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segunda-feira, 11 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11235: Memória dos lugares (224): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em Maio de 1969, com "graduação" em Capitão do Exército Português (Raul Abino / Vargas Cardoso)

1. Mensagem do nosso camarada Raul Albino (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70), com data de 6 de Março de 2013:

Carlos,
Embora com algum atraso, consegui obter do Cor. Inf. na Reforma Mário José Vargas Cardoso, o artigo que ele me tinha prometido sobre como nasceu a "promoção" a Capitão da Cilinha Supico Pinto, no Olossato*, cuja origem da graça tanta curiosidade causou.
Isto se é que ela também não foi promovida em mais algum lugar...
O texto e as fotografias da visita vão em anexo.
Diz ao Luís Graça que o artigo tardou mas não faltou.
Pena o desfasamento no tempo.

Um abraço para o pessoal coordenador.
Raul Albino


CECÍLIA SUPICO PINTO – “CILINHA” 

“GRADUADA” em Capitão do Exercito Português 

Data: 11 de Maio de 1969 

Em 24 de Julho de 1968, a CCAÇ 2402 – “LYNCES” – embarcou para a Guiné a bordo do UÍGE.

Entrámos em sector a 1 de Agosto, na guarnição de CÓ, Batalhão de Bula, na margem norte do rio MANSOA.

Em Março de 1969, a companhia juntou-se ao Comando do seu Batalhão (BCAÇ 2851) no sector e guarnição de MANSABÁ, onde permaneceu pouco mais de um mês.

Rodámos para o OLOSSATO em Abril, por ordem do próprio Comandante-Chefe, com a missão, atribuída directamente pelo Comandante-Chefe, de recuperar populações no sub-sector do OLOSSATO.

Na primeira quinzena de Maio 69, tive de me deslocar a Bissau, em serviço.

A 10/Maio, fui informado pelo QG, de que a Presidente do MNF, presente na Guiné, ia visitar a minha Companhia, pelo que poderia aproveitar a viagem no heli.

Como os assuntos a tratar em BISSAU estavam resolvidos, prontifiquei-me a acompanhar a “CILINHA” (como era conhecida pelas nossas tropas), nessa sua deslocação ao norte da Guiné.

Tive oportunidade de passar pelas guarnições de CUNTIMA – FARIM – K3 e finalmente OLOSSATO onde estavam os meus “Lynces de Có”.

Conforme as fotos juntas o testemunham, a nossa visitante, foi calorosamente recebida pelos militares da CCAÇ 2402 e pela população nativa que vivia junto à guarnição local.

No regresso a BISSAU, a “CILINHA” mandou o helicóptero descer junto ao destacamento da ponte MAQUÉ, que era ocupado pelos militares do OLOSSATO, que a receberam com natural surpresa.

De referir, que na minha segunda comissão em Angola (Out64 a Jan67) tive oportunidade de conhecer a Presidente do MNF, quando da sua visita ao BCAÇ 725 em NAMBUANGONGO, onde desempenhei as funções de Oficial de Operações (fazendo mesmo operações).

Na possibilidade de acompanhar a nossa visitante nessa viagem a 11 de Maio de 1969, pude confirmar, a forma como a “CILINHA” conseguiu cativar a simpatia e consideração da generalidade dos militares portugueses em qualquer das guarnições, corroborando assim a opinião com que ficara, quando em 1965 a conheci em NAMBUANGONGO.

Ao agradecer à nossa visitante e sua secretária, a presença na minha CCAÇ 2402, as lembranças que nos entregara, as palavras que nos dirigira de apoio e estímulo e a simpatia da sua visita, decidi “promover” a “CILINHA” ao posto de “Capitão Honorário”, da nossa CCAÇ 2402, com o aplauso dos “Lynces de Có”.

Sendo a Senhora Presidente do MNF, que à época e após o 25/Abril, gerava alguma polémica, acho que é justo referir nesta oportunidade, um episódio que chegou ao meu conhecimento, quando em 72/74 cumpri a 2ª comissão seguida na Guiné.

Na 4ª e última comissão (Mar72 a Jul74), fui oficial de operações do BCAÇ 3884, responsável pelo sector de BAFATÁ, e a partir de Nov73 já major, acumulei com o Comando de Batalhão.

Em data que não consigo precisar (final de 73 princípio de 74), a Cilinha visitou BAFATÁ e algumas unidades do sector, tendo pernoitado uma noite na cidade.

Após o jantar, foi convidada para uma sessão de fados em casa do Capitão Médico, a qual se prolongou noite fora, num agradável e moralizante serão, com muitos oficiais e sargentos da guarnição.

Todo o “mundo” militar, sabia das qualidades de “fadista” da Presidente do MNF.

No dia seguinte, a nossa visitante, seguiu viagem para NOVA LAMEGO, com escolta do meu Batalhão, sendo apresentada ao Comando de Agrupamento.

Soubemos dois dias depois, que a coluna militar que a escoltava em visita à guarnição de CANQUELIFÁ (se a minha memória não me falha), fora emboscada pelo PAIGC.

Em resultado desse contacto, a “CILINHA” , como enfermeira (que era) da CRUZ VERMELHA, procurou ajudar um dos nossos feridos, o qual terá falecido nos seus braços.

Aqui deixo os episódios que vivi ou conheci, com a Presidente do então Movimento Nacional Feminino, nas 4 comissões que me orgulho de ter cumprido, na Guerra do ULTRAMAR (a 1ª em ANGOLA – Outº59 a Nov61) e tive oportunidade de ter a sua visita, nas unidades a que pertenci nas restantes 3 comissões.

MÁRIO JOSÉ VARGAS CARDOSO
COR. INF. (Reforma)


Imagens da Passagem da “CILINHA” pelo OLOSSATO em 11 Maio 1969

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10982: Memória dos lugares (207): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em maio ou junho de 1969 (Raul Abino)

Vd. último poste da série de 9 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11219: Memória dos lugares (223): Capó, na estrada Bachile-Cacheu. uma das estações do calvário da CCAÇ 2444: ali morreram em combate três camaradas açorianos em 6/2/1969, no mesmo dia da tragédia no Rio Corubal, no Cheche (João Rebola / J. C. Resendes Carreiro / Manuel Carvalho)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10982: Memória dos lugares (207): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em maio ou junho de 1969 (Raul Abino)


Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > "De pé, da esquerda para a direita: Aspirantes Francisco [Henriques da Silva] e Raul Albino, e Capitão Vargas Cardoso".



Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > "De pé e da esquerda para a direita, o primeiro sou eu, o segundo é o Francisco [Henriques da] Silva e a seguir o Medeiros Ferreira. Só falta nesta fotografia de grupo o Beja Santos, que, por qualquer razão, andava desenfiado. Também aqui falta o comandante da companhia, Capitão Vargas Cardoso" (RA).

Fotos (e legendas): © Raul Albino (2006). Todos os direitos reservados [Editadas por L.G.]


1. Mensagem,  com data de 20 do corrente, do Raul Albino, ex-alf mil da CCAÇ 2402, pertencente ao BCAÇ 2851 (Mansabá, Olossato, 1968/70), que embarcou no Uíge, em finais de Julho de 1968, juntamente com o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).

Assunto: Visita da Cilinha ao Olossato

Viva,  Luis Graça,

Sobre o assunto em epígrafe, falei com o coronel  na reforma Vargas Cardoso, comandante da CCaç 2402 no período 68/70, para saber se ele se lembrava duma visita ao Olossato em meados de 69. Ele confirma que sim, pelo que lhe pedi um pequeno texto sobre o acontecimento. Ele prometeu-me redigi-lo no final deste mês, porque ia ser operado à vesícula na próxima semana, o que impedia de o escrever e de tentar encontrar fotos do evento que ele julga possuir.

