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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24628: Álbum fotográfico do António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Buba, 1973/74) (5): Ainda Bolama, abril de 1973



Fotos nº 1A e 1 > Guiné > Bolama > BCAÇ 4513 (1973/74) > Abril de 73 > Desfile do pessoal perante o General Spínola.


Foto nº 2 Guiné > Bolama > BCAÇ 4513 (1973/74) > Abril de 73 > Pessoal (a maior parte furriéis) do 4513/72 na esplanada junto à piscina.


Foto nº 3 > Guiné > Bolama > 1ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (1973/74) > Abril de 73 > A dar ao dente: da esquerda para a direita: Oliveira, Victor, Gatões (†), Victor Domingues, Peixoto (†), Cruz, Reis (†), Costa (†), Carvalho. (Legenda: † já não estão entre nós)



Fotos nºs 4 e 4A > Guiné > Bolama > 1ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (1973/74) > Abril de 73 > Bolama Monumento aos aviadores Italianos: da esquerda para a direita, Raposo, Victor, Cruz, Paraty, ?, e Cabral.



Foto nºs 5 e 5A > Guiné > Bolama > 1ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (1973/74) > Abril de 73 > Monumento aos aviadores Italianos: Cruz

Fotos (e legendas): © António Alves da Cruz (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do António Alves da Cruz (ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 45113/72, Buba, 1973/74) (*).


Estamos a seguir, tanto quanto possível,  a ordem cronológica da comissão de serviço na Guiné;

(i) Partida do BCaç 4513/72: Embarque em 16mar73; desembarque em 22mar73 (**)

(ii) IAO no CIM de Bolama, em abril de 1973 (***);

(iii) A 1ª Comp, após o treino operacional no subsector de Buba com a CCaç 3398, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar a actividade daquela subunidade no esforço realizado de contrapenetração no referido subsector e depois integrada no seu batalhão, na função de intervenção que lhe foi atribuída, tendo-se instalado, a partir de 17,ai73, em Mampatá (*).

Mensagem de 29 de agosto passado, às 19h55, enviada pelo António Albves da Cruz

Bom dia amigo Luis

Assunto - Fotos de Bolama

De Bolama ficaram algumas fotos por publicar, em especial a da esplanada junto à piscina onde está grande parte dos furriéis do BCAÇ 4513/72.

Aqui vão as fotos e legendas:

1 - Bolama, abril de 1973, desfile do BCAÇ 4513/72 perante o General Spinola;
2 - Pessoal do 4513/72 em Bolama na esplanada junto á piscina;
3 - A dar ao dente em Bolama, da esquerda para a direita: Oliveira, Victor, Gatões, Victor Domingues, Peixoto, Cruz, Reis, Costa e Carvalho
4- Bolama, Monumento aos Aviadores Italianos: Raposo, Victor, Cruz, Paraty, ?, e Cabral;
5- Bolama, Monumento aos Aviadores Italianos : Cruz.

Abraço, Cruz
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quarta-feira, 20 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23447: Historiografia da presença portuguesa em África (326): Aviação na Guiné (1925-1946) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Outubro de 2021:

Queridos amigos,
Trata-se de uma despretensiosa resenha de elementos encontrados sobre o primeiro período da aviação na Guiné, incluiu-se a intervenção da aviação comercial, a presença da Pan American Airways e os seus Clippers que amaravam em Bolama, ainda me falta encontrar imagens da Pan Am em Bolama, já as vi, não sei aonde. Estes hidroaviões amaravam onde é hoje o Oceanário, os viajantes vinham da Portela de Sacavém até ao Tejo e daqui partiam para a América mas passando por África. São meras recordações sobre um transporte aéreo que só se tornou regular na Guiné muito mais tarde. Mesmo na década de 1950, quando os voos se tornaram mais regulares, os viajantes saíam de Lisboa em direção a Dacar, havia transbordo para Ziguinchor, o resto era feito de automóvel.

Um abraço do
Mário



Aviação na Guiné (1925-1946)

Mário Beja Santos

Ia a caminho da Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa, e meditando sobre matérias ainda não pesquisadas relacionadas com os meios de transporte na antiga colónia, deu-me para pesquisar os passos pioneiros da aviação. Encontrei uma comunicação alusiva às comemorações do V Centenário da Descoberta da Guiné que me ajudou à cronologia dos acontecimentos, e de seguida uma carta das ilustrações referentes às viagens que ocorreram neste período.

Tudo começa em 1925, Pinheiro Corrêa, Sérgio da Silva e Manuel António ligam Lisboa a Bolama com um avião Breguet XIV, motor Renault 300 CV, viagem de 31 horas e 31 minutos. Foi o evento do ano. Houve festa rija, discussões e discórdias quanto banquete dedicado a estes pioneiros da aviação. Quando estava a preparar o livro Os Cronistas Desconhecidos do Canal de Geba: O BNU da Guiné, encontrei aspetos trágico-cómicos. A viagem ficou ilustrada, como se pode ver.

Tenente Sérgio da Silva, Capitão Pinheiro Corrêa e 1.º Sargento Manuel António, antes da segunda partida, na Amadora
Recorte de "O século", com a notícia que O Presidente da República recebeu os aviadores, antes da partida
Chegada dos aviadores a Bolama, no dia 2 de abril onde aterraram no Campo de Aviação Sacadura Cabral
O Governador da Guiné, Tenente-Coronel Velez Caroço, na receção
Monumento em Farim dedicado aos pilotos portugueses
Em 1927, três italianos ligaram Bolama a Pernambuco. Nesse mesmo ano, Sarmento de Beires e outros realizaram a primeira travessia aérea noturna do Atlântico Sul em hidroavião Dornier, motores Lorraine 450 CV, fazem Lisboa-Bolama, confirmam os métodos portugueses de navegação aérea. Na etapa Bubaque-Ilha de Fernando de Noronha foram percorridos 2595 quilómetros em 18 horas e 11 minutos.

E assim se chegou a 1928, teria lugar a primeira viagem Lisboa-Guiné-S. Tomé-Angola-Moçambique num percurso total de mais de 15 mil quilómetros. Escreveu-se no DN que “o jovem capitão Celestino Pais Ramos partir da Amadora no seu Vicker, cumpria a primeira etapa da sua viagem, a primeira por avião feita às colónias portuguesas da Guiné, São Tomé, Angola e Moçambique” E mais se escrevia no DN: "Os valorosos aviadores iniciam hoje às primeiras horas da manhã a segunda parte do raid", e passava a relatar as aventuras de Pais Ramos (piloto e comandante), Oliveira Viegas (piloto), João Esteves (tenente navegador) e Manuel António (sargento mecânico). O mesmo matutino dava conta de dissabores, como se escreveu: "Resolvido o pequeno incidente originado pela falta do óleo necessário aos aviões que devido ao mau tempo não foi desembarcado em Bolama, os valorosos aviadores vão recomeçar hoje às primeiras horas do dia o raid a Moçambique, iniciando a segunda parte da sua viagem."

