensou que afinal JC também era um ex-combatente? Não foi ele que lutou contra os vendilhões do templo? (logo... lutou...) E como nós não foi vilipendiado, enxovalhado, desprezado e torturado pelos governantes? Afinal de que nos queixamos? Temos o que merecemos. jt ***/***/***/***/*** 5. Mensagem de Francisco Palma Estimado Luis Graça ; Carlos Vinhal e a TODOS os Camaradas da tabanca Grande e ex-Combatentes NATAL MUITO FELIZ E UM ANO 2010, PLENO DE SAUDE, AMOR E PAZ ***/***/***/***/*** 6. Mensagem de Luís Fonseca Os meus mais sinceros votos de um ÓPTIMO NATAL e um ANO NOVO pleno de realizações. Luis Fonseca ***/***/***/***/*** 7. Mensagem de Alberto Sousa e Silva Que a paz, o amor e a harmonia permaneça nos vossos corações e de toda a familia. Feliz Natal para todos os Tertulianos, Guiné. São os votos de: ALBERTO SILVA CCAÇ 2382 - BUBA 1968/1970 ***/***/***/***/*** 8. Mensagem de Manuel Vieira Moreira: Com votos de Santo Natal e Feliz Ano de 2010 para toda a Tabanca, envio mais uma das minhas Canções da Guiné que fazem parte da minha "Guerra". Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746 Sangue, Suor e Lágrimas 1 Muitas noites tenho passado Na Guerra bem acordado Por não conseguir dormir. Com os olhos sempre alerta Pois é sempre pela certa Que os Turras cá possam vir. (Bis) 2 Certa noite fui acordado E por estrondos alarmado Às duas da madrugada. Mas rapidez é comigo Corri logo a um abrigo P"ra responder de rajada. (Bis) 3 A nossa bela Nação Defendo-a do coração Estas são as minhas dádivas. Misturadas com a dor Lágrimas, Sangue e Suor Suor, Sangue e Lágrimas. (Bis)(Final) Do Fado: Saudade, Silêncio e Sombra XIME, 20 de Dezembro de 1968 Um Abraço para todos ***/***/***/***/*** 9. Mensagem de António Graça de Abreu: Com os desejos de um Feliz Natal e um excelente Ano Novo 2010, Um abraço, António Graça de Abreu __________ Nota de CV: Vd. último poste da série com data de 27 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5545: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (23): Gilda Pinho Brandão (ou Gilda Brás)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5496: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (10): Várias mensagens da tertúlia - I (Editores)

Reproduzimos 10 mensagens de Natal de camaradas que se nos dirigiram através de correio electrónico.

Por uma questão técnica, os trabalhos chegados a PP apenas têm direito à reprodução de uma imagem.

Os editores retribuem e agradecem.



1. Mensagem de José Marcelino Martins com data de 8 de Dezembro de 2009:

Boa Noite
Aqui vão as Boas Festas. Será que alguem se vai reconhecer nesta foto?
Sempre são quase 60anos!

Um abraço
José Martins

Quadro final de uma peça de teatro natalícia, realizado no Jardim-Escola João de Deus, de Leiria, no ano de 1952 ou 1953.
Na foto: José Martins, Carlos Teixeira, Mário Graça, Fernanda, Alice, (?), Daniel (?), Celino e Asdrúbal (?). Alguém se reconhece nesta foto de antologia da Foto Fabião?
© José Martins


Um pequeno desejo, que envolve toda a terra
Boas Festas e Feliz Ano Novo


José Marcelino Martins

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2. Mensagem de Victor Garcia com data de 9 de Dezembro de 2009:

Caros amigos Luis Graça e Carlos Vinhal
Serve esta mensagem para vos desejar um excelente Natal na companhia de todos os que são mais queridos.

Por arrasto a mesma mensagem é dirigida também a todos os ex Militares que fazem parte da Tertulia da Tabanca.
Em anexo envio o meu postal de Natal deste Ano.
Como não poderia deixar de ser em formato PPS.
Saudações amigas, e um Bom Natal e um melhor Novo Ano.

Victor Garcia
2009-12-09



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3. Mensagem de Rui Baptista com data de 9 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos Vinhal,
A finalidade desta minha mensagem é apenas para desejar Boas Festas a toda a Tabanca Grande.

Um abraço bem forte a todos os camaradas.
Rui Baptista

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4. Mensagem de Mário Pinto com data de 10 de Dezembro de 2009:

Para todos os camaradas e amigos
Desejo um feliz Natal e um próspero Ano Novo.



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5. Mensagem de Luís Faria com data de 12 de Dezembro de 2009:

Amigo Vinhal
Com um grande abraço,extensivo a todos os "comandantes" e Familias.
Para os Tertulianos e Familias,tambem

Bom 2010 da... Esperamça!



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6. Mensagem de Sousa de Castro com data de 12 de Dezembro de 2009:

Os meus votos sinceros para que passem um Natal muito feliz, na companhia daqueles que mais desejam.
Sousa de Castro



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7. Mensagem de José Francisco Borrego com data de 12 de Dezembro de 2009:

Caríssimo Carlos Vinhal e Excelentíssima Família,
Com a mais elevada consideração e estima venho desejar-vos um Santo Natal e um 2010 o melhor possível em todos os campos!