A visita terá acontecido entre a segunta quinzena de Maio e a primeira de Junho de 1969 (o período em que eu estive de férias), portanto já no fim da época seca.

De qualquer modo adiantou que se encontrava nessa altura no hospital de Bissau e,  quando soube que ela ia de helicóptero ao Olossato, apressou-se a pedir autorização para a acompanhar na viagem, confirmando que passaram por várias localidades antes de chegarem ao Olossato.

Tem também relatos da sua presença em Bafatá aquando da sua 2ª comissão na Guiné, onde foi Major de Operações nessa localidade [, BCAÇ 3884, 1972/74].

Aguardemos pois pelos seus relatos. Um abraço,

Raul Albino
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de janeiro de 2013 >  Guiné 63/74 - P10964: Memória dos lugares (206): Olossato, anos 60, no princípio era assim (2) (José Augusto Ribeiro)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9519: O Nosso Livro de Visitas (127): Carlos Alberto Morais dos Santos, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAV 1749 (Mansabá, 1967/69)

1. Mensagem do nosso camarada e leitor Carlos Alberto Morais dos Santos, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAV 1749, Mansabá, 1967/69, com data de 17 de Fevereiro de 2012:

Chamo-me Carlos Alberto Morais dos Santos, fiz parte da Companhia de Cavalaria 1749 como Mecânico Auto e estava em Mansabá aquando do ataque na quinta-feira Santa de 1969, que o SR descreve no seu blogue, e que eu costumo ler, recordando tempos passados. Mas uma situação me intriga. O SR apenas faz referencia à sua Companhia e ao Batalhão 2851 então comandado pelo Tenente Coronel César da Luz Mendes, e não fala da actuação da Companhia de Cavalaria 1749, que também sofreu um morto e vários feridos. Porquê? Será por esquecimento? Gostaria de saber.

Carlos Alberto Morais dos Santos


2. Deduzido que o nosso camarada se referia ao Poste 3146* do nosso tertuliano Raul Albino (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70), foi a este pedido o devido esclarecimento.

Recebemos do Raul esta mensagem que foi reencaminhada ao Carlos Santos:

Em relação à observação do nosso ex-combatente Carlos Santos, da CCav 1749, ele tem toda a razão, eu não me refiro à sua Companhia. A razão é muito simples. Se qualquer pessoa ler bem esse post, eu tinha chegado a Mansabá dois dias atrás, vindo de Có acompanhado por mais um grupo de combate, que tinham ficado em Có para reforçar e acompanhar a passagem de testemunho para a Companhia que nos substituiu enquanto a CCaç 2402 (a dois grupos de combate) ia reforçar o contingente de Mansabá.

Eu relato claramente a minha frustração durante esse ataque, por não conhecer o aquartelamento nem o seu plano de defesa e muito menos a composição desse destacamento, ou seja desconhecia a existência da CCav 1749 ou outra qualquer Unidade lá destacada. Conhecia a minha Companhia e o meu Batalhão, como ele muito bem refere. Mais ainda, foi nessa altura que tive o primeiro contacto com o resto do Batalhão, porque tínhamos iniciado a comissão em Có como Companhia independente, reportada ao comando de Bula.

No livro da História do Batalhão, vi que está lá reportado toda a operação a um nível global, com a intervenção de todas as Unidades que responderam a esse ataque inimigo, incluindo as referências às baixas nossas e deles. Como eu só relatei aquilo que vi e que se passou comigo, não era a pessoa mais habilitada para descrever o que se passou com as outras Unidades. Isso é o que essas Unidades terão de fazer para enriquecer a história desse ataque violento, de preferência contado na primeira pessoa. Eu procurei que nos relatos que fiz sobre a CCaç 2402, já compilados em livro, que todos os participantes dessem a sua perspectiva sobre um mesmo acontecimento (ataque, emboscada, etc.), como se se tratasse de um filme com varias câmaras a captar. Nem sempre consegui a participação de vários intervenientes, possivelmente por insegurança quanto à qualidade dos seus textos. Já viram o que seria, por exemplo, a descrição desse ataque a Mansabá, visto de vários ângulos? Dava um filme...

Espero ter esclarecido o nosso bloguista Carlos Santos e sugiro que ele conte aquilo que viu e assistiu na sua campanha na Guiné. Para ele um abraço de amizade, na esperança de nos virmos a encontrar no próximo convívio do blogue.

Um bem haja,
Raul Albino


Novembro de 1971 > Testemunho da passagem da CCAV 1749 por Mansabá.
Foto de Carlos Vinhal


3. Esta foi a reacção do nosso camarada Carlos Santos:

Boa tarde
Pois meu amigo fico muito grato pela sua resposta, e compreendo perfeitamente a razão por que não faz referência à minha Companhia. Para começar a nossa conversa informo-o de que não sou homem de estudos, tenho apenas o nono ano e como tal o meu português é limitado, mas ao contrário da competência escolar, sou grande em experiência de situações vividas. Eu era à data desse ataque apenas 1.º Cabo Mecânico Auto, profissão que desenvolvi por toda a minha vida até à presente data.


Nesse dia estava de Mecânico de Dia ao Batalhão e como tal saí de Mansabá de madrugada a caminho de Bissau acompanhando a coluna. No regresso a Mansabá como saberá parávamos em Mansoa, terra onde também estive nove meses, e aí fomos informados pelo SR Comandante do Agrupamento de que o inimigo tinha sido visto em dois sítios, portanto para irmos com muita atenção porque embora não tivéssemos duas emboscadas, uma íamos ter de certeza.

Eu conduzia nessa tarde um carro civil sem a respectiva autorização, coisas da idade e o dono desse carro, que tinha um estabelecimento em Mansabá, o Sr Amadeu Pereira que tinha a cabeça a prémio ficou em Bissau possivelmente já informado do que iria acontecer e pediu-me para eu levar o carro e entregá-lo à Dona Benvinda, sra. cabo-verdiana que com ele vivia. Comecei então a ter algum receio visto que o carro civil era conhecido, mas chegamos a Mansabá sem que alguém nos perturbasse.

Pelas 11h15 ouviram-se os primeiros rebentamentos que só terminaram à meia-noite e que provocaram tudo quanto o sr descreve e muito mais. Morreu nesse ataque um soldado condutor da CCS do BCAÇ 2851 que tinha saído do hospital nessa tarde, morreu um apontador de morteiro e morreu o soldado José Maria Madeira Lorem da Companhia de Cavaria 1749 à qual eu pertencia, para além de vários civis, incluindo crianças queimadas e os que morreram posteriormente.

Tenho o histórico da minha Companhia e vou procurar mais informação sobre este ataque e vou enviar-lha, assim como as minhas fotos que pede.

Quanto a possível encontro de ex-militares estarei sempre à disposição para recordar, o que apesar de tudo ainda recordo com alguma saudade.

Saudações amigas
Carlos Alberto Soares dos Santos

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 24 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá

Em 3 de Abril de 1969, um grupo inimigo estimado em cerca de 100 elementos, atacaram Mansabá de diversas direcções com Canhão sem recuo, Morteiro 82, Lança Granadas Foguete, Metralhadoras Pesadas, Metralhadoras Ligeiras e outras armas automáticas.

O ataque começou cerca das 23,15 horas e durou 45 minutos. As nossas tropas (ao nível do Batalhão) sofreram 1 morto, 10 feridos graves e 23 feridos ligeiros. Segundo o relatório da nossa Companhia, pertencer-nos-ia 3 feridos graves evacuados para o Hospital Militar 241, tendo posteriormente um dos feridos sido evacuado definitivamente para o HMP de Lisboa, além de 16 feridos ligeiros. A população sofreu 7 mortos, 12 feridos graves e 19 feridos ligeiros.[...]