O grupo levaria 51 dias a cumprir esta expedição, fazendo escala em mais de 30 localidades e acumulando 101 horas de voo. Na etapa que começariam a 14 de setembro, fariam a viagem de Bolama a Kayess, "num percurso de 570 quilómetros, que devem ser cobertos em 3 horas e 49 minutos de voo", especificava o DN.

1931 é o ano marcado pela chegada a Bolama da Esquadra Balbo, italianos, vêm em aviões H. S. 55, dois motores Fiat 500 CV. O percurso percorrido compreendia Orbetello-Cartagena-Kenitra-Villa Cisneros-Bolama-Natal-Baía-Rio de Janeiro, num total de 10 400 quilómetros. Bolama tinha sido escolhida para dar o salto sobre o Atlântico Sul. Eram 14 aviões. É na descolagem de Bolama, no início de janeiro, que se dá um acidente aéreo e morreram 6 aviadores, o governo italiano mandou erigir um monumento em sua memória, exatamente em Bolama, era para mostrar aos vindouros que tinham sido os italianos quem tinha atravessado o Atlântico Sul em formação de aviões.

Vão seguir-se outras viagens até 1941, caso da viagem Lisboa-Guiné-Angola-Lisboa, feita por portugueses. A enigmática Elly Beinhorn fez vários voos sobre a Guiné em avião Klem, motor Argus, deu como pretexto comissões científicas… Nunca se apurou se vinha pela ciência ou em missão de espionagem. Nesse mesmo ano de 1931, o alemão Christiansen, levando a bordo o almirante Gago Coutinho e mais 11 homens de tripulação fez ligação Lisboa-Bolama-Natal com o hidroavião gigante Dornier X, equipado com 12 motores Curtiss de 600 CV, foi uma viagem cheia de acidentes.

No período de 1935/36, tenho como comandante Cifka Duarte realizou-se o cruzeiro aéreo às colónias: Lisboa-Guiné-Angola-Moçambique, em aviões Vickers-Jupiter 420 CV.

Em 1939, Sérgio Silva, quando nomeado Diretor dos Serviços Aeronáuticos da Guiné, utilizou a via aérea para ir tomar posse do seu cargo. Partiu de Lisboa a 9 de abril, chegou a Bolama a 12 do mesmo mês.

A história da aviação comercial na Guiné conta-se em duas penadas. Houve várias companhias francesas e inglesas que pensaram aproveitar Bolama como ponto de escala em futuras linhas aéreas para ligação de Dacar e Bathurst com as possessões inglesas e francesas de África, nada se concretizou. Só a Pan American Airways utilizou Bolama quando, no inverno, os seus hidroaviões Clipper eram forçados a abandonar a rota dos Açores para as suas regulares ligações aéreas América-Europa, com escala terminal em Lisboa. O primeiro Clipper amarou em Bolama em 6 de fevereiro de 1941 e o último em 24 de novembro de 1945. No ano seguinte, a Pan American passou a utilizar aviões de rodas e as paragens da Guiné Portuguesa foram esquecidas.

Pouco depois da meia-noite do 17 de dezembro de 1930, doze hidroaviões Savoia-Marchetti "S-55-A" descolaram da Baía de Orbetello, na Toscana, a norte de Roma e frente à ilha de Elba
Memorial aos italianos vítimas do desastre aéreo em Bolama
Clipper da Pan American junto da Torre de Belém
Selos comemorativos da primeira viagem da Pan American Airways a Bolama
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE JULHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23428: Historiografia da presença portuguesa em África (325): A circunscrição de Geba, em 1914, relatório de Vasco Calvet de Magalhães (2) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2091: Cusa di nos terra (8): Bolama, caminho longe (Beja Santos)

1. Mensagem de Beja Santos, com data de 9 de Agosto último, enviada ao Henrique Matos, que foi o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52, com conhecimento aos editores do blogue:

Querido 1º Comandante,

Gostei muito das tuas informações sobre Bolama (1), uma cidade onde temos pesadas responsablidades culturais, por satisfazer e com urgência.Visitei-a num fim de semana, lá para Dezembro de 1991, no decurso da minha cooperação na área da política dos consumidores(ainda houve um despacho presidencial a criar a Comissão Interministerial de Defesa do Consumidor, fizeram-se 5 programas televisivos que me deram um trabalhão, tudo sem quaisquer consequências).

Apanhei um ferry que se viu em apuros na entrada da baía, tais as toneladas de areia por remover, depois é aquela beleza de uma cidade colonial decrépita, prédios de grande valor estético em ruínas (como o cinema, que só restava a fachada Art Deco), tudo fora do tempo e desprezado, como a estátua do Presidente Ulisses Grant, a quem a Guiné deve e não é pouco (3).
Foi uma odisseia encontrar onde comer, um dirigente do PAIGC deu-me dormida, tive a sorte de encontrar um guia conhecedor, pude visitar a magnífica Imprensa da Província, um verdadeiro museu. As praias, outrora um mimo, como te recordarás e se sente a lembrança, estavam num completo abandono.

Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama > 1966 > Rua, com casas de arquitectura colonial, com o cais ao fundo... Na foto, o Alf Mil Domingos Matos, acabado de chegar, com o Alf Mil Baptista que estava colocado em São João, um destacamento de Tite, que ficava mesmo frente a Bolama do outro lado do canal.

Foto: ©: Henrique Matos (2007). Direitos reservados.

Pouco tempo antes de regressar à Guiné, o INEP-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, que me pareceu trabalhar com seriedade, promovera um colóquio internacional sobre Bolama, as implicações históricas da capital da Província (Bolama, caminho longe). Não consegui as comunicações, só um conjunto de postais que certificavam o esplendor relativo de Bolama. Infelizmente, ofereci esses postais que mereciam ser mostrados no blogue. Talvez o Pepito, o Leopoldo Amado ou o Paulo Salgado possam ajudar.


Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha de Bolama > Bolama > 1972 > Hotel Turismo (3)

Fotos: © Joaquim Mexia Alves (2006). Direitos reservados

Bolama tinha um cachet que Bissau nunca possuiu. Fizeste bem em recordar esse esplendor perdido! A propósito, e contado pelo tal dirigente do PAIGC: com a independência, procurou-se pulverizar com trotil o monumento oferecido por Mussolini. Puseram-se cargas poderosíssimas, o monumento nem tugiu. Desistiu-se... ainda bem para a História.

