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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12649: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (14): As localidades por onde passei, sofri e amei - Conclusão (Veríssimo Ferreira)

1. Em mensagem do dia 34 de Janeiro de 2014, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil da CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, e Bissau, 1965/67) enviou-nos a segunda e última parte do seu percurso militar desde sua promoção à alta patente de 1.º Cabo Miliciano, passando pela promoção a Senhor Furriel, terminando na sua ansiada ida para a Guiné.


AS LOCALIDADES POR ONDE PASSEI... SOFRI... AMEI
(continuação*)

À Amadora cheguei... nem ao almoço tive direito e mandam-me avançar, de forma a estar e sem falta, no dia seguinte em Lamego.
Voei para Sta. Apolónia, fui para o Porto, daqui para a Régua e o certo mesmo é que às 8,30 entro no novo poiso.

Bambúrrio... dei de caras, logo à porta de armas, com um herói da minha terra, combatente já com uma comissão prestada em Angola, 2.º Sargento e monitor agora, das tropas a preparar.
Trocámos abraços, continências e amigáveis palavras, e logo ali ele próprio se disponibilizou para me ajudar no que eu precisasse.

A caserna era óptima e fiquei em lugar privilegiado de cama. Fora dos últimos a chegar e não houve hipótese de arrebanhar melhor. Havia só que subir três beliches, até chegar ao 4.º onde dormia e com uma vista fantástica para os barrotes em madeira, que até me davam para estender a roupa molhada e esta, por sua vez, passava as gélidas noites, a afagar-me a tromba, durante os raros momentos que ali estacionei, pois que os treinos eram constantes, a qualquer momento... prolongados... estafantes.

Foram tempos duros, mas uma óptima preparação para as dificuldades que vieram depois. Ficou-me gravada, a frase: "Nunca se sabe", resposta que sempre ouvíamos a qualquer pergunta que fizéssemos.
Lá de quando em quando, também nos convidavam a ir até lá abaixo à City e então era um fartote... que belas pingas... bom presunto (coisa da qual eu já ouvira falar mas não provara qu'a crise abundava com'há agora) e até as pessoas eram simpáticas prá rapaziada fardada.

No aspecto da preparação militar, gostei "manning" d'atravessar o rio dum lado pró outro, agarrado a uma corda e com os pés assentes noutra e a água lá em baixo revolta com'ó caraças fez-me perguntar a mim próprio: porqu'é que não trouxeste o calção de banho em vez da farda de trabalho?

Lamego
Foto: Pais&Filhos, com a devida vénia

Tancos, desejava-me ardentemente e as Minas e Armadilhas que as amasse... e a Barquinha ali tão perto e com tão boa comida e melhor buída...
Recordo com alguma emoção convenhamos, aquele dia em que cá em baixo, junto ao Castelo de Almourol, me pediram atenciosamente para experimentar um pedaço de massa explosiva, a que chamavam farinheira. Colocada que foi, debaixo dum pedregulho de todo o tamanho, a que juntei depois um detonador, mais um cabo eléctrico com 50 metros que trouxe até cá ao alto e liguei a uma caixinha com alavanca que pressionei.
O estardalhaço do rebentamento foi impressionante, levantei a cabeçorra e é nessa altura que vejo no ar aquele monstro redondo a dirigir-se a jacto, precisamente para o local onde me encontrava e a quem eu disse:
-Trá-la-rai, la-rai, la-rai... falhaste pá... paciência.

Acabara sim, por derrubar uma pobre e velha árvore centenária.

Castelo de Almourol
Foto: Imagens de locais onde já estive, com a devida vénia

Passou-se e eis senão quando, me vejo a caminho de Lisboa, Avenida de Berna, Grupo de Companhias Trem Auto, o que me confundiu do porquê. E não só a mim, também o Senhor Sargento da Secretaria se espantou e exclamou:
- Ora porra, pedi um Cabo-Miliciano condutor e mandam-me um atirador? Mas... - continuou ele: Aguente aí ó patrício, você é da Ponte Sôr... eu sou de Alter... temos de resolver isto.

E após perguntar-me se conheço a capital e eu respondido "negativo", decidiu que eu devia ficar por ali, até que fosse rectificado o lapso, o que deveria demorar um mês.