Foto 1 > Mansabá > Alguns dos feridos esperando evacuação para Bissau

Foto © Raul Albino (2008). Direitos reservados.


Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9431: O Nosso Livro de Visitas 126): Fernando Paiva, Pel Caç Nat 57, Mansoa e Bindoro, abril de 1967/abril de 1969

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9234: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (4): Mensagens dos nossos camaradas Raul Albino, Ricardo Figueiredo, Carlos Rios, Henrique Cerqueira, Manuel Alheira, Rui Silva, Valentim Oliveira e Manuel Maia

MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS CAMARADAS

1. Mensagem do nosso camarada Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato:

Meus amigos,
Mais um ano está a chegar ao fim. Posso tentar desejar-vos um Bom Natal, mais pobre, mais limitado e dificilmente será mais alegre que os Natais anteriores, mas podemos tentar, mais que não seja pelos mais miúdos. Desejar-vos Boas entradas no Novo Ano, já parece gozação. Ninguém queria entrar nele, mas vamos entrar com ou sem a nossa vontade, porque o tempo não pára.

Mas posso enviar-vos um presente na forma de ficheiro informático. Vai anexo a este e-mail, cheio de beleza rústica, uma forma de paraiso terreno, por onde gostariamos de saltitar conforme a disposição do momento. Eu adorei e não me chocaria trocar toda a arquitectura tecnológica moderna, por esta beleza tão terrena e humana a lembrar tempos passados. Desfrutem a visualização destes lugares, enquanto ainda existem.

Umas Boas Festas para todos, cheias de paz e saúde.
Um abraço de amizade,
Raul Albino


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2. Mensagem do nosso camarada Ricardo Figueiredo, ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74:

Para os Ilustres Editores que nos alimentam a alma e nos convertem a saudade em nostalgia, com um trabalho diário digno de registo, desejo-vos um FELIZ NATAL , na companhia de todos quantos vos são queridos, votos naturalmente extensivos a toda a Tabanca Grande.

Bem Hajam !
Com um grande abraço fraterno do,
Ricardo Figueiredo

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3. Mensagem do nosso camarada Carlos Rios, ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66:


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4. Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira, ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74:


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5. Do nosso camarada Manuel Alheira, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74:

Nesta Quadra Festiva, envio a todos os meus amigos e famíliares os melhores votos de BOAS FESTAS.

Cumprimentos,
Manuel Alheira


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6. Mensagem de Rui Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67:

Para todos os camaradas, amigos e camarigos ex-Combatentes da Guiné e, para aqueles que, sem terem sido combatentes, vieram sentar-se, simpaticamente, ao nosso lado sob o Poilão da Tabanca Grande, venho aqui expressar o maior desejo de que passem um NATAL MUITO FELIZ e que o NOVO ANO seja imbuído da maior felicidade, bem-estar e harmonia, desejo que se estende naturalmente aos seus familiares mais queridos.

Bem Hajam!”
Rui Silva


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7. Mensagem de Valentim Oliveira, ex-Soldado Condutor da CCav 489/BCav 490, Região de Farim, 1963/65:



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8. Do nosso camarada Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74:

A todos os camarigos distribuídos pelas diversas tabancas quero expressar, aqui e agora, os votos de um Natal prenhe de saúde, de alegria e enorme satisfação .
Que o Menino Jesus nos ponha no sapatinho o garante de que de futuro os governantes deste país deixarão de ser refractários e desertores e que um de nós se sentará nas cadeiras do poder por forma, a, finalmente, ser reconhecido o nosso esforço em prol duma pátria que nos tem renegado.
Um enorme abraço extensivo às famílias dos combatentes que têm sabido ser o verdadeiro suporte, a necessária âncora a que nos agarramos quando disso temos necessidade.
manuelmaia
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9220: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (3): Mensagens dos nossos camaradas Giselda e Miguel Pessoa, Sousa de Castro, José M. Matos Dinis e José Martins

sábado, 12 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9029: O nosso blogue em números (14): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Manuel Marinho e Raul Albino



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Rio Corubal > Rápidos do Saltinho > 3 de Março de 2008 > Lavadeiras do Saltinho...


Foto: © Luís Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas. Todos os direitos reservados


A. Mais dois comentários sobre o nosso blogue (*), enviados pelo Manuel Marinho e pelo Raul Albino, em 5 e 7 do corrente, respetivamente:

1. Manuel Marinho (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74):

 

(...) Como gosto muito deste blogue, que tem para mim um significado importante, aceito o desafio que os editores nos colocam (*). Contribuir de forma modesta e com a crítica construtiva para ajudar a que este enorme espólio de memórias seja isso mesmo, memórias de Guerra da Guiné.


E é com pena minha que estou desapontado com os caminhos que se tem trilhado ultimamente, tudo o que é escrito tem acolhimento no blogue, sem haver o cuidado de seleccionar textos com o mínimo de razoabilidade.


As razões apontadas pelo facto de haver cada vez mais blogues a tratar do tema da guerra colonial, não são suficientes para que se perca a qualidade, e a marca deste blogue, que é único, e não podemos de forma nenhuma tentar nivelar por baixo, os que nos copiam, é um estilo e uma identidade que poderemos perder se houver a tentação de ir por esse caminho. Pessoalmente, neste blogue estou muito bem, por isso acedi a enviar estas linhas para os editores.

As muitas entradas de novos camaradas são para saudar, mas não devemos fazer disso uma prioridade, porque se somos mais, contrariando toda a lógica, há menos escritos de muitos camaradas que o deixaram de fazer.



Naturalmente nem todos os temas postados no blogue são abrangentes, e alguns deles ficam limitados a uns poucos,  o que não significa menos interesse.


Mas ultimamente são postados textos sucessivos de gosto duvidoso e que nada acrescentam de valia ao blogue, e pior, nada têm a ver com a guerra da Guiné, e que na minha modesta opinião afastam e desiludem quem quer escrever e colaborar activamente com o blogue.


Quantas vezes já me apeteceu fazer um comentário e olhei para o que já estava escrito por outros e desisti por entender que seria demais, e quando volto mais tarde ao visionamento verifico que foram colocados mais alguns dizendo o que já lá estava, e entendo que muitos comentários não significam necessariamente um bom texto, mas é a minha opinião que vale aquilo que vale.


De facto podemos chegar à situação caricata de cada vez se tornar mais difícil contar uma simples estória de guerra, que é a razão principal da existência do blogue. (...)

2. Raul Albino (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato)

(...) Não posso sugerir mudanças no blogue, porque isso implica retirar algo por troca com outra coisa.

Depois de tanto tempo de vida do nosso blogue e tanto esforço dos seus editores em mantê-lo com sucesso, vou sugerir que a fórmula que temos perdure por mais algum tempo, mais propriamente até que outra fórmula, a existir, tenha adquirido poder de substituição.

Agora, enriquecer o blogue, é algo que deve estar sempre no nosso pensamento. E as boas ideias poderão vir a saltar das mais inesperadas pessoas. A iniciativa desta sondagem com solicitação de ajuda, pode bem despoletar essas ideias. Vai de certeza levar a várias discussões sobre o assunto.

Concretamente proponho que se reserve um período do nosso convívio anual, no próprio dia ou na véspera, para debater as ideias mais interessantes de entre todas as recebidas, para de viva vós serem abordados os prós e contras de cada uma das ideias e que elas possam ser defendidas pelos proponentes. Até para isto, as instalações que temos usado dos últimos anos, são excelentes.