Então, para quando as tuas primeiras memórias do nosso Pel Caç Nat 52? Vou agora para umas férias com vários episódios a aboberar: um furriel que destrambelhou, um comandante que à terceira flagelação a Missirá em pouco tempo insinuou que não parulhávamos o suficiente, e depois um mina anti-carro em que tire culpas no cartório.. mas tudo será contado. Até breve, e não esqueças a nossa gente, Mário.~

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Notas dos editores:

(1) Vd. post de 3 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2025: O cruzeiro das nossas vidas (7): Viagem até Bolama com direito a escalas em Leixões, Mindelo e Praia (Henrique Matos)

(2) O património da Guiné-Bissau anda pela rua da amargura... Ainda recentemente desapareceu, da cidade de Bolama, em condições rocambolescas (!), a estátua em bronze do antigo presidente norte-americano Ulisses Grant (1822-1885), erguida em memória do papel decisivo que este estadista teve no desfecho do diferendo entre Lisboa e Londres sobre a ilha guineense.

Segundo noitícia da Lusa/SOL, de 4 de Setrembro último, uma empresa de sucata ligada a Alpoím Galvão teria comprado parte da estátua... O antigo militar português está em Bissau desde 2004 com um projecto de investimento no sector de recolha de sucata e transformação de caju, principal produto agrícola do país. Alpoim Calvão dá emprego a cerca de 1.500 guineenses na ilha de Bolama. O empresário ficou sujeito a termo de identidade e residência em Bissau, por alegado envolvimento no desaparecimento da estátua e até o assunto ficar esclarecido não poderá sair de Bissau...

(3) Vd. post de 5 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1401: Com a CART 3492, em Bolama, no Reino dos Bijagós (Joaquim Mexia Alves)

sexta-feira, 9 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18395: Notas de leitura (1047): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (25) (Mário Beja Santos)

Bafatá nos anos 70, instalações da Sociedade Nacional Ultramarina


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Novembro de 2017:

Queridos amigos,
Estamos no auge da segunda guerra, é assombroso como se fazem relatos minuciosos sobre a produção de arroz, tanto de Bissau como Bolama estão atentíssimos ao que se produz, crescem as necessidades e levantam-se problemas de exportação; o gerente de Bolama, nesse ano decisivo da transferência da capital da colónia, tece hossanas à navegação aérea naquele local onde se instalou a Pan-Am e faz mesmo conjeturas daquela placa giratória nesse tempo glorioso dos hidroaviões. É nisto que o gerente de Bissau apresenta os protestos do governador que se queixa da luminosidade da fachada do banco, mesmo em frente do edifício onde trabalha, e o gerente pede ao pormenor tudo o que é necessário para duas de mãos de cinzento, para que o senhor governador não fique mais ofuscado...

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (25)

Beja Santos

O relatório de exercício de 1940 da filial de Bolama adita uma curiosa informação sobre os meios de transportes na ainda capital. Quanto à via marítima, operavam dois vapores do Estado, fazendo carreiras semanais entre a capital e Bissau e ligando as diversas ilhas do arquipélago dos Bijagós. A via área trazia uma novidade: um pequeno avião, propriedade do aeroporto, fazia a ligação entre Bolama e Bissau e outros pontos da colónia que dispunham de campo de aterragem. No porto de Bissau estabelecera-se a companhia americana de navegação aérea, a Pan-American Airways Company, aproveitando o aeroporto de Bolama, em desenvolvimento para as carreiras de Lisboa América do Norte. Esperava-se que esta companhia fizesse paragem neste porto, dentro do mês de Novembro ou Dezembro, mas até à data o acontecimento não tivera realidade. A falta de embarcação para o reabastecimento dos aparelhos, como gasolina e óleo, fizera demorar a presença da Pan-Am. Mas o relatório adiantava que a companhia aérea superaria essa falta com a construção de uma grande jangada que suportando enormes tanques teria facilidade em abastecer os aparelhos. Era grande a espectativa para Bolama:  
“Dos resultados que para este porto possam advir desta carreira ainda não podem ser avaliados, mas espera-se que venham a beneficiar grandemente esta cidade e esta colónia. Dos americanos, gerente e empregados da companhia que aqui se encontram, uns para ficar e outros que vieram para estagiar e fazer preparativos, nada se consegue saber. Nós aguardamos para ver os resultados”.

Entre 1940 e 1941 cruzam-se ainda relatórios de Bolama e Bissau, a agência e a filial, mesmo dispondo de um encarregado geral pretendiam mostrar serviço a Lisboa. Veja-se um curioso texto, alusivo à situação do mercado, saído de Bolama, é a primeira parte do relatório de 1940:
“Arroz – Abriu a campanha do mês de Janeiro último. As chuvas faltaram em algumas regiões de Tombali. Em Cubumba e Cabelol e para os lados de Caboxanque os arrozais foram plantados já tarde.
Na altura das colheitas, começou a aventar-se que era escassa a produção desse ano, o que logo ao nosso regresso à colónia fomos verificar pessoalmente, correndo algumas tabancas cuja produção conhecíamos dos outros anos. Realmente os celeiros não tinham muito arroz mas quem quisesse ver encontraria as medas nas bolanhas, à espera de condução e debulha.
O indígena produtor de arroz, vendo o preço exagerado da mancarra, estava a jogar, à espera que lhe fizessem preço relativo, sob o ponto de vista de acréscimo, ao seu produto. O pequeno comerciante, o que compra diretamente ao indígena, queria convencer também o industrial que havia muita falta de arroz, para este lho pagar melhor, caso lhe quisesse comprar.
As autoridades, caladas mas agradando-lhe este estado de coisas de onde poderia resultar mais dinheiro na mão do indígena e este poderia pagar mais e melhor os seus impostos. O governo da colónia, confidencialmente nos foi dito, pediu ao ministério das colónias notícias sobre futuros, preços de arroz, na metrópole. Se fossem mais altos, obrigavam-se aqui os compradores a pagar mais caro.
Sobre exportação, nada se sabe. O Senegal deve precisar de arroz porque lhe há de faltar navegação que transporte o arroz da Indochina e que costuma ficar, em Dakar, mais barato que o arroz da Guiné!!! A Gâmbia precisa de 6 a 7 mil toneladas de arroz e já o pede mas quer barato porque o indígena não tem dinheiro para pagar mais que no ano passado pagou o arroz das colónias francesas e algum das inglesas que para lá ia”.

Não deixa de ser elucidativo o relatório de Bolama referente a 1941. Descreve o pessoal da filial; fala da natureza e valor das importações e exportações, logo adiantando que “Tendo sido transferida para Bissau a Repartição de Estatística foi-nos impossível colher os elementos necessários ao desenvolvimento do movimento geral de importância e exportação que transitou pelas alfândegas da Guiné; quanto a transportes, relativamente à via marítima, havia dois vapores do Estado, já velhos, para passageiros e carga, lanchas à vela e motor das casas exportadoras e a ligação de Bolama para Bissau e algumas circunscrições é feita por pequenos vapores, o “Geba” e o “Bolama”.


