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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15685: Notas de leitura (801): "Catarse", da autoria do Pe. Abel Gonçalves (Major-Capelão do BCAÇ 1911 e do BCAV 1905), edição de autor, 2007 (2) (Mário Beja Santos)

1. Conclusão da recensão do livro "Catarse", da autoria do Major Capelão Abel Gonçalves, enviada ao Blogue em 22 de Janeiro passado pelo nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70).


Catarse, pelo Major Capelão Abel Gonçalves (2)

Beja Santos

O Alferes Capelão Abel Gonçalves já tem quem o ajude no setor de Bambadinca, dedica-se a tempo inteiro aos 18 destacamentos sob o comando do BCAV 1905, que ele enumera: Camamudo, Catacunda, Fajonquito, Cambajú, Jabicunda, Contuboel, Sara-Bacar, Sara-Banda, Banjara, Sinchã-Jobel, Sara-Ganá, Geba, Sinchã-Dembel, Sinchã-Sulu, Fulacunda, Udicunda, Bansci. Insisto que esta é a enumeração que o autor faz, tenho dúvidas que tivéssemos um destacamento em Sinchã-Jobel, sempre me disseram que era uma base do PAIGC em território de intervenção exclusiva do Comando-Chefe. Desloca-se de jipe, e muitas vezes em coluna, guarda memórias de jipes que griparam ou a que rebentaram pneus. Em Contuboel relacionou-se com um chefe muçulmano de nome Caramon-Mamadu. Dispunha de um altar portátil, convidava muitas vezes as gentes das tabancas, e encontrava recetividade:
“Na recitação do Pai Nosso uniram-se aos nossos gestos espontaneamente erguendo as mãos para o céu, implorando do Deus único, com nomes diferentes a paz eterna para os finados”.

Conserva recordações das pessoas que encontrou ao longo das deambulações pelo setor de Bafatá, caso do alemão luterano de Geba:
“Conheci o único branco da população de Geba, um alemão chamado Lindorf. Não sei como foi ali parar. Vivia bem, casado com uma nativa, cristão, afirmando com um certo orgulho que tinha tido uma só mulher. Um homem crente, que me dizia com muita simplicidade: 
- Eu sou luterano, tal como o senhor é católico. Nasci numa aldeia onde todos eram luteranos.
Mandava limpar e enfeitar a igreja e dava esmolas para a missão católica. Como não tinha filhos, sustentava os inúmeros sobrinhos da mulher”.

Considerava que a companhia sediada em Geba estava destroçada, o seu comandante tinha morrido a levantar uma mina. Dos quatro alferes primitivos só restava um. Em Outubro de 1968 é louvado e colocado no Hospital Militar de Bissau, vai conviver diariamente com o sofrimento. Em Maio de 1969 regressa a Lisboa, em conversa com o Bispo Castrense, este incita-o a continuar com o seu trabalho nas Forças Armadas. Entretanto é colocado na base aérea de S. Jacinto, dá aulas na Escola de Formação de Pilotos. Dão-lhe missões de ir comunicar à família a morte de militares, é um ponto alto das suas descrições.

Temo-lo agora na base de Bissalanca, é o Capelão da Base Aérea 12. É encarregado da assistência a muitas unidades do Exército: Unidade Militar de Bá (Adidos, Comandos, Engenharia e o COMBIS), a Força Aérea não via com bons olhos que o seu capelão andasse pelos destacamentos do Exército. Não esqueceu a Capela de Bissalanca, onde tinha quarto e um salão onde dava aulas, era o responsável pela biblioteca e dava aulas a negros e brancos, de preparação para a quarta classe. A morte ronda por toda a parte. Em plena pista de Bissalanca, a enfermeira Celeste foi sugada pela hélice do avião, que lhe cortou, como se fosse uma lâmina, a nuca, morte instantânea. Mas havia também os acidentes alheios à guerra e encomendavam ao capelão que fosse dar a funesta notícia às famílias. É enternecedor o retrato que faz do padre Marcos, um bondoso capuchinho italiano que vivia com um grupo de rapazes negros junto à Capela de Brá. Vivia pobremente, chegava a comer as sobras que lhe davam dos quartéis. A Engenharia Militar fez-lhe uma pequena casa. E dá-nos a impressão encantadora de um encontro entre os dois:
“Os rapazes da pequena comunidade dele gostavam mais de ir à minha missa por causa dos cânticos mais alegres.
Um domingo, lá o vejo ao fundo da capela a assistir à missa, com o seu ar muito castanho, com as costumadas nódoas de pó, a sua barbinha ruça, os cabelos desgrenhados. No fim da missa foi à sacristia e disse-me: 
- Sabe, senhor capelão, eu antes de ir para frade, fui mundano e estes cânticos lembram-me esses tempos do pecado.
- Ora, ora, senhor Padre Marcos, a mim não me lembra nada disso, porque nunca andei nessas vidas! Disse-lhe eu, a rir muito”.

Recorda aqueles meses de pesadelo do primeiro semestre de 1973, o assassinato de Cabral, a chegada dos mísseis Strella, o agravamento da situação militar. Veio o 25 de Abril e toda a situação se alterou, regressou a S. Jacinto em Agosto de 1974, apanhou o PREC e o 25 de Novembro. Foi visitar os presos:
“Também fui à prisão de Custóias. Visitei um paraquedista que me não disse uma única palavra. Admirei, no entanto, os frescos pintados a cores nas paredes da cela. Recordo ver desenhado um paraquedista, deitado com as mãos no chão, com a legenda o paraquedista, mesmo depois de morto ainda fez 100 flexões”.

Apresenta a lista dos capelães militares que prestaram serviço no CTIG entre 1961 e 1974. Rende a sua homenagem a todos os capelães que prestaram serviço na Guiné, manifesta o seu grande apreço pelo trabalho dos missionários. A título do posfácio, dá-nos a saber que também andou pelo Hospital Militar da Força Aérea, no Lumiar, e pede-nos para não esquecermos todos os nossos camaradas:
“Quase todos os que estiveram mergulhados nas emoções de uma guerra… sempre à espera do inesperado, vendo nos outros aquilo que só por sorte não os atingia a eles, imaginando-se na situação desses, face à família e aos amigos. Se o corpo está íntegro, a mente está ferida, a emoção retalhada, o subconsciente entulhado de horrores, desgostos, tragédias, vigílias, incertezas, medos… mais o que não somos capazes de definir com palavras".
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Nota do editor

Poste anterior de 25 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15665: Notas de leitura (800): "Catarse", da autoria do Pe. Abel Gonçalves (Major-Capelão do BCAÇ 1911 e do BCAV 1905), edição de autor, 2007 (1) (Mário Beja Santos)

sábado, 13 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14742: (Ex)citações (281): Sexo em tempo de guerra... O ponto de vista de um ex-capelão (Mário S. de Oliveira)

1. Mensagem de Mário de Oliveira, nosso grã-tabanqueiro,  mais conhecido como Padre Mário da Lixa), é um  dos nososs conhecidos capelães que fizeram a guerra colonial  devido aos seus problemas com o Exército, a PIDE/DGS e a hierarquia da Igreja [, foto atual à direita].