Em termos de ideias próprias, estou a trabalhar numa em particular, que de algum modo já abordei com o Luís e talvez com o Carlos, que julgo não foram bem compreendidas. Espero já a ter mais bem delineada, pela altura do próximo convívio. Estou a tentar criar uma pequena demonstração, para facilitar a abordagem e permitir alterações ou melhorias, depois de discutida, ou abandonada, pura e simplesmente, se não tiver pernas para andar ou não for de interesse colectivo. Tenham, portanto, um pouco de paciência.

Agradecido pela vossa dedicação a esta causa que dá pelo nome de Tabanca Grande. Um grande abraço para todos vós e que esta iniciativa que tiveram seja coroada de êxito. (...)
_______________

Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série > 9 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9017: O blogue em números (13) : A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Virgínio Briote e Beja Santos



6 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9003: O nosso blogue em números (10): Atingidos os 9 mil postes, a caminho dos 3 milhões de visitas... Tempo de balanço(s)...

(...) Queremos fazer mais e sobretudo melhor, o que nos obriga a inquirir duas coisas junto dos nossos leitores:

(a) O que é que está menos bem, hoje em dia ? O que é que vocês, que estão do outro lado e nos leem (escrevo segundo a nova ortografia...),  pensam do blogue atual, nos seus aspetos negativos ?

(b) O que é que está bem ? Quais os aspetos positivos, que devemos manter e valorizar ? O que é que o blogue representa (ainda...) para cada um de vocês, sobretudo para aqueles que se identificam com a nossa "política editorial", com a ideia de fazer um blogue de partilha de memórias e de afetos à volta da Guiné e da guerra que nos levou lá (grosso modo, de 1961 a 1974) ?

(iv) Aceitam-se  (e publicam-se, desde já)  as vossas opiniões, desde que devidamente assumidas e assinadas, a remeter para o nosso endereço de correio eletrónico: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com (...)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8801: Parabéns a você (317): Coronel Ref Coutinho e Lima (Guiné, 1963/65; 1968/70 e 1972/73), e Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70)

Com um abraço da tertúlia e editores
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Notas de CV:

- Coutinho e Lima, na sua primeira comissão de serviço na Guiné, foi Comandante da CART 494, que esteve aquartelada em Gadamael (Dez 63/Mai 65); na segunda, entre 1968 e 1970, foi Adjunto da Repartição de Operações do Comando-Chefe das FA da Guiné e a terceira, iniciou-a em Setembro de 1972, tendo sido nomeado por Spínola como comandante do COP 5, com sede em Guileje, em Janeiro de 1973.

- Raul Albino foi Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, que esteve , Mansabá e Olossato, nos idos anos de 1968 a 1970.

Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8775: Parabéns a você (316): Manuel José Ribeiro Agostinho, Soldado Escriturário (QG/CTI Guiné, 1968/70)

sábado, 21 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8309: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (4): Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole




1. Quarta e última parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.






História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (4)

Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole


Olossato

Uma das personalidades mais conhecidas do Olossato era a lavadeira Rosa que aplicava uma tabela de preços pela sua actividade, baseada no princípio de que quem mais ganha mais paga e, assim, não interessando quem entregava mais ou menos roupa para lavar, o Capitão pagava mais que todos, depois vinham os Alferes, os Furriéis e Praças sucessivamente, não havendo argumentos que a convencessem de que devia cobrar de acordo com a roupa que cada um lhe entregava. Fazia-se acompanhar pela filha pequena sempre que ia buscar e entregar roupa e um dia levou consigo uma jovem já quase adulta para a apresentar ao Capitão, como a segunda mulher do seu marido, comprada recentemente.

Contacto com a população

A estadia da Companhia no Olossato, anunciada como última até ao fim da comissão, foi de pouca duração. Poucos dias após a chegada, Mansabá sofreu um dos seus maiores ataques*, com uma duração inusual de cerca de 40 minutos que provocou grandes estragos materiais e muitas vítimas entre a população e algumas entre os militares. Logo após este ataque, a CCaç 2403 recebeu ordem de transferência para aquele aquartelamento por troca com a CCaç 2402 que ali estava colocada.

Mansabá

Em Mansabá o BCaç 2851 era comandado pelo Major Borges em substituição do Ten Coronel Luz Mendes a quem o General Spínola retirou o Comando após o ataque ao quartel. O Major Bispo tinha sido transferido para Bissau para o Serviço de Justiça, o Major Martins tinha sido evacuado por, dias antes, ter pisado uma mina, mas continuavam o Capitão Bento e o Capitão Gamelas e os Alf Mil Pimentel, Sousa, Amaral e Bentes da CCS. Foi criado um Comando Operacional sob o Comando do Ten Cor Paraquedista Fausto Marques, constituído pela CCP 122 comandada pelo Tenente Silva Pinto, a CCaç 2403 e a CCaç (?) de pessoal madeirense sob o comando do Capitão Carvalho.

Foi atribuída às Companhias do Exército, reforçadas com o Pel Daimler do Alf Mil Belo, a missão de protecção próxima dos trabalhos da estrada, enquanto a CCP 122 faria a protecção afastada através de heli-assaltos onde fossem localizadas posições do In. O COP iniciou a sua acção com o assalto a uma posição do In no Morés com o GComb do Tenente Bação, que tinha ficado em Bissau, para o efeito. Depois da actuação dos Fiats sobre o objectivo e largado o Grupo no mesmo, os helis dirigiram-se a Mansabá para transporte do resto da Companhia. Quando regressaram para transportar o terceiro Grupo, entregaram 1 Metralhadora e 1 ou 2 armas ligeiras capturadas pelo Grupo ido de Bissau.

Seguiram-se outros assaltos sempre iniciados com o Grupo que estivesse em Bissau, Tenente Terras Marques ou Tenente Avelar de Sousa, mas já sem capturas de material. A CCaç 2403 com a do Capitão Carvalho estabeleceram o sistema de protecção com 2 GComb 24 horas por dia no exterior, junto ao desenrolar dos trabalhos e desde o primeiro dia, em que foram levantadas as minas anti-pessoal colocadas na noite anterior, nunca mais, uma só que fosse, foi colocada. Quando a Companhia chegou a Mansabá, as minas, colocadas em grande quantidade, era tanto o pavor do pessoal como uma grande fonte de rendimento, dado que cada uma levantada valia bom dinheiro.

Para além da protecção aos trabalhos a CCaç 2403 ainda fez duas Operações em conjunto com a de Páras sendo, na segunda, recolhida (pela primeira vez ) de helicóptero.

Quando os trabalhos se afastaram do quartel, dificultando o apoio de fogo à reacção a prováveis ataques ou flagelações do In, a Engenharia Militar empenhada nas obras e dirigida, inicialmente pelo Capitão Engº Veiga e depois pelo seu substituto, Alf Mil Engº, também de apelido Veiga, construiu uma posição para o Morteiro 10,7 existente no quartel, a cerca de 3Km deste, protegido por um GComb. Numa das primeiras noites, após a instalação desta arma, a posição foi atacada, provocando 2 feridos ao GComb da Companhia madeirense que nessa noite a ocupava. Ou pela reacção encontrada e acção dos Páras no dia seguinte ou por outra qualquer razão foi o último ataque aos trabalhos. A partir daí apenas se verificavam flagelações de 1 ou 2 granadas de Morteiro 82 a que sempre respondia o Morteiro 10,7.

A certa altura a estrada era completamente finalizada com pavimento asfaltado, à ordem de 100 metros por dia e assim continuou até serem interrompidos os trabalhos por motivo das chuvas intensas da época. Foram terminados cerca de 6 quilómetros, até à região de Birongue, até princípios de Agosto.