Se for possível gostaria que esta Mensagem fosse extensível a todos os camaradas da Tabanca Grande e suas famílias. Deixo ao teu critério...

São estes os votos mais sinceros do
camarada e amigo
JOSÉ BORREGO
ABRAÇOS

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8. Mensagem de Carlos Cordeiro com data de 14 de Dezembro de 2009:

Carlos e Luís,
Para vocês e todos os amigos do blogue, os meus votos de um Feliz Natal.
Abraço,
Carlos Cordeiro


Natal Chique

Percorro o dia, que esmorece
nas ruas cheias de rumor;
minha alma vã desaparece
na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
dos que anunciam no jornal;
mas houve um etéreo desarranjo
e o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado
a quem dão coroas no meio disto,
um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.


Vitorino Nemésio, in "O Pão e a Culpa", 1955

Natal em Ponta Delgada (S. Miguel)

Natal nos Champs Elysees
Fotos: © Carlos Cordeiro (2009). Direitos reservados.


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9. Mensagem de Rui Siva com data de 15 de Dezembro de 2009:

A todos os ex-Combatentes da Guiné, desejo do coração uma feliz Quadra de NATAL e que a felicidade perdure nas vossas vidas e ao longos dos anos.
Nós, apanhados e massacrados na nossa juventude por uma guerra inexplicável e incompreendida, muitos a ficarem com marcas indeléveis, somos merecedores que Cristo atenda aos nossos pedidos e anseios.
Espero e tenho fé que sim!

Um grande e sentido abraço para todos Vós.
Rui Silva
CCAÇ 816
Guiné 1965-67



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10. Mensagem de Braima Djaura com data de 15 de Dezembro de 2009:

Caros Camaradas Amigos, Carlos, Luis e toda Equipa, desejos vós um bom Natal na companhia dos seus...
E muita saúde para todos Camaradas que passaram ou que estiveram na Guiné, todos os outros que bateram na PUs.

Bem-Haja a todos.
Braima Djaura
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5493: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (9): Os três reis magos... (Mário Migueis)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4685: In Memoriam (27): Recordando o Major Raul Passos Ramos (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem de José Borrego (*), Ten Cor na Reserva, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), com data de 12 de Julho de 2009:

Caríssimo Carlos Vinhal,

Sem querer abusar da tua paciência e amizade envio-te para publicação, se assim o entenderes, mais este contributo antes das férias. Com os meus agradecimentos deixo a estética do trabalho ao teu altíssimo critério.

No Poste 4653 do camarada Álvaro Basto vi, pela primeira vez, os majores Pereira da Silva, Raul Passos Ramos, Osório e o alferes Mosca do Estado-Maior do CAOP1 em Teixeira Pinto, assassinados, na Guiné, na estrada que liga Pelunto a Jolmete (**).

Quando, em Julho de 1970, cheguei à Guiné não se falava de outra coisa!

As mortes tinham sido em Abril e ainda me lembra de ver o Senhor General Spínola de luto, fita preta, no braço (***).

Dizia-se em Bissau que tinha desaparecido, ingloriamente, a fina flor do Exército Português!

Estou muito grato ao blogue por publicar as fotografias e ao camarada Álvaro Basto por as ter arranjado, desfazendo equívocos, as quais me serviram de inspiração para escrever estas palavras sobre pessoas que foram brutalmente mortas numa missão muito arriscada… (receber a rendição de dois bigrupos na região de Canchungo ), como infelizmente se veio a verificar.

Segundo o irmão de Amílcar Cabral (Luís Cabral) que foi Presidente da Guiné-Bissau, o plano consistia em apanhar à mão o Governador (General Spínola) e os seus companheiros, mas este foi desencorajado pelo excelso e avisado Tenente-coronel Pedro Cardoso, que na altura era o Secretário-Geral da Guiné, que numa carta enviada ao Sr. General Spínola lhe terá dito que era perigoso envolver-se em contactos pessoais com os dirigentes sob controlo inimigo, propondo-lhe que, de futuro, os contactos se passassem a fazer em Bissau, no Palácio. Isto porque em data anterior (primeiros dias de Abril) o Comandante-chefe ter-se-á encontrado, secretamente, com André Pedro Gomes, chefe guerrilheiro da região Caboiana-Churo, para negociações de paz, na estrada entre Teixeira-Pinto/Cacheu.

As circunstâncias da morte dos militares em apreço, já foram relatadas por camaradas que viveram de perto a situação e publicadas no blogue.

Apenas falarei de algumas qualidades do major Raul Passos Ramos, porque conheço o seu irmão, general Fernando Passos Ramos, de quem sou amigo há muitos anos. Aliás, quando soube do falecimento do seu irmão Raul, voou do Leste de Angola para a Guiné para se inteirar da situação.

Nunca tive o privilégio de conhecer pessoalmente o major Passos Ramos, mas conheço testemunhas credíveis de camaradas do QP que serviram sob o seu comando, dos quais guardo na memória algumas qualidades humanas e militares do major Passos Ramos, relatadas por eles, e que passo a descrever:

Na década de 60, ainda capitão, o major Passos Ramos esteve a prestar serviço na Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas;

Era um oficial distintíssimo, muito respeitado pelo seu constante exemplo (era um exemplo a seguir);

Era de uma dedicação e competência inexcedíveis, surpreendendo os mais dedicados e competentes!