Sem função atribuída, saía, à civil, de manhã e voltava para dormir, às vezes, num quarto com mais sete militares e cinco ratazanas, das maiores que já vi.
Turismei... Vi cinema nos: Piolho... Condes... Éden... S Jorge...;
Conheci, a desoras, as boas zonas... Intendente... Cais Sodré... Bairro Alto... Alfama... Mouraria... Madragoa...;
Vi campos de futebol, com relva imagine-se... o aeroporto... Cabo Ruivo e os hidroaviões... comboios em Santa Apolónia e Rossio... Fui a Cacilhas... ao Jardim Zoológico... Parque Mayer... Parque Eduardo VII... Feira Popular...;
Comi bifes na Solmar... Portugália... Império... Ribamar... sopa de marisco na Rua de S. José... iscas na Travessa do Cotovelo... bacalhau com grão no João do Dito...;
Bebi na Ginginha e no Pirata e uns tintos no Quebra Bilhas...

Lisboa - Cinema S. Jorge
Foto: Expressões Lusitanas, com a devida vénia

Até que um dia me transmitem:
- Vais para Abrantes.

Bati o pé e disse:
- Não vou... Não vou... Não vou... E fui.

Em Abrantes, estava mais perto de casa, o que me agradou.
Lá se foi passando o tempo e coube-me ajudar o Oficial instrutor, ensinando novos militares. Por que alguns de nós, os recentes cabo-milicianos, estávamos já a ser mobilizados, fui-me preparando. Contudo, tal mobilização só veio a acontecer, quando já houvera prestado 20 meses de tropa.

Entretanto em Abril de 1965 e "por equivalência a seis meses consecutivos em Unidade Operacional, condição a que satisfaz para promoção ao posto imediato (sic)" , fui promovido a Senhor Furriel-Miliciano. Estava então em Tomar a preparar outros jovens, que afinal acabaram por ser os que fazendo parte da Companhia de Caçadores 1422, embarcaram comigo para a Guiné, em 18 de Agosto.

Quando digo "embarcaram comigo", em vez de "embarquei com eles", deixem que explique:
Quer o Comandante, quer os restantes Oficiais e Sargentos, haviam partido uma semana antes, de avião, ficando apenas connosco, um senhor Sargento-ajudante, (pessoa com alguma idade e peso e que era chefe de secretaria) e nós próprios, os Furriéis Milicianos e toda a restante e valorosa CCAÇ 1422 claro.
A ele pertenceria comandar-nos antes do embarque, no desfile perante as autoridades... perante os nossos familiares presentes. No último momento, nomeia-me para o fazer... ordens não se discutem... cumpri.

Correu lindamente, marchámos com garbo. Depois? Bom... depois a vinte e tal de Agosto de 1965 chegámos a Bissau... para ganhar a guerra e preparar zonas de turismo para que os vindouros ali passassem férias descansadas.

Não precisam agradecer.
Disse.

Veríssimo Ferreira

Abrantes
Foto: Região do Médio Tejo, com a devida vénia
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 21 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12617: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (7): As localidades por onde passei, sofri e amei (Veríssimo Ferreira)

Último poste da série de 27 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12645: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (13): Mafra e Lamego duas cidades que me marcaram (Francisco Baptista)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12645: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (13): Mafra e Lamego duas cidades que me marcaram (Francisco Baptista)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 21 de Janeiro de 2014:

Durante a vida militar passei por algumas vilas e cidades: Mafra, Lamego, Amadora, Lisboa e Beja. Falarei só das duas mais marcantes, Mafra e Lamego.

Mafra, onde fiz a recruta, foi o assombro, a desilusão e a revolta.

O assombro foi o Convento de Mafra aquele edifício imponente que o rei D. João V, qual brasileiro rico, mandou construir com ouro do Brasil, para sua honra e glória, tal como os "brasileiros" ricos construíram palácios mais modestos naturalmente nas suas terras de origem.
O Convento enorme na parte superior da vila de Mafra parecia ter toda a terra ajoelhada em sua adoração e homenagem. Lembro-me de Mafra com algumas ruas largas que iam desembocar ao largo do Convento, com alguns cafés grandes cheios de recrutas como eu.

Palácio Nacional de Mafra
Foto: Wikipédia, com a devida vénia

A desilusão, foi aquele inverno frio e molhado, a recruta começou em janeiro de 1969, e a instrução na tapada de Mafra, quase sempre com as fardas molhadas, o tenente do pelotão, um transmontano, duro até ao sadismo a obrigar-nos a rastejar na água e na lama, éramos sempre os últimos a regressar ao quartel.
Havia um camarada baixote e um pouco forte, que não sei se teria um metro e meio, muito sofreu, pois o comandante do pelotão queria obrigá-lo a fazer todos os exercícios. Acabou por ser dispensado da tropa antes de acabar a recruta.