Em finais de Julho o Capitão baixou ao Hospital de Bissau e foi evacuado para Lisboa, por motivos de saúde.

Após o fim dos trabalhos o Comando do COP foi transferido para a região de Bafatá e o Comando do BCaç 2851 para Galomaro, ficando apenas a CCaç 2403 em Mansabá, integrada no Batalhão de Mansoa.

Quando se encontrava em Lisboa o Capitão foi informado pelo 1.º Sargento da Companhia que o Alf Mil Brandão, em acção de patrulhamento que lhe tinha sido imposta para poder entrar de licença dias depois, tinha falecido, em 18/09/69, com um tiro, disparado, por acidente pelo Tenente que o tinha substituído no comando da Companhia, da arma de um guerrilheiro, abatido. Foi o terceiro morto da Companhia.

Não teve capacidade para vencer o pavor que tinha de sair para o mato e o Capitão nunca soube lidar com essa situação. Encontrou a morte da forma mais inesperada e estúpida.

Teve a hombridade de não ter desertado o que, quem sabe, o poderia ter tornado num importante político. Paz à sua alma.

Quando em Janeiro o Capitão teve alta do HMP contactou o Capitão Carreto Maia, então Comandante da Companhia informando-o da chegada a Bissau no dia 20 e propondo-lhe a troca de funções com a que lhe viesse a ser atribuída. No dia 21 contactado o QG de Bissau a troca não se fez porque a colocação disponível era na Companhia do Jolmete e o Capitão Maia só aceitava ficar em Bissau ou numa Companhia do Batalhão de Mansoa a que, então, pertencia e de que gostava.

No regresso a Mansabá, em 23 de Janeiro de 1970, a Companhia sofreu uma emboscada e na reacção, um acidente com um dilagrama provocou dois mortos, o 1.º Cabo Rebelo e o Soldado Alexandre e um ferido de média gravidade, o Soldado “Caracol”. Foram o quarto e quinto mortos e o primeiro ferido da Companhia.

Entretanto o General Spínola requisitou para a Câmara Municipal de Bissau o Comandante da CCS/BCaç 2851 por ser arquitecto e determinou a sua substituição por um Capitão disponível o que levou o Capitão Peixeiro de volta ao seu Batalhão, em Galomaro. Comandava o Ten Coronel António José Ribeiro e os restantes Oficiais eram praticamente os anteriores.

Em meados de Maio, com a comissão terminada, o Batalhão reuniu-se novamente em Bissau onde, 22 meses antes, tinha sido desmantelado.

Na formatura de despedida do General Spínola às tropas que regressavam à Metrópole foi lido o louvor atribuído pelo Comandante-Chefe à CCaç 2403.

Não regressaram com a Companhia: o Capitão Peixeiro que ficou a aguardar despacho do seu auto por doença em serviço; o Capitão Maia, os Alf Mil Carias e Amaral por não terem ainda terminado as suas comissões; e o Alf Mil Tavares que ficou na comissão liquidatária.

Assim, embarcou em Bissau no Navio Carvalho Araújo, em 28 de Maio e desembarcou em Lisboa em 04 de Junho de 1970, comandada pelo Fur Mil Casimiro Santos, a CCaç 2403.

Navio Carvalho Araújo

(FIM)
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
e
19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8299: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (3): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

(*) Vd. poste de 24 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7356: O Nosso Livro de Visitas (104): Hilário Peixeiro, ex-Cap Inf da CCAÇ 2403 (Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato, Mansabá e Bissau)

Guiné > Região do Oio > Mansabá > CART 2732 (1970/72) > 12 de Novembro de 1970 Ataque do PAIGC... Enfermaria militar atingida por munição de canhão sem recuo. A CART 2732 foi render a CCAÇ 2403.

Foto: © Carlos Vinhal (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas. Todos os direitos reservados


1. Comentário de Hilário Peixeiro ao poste P3769:

Caro amigo (julgo poder tratá-lo por amigo) Raul Albino, ex-Alferes da CCAÇ 2402

Comecei, infelizmente há pouco tempo, a frequentar o Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné com muito agrado,  apesar de muitas incorrecções que encontro nos acontecimentos que vivi,  como por exemplo o desastre do Cheche [, em 6 de Fevereiro de 1969]. 

Comandei a CCaç 2403 de que não tenho conhecimento que haja história escrita e interessei-me por ler o que encontrei sobre a CCaç 2402. Como o senhor refere um possível ataque no Olossato à CCaç 2403,  resolvi contribuir com o esclarecimento de que só chegámos ao Olossato em finais de Março [de 1969] depois da Operação Lança Afiada [, no Sector L1, Bambadinca] e, ao fim de pouco tempo, ou seja a seguir ao grande ataque a Mansabá que vocês sofreram, nós fomos para Mansabá e vocês foram para o Olossato. 
É apenas um contributo e uma maneira de comunicar com os companheiros de tempos difíceis.

Um abraço com a garantia de que vou acompanhar as vossas trocas de recordações. Hilário Peixeiro
Então Capitão

 

2. Comentário de L.G.:

Meu caro capitão da CCAÇ 2403, se nos quer "acompanhar" nesta "troca de recordações" , então porque não ingressar na Tabanca Grande e passar a conviver, de pleno direito, com os 460 membros registados, sob o secular e frondoso poilão que nos inspira e protege?

Todos temos um "dever de memória" uns para com os outros, de nós connosco, e nós com os nossos descendentes... Nenhum de nós tem a versão definitiva, acabada, da história da guerra da Guiné, até porque cada um viveu no seu Bu...rako!... Só o nosso ilustre camarada António Lobo Antunes é que faz edições ne varietur (daquelas que são para ser lidas daqui a 5 mil anos, sem mais nenhuma alteração, nem de ponto nem de vírgula)... O nosso projecto é bem mais modesto e sobretudo colectivo: escrevemos a muitas mãos, centenas e centenas de mãos, e às vezes, a pontapé (sobretudo na gramática...).

Será uma honra para nós ter o 1º comandante da CCAÇ 2403 a representá-la no nosso blogue. Para já não temos ninguém que represente essa unidade. Por outro lado, dá-se a coincidência do nosso co-editor Carlos Vinhal ser da CART 2732 (madeirense) que foi render a CCAÇ 2403, justamente em Mansabá... Mas desses tempos ele, como bom "mansabense", poderá falar melhor do que eu... E que espero que possa ser, no futuro, o seu interlocutor privilegiado, aqui no nosso blogue.

Para os nossos leitores, direi apenas que o comandante da CCAÇ 2403 era Cap Inf, de seu nome completo Hilário Manuel Pólvora Peixeiro. Esta companhia foi mobilizada pelo RI 1. Embarcou para a Guiné em 24/7/1968 e regressou a casa em  20/6/1970. Esteve em Nova Lamego, Piche. Fá Mandinga, Olossato,  Mansabá e Bissau. Pertencia ao  BCAÇ 2851 (Mansabá, Galomaro).
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Nota de L.G.:

Último poste desta série 17 de Novembro de 2010 Guiné 63/74 - P7299: O Nosso Livro de Visitas (103): A Tabanca Grande não é para todos? (Eduardo G. Silva / José Marcelino Martins)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P7014: Parabéns a você (153): Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402, Guiné 1968/70 (Editores / Tertúlia)

É com o maior prazer que vimos hoje, dia 21 de Setembro de 2010, dar os parabéns ao nosso camarada Raul Albino* (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato), caminheiro da região do Óio e das imediações do Morés, nos velhos tempos de 1968 a 1970.

São nossos votos que tenha uma vida cheia de saúde junto de sua esposa, filhos e netos, demais familiares e amigos entre os quais pontuamos nós.