Como comandante de Bateria (equivalente a Companhia na Infantaria) preocupava-se com os seus soldados, principalmente com os mais necessitados; conhecia-os a todos pelo nome e não pelo número... conversava com eles e sabia das dificuldades por que passavam. Alguns eram casados com filhos e o Capitão Ramos para lhes minimizar o sofrimento mandava-os entrar de licença para poderem trabalhar e contribuir para o sustento das suas famílias;

Todos os militares, principalmente oficiais, o queriam imitar…;

Oferecia-se para missões em lugar de outros camaradas que estivessem em dificuldades;

Quando entrava de Oficial de Dia à Escola Prática de Artilharia a população de Vendas Novas comparecia em peso para assistir à cerimónia do Render da Parada num gesto de profunda homenagem e consideração ao capitão Passos Ramos!

Enfim, era um Homem bom que do meu ponto de vista, merece ser recordado com todo o respeito e admiração!

Ao major Passos Ramos e aos restantes militares que faleceram com ele no cumprimento de uma missão, rogo a Deus para que as suas almas descansem em paz.

Despeço-me, desejando a todos as camaradas da Tabanca Grande e respectivas famílias, umas boas férias.

Abraços do
JOSÉ BORREGO

Nota: - Na construção dos parágrafos cinco e seis, apoiei-me no livro do Tenente-coronel Infª Francisco Proença Garcia (Mestre em Relações Internacionais pela Universidade Portucalense Infante Henrique)

Linda-a-Velha, 12 de Julho de 2009

Na foto: Majores Joaquim Pereira da Silva e Raul Passos Ramos, Alf Mil Fernando Giesteira Gonçalves e Major Magalhães Osório

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4628: Estórias avulsas (38): Histórias passadas na Guiné (José Borrego)

(**) Vd. poste de 7 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4653: Dando a mão à palmatória (21): A verdadeira fotografia do Alf Mil Cav Mosca, assassinado no dia 21 de Abril de 1970 (Os Editores)

(***) Vd. postes de:

8 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1503: Dossiê: O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M. F. Sousa) (6): Fotografia dos três majores (Sousa de Castro)

9 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1510: Os heróis do Chão Manjaco e o Alferes Giesteira (Paulo Raposo)

27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2004: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (Anexo A): Depoimento de Fur Mil Lino, CCAÇ 2585 (Jolmete, 1970)

30 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2008: Dando a mão à palmatória (1): A fotografia dos saudosos majores Pereira da Silva, Passos Ramos e Osório (João Tunes / Editores)

1 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2320: Relatórios Secretos (1): Massacre do Chão Manjaco: O resgate dos corpos (Virgínio Briote)

Vd. último poste da série de 6 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4645: In Memoriam (25): Maria da Glória Revez Allen Beja Santos (1976-2009): Missa do 7º dia, 4ª feira, 19h, Igreja do Campo Grande

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4628: Estórias avulsas (12): Histórias passadas na Guiné (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem de José Francisco Borrego (*), Ten Cor na Reserva, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), com data de 29 de Junho de 2009:

Caríssimo Carlos,

Desculpa lá mais esta trabalheira! Começamos a puxar pela memória e depois vêm à superfície factos passados há quase 40 anos!

Faço votos para que te encontres bem na companhia da Excelentíssima Família. Ainda não foi este ano que nos conhecemos pessoalmente. Uns problemas domésticos impediram a minha ida ao convívio de 20 de Junho de 2009, que pelos vistos correu às mil maravilhas! Se Deus quiser para o ano, vou fazer os possíveis para estar presente.

Um abração de muita amizade do
José Borrego


HISTÓRIAS PASSADAS NA GUINÉ

Caríssimo Carlos Vinhal,

já faz algum tempo que não te aborrecia com trabalho deste género. Andei à procura nos recantos da memória e encontrei meio amarelas, mais umas histórias passadas na Guiné no período, 1970-1972, dando mais um contributo para o enriquecimento do património histórico e social da nossa Tabanca Grande. Se achares conveniente faz o favor de as publicar.

Em fins de 1970 (Outubro?), apresentou-se no Grupo de Artilharia n.º 7 (GA7) o Senhor major Gaspar, acabado de ser promovido, para assumir as funções de 2.º comandante do Grupo. O major Gaspar também conhecido por Gasparinho, comandava a Companhia de Artilharia 3330, estacionada em Nhamate e mais tarde em Bula. Era uma Companhia independente, cuja unidade mobilizadora foi o extinto Regimento de Artilharia n.º3 (RAL n.º3) em Évora.

O comandante do GA7 era o Senhor tenente-coronel Ferreira da Silva que tinha por alcunha o Assassino da Voz Meiga, porque ao dirigir-se aos seus subordinados fossem eles oficiais, sargentos ou praças tinha por hábito tratá-los por “filho”; "Ó filho isto, ó filho aquilo"... mas na hora de administrar a justiça e disciplina (RDM) era um “pai” pouco meigo.

Um dia tratou o major Gaspar por “filho” e, como este gostava pouco de paternalismos, terá advertido o comandante que pai só tinha um e que não admitia que o voltasse a tratar com tal “afecto”.

Devido ao feitio do comandante, ou talvez não, o certo é que não morriam de amores um pelo outro e segundo se dizia tinham muitas divergências e acesas discussões.

