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domingo, 17 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24666: Recortes de Imprensa (132): Jornal "Voz da Guiné" (2): Reprodução da 2.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Continuação da publicação da transcrição das páginas do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974, enviada pelo nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), em 13 de Setembro de 2023:

Bom dia camarada Carlos Vinhal
Conforme previsto no meu último mail, envio em anexo as primeiras 4 folhas do Voz da Guiné, devidamente transcritas para Word. Sobre este trabalho tenho a referir o seguinte:
1 – Corrigi várias gralhas/palavras, mas respeitei a pontuação dos autores embora me pareça existirem várias vírgulas “fora dos eixos”;
2 – Existem vários textos que nada têm a ver com a Guiné pelo que entendo ser lógico que, a partir da página 5 se transcreva apenas aqueles textos que, directamente ou indirectamente, digam respeito à Guiné-Bissau (se achares que, para o blogue, interessam todos, diz p.f., que agirei em conformidade);
3 – As folhas em Word já têm encimado o título do jornal, em jpeg (fácil de transpor para o blogger).

[...]
Saúde da boa.
Abraço
Abílio Magro


(continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 16 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24663: Recortes de Imprensa (131): Jornal "Voz da Guiné" (1): Reprodução da capa do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

sábado, 16 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24663: Recortes de Imprensa (131): Jornal "Voz da Guiné" (1): Reprodução da capa do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Mensagem do nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), com data de 13 de Setembro de 2023, trazendo em anexo a transcrição em word da primeira página (capa) de 4 do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974:

Bom dia camarada Carlos Vinhal
Conforme previsto no meu último mail, envio em anexo as primeiras 4 folhas do Voz da Guiné, devidamente transcritas para Word. Sobre este trabalho tenho a referir o seguinte:
1 – Corrigi várias gralhas/palavras, mas respeitei a pontuação dos autores embora me pareça existirem várias vírgulas “fora dos eixos”;
2 – Existem vários textos que nada têm a ver com a Guiné pelo que entendo ser lógico que, a partir da página 5 se transcreva apenas aqueles textos que, directamente ou indirectamente, digam respeito à Guiné-Bissau (se achares que, para o blogue, interessam todos, diz p.f., que agirei em conformidade);
3 – As folhas em Word já têm encimado o título do jornal, em jpeg (fácil de transpor para o blogger).
[...]
Saúde da boa.
Abraço
Abílio Magro


(continua)
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Nota do editor

Vd. poste anterior de Abílio Magro de 12 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24644: Documentos (43): Panfleto dos "Soldados da Guiné", datado de 16 de Maio de 1974, com um apelo às suas famílias para que não os abandonem (Abílio Magro)

Último poste da série de 6 DE AGOSTO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24536: Recortes de Imprensa (130): "Nós tínhamos um padre, Antonio Grillo, que foi preso acusado de defender os rebeldes e os guerrilheiros que lutavam pela independência (...). Quando Paulo VI se tornou papa, o governo português perguntou o que ele queria de presente: 'Quero a libertação do padre Antonio Grillo'. Dito e feito. Paulo VI era maravilhoso" (...). (Dom Pedro Carlos Zilli, missionário brasileiro do PIME, bispo de Bafatá, em entrevista à Gazeta do Povo, 1/10/2019)

domingo, 6 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24536: Recortes de Imprensa (130): "Nós tínhamos um padre, Antonio Grillo, que foi preso acusado de defender os rebeldes e os guerrilheiros que lutavam pela independência (...). Quando Paulo VI se tornou papa, o governo português perguntou o que ele queria de presente: 'Quero a libertação do padre Antonio Grillo'. Dito e feito. Paulo VI era maravilhoso" (...). (Dom Pedro Carlos Zilli, missionário brasileiro do PIME, bispo de Bafatá, em entrevista à Gazeta do Povo, 1/10/2019)


Foto nº 1


Foto nº 2

Guiné-Bissau > Regíão de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Núcleo Museológico Memória de Guiledje (*) > Cerimónia de inauguraçáo da capela > Na 1ª foto, a nossa amiga Júlia Neto, viúva do cap José Neto (1929-2007), ao lado do bispo de Bafatá, Dom Carlos Pedro Zilli.

Na nº 2, a "foto de família": ao centro o Bispo de Bafatá, ladeado pela Júlia (à sua esquerda) e pelo Pepito (à sua direita).

Ao fundo, o crucifixo levado de Portugal, pela Júla Neto, oferta do Paulo Santiago. Presentes também, entre outras individualides, os embaixadores da União Europeia, da Finlândia, de Cuba e de Portugal, bem como a então presidente da ONG AD - Acçáo para o Desenvolvimento, Isabel Miranda, o Domingos Fonseca /o arqueólogo de Guileje(, bem como a Isabel Levy Ribeiro (hoje viúva do Pepito, 1949-2014).

Fotos (e legenda): © Pepito (2010). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ]


1. Excertos da entrevista a Dom Pedro Carlos Zilli, missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (PIME); não ascido em Santa Cruz do Rio Pardo (São Paulo, Brasil), trabalha na Guiné-Bissau, na África Ocidental, desde 1985; em 2001, foi nomeado Bispo de Bafatá, uma das duas dioceses do país.


Gazeta do Povo, Curitiba, Paraná, Brasil | 01/10/2019 08:28 | Por Felipe Koller

(...) Você acompanha a história da Guiné-Bissau há mais de trinta anos – e me parece que seja uma história bem conflituosa. Como você enxerga a missão da igreja nesse contexto?

É bem conflituosa, sim. Houve a Guerra da Independência entre 1963 e 1974 e a Guerra Civil entre 1998 e 1999. A Igreja sempre esteve presente em meio aos conflitos.

A Igreja é vista como uma autoridade e o povo espera que os bispos transmitam alguma mensagem nesses períodos. Fazemos isso com uma certa frequência – não fazemos mais para não perder o efeito.

Já fizemos duas mensagens conclamando a paz que foram assinadas por católicos, evangélicos e muçulmanos. Em uma ocasião, o então presidente, um muçulmano, nos chamou em meio a um conflito e a audiência durou só cinco minutos: apenas nos pediu para rezarmos pela paz, pelo diálogo e pela reconciliação. É muito bonito esse reconhecimento da Igreja por parte das autoridades.

(...) A missão da Igreja brasileira na Guiné-Bissau tem o nome de Paulo VI, que foi canonizado no ano passado. O que o senhor diria sobre a importância da canonização de Paulo VI?

Foi ele quem levou à frente o Concílio Vaticano II. João XXIII teve a ousadia e a graça de convocar um concílio, mas acho que nem ele pensava que daria nisso tudo.

Paulo VI deu continuidade ao concílio após a sua morte. Foi o papa que deu início ao hábito das visitas papais a diversos lugares do mundo. Em 1969, foi o primeiro papa a ir para a África, conclamando a Igreja do continente para ser missionária.

Também recebeu em audiência Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos, líderes que lutavam pela independência dos países africanos de língua portuguesa. Muita gente morreu pela independência e pela liberdade. Mas a conquista da independência se atribui também, em parte, a Paulo VI, por ter recebido esses líderes.