Falando da via aérea, crê-se ser do maior interesse reproduzir a informação de gerente da filial:

“Um pequeno avião que liga a colónia em serviço de governador, servindo oficiais e alguns particulares, quando urgentes e de extrema necessidade. A Pan-Am liga esta colónia com a metrópole pelo porto de Lisboa e com as Américas do Sul e o Norte, pelo porto de Natal e Belém, no Brasil. Dá-nos esta empresa oportunidade para dizer a V. Exas., depois de ouvirem pessoas que de perto acompanham o seu movimento, o seguinte.
A esta importante sociedade norte-americana de navegação aérea concedeu já o governo português grandes facilidades para a utilização do aeroporto de Bolama. A importância destas facilidades torna-se cada vez mais evidente pela posição de Bolama em relação ao continente americano e as distâncias que a separam dos aeroportos de Natal e Belém e ainda com escala para futuras ligações dentro do continente africano. A mesma sociedade criou este ano mais algumas bases de escala neste continente, entre elas uma no Lago Fischerman, na Libéria, e outra no Congo Belga, prevendo-se para um futuro próximo grandes carreiras aéreas transoceânicas.
Na impossibilidade de conseguir que os capitais portugueses se arrisquem a empresas desta natureza, é de louvar a atitude do governo português facilitando à Pan-Am o estabelecimento destas carreiras. Todas as facilidades concedidas são poucas se considerarmos não só o desenvolvimento que pode advir para Bolama, mas também que na Libéria, República criada pela América do Norte, situado um pouco ao Sul da Guiné, tendo eles toda as facilidades e só este aeroporto pode ser preferido pelas condições naturais e pelo seu apetrechamento.
Não devemos esquecer também que a ocasião é a mais própria para eles se estabelecerem em Bolama, devido ao estado de guerra em que a maior parte das nações estão envolvidas.
Um pouco mais ao Norte da Guiné está o importante porto de Dakar, que já tirou a navegação marítima a S. Vicente do Cabo Verde e não se poupariam os franceses a esforços para tirarem a navegação aérea de Bolama, se não houvesse a guerra.
Portanto, repetimos, todas as facilidades são poucas, dada a importância destas carreiras e dos benefícios que delas pode vir a ter a Guiné”.

E continua a exaltar Bolama e o transporte aéreo:
“Antes de terminar a guerra é que se deve intensificar o apetrechamento do aeroporto de Bolama, onde já o governo gastou milhares de contos apesar de pouco se ver feito.
A maior parte dos maquinismos e aparelhos para serviço do aeroporto encontram-se ainda encaixotados e armazenados, por montar, nos armazéns da alfândega, embora já despachados há mais de ano.
Concluídas as obras que faltam no aeroporto de Bolama, é de esperar que os americanos, para não terem de gastar mais dinheiro na Libéria, escolham Bolama, não só para escala, como para entroncamento das carreias transoceânicas”. 

E o gerente presta informações sobre arrendamentos à Pan-Am e de que a comissão municipal já tinha oferecido à empresa um terreno nas proximidades do banco, para eles ali construírem, mas nada resolveram.

Em 30 de Julho de 1941, segue de Bissau um ofício assinado por Virgolino Teixeira que tem o seu algo de caricato:
"Sua Excelência o Governador instalou o seu gabinete no edifício em frente ao nosso.
A ação do tempo e o sol descoraram a tinta da nossa frontaria, que está agora muito clara e é um perfeito espelho que reflete intensa luz dentro do gabinete do senhor governador, prejudicando muito. Sua Excelência desejaria que a frontaria do nosso prédio fosse pintada de escuro, desejo este que solicitamos a V. Exa. que nos deixe atender.
Mas aqui não há tintas capazes e as que aparecem melhores, mal aplicadas, já estão estragadas pelo sol intenso.
Deste modo, agradecemos que V. Exa. nos mande remeter tinta de óleo boa, cor cinzenta muito escura, para cobrir uma superfície de 400 metros quadrados e o preparo respetivo para se aplicar uma primeira camada de suporte para a tinta boa.
Aquela tinta cinzento-escuro deve vir em quantidade que permita darem-se, pelo menos, duas demãos.
Seria útil que tudo viesse remetido com urgência para aproveitarmos uns operários que vieram da Europa fazer os acabamentos em edifícios do Estado.
Por outro lado, a instalação das repartições em frente do banco tornou a casa completamente devassada.
Por esta razão, pedimos licença para fazermos aqui 7 estores de cujo custo daremos depois conta e não será exagerado”.

Os despachos apostos, em Lisboa trazem as devidas contas e a administração questiona mesmo se o assunto não é mesmo urgentíssimo…

(Continua)
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Notas do editor:

Poste anterior de 2 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18373: Notas de leitura (1045): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (24) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 5 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18381: Notas de leitura (1046): “A History of Postcolonial Lusophone Africa”, autor principal Patrick Chabal, com participações de David Birmingham, Joshua Forrest, Malyn Newitt, Gerhard Seibert e Elisa Silva Andrade, Hurst & Company; Londres, 2002 (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6950: Notas de leitura (146): A Questão de Bolama, de António dos Mártires Lopes (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Agosto de 2010:

Queridos amigos,
Nas minhas andanças pela Feira da Ladra lá consegui este livrinho alusivo a uma conferência por sinal bem interessante.
Goste-se ou não, este diferendo diplomático contribuiu para consolidar a presença portuguesa na região, quebrou alguns sonhos aos britânicos que pretendiam confrontar-se com a França, a potência rival da África Ocidental.
Foram sonhos que se modificaram, reconfigurando-se, não se perdendo.

Um abraço do
Mário


A questão de Bolama
Pendência entre Portugal e Inglaterra


Beja Santos

Em 13 de Janeiro de 1968, no Centro de Estudos da Guiné, em Bissau com a sala literalmente cheia e sessão presidida pelo Governador e Comandante-Chefe, General Arnaldo Schultz, António dos Mártires Lopes preferiu uma conferência na data em que, 98 anos antes, havia sido solenemente assinado o protocolo pelos ministros plenipotenciários de Lisboa e Londres, confiando ao Presidente dos Estados Unidos da América, escolhido pelo Governo de Londres, a arbitragem no diferendo entre Portugal e Inglaterra sobre a posse da ilha de Bolama. O Presidente dos Estados Unidos, Ulysses Grant, em 21 de Abril de 1870 preferiu a sentença favorável a Portugal. Em 1970, comemorando a efeméride, a Agência-Geral do Ultramar publicou a intervenção de António dos Mártires Lopes. É hoje um livro raro que vai ficar a pertencer à biblioteca do nosso blogue.