No dia de todos os Santos era tradição fazer-se uma formatura geral com representantes dos três Ramos das Forças Armadas em frente ao Palácio do Governador da Província, salvo erro.

A representação do Exército coube ao GA7 com a incumbência de enviar uma força para a cerimónia do dia de finados, força essa, que sob a responsabilidade do major Gaspar terá chegado ligeiramente atrasada ao local da formatura,  o que desagradou profundamente ao comandante perante o olhar das altas entidades.

Como cmdt e responsável máximo, o ten cor  Ferreira da Silva terá feito uma chamada de atenção ao major Gaspar, que não tendo gostado da “repreensão” em público, desatou aos berros e com insultos ao cmdt, sendo retirado do local por um oficial conhecido, pondo termo ao espectáculo deplorável!

Para quem conhecia a personalidade do major Gaspar, aquilo foi uma atitude perfeitamente natural em linha com o seu temperamento. Para a época era, ou parecia ser, um oficial desinibido, frontal e, por vezes, desafiador da disciplina. Dizia-se que na sua folha se serviços tinha tantos louvores como castigos e que gozava de alguma simpatia, junto do Senhor General António de Spínola, devido às suas características peculiares.

No regresso à Unidade os dois comandantes discutiram o incidente anteriormente ocorrido, tendo ambos chegado, ou quase chegado, a vias de facto e a situação só não foi mais grave, porque um oficial se intrometeu entre os dois.

Perante a insubordinação do major Gaspar o cmdt mandou chamar o Sargento da Guarda para prender o major, mas este dizia ao 1.º sargento que não podia prendê-lo, porque não estava em flagrante delito. 

Este episódio durou algum tempo em que um mandava avançar o Sargento da Guarda e o outro mandava-o recuar... Houve até quem dissesse que o sargento da guarda,  impaciente e nervoso,  terá suplicado: "Meus comandantes, decidam-se lá, porque, segundo o Regulamento, o comandante da guarda não pode abandonar, o distrito da guarda, por muito tempo". Tal era o desconforto…!

Face ao sucedido o escalão superior procedeu ao respectivo processo disciplinar e criminal, acabando os dois por serem punidos com penas de prisão.

Contam-se muitas histórias a respeito do major Gaspar, o Gasparinho,  e que ainda hoje são motivo de boa disposição entre camaradas que tiveram o privilégio de servir sob o seu comando na Guiné. A propósito, socorrendo-me da memória aí vão três deliciosas:

1. Na época das chuvas os abrigos/locais de trabalho do major Gaspar e do seu 1.º sargento ficaram completamente inundados. O diligente major Gaspar (ainda capitão) não perdeu tempo e enviou um rádio (mensagem) para o escalão superior, solicitando com máxima urgência dois escafandros para entrarem nos abrigos, visto nem ele, nem o 1.º sargento saberem nadar…

2. A certa altura o pessoal do BEng 447 foi colocar chapas de zinco nos telhados das casernas (barracões?) da companhia. Passados uns dias um tornado muito forte arrancou as ditas chapas e nunca mais ninguém as viu. O inevitável capitão Gaspar perguntou ao BEng por mensagem mais ou menos nestes termos: Solicito informe se chapas colocadas nesta em tal data… regressaram à sua Unidade de origem…

3. Também se dizia que o seu substituto na companhia um dia telefonou-lhe a perguntar se tinha assuntos pendentes para resolver, ao que o major Gaspar respondeu que pendente só tinha os tomates…

Um homem com estas atitudes só podia ser diferente e muito considerado pelo seu refinado sentido de humor. Humor que em tempos de guerra é necessário e fundamental para o moral das tropas. Nem só de pão vive o homem…

Esta também é gira: O comandante um certo dia, depois do almoço, foi ver o andamento das obras a decorrer no quartel e ao aproximar-se do sargento encarregado das mesmas, disse:

- Ó filho as obras não andam?

Ao que o sargento respondeu:

- Saiba V.Exª. meu comandante, que as obras não têm nem nunca tiveram pernas para andar.

Perante tal resposta o cmdt da CCS teve de interceder pelo sargento (que nesse dia devia estar com os azeites) mas ainda assim foi de castigo, para o mato, uns meses.

Nota 1: O original das histórias é capaz de estar um bocado adulterado, devido ao muito uso, mas penso que o essencial está intacto.

Nota 2: O GA7 era uma Unidade de Guarnição Normal sediada em Bissau - Santa Luzia. Recebia militares de rendição individual (nomeadamente oficiais, sargentos e cabos especialistas); os soldados na sua larga maioria pertenciam ao recrutamento da Província e tinha à sua responsabilidade os pelotões de Artilharia de Obus 14, 11,4, 10,5 e 8,8 cm, respectivamente, disseminados pelo TO da Guiné, assim como as Baterias de Artilharia Antiaérea.

Infelizmente, o major Gaspar já faleceu. Curvo-me perante a sua memória e paz à sua alma.

Linda-a-Velha, 29 de Junho de 2009

Um abração para todos os camaradas de armas, da Tabanca Grande, espalhados pelo mundo com votos de muita saúde.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4021: História do Grupo de Artilharia N.º 7 (Bissau) (TCor José Francisco Robalo Borrego)

Mensagem de José Francisco Borrego, Ten Cor na Reserva, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), com data de 8 de Março de 2009:

Assunto: HISTÓRIA DO GA N.º 7 - BISSAU (SANTA LUZIA)

Caríssimo Carlos Vinhal,
espero que te encontres bem na companhia da excelentíssima família. Eu fico bem, graças a Deus.