Foi alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, entre novembro de 1967 e em março 1968; vive no concelho de Felgueiras; foi jornalista e  autor de vasta obra de reflexão espiritual e teológica. O seu último, "Fátima, S.A." mereveu destaque no "Expresso". (*)

De: Mario de Oliveira

Data: 5 de junho de 2015 às 20:57

Assunto: (Ex)citações...

Oh raio...o "pessoal" afina logo á primeira, se calhar sem aprofundar bem o simbolismo da questão. Aqui, no meu ponto, ninguém tem que se envergonhar de nada porque...era a própria política "colonialista" de uma "colonização manca"​ - falta de efetivos humanos para colonizar - que incentivava a interligação do homem branco com a mulher africana, na intenção de que (segundo D. Carlos e outros), o novo ser vivo que acaso viesse ao mundo dessa "interligação" passasse a ser o chefe de posto/cipaio/fiscal/chefe de a, b, c, dependências governamentais, para colmatar a falta de "minhotos, transmontanos, beirões (como eu), tudo na procura de "popular" os locais onde acaso tivessem assentado pé.

Ironicamente, a interligação, não comtemplava a interligação entre "a mulher branca" e o africano. Aqui, é que assenta o fulcro da questão.

No aspeto pessoal de cada quem, cada um dos intervenientes terá que ter na sua consciência a sua ligação com as africanas. Houve e há muitos que o fizeram "honestamente" por se terem assimilado-convivido com as mulheres africana em questão e, a estes, só e de louvar porque constituíram uma família.

Mas, não duvido absolutamente nada, que outros o fizeram por necessidade fisiológica e, quiçá, de uma forma pouco respeitosa. Cada um que tenha o seu descargo de consciência mas envergonhar-se...seria errado. Arrepender-se talvez fosse mais aconselhável. (**)


Abraço a todos.

Máio S. de Oliveira

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Notas do editor:

(*)  Sobre o último livbro,m "Fátima", o nosso camarada escreveu-nos o seguinte, em mensagem de 5 do corrente:

Olá, camarada Luís Graça:
Tomo a liberdade de te fazer chegar esta informação:

A PROPÓSITO DE FÁTIMA S.A.

Saiu em meados de Maio 2015 e, até agora, só eu já despachei pelos CTT quase 200 exemplares para outras tantas pessoas que se me dirigiram interessadas na sua aquisição. A 2.ª edição sai agora, na 2ª semana de Junho. Até o grupo Leya já se rendeu ao Livro e faz encomendas à pequena Editora do Livro, Seda Publicações.

Na minha qualidade de presbítero-jornalista, "viajei" por dentro dos Documentos oficiais disponibilizados pelo Santuário de Fátima e pude ficar a conhecer todo o “segredo” de Fátima, desde 1917 até aos nossos dias. O resultado desta minha investigação é este Livro de 288 pgs, 14 capítulos

Cada exemplar fica por 17€ + 2,35€ de portes de correio. Poderei suportar os portes, se assim entenderem. Enviem-me o v/ endereço postal e o Livro vai ter a vossa casa, autografado por mim. Depois, fazem a transferência bancária para o NIB da m/ conta-reforma: 0007 0000 0077 5184 2312 3. 

Os meus direitos de Autor são integralmente para o Barracão de Cultura. Espero as v/ encomendas. Não se arrependerão. 

O meu abraço, Mário.

domingo, 21 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13633: Fotos à procura de... uma legenda (34): Missas históricas no Império: do ilhéu de Coroa Vermelha, no litoral sul da Bahia, Brasil (26/4/1500) a Gandembel, Região deTombali, CTIG (25/12/1968)... (António Rosinha / Idálio Reis)


A Primeira Missa no Brasil, 1860. Museu Nacional de Belas Artes, Brasil. Imagem do domínio público. Cortesia de Wikipédia.

A obra prima do pintor  académico Victor Meirelles de Lima (Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, 1832 — Rio de Janeiro, 1903) . A tela é um hino ao ecumenismo, ao retratar a chegada pacífica da armada de Álvares Cabral a Porto Seguro, no sul da bahía,  e a celebração da primeira missa, no Novo Mundo, assistida pelos habitantes locais, tupiniquins, pertencentes á nação tupi... Os descendentes dessas hstóricas testemunhas da chegada dos portugueses ao Novo Mundo não deverão ultrapassar hoje um milhar...

"A primeira missa no Brasil foi celebrada por Dom Frei Henrique de Coimbra no dia 26 de abril de 1500, um domingo, na praia da Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul da Bahia. Foi um marco para o inicio da história do Brasil e descrita por Pero Vaz de Caminha na carta que enviou ao rei de Portugal, D. Manuel I (1469-1521), dando conta da chegada ao Brasil, então Ilha de Vera Cruz, pela armada de Pedro Álvares Cabral que se dirigia à Índia" (Fonte: Wukipédia).

Na sítio "História da Bahia", Jonildo Bacalar escreve o seguinte sobre esta priimeira missa:

"Quatro dias após ter chegado em Porto Seguro, no Domingo de Páscoa, em 26 de abril de 1500, Cabral determinou que se realizasse uma missa no ilhéu da Coroa Vermelha. Foi a Primeira Missa celebrada em solo brasileiro e o evento foi documentado pela Carta de Caminha. Era o último ano do século 15.

Cabral ordenou a presença de todos os capitães na Missa. Mandou armar um esperavel, e dentro dele um altar mui bem corregido.

A Primeira Missa foi celebrada pelo frei franciscano Henrique Soares de Coimbra, auxiliado pelo padre Marcos de Oliveira Ferreira. No total, eram oito frades, todos franciscanos, todos presentes e todos rezaram.

A bandeira de Cristo, trazida por Cabral de Belém, ficou hasteada durante a Missa. Não há menção de Caminha quanto a existência de uma cruz na Primeira Missa.

Acabada a Missa, frei Coimbra desvestiu-se e subiu numa cadeira alta, de onde fez uma pregação do Evangelho, terminando com referências à chegada dos portugueses na terra achada.

A cerimônia foi também acompanhada pelos tupiniquins. No final, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um pedaço." (...)



Guiné > Região de Tombali > Gandembel > 25/12/1968 > Missa de Natal celebrada pelo capelão-mor das Forças Armadas, bispo de Madarsuma (*). Foi a última missa celebrada em Gandembel...


Foto: © Idálio Reis (2007). Todos os direitos reservados [Edição de L.G.]


1. Comentário do nosso "mais velho" Antº Rosinha ao poste P13616 (*):

(...) A foto da "Última Missa em Gandembel", é uma das fotos mais falantes do que qualquer outra que se possa ver sobre a Guerra do Ultramar. Aquela mesa/altar, aquele ajudante em tronco nú, representam bem o desenrascanço da malta.

Esta última missa documentada por Idálio Reis, contrasta com a 1ª missa, festejada por índios e pintada por artistas e documentada pela carta de Caminha.

Quatro dias após ter chegado em Porto Seguro, no Domingo de Páscoa, em 26 de abril de 1500, Cabral determinou que se realizasse uma missa no ilhéu da Coroa Vermelha. Foi a Primeira Missa celebrada em solo brasileiro e o evento foi documentado pela Carta de Caminha. (...)-


2. Comentário do editor LG:

Rosinha, é uma legenda genial, a tua,  para esta foto, como já te tinha dito... Tens olho de lince e um grande sentido do simbólico, e uma grande sensibilidade sociocultural, ou não fosses tu um português das sete partidas...