E vamos aos factos. Philip Beaver, oficial da Marinha inglesa, concebeu o plano de estabelecer em África uma colónia que teria por fim “a cultura das terras por gente livre, como meio de civilizar os negros”. William Pitt, o ministro inglês, acolheu o projecto. Beaver aportou na ilha de Bolama em Maio de 1792, à frente de uma expedição de 275 ingleses. Os Bijagós atacaram a feitoria e Beaver negociou com dois régulos da região a chamada cessão da ilha de Bolama, onde se instalou, tendo também adquirido um território fronteiro mediante uma declaração de dois régulos biafares que lhe cediam a soberania a sul e oeste duma linha que se estendia de Guinala até chegar ao mar. O plano de ocupação desmoronou-se rapidamente; primeiro, a maior parte dos expedicionários abandonaram Beaver e os restantes foram praticamente dizimados pela doença e pelos ataques dos Bijagós. Em 1816, Joseph Scott tentou constituir uma nova colónia, mas a reacção dos autóctones foi dissuasora. Em 1827 o Governador das possessões africanas da África Ocidental apareceu pessoalmente no Rio Grande e impôs aos régulos tratados que concediam a soberania de Bolama ao rei da Grã-Bretanha. O conflito diplomático estava em marcha. Os reis Bijagós afirmavam às autoridades portuguesas que não tinham vendido a ilha de Bolama ou outro qualquer terreno porque aquela ilha pertencia ao Rei de Portugal. Em 1830, o Governo português mandou construir uma fortaleza, não obstante a Inglaterra passou a fazer larga ostentação do seu poderio naval nas águas da Guiné. Seguiram-se escaramuças, navios apresados, bandeiras portuguesas destruídas ou arriadas, troca de notas diplomáticas, o conflito arrastou-se até 1857, data em que o ministro português em Londres propôs às autoridades britânicas que a questão fosse submetida a uma arbitragem, deixando ao Governo britânico a escolha do árbitro. A Grã-Bretanha recusou-se a aceitar a arbitragem e determinou que a ilha de Bolama fosse incorporada à colónia da Serra Leoa, em 1861. Os ingleses instalaram-se em Bolama e passaram a atacar a colónia do Rio Grande onde os portugueses tinham feitorias e estabelecimentos comerciais e agrícolas. O governador-geral de Cabo Verde procurou repelir estas agressões. E por razoes que ainda hoje não estão verdadeiramente esclarecidas, as autoridades de Londres aceitaram, em 1868, a arbitragem de Ulysses Grant.

António dos Mártires Lopes publica a sentença arbitral e procede à sua análise. O Presidente norte-americano deu como provado que a ilha de Bolama fora descoberta por um navegador português em 1446; muito antes do ano de 1792 fora fundado um estabelecimento em Bissau que mantinha a soberania portuguesa; que antes, em 1699, fora constituída uma colónia portuguesa em Guinala, no Rio Grande, que era uma povoação habitada somente por portugueses; que a linha da costa de Bissau para Guinala, passando pelo Rio Geba, abrangia toda a parte continental, fronteira à ilha de Bolama; que a ilha de Bolama era adjacente à terra firme e que desde 1752 até ao presente Portugal sempre reivindicara os seus direitos à ilha de Bolama; que as novas concessões dos chefes indígenas à Grã-Bretanha não levaram a que o Governo português abandonasse os seus direitos. E assim proferia a seguinte sentença: “Eu, Ulysses S. Grant, Presidente dos Estados Unidos, julgo e decido que estão provados e estabelecidos os direitos do Governo de Sua Majestade Fidelíssima o Rei de Portugal à ilha de Bolama na costa ocidental de África e a uma certa porção de território fronteira a esta ilha na terra firme”.

Bolama > Agosto de 2010 > Antigo Palácio.
Foto : © Patrício Ribeiro (2010). Todos os direitos reservados.

Terá jogado a favor desta decisão a própria política expansionista norte-americana numa altura em que os Estados Unidos tomavam posse do território do Oregon, com base na prioridade de descoberta do Rio Colômbia. Mártires Lopes invoca inúmera documentação comprovativa da legitimidade da posição portuguesa, toda ela com grande interesse histórico. Em 4 de Maio de 1870, em plena sessão da Câmara disse o deputado Freitas de Oliveira: “Hoje, a ilha de Bolama está restituída à Coroa Portuguesa. Trabalhou com muito desvelo e afinco neste negócio um dos diplomatas mais distintos. Refiro-me ao Sr. Conde d’Ávila. Quem veio concluir este negócio foi o Governo actual, e os louvores pertencem sempre àqueles que consumam o acto. Neste exemplo vê-se que o Governo nem sempre tem contra si a fatalidade. Há compensações”.
O Governo, reconhecendo o importante serviço prestado pelo Conde d’Ávila, nomeou-o Marquês d’Ávila e Bolama.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6945: Notas de leitura (145): Liberdade ou Evasão, de António Lobato (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 22 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18448: (D)outro lado do combate (23): "Plano de operações na Frente Sul" (Out-dez 1969) > Ataque a Bolama em 3 de novembro de 1969 - II (e última) Parte (Jorge Araújo)



PAIGC - Combatentes cambando um rio, de canoa

Citação: (1963-1973), "[dez?] Combatentes do PAIGC atravessando um rio de canoa", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_44127 (2018-3-10), com a devida vénia.


Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 

(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018




GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE >"PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" [OUT-DEZ 1969] - ATAQUE A BOLAMA EM 3 DE NOVEMBRO DE 1969 (AO TEMPO DA CCAÇ 13 E CCAÇ 14)

(II e última parte)


1. INTRODUÇÃO

Com este segundo e último fragmento relacionado com o ataque a Bolama, em 3 de Novembro de 1969, 2.ª feira, damos por concluída a análise à terceira missão do "plano de acções militares", de um conjunto de nove flagelações a diferentes aquartelamentos das NT, situados nas regiões de Quinara e de Tombali, todas agendadas para o último trimestre desse ano.

No caso particular da flagelação à cidade de Bolama, as forças mobilizadas pelo PAIGC eram constituídas por cerca de cento e vinte elementos, correspondentes a um grupo de artilharia com duas peças "GRAD", cada uma delas preparada para projectar dois foguetes de 122 mm, e três bigrupos de infantaria, para segurança aos artilheiros, todos agindo sob as ordens do comandante Umaru Djaló (1940-2014) que, como foi referido na parte I deste trabalho [P18439], viria a morrer a 29 de Maio de 2014, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com 74 anos.