Venho novamente incomodar-te com mais uma edição, respeitante à nossa sempre Guiné!
Penso que muitos artilheiros vão ficar satisfeitos por saberem como foi a evolução do GA N.º 7!

À falta de melhor, junto também uma foto do brasão de armas da Bateria de Artilharia Campanha n.º 1 (BAC 1), antecessora do GA N.º 7.

Recebe um abraço amigo e de consideração do
JOSÉ BORREGO
TCOR (RES)


Brasão de Armas da Bateria de Artilharia de Campanha N.º 1 (BAC 1), antecessora do Grupo de Artilharia N.º 7 (GA 7)


1. O GA 7 estava aquartelado em Bissau (Santa Luzia), sendo uma Unidade de Guarnição Normal a que tive a honra de pertencer durante 27 meses (13JUL70 a 30OUT72) e teve como antecedentes as seguintes Unidades:

Bateria de Artilharia de Campanha (BAC);
Bateria de Artilharia de Campanha n.º 1 (BAC 1);
Grupo de Artilharia de Campanha n.º 7.


Comandantes de Bateria:

Cap Artª António Soares Fernandes;
Cap Artª Carlos Rodrigues Correia;
Cap Artª José Júlio Galamba de Castro;
Cap Artª João Carlos Vale de Brito e Faro;
Cap Artª Ernesto Chaves Alves de Sousa;
Cap Artª José Augusto Moura Soares.

Divisa: Os Olhos na Pátria e a Pátria no Coração


Criação da Bateria de Artilharia de Campanha (BAC)

A sua criação é anterior a 01JAN61. Era uma subunidade de guarnição normal e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.


Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente, destacou efectivos para guarnecer algumas localidades até à chegada de forças de Caçadores, nomeadamente para Bissorã, de finais de ABR61 a meados de AGO61; para Mansabá, de finais de ABR61 a princípios de NOV61 e para Enxalé, de princípios de JUN61 a princípios de NOV61.

Após ter destacado Pelotões de Material 8,8cm para Mansabá, a partir de 01OUT63, para Bissorã, em 06NOV63, para Olossato, a partir de 24DEZ63 e para Catió, a partir de 04FEV64 – este destacamento, inicialmente, para apoio da Operação Tridente, nas ilhas de Como, Caiar e Catunco.


Formação de Pelotões

Continuou a formar Pelotões para atribuição em apoio de fogos a diversas guarnições. Assim, constituiu durante o ano de 1964 mais três Pelotões, em 1966 mais seis Pelotões, dos quais, três de material 11,4cm e em 1967 mais três Pelotões, estes de material 14cm.


Criação da Bateria de Campanha n.º 1 (BAC 1)

Em 01ABR67 a subunidade BAC passa a designar-se Bateria de Campanha n.º 1. A partir de 1968 os Pelotões de 8,8cm passaram a ser equipados com material de 10,5cm, tendo ainda sido formados mais sete Pelotões de 10,5cm e mais quatro pelotões de 14cm, um dos quais, por extinção de um pelotão de 11,4cm.


Localização dos Pelotões

A localização dos Pelotões foi caracterizada fundamentalmente pela capacidade de actuação sobre as linhas de infiltração do IN e de reacção aos ataques sobre os aquartelamentos fronteiriços, como S. Domingos, Guidage, Cuntima, Buruntuma, Cabuca, Aldeia Formosa, Guilege e Cameconde, entre outras e para prolongar as acções de fogo sobre as áreas de refúgio tradicionais do Morés, Tiligi, Caboiana, Quínara, Tombali e Cubucaré, entre outras. Em 01JUL70, a subunidade foi extinta e os seus meios e tradições históricas foram transferidos para o GAC 7, então criado.


Criação do Grupo de Artilharia n.º 7 (GAC 7)

Comandantes:

TCOR ARTª António Luís Alves Dias Ferreira da Silva;
TCOR ARTª António Cirne Correia Pacheco;
TCOR ARTª Martinho de Carvalho Leal;
MAJ ARTª José Faia Pires Correia.

2.ºs Comandantes:

MAJ ARTª João Manuel Melo Mexia Leitão;
MAJ ARTª José Joaquim Vilares Gaspar;
MAJ ARTª José Faia Pires Correia;
CAP ARTª Jaime Simões da Silva.


Síntese da Actividade Operacional

O GAC n.º 7 foi criado em 01JUL70, a partir dos meios de artilharia da BAC 1, os quais já englobavam, na altura, 114 bocas-de-fogo constituídas em 27 Pelotões, dos quais 16 pelotões eram de material 10,5, 2 Pelotões de 11,4cm e 9 pelotões de 14cm.

Posteriormente, foram ainda organizados mais um Pelotão de 10,5cm, em 1972, e em 1973, mais um Pelotão de 8,8cm, outro de 10,5cm e dois Pelotões de 14cm.