Descobri agora esta foto de uma conhecidíssima tela do pintoir brasileiro Victor Meirelles.. Foi pintada em 1860 e teve sucesso nuam exposição em Paris, em 1861.. Espero que os nossos leitores nos ajudem a enriquecer (ou a rescrever) a tua legenda... Há algum paralelismo entre uma e outra imagem, a primeira missa em terras brasileiras domingo de páscoa, 26/4/1500)  e a última missa na martirizada Gandembel (natal, 25/12/1968), aquartelamento que será avacuada um mês de depois  (E menos de nove meses sofreu mais de 370 ataques e flagelações) (**)....

Já agora convidamos os nossos leitores a conhecer (ou a reler) a famosa Carta de Pero Vaz de Caminha a el-Rei D. Mnauel I, fixada em português moderno e publicada pelo jornal Público, por ocasião do seu 24º aniversário, na sua edição de 5/3/2014. 

É um espantoso documento literário e etnográfico que os brasileiros valorizam muito mais do que os portugueses. É também uma fonte de inspiração e um exemplo a seguir por todos aqueles que, tendo sido combatentes na última guerra do império, se identificam com (e/ou seguem) este blogue, mas acham que não têm de nada especial ou excecional para contar ou ou que  têm pouco ou nenhum jeito para a escrita. Cite-se a parte final da Carta:

(,,,) "E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo dizer, mo fez assim pôr pelo miúdo.

E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro – o que d'Ela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pêro Vaz de Caminha"


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terça-feira, 16 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13613: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Anexo II: Confirma-se a sua presença em Bambadinca, ao serviço do BCAÇ 2852, no 2º semsstre de 1969


Capa do livro sobre a família Maçarico, que tem centenas de descendentes, originários de Ribqmar, Lourinhã. Estão hoje espalhados pela diáspora lusitana (por ex., Brasil, Estados Unidos, Canadá). Há um rano em Mira, que deve ter emigrado para lá no séc. XIX. Uma das caraterísticas dos Maçaricos é que sempre viveram junto ao mar, e ligados a atividades maritímas (desde a marinha mercanbte à marinha de guerra, desde a pesca à construção naval).

Na sua página na Net pode ler-se: 

"Ribamar na época dos Descobrimentos era já um importante centro de construção naval, tendo ainda existido até cerca de 1930 um estaleiro que situava no local onde está hoje a escola primária.

"E já nesses tempos idos os Maçaricos eram reconhecidos como especialistas nessa área tendo acompanhado diversas expedições navais. E provavelmente estabeleceram-se também noutras localidades onde existiam estaleiros, possível explicação para haver outras famílias Maçarico espalhadas pelo Pais, como por exemplo em Mira."





Bolo do 1º almoço convívio que reuniu algunas centenas de Maçaricos em Ribamar, Lourinhã, em 22 de julho de 2001. Seguiu-se,  no ano seguinte, um outro convívio. Foto: cortesia da página Maçaricos - Ribamar - Lourinhã.



Da esquerda para a direita, Horácio Net Feernandes e Júlio Alberto Maçarico Fernandes  (já falecido). São da mesma geração, são oprimos e nascidos em Ribamar.. O primeiro em 15/9/1935 e o segundo 21/11/1934. Ambos foram padres franciscanos, tendio sido ordenados em 15/8/1959- O Júlio foi missionário em Moçambique, em João Belo. O Horácio foi capelão militar (1967/69), abandonou o sacerdócio em 1972. Fez ontem 79 anos, e merece os nossos votos de parabéns!... Muita saúde e longa vida para ele!

Foto: cortesia do livro "Vila de Ribamar", de Américo Teodoro Maçarico Moreia Remédio, primeiro tenente reformado, edição de autor, Lourinhã, Ribamar, 2002, p. 123.


1. Em conversa telefónica, há dias, pude esclarecer, um pouco melhor, a situação do Horácio Fernandes nos seus últimos 6 meses de comissão de serviço na Guiné.

Acabada a comissão do BART 1913 (Catió, 1967/69), em maio de 1969, o Horácio, que era de rendição individual, foi colocado no BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Ele confirmou-me que conhecia os (ou alguns dos) aquartelamentos do setor L1 como o Xime e o Xitole. Diz que foi pelo menos uma vez ao Saltinho, muito provavlemnet numa coluna logística com segurança da CCAÇ 12....

Não passava muito tempo em Bambadinca, andando pelos aquartelamentos e destacamentos. Não me falou de Mansambo, o que é estranho e o que parece ir ao encontro do que nos disse o Torcato Mendonça, que não se lembrava de nenhum capelão....

Conhecia o destacamento no Rio Udunduma, entre o Xime e Bambadinca. Parece ter conhecido melhor o Xime. Falou-me de uma emboscada, na estrada Xime-Bambadinca, com dois mortos, e que eu ainda não consegui localizar no tem,po e no espaço. Também não foi precisao em relação à data em que esteve internado no HM 241 com paluidismo.

O Horácio participa nos convívios anuais do pessoal do BART 1913, não tendo ficado com ligações afetivas com o pessoal do BCAÇ 2852. Não se lembra do ataque a Bambadinca, em 29/5/1969, pelo que terá chegado mais tarde. Eu, que fui para Bambadinca em 18/7/1969, também não me lembro dele.Enfim, dois primos que só se voltam a reencontrar meio século depois: estive na missa nova (em 1959), voltei a abraço em Ribamar, em 2013.

Mas aqui fica a sua versão dos seus seis a nove meses na Guiné.  Ontem fez 79 anos. tentei ligar-lhe mas ninguém atendeu (na sua casa do Porto). Aqui  ficam os meus votos pessoais de parabéns, como camarada e editor deste blogue, para além de parente. (LG)´


Excerto da História da Unidade - BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), Cap I, p2... Como se vê,  o nome do oficial capelão está em branco... Talvez o Fernando Calado e o Ismael Augusto, nossos grã-tabanqueiros, nos possam dar esclarecimentos adicionais sobre a presença do Horácio Fernandes em Bambadinca, no fianl do 1º semestre ou início do 2º semestre de 1969... Na história desta unidade, não parece haver "vestígios" do Horácio Fernandes, embora ele jure a pés juntos que por lá passou, na fase terminal da coissão de serviço, de rendição individual.



Guiné < Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Meninos cristãos, em dia de primeira comunhão, ao tempo da CCS/BCAÇ 2952 (1968/70). Foto do álbum do ex-fur mil rebastecimentos José Carlso Lopes, grã-tabanqueiro nº 604.

Em Bambadinca, o Horácio Fernandes não teve praticamente nenhum contacto com a pequena comunidade cristã local. E terá dito poucas missas na capela local, que se situava à direita da secretaria da CCAÇ 12 (1969/71). Contrariamente ao ques e passou em Catió (CCS/BART 1913, 1967/69), em Bambadinca ele limitou-se a ser "capelão militar".


Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72 > A parada do quartel de Bambadinca, a capela (que servia também de casa mortuária...) e, à direita, a secretaria da CCAÇ 12 (1969/74)

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados

2. Arribas do Mar [Ribamar]

Na sua rese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Faculdade de Piscologia e Ciências das Educação da Universidade do Porto (1995, já aqui citada), Horácio Fernabndes descreve assim, na pag. 102,  a suia terra  [que é também a terra da minha bisavá paterna, Maria Augusta (Maçario) (1864-1920), que foi casar na Lourinhã, com um negociante de peixe, Francisco José de Sousa)]:

(...) Arribas do Mar, aldeia de Francisco Caboz, estava predestinada a ser viveiro de três vocações sacerdotais nos anos 30/40. Isolada entre dois concelhos «saloios», Lourinhã e Torres Vedras, a agricultura de subsistência e a pesca sazonal eram os seus únicos recursos.

Lisboa, que distava 50 km, ficava muito longe, já que as estradas que lhe davam acesso eram intransitáveis e o percurso inseguro, sujeitos os transeuntes a frequentes assaltos. Só a pé ou a cavalo é que era possível transpor tão curta-longa distância. O mar era a única saída possível.

Sempre com o credo-na-boca se o mar embravesse, esta gente é ao mesmo tempo desconfiada, crente e devota. Quase todos analfabetos, prostam-se e veneram, temendo alguém que é mais do que eles e que constantemente os ameaça. Santos, bruxos, mulheres de virtude, todos são requisitados em marés de azar: doenças dos homens e dos animais, do corpo e da alma, amores estragados e maresias.

A escola existia, mas secundariamente em relação à omnipresença do Mar: o mais importante era saber fazer um "côvo" para apanhar lagosta, lavagante ou navalheira, saber fazer um camaroeiro e uma sartela para atrair o peixe na maré vazia, consertar uma rede, saber medir os fundões em braças, saber lançar a poita, saber manejar a vela, o remo e o leme, «safar a tralha», o que não se aprendia nos bancos da escola. 

A aldeia de Francisco era, digamos assim, a realização nas suas potencialidades mais substantivas do salazarismo, enquanto projecto político: imobilismo social, pobre, conformada, trabalhadora, disciplinada vivendo o quotidiano ao ritmo do anti-quotidiano. (...)

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13602: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (88): Notícias dos nossos camaradas João Crisóstomo (Nova Iorque) e Horácio Fernandes (Porto)... Anúncio do próximo convívio das famílias Crispim e Crisóstomo, em 30/8/2015, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras







Anúncio publicado (ou a publicar) no jornal "Badaladas". de Torres V edras



Vilma e João Crisóstomo [ex-alf mil, CCAÇ 1439,
Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66]
1. Mensagem do nosso querido e ilustre amigo e camarada João Crisóstomo (que me telefonou de Nova Iorque mas não me apanhou em casa)


Data: 10 de Setembro de 2014 às 12:07
Assunto: Horácio Fernandes


Caro Luis Graçaa,

Tentei o teu telefone, mas tenho de recorrer-me do e-mail...

Decidi ficar hoje em casa (, são agora 6.00 AM, )  para poder tratar de coisas em atraso.  Como  é o  caso do Horácio com quem acabo de falar ao telefone.

Ele vai responder e explicar o porquê da confusão: pelo que compreendi,  ele não fazia parte dos quadros  do Batalhão de Caçadores 2852 [Bambadinca, 1968/70] ele esteve em Bambadinca  como "agregado" pois o batalhão dele [, o BART 1913, Catió, 1967{69] já tinha regressado à metrópole e ele teve de ficar mais seis meses  para cumprir  o tempo dele.  Coisa bem normal como te deves lembrar , muito  frequente   nos tempos  de guerra na Guiné...

Espera  um e-mail dele.

Fiquei com inveja (e saudades) ... Valmitão, Ribamar... e amigos com quem   estiveste lá.  Haja saúde para podermos repetir todos juntos  na próxima vez...

Abraço grande
João e Vilma


2. Em 29 de agosto últimom, tinha mandado a seguinte mensagem ao João Crisóstomo, que é amigo de longa data do Horácio Fernandes [ex-alf mil, capelão, BART 1913, Catió, 1967/69, e BCAÇ 2852, Bambadinca, 1969; foto atual à direita]

João:

Como vais ? Tudo bem ? E a tua Vilma ?... Falei há dias de ti, ou melhor falámos, em Valmitão, Ribamar, eu, o Álvaro Fernandes e a Filomena, um casal de Ribamar que vive em Nova Iorque, em Yonkers. A Filomena é afillhada da tua mana, se bem percebi, e fez campanha contigo pela causa da independência de Timor Leste. É minha prima, do clã Maçarico. Descobri-a, por acaso, a ela e ao  marido [, professor primário, amigo do Manuel Filipe], bem como aos pais e ao mano Paulo, que também vive na EUA,,, Estavam de de férias em Valmitão... Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

Quanto ao Horácio, preciso que me deslindes esta história... Eu não tenho o contacto dele (telemóvel e email): a questão é de confirmar em que altura exata (e por quanto tempo) esteve ele em Bambadinca: maio a dezembro de de 1969 ? O seu nome não conta da história do BCAÇ 2852, o batalhão que estava nessa altura em Bambadinca...

Um abraço. Bj para a Vilna. Luis

3.  Mail anterior do João Crisóstomo,  com data de 10 do corrente,  com conhecimento ao Horácio Fernandes:


 Caro Luis Graça, desculpa não ter respondido ainda. É que ainda não tive ocasião de falar com o Horácio. Sucede que tenho muita correspondência dele e quero ver se por acaso tenho alguma carta ( (aerogramas, lembras-te ?) escrita por ele que pudesse lançar luz sobre isso. 

Mas ainda não tive tempo. Estou (,ando sempre...) abarrotando de trabalho...mas agora reparo que dizes não tens os contactos dele. Aqui estão:vai i endereço de email, o telefone fixo, o telemóvel dele e o da Milita [...] 

Coloquei há duas semanas um anuncio no jornal Badaladas, de Torres Verdas, anunciando o nosso convívio para 30 de Agosto de 2015 [, Imagem inserida ao alto].   Destina-se primeiramente aos meus familiares espalhados pelo mundo para que, se for possivel, façam as ferias nessa altura... mas evidentemente que quero incluir os meus amigos, como fizemos no ano passado e quando estivermos mais perto farei outro anuncio com tudo bem clarinho...

Um abraço grande (e com muitas saudades ) para todos vocês.... tu e tua esposa Alice, para o Horácio e a Milita...

João e Vilma

4. Fotos das nossas praias do oeste estremenho ("costa de prata", "silver coast"...), para a Vilma e João Crisóstomo, mas também para a Filomena e o Álvaro  Fernandes, nova-iorquinos,  "matarem saudades"... Sem esquecer a Milita (que é de Fafe) e o Horácio Fernandes (que é de Ribamar, Loruinhã), e que vivem no Porto há 4 dácadas... Com, um xicoração muito especial do Luís Graça e da Alice.

PS1 - Espero poder abraçar o Horácio na festa de Ribamar, no próximo mês de outubro... Já sei que a Miloita não pode vir... Há uma caldeirada à nosssa espera, no dia 13!...A organização é do nosso incansavel e insuperaável Eduardo Jorge Ferreira, ex-PA [, Bissalanca, BA 12, 1973/74], também membro da nossa Tabanca Grande [, foto atual à esquerda].