Revolta na foz do rio Lisandro, naquela noite fatídica de acção psicológica com todo o batalhão encerrado numa espécie de grande redil, formado por cordas, a ouvir as provocações lançadas por altifalantes, enquanto rebentavam petardos e granadas à nossa volta.
Maus cálculos ou excesso de zelo de algum especialista de explosivos, petardos muito próximos provocaram a morte de alguns cadetes*.
Gritos de cólera e fúria saídos de quinhentas ou mais gargantas encheram a noite dum clamor de revolta imenso.

O regresso ao quartel foi imediato, por iniciativa dos instruendos. Sem qualquer ordem nem enquadramento de oficiais ou sargentos, mais parecia um exército em retirada.
Entre os três mortos estava um camarada que eu conhecia muito bem por dormir próximo de mim na camarata. Era natural duma aldeia de Figueira da Foz, tinha estudado no seminário, era um tipo puro, sossegado, um camarada estimado por todos.

Recordo o ar triste e choroso dos pais dele, com aspecto de gente pobre como no geral eram os portugueses nesse tempo. Nunca esqueci aqueles pais na sua dor e na pobreza que patenteavam, na forma de vestir, no ar humilde, na resignação perante aquela imensa tragédia. Senti-me tão próximo deles.
Os meus pais, seriam um pouco mais altos, talvez um pouco mais bem vestidos mas a dor e a resignação seria a mesma. Na linha da morte os filhos devem preceder sempre os pais, é a lei natural da vida. Pobres pais que tinham sonhado uma vida melhor para o seu filho.
Quando jovens, já na posse de todas as suas aptidões físicas e intelectuais a aceitação da morte torna-se difícil não só para a família próxima mas também para toda a comunidade.

No fim da recruta em Mafra, para testar as minhas capacidades, quis entrar na difícil seleção a nível físico das tropas especiais.

Já nos Rangers em Lamego entrei nas provas de seleção dos Comandos onde também consegui entrar.
Nos Comandos apesar da dureza da instrução encontrei sempre graduados, tanto oficiais como sargentos, educados e respeitadores.
Lamego uma terra bela pelo traçado das ruas com um traçado histórico, romano, árabe, medieval e monástico, ruas estreitas do passado, mais largas dos tempos mais recentes A avenida principal, onde em noites quentes de verão os militares passeavam para apreciar as belezas da cidade que se queriam mostrar, dominada a sul por uma colina onde se situava o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios e a sul pela Sé, em frente a uma praça com uma rotunda.

Lá conheci o já infelizmente falecido Jaime Neves, Comandante da Companhia de Instrução de Comandos que apesar da dureza da instrução sempre se portou connosco como um autêntico cavalheiro.
Na instrução as provas físicas sempre as fui fazendo. Nunca consegui foi absorver um certo fervor patriótico que devia fazer de mim um guerreiro com uma fé inabalável. Educadamente e sem ressentimentos excluíram-me daquela tropa e eu sem muitas explicações compreendi perfeitamente o motivo.
Tal como o tenente de Mafra, o Jaime Neves também era transmontano mas pelos exemplos e pela comparação cheguei à conclusão que só as origens não bastam para qualificar alguém. O Jaime Neves independentemente das diferenças da mais variada ordem que possa ter havido entre nós, considero-o um chefe militar corajoso, patriota, frontal, como Portugal raramente teve.
Como português, como transmontano, inclino-me perante a sua memória.
Tenho uma dívida de gratidão e camaradagem para com ele e para com todos esses camaradas dos Comandos e dos Rangers, tanto instrutores como instruendos.

Sé de Lamego
Foto: Blogue Asas da Montanha, com a devida vénia

Para acabar esta crónica que já vai longa e para a amenizar com algum humor, vou contar um episódio acontecido em Mafra aquando do terramoto de 1969.
Já era noite alta quando sentimos o edifício do convento a estremecer, acordaram alguns, outros foram acordados pelo alarido. A camarata situava-se no oitavo e último andar. A terra tremia e nós sentíamos a violência desses tremores mas dada a distância do solo julgo que ninguém daquela camarata se aventurou a fugir para rua.
Ficámos todos por lá, cada qual com sua coragem ou com os seus medos. Lembro-me que alguns rezavam e outros choravam mesmo. Nunca esqueci porém o camarada que morava na cama ao meu lado, um tipo alto, forte, bonacheirão, um alentejano típico e bem disposto. Quando havia muitos outros por perto cheios de tremuras, agarrou numa garrafa de brandy que tinha para lá guardada e disse:
- Deixa-me beber antes que seja tarde.