Este efectivo mais reduzido, quando comparado com os anteriores, é justificado pelos seus objectivos específicos e, também, pelo facto de estarem programados outros ataques para os dias imediatos, como eram os casos de Cacine e Cabedú, por esta ordem, conforme pode ser confirmado no quadro abaixo.






Para a concretização desta missão, os efectivos referidos tiveram que percorrer a pé cerca de setenta quilómetros, correspondente à distância entre a base de saída [Botché Chance] e o local escolhido para a posição de fogo [Ponta Bambaiã]. Este percurso demorou cinco dias, com a partida a acontecer às 17 horas do dia 29 de Outubro, 4.ª feira, e a chegada à Ponta Bambaiã às 16 horas do dia 3 de Novembro de 1969, 2.ª feira, o que equivale a uma caminhada média/dia de quinze quilómetros.

O percurso foi o seguinte: saída de Botché Chance pelas 17 horas do dia 29 de Outubro de 1969, 4.ª feira. Cambança do rio em Botché Col até às imediações de Gândua (dia 30). Nova cambança do rio Tombali em Iangue com chegada à Bolanha Longe (dia 1). Travessia de novo plano de água até atingir Paiunco de manhã (dia 3), com chegada a Ponta Bambaiã pelas 16 horas, onde iniciaram os preparativos do ataque.

Cumpridos os objectivos da missão, que durou dez minutos, os elementos desta força regressaram às suas origens, utilizando o mesmo itinerário mas, agora, em sentido inverso.

Referimos, uma vez mais, que para a elaboração desta narrativa, como para todas as outras que fazem parte deste dossiê específico, já publicadas ou a publicar, foi utilizado o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms _dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem referência ao seu autor, localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares.





2. DESTINATÁRIOS DO ATAQUE A BOLAMA EM 3NOV1969 - A CCAÇ 13 (CCAÇ 2591), A CCAÇ 14 (CCAÇ 2592) E O CIM

Recordam-se, com vista aérea de Bolama e respectiva legenda, os espaços mais frequentados pelos militares durante a sua premanência naquela cidade. Imagem postada pelo camarada grã-tabanqueiro ex-Alf Mil Rui G. Santos, Bedanda e Bolama da 4.ª CCAÇ (1963/1965) – in: http://riodosbonssinais.blogspot.pt/search/label/bolama ou "Bolama… no meu tempo – Guerra do Ultramar", com a devida vénia.

No CIM (Centro de Instrução Militar) de Bolama, em finais de Outubro de 1969, estavam em fase de conclusão de instrução/formação mais duas Companhias de Caçadores designadas por CCAÇ 13 e CCAÇ 14, saídas da união entre praças africanas do Recrutamento Local e oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole. Os quadros metropolitanos destas novas Unidades Independentes, mobilizados pelo Regimento de Infantaria 16, de Portalegre, pretenciam à CCAÇ 2591, que deu origem à CCAÇ 13, e a CCAÇ 2592 à CCAÇ 14, respectivamente.

No caso deste ataque a Bolama, ele foi presenciado pelos colectivos das duas Unidades acima, uma vez que se encontravam no cais da cidade preparando-se para o embarque em LDG, rumo a Bissorã e a Cuntima, locais onde passariam a desempenhar as suas missões operacionais.



Guiné > Região do Óio > Bissorã (1969/70) – A porta de armas do quartel por onde entrou a CCAÇ 13, substituindo a CCAÇ 2444 (1968/70 - companhia açoreana) na sua missão. Foto do camarada Armando Pires (ex-fur mil enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), com a devida vénia. (P12023).

De entre aqueles que viveram a emoção/tensão de ouvirem e sentirem o rebentamento dos foguetes 122 mm, recupero os testemunhos dos camaradas ex-furriéis Carlos Fortunato (CCAÇ 13/CCAÇ 2591) e Eduardo Estrela (CCAÇ 14/CCAÇ 2592), ambos membros da nossa «Tabanca».

Carlos Fortunato refere que "no dia 3/11/1969 quando a CCAÇ 13 [CCAÇ 2591 - "Os Leões Negros"] estava no cais de Bolama, preparando-se para embarcar numa LDG [rumo a BISSORÃ], ouviu-se um longínquo 'pof' vindo da parte continental (zona de Tite). Um dos africanos disse 'saída' sorrindo, mas logo a seguir passaram sobre as nossas cabeças 3 [no relatório constam quatro] foguetões de 122 mm. Um acertou numa das pequenas vivendas que corriam ao lado da rua principal [imagem abaixo], que ligava o porto ao largo principal da cidade, apenas a uns escassos 30m do local onde estávamos. Outro caiu no largo principal um pouco mais acima, e o terceiro mais longe, já fora da zona habitacional. Corremos de imediato para o local dos impactos para prestar assistência às eventuais vítimas, mas felizmente apenas houve ferimentos muito ligeiros entre a população". […] "Os morteiros 107 mm existentes no quartel de Bolama responderam ao fogo". […] [sítio: CCAÇ 13 – Os leões Negros: Memórias da Guerra na Guiné (1969/71)]. [P9337].



Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Bolama > Rua principal de Bolama, onde caiu o primeiro foguete 122 mm. Imagem postada pelo camarada grã-tabanqueiro ex-Alf Mil Rui G. Santos, Bedanda e Bolama da 4.ª CCAÇ (1963/65) – in "Bolama… no meu tempo – Guerra do Ultramar", com a devida vénia.

Por outro lado, Eduardo Estrela, da CCAÇ 14 [CCAÇ 2592], acrescenta que "partimos em 3 de Novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, CUNTIMA, junto à linha de fronteira do Senegal. Ainda em Bolama (…) sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma". [P11365].



Guiné > Região do Óio > Cuntima (1970) – 4.º Pelotão da CCAÇ 14, do ex-fur António Bartolomeu, o 1.º da direita. [P9456], com a devida vénia.

Para concluir esta narrativa histórica resta-nos referir, no ponto seguinte, alguns aspectos técnicos relacionados com o uso da peça "GRAD", arma utilizada neste ataque a Bolama, assim como dos resultados obtidos que constam no relatório.

Encerraremos o trabalho apresentando os quadros das baixas [mortes] de cada uma das Unidades, desde a sua criação [1969] até ao final do conflito [1974].


3. O ATAQUE A BOLAMA EM 3NOV1969… COM FOGUETES 122 MM "GRAD" LANÇADOS DA PONTA BAMBAIÃ

Objectivos da acção:


O objectivo definido para esta acção previa o bombardeamento de Bolama, através da utilização de quatro foguetes 122 mm lançados de duas peças "GRAD" colocadas na orla costeira da zona sudoeste da região de Quinara, mais precisamente na Ponta Bambaiã [ver imagem de satélite abaixo].