Caro Raul, temos a certeza que esses bons ares de Azeitão vão ajudar na longa caminhada que ainda falta para esgotares os dois dígitos da idade.

Recebe um enorme abraço de parabéns da tertúlia.
Por mim, até um dia destes cá no norte ou até para o ano, no próximo Convívio do nosso Blogue.

Para que conste, depois de algum trabalho de pesquisa, encontrei o Poste 1082 datado de 17 de Setembro de 2006, que suponho ter sido o primeiro contacto do Raul com o nosso Blogue.

Ameira > 14 de Outubro de 2006 > Memorável I Convívio da tertúlia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Raul Albino e o seu inseparável boné, falando com José Luís Vacas de Carvalho (à direita).

Pelos editores e pela tertúlia
CV

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7010: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (18): Terceiro ataque ao Olossato

Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6986: Parabéns a você (152): Manuel José Ribeiro Agostinho, Soldado Escriturário no QG/CTIG, 1968/70 (Os Editores)

domingo, 19 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P7010: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (18): Terceiro ataque ao Olossato

1. Mensagem de Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70, com data de 17 de Setembro de 2010:

Caríssimo Carlos Vinhal,
Descobri que ainda me faltava enviar o relato do 3.º ataque ao Olossato, por sinal o último, durante a permanência da CCaç 2402 naquela localidade.

Por essa razão envio-te em anexo um relato referente a esse evento.

Pedia-te que solicitasses a alguma das nossas enfermeiras pára-quedistas, o favor de tentar identificar quem recolheu, assistiu e auxiliou na evacuação dos feridos graves desse ataque e se encontra empoleirada no cimo do avião Dakota visível na foto que incluo no artigo. A figura dela está um pouco afastada, mas creio que alguma delas a vai conseguir identificar.

Um grande abraço para ti e restantes editores. Que tenham um bom fim de semana.
Raul Albino


História da CCAÇ 2402 (18)

Terceiro Ataque ao Olossato

Descrição do Ataque

A 6 de Fevereiro de 1970, pelas 18,50 horas, deu-se o terceiro e último ataque ao Olossato durante a permanência da CCaç 2402 nesta localidade.

O inimigo foi avaliado em cerca de 10 a 15 elementos e flagelou o quartel e povoação com Morteiro 82 e armas automáticas ligeiras durante um período não muito longo. As nossas tropas, em colaboração com os milícias nativos, repeliram o inimigo que não chegou a causar baixas nas nossas tropas nem consequências para o aquartelamento.

Este ataque, relatado desta maneira crua, parece ter-se tratado de mais um ataque igual a tantos outros, mas infelizmente não o foi, por uma razão simples.

Em que é que este ataque não se diferenciou muito dos anteriores? Primeiro, uma vez mais o nosso Comandante não estava presente, encontrando-se em Bissau. Devo confessar que enquanto estive na Guiné nunca me apercebi desta esperteza do inimigo em escolher os momentos de ausência do nosso Comandante para desencadear os seus ataques ao quartel. Esta coincidência, só me apercebi dela, ao longo da escrita deste livro, mais precisamente durante a segunda metade. E, felizmente que assim foi, porque se na Guiné soubéssemos que as ausências do capitão conduziam a ofensivas do inimigo ao quartel, nem ele saía descansado nem nós ficávamos tranquilos após a sua partida. A segunda semelhança aos outros ataques foi a hora que normalmente o inimigo escolhia. À excepção do primeiro ataque a Có, todos os outros foram desencadeados ao anoitecer, o que significa que o inimigo se deslocava durante o dia, instalava-se até ao anoitecer e então efectuava o ataque. Esta escolha do final do dia tinha ainda as vantagens para o inimigo, de impedir que as nossas tropas pedissem apoio aéreo, visto os aviões e helicópteros existentes não terem condições para apoio nocturno, e ainda porque qualquer reacção das nossas tropas em perseguição ao inimigo estava condenada ao insucesso. De noite, com negros num lado e noutro dos contendores, ninguém de bom senso faria uma perseguição.

Curiosamente os nossos ataques a objectivos do inimigo, eram normalmente feitos ao amanhecer, com a deslocação das nossas tropas a ser feita durante a noite. É que deslocando-nos de noite dificilmente o inimigo nos surpreendia e ao amanhecer as suas sentinelas estavam sonolentas e com a vigilância enfraquecida.

Então em que é que este ataque foi dramático? Pela simples razão de duas granadas de morteiro terem caído no centro da povoação, perto do local onde a etnia balanta realizava uma cerimónia tradicional de casamento. O resultado foi desastroso, sofrendo a população 7 mortos, 36 feridos graves e 55 feridos ligeiros.

Nunca um ataque tinha provocado tamanho número de baixas. A população chorava os seus mortos e feridos e a consternação era geral. O nosso pessoal de saúde não tinha mãos a medir, para atender todos aqueles que pediam socorro. As nossas tropas multiplicavam-se para assistir, dentro do que lhes era possível, a toda a população aflita. As nossas instalações de messes e sala do soldado foram convertidas em extensões auxiliares da enfermaria. O serviço de primeiros socorros foi efectuado durante toda a noite, num esforço inestimável de toda a equipa de enfermagem, até que ao amanhecer se pudesse proceder à evacuação para Bissau, por avião, dos feridos mais graves.


A evacuação dos feridos

Evacuação dos feridos

Pela manhã assistimos pela primeira vez no Olossato à aterragem de um avião “Dakota” (em cima na imagem), com dimensão suficiente para evacuar tão elevado número de feridos. De louvar a perícia e coragem dos pilotos para aterrarem na nossa pista, que, em princípio, só estava dimensionada para pequenos aviões.

Vemos na foto em baixo, a presença da enfermeira pára-quedista, que para nós era vista como um anjo caído dos céus, tal era a consideração que tínhamos pelo seu abnegado trabalho de socorrer os feridos em combate, física e muitas vezes também psicologicamente. Que a sua missão no teatro de guerra nunca seja esquecido, pelo menos até ao fim das nossas vidas de ex-combatentes.

Agradecia que algum dos nossos bloguistas, pertencente à Força Aérea, identificasse na foto em baixo, a nossa enfermeira pára-quedista empoleirada no cimo do Dakota.




Acontecimento Trágico-Cómico

No meio de tanta tragédia, ainda se pode contar uma pequena história que seria cómica se não acontecesse neste ambiente de sofrimento.

O Alferes Brito que mais uma vez se viu na posição de comando do aquartelamento, nervoso e cansado, via os feridos mais graves alinhados ao longo da sala do soldado, com ligaduras, pensos e pedaços de corpos por todo o lado, incluindo uma perna.

Vai daí, o Alf. Brito, com a sua característica simples, directa e prática, ordena a um soldado que limpasse todo aquele lixo que ali estava, que já quase não se podia passar. Só que a perna que se encontrava junto aos outros resíduos dos tratamentos, era uma perna artificial articulada pertencente a um dos feridos, que num momento de lucidez ainda conseguiu deitar a mão à sua perna artificial, impedindo assim de ela ir parar ao lixo.

Se pensarmos na dificuldade que ele teve em adquirir aquela, podemos imaginar o que ele não teria de penar para obter outra igual.

Uma pequena sorte no meio do infortúnio.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4719: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (17): Segundo ataque ao Olossato

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6266: Notícias de Francisco Henriques da Silva, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402, que foi Embaixador em Bissau, em chamas, em 1998 (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), dirigida a Francisco Henriques da Silva, Embaixador na situação de pré-aposentação e ex-Alf Mil da CCAÇ 2402:

Meu muito querido amigo,
Acabo de saber do teu e-mail. Há dias, li no Diário da República que o Estado te mandou para a aposentaria. Espero que estejas em Portugal. Um dia encontrámo-nos no aeroporto, seguimos ambos para Bruxelas, foi uma tarde de sábado maravilhosa, em vossa casa. Nas grandes amizades, não há hiatos, há, quanto muito, uma suspensão do tempo. Tenho dois livros sobre a Guiné para te oferecer. Sei que existe felizes acasos, ter-te reencontrado será um deles. Espero para a semana começar a escrever “A Viagem do Tangomau”, o livro da nossa juventude, quando eu pertencia aos católicos progressistas, quando tive a felicidade de te conhecer.

Depois iremos para Mafra, separamo-nos, iremos reencontrar-nos na Amadora, teremos as peripécias do Vargas, de novo a vida nos separará. Paro aqui, tu conheces bem a história. Iremos separarmo-nos diferentes vezes. Talvez esta seja a última. Para acabar este livro, preciso de voltar à Guiné, revolvem-se as entranhas a supor o sofrimento que me está preparado. Mas terá que ser assim, um tangomau ficará sempre com uma porção de si próprio em África. Estou em supor que vocês estão bem, e os filhos ainda melhor. Em 2 de Julho do ano passado, um tsunami assolou a minha vida, morreu a Glorinha com 32 anos, sofria de perturbação bipolar, continuo a aguardar o resultado da autópsia por parte do Instituto de Medicina Legal. Deixo-te os meus contactos telefónicos. O da Direcção-Geral do Consumidor (213564686), o de minha casa (217972317) e o meu telemóvel (917457675) que está amordaçado em casa, só anda comigo aos fins de semana, é bicho a quem não dou confiança.

Recebe toda a minha saudade e uma estima sem fim,
Mário


Mensagem resposta do Embaixador Francisco Henriques da Silva a Mário Beja Santos:

Meu caro Mário,
Foi uma grande e agradabílissima surpresa ter recebido o teu e-mail. Emocionou-me. De alguma forma, já o esperava, depois de um reencontro com o Raul, há uns tempos e de trocas várias de correspondência. Inevitavelmente, o teu nome veio à baila e soube que o nosso amigo comum mantinha contactos contigo.

Tal como nas plataformas das estações de comboio, uns chegam, outros partem, outros esperam alguém ou não sabem muito bem o que por lá fazem. A vida é um pouco tudo isso e a imagem reflecte largamente a realidade. Encontramo-nos um belo dia num cais qualquer, na sala de espera de um aeroporto, a chegar, ou a partir, ou, simplesmente, à espera. Perdemo-nos, reencontrámo-nos, voltamos a perder-nos, voltamos a reencontrar-nos. A vida dá muitas voltas, mas sendo o mundo pequeno como é, é fatal como o destino que lá estamos nós, mais uma vez numa plataforma de comboios, num terminal de aeroporto, numa estação de metro ou num outro qualquer local de passagem.

Bom, com altos e baixos, terminou a minha vida de errâncias constantes, de peregrinações sem fim à vista, de deambulações pelos 4 cantos do mundo com a casa às costas como o caracol, por vezes "com perigos e guerras esforçados". Tive de tudo um pouco e tenho muito, mas mesmo muito, para contar. Sinto-me mais velho, mas ainda com genica e estou a escrevinhar as minhas memórias, nas horas vagas que são muitas, designadamente as da Guiné-Bissau, nas duas etapas diferentes que por lá passei: como alferes de infantaria, na guerra dita do ultramar ou colonial e, depois, como embaixador de Portugal, no conflito civil que deu de vez conta do país em formação, que deixou de existir. Vais ter uma amarga e dolorosa decepção. Aconselho-te a que não vás. É muito pior do que imaginas.

A disponibilidade, a que sou legalmente obrigado por ter atingido os 65 anos de idade, é uma situação, digamos, de pré-aposentação, que deverá passar à fase derradeira dentro de alguns meses (Junho? Julho? Quem sabe?) Podia ter continuado, num serviço moderado ou aligeirado, no MNE em Lisboa, mas, por razões pessoais, solicitei a aposentação, logo que cheguei a Portugal, em Dezembro. Em suma, como julgo que deves saber, está tudo, mas tudo, muito atrasado. Não sei quando é que esta saga vai terminar.

Soube pelo Abílio Sá Costa que encontrei, há uns tempos, do falecimento da tua filha - o que muito lamento - e que, posteriormente, me foi confirmado pelo Raul.

Não tinha as tuas coordenadas. Não pude entrar em contacto contigo. Enfim, deve ter sido uma dor muito grande. Eu nem quero imaginar uma situação dessas que para mim seria insuportável, sob todos os pontos de vista. Não sei como conseguiste aguentar, mas sempre foste um homem forte e tudo se ultrapassa. O resultado da autópsia vai ser também um momento difícil, prepara-te para isso.

Os meus filhos estão muito bem. Vivem ambos fora do país: o Pedro em Nova Iorque, casado com uma pianista argentina e professor catedrático efectivo da NYU, de composição e teoria musical; a Inês, que assentou arraiais em Madrid, é economista e perita em questões bancárias (hedge funds, private banking, etc.) e, depois de ter feito um percurso pelas grandes instituições do ramo, trabalha hoje como consultora e responsável por aqueles sectores, para nós um tanto esotéricos, para o Bankinter (4.º banco espanhol). É casada com o director financeiro de uma empresa de telecomunicações - a ONO - e tenho 2 netinhas. Enfim, os percursos da minha prole são completamente diferentes, mas estas radicações no estrangeiro têm que ver com a minha ex-vida profissional. Portugal é sempre, para ambos os casais, uma referência cultural e linguística e, mais do que isso, sentem que é a sua pátria e onde estão as suas raízes, quanto ao mais é a vida da estranja.

Estou-me a alongar e a esgotar temas que poderiam ser abordados em próximo encontro a 3 com o Raul Albino. A propósito, estava a pensar em almoçarmos na próxima semana, em data e hora que te seja conveniente. Lá para 4.ª, 5.ª ou 6.ª feira ou então na semana seguinte. O que é que achas? Podemos escolher qualquer sítio simpático, exceptuando a gare do Oriente, Santa Apolónia ou o aeroporto...

As minhas coordenadas são as seguintes:
[...]

A propósito do nosso feliz futuro reencontro, não resisto a mencionar um bilhetinho que o cardeal Cerejeira escreveu ao Salazar, após longos anos de separação e de alguns desentendimentos entre ambos (li isto não sei onde, mas a frase ficou-me gravada): "António, Porque não vens aquecer-te à lareira antiga e recordar tempos idos. Teu, Manuel"

O Raul enviou-me o texto que mandaste para o blogue do Luís Graça e que muito me sensibilizou. Sei que apesar do tempo, da distância e dos desencontros sempre fomos amigos. Bem hajas!

Um abração do fundo do coração
Francisco


3. Mensagem de Raul Albino (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70), dirigida ao nosso Blogue:

Caro Carlos Vinhal,
Conforme pedido do Beja Santos, junto anexo algumas fotos do nosso companheiro de armas (meu e do Beja), da CCaç 2402, ex-Alf Mil Inf e ex-Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, penso que para o Beja Santos elaborar um artigo sobre o ex-militar e diplomata neste momento aposentado.

Ficas com uma foto actual e uma foto tipo passe dele como militar. Acrecentei uma com a presença do Medeiros Ferreira, que consta num post meu sobre a CCaç 2402. Vai também uma com a equipa de futebol, salvo erro em Có, onde ele figura em pé à direita e outra ainda com a primeira secção do seu grupo de combate, tirada antes da partida para a Guiné.