Nós tínhamos um padre, Antonio Grillo, que foi preso acusado de defender os rebeldes e os guerrilheiros que lutavam pela independência contra o regime português.

Quando Paulo VI se tornou papa, o governo português perguntou o que ele queria de presente: “Quero a libertação do padre Antonio Grillo”. Dito e feito. Paulo VI era maravilhoso. (...)

Leia mais em: https://www.semprefamilia.com.br/blogs/acreditamosnoamor/tive-que-aprender-a-fazer-poesia-a-partir-da-realidade/


2. Comentário do editor LG:

A história do PAIGC está cheia de "lendas & narrativas", como de resto acontece com outros movimentos e partidos revolucionários, à esquerda e â direita, incluindo naturalmente a Igreja Católica enquanto organização e instituição...

Uma dessas "lendas" é o da famosa audiència, em 1 de julho de 1970, do Papa Paulo VI aos très dirigentes nacionalistas das colómias portugugueses que lutavam pela independència dos seus países (MPLA, PAIGC e FRELIMO), e que ao tempo (e ainda hoje) é hoje objeto de leituras divergentes.(**)

Vale a pena ler os seguintes excertos de um artigo mais vasto que o historiador João Miguel Almeida publicou, há 3 anos no jornal digutal 7Margens. 

Vd. 7Margens > A audiência inédita de Paulo VI que abalou o Estado Novo
João Miguel Almeida | 1 Jul 20

(...) Facto inédito até então, que assim permaneceria vários anos: um Papa – Paulo VI – quebrava vários interditos e recebia em audiência os líderes dos movimentos independentistas de três das então colónias portuguesas em África. Foi há 50 anos, 1 de Julho de 1970, e também era quarta-feira.

Um dos momentos de maior tensão entre o regime do Estado Novo e o Vaticano, que o regime ditatorial português tentou esvaziar antes que a censura permitisse que a notícia fosse dada. A convite do 7MARGENS, o historiador João Miguel Almeida reconstitui aqui o acontecimento.



Excertos do artigo de João Miguel Almeida (que é autor de A Oposição Católica ao Estado Novo, ed. Nelson de Matos, 2008) (com a devida vénia ao autor e ao editor):

(...) O acontecimento reabriu feridas nas relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé. A gestão da crise e a minimização dos estragos causados na imagem de um regime político que se afirmava como defensor da Igreja Católica não foram suficientes para apagar a perceção de que a estratégia e a doutrina da Santa Sé em relação a África divergiam da política colonial portuguesa.

(...) Os sinais provenientes do Vaticano durante e logo após o Concílio Vaticano II tinham sido captados com incómodo e crispação pelo governo de Salazar. A encíclica Pacem in Terris, de João XXIII, fora publicada em Portugal com a referência ao direito de autodeterminação dos povos cortado. A ida de Paulo VI à ONU fora considerada um acontecimento “horrível” por Salazar e a deslocação do Papa à Índia, fora qualificada por Franco Nogueira como um “agravo”, por causa da anexação de Goa pelo Estado indiano.

No entanto, a hábil diplomacia portuguesa conseguira varrer as sombras da imagem das relações entre Portugal e o Vaticano, explorando a visita de Paulo VI a Fátima em 1967. A chegada de Marcello Caetano ao poder pareceu anunciar uma melhoria nas relações entre o Estado Novo e a Santa Sé, como fim do exílio de dez anos do bispo do Porto, em 1969. (..:)

(..) Entre 27 e 29 de junho decorreu em Roma a Conferência de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas, organizada formalmente pelas três confederações sindicais italianas, embora na prática ela tenha resultado do empenho de quadros do PCI (Partido Comunista Italiano) e da CGIL, a central de orientação comunista.

Esta iniciativa, em que o PAIGC (...) MPLA (...) e Frelimo (...) marcaram presença, contou com a participação de 171 organizações nacionais e internacionais, de 64 países. (...)

(...) A preparação da audiência

(...) O encontro entre Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos com Paulo VI, foi meticulosa e secretamente preparada, para iludir a vigilância da polícia política portuguesa. A principal organizadora do encontro foi Marcella Glisenti, presidente da Associação Italiana dos Amigos da Présence Africaine, existente desde 1962 e que integrava personalidades como Enrico Berlinguer (futuro secretário-geral do PCI) e Giorgio La Pira (presidente da câmara de Florença e representante da ala esquerda da Democracia Cristã italiana).

No Vaticano, a jornalista italiana era também conhecida por ser casada com Giuseppe Glisenti, filiado no Partido Democrata Cristão, antigo resistente antifascista e diretor do Instituto para a Reconstrução Industrial (IRI).

Marcella Glisenti relacionava-se com os movimentos de libertação na África portuguesa, principalmente com Amílcar Cabral, que conhecera em 1968, em Paris, por intermédio do intelectual católico de origem senegalesa Alioune Diop, fundador da revista Présence Africaine e de uma livraria do mesmo nome em Paris (cfr. “A Amiga Italiana de Cabral”, Expresso, 22/02/1997).

Marcella Glisente pediu uma audiência a Paulo VI, em nome dos três líderes dos movimentos de libertação, numa carta dirigida a monsenhor Frana, secretário do cardeal Benelli, o número dois do governo do Vaticano.

A carta traçava um perfil dos três homens indicando não só o seu trajeto político, mas também a sua formação religiosa (dois católicos e um metodista).

O pedido de audiência foi reforçado por uma carta do arcebispo de Conacri, Raymond Marie Tchidimbo, dirigida a Benelli, em que classifica o encontro como uma “ocasião única” para o reconhecimento pela Igreja Católica “dos justos direitos à dignidade e à autodeterminação dos povos africanos”.

A autorização para o encontro chega por escrito, a 30 de junho, avisando os três líderes africanos que serão recebidos no dia seguinte pelo Papa, em audiência privada, na Sala dos Paramentos, onde eram recebidos os embaixadores estrangeiros, pelas 12h15. (...)


(...) A difícil gestão de um incidente diplomático


O embaixador junto da Santa Sé [Eduardo Brazão] fica chocado com a notícia. O Governo português não se limita a apresentar uma nota de protesto ao secretário do Estado do Vaticano – chama a Lisboa o seu embaixador, um gesto diplomático de forte desagrado, que geralmente antecede o corte de relações diplomáticas.

O protesto é também apresentado em pessoa e verbalmente ao equivalente ao cargo de primeiro-ministro no Vaticano, o cardeal Villot, que se mostra surpreendido e consternado. Na interpretação de Eduardo Brazão, o cardeal francês desconhecia as manobras de política internacional “manejada pelos seus subordinados italianos”. (...)

(...) Assim que é informado da chamada do embaixador português a Lisboa, o Vaticano faz publicar no Osservatore Romano uma versão dos acontecimentos que visa esvaziar a crispação com o governo português: a receção teve um carácter exclusivamente religioso, nada teve de especial, e nela o Papa limitou-se a saudar os interlocutores e exortá-los a serem fiéis aos princípios cristãos.