Na sequência da missão da BAC 1, continuou a exercer o comando e controlo técnico dos diferentes Pelotões colocados em apoio de fogos das diversas guarnições do interior, tendo comandado e coordenado diversas acções de fogo sobre bases inimigas situadas junto da fronteira. Comandou e coordenou ainda a actividade das subunidades de Artilharia Antiaérea.


Criação e Extinção do Grupo de Artilharia n.º 7

Em 14NOV70, passou a designar-se Grupo de Artilharia n.º 7, a fim de harmonizar a sua designação com o comando e controlo das baterias de Artilharia Antiaérea, entretanto colocadas no CTIG, de acordo com despacho ministerial de 11AGO70.

Após a recolha dos Pelotões existentes, de acordo com o plano de retracção do dispositivo, a Unidade foi desactivada a partir de 02SET74, tendo sido posteriormente extinta.


2. Dedico esta pesquisa a todos os Artilheiros de Campanha, que pertenceram às Unidades acima identificadas e que em Bissau ou no mato cumpriram as missões superiormente definidas.

Linda-a-Velha, 08 de Março 2009

Saudações Artilheiras e um abraço fraterno,
JOSÉ BORREGO
TCOR (RES)

(Fonte: 7.º Volume. Tomo II Guiné)
__________

Nota de CV

Vd. último poste de José Borrego de 14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3893: Tributo aos nossos Sargentos do QP que mantinham as contas em dia (José Francisco Borrego)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3893: Tributo aos nossos Sargentos do QP que mantinham as contas em dia (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem do nosso camarada José Francisco Robalo Borrego (*), Ten Cor que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda, Guiné 1970/72, com data de 12 de Fevereiro de 2009:

Camarada e amigo Carlos Vinhal,

Envio-te, para publicação, por favor, mais um contributo da Guiné para o prestígio da nossa Tabanca Grande, fazendo um pouco de justiça ao saber e experiência da classe de Sargentos do Quadro Permanente que se revelou no apoio dado aos Oficiais e Sargentos Milicianos (Quadro Complemento), principalmente àqueles Oficiais que tiveram a enorme responsabilidade de comandarem Companhias e cuja experiência de comando era muito incipiente no que respeitava à vertente administrativa.

Os Primeiros-Sargentos que respondiam pelas Companhias eram responsáveis, perante o Comandante, de toda a administração, incluindo a panóplia dos materiais, sendo coadjuvados por um ou mais Segundos-Sargentos. Pertenciam às Armas Combatentes, mas como tinham formação administrativa e a média das idades andava pelos 40 anos eram nomeados (mobilizados) para tarefas administrivas e não operacionais. Era uma prática que estava institucionalizada no Exército.

Recordo que, em 1972, o senhor Capitão Miliciano que comandava a Companhia de Bajocunda me ter relatado que não tinha experiência nenhuma de comando. Que tinha embarcado para a Guiné como Alferes e desembarcado como Capitão, Comandante de Companhia, mas tinha tido a sorte de ter a seu lado um Primeiro-Sargento muito competente e fiável, que já estava na terceira comissão e que orientava com mestria toda a máquina administrativa sem ser necessário a sua intervenção era, por assim dizer, um descanso!

O mesmo senhor Oficial de quem guardo as melhores recordações, por ser um homem culto e muito humano no relacionamento, confidenciou-me que se tivesse algum problema administrativo na Companhia, resultante de má administração, que o pudesse afectar, quando fosse de férias à Metrópole já não regressava à Guiné, porque provavelmente desertaria para o estrangeiro, mas que tal não era necessário, porque tinha a certeza que o seu Adjunto Administrativo tinha tudo em boa ordem. É evidente que ninguém é perfeito e houve, com certeza, casos menos bons, mas na generalidade penso que estes combatentes não operacionais foram úteis no apoio que prestaram aos combatentes operacionais, aliás considerados, por muitos, como peças importantes na engrenagem militar.

Quero também dedicar uma palavra de apreço e estima a todos os outros Sargentos que não pertencendo às Armas Combatentes deram o seu generoso contributo para o esforço de guerra na Guiné e nos outros Teatros de Operações.

Caro Carlos Vinhal,
já que estou a falar de Bajocunda, aproveito para contar uma pequena história que me veio à memória e tem a ver com um comerciante branco que tinha o monopólio do negócio da mancarra (amendoim). Quando o dito comerciante saía do Aquartelamento para tratar dos seus negócios algures no Senegal (segundo se dizia), o Comandante da Companhia ficava preocupado, porque de certeza que nessa noite havia flagelação ao Quartel.

É espantoso como um único homem, ainda por cima civil, punha uma Companhia de militares com os nervos à flor da pele! o homem circulava à vontade entre Bajocunda e Pirada com o seu veículo sem que nada lhe acontecesse, contrastando com o azar das NT que, de vez em quando, sofriam emboscadas e detectavam minas. Mera coincidência? Ou algo mais...? Enfim, coisas da guerra!

Um abraço amigo e fraterno do
José Borrego


2. Comentário de CV:

Quero aproveitar este poste do Ten Cor José Francisco Borrego, para prestar a minha homenagem ao (no início da Comissão da CART 2732) Segundo-Sargento João da Costa Rita, homem competente e honesto que desempenhou as funções de Primeiro-Sargento da Companhia na ausência de um Primeiro que não chegou a embarcar.
Acabou por ser promovido a meio da comissão, continuando a desempenhar o seu cargo até à Comissão Liquidatária, já depois do nosso regresso.