PS2 - A Flomena, de seu nome completo Maria Filomena Fernandes Eugénio, casada com Álvaro Filipe Fernandes (que era professor primário e fez o serviço militar em Angola, tendo regressado na véspera da independência...), a viver nos EUA desde 1977, é prima direita do Horácio Fernandes (as mães são irmãs,  Elvra Neto, a mãe do Horácio, e a Maria da Conceição Fernandes, mãe da Filomena,)...

A bisavó (do lado Maçarico) de ambos era a Maria da Anunciação, casada com Manuel Fernandes. A Maria da  Anunciação era irmã da minha bisavó paterna, Maria Augusta (Ribamar, 28/10/1860- Lourinhã, 26/7/1920). O avô do Horácio, António Fernandes (Maçarico) foi o último construtor naval de Ribamar, emigrou para os Estados Unidos e lá morreu, deixando cá a esposa e três filhos que nunca mais tiveram notícias dele.. Deve ter nascido por volta de 1890. e emigrado nos anos 20.

Em suma, através do blogue descobri mais dois primos, o Horácio e a Filomena, e ambos amigos do João Crisóstomo. Quando era miúdo o João era visita da casa dos pais do Horácio... Ainda fala com muita saudade do Ti Zé Fernandes Nazarté... Embora petencendo a concelhos diferentes, mas vizinhos (Lourinhã e Torres Vedras), Ribamar e Paradas ficam perto uma da outra...

É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande!.


Portugal > Lourinhã > Agosto de 2014 > Praia do Caniçal... A seguir, para sul,  é a Praia de Vale de Frades, Praia da Areia Branca, Praia do Areal Sul, Paraioa da Peralta...Para norte, é o Paimogo...



Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia do Areal Sul, entre a Praia da Areia Branca e a Praia da Peralta... Ao fundo, o forte de Paimogo...


Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia da Peralta... A seguir é o Porto das Barcas, Porto Dinheiro, Valmitão, Porto Novo (esta paria já na na freguesia de A-dos-.Cunhados, Torres Vedras)... Todas estas falésias são da época do Jurássico (200/150 milhões de anos) e
são verdadeiros "cemitérios" de dinossauros...

Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13594: Inquérito online sobre os capelães no CTIG: Num total de 73 respondentes, um terço (n=24) nunca conheceu nenhum capelão, e outros tantos (n=28) guardam boas recordações deles


Resultados da nossa sondgem sobre os capelães militares no CTIG. A votação encerrou em 5 de setembro. Houve 73 respondentes. Como se pode verificar, a opinião dos respondentes é simpática e favorável à presença dos capelães no seio das nossas fileiras.

Embora um terço dos respondentes (n=24) não tenha conhecido nenhum capelão, outros tantos guardam boas recordações deles (n=28)... Cerca de um em cada quatro (n=17) acham que  eles "davam algum conforto espiritual aos nossos soldados"... Apenas cerca de 18% dos respondentes disseram que "nunca sentiram a sua falta" (n=13)...

É óbvio que a amosttra, de reduzida dimensão e de conveniência, não permite generalizar as conclusões.

Lembre-se que,  em pelna guerra (1966), não haveria mais do que centena e meia de capelães miliatres no seio das Forças Armadas Portuguesas, empenhadas numa guerra em três frentes: Angola, Guiné e Moçambique. A década de 1960, que é também a do Concílio Vaticano II, foi fortemente marcada pela crise de vocações sacerdotais no seio da Igreja Católica. Dois dos quatro membros da nossa Tabanca Grande que foram capelães no TO da Guiné, acabaram por deixar o sacerdócio: o Arsénio Puim e o Horácio Fernandes (*).

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13567: Inquérito online: A propósito dos capelães militares no CTIG... Resultados preliminares (n=34) quando faltam 2 dias para fechar a votação... A resposta mais frequente: "Guardo boas recordações deles" (n=11)



Ex-alf mil capelão Augusto Batista  
(CCS/BCAÇ 2861,
Bula e Bissorã. 1969/70)
A. INQUÉRITO ONLINE: A PROPÓSITO DOS CAPELÃES MILITARES NO CTIG... (PODES DAR MAIS QUE UMA RESPOSTA)

1. Não conheci nenhum  > 11 (32%)

2. Houve momentos em que senti a sua falta  > 1 (2%)

3. Guardo boa recordação deles  > 11 (32%)

4. Davam algum conforto espiritual aos nossos soldados  > 6 (17%)

5. Eram tão importantes como os médicos  > 0 (0%)

6. Eram mal compreendidos por todos nós  > 2 (5%)

7. A hierarquia a militar não confiava neles  > 1 (2%)

8. O Estado Novo e a Igreja abusaram deles  > 4 (11%)

9. A malta deixou de praticar (ir à missa, confessar-se, rezar…)  > 5 (14%)

19. Não estavam preparados para lidar com a malta  > 5 (14%)

11. Nunca senti a sua falta  > 6 (17%)

12. A experiência da guerra fez-lhes mal  > 1 (2%)

13. Acho que um psicólogo seria mais útil  > 2 (5%)

14, Deveria ter havido também capelães muçulmanos  > 1 (2%)

15. Não sei, não tenho opinião  > 3 (8%)

Total de votos apurados:  34

B. Não são muitos, os antigos capelães militares que passaram pelo CTIG, e que nos honram com a sua presença, sentados sob o poilão da Tabanca Grande... Recorde-se esses nossos quatro grã-tabanqueiros:

Arsénio Puim (açoriano, da Ilha de Santa Maria, ex-alf mil capelão, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72;   foi  expulso do Batalhão e do CTIG em Maio de 1971;  no final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve filhos:L vive na Ilha de São Miguel):

[Arsénio Puim, Bambadinca, c. 1970/71]

Horácio Fernandes

Augusto Batista [, vd. foto acima]:  (i) ex-alf mil capelão CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã. 1969/70; (ii) capelão Militar das Tropas Paraquedistas, em S. Jacinto (jul/1978 - nov/1982); (iii) capelão das Tropas Paraquedistas em Tancos (nov/1982 - ago/1988);  (iv) capelão addjunto da Chefia do Serviço de Assistência Religiosa da Força Aérea, em Lisboa (ago/1988 - out/1990); (v) capelão do Hospital da Força Aérea no Lumiar, Lisboa (out/1990 - jul/1995):   e (vi) capelão  chefe da GNR - Guarda Nacional Republicana, em Lisboa (jul/1995 - mar/2000); é hoje ten cor ref. e vive no concelho de Vila Nova de Gaia, tendo sido trazido até nós pela mão do Armando Pires,

Horácio Fernandes (padre franciscano, foi alf mil capelão na CCS/BART 1913, Catió, 1967/69; deixou o sacerdócio em 1972; casou-se e teve filhos; é inspetor da educação, reformado: nasceu em Ribamar, Lourinhã, em 1935; vive no Porto):

Mário de Oliveira (mais conhecido como Padre Mário da Lixa): seguramente  o mais mediático dos quatro, devido aos seus problemas com o Exército, a PIDE/DGS, o seu bispo (do Porto), a hierarquia da Igreja... Foi alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, entre novembro de 1967  e em março 1968; é autor de vasta obra de reflexão espiritual e teológica: vive no concelho de Felgueiras.