À frente da embaixada no Vaticano fica Quartin Graça, acreditado como encarregado de negócios. Era um diplomata hábil e experiente que, no contexto do conflito, consegue dar ao Governo português uma oportunidade de apresentar ao público uma versão dos acontecimentos em que “salva a face”: obtém da Santa Sé um documento assinado pelo cardeal Villot em que o significado do encontro de Paulo VI com os três líderes dos movimentos de libertação é minimizado, sendo negado que se tenha tratado de uma audiência “no sentido próprio do termo”.

O acontecimento é descrito como um dos muitos encontros que o Papa, na qualidade de pastor universal, tem com muitos grupos de católicos e não católicos. Paulo VI teria recebido os três dirigentes africanos não como políticos, mas apenas como cristãos.

Após três dias de rigorosa censura da audiência de Paulo VI, de 1 a 4 de julho, Marcello Caetano usa a versão da Santa Sé na sua comunicação televisiva ao país numa “conversa em família” a 7 de julho. Interpretando a nota vaticana do modo mais conveniente para o Governo, Marcello cita-a para declarar que a audiência “não teve qualquer significado político”, dando o incidente diplomático como esclarecido.

As versões mais convenientes para a continuidade das boas relações diplomáticas entre Portugal e o Vaticano são, no entanto, desmentidas por Agostinho Neto, numa conferência de imprensa na Dinamarca. O presidente do MPLA garante que os três homens tinham sido recebidos como políticos, que o Papa se mostrara solidário com a causa da independência das colónias portuguesas e que afirmara que rezaria pelos seus interlocutores. (...)

A 28 de julho, Eduardo Brazão regressa a Roma e retoma as suas funções. O incidente diplomático estava encerrado, mas as clivagens que revelara continuariam a marcar a relação da Igreja Católica com a dimensão colonial do Estado Português.

Entre 1960 e 1970 uma onda descolonizadora varrera África. Para os bispos e missionários católicos em África era cada vez mais difícil conciliar a fidelidade a Roma com uma visão providencialista do papel missionário de Portugal em África. (...)


sábado, 10 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24385: Recortes de imprensa (128): O último 10 de Junho celebrado no regime do Estado Novo ("Diário de Lisboa", 11 de junho de 1973)




Fonte: Casa Comum | Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 06817.167.26386 | Título: Diário de Lisboa | Número: 18126 | Ano: 53 | Data: Segunda, 11 de Junho de 1973 | Directores: Director: António Ruella Ramos | Observações: Inclui supl. "Exclusivo" | Fundo: DRR - Documentos Ruella RamosTipo Documental: Imprensa  (Com a devida vénia...)

O jornal, que não se publicava ao domingo, reproduz na página 14 (e não 12) o discurso do então Chefe de Estado. Foram condecorados em Lisboa 89 militares; no Porto,86; em Cloimbra, 34; em Santarém, 46; em Évora, 4; no Funchal, 7; erm Ponta Delgada, 6; em Luanda, 8 (?) (alémd e ttrès civis africanos; e em Lourenço Marques, 59. Um major de cavalaria, dois capitães de infantaria e um alferes SG receberam em Lisboa a mais alta condecoraçáo, oficial da Ordem Militar da Torre Espada com palma. Duas companhias do navio-escola brasileiro "Custódio de Melo" associaram-se ao defile final. em que participaram mais de très mil elementos dos três ramos das Forças Armadas Portuguesas, das corporações e dos estabelecimentos militares (pág, 14).

Imfografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)
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sábado, 27 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24346: Recortes de imprensa (127): "Memorial Day e os portugueses nas guerras dos EUA", artigo do jornalista Eurico Mendes no jornal Portuguese Times (José da Câmara, ex-Fur Mil Inf)

1. Mensagem do nosso camarada e amigo José Câmara, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), enviada ao nosso blogue em 25 de Maio de 2023, trazendo até nós um artigo do jornalista Eurico Mendes [1], publicado no jornal Portuguese Times, sobre o Memorial Day que se comemora do próximo dia 29 de Maio nos Estados Unidos da América:

Carlos,
Junto um artigo impresso no Portuguese Times desta semana que, do ponto histórico, é muito interessante. Tem a ver com a participação de portugueses e luso-descendentes nas várias guerras que os EUA se viram envolvidos.

Abraço fraterno
José



Memorial Day e os portugueses nas guerras dos EUA










Na próxima segunda-feira, 29 de maio, é Memorial Day nos EUA, feriado em que o país honra os seus militares mortos em combate. Hoje em dia quase todas as cidades organizam desfiles de Memorial Day, muitos com a presença de militares e organizações de veteranos e as maiores dessas paradas são em Chicago, New York e Washington DC. Muitos americanos observam o feriado do Memorial Day visitando cemitérios, pois a data converteu-se numa espécie do Dia dos Fiéis Defuntos, e em nota menos sombria, muita gente organiza piqueniques ou vai à praia, uma vez que o dia é também extra-oficialmente o início do verão.

Não está claro onde a tradição do Memorial Day teve início, mas uma das primeiras comemorações teve lugar em Charleston, Carolina do Sul, promovida por ex-escravos negros dias depois de 9 de abril de 1865, data da rendição dos confederados que pôs termo à Guerra Civil (1861-1865), que teve início quando onze estados do Sul tentaram separar-se dos Estados Unidos da América e formar a sua própria união com o nome de Estados Confederados da América.

Em 5 de maio de 1868, o general John A. Logan, líder de uma associação de veteranos unionistas da Guerra Civil, convidou os membros a colocarem flores nos túmulos dos camaradas falecidos, chamou-lhe Decoration Day (Dia da Decoração) e escolheu a data de 30 de maio alegando não ser aniversário de nenhuma batalha em particular.

No primeiro Decoration Day, a 30 de maio de 1868, o futuro presidente general James Garfield foi o orador principal e 5.000 veteranos colocaram flores nos túmulos dos 20.000 soldados da União enterrados no Cemitério Nacional de Arlington (Virgínia).

Os estados do Norte passaram a celebrar o Decoration Day e em 1890 a última segunda-feira de maio já era feriado em todos os estados da União homenageando os seus mortos na Guerra Civil, mas os estados do Sul não se conformavam em honrar os mortos da guerra civil no mesmo dia que o pessoal do Norte e homenageavam os seus mortos em datas diferentes.

As coisas mudaram depois da Primeira Guerra Mundial, quando a data passou a homenagear todos os soldados americanos mortos nas guerras em que o país participou e só então o Sul resolveu aderir ao Decoration Day, que se foi tornando gradualmente conhecido como Memorial Day.

Em 1966, por decisão do presidente Lyndon B. Johnson, a localidade de Waterloo, estado de New York, tornou-se o berço oficial do Memorial Day porque desde 5 de maio de 1866 que os seus residentes decoravam os túmulos dos soldados com flores e bandeiras. E em 1971 o Congresso decidiu que o Memorial Day seria feriado nacional homenageando os militares americanos falecidos em combate, entre os quais um bom número de origem portuguesa, o que não admira uma vez que a imigração portuguesa é das mais antigas – começou em setembro de 1654 com a chegada a New York, que então se chamava New Amsterdam, de 23 famílias judaicas fugidas da Inquisição portuguesa no Brasil.