Deixo uma transcrição da última página da História da Unidade CART 2732:

CITAÇÃO

Pela correcta elaboração das contas e ainda pelo respeito aos prazos superiormente determinados para o seu envio, verifica-se a boa colaboração prestada à CSCA/QG/CTIG por algumas subunidades.
Este procedimento, por prestigiante para essas subunidades e para o próprio CTIG, merece ser citado, motivo pelo qual se referem as seguintes:

.................................
.................................
Companhia de Artilharia n.º 2732
.................................
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3445: Tabanca Grande (96): Ten Cor José Francisco Robalo Borrego, ex-1.º Cabo do Gr Art 7 e Furriel QP do 9.º PELART (1970/72)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3445: Tabanca Grande (96): Ten Cor Art José Francisco Robalo Borrego, ex-1.º Cabo do Gr Art 7 e Furriel QP do 9.º PELART (1970/72)

Ten Cor José Francisco Robalo Borrego, que pertenceu, como 1.º Cabo, ao Grupo de Artilharia n.º 7, de Bissau e, como Furriel do QP, ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné 1970/72)


1. Mensagem com data de 10 de Novembro de 2008, do Ten Cor José Francisco Robalo Borrego

Caros companheiros Luís Graça, Carlos Vinhal e Virgínio Briote

Assunto: O Bom Humor em Tempos de Guerra

Em primeiro lugar as minhas felicitações pela criação do blogue colectivo, o qual permite comunicarmos as nossas histórias passadas, há muitos anos, mas que se encontram bem arquivadas e conservadas nas nossas memórias.

Após a Recruta básica no Batalhão de Caçadores n.º 6 em Castelo Branco (Julho-Setembro de 1968), quis o destino que a minha Especialidade fosse Artilheiro de Campanha 10,5 e não Atirador de Infantaria, ou seja, estive na Guiné entre Julho de 1970 e Outubro de 1972, tendo lá chegado a bordo do paquete Alfredo da Silva, como 1.º Cabo Apontador de Campanha 10,5 (obus de Artilharia) e, graças a Deus, a minha actividade operacional não foi muito arriscada, quer nas colunas que tive de realizar, quer nos poucos ataques que sofri nos aquartelamentos onde estive colocado. Para tudo é preciso sorte!

A minha unidade era o Grupo de Artilharia n.º 7, de Guarnição Normal, estacionado em Bissau (Santa Luzia), perto do QG/CTIG e do Batalhão de Intendência. O Gr Art n.º 7, em 1970, tinha vinte e tal pelotões de obuses 10.5, 11.4 e 14 disseminados pelo TO da Guiné, actuando sobre as linhas de infiltração do IN e de reacção rápida aos ataques sobre os nossos aquartelamentos.

Após a minha promoção a Furriel do QP de Artilharia (Janeiro de 1972), marchei para o Sector do BCAV 3864 (1971/73) (Pirada) com destino ao 9.º PELART (Bajocunda), ficando adido à CCAV 3462 do referido Batalhão.

Foi lá que conheci o meu amigo João José Coelho Teixeira Lopes, Fur Mil, Comandante de uma Secção do 9.º PELART, sendo hoje um distinto médico.

Em Bajocunda tenho uma história engraçada, que passo a descrever.

Soldado Herodes

Quando me apresentei no Pelotão, verifiquei que fazia parte do efectivo um cão chamado Herodes criado pelos soldados, presumo, amarelo e branco. Não se sabendo bem porquê, o bicho ausentou-se durante três ou quatro dias e quando regressou à base, vinha todo sujo, num estado lastimável. Como era considerado soldado havia que proceder ao levantamento do respectivo processo disciplinar por ausência ilegítima. Vai daí, peguei numa folha de trinta e cinco linhas e na qualidade de graduado mais antigo redigi a punição que foram, salvo erro, cinco dias de prisão, tendo em conta o bom comportamento anterior.

Como o referido soldado não sabia ler nem escrever, colocou a pata sobre o papel, depois de molhada, através de uma almofada de carimbo azul que pedi emprestada na Secretaria da Companhia. Como a punição era mesmo para cumprir o Herodes ficou preso junto ao nosso abrigo.

Ao segundo dia de privação da liberdade o aquartelamento foi atacado e, como não houve tempo de o soltar, o desgraçado gania de medo com o barulho dos rebentamentos. No fim das hostilidades, foi libertado, porque tivemos compaixão dele. O Herodes, assim que se apanhou solto, fugiu para debaixo das camas e esteve lá uns dois dias que nem comer queria! Coitado, não merecia tanto castigo, teve azar!...

Ainda dentro do Sector do BCAV 3864, o 9.º PELART foi transferido para Paunca, em Abril ou Maio de 1972, onde se encontrava a CÇAC 11, constituída por elementos africanos, à excepção dos graduados e das praças especialistas que eram todos europeus.

O meu companheiro de pelotão e de tabanca era o já aludido, anteriormente, Fur Mil Teixeira Lopes que me dizia:
- Ainda te hei-de ver em primeiro-ministro - isto pelo facto de eu estudar muito nas horas vagas, o que muito ajudava a passar o tempo, aliás, posso dizer que comecei os meus estudos na Guiné, já que até aí não tinha tido possibilidades na vida.