Porém, a escolha deste local está ligado a muitos outros antecedentes históricos. O primeiro de todos, a 23 de Janeiro de 1963, teve por cenário o ataque ao quartel de Tite, aquele que ficaria gravado como o do início do conflito armado, e que faz parte da mesma região, Quinara.

De acordo com a obra do historiador africano Leopoldo [Victor
Teixeira] Amado, nascido em Catió em 1960, e que em 2010 concluiu o seu doutoramento em História Contemporânea pela Universidade de Lisboa [, e j+a na altura membro da nossa Tabanac Grande], nela é referido que "a partir do dia 12 de Março de 1963 o PAIGC aumentou substancialmente a sua actividade. Assim, destruíram vários pontões nas áreas de Tite e de Buba; flagelaram Dar-es-Salam, na península de Empada; cortaram as estradas de acesso a esta povoação e os locais de embarque para Bolama; incendiaram o barco a motor da carreira Bolama-Ponta Bambaiã; impediram o carregamento de mancarra e arroz num barco atracado em Dana, a nordeste de Fulacunda, no rio Corubal; atacaram a tabanca fula de Priame, junto a Catió; flagelaram Cufar e Fulacunda… […] Finalmente, em 25 [Março'63], capturaram no porto de Cafine (rio Cumbijã) os barcos a motor «Mirandela», da Casa Gouveia, e «Arouca», da Casa Brandão, tendo-os levado para a República da Guiné-Conacri com a conivência de parte da tripulação". In: "Guineidade & Africanidade: Estudos, Crónicas, Ensaios e Outros Textos", Lisboa, Edições Vieira da Silva, 2013, pp 117-118.

A 30 de Março de 1963, cinco dias depois desta ocorência, Amílcar Cabral (1924-1973) dirige uma carta a "Nino" Vieira [MARGA, pseudónimo de guerra] elogiando o seu desempenho na captura dos barcos, nos seguintes termos:

"Em particular quero felicitar-te pela operação que terminou pelo envio para aqui dos motores «Mirandela» e «Arouca». Esta operação, pela sua importância no quadro da nossa luta, do género de luta que o nosso Partido adoptou, pelo sucesso total de que foi coroado, vem provar-nos que somos capazes de realizar tudo o que o nosso Partido projectou fazer para a conquista da liberdade, e para a construção da felicidade do nosso povo". […] 



Citação: (1963), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/ 11002/fms_dc_36648 (2018-3-10)



Trabalho técnico da artilharia na posição de fogo [peças "GRAD"]

1. Localização exacta da posição de fogo no mapa.

2. Medição, pelo mapa, da distância entre a posição de fogo e o centro da cidade – 9.800 metros.

3. Localização no terreno e no mapa de um ponto de referência bem determinado (observatório do porto de Bolama).

4. Medição, pelo mapa, do desvio angular entre a direcção do ponto de referência escolhido e a direcção de fogo – o-35, à esquerda.

5. Determinação aproximada das correcções a introduzir em virtude da pressão atmosférica e temperatura – (-100 metros).

6. Determinação da alça pela tabela de tiro.

7. Determinação da deriva a partir do ponto de referência. Como há que introduzir sempre uma correcção de (0-35, à direita) resultou que a deriva foi de 30-00 apontando para o ponto de referência.

8. Instalação das peças, introdução dos dados obtidos e fogo.




Reacção das tropas colonialistas que abriram fogo de várias armas – metralhadoras, morteiros, canhões (de barco), sem no entanto terem localizado o local donde tinham partido os foguetes.

Retirada sem problemas pelo mesmo itinerário do acesso ao lugar.

Resultados

Segundo informações [pouco ou nada] fidedignas, na manhã do dia 4 de Novembro, 3.ª feira, ainda havia incêndio em Bolama. Todos os obuses caíram dentro da cidade e provocaram grandes destruições.






Na impossibilidade da elaboração de uma infogravura referente ao itinerário percorrido pelas forças mobilizadas para este ataque, já referido na introdução, optei por utilizar a imagem de satélite abaixo, indicando a vermelho a Ponta Bambaiã, local escolhido para o disparo dos foguetes 122 mm sobre Bolama.



4. BAIXAS

- CCAÇ 13 (ex-CCAÇ 2591)

Desde a sua criação [Nov'1969], a CCAÇ 13 contabilizou 9 (nove) baixas, sendo 2 (duas) do Contigente Metropolitano e 7 (sete) do Recrutamento Local.






- CCAÇ 14 (ex-CCAÇ 2592)

Desde a sua criação [Nov'1969], a CCAÇ 14 contabilizou 8 (oito) baixas, sendo 2 (duas) do Contigente Metropolitano e 6 (seis) do Recrutamento Local.




Continua…

Obrigado pela atenção.

Com forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.

21MAR2018.
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Nota do editor:

Ultimo poste da série > 20 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18439: (D)outro lado do combate (22): "Plano de operações na Frente Sul" (Out-dez 1969) > Ataque a Bolama em 3 de novembro de 1969 - Parte I (Jorge Araújo)

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16212: Nota de leitura (848): “Bolama, a saudosa…”, autoria e edição de António Júlio Estácio (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Junho de 2016:

Queridos amigos,
Não é um ensaio historiográfico, porém e doravante não se poderá prescindir para quem estudar Bolama e a Guiné-Bissau de ler este relato apaixonado e íntimo.
É um retorno à juventude, uma homenagem aos seus amigos, há uma descrição que António Estácio faz de Bolama que nos arrasta, viajamos com ele por ruas, praças e jardins, entramos em festas e piqueniques, visitamos amigos conhecidos, comemos fruta e vamos à praia.
Retrato de um mundo que se desvaneceu para todo o sempre e que mereceu um registo empolgante, tão empolgante que os guineenses são merecedores de o conhecer, cabem ali bolamenses e portugueses que fazem parte da sua história.
Que feliz ideia teve o António Estácio ao coligir estas memórias, repartindo connosco a sua infância.