[Mário de Oliveira, foto atual à esquerda]

C. Muitos de nós convivemos, minimamente, com um capelão militar, no CTIG. Temos seguramente opinião sobre os nossos capelães:  o seu papel, o seu relacionamento com a  população e com a tropa; a sua preparação; a sua importância... A sondagem em curso contem 15 hipóteses de resposta, que não são falsas nem verdadeiras... 

Caro leitor, dá a tua opinião. Podes escolher duas ou mais respostas. Tem ainda 2 dias... Vota diretamente no blogue, na coluna do lado esquerdo, ao canto superior... Obrigado.


domingo, 31 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13551: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Anexo I: Depois de finda a comissão no TO da Guiné, em dezembro de 1969, ainda foi capelão da marinha mercante até abandonar a vida sacerdotal, em 1972, e casar-se na igreja de Cedofeita, Porto...



Capa da tese de dissertação de mestrado do Horácio Neto Fernandes, "Francisco Caboz: do angélico ao trânsfuga, uma autobiografia. Porto:  Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. 1995, 147 pp. (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).



1. Publicámos, com autorização do autor, cerca de 35 páginas do livro  "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009) (*). [Vd. aqui página da Editora no Facebook]

O autor é o nosso camarada e grã-tabanqueiro Horácio [Neto] Fernandes eos excertos publicados são relativos à sua experiência como alf mil capelão no CTIG, de setembro de 1967 a dezembro de 1969. De rendição individual, o capelão Horácio Fernandes esteve a maior partte do sua comissão de serviço na CSS/ BART 1913,(Catió, 1967/69).

[ Horácio Fernandes: foto à direita, da autoria do nosso saudoso Victor Condeço, 1943-2010, que foi fur mil mecânico de armamento, CCS/BART 1913].


Os 8 poste publicados correspondem às pp. 127-162 do livro que  já anteriormente tinha sido objeto de recensão crítica por parte do nosso camarada Beja Santos (Poste P9439, de 3 de fevereiro de 2012)

Trata-se de um livrro autobiográfico, Francisco Caboz é o "alter ego" do Horácio Fermandes (n. 1935, Ribamar, Lourinhã). O Horácio Fernandes vive há 4 décadas no Porto. Vestiu o hábito franciscano, tendo sido ordenado padre em 1959. Deixou o sacerdócio em 1972.. É casado, tem 3 filhos. Está reformado da Inspeção Geral de Educação onde trabalhou 25 anos na zona norte. Em 2006 doutorou-se em ciências da educação pela Universidadfe de Salamanca, Espanha.

Horácio Fernandes. Foto: cortesia da
Papiro Editora, Porto
 O livro começou por ser uma tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Univeridade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, (1995): "Francisco Caboz: de angfélico ao trânsfuga, uma autobiografia (147 pp.) (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).

Alguns dos nossos leitores poderão ter curiosidade em saber o que aconteceu ao capelão Horácio Fernandes depois do seu regresso da Guiné em dezembro de 1969. Já aqui aconselhámos a leitura integral do livro. Fomos, entretanto, "repescar" a versão (muito mais sucinta) da sua história de vida, constante da tese de dissertação de mestrado em ciências da educação. Com a devida vénia, reproduzimos aqui as pp. 133-136 desse trabalaho académico. (LG)

Como j+a dissemis, o Horácio Fernandes abandonou o sacerdócio em 1972, dois anos e tal depois de regressar da Guiné. Não querendo voltar opara o concento, ainda se ofereceu , em vão, para prolongar a condição de capelão militar. Como alternativa, foi capelão na marinha mercante: leia-se a parte III, cap 4, do livro ("Capelão do Clube Stella Maris", pp. 163-174).

 Como ele explicou na sua tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, Horácio Fernandes "é o sujeito e objecto da autobiografia, coberto por um pseudónimo que pretende esconder o que revela. Francisco, modelo de pessoa e de vocação que nasceu em Assis; Caboz, de peixe tímido, que não se aventura ao alto mar, mas cresce humildemente nas rochas, que a maré baixa põe a descoberto. Morde a isca com muita facilidade, quando tem fome, mas se desconfia, mais ninguém o consegue apanhar" (p.95)-


Anexo I - Depois da comissão no TO da Guiné, Horácio Fernandes ainda foi capelão da marinha mercante  até abandonar a vida de padre, em 1972,  e casar-se na igreja de Cedofeita, Porto...


(...) As férias, de Capelão Militar, duas vezes por ano, eram passadas em casa de meus pais. Celebrava na minha terra e era muito solicitado pelas famílias da redondezas, para saberem notícias dos filhos. Não tinha tempo para ir visitar a instituição, nem sentia necessidade disso. Aliás, com o meu dinheiro, custeava as despesas dos estudos de minha irmã, que frequentava já o Instituto Comercial e consegui, com as economias liquidar as restantes dívidas de meu pai. Vivia, portanto, praticamente à margem da minha instituição.

Ainda cheguei a escrever algumas cartas, mas nunca obtive resposta. Talvez, por isso, quando acabou a tropa, escrevi aos Superiores a dizer que não estava disposto a voltar imediatamente para o Convento. Responderam-me, acenando-me com um lugar de Superior, numa residência da instituição. . Recusei e sem saber para onde ir, pedi para flcar mais um ano no serviço militar.

Como me disseram que não havia lugar, fiquei bastante ofendido, pois sabia que outros conseguiram ficar. Frustrada uma ida para Angola, para dar aulas no Liceu de Nova Lisboa, ofereci-me ao Clube Stella Maris para ir para Capelão do Mar, a ver como as coisas evoluíam, pois achava que não era capaz de voltar para a Instituição.

Tinha de tomar uma decisão, mas era muito penoso. A pressão social da minha família e das gentes que em mim tinham confiado continuava a ser um grande obstáculo, cada vez mais difícil de transpor. Preferi, pois, adiar mais algum tempo. Nascia também em mim o Trânsfuga.

O Apostolado da Mar, organização católica que fornecia capelães para os navios da Marinha Mercante, foi a solução provisória encontrada. Ganhava, assim, mais algum tempo, fora da jurisdição da Instituição, podia continuar a ajudar a família e entretanto tinha tempo para ponderar melhor a minha decisão-

Este adiamento nada resolveu. A decisão tinha de ser minha. O clima relacional nos navios da Marinha Mercante, fretados ao exército para transporte de tropas, era duplamente penalizador. Após as emoções da partida, os soldados iam como animais para o matadouro, em camaratas improvisadas nos porões. Alguns enjoavam e outros bebiam demais e nem para as refeições se levantavam. Revoltados, vingavam-se nos colchões de espuma que, no fim da viagem eram mandados ao mar. Por sua vez, a tripulação do navio, sob a jurisdição do comando militar, vivia num contínuo stress. A tripulação era constituída na sua grande maioria por jovens oficiais, a cumprir deste modo o serviço militar. Afogavam, pois, em garrafas de uísque a sua desdita.

Nos navios petroleiros a situação não era melhor. Passavam cerca de 25 dias a sonhar com o porto de Lisboa ou Leixões, mas aí chegados, passadas 48 horas, o navio zarpava novamente.