“Enquanto se Luta, Constrói-se” era uma das máximas do general António de Spínola.

Nesta localidade, passaram-se duas histórias que o meu companheiro, Teixeira Lopes, pode confirmar.

Primeira História ou Galináceo, espécie em perigo de extinção

Existiam muitas galinhas, embora de pequeno porte, e como a nossa alimentação não era muito famosa, resolvi apanhar umas aves, com a cumplicidade do Teixeira Lopes, que consistia no seguinte: deitava um carreirinho de arroz em frente à porta da tabanca que se prolongava para o interior da mesma; o animal na boa fé entrava e depois era só encostar a porta pelo interior e a presa não tinha salvação.

Como o efectivo das galinhas começou a diminuir fomos avisados pelo nosso Comandante de Pelotão, Alferes Mendes, que já havia queixas da população e o melhor era deixarmos as galinhas em paz, assim fizemos em nome do bom senso e da boa vizinhança e também porque já andávamos com imensa azia de tanto churrasco, preparado por um soldado do Posto Rádio!

Segunda História ou Era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha

Numa bela noite de Abril ou Maio de 72, dois burros da população resolveram lutar e, já de madrugada, o burro perdedor aflito com os ataques do seu adversário fugia num galope acelerado até que encontrou um buraco para se esconder e esse buraco, vejam só, foi a nossa tabanca, cuja porta estava aberta por causa do calor. Depois foi o bom e o bonito para tirar o burro que mais profundamente penetrou na tabanca.

De marcha-atrás era impossível, porque o outro burro mordia-lhe; sair de frente também era difícil, devido à exiguidade do espaço da tabanca para fazer a manobra. Por fim, ao cabo de uma ou duas horas, lá conseguimos resolver a situação. Nessa noite não chateou o IN, mas chatearam os burros!

Finalmente, de 19 de Agosto a 21 de Setembro de 1972, ainda fiz uma perninha na CART 3417, pertencente ao COP 7, onde se encontrava o 29.º PELART em Ganjuará (Península de Gampará) na confluência dos rios Geba e Corubal a norte de Fulacunda, felizmente sem problemas.

Companheiros, presentemente sou Tenente-Coronel do SGE, presto serviço no Ministério da Defesa Nacional e tenciono passar à reserva em 16-11-2008.

Junto duas fotos: 1.º Cabo (Gr Art N.º 7 – Guiné); Ten Cor (actual)

Despeço-me com muita amizade e elevada consideração com abraços a todos os ex-combatentes: Portugueses e Africanos.

Lisboa, 10 de Novembro de 2008
José Francisco Robalo Borrego

2. Resposta enviada ao nosso novo camarada em 12 de Outubro de 2008

Caro camarada:

Na qualidade de relações públicas da Tabanca Grande, estou a responder-te em nome dos editores do Blogue.

É um prazer receber na nossa Tabanca mais um Oficial Superior do Exército, onde contamos já com a colaboração do Cor Ref António Marques Lopes, Ten Cor Rui Alexandrino Ferreira, Cor Ref Hugo Guerra, Cor Pereira da Costa e Cor Ref Coutinho e Lima. Contamos ainda entre os nossos amigos o Cor Cmd Ref Carlos Matos Gomes. Espero não ter cometido a falta grave de esquecer alguém.

Estamos curiosos pelo conteúdo das tuas histórias pois tiveste um percurso militar digno de registo. Na mesma comissão chegaste como 1.º Cabo e saíste como Furriel do QP. Fizeste mais alguma comissão de serviço ou foste salvo pelo 25 de Abril?

Com respeito às nossas normas de conduta, podes consultá-las no lado esquerdo da nossa página assim como aquilo que nós (não) somos

Consideramo-nos camaradas em toda a acepção da palavra e não levamos em conta os postos militares e a posição na sociedade civil. O respeito é a nossa divisa, tanto na discussão das ideias, como na diferença das convicções religiosas, políticas e outras. Assim o tratamento por tu é normal dentro da nossa Caserna.

Caro Robalo Borrego, entra, instala-te e começa a conhecer as pessoas e os cantos da casa.

Agora um apontamento de ordem mais pessoal. A dada altura do teu mail, dizes que fizeste uma perninha na CART 3417. Esta Companhia é-me particularmente familiar, porque foi a minha Companhia (CART 2732) que a acompanhou no IAO, em Mansabá. Por outro lado, há um acontecimento trágico registado no dia 28 de Agosto de 1971, dia em que o CMDT da 3417 que tinha saído sozinha, pisou uma mina AP na zona de Manhau. Foi o meu Pelotão que o foi evacuar ao mato, vindo na minha viatura no regresso ao Quartel sempre assistido pelos enfermeiros. Como a meio da tarde ainda não tinha sido evacuado para o MH 241 por meio aéreo, fizemos uma directa em coluna auto até Bissau, onde o deixámos para tratamento. Nunca mais soube nada desse, na altura, jovem capitão.

Caro camarada, recebe um abraço de boas-vindas da tertúlia e dos editores em particular.

Carlos Vinhal

OBS:-Como brevemente vais passar à situação de Reserva, se mudares de endereço, não te esqueças de nos informar da alteração.
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Nota de CV

Vd. último poste da série de 1 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3390: Tabanca Grande (95): António Garcia de Matos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2790, Bula (1970/72)