Desde a Guerra da Independência às atuais guerras contra o Estado Islâmico, Guerra Civil da Líbia e Guerra Civil da Síria, muitos portugueses ou seus descendentes pegaram em armas pelos EUA e alguns figuram na lista dos mais de 1,5 milhão de mortos que os EUA sofreram até hoje na guerra.

No cemitério da Murtosa, distrito de Aveiro, por exemplo, estão sepultados três filhos da terra mortos em guerras dos EUA: Manuel Evaristo, Segunda Guerra Mundial; Manuel Branco, Guerra da Coreia e Jack Rebelo, Vietname. Logo na primeira guerra dos EUA, a Guerra da Independência também conhecida como Revolução Americana (1775-1783), morreram portugueses e, já agora, lembre-se que um dos heróis dessa luta foi o lendário Peter Francisco, presumivelmente nascido na ilha Terceira, mas que não morreu na guerra. Faleceu em 1831, de apendecite, quando era beleguim da Câmara dos Delegados da Virgínia. A comunidade portuguesa adoptou Peter Francisco e dedicou-lhe monumentos em pelo menos três estados, e há também um Dia de Pedro Francisco em sua homenagem, um Prémio Peter Francisco e uma Sociedade dos Descendentes de Peter Francisco.

Menos famoso que Peter Francisco, também tivemos o John Peters (João Pedro), nascido perto de Lisboa e que imigrou para Boston depois do terremoto de 1755. Fez parte do grupo de patriotas envolvido no Boston Tea Party e, em 16 de dezembro de 1773, ajudou a lançar ao mar um carregamento de chá em protesto contra as taxas alfandegárias. Durante a luta nacionalista combateu em diferentes frentes até 1783, tendo sido ferido em várias ocasiões. Fixou-se depois em Philadelphia criando numerosa família e faleceu a 23 de abril de 1832 com a bonita idade de 100 anos, cinco meses e 23 dias, de acordo com o obituário publicado a 1 de maio de 1832 no jornal Alexandria Gazette.

Da tripulação do primeiro navio da Continental Navy precursora da US Navy, o Bonhome Richard que o rei Louis XIV de França ofereceu aos nacionalistas, faziam parte 38 portugueses recrutados por John Paul Jones no porto francês de L’Orient e onze morreram no histórico combate com o navio inglês Serapis.

Uma das primeiras baixas da Guerra da Independência foi Francis Salvador ou Francisco Salvador, nascido em 1747 em Londres, numa rica família judaica portuguesa oriunda de Tomar e que escapara à Inquisição fugindo para a Holanda e depois para Inglaterra. Veio em 1773 para a Carolina do Sul, onde herdara 405 km2 de terras do avô e foi eleito deputado pelo 96º distrito ao Congresso Provincial (independentista).

Em Charlestown foi descerrada há anos uma placa a lembrar que Francis Salvador foi o primeiro judeu a exercer um cargo político no território que viria a tornar-se EUA e o primeiro luso-descendente, acrescente-se.

Durante a guerra da Independência, os ingleses armaram os índios para fazerem frente aos colonos e Salvador cavalgou a Carolina do Sul a alertar os colonos dos ataques dos índios, ficando por isso conhecido como o Paul Revere do Sul. Morreu aos 29 anos, no dia 31 de julho de 1776, 27 dias depois da proclamação da independência e em combate com os índios Cherokees. A história guarda também o nome de Joseph Diaz (José Dias), baleeiro que se fixou em 1770 na localidade de Tisbury, ilha de Martha’s Vineyard, vindo provavelmente dos Açores. Casou em 1780 com uma rapariga da terra e aderiu à causa revolucionária. Capturado pelos ingleses em 1780, foi mandado para Inglaterra, mas foi libertado e regressou à ilha em dezembro desse ano; voltou a cair prisioneiro em 1781 e desta vez morreu a bordo do navio inglês Jersey.

Na Guerra Civil (1861-1865), quando onze estados esclavagistas do sul tentaram separar-se dos Estados Unidos da América e formar a sua própria união com o nome de Estados Confederados da América, a União sofreu 140.414 mortes e os Confederados 72.524 e houve também baixas portuguesas.

Ao tempo, viviam nos EUA mais de 4.000 portugueses e um número maior de descendentes e muitos combateram dos dois lados. Na Louisiana viviam algumas centenas de açorianos contratados para trabalhar nas plantações de açúcar e muitos foram obrigados a servir na Marinha Confederada.

Em New York, vários grupos étnicos formaram o seu próprio regimento, o 39º Regimento de Infantaria constituído por companhias de imigrantes italianos, húngaros, suiços, polacos, alemães, franceses e havia até uma companhia composta por soldados espanhóis e portugueses.

Os irlandeses formaram a Excelsior Brigade e, seguindo o exemplo dos irlandeses, os polacos criaram a Legião Polaca, os italianos a Legião Garibaldi (inspirada no legendário lutador pela liberdade Giuseppe Garibaldi) e a Skinner Brigade, criada pelo general Cortland Skinner com voluntários de New Jersey e da qual um dos estrategas era o capitão tenente John de Meneses, nascido em Portugal. Tivemos até uma legião criada pelo lusodescendente Francis Barreto Spínola, nascido em 1821 em Long Island, filho do madeirense João Spínola. Era advogado em New York, banqueiro e político. Quando a Guerra Civil começou Spínola alistou-se, foi promovido a general e, em 1862, criou a Empire Brigade. Mais tarde veio a comandar a Excelsior Brigade, mas foi ferido em combate e acabou a carreira militar, vindo a falecer em 1891, quando era congressista em Washington.

A Medalha de Honra foi criada durante a Guerra Civil Americana e é a mais alta condecoração militar oferecida pelos EUA a um membro das suas forças armadas. O agraciado deve ter-se distinguido em combate com risco da própria vida e por isso é uma condecoração frequentemente entregue postumamente.

Um dos primeiros condecorados com a Medalha de Honra foi o cabo Joseph H. de Castro do 19º Regimento de Massachusetts, que alguns historiadores apresentam como sendo o primeiro hispânico agraciado com esta condecoração, mas que possivelmente era lusodescendente uma vez que era de Boston e já viviam ao tempo mais de 500 portugueses naquela cidade.

Joseph H. de Castro, nascido em 1844 em Boston, era porta-estandarte do seu regimento e distinguiu-se na Batalha de Gettysburg, na Pennsylvania, na segunda tentativa do exército confederado para invadir o norte e que se tornou o mais sangrento confronto da Guerra Civil com mais de sete mil mortos de ambos os lados.

Na Guerra Civil tivemos outro judeu de ascendência lusa como destacado confederado, Judah Philip Benjamin, nascido a 11 de agosto de 1811 nas Antilhas Britânicas (agora as Ilhas Virgens dos EUA) quando os pais vinham a caminho da América. Era filho de Philip Benjamin e Rebecca Mendes Benjamin, judeus sefarditas britânicos e ela pelo menos de ascendência portuguesa. Judah era um brilhante advogado e era considerado “o cérebro da Confederação” tendo exercido três cargos governativos sucessivos: procurador-geral (1861), secretário de Guerra (1861-1862) e secretário de Estado (1862-1865) famoso pelos discursos defendendo o esclavagissmo.