Obrigado camarada alentejano pela tua coragem e pelo teu humor que nunca esqueci!
Um grande abraço a todos os camaradas.                        

Francisco Baptista

OBS: - * - Haverá algum camarada que saiba o número exacto de mortos neste incidente?
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de Janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12639: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (12): Lisboa e Figueira da Foz (António Eduardo Ferreira)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7293: Blogoterapia (167): A 2339, a CART 2339 (Torcato Mendonça)

1. Mensagem de Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), com data de 14 de Novembro de 2010, dirigida ao seu camarada de Companhia, Carlos Marques Santos:

Carlos Amigo:

Aí te mando um anexo. Não é muito semelhante ao que navegou ciber-espaço fora. Não faz mal. Sabes,  foi melhor assim. Escrever sobre a 2339 deve ser escrita cuidada. Fala-se e não se escreve.


Também não quero fazer comparações. Nada disso. Fomos uma Companhia Independente. Primeiro ligada ao Bart 1904 e depois ao BCaç 2852. Tive estima pelos comandantes. O do 1904 recebeu a Companhia em Évora e o do 2852 veio connosco no regresso.


Um abraço forte e fraterno para todos do T.


A 2339

Carlos,  o Luís Graça diz e eu vou adoptar o sistema. Escrevi demasiado e talvez por isso borregou.
Não sou capaz de repetir. Fiz a escrita com ganas. Talvez fosse melhor.


Vocês, do terceiro, foram render-me a Galomaro, uns dias, longos, depois. O Historial da Companhia é… o que é. Um grupo em Galomaro, um em Candamã…. Desenfiados…

Viemos, cito de cor mas está escrito, de Cansamba (Galomaro), com passagem e briefing em Bambadinca em meados de Agosto. Finalidade: encontrar acampamento IN que atacara Candamã e Áfia. Só regressam quando quando estiver tudo “tratado” – Cor Felgas dixit!

Fomos, descobrimos, fizemos a operação com os Páras e tu com teu Grupo trataram de arrumar contas com os “fugitivos”. Uns viajaram para junto dos deuses e o chefe Mamadu Indjai para o hospital em Conacry. Teria chegado? Deves saber o que fizeste.

Dizia eu, no comentário que navega pelo espaço, que há tropa e tropa. A 2339 estava sempre no embrulho. Tudo bem e habitáamo-nos e nem queixume deve ser feito. Mas:

Leio certos textos e dizem que a tropa estava mal preparada… outros que a instrução era dura… uns celebram com yaaaaa e outros com yeeee. Uns dizem NT e IN e outros turras e tugas… nós se da mata vinha “tuga, tuga” fazíamos fogo e dizíamos filhos de puta. Tudo bem.

A nossa especialidade – tua, minha e da maioria dos graduados da 39 CSM ou COM – foi o que foi. Logo no segundo dia toca a levantar, correr e saltar, um bocado de pão e um tubo de leite e marcha… a noite de Janeiro veio gelada, a fome atormentava, as mãos enregelavam… eu mão direita na gaita e mijava quentinho na esquerda… calculada a metade fazia o inverso. A madrugada chegou geada e o Capitão Comando, tronco nu,  barbeava-se… e nós, salta, corre macaquinho. O dia decoreu e só á noite ao quartel chegamos. Comida? Não! Só dormida.

Foi determinante para a Guiné e os nossos camaradas, soldados da 2339, assim foram instruídos. Antes de dar instrução, já mobilizados creio eu, uns foram para Tancos e outros para Lamego. Recordo o presunto de Lamego, um peixe que nunca tinha comido - truta, a pensão do desenfianço, o galho, a Torre da Igreja e o gozo que aquilo deu enquanto durou…

A 2339 tem muito que contar. O camarada aos bocados nas árvores devia ser na estrada Mansambo/Bambadinca, na zona das emboscadas a seguir à primeira ponte. Está escrito nos Filhos de um Deus Menor. Foi no dia 2 de Abril de 1969.

A nossa zona era boa e Galomaro aqueceu e também assim ficou boa como a merda. A Inteligência Militar não queria acreditar que eles tinham, com a saída de Béli e Madina, o corredor aberto. Nem o Administrador de Bafatá. A 2405 que diga.