Um abraço do
Mário


Bolama, um indefetível amor do António Estácio (2)

Beja Santos

Em “Bolama, a saudosa…”, o nosso confrade António Júlio Emerenciano Estácio surpreende-nos com uma pesquisa em torno das suas memórias bolamenses, edição de autor, 2016. Não se trata de uma pesquisa histórica, um levantamento minucioso sobre essa Bolama que deu querela internacional, foi capital da colónia quando no terceiro quartel do século XIX se deu a desafetação de Cabo Verde, uma Bolama que teve a Imprensa Nacional, uma unidade militar que formou o contingente local e em cuja baía aterravam e levantavam os Clippers da Pan American. Este livro é um contrato pessoal com um tempo, uma infância, muitos amigos. Mas não deixa de ser um levantamento apaixonante. Logo em 1935, quando havia sérios indícios da transição da capital de Bolama para Bissau, a associação comercial de Bolama move-se, segue uma carta para um deputado, é literatura modelar da época, pintalgada de romantismo:
“Bolama, Senhor Deputado, com a sua atmosfera de trabalho, calma e sadia, sem aquele marulhar de movimento que distrai e cansa aqueles que, pelo cérebro, têm que produzir; onde o Estado possui boas instalações valorizadas em alguns milhões de escudos e a vida dos seus servidores decorre graduada pelo sossego espiritual e por um ambiente materialmente saudável que com pouco mais se completará; Bolama, Senhor Deputado, em nada desmerece para que deva ser abandonado ao triste destino das inutilidades, a uma ruína completa que arrastará a uma vida de necessidades dezenas de contribuintes do Estado, que são hoje detentores de muitos milhares de contos que valorizam o património nacional precipitando tantos outros – a maior parte, na mais negra miséria”.
A decisão estava tomada, Bissau era o centro nervoso dos negócios, a partir de então todos mostraram compunção com a sorte de Bolama, mas a decadência tornou-se inexorável.

A recolha de António Estácio engrandece a história da colónia e há um poderoso ponto de reflexão para quem quer ver a Guiné-Bissau no mapa. Colige depoimentos de quem por lá passou, juízes, sacerdotes como o eminente Vigário Geral da Guiné, Marcelino Marques de Barros, junta efemérides, presta elementar justiça e Fausto Duarte, cabo-verdiano de nascimento, grande servidor da cultura guineense, foi responsável pelos anuários de 1946 e 1948, colaborador do boletim cultural da Guiné Portuguesa, romancista premiado, precocemente desaparecido. Estampa no seu livro imagem de magnificência e de ternura; homenageia gente absolutamente esquecida como António Augusto Cardoso, nascido em Freixo de Espada-à-Cinta, trazido pelo Governador Sarmento Rodrigues com o intuito de ensinar a construir carros de bois, foi ativo na Granja de Pessubé, e ficamos a saber que foram utilizadas madeiras como Bissilão, Pau-Sangue, Pau-Veludo, Pau-Conta, Pau-Bicho Rijo, Macete, Fára, Pau-Miséria e Farroba de Lala. Anota impressões de viagem incluindo estudantes de Coimbra que cantaram o fado em Bissau. Há inclusivamente o relato com o desastre de aviação que sofreu o Governador Vaz Monteiro em 1944. A notícia do jornal Arauto tem tensão e emoção, a descrever o desaparecimento e o reaparecimento de governador e filho:
“Afinal o que acontecera? Foi o caso que Sua Excelência o governador, tendo urgência de vir a Bolama, saiu de Bissau às 16,35 na avioneta pilotada pelo seu filho Fernando. Mas no caminho o vento redobrou de fúria, como é usual neste período, e o pequeno avião viu-se forçado a aterrar precipitadamente, vindo a cair em cima do tarrafo da costa do continente, próxima da Ilha das Cobras, visto não conseguir alcançar uma lala que ficava próxima. Na queda foram cuspidos fora do avião, tendo ficado sem sentidos. Quando voltaram a si e viram que não havia ferimentos graves, graças à perícia e serenidade do piloto, tentaram sair daquele lugar e procurar refúgio, mas com a névoa não conseguiram desemaranhar-se do tarrafo altíssimo e ali passaram a noite ao frio e à chuva. Logo porém, que romperam os primeiros clarões do dia, puseram-se a caminho, e ao fim de três horas de acidentada viagem conseguiram alcançar a praia; dali fizeram sinal cujo ruído ouviam há muito mas sem o poder ver. Foi nesta altura que a própria vedeta divulgou a feliz notícia”. Houve regozijo geral, realizou-se um solene “Te Deum” a que assistiram funcionários, comércio e numerosíssimo público.

Fala-se da viagem de um dos maiores dos jornalistas portugueses à Guiné, Norberto Lopes, da inauguração da estátua de Ulysses Grant, que muito mais tarde o Comandante Alpoim Calvão comprou parte do busto por cinco milhões de francos CFA. Há também memórias de Alexandre Barbosa e Hélder Proença e depois António Estácio lança-se num relato empolgante na descrição de Bolama, descreve os seus diferentes setores, toca-nos o coração, até porque há impressões pessoais:  
“Não posso deixar de realçar que, certo dia do mês de Maio de 1957, a minha mãe atarefada com a esgotante tarefa de dar aula a duas classes em simultâneo, ralhava para nós nos alhearmos da barulheira que se ouvia na sala de aulas. Nós desconhecíamos o que se passava, procuravam apedrejar uma cobra que tentava esconder-se em qualquer canto. Mas, aos poucos, o barulho aumentava cada vez mais e eis que vemos entrar na sala uma cobra escura e que se apresentava já ferida. Os alunos da 4.ª classe pegaram em mapas que estavam dependurados nas paredes, enrolaram-nos bem, acertando com boas cacetadas, imobilizando a cobra”.


Craveiro Lopes, em Maio de 1955, visitou Bolama e António Estácio conta-nos como foi.

Estamos num ponto crucial da obra, fala-se das grandes famílias de Bolama, sucedem-se os testemunhos como o de Elisé Turpin, um dos fundadores do PAIGC, fala-se de Armando Victor Estácio, momentos há em que Estácio volta à sua juventude, as imagens são indeléveis:  
“Bolama, no tempo da fruta madura, fosse mango, caju, jaca, laranja, goiaba, fruta-pão, tudo era bom. Cada um trazia por hábito no bolso uma embalagem de sal e malagueta, para comerem a manga verde quando iam tomar banho no ‘Pinto’, Fonte de Polícia, Tambacumba grande e Tambacumba pequena, que ficava na zona de Oncalé. Também íamos buscar cocos à Casa Nova, propriedade da Casa Gouveia”.
Não fica esquecido Francisco Valoura, de cuja obra já se fez menção no blogue. O autor dá uma especial atenção a avisos, anúncios, agradecimentos, notícias infaustas, menções comerciais, exibe mesmo um despacho datado de 1972 que é um texto primoroso e aqui se reproduz.

Podemos imaginar o labor e amor que António Estácio imprimiu a um documento tão pessoal, tão cheio de pesquisa, a uma tão grande partilha de intimidade. Fez bem, a Guiné merece-o, oxalá que estas fartas memórias fiquem rapidamente ao alcance da terra onde nasceu.
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Nota do editor

Poste anterior de 13 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16196: Nota de leitura (847): “Bolama, a saudosa…”, autoria e edição de António Júlio Estácio (1) (Mário Beja Santos)