Não é hoje um herói porque os confederados perderam a guerra, mas se tivessem ganho Judah Benjamin poderia ter sido o segundo presidente dos Estados Confederados da América.

O segundo lusodescendente a receber a Medalha de Honra terá sido o soldado Frances Silva, nascido a 8 de maio de 1876 em Hayward, Califórnia. Era tripulante do USS Newark e teve comportamento heróico entre 28 de junho e 18 de agosto de 1900, durante a Guerra dos Boxers, em Pequim, quando um grupo de chineses criou uma sociedade secreta para lutar contra a intervenção imperialista no país.

Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os EUA mobilizaram quatro milhões de soldados, dos quais morreram mais de 116.000. Mais de 16.000 portugueses e lusodescendentes alistaram-se e foram mandados para os campos de batalha em França. Um desses militares foi Walter Goulart, nascido em 1895 em New Bedford, filho de faialenses.

Goulart alistou-se no Exército em 1917, embarcou para França no ano seguinte. Morreu em combate na ofensiva de Meuse-Argonne no dia 7 de outubro de 1918, com 23 anos. No sul de New Bedford, na Walter Goulart Square, existe desde 1923 um pequeno monumento em memória do malogrado soldado. Durante a Primeira Guerra Mundial, várias associações mutualistas da comunidade portuguesa deram o seu apoio aos Estados Unidos, a Liga das Sociedades Fraternais Portuguesas contribuiu com $10.000 para a compra de canhões e a Associação Portuguesa de Protetorado e Beneficiário doou $10.000, metade dos seus activos, para a compra de Liberty Bonds e orgulhava-se do facto de 15 dos seus membros terem combatido na guerra. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1946), morreram 292.000 americanos e entre eles muitos luso-americanos. Um deles foi Charles Braga, a 7 de dezembro de 1941, no bombardeamento do navio Pennsylvania durante o ataque japonês a Pearl Harbor. Foi o primeiro residente de Fall River morto na guerra e, em 1966, a ponte sobre o rio Taunton, com 256 metros de extensão e ligando Somerset e Fall River, foi chamada de Ponte Memorial Charles M. Braga Jr. em sua homenagem.

Depois de Pearl Harbor, a Marinha dos EUA precisou de ajuda para enfrentar os japoneses e recrutou 47 navios da frota pesqueira de San Diego, muitos dos quais propriedade e operados por portugueses. Quando a Marinha pediu voluntários para tripular os barcos, 600 homens, a maioria portugueses, ofereceram-se para essa arriscada missão.

Os navios foram pintados de cinzento, identificados com as letras YP. Os barcos “Yippie”, ou “costeleta de porco”, como lhes chamavam os portugueses, foram usados para transportar suprimentos e combustível para a zona de operações no Pacífico. De 1942 a 1945, 16 barcos foram afundados em ataques inimigos ou tempestades e em alguns casos desapareceram todos os tripulantes.

Dois lusodescendentes que mereceram a Medalha de Honra durante a Segunda Guerra Mundial, foram o soldado Harold Gonsalves, da Califórnia, morto em combate a 15 de abril de 1945, em Okinawa e o paraquedista George Peters, de Cranston, Rhode Island.

Em 24 de março de 1945, em Wesel, na Alemanha, Peters atacou um ninho de metralhadora alemão armado apenas com a sua carabina e uma granada de mão. Foi morto, mas salvou os seus camaradas. A Guerra da Coreia começou em 25 de junho de 1950, quando a Coreia do Norte comunista atacou a Coreia do Sul pró-ocidental e causou aproximadamente cinco milhões de vítimas civis e militares. Um total de 5.720.000 soldados americanos serviram na Guerra da Coreia, dos quais 50.000 foram mortos. Um desses heróis foi o soldado Leroy A. Mendonça, natural de Honolulu e de ascendência portuguesa e filipina. Morreu aos 19 anos, a 4 de julho de 1951, protegendo a retirada de um pelotão e, até chegar a sua hora, abateu 37 inimigos. O feito valeu-lhe a Medalha de Honra.

Na Guerra do Vietname morreram mais de 58.000 americanos e um deles foi o soldado Ralph Ellis Dias, nascido em 1950, em Shelocta, Pennsylvania e condecorado postumamente com a Medalha de Honra e várias Purple Heart. Alistou-se nos Marines em 1967, seguiu para o Vietname em 1969 e morreu em combate a 12 de novembro desse ano, na província de Quang Nam.

A cidade de Fall River rendeu homenagem aos militares americanos mortos no Vietname, com um memorial quase tão grande como o memorial existente em Washington. Dos 58.489 militares americanos mortos no Vietname, 1.331 eram de Massachusetts, sendo 48 portugueses e só de Fall River eram 11.

Nas modernas guerras dos EUA no Médio Oriente tivemos a Operation Freedom 2001, com uma baixa portuguesa, Miguel Rosa; e Operation Freedom 2003, com quatro: Arlindo Almeida, David Botelho, Andrew Cunha e Diane N. Lopes. Os EUA estão presentemente empenhados em conflitos no Iraque (onde sofreram 4.474 mortes) e no Afeganistão (2.853 mortes).

No Afeganistão morreram os seguintes luso-descendentes: Christopher Luis Mendonça, Jorge Oliveira, Carlos A. Aparício, Rafael P. Arruda, Anthony J. Rosa, Ethan Gonçalo, Francisco Jackson, Joaquim Vaz Rebelo, Scott Andrews, Robert Barrett e Chad Gonsalves.

No Iraque, morreram Michael Arruda, Michael Andrade, Joseph M. Câmara, Charles Caldwell, Peter Gerald Enos, Todd Nunes, Brian Oliveira, Scott C. Rose, Humberto Timóteo e David Marques Vicente.

O cabo marine David Marques Vicente, 25 anos, integrava o 2º Batalhão da 1º Divisão de Marines. Foi morto em 2003 e está sepultado em Methuen, MA, onde nasceu e residem os pais, naturais de Lisboa. Dias antes do funeral, um familiar do malogrado jovem deslocou-se a New Bedford e pediu ao então cônsul de Portugal, Fernando Teles Fazendeiro, uma bandeira portuguesa para Vicente levar no caixão. Embora tenha dado a vida pelos EUA, David Vicente foi sepultado com a bandeira portuguesa no caixão.

Não sei se em Portugal as pessoas se preocupam em enterrar entes queridos com a bandeira portuguesa. Aliás, não parece que Portugal tenha feriado semelhante ao Memorial Day. Vendo bem, Portugal pouco se preocupa com os seus veteranos vivos, quanto mais mortos.