Fiz uma ou duas colunas loucas, antes da estrada Mansambo/Xitole estar aberta, por Galomaro, Dulombi, Quirafo (gostava de ter caído numa emboscada do tal hoje Cor Malu… com canhão… em cima da população). Conversávamos, claro, amigavelmente. E íamos até ao Saltinho e Xitole. Uma parvoíce. Coluna com vinte ou trinta carros, civis e uma moto-niveladora da Tecnil… nós trinta? Com mecânicos reforço de arma pesada…

Falas na água… e eu a ser evacuado para Nova Lamego, língua e lábios rebentados, meio grogue da febre… e a enfermeira pára-quedista a injectar e eu sem sentir. Quantos meses sem beber água potável? Uma bebida fresca ou comida… só comida de gente.

Fizemos o que tinha que ser feito. Uns talvez tenham acreditado e pensado estar a defender a Pátria, outros diziam que sim e aguentavam, outros nem sim nem não ou: tenho o dever de defender-me e aos homens que comando e, para isso, sou pago… outros…

Não guardo rancor e compreendo o IN, lutavam por algo que acreditavam. Tem isso muita força. Pena nem sempre resultar. Se lutavam com a lealdade possível, tudo bem. Não esqueço certos acontecimentos e não perdoo. Eles também não e têm mais problemas do que eu. Para mim há a Espécie Humana. Só! E do outro lado…?

Vê tu, Amigo,  que tenho saudades. Sou homem de paz, muita paz mas…

A 2339 é, isso sim, uma saudade e algo que sinto e não consigo descrever, uma parte de minha vida, uma parte de mim. Ela, a 2339, e todos os que nos rodeavam milícias, picadores… etc.

Só fui a dois Encontros. Do primeiro vim tão amarrotado mas feliz por ver aquela gente. Ao outro porque pensei não voltar a ver os meus camaradas. Erro meu e um dia ainda apareço.

Carlos,  deixa-me abraçá-los fraternamente a todos, os de cá e os de lá, a estes Tertulianos e, sem problemas aos que outrora me, nos, combateram. Ainda ao Povo das Tabancas, em especial… a certas gentes de que guardo para mim.

Isto é um teclar até ao infinito… não cabe,  vai em anexo. És o culpado de eu escrever e de ter entrado neste Espaço (blogue) de afectos, de sensibilidades diversas e de pluralidade de homens e mulheres que sentem a amizade.

Oxalá.

Um abraço Fraterno.
Faço CC e vai para os Editores.
Abraço a todos do Torcato
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 9 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7248: Ser solidário (94): Tenho tanta pena do que acontece e louvo o trabalho da Catarina Furtado (Torcato Mendonça)

Vd. último poste da série de 10 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7260: Blogoterapia (166): Virar as costas sem se despedir (José Eduardo Alves)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5805: Agenda Cultural (58): Do Carnaval de Lazarim, Lamego, a Guileje, Região de Tombali... Quem se lembra do pirotécnico Hélder da Costa, da CCAÇ 2617 ? (Luís Graça)




1. Façam-se à estrada e venham até ao  Entrudo de Lazarim, Lamego, 13-16 de Fevereiro de 2010....


Lazarim é célebre pelos seus caretos... Neste artigo, de João Garcia, publicado em 1998 no Expresso, há um  referência, inesperada, a um camarada nosso, o Hélio da Costa, que estava em Guileje, em 1970...  Era de minas e armadilhas, viu morrer dois camaradas, um cabo e um furriel. Em Guileje, perdeu o medo ao fogo... Em Lazarim, era o pirotécnico do Entrudo...

 Nesta época, em 1970,  passaram por Guileje 2 unidades... (Inclino-me para a hipótese do Hélio ser da CCAÇ 2617, já que na lista do pessoal da CART 2410, elaborada pelo Luís Guerreiro, não encontrei o seu nome): 

CART 2410, Os Dráculas  (Junho de  1969/ Março de  1970)
CCAÇ 2617, Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971

Será que alguém, dos Magriços,  conhece (ou lembra-se de) o Hélio da Costa, de Lazarim, Lamego ? Vou dar um salto até lá, neste Carnaval de 2010. (LG)


2. Tradições > Viagem ao velho Entrudo > A Arte das Máscaras
João Garcia, Expresso, 21 de Fevereiro de 1998

Caretos é também a designação dos mascarados de Lazarim. Mas ali, na proximidade de Lamego, conta mais a máscara, esculpida em amieiro, do que o fato. E, dado inesperado, nenhuma das práticas do Entrudo está vedada às mulheres... embora tenham o seu risco.

«Uma vez pedi uma máscara, vesti-me, e saí de careto, juntamente com outra moça. Mas eles lá descobriram, fosse pela forma do corpo, fosse pelo andar, e começaram a querer pôr as mãos onde não deviam. Tivemos de fugir», recorda Maria de Lurdes, com 49 anos e muita saudade do tempo em que podia fazer versos para o testamento das comadres.

 Na terça-feira, um rapaz e uma rapariga fazem a leitura dos testamentos dos compadres e das comadres, versos compostos em segredo e de crítica aos jovens do sexo oposto. Mandam as regras que só os solteiros possam criticar e só eles sejam alvo de chacota. Do testamento consta a imaginária distribuição de um burro ou burra, que a imaginação divide, cabendo a cada um o órgão ou parte que mais se adequa ao «defeito» que lhe é enunciado.

Todas, mesmo todas, as partes do animais são atribuídas, no meio de quadras que nem sempre dissimulam os palavrões. «As raparigas são mais finas, sabem dizer as coisas de outra maneira. Agora eles, às vezes, dizem tudo por claro», conta Ester Ribeiro, de 19 anos, uma das moças que têm ajudado a compor as estrofes da comadre. Sabe que vai ouvir das boas, mas já está preparada para não ligar. Sempre as raparigas as compuseram, mas só em 1985 se libertaram do porta-voz que fazia, por elas, a leitura das «deixadas» do testamento.

Apesar da permissividade própria do Carnaval, que, dizem os antropólogos, serve para exorcizar e esquecer o passado, nem todos se contentam com um cerrar de dentes. Houve um ano em que a GNR foi chamada e as ofensas valeram multas de 400 escudos, acrescidos de cinco tostões de imposto de selo. No ano seguinte, o testamento só teve uma quadra:

«Vamos ler o testamento / para que ninguém se fique a rir / por causa de 400 e coroa / fica a burra por dividir.»

 As máscaras de Lazarim já andam pelo mundo. José Costa, de 24 anos anos, carpinteiro, é o mais jovem artífice. Às caraças tradicionais, muitas de fisionomias com pequenas barbichas, orelhas bicudas ou cornos, está a juntar figuras da banda desenhada: «O ano passado saiu à rua uma do Alf.»

Na primária, os alunos inspiraram-se no Gil, a mascote da Expo. Mais tradicional, Afonso Costa, de 72 anos, vai esculpindo animais, guardas, reis e algumas figuras diabólicas. «Já vendi máscaras para museus dos Estados Unidos, da França e da Alemanha. E há também em Lisboa, no Museu de Etnologia, e no Grão Vasco, de Viseu.» O Carnaval de 1949 valeu-lhe 16 horas de prisão, quando o reboliço na aldeia levou à intervenção da Guarda.

Terminam os festejos com os caretos a emitirem uivos, enquanto pequenas explosões despedaçam os bonecos que representavam a comadre e o compadre. Feitos de arame, papel e palha, armadilhados com pequenas peças de pirotecnia, presidem ao testamento e são sacrificados no final. Quem os faz, por 20 contos cada, é Hélio da Costa: «Na Guiné, em Guilege, em 70, vi morrer um cabo e um furriel. Éramos de minas e armadilhas. No fim da comissão tinha perdido o medo ao fogo.»

Afinal, nem tudo o que é passado se esquece com o Carnaval.


Fonte: At-Tambur.com - Músicas do Mundo (com a devida vénia...)

[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]

terça-feira, 30 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4612: Contraponto (Alberto Branquinho) (2): Não vale a pena chorar

1. Mensagem de Alberto Branquinho, (*), ex-Alf Mil da CArt 1689, Guiné 1967/69, com data de 24 de Maio de 2009:

Meu Editor Carlos Vinhal

Espero que o nosso Editor e os demais co-Editores não fiquem zangados comigo, pois dirijo este mail ao pai dos CONTRAPONTOS, pois sem o estímulo do camarada-Editor Carlos Vinhal, eles não teriam visto a luz do dia (ou da noite, que é quando escrevo).

Aí vai o CONTRAPONTO (2) - "Não vale a pena chorar".

Um abraço para todos
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (2)

NÃO VALE A PENA CHORAR


Teria eu doze ou treze anos e estava em Lamego. Deveria ser Primavera, porque o tempo estava soalheiro, embora instável.

Depois do almoço, o meu Tio disse-me: - Rapaz, se logo à noite estiver bom tempo, vamos ali à Avenida ver a tropa chegar das manobras.

Não chovia. Sob a luz difusa dos candeeiros formavam-se pequenos grupos de pessoas, que, repetidamente, olhavam para o lado de quem vem da Senhora dos Remédios. A ideia que tenho é que não foi uma espera muito longa.

Começou a ouvir-se um sussurro ao longe, lá para o fundo escuro da Avenida. Um barulho surdo e contínuo aproximava-se.

Surgiram os primeiros homens, em formatura, batendo pesada e ritmadamente com as botas no chão, com capacetes na cabeça, armas em bandoleira, vestidos com uns capotes castanhos cor-de-terra quase até aos pés, carregando alforges da mesma cor. E passavam, passavam, passavam, pareciam nunca mais acabar. A imagem que guardo de cada um deles é a mesma da estátua do “Soldado Desconhecido”.

Marchavam com aspecto cansado, como condenados à morte. Mas o espanto maior não foi esse aspecto da formação militar que passava, batendo com as botas no chão. Não! O espanto maior foi porque eles CANTAVAM ao ritmo das passadas. Ainda recordo duas quadras, que o meu Tio me repetiu mais tarde:

Oh Laurinda, oh Laurinda
Não vale a pena chorar
Tu já sabias, Laurinda
Que eu ia p’ra militar.

Que eu ia p’ra militar
Que eu ia p‘ró Regimento
Oh Laurinda, oh Laurinda
Não me sais do pensamento.


E passavam, passavam sempre. E cantavam, cantavam sempre.

Passaram os últimos. Acabou-se o espanto.

A guerra acabou. Voltou o silêncio à Avenida.


Recordei isto dias depois de me obrigarem a ficar no CIOE, em Lamego – para fazer o chamado “Curso de Operações Especiais” (não “Ranger”, porque é marca registada nos Estados Unidos da América).

Não imaginara em criança que um dia seria tropa em Lamego, mas que, no final das manobras, não cantaria à Laurinda para não chorar.


Ora, a finalidade do “Curso de Operações Especiais”, segundo nos transmitiram logo no primeiro dia, era atingir a “DUREZA 11” – portanto um grau acima do diamante! No final do curso era entregue aos instruendos (alferes e furriéis milicianos na mobilização) uma fita escura, levemente arqueada, com as palavras “Operações Especiais”. (Parêntesis: Como haveria só um alferes e um furriel por cada Companhia mobilizada, ver-se-iam, mais tarde, impossibilitados de – somente a dois – fazerem qualquer operação especial).

O uso dessa fita, cosida ao alto da manga (direita ou esquerda?) do uniforme garantia “urbi et orbi” a “Dureza 11” do utente.


Era o mês de Novembro ou Dezembro de 1966

Acabado o curso, houve formatura para entrega das referidas fitas. Foram chamados quatro ou cinco, com ordem para darem um passo em frente. E frente a toda a formatura foi comunicado que, a esses quatro ou cinco, não lhes era atribuída a referida fita. Eu estava entre eles, com fundamento em qualquer coisa como resistência passiva.

Apesar do comportamento que lhe era exigido em formatura, um dos excluídos desatou a chorar lágrima a lágrima e, depois, em choro abundante e notório.

Mais tarde soubemos que a decisão fora reconsiderada e, consequentemente, lhe tinha sido atribuída a almejada fita. Chorando, terá conseguido a “Dureza 11”?

Ao contrário da Laurinda, valeu a pena chorar.
(Se é que valeu a pena fazer uma fita por uma fita).

Alberto Branquinho
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Notas de CV:

(*) Alberto Branquinho é o autor do livro "Cambança - Guiné, morte e vida em maré baixa" e da série do nosso Blogue "Não venho falar de mim... nem do meu umbigo", que por sua vez deu lugar à série "Contraponto"

Vd. primeiro poste da série de 18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4371: Contraponto (Alberto Branquinho) (1): Mudam-se os tempos

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Guiné 63/74 - P1551: Petiscos de caserna (1): Gato e Iguana com Molho de Chabéu (Tino Neves)

Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS do BCAÇ 2893 (1969/71) > O Tino Neves (1) num restaurante local. A ementa: Frango assado com batatas fritas com molho de Chabéu. Ir à cidade (Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego, Bissorã, Bissau, Catió...) comer um bifinho com batatas fritas fazia parte do imaginário dos militares portugueses - e em muitos casos era um luxo de quem estava no mato... (LG)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 > 1969 > No Zé Maria, comendo lagostins do Rio Geba... A dolce vita dos milicianos da CCAÇ 12, entre duas operações: na ocasião, o Alf Mil Cav Rodrigues (natural de Lisboa, já falecido) e os furriéis milicianos Tony Levezinho e Humberto Reis, nossos queridos tertulianos. A chapa foi batida - salvo erro - por mim, membro assíduo desta tertúlia gastronómica. O pobre do Zé Maria (2), que era tuga, tinha fama de ser turra (por vender vacas, panos, mosquiteiros, bianda, etc., ao PAIGC, com a uma base no noroeste do Cuor, Madina/Bele...). Ele fazia-se pagar caro os lagostins (gigantes), "pescados no Geba em zona de grande risco"... Se bem me recordo, eram pagos a 50 pessos o quilo, o dobro de um bife com batatas fritas na Transmontana, em Bafatá (Um soldado africano, da CCAÇ 12, tinha direito a cerca de 24 ou 25 pesos por dia, por ser desarranchado, além do pré - que eram 600 pesos por mês) (Sobre preços no tempo da guerra, há diversos posts) (3). (LG).


Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados.

Texto enviado pelo nosso camarada Tino Neves > Constantino Neves, ex- 1º. Cabo Escriturário da CCS do BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71) (1).


Camarada e Amigo Luís Graça

Mais uma pequena história em homenagem ao esplêndido e saboroso molho feito da raiz da palmeira, o Chabéu (ou Xabéu ? estará bem escrito ?) (4).

Alguém matou um gato com uma pedra, julgo que sem intenção de o matar, mas o facto é que a pedrada foi certeira e o gato morreu. Diante esse facto, houve logo quem dissesse que rico coelho à caçador que isso vai dar. Dito isso, houve logo alguém que se aprontasse para fazer o cozinhado, o 1º Cabo Libório, da CCAÇ 2619, pertencente ao nosso Batalhão.

Eu tive a honra e o prazer de ter sido um dos convidados para essa maravilhosa refeição, apesar de me terem dado a conhecer o que iria comer, eu aceitei de bom agrado pois sou um grande apreciador de coelho. Não me arrependi, pois foi de comer e chorar por mais. A ementa não foi à caçadora, mas sim uma criação própria do Cabo Libório, com batatas e mais alguns ingredientes e o respectivo molho de Chabéu. Uma delícia!

Passados algums meses, alguém foi ao mato fazer uma caçada, talvez ao javali, o certo é que trouxeram para o quartel um animal do qual nem sabiam o que era. Foi pendurado numa trave de madeira, para que todos o vissem, media da ponta do rabo ao focinho talvez dois metros, era maior do que um homem... Era uma iguana!.

E mais uma vez, alguém depois de mexer e apalpar o bicho, disse:
- Isto é tenrinho, deve dar uns bons bifes!

Dito e feito, foram logo chamar o 1º Cabo Libório, o tal da receita do coelho à caçadora, que, apesar de a especialidade dele ser Mecânico Auto, tinha jeito para a culinária.

Mais uma vez tive o prazer de ser convidado. A ementa foi, como não podia deixar de ser, Bife com batatas fritas com molho de Chabéu. Mais uma vez, uma delícia!

Conclusão: Como os Mestres Cozinheiros dizem, o segredo da culinária está nos condimentos (5).

Tino Neves

PS - Tivemos muita sorte, tanto na altura do Gato como da Iguana, de haver batatas no depósito de géneros, e as boas relações que tínhamos com o Cabo encarregue do depósito (também foi um dos poucos convidados para os petiscos de caserna).

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 3 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1146: Constantino Neves, ex-1º Cabo Escriturário da CCS do BCAÇ 2893 (Lamego, 1969/71).

(2) Vd. post de 18 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1534: Estórias cabralianas (19): O Zé Maria, o Filho, Madina/Belel e um tal Alferes Fanfarrão (Jorge Cabral)

(3) Vd. posts de:

17 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1286: Estórias de Bissau (4): A economia de guerra (Carlos Vinhal)

1 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXII: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (2) (Luís Graça / Humberto Reis)

28 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXXIX: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (1) (Luís Graça / Humberto Reis / A. Marques Lopes / Luís Carvalhido / Jorge Santos)

(4) Termo usado na Giuiné-Bissau: chabéu (do crioulo, tche bém) > (i) fruto do dendezeiro (palmeira que dá o dendê ou coconote); (ii) iguaria à base de peixe pou carne preparada com esse fruto (Dicionário Houaiss da Língua Portugesa, Tomo III, Lisboa, Círculo de Leitores, 2003)

(5) Sobre outros pesticos tipicamente guineenses, vd. posts de:

11 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1266: Estórias de Bissau (1): Cabrito pé de rocha, manga di sabe (Vitor Junqueira)

22 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P897: Pitéus da gastronomia local (Hugo Moura Ferreira)

7 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P854: Do Porto a Bissau (26): leitão à moda de Jugudul (A. Marques Lopes)

28 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCVIII: A tertúlia do Porto (Albano Costa)