Eu percorria, durante o dia, todo o navio, quando o mar era calmo, mas só era solicitado para ouvir desabafos. Por isso, sentia-me inútil como padre; não obstante todos me tratarem com correcção, sentia-me como uma ave rara, com quem todos, levados pela curiosidade, queriam discutir assuntos de religião. Tirava algumas dúvidas, mas não resolvia as minhas.



Entretanto, ia-me preparando para o exame de admissão à Faculdade de Letras. Esta admissão constava da
matéria de História do 5º ao 7º ano e Filosofia do 6º e 7º.

Nas últimas viagens ao Golfo Pérsico, estava mesmo disposto a mudar de profissão, pedindo a redução ao estado laical. O isolamento de cerca de 25 dias de viagens, só com 30 a 40 homens a bordo, tentando esquecer o tempo, bebendo, ou criando situações conflituais, desenraizados socialmente, trouxe-me a noção do meu próprio isolamento. Nada me faltava a bordo. Contudo, achava inútil a minha presença ali.

Na minha indecisão ia-os ouvindo mas também desabafando os meus problemas. Esta situação não lhes passou despercebido e, na hora do desembarque, ofereceram-me um saco confeccionado a bordo e uma caneta, num estojo, onde se lia: «para o capelão. Prenda de casamento».

Nesta indecisão, bem dolorosa para mim e toda a minha família, novamente, uma pessoa teve grande influência: o padre da minha freguesia, um belga, assistente da Universidade de Lovaina em Físico-Químicas, que veio, já vocação tardia, para o Patriarcado. Ousadamente, tentou sacudir a religiosidade tradicional do povo da Freguesia, preocupando-se, sobretudo, em reconciliar as muitas famílias desavindas, o que para ele era essencial. Deixou de celebrar missa semanal na igeja paroquial, preferindo antes as casas das pessoas. Aí reunia toda a família, e outros que quisessem participar. No meio da refeição normal, constituída por aquilo que cada um levava, lia alguns extractos do Evangelho apropriados. Consagrava, depois, o pão e o vinho e dava a Comunhão que era o momento alto da reconciliação das pessoas, umas com as outras, porque,  dizia, ninguém pode estar de bem com Deus, sem estar de bem com os outros.

Nos dias de semana trabalhava como camarada de um barco e recebia o seu quinhão de peixe. Disso vivia e das aulas no Instituto dos Invisuais em Lisboa, sem levar dinheiro pelos outros serviços, prestados aos fregueses. [Há aqui um hiato no texto, o sujeito da frase ´deve ser um professor do Instituto dos Invisuais de Lisboa...] Toda a gente o estimava e admirava peia sua dedicação e desprendimento que contrastava com a normalidade. Foi incompreendido pelas hierarquias do Patriarcado, acabando por sair e casar com uma professora cega, com mais três irmãos cegos que continuou a amparar.

Foi ele que me orientou. Ia para sua casa e falávamos, demoradamente. Os seus conselhos e a sua corajosa atitude ajudaram a libertar-me da indecisão.

Depois de mais uma vez regressar à Guiné, com tropas, fiz a última viagem a Cabinda. Desembarquei e fui hospedar-me, como de costume, numa residência da Instituição. Pedi a redução ao estado laical e fiquei a aguardar. Embora continuasse a celebrar, recebia a visita de minha irmã, então a trabalhar no Porto e de outras raparigas, entre elas a minha futura mulher [, Milita].

Esta situação deve ter chegado aos ouvidos dos Superiores Maiores, que se ofereceram para me pagar determinada quantia mensal, para alugar um quarto na cidade, se eu abandonasse, de vez, a residência.

Mal abandonei a residência, esqueceram-se da promessa e fui morar com mas três colegas, num quarto alugado. Para sobreviver, dava explicações e oito horas semanais de aulas. Em contrapartida, leguei aos meus ex-confrades as alfaias litúrgicas do Apostolado do Mar e à Igreja de Arribas do Mar [, Ribamar, Lourinhã] os cálices que me tinham oferecido na Missa Nova ], em 15 de agosto de 1959].

Casei na capela românica da Cedofeita [, Porto], com a assistência apenas dos padrinhos, tal como me impôs o Bispo do Porto, em 1972 [, D. António Ferreira Gomes, regressado do exílio em 1969]. Tudo em conformidade com o habitus da obediência e subordinação. A paixão é que foi transferida do simbólico para o real. (...)

[Fonte: Horácio Neto Fernandes, "Francisco Caboz: do angélico ao trânsfuga, uma autobiografia. Porto:  Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. 1995, pp. 133-136. (Disponível em formato pdf)... Com a devida vénia ao autor e à biblioteca da FPCE/UP.]

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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de agosto de  2014 > Guiné 63/74 - P13545: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte VIII (e última): (i) o fim da comissão e o regressa a casa; ... (ii) a angústia em relação ao futuro

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13545: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte VIII (e última): (i) o fim da comissão e o regressa a casa; ... (ii) a angústia em relação ao futuro



Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro > Restaurante O Viveiro > 28 de junho de 2012 > O Horácio Fernandes e a sua esposa Milita. O casal reside  no Porto e tem 3 filhos, Ana , Joana e Ricardo (que vive em Inglaterra). A Milita é natural de Fafe. O Horácio nasceu em Ribamar, Lourinhã.

O livro autobiográfico  "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009) é dedicado pelo autor  "à Milita, minha zeloisa companheira, tanto nas manhãs radiosas. como nas tardes crepusculares da existência"... Não vejo o Horácio deste esta data. É um grande amigo do João Crisóstomo (o nosso grã-tabanqueiro de Nova Iorque)...Eu e o Horácio somos parentes, pertencemos ao clã Maçarico, de Ribamar, Lourinhã: a minha bisavó paterna e o seu bisavô paterno, nascidos por volta de 1860, eram irmãos. (LG)

Foto:  © Luís Graça  (2012). Todos os direitos reservados


1. Oitava (e última parte do testemunho do nosso camarada, o grã-tabanqueiro Horácio Fernandes. sobre a sua experiência  como  alf mil capelão no CTIG (de setembro de 1967 a dezembro de 1969). . De rendição indiviaul, etsv e a maior partte do tempo no BART 1913,(Catió, 1967/69)(ª)


[ Horácio Fernandes: foto à direita tirada pelo nosso saudoso Victor Condeço, 1943-2010, que foi fur mil mecânico de  armamento, CCS/BART 1913].


Esse tstemunho é um excerto do seu livro autobiográfico, "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009, pp. 127-162). O livro já aqui foi objeto de recensão crítica por parte do nosso camarada Beja Santos (Poste P9439, de 3 de fevereiro de 2012).

O Horácio Fernandes vive há 4 décadas no Porto. Vestiu o hábito franciscano, tendo sido ordenado padre em 1959. Deixou o sacerdócio no início dos anos 70. É casado, tem 3 filhos. Está reformado da Inspeção Geral de Educação onde trabalhou 25 anos na zona norte. Em 2006 doutorou-se em ciências da educação pela Universidadfe de Salamanca, Espanha.

Francisco Caboz é o "alter ego" do Horácio Fermandes (n. 1935, Ribamar, Lourinhã). O livro começou por ser uma tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Univeridade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, (1995): Francisco Caboz: de angfélico ao trânsfuga, uma autobiografia (147 pp.) (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).