(Com a devida vénia ao jornal Portuguese Times)

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Nota de José da Câmara:
[1] - Eurico Mendes foi Furriel Miliciano e fez a sua comissão de serviço em Angola. Ficou por lá numa Rádio Emissora. Algum tempo depois emigrou para os EUA e vive na zona de New Bedford. Aqui continuou no jornalismo escrito e falado (rádio e televisão de expressão portuguesa).

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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24317: Recortes de imprensa (126): O caso do capelão militar Arsénio Puim, expulso do CTIG em 1971 (tal como o Mário de Oliveira em 1968) não foi excecional: o jornalista António Marujo descobriu mais 11 padres "contestatários" (10 da diocese do Porto e 1 de Viseu)... Destaque para o trabalho de investigação publicado na Revista do Expresso, de 12/5/2023

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24317: Recortes de imprensa (126): O caso do capelão militar Arsénio Puim, expulso do CTIG em 1971 (tal como o Mário de Oliveira em 1968) não foi excecional: o jornalista António Marujo descobriu mais 11 padres "contestatários" (10 da diocese do Porto e 1 de Viseu)... Destaque para o trabalho de investigação publicado na Revista do Expresso, de 12/5/2023

 

Duas páginas do diário do Arsénio Puim que foi apreendido pelas autoridades militares de Bambadinca, em 17 de maio de 1971 (e que serviria depois para o incriminar). Cortesia de António Marujo / Semanário Expresso, 12/5/2023 




Arsénio Chaves Puim, ex-alf graduadocapelão,
CCS/BART 2917 (Bambadinca, maio 1970 / maio 1971)

Foto: © Gualberto Magno Passos Marques (2009). Todos os direitos reservados. 
Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Transcrição: 

"Porto, 19/2/70. 

Continuam a perpassar pela minha consciência, espontaneamente, confrontos e problemas relativamente  à minha situação de capelão militar.

Não nego, evidentemente, a necessidade de assistência religiosa aos militares como parcela que são, frequentemente muito válida do mundo dos homens e mesmo da Igreja. O problema não é esse, mas simplesmente os moldes atuais em que essa assistência é feita.

Penso e tenho constatado que a incorporação do sacerdote, como tal,  no Exército, demais em guerra, com a categoria de oficial, sob as ordens de um comando militar, e a orientação duma cúria castrense, que é uma repartição do Ministério do Exército, escandaliza seriamente muitos homens de hoje, e distorce a sua missão de pregador do Evangelho, e dispensador da graça a todos os homens.

Como ministro de Cristo, que veio dar testemunho da Verdade e morrer por todos, o sacerdote não pode (sem falsear a sua realidade, manietar a palavra de Deus, e dar um antitestemunho de Cristo), estar comprometido, enquant0 tal, com instituições de fins especificamente militares, mormente quando
empenhadas em atividades bélicas partidárias e unilaterais, que a sua presença, além de cooperante, poderia parecer autorizar e sacralizar.

Ou os homens compreendem a missão específica do sacerdote e respeitam-na ou não compreendem e prescindem dela.

Todos estes pontos de vista, tive oportunidade de ver que preocuparam a consciência de muitos sacerdotes que frequentaram este ano a Academia Militar, mas nunca mere- (...)

(Transcrição / revisão / fixação de texto: LG)


1. O jornalista António Marujo (do jornal digital 7Margens) publicou esta semana na Revista do semanário Expresso, edição nº 2673, de 12/5/2023,  uma excelente e bem documentada reportagem sobre os capelães militares e a guerra do ultramar / guerra colonial. O destaque é dado à figura do nosso tabanqueiro Arsénio Puim (que acaba de completar, em 8 de maio,  os 87 anos).  

O título da peça não de deixa de ser apelativo e metafórico: "O caso do capelão expulso por querer descalçar os dois sapatos à guerra".

Neste trabalho de investigação (em que o nosso blogue é citado várias vezes), o autor acabou  por descobrir  "pelo menos outros 11 padres católicos que se opuseram à guerra colonial e não quiseram ser capelães", para além dos dois que foram expulsos do CTIG e exonerados das suas funções de capelania (Mário de Oliveira, em 1968 e Arsénio Puim, em 1971):

(...) "José Maria Pacheco Gonçalves, José Alves Rodrigues, Domingos Castro e Sá, Serafim Ferreira de Ascensão, Manuel Joaquim Ribeiro, António de Sousa Alves, José Domingos Moreira, José Lopes Baptista, Joaquim Sampaio Ribeiro e Carlos Borges de Pinho (todos da diocese do Porto) e José Carlos Pinto Matos, da diocese de Viseu. "

Destes nomes destaque-se o do Carlos Manuel Valente Borges de Pinho, que foi capelão da CCS / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, 1973/74), no curto período de 16/3 a 16/9/73. (´Foi amigo pessoal do nosso tabanqueiro José Teixeira, que neste momento não sabe do seu paradeiro: para saber mais ler aqui o poste P19055.)

O título da reportagem é inspirado na história de dois homens e um par de sapatos, que o ex-capelão militar Arsénio Chaves Puim,  na Guiné, registou no seu diário, no Dia de Ano Novo de 1971. 

“A guerra não é coisa para ter fim. Qual? Até se lhe acharia a falta, como aquele homem que, dormindo num andar inferior, estava habituado a ouvir o vizinho descalçar os sapatos à noite. Um dia este só descalçou um e o homem não adormeceu.”

O mesmo Diário que depois lhe provocaria dissabores... Como sobejamente é conhecido e está descrito no nosso blogue em inúmeros postes com a referência a Arsénio Puim (há pelo menos 66 referências)

Citando o jornalista António Marujo:

(...) A história acabou com uma denúncia — não sabe de quem: poderia ter sido alguém que o ouvira em alguma missa ou outra pessoa que o tivesse escutado numa conversa menos coincidente com as opiniões do regime. Certo é que os comandantes do quartel lhe apareceram no quarto, obedecendo a ordens superiores, “de Bissau”, para revistar tudo. Começaram por exigir os diários: “Tinham ordem judicial, estavam informados de que eu os escrevia. Deram-me duas ou três horas para me preparar, iria depois uma avioneta buscar-me.”

Abílio Machado, militar que presenciou a cena, contou, no blogue de Luís Graça: “Fui ver. Encontro o Puim sentado na cama, nervoso mas determinado, olhando uns sujeitos que impiedosamente lhe desmantelavam o quarto descarnado, de asceta, à cata de... Abriam, fechavam gavetas, apressados...”

O resto desta história, acabrunhante,  é conhecida dos nossos leitores: o capelão acaba por ser expulso do CTIG, e das suas funções de capelania (tal como tinha acontecido com o Mário de Oliveira, três anos antes, em Mansoa). De "Bissau" (sic) veiouma ordem (que ele nunca leu, nem lha deram a ler), para arrumar a trouxa e preparar-se para embarcar numa DO-27... Foram-lhe confiscados, pelo major que fazia então as  funções de comandante do BART 2917, os caderninhos com o seu "diário".

"(...) há vários sublinhados dos censores ou militares que os leram, depois de apreendidos. O autor só os recuperaria depois do 25 de Abril de 1974, depois de um primeiro pedido ter sido recusado, em janeiro de 1972, pelo ministro do Exército." (...).

Em suma, achamos de todo o interesse documental a leitura desta peça jornalística  que aborda um tema, se não tabu, pelo menos incómodo (e até comprometedor) para a hierarquia da Igreja Católica de então, nomeadamente para o bispo titular de Madarsuma, António dos Reis Rodrigues (1918-2009), um homem intelectualmente brilhante, professor na Academia Militar, que desempenhou as funções de Pró-Vigário Castrense e Capelão-Mor das Forças Armadas entre 1967 e 1975, ano em que foi nomeado bispo-auxiliar do Patriarcado de Lisboa ( ainda ao tempo do cardeal-patriarca Manuel Gonçalves Cerejeira, 1888-1977).

Não sabemos qual foi o papel, nesta história, do controverso capelão-chefe major Gamboa (de seu completo Pedro Maria da Costa de Sousa Melo de Gamboa Bandeira de Melo, nascido em Castelo Novo, Fundão, em 1919)  que vivia no "Vaticano",  em Bissau, na altura em que o Puim fui expulso do CTIG. 

De qualquer modo,  o Puim  tinha já razões de sobra para não querer “ser mais capelão militar nesta guerra”, como escreveu numa carta ao vigário-geral castrense, o bispo António dos Reis Rodrigues, pedindo para sair. Mas ainda hoje ele não sabe se a carta chegou a Garcia... Honra lhe seja feita, também fez questão de dizer que "terei pena de abandonar os homens com quem vim [os militares do BART 2917, Bambadinca, 1970/72] e de quem não tenho razões pessoais de queixa.” Dois meses depois vem a ordem de expulsão de Bissau...

2. Num trabalho desta natureza, com recurso a diversas fontes, e nomeadamente orais, há sempre alguns imprecisões, nomeadamente toponímicas, que eu próprio já sinalizei ao autor. É o caso, por exemplo, deste parágrafo:

(...) Algumas das homilias mais fortes de Puim contra a guerra foram entre abril e maio de 1971. Um grupo de pessoas — incluindo sete mulheres e algumas crianças — tinha sido detido em Madina do Boé, onde dois anos depois o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) proclamaria a independência unilateral. A memória é de Luís Graça que viria a ser professor da Escola Nacional de Saúde Pública, colocado no mesmo batalhão e que hoje é o principal dinamizador de um blogue que recolhe memórias e testemunhos desse tempo (...)  (Negritos nossos, LG).

O jornalista deve trocado, por lapso, Madina / Belel por Madina do Boé. Madina / Belel (temos duas dezenas de referências a este topónimo) era uma península, que ficava a norte do Enxalé, na margem direita do Rio Geba, já no limite do Sector L1 (Região de Bafatá), e que era de difícil acesso a tropas apeadas... As NT iam lá uma vez por ano, no tempo seco... 

Madina do Boé, por seu turno,  ficava junto à fronteira sul / sudeste com a Guiné-Conacri (Região de Gabu). (Temos mais de 180 referências a este topónimo; por outro lado, é um erro grosseiro dizer que foi em Madina do Boé que o PAIGC proclamou a independência unilateral em 24/9/1973; o nosso blogue já publicou muitos postes a desmontar esse mito da propaganda do PAIGC.)

Por outro lado, eu preciso de confirmar mas os referidos prisioneiros não terão sido feitos pela 1ª CCmds (que já estava a atuar no setor L1 nessa altura, no nordeste da Guiné) mas sim pela CCAÇ 12, companhia de recrutamemtp local (a que eu pertenci desde a sua formação, em junho de 1969 até ao fim da minha comissão, em março de 1971).

Tirando estes "pequenos lapsos" (frequentes quando se  fala com os jornalistas ao telefone e não há muito tempo nem espaço para explicar e registar o contexto em que as histórias acontecem, para mais num território como a Guiné de geografia e etnografia complexas e exóticas...), o trabalho do António Marujo merece ser lido. (Ele disse-me que vai também publicar uma versão corrigida, no seu jornal digital 7Margens).
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Nota do editor:

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24306: Antologia (89): Cabo Verde, "refém de uma história contada" (Expresso das Ilhas, 27 de janeiro de 2022)

Expresso das Ilhas,  Praia. Cabo Verde > 27 jan 2022 16:52   


País refém de uma história contada

A propósito das controvérsias que sempre aparecem na chamada Semana da República entre os dias 13 e 20 de Janeiro, o Presidente da República, José Maria Neves, disse que “não temos cumprido uma grande promessa da democracia que é a educação para a cidadania”.

 Acrescenta ainda que “quem quer ser cidadão tem de procurar conhecer a história, sobretudo, a contemporânea do seu país”. A falha detectada pelo PR tem pelo menos duas causas mais visíveis.

A primeira é que o Estado não se esforça o suficiente para passar para as pessoas, para a sociedade e em particular para as novas gerações os princípios e valores universais a começar pelo respeito pela dignidade humana e o direito à liberdade, que estão plasmados na Constituição de 1992, nem a importância do pluralismo, do princípio da separação de poderes e da independência dos tribunais no funcionamento pleno da democracia. 

Em consequência, fica por desenvolver adequadamente a vontade de participação, autonomia de pensamento e acção, auto-responsabilidade e o espírito de pertença à comunidade que se espera de cidadãos plenos. 

Pelo contrário, põe-se demasiado ênfase em alegados actos libertadores e heróicos de indivíduos e grupos, revoltas e ressentimentos do passado e manifestações de um paternalismo “salvítico” que deixa todos gratos e dependentes do Estado e na condição de cidadãos menores.

A outra causa tem a ver com a disputa permanente no país entre a “história contada” e a “história vivida”, entre factos e mitos, entre a procura da verdade e as tentativas de mascarar a realidade fazendo apelo a sentimentos, a lealdades antigas e a demonização do outro. 

De facto, a única história que realmente se é permitido conhecer não é a que aconteceu nas ilhas, mas a que supostamente teria passado nas matas da Guiné e em Conakry. 

Uma história perpassada por narrativas carregadas de heroísmo, de generosidade e de boas intenções que depois com as independências e o poder conquistado não se viu correspondência com a realidade dos regimes implantados tanto na Guiné como em Cabo Verde. 

Os seus protagonistas surpreenderam toda a gente com a perda da liberdade, a arrogância de “melhores filhos” no exercício do poder e a visão curta de quem sempre que foi dado a escolher entre desenvolvimento das pessoas e do país e o seu regime político ditatorial invariavelmente optava pela manutenção do poder

A outra história, aquela vivida nas ilhas e que foi da ditadura, de oportunidades perdidas e de vidas amarfanhadas pela falta de liberdade, pela inibição de iniciativa individual e pela sujeição a ideologias simplistas e ultrapassadas, essa durou quinze anos, mas é como se não tivesse acontecido.

É uma história praticamente ignorada pelas instituições, pelas escolas, pela comunicação social pública e até pelos estudiosos e académicos. 

Só se estudam acontecimentos até à independência e depois da chamada abertura política em Fevereiro de 1990. São os momentos em que os “heróis” entram em cena, num caso para dar ao povo a independência e noutro para, em mais um acto de generosidade, oferecer liberdade e democracia. 

No meio fica um hiato que ninguém quer transpor com receio de ferir as susceptibilidades dos auto-indigitados “Comandantes” (ver decreto-lei nº 8/75 e decreto nº 18/80) que ocuparam os lugares-chave do poder durante a ditadura. 

Mesmo assim, nunca estão satisfeitos e todos os anos pelo 5 de Julho e pelo 20 de Janeiro repetem que a história da luta não é estudada suficientemente nas escolas e que os ensinamentos da Cabral não estão a ser seguidos. É uma pressão que vai continuar mesmo que hipoteticamente um número de pessoas próximo, dos 100% se submetesse à narrativa heróica, declarando “estar em paz com a história”.

Com esse tipo de pressão, feita com o beneplácito do Estado e das suas instituições, dificilmente vai-se ter o cidadão pleno que o PR diz que precisa conhecer a história contemporânea do seu país. 

Não se ajuda, porém, nesse conhecimento quando se procura transpor o hiato dos quinze anos, durante os quais a aplicação dos ensinamentos de Cabral pela organização por ele criado, o PAIGC, e por dirigentes por ele formados resultou em sucessivas tragédias na Guiné-Bissau e em um Cabo Verde sem liberdade e economicamente estagnado, e se propõe elegê-lo “como o símbolo maior dessa luta pela liberdade e dignidade da pessoa humana e pela igualdade”. 

Pedro Pires tem mais razão ao apresentá-lo como personalidade que “deu tudo o que tinha a favor da libertação do país”. E é libertação porque liberdade e dignidade individual, que certamente não é reconhecida quando em vez de pessoas se veem massas populares e se define a pertença à comunidade política com base em concepções do tipo o povo é quem está com o partido, são princípios e valores que só seriam conquistados 15 anos depois pelos homens e mulheres das ilhas.

Pelas reacções de diferentes personalidades durante a chamada Semana da República vê-se claramente que mais de trinta anos depois da instalação da democracia a “história contada” ainda se sobrepõe à “história vivida” mesmo quando colide frontalmente com os princípios e valores constitucionais. Instrumental nisso tudo tem sido precisamente as instituições do Estado e particularmente os órgãos de soberania. 

Resistências várias impediram durante 17 anos que o 13 de Janeiro, Dia da Liberdade e da Democracia, fosse comemorado pela Assembleia Nacional, a casa da pluralismo e a sede do contraditório na democracia. Agora já há quem queira comemorar o 20 de Janeiro com uma sessão especial da Assembleia Nacional quando se sabe pela experiência de outras democracias que comemorações da independência, da república e da memória, porque momentos de unidade e exaltação nacional, normalmente são presididas pelo presidente da república. A guerrilha continua como que para demonstrar o quanto a iniciativa da semana da república é um fiasco na tentativa de reconciliação à volta das datas históricas.

Nos últimos dias a colisão de narrativas históricas com a Constituição centrou-se sobre o que devem ser as comemorações do Dia das Forças Armadas (FA). O Governo na pessoa da Ministra da Defesa, em linha com os ditames da Constituição de 1992, realçou a função constitucional das forças armadas de assegurar a defesa nacional, a sua subordinação ao poder civil, o seu serviço à nação e o seu apartidarismo e neutralidade política. Os “comandantes” vieram à liça reivindicar a reposição da história das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP) e o papel que teriam tido na sua origem.

O problema é que as FARP que sempre foram concebidas como braço armado do partido, como está explícito no texto da proclamação da Independência e confirmado pela voz autorizada de Aristides Pereira em 1985 ao dizer que “a acção política e ideológica constitui uma componente essencial no trabalho das forças de defesa” e ter-se referido ao facto de as FARP, serem integradas, não por militares, mas por militantes armados”, deixaram de existir com a entrada em vigor da Constituição a 25 de Setembro de 1992 dando lugar às FA. Não faz, portanto, qualquer sentido referir-se a papéis ou missões passadas que conflituam directamente com as funções constitucionais actuais.

Mesmo na questão do Dia das Forças Armadas nota-se a conveniência e o desejo de auto glorificação. Até 1987 o dia das FARP comemorava-se a 16 de Novembro em referência à origem das forças em 1964 na sequência do Congresso de Cassacá, assim como é ainda comemorado pelas FARP na Guiné-Bissau. O objectivo então era identificarem-se com a luta na Guiné. 

Em 1988, oito anos depois do golpe na Guiné e com o poder seguro em Cabo Verde acharam que podiam fazer das suas pessoas a referência do braço armado do partido. Com um simples decreto (decreto nº 5/88) criaram um novo Dia das FARP (15 de Janeiro de 1987). Agora acham que as FA não podem ter outra referência mais consentânea com a sua função actual. É mesmo patético.

É evidente que o país não deve continuar refém de uma narrativa que glorifica pessoas responsáveis por um regime ditatorial, que promove o culto de personalidade em plena democracia e que pode causar instabilidade institucional pelos seus persistentes conflitos com os princípios e valores constitucionalmente estabelecidos. 

Os titulares dos órgãos de soberania devem lembrar-se todos do seu juramento de respeitar e cumprir a Constituição da República. Estar ao serviço do povo e não de quais outros interesses é a via certa para a construção de uma vida de liberdade, paz e prosperidade para todos.

Humberto Cardoso

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1051 de 19 de Janeiro de 2022.

(Reproduzido aqui com a devida vénia. Revisão / fixação de texto / negritos, exlusivamente para publicação neste blogue: LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 
18 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23991: Antologia (88): estereótipos coloniais: os balantas de Bambadinca, vistos pelas NT (BCAÇ 2852 e BART 2917)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24102: S(C)em comentários (1): Visita de Marcello Caetano a Bissau, em 14 de abril de 1969: a primeira de um chefe de governo ao ultramar (oito anos depois do início da guerra)



Excerto do vespertino "Diário de Lisboa", nº 16637, ano 49, segunda feira, 14 de abril de 1969,3ª edição, pp. 1 e 10. Diretor: António Ruella Ramos. Cortesia de Casa Comum > Fundação Mário Soares > Fundos DRR - Documentos Ruella Ramos.

Citação:(1969), "Diário de Lisboa", nº 16637, Ano 49, Segunda, 14 de Abril de 1969, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_7219 (2018-2-20) (*)


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau: lado a lado, mas já de costas viradas, Marcelo Caetano e Spínola...

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Às vezes mais vale mais uma foto ou um título de caixa alta do que mil palavras... Daí a razão de ser desta série, "S(C)em Comentários". Há excesso de ruído nas redes sociais. E, depois, com a idade, tudo o que é mais do que duas linhas, é informação gorda poliinsaturada... E a nossa memória é curta e fraca. Afinal, somos animais de racionalidade limitada.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18337: Recortes de imprensa (92): A primeira visita de um chefe do governo português ao Ultramar: Marcelo Caetano, em Bissau ("Diário de Lisboa", 14/4/1969)

(**) Vd. poste de 17 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18326: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVIII: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 14 e 15 de abril de 1969 (III)