Se tu ou o Beja Santos tiverem algumas dúvidas de identificação, não hesitem em me perguntar.

Que tenhas um bom regresso de férias.
Um abraço,
Raul Albino

Segundo Pelotão/Segunda Secção



Equipa de futebol de oficiais e sargentos
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6259: Notas de leitura (98): Em Chão de Papel na Terra da Guiné, de Amândio César (Beja Santos)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5291: Convívios (176): Camaradas da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851 procuram restaurante em Fátima para o seu convívio de 2010 (Raul Albino)

1. Mensagem de Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70, com data de 17 de Novembro de 2009:

Prezados editores,
Agradecia me publicassem este pedido de ajuda do organizador dos nossos convívios, Maurício Esparteiro, ex-fotógrafo "oficial" da companhia.


CONVÍVIO DA CCAÇ 2402 PARA 2010 - LOCAL: FÁTIMA

A pedido de vários participantes nos nossos convívios anuais, foi decidido efectuar o convívio do próximo ano em Fátima. O único problema é que não temos ninguém, ainda vivo, que seja natural dessa região para nos ajudar a escolher um Restaurante para nos acolher.

Lembrei-me eu se não haverá alguém no blogue que já tenha estado nalgum convívio da sua unidade, em Fátima ou arredores (até 5 kms.), cujo restaurante tenha sido agradável, com boa comida, a um preço razoável.

Se alguém nos puder ser prestável em nos fornecer esta informação, pedia que me indicassem o nome do Restaurante, a sua localização e alguma referencia positiva de que se lembrem, por exemplo: o preço, qualidade de serviço ou qualidade da comida e qualidade das instações. Esta última é muito importante porque, sendo o convívio no Verão, a falta de ar condicionado ou boa ventilação e frecura, pode tornar-se um pesadelo. Este ano o nosso convívio em Tomar foi uma sauna.

Agradeço antecipadamente a vossa colaboração e envio a todos um grande abraço,
Raul Albino
ralbino@sapo.pt
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5257: Convívios (173): Almoço da CCAÇ 557, 7 de Novembro de 2009 - Almeirim (José Colaço)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4719: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (17): Segundo ataque ao Olossato

1. Mensagem de Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70, com data de 20 de Julho de 2009:

Caros editores,

Não sei quem está de serviço, mas sei que de certeza merecia estar de férias. Aqui vai mais um episódio da história da CCaç 2402, para ser lida por aqueles que não estão na praia a tomar banho.

Um abraço a todos,
Raul Albino



CCaç 2402 - Segundo Ataque ao Olossato

Edifício da administração da companhia destacada no Olossato (nesta altura a CCaç 2402)

Relato sintético do ataque:

A 18 de Janeiro de 1970, pelas 17,00 horas, deu-se o segundo ataque ao aquartelamento do Olossato, efectuado por um numeroso grupo inimigo.

Mais uma vez o nosso Capitão Vargas Cardoso não estava presente, encontrando-se em Bissau, possivelmente a tratar de assuntos da Companhia ou em consulta externa. Estas coincidências não podiam ser acidentais. Era mais que certo que o inimigo tinha informadores bem colocados que transmitiam essas ausências do Comandante da Companhia, procurando o inimigo desencadear os seus ataques nesses períodos, esperando encontrar a guarnição enfraquecida ou pelo menos descoordenada. Nas ausências do nosso Capitão, ficava no comando o alferes mais antigo, nesse dia estava o Alferes Brito a assumir essa função.

O inimigo flagelou o quartel e povoação durante cerca de 50 minutos, utilizando fogo de Canhão S/R, Morteiros 82 e 60, Metralhadora Pesada, Lança Granadas Foguete e armas ligeiras automáticas, das direcções de Mabar, Cansambo e Maca.

As nossas tropas reagiram prontamente pelo fogo de Morteiro 81 e 60, Lança Granadas Foguete e Metralhadora Breda, bem como pela manobra de um grupo de milícias que saiu na perseguição do inimigo. Face a esta reacção o inimigo não conseguiu obter grandes êxitos, embora devido à surpresa ainda tivesse incendiado duas moranças da povoação, ferindo 7 nativos, ficando um deles em estado grave. O inimigo conseguiu ainda raptar 3 homens da população que se encontravam em trabalhos agrícolas.

O aquartelamento sofreu pequenos danos materiais.

O que este ataque teve de original, digno de referência:

Neste ataque ao Olossato deu-se um episódio interessante que vale a pena contar.

Já depois do ataque ter passado, entra-me espavorido no quarto o Alf Brito. Gritava-me ele:

- Anda depressa que está na sala do soldado uma granada de morteiro 82 que não rebentou. Como tu és especialista em minas e armadilhas, vai lá tu resolver o assunto!

Bom, lá fui com ele ver o que se passava e fiquei pasmado quando me deparei com uma granada de morteiro 82, em cima da mesa de ping-pong, com o focinho – parte da frente da granada que contem o detonador – partido, podendo rebentar a qualquer momento.

A espoleta poderia reagir ao mais pequeno toque, rebentando, ou pelo contrário, ter ficado irremediavelmente danificada. Esta granada partiu o focinho porque atingiu o telhado da sala do soldado, que era feito em telha de Marselha. A telha não teve resistência suficiente para provocar a detonação, pelo que a granada fez um buraco no tecto, partiu a parte dianteira e caiu desamparada em cima da mesa de ping-pong.

Mesa de ping-pong onde caiu a granada que não explodiu, danificando ligeiramente o tampo

Vendo aquilo virei-me para o meu colega Brito, que estava um pouco nervoso pela responsabilidade de estar na situação de comandante do quartel, e disse-lhe:

- Olha, eu como especialista de explosivos, fui instruído para em situações de material instável – como era o caso desta granada – esse material deva ser destruído no próprio local, não devendo ser removido por se desconhecer em que estado ficou a munição. Isso, de facto, é uma incumbência minha ou de qualquer outro especialista desta área, mas como não é isso que com certeza tu queres, pois a sala do soldado ia pelos ares, o que tu pretendes é que a granada vá lá para fora para ser então neutralizada, não é?

Tinha-se reunido à nossa volta um conjunto de mirones, militares e nativos, a observarem a situação, cheios de curiosidade temerária. Então continuei:

- Levar a granada para a rua, é uma coisa que não requer especialização e tu próprio o podias fazer. Basta pegar nela ao colo, fazer votos para que não nos rebente nos braços e levá-la lá para fora para a rua, para o especialista tratar do assunto.

O nervosismo dele aumentou, especialmente devido à plateia que ali se reuniu a escutar o nosso diálogo. Aí eu acrescentei:

- OK! Eu levo a granada, mas afasta-te com toda essa gente, porque se a granada explodir que provoque o mínimo de baixas.

Cada vez mais nervoso, ia-me dizendo a tudo que sim. Afastou o pessoal que nos rodeava e qual não foi o meu espanto quando eu, já com a granada no colo, me apercebi que o meu colega Brito não se descolava de mim um segundo, acompanhando-me sempre até ao local onde depositei a granada, alheio aos meus conselhos para se afastar.

Em suma, se a granada explodisse morríamos os dois inutilmente, porque ele, possivelmente depois do que eu lhe disse, não estava bem com a consciência se me deixasse correr aquele risco sozinho.

Devo confessar que eu, no lugar dele, tinha-me afastado mesmo.

2. Comentário de CV

Raul, tenho a certeza absoluta que farias exactamente o mesmo que fez o teu camarada Brito. A solidariedade em tempo de guerra não se compadece com as regras de segurança.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4345: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (16): Emboscada nocturna no Olossato