Nesta VIII (e última)  parte (pp. 159-162), Francisco Caboz chega ao fim da comissão de serviço no CTIG, regressa a metrópole   e interroga-se sobre o seu futuro como padre...

Horácio Fernandes. Foto: cortesia da
Papiro Editora, Porto
Foi o nosso camarada e amigo Alberto Branquinho quem descobriu o paradeiro do seu antigo capelão . O livro está edittado pela Papiro Editora, Porto, que tem página no Facebook.

Tenho a autorização verbal do autor, dada por altura do nosso reencontro (vd. foto acima), 50 anos depois da sua missa nova (em 15 de agosto de 1959, em Ribamar, sua terra natal), para reproduzir esta parte do livro, relativa à sua experiênciade como capelão militar na Guiné, muito marcante e decisiva para o seu futuro como homem e como padre. Ele irá abandonar o sacerdócio ainda no início dos anos 70, depois de regressar da Guiné e fazer uma curta experiência como capelão da marinha mercante aos serviço do Clube Stella Maris. Leia-se a parte III, cap 4, do livro ("Capelão do Clube Stella Maris", pp. 163-174). Aliás, aconselho a aquisição e a leitura integral do livro: é um notável,  dilacerente e corajoso testemunho de um camarada nosso (nomeadanente a primeira parte relativa à sua formação nos semionários da Ordem Franciscana)..

Como ele explica na sua tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, Horácio Fernandes "é o sujeito e objecto da auto-biografia, coberto por um pseudónimo que pretende esconder o que revela. Francisco, modelo de pessoa e de vocação que nasceu em Assis; Caboz, de peixe tímido, que não se aventura ao alto mar, mas cresce humildemente nas rochas, que a maré baixa põe a descoberto. Morde a isca com muita facilidade, quando tem fome, mas se desconfia, mais ninguém o consegue apanhar.

"Francisco de nome popular e Caboz de peixe miúdo, alimento dos pobres e brincadeira de moços da beira- mar.

"O pseudónimo, na verdade, encobre aquilo que revela e revela aquilo que encobre. Quer dizer, talvez a pessoa que por detrás do nome inventado se revê, encontre a sua verdadeira essência na dita invenção. Nome que é, e que conta a história da vida em causa". (p. 95)


O fim da comissão e as dúvidas quanto ao seu futuro como padre...





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Nota do editor:

(*) Vd. poste anterior da série: > 25 de agosto de  2014 > Guiné 63/74 - P13533: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte VII: (i) A ideia peregrina de adotar um criança, de cinco anos, filha de um soldado algarvio e de uma mulher fula, uma "filha do vento" (ii) gozo de licença de férias na metrópole; (iii) colocação, em maio de 1969, no batalhão de Bambadinca, antes de acabar a sua comissão, de rendição individual...

Vd. também poste  12 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10145: Tabanca Grande (348): Horácio Neto Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1911 (setembro de 1967 / maio de 1969) e BCAÇ 2852 (Bambadinca, maio/dezembro de 1969), nascido Maçarico, natural de Ribamar, Lourinhã, grã-tabanqueiro nº 565...

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13533: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte VII: (i) A ideia peregrina de adotar um criança, de cinco anos, filha de um soldado algarvio e de uma mulher fula, uma "filha do vento" (ii) gozo de licença de férias na metrópole; (iii) colocação, em maio de 1969, no batalhão de Bambadinca, antes de acabar a sua comissão, de rendição individual...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72 > A parada do quartel de Bambadinca, a capela (que servia também de casa mortuária...) e, à direita, a secretaria da CCAÇ 12 (1969/74). O Horácio Fernandes, nas suas memórias da Guiné, diz que esteve aqui, como capelão de maio a dezembro de 1969. Mas a malta desse tempo não se lembra dele...

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG)


Guiné-Bissau > Região de Baftá > Bambadinca > Março de 2007 > O anterior da capela onde, entre outros, rezaram missa capelães como o Horácio Fernandes (CCS/BCAÇ 2852, maio/dezembro de 1969) o Arsénio Puim (CCS/BART 2917, 1970/71).

Foto: © Carlos Silva (2007). Todos os direitos reservados.



1. Continuação da publicação do testemunho do nosso camarada, o grã-tabanqueiro Horácio Fernandes.que foi alf mil capelão no BART 1913 (Catió, 1967/69) (*)

[ Horácio Fernandes: foto à esquerda  tirada pelo nosso saudoso Victor Condeço, 1943-2010, que foi fur mil mecânico de  armamento, CCS/BART 1913].

Esse tstemunho é um excerto do seu livro autobiográfico, "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009, pp. 127-162). O livro já aqui foi objeto de recensão crítica por parte do nosso camarada Beja Santos.

O Horácio Fernandes (n. 1935, Ribamar, Lourinhã) vive há 4 décadas no Porto. Vestiu o hábito franciscano, tendo sido ordenado padre em 1959. Deixou o sacerdócio no início dos anos 70. É casado, tem 3 filhos. Está reformado da Inspeção Geral de Educação onde trabalhou 25 anos na zona norte. Em 2006 doutorou-se em ciências da educação pela Universidadfe de Salamanca, Espanha.

Francisco Caboz é o "alter ego" do Horácio Fermandes. O livro começou por ser uma tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Univeridade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, (1995): Francisco Caboz: de angfélico ao trânsfuga, uma autobiografia (147 pp.) (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).

Nesta VII  parte (pp. 155-158), o autor aborda sucintamente 3 pontos:  (i) a sua " ideia peregrina" de adotar um criança, de cinco anos, filha de um soldado algarvio e de uma mulher fula, uma "filha do vento";  (ii) gozo de licença de férias na metrópole; e (iii) colocação, em maio de 1969, no batalhão de Bambadinca [, BCAÇ 2852], antes de acabar a sua comissão, de rendição individual...

O Horácio Fernandes não identifica o batalhão de Bambadinca. Mas em maio de 1969, quem lá estava, em Bambadinca, no setor L1, zona leste, era o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). E se assim é, ele e eu estivemos no mesmo sítio, ainda alguns meses, sem nunca nos termos cruzado e reencontrado...O nosso capelão terá pelo menos conhecido o Xime (e possivelmente Mansambo, Xitole e Saltinho), além de Bambadinca,  Bafatá e Nova Lamego... Faz referência a colunas logísticas que iam aos diferentes aquartelamentos do setor L1.

Eu e o Horácio somos parentes, pertencemos ao clã Maçarico, de Ribamar, Lourinhã: a minha bisavó paterna e o seu bisavô paterno, nascidos por volta de 1860, eram irmãos. De qualquer modo, eu deixei de ter contacto com ele por volta dos meus 12 anos...

Foi o nosso camarada e amigo Alberto Branquinho quem descobriu o paradeiro do seu antigo capelão . Tenho a autorização verbal do autor, dada por altura do nosso reencontro, 50 anos depois da sua missa nova (em 15 de agosto de 1959, em Ribamar, sua terra natal), para reproduzir esta parte do livro, relativa à sua experiênciade como capelão militar na Guiné, muito marcante e decisiva para o seu futuro como homem e como padre. (LG)


Férias na metrópole e colocação em Bambadinca, em maio de 1969...









(Continua)
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Nota do editor: