domingo, 20 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5509: Álbum fotográfico de Rogério Cardoso (1): A Paulucha e material apreendido ao IN (Rogério Cardoso / Carlos Brito)

1. Mensagem de Carlos Brito (ex-Fur Mil da CCS/BART 645, Mansoa, 1964/66), com data de 14 de Dezembro de 2009:

Amigo Carlos Vinhal,
As fotos que junto, foram-me enviadas pelo meu amigo e ex-camarada Rogério Cardoso da CArt 643/BArt 645 e ambos concordamos que elas são dignas de figurarem na Tabanca Grande.

O Rogério só agora está a iniciar-se nestas coisas da Net. Deu-me carta branca para as difundir e eu pensei que a melhor maneira seria enviá-las para o blog só que... bem, depois se verá. Eu, pessoalmente ainda nao aderi ao blog por razões técnicas (não tenho scanner) e, confesso, também não saberia como as postar no caso de já ter aderido.

Mas aqui vai:

O Rogério Cardoso era Fur Mil Manutenção da CArt 643.

Foi condecorado por ao ter-se oferecido para substuir um camarada doente, ter sido ferido em combate. Ele foi atingido por uma granada de RPG, que não explodiu, mas que lhe fracturou uma perna. Mesmo ferido, teve o bom(?) senso de pegar na granada e atirá-la para longe.

Também ele foi o autor e mentor da AM , feita num Unimog, que aparece nestas fotos e que baptizou de Paulucha, em honra da sua filha Paula.

Na minha modesta opiniao a CArt 643 teve um desempenho, brilhante, talvez os melhores Aguias Negras . Mas, como já disse anteriormente todos foram bons...para nada.

O Rogério é também um dos fundadores da Associação Amizade do BArt 645.

Amigo Carlos Vinhal, por favor põe estas fotos no blog.
Há aínda alguns Aguias sobreviventes, que vão gostar muito de as ver.
Os meus agradecimentos.

Carlos Brito
Ex-Fur Mil
CCS/BArt 645


Fotos 1 e 2 > Rogério e a autometralhadora Paulucha



Foto 3 > A "equipa" que estava a construir a AM Paulucha

Foto 4 > Fur Mils Rogério, Fernando e 2.° Sarg Mil Hipólito e Fur Mil Graça.

Fotos 5; 6 e 7 > Armas capturadas ao IN numa Operação com a CCaç 564





Fotos 8; 9 e 10 > Mais armas, onde se vê a granada de Pancerovka que partiu a perna ao Rogério





Foto 11 > As mesmas armas e a granada citada

Foto 12 > Unimog destruido por uma mina, a 3 Km da pista de aviação de Bissorã. A viatura incendiou do que resultaram 2 feridos, o condutor (natural de Barcelos), que tinha a alcunha de Substikem, (grave), e o Fur Mil Vaguemestre Massano, (ligeiro). Este último já faleceu.

Fotos 13 e 14 > Estrada de Mansoa/Bissorã onde se pode ver uma Daimler e o que julgo ser o pessoal a plantar mancarra.


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Notas de CV:

Sobre o BART 645 vd. postes de:

13 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2636: Convívios (42): Encontro do BART 645 em Fátima, no dia 29 de Março de 2008 (Jorge Santos)

28 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2894: O Nosso Livro de Visitas (14): Carlos Brito, ex-Fur Mil Inf, BART 645 (Oio, 1964/66)
e
27 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4594: Fichas de Unidades (3): História do BART 645 (José Martins)

Guiné 63/74 - P5508: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (11): Esta água tem pouco vinho

1. Mensagem de José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73), com data de 19 de Dezembro de 2009:

Caro amigo Carlos Vinhal,
Junto encontrarás mais uma pequena história palaciana.

Mais um Natal se aproxima. Para todos os camaradas aqui ficam os meus votos de um muito Boas Festas, muita saúde, e muita alegria na companhia de todos aqueles que vos são muito queridos.
Mas bom mesmo seria que todos nós pudessemos fazer Natal todos os dias do ano.

Um abraço do tamanho do Atlântico que nos une,
José Câmara




Esta água tem pouco vinho

Os camaradas que passaram pelo AGRBIS no início do ano de 1971, devem lembrar-se que o vinho servido nos refeitórios era bastante aguado e, quase sempre, mais quente que o desejável.

Uma manhã, regressado do serviço ao Palácio, o José Francisco Serpa, um florense da Ponte da Fajã Grande, soldado da CCaç 3327 e da minha Secção contava, alegremente, ao Comandante da Companhia que, como faxina de serviço, tinha levado as amostras do rancho ao Capitão, Ajudante de Campo do General Spínola. Para o seu estado hilariante tinha contribuído o facto do referido Capitão ter reconhecido que a água tinha pouco vinho.

Mal sabia eu que a história se repetiria, com consequências bem diferentes.

Dias depois, estando eu de serviço no Palácio, fiz as amostras das iguarias do dia e, com um Soldado da Guarda, dirigi-me ao gabinete do Capitão, mas este não se encontrava lá. Por indicação de um Alferes dos Serviços de Apoio, soube que o Capitão estava na Sala de Reuniões. Bati à porta que, ao abrir-se, deu para perceber que ali estava a ter lugar uma reunião de Altos Comandos Militares da Guiné, sendo o Capitão o graduado mais novo na sala.

Pedida a devida licença para entrar, o Capitão sugeriu que os graduados mais antigos provassem as iguarias do dia. Um oficial da Marinha, Contra-Almirante, se bem me recordo, limitou-se a dizer que provaria o vinho enquanto um Coronel da Força Aérea disse que provaria o peixe.

Assim começou a odisseia do dia.

O oficial da Força Aérea ao tentar espetar o garfo no peixe, teve o azar da posta dar um pequeno salto no prato e quase cair ao chão. De imediato interpelou-me se eram só cabeças de peixe que iriam ser servidas aos Guardas do Palácio. Retorqui que não tinha a certeza, mas que aquela não sendo a maior era a mais bonita que tinha vindo. Com a minha resposta arranquei uma gargalhada de boa disposição daqueles homens.

O melhor estava para vir. O oficial da Marinha provou o vinho e perguntou aos presentes se também o queriam fazer. Todos disseram que não. Então aquele oficial perguntou-me se eu costumava beber daquele vinho e se eu gostava dele. Respondi-lhe que bebia, mas que não gostava de vinho com água.

- É isso mesmo! Esta água tem pouco vinho - disse o Contra-Almirante.

Para minha surpresa, perguntou-me se eu sabia porque é que o vinho era tão aguado. Nessa altura reparei que o meu soldado chocalhava como uma debulhadora na faina do trigo lá na terra. Do Capitão apercebi-me de um pequeno sinal de cabeça a incentivar-me à resposta que saíu, essencialmente assim:

- Muito possivelmente acrescentam água ao vinho para cortarem a força do álcool. Também sei que acrescentam algum gelo que, como pode reparar, já se derreteu. O essencial seria ter jarros para vinho, jarros para água e uma terrina com gelo. Assim, cada um beberia o vinho como mais gostasse.

O oficial da Marinha de imediato deu ordem ao Capitão para informar o Coronel Santos Costa, mais conhecido pelo apelido Onze para, a partir daquele dia, passar a servir vinho, água e gelo em recipientes separados.

E assim se cumpriu. No AGRBIS passamos a beber vinho como nos aprouvesse.

No palácio, pelas experiências que eu vivi, aprendi grandes lições para os dias que se avizinhavam nas minhas deambulações pela província da Guiné, quiçá para a minha vida. Entre elas, foram marcantes a humildade e a compreensão que vi, sempre, estampadas naqueles homens que tinham a capacidade de decidir. Porque o respeito dos outros se conquista pela força do carácter, da honestidade e do exemplo, eu apreendi a respeitar aqueles homens.

Dias depois seguiria para a Mata dos Madeiros.

José Câmara
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5469: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (10): As palmas das vitórias de uma Guerra que não era nossa

Guiné 63/74 - P5507: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Ano 2010 (15): Hino aos Sem Abrigo (José Teixeira)

FELIZ NATAL




Como eu gostava que todos os homens e mulheres tivessem um BOM NATAL!
Muito em especial os meus amigos.
Mas há tanta gente que não tem um ombro para reclinar a cabeça e receber um afecto, um carinho.
Não estou só a pensar nos ditos sem abrigo. Esses, muitos deles, já perderam a noção do sentido de Natal.
Para muitos deles, é NATAL, quando recebem um sorriso, um aperto de mão, ou uma tigela de sopa quente.

Refiro-me também a outros tipos de sem abrigo. Aqueles, e, são tantos, meu Deus!
Os que vivem na solidão de um quarto, de uma pensão, quantos deles pagos pela Segurança Social e não só. Sem uma janela para a natureza. Sem uma pessoa de família que se lembre deles, ou se se lembra é para se afastar o mais possível, porque têm peçonha. A peçonha do vício da droga ou do álcool. A peçonha de uma doença contagiante, que assusta e nada mais desde que haja o cuidado e a higiene necessários. Estes, também não tem abrigo, porque ninguém lhe dispensa um pequenino espaço do seu coração para reclinarem a cabeça.

Lembremo-nos do Menino, o Jesus de Belém, que apenas teve uma manjedoura para nascer, mas teve o carinho dos pais, o calor do bafo do burrinho e da vaquinha. E os pastores quando souberam vieram a correr transmitir-lhe o calor humano.

Aos queridos camaradas, que calcorrearam as picadas tórridas da Guiné e se unem num projecto comum de viverem a amizade, eu quero desejar um SANTO E FELIZ NATAL.
Ouso recordar-lhes que há tanta gente sem NATAL


Hino aos SEM ABRIGO

Não estou só. Vivo sozinho.
Como companheiro,
O cão do meu vizinho.
Descobriu em mim um novo amigo,
Que o afaga e lhe dá carinho.
Descarrego nele, toda a solidão,
Que me vai no coração.
Vivo aqui, além…
Tendo como companheiros
Ninguém …
Não.
Tenho o cão. Fiel companheiro
Que nunca me pede dinheiro.
O dia corre.
Tem luz, cor, alento, prazer.
Vem a noite.
Que dor.
O escuro frio. O desejo de morrer.
Só.
Tal como vivo.
Sem sentido.
A brisa fresca, que os ossos enregela
Leva-me para a soleira de uma porta.
A mim e ao cão.
Que não precisa de trela.
Cobrimo-nos.
O cão e eu.
Com a coberta azul do céu,
Que Deus teceu
Talvez de um só fio.
Mas,
De tão esburacada que está,
Deixa passar tanto frio!
Aqui ficamos nós.
Sós.
E de estômago vazio.
À espera de um novo dia.
Esperança.
Que o sol anima na sua dança.
Acorda-nos a música da vida, a renascer.
Um abrir de persianas.
Um aqui, outro acolá, mais além.
O andar apressado. Alguém.
Que passa.
Eu continuo deitado.
Não espero ninguém.
Da vida perdi o tino
Não me lembro do passado
Que futuro?
Sem destino.

Zé Teixeira
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Notas de CV:

José Teixeira foi 1.º Cabo Enfermeiro da CCAÇ 2381 que esteve em Buba, Quebo, Mampatá e Empada nos anos de 1968 a 1970.

Vd último poste de José Teixeira de 4 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5406: Os nossos camaradas guineenses (16): A morte do Aliu Sanda Candé (José Teixeira)

Vd. último poste da série de 20 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5506: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (14): A herança do soldado Alcobia (Jorge Cabral)

Guiné 63/74 - P5506: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (14): A herança do soldado Alcobia (Jorge Cabral)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Cabral, com data de 18 do corrente:

Amigos!

Hoje não vai “estória cabraliana”. Nem estória. Ao percorrer os trilhos deste mato lisboeta, não consigo virar a cabeça para o lado ou desviar o olhar…

Que tenham Natal! Abraços Grandes , Jorge Cabral


Assunto - A Herança do Soldado Alcobia

Há mais de trinta anos que conheci o senhor Alcobia. Carregador numa Empresa de Mudanças, sita no Largo do Mitelo, ao lado da Escola onde eu ensinava, quase todas as manhãs me ajudava a arrumar o carro. Entretanto deixei aquela Escola, mas vim a reencontrar o Senhor Alcobia, aqui aos Anjos, pernoitando na rua, agora um sem-abrigo. De vez em quando conversava com ele, até que há uns meses, lhe descobri no braço a tatuagem “Amor de Mãe, Guiné, 1970-1972”. O Senhor Alcobia, o Soldado Alcobia, um de nós... afinal.

Ontem procurei-o. Ele morreu, informou-me um Moldavo, já bêbado às nove da manhã, entregando-me um saco, a herança do Senhor Alcobia. No saco, pouca roupa, três garrafas, duas latas de conserva e embrulhados em plástico, cinco aerogramas ilegíveis…

À noite, dei aula. O Art.º 1.º da Constituição. “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana... e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.

Ah! É verdade! Para a semana é Natal!

Jorge Cabral

Guiné 63/74 - P5505: Parabéns a você (57): José Casimiro Carvalho (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAV 8350 (Editores)

»»»»»»» F*E*L*I*Z .... A*N*I*V*E*R*S*Á*R*I*O «««««««


1. Completa hoje mais um aniversário o nosso Camarada José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAV 8350 (1972/74) e dos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11) - Gadamael, Guileje, Nhacra, Paúnca:


A primeira vez que se falou no Casimiro, aqui no blogue, foi em 2 Dezembro 2005, no poste CCCXXVIII, mas a sua apresentação “oficial”, só foi feita pelo Luís Graça em 25 de Março de 2007, no poste P1625, de que relembro a introdução e os parágrafos finais:


“Dos Piratas de Guileje (CCAV 8350, 1972/73) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11, 1974)

Fiz a recruta como soldado do contingente geral em Leiria, no RI 7 – Regimento de Infantaria 7. Fui depois escolhido para frequentar o CSM – Curso de Sargentos Milicianos em Caldas da Rainha (RI-5).


Destacado para Tavira, acabei por ser escolhido, in extremis, para frequentar o curso de Operações Especiais, em Lamego, o qual terminei com 15,28 valores.

Segui para Estremoz onde, já como Cabo Miliciano, ministrei instrução num pelotão da CCAV 8351 (mais tarde chamada, na Guiné, Os Tigres de Cumbijã). Nomeado para servir no CTIG, fui transferido para a CCAC 8350 (que ficará conhecida como Os Piratas de Guileje).

Embarcámos em Outubro de 1972 e já em Bissau seguimos numa LDG para Gadamael e daí para Guileje, em coluna auto, com uma segurança reforçada (na óptica de um maçarico, hé-hé-hé).

(…)

Deixei a G3 em Guileje...
Fui encarregado de comandar uma coluna de 22 viaturas até Bissau, por Fajonquito, Jumbembem Farim, Mansoa, Nhacra…Bissau. Ao fazer o espólio, não tinha G3, mas , como não tinha…

- Ó pá, estiveste em Guileje ?... Então ‘tá bem, não entregas.

A seguir vim de avião para a Peluda. Nesta pequena resenha há imprecisões próprias da distância temporal, do stress pós-traumático de guerra, há erros de cronologia e… não há sequência, mas serve para o que serve, afastar fantasmas e partilhar com a tertúlia do Graça e para isso… basta, tá?”

2. Como hoje é dia de aniversário do Casimiro Carvalho, um nativo do signo astrológico Sagitário (22 de Novembro e 21 de Dezembro), fomos consultar um o popular KAZULO (http://horoscopo.kazulo.pt/4866/signos-do-zodiaco.htm), a saber o seu eventual perfil:


“Os Sagitários possuem uma personalidade entusiasta, optimista e sempre de olhos postos no futuro. Têm fé e não há nada que os faça perder a exuberância pela vida. Mesmo que as coisas não correm bem, são capazes de encontrar sempre um lado positivo e identificar um significado e a razão pela qual as coisas aconteceram daquela forma.
"Um Sagitário tem muitas filosofias, e porque entende que as nossas motivações e formas de pensar estão relacionadas com a altura e local onde estamos, as suas ideias e argumentos podem soar quase proféticos. Nalgumas ocasiões, podem estar tanto com a cabeça no ar que não vêem algo correcto que esteja à sua frente.

Os Sagitários têm tendência para tirar conclusões precipitadas e de se estenderem em compromissos, tempo e objectivos. Honestos e frontais podem por vezes magoar ou ofender alguém com um dos seus comentários espontâneos, ficando de certa forma melindrados, quando se apercebem dos efeitos das suas palavras. Haverá infelizmente, alturas em que eles não se aperceberão do mal que causaram.”
3. Já toda a Tertúlia deve saber, que eu (Magalhães Ribeiro) e o Casimiro Carvalho além de termos em comum o curso de Op Esp/RANGER, convivemos amiudemente e somos imensamente Amigos, diria mais… somos como irmãos.

Assim, vou-vos contar, aqui, só para nós que ninguém nos “ouve”, que o Casimiro está casado com uma bela senhora de seu nome Ana, tem duas filhotas (Kikas e Sofia), que são as meninas dos seus olhinhos, e, como se não lhe bastasse, muito recentemente, a sua vida ganhou uma nova perolazinha, com o “aparecimento” da sua primeira filha da Kikas, a Beatriz (BB para os Amigos).
Escusado seria dizer que o Casimiro e a Ana são AVÓS… BABADOS!

Mais escusado seria dizer… qual são os avós que o não são?!

4. Independentemente dos comentários que os nossos Camaradas colocarão no local reservado aos mesmos, queremos em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais Camaradas da Grande Tabanca, cantar-te a seguinte cantiguinha:


PARABÉNS A VOCÊ,
NESTA DATA QUERIDA,
MUITAS FELICIDADES,
MUITOS ANOS DE VIDA.
HOJE É DIA DE FESTA,
CANTAM AS NOSSAS ALMAS
PARA O AMIGO CASIMIRO...
UMA SALVA DE PALMAS!


E mais acrescentamos que:


O nosso maior desejo, neste teu aniversário, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.

Que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos te possa enviar mensagens idênticas, às que hoje lerás no cantinho reservado aos comentários.

Estes são os nossos sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas.

Com um grande abraço fraterno.
___________
Nota de M.R.:

Vd. primeiro poste sobre o Casimiro Carvalho em:

2 Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXVIII: No corredor da morte (CCAV 8350, Guileje e Gadamael, 1972/73)
Vd. o poste de apresentação do Casimiro Carvalho em:
Vd. último poste desta série em:

sábado, 19 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5504: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (13): Várias mensagens da tertúlia - II (Editores)

Reproduzimos mais 10 mensagens de Natal de camaradas que se nos dirigiram através de correio electrónico.

Os editores retribuem e agradecem.



1. Mensagem de António Paiva com data de 13 de Dezembro de 2009:

Camaradas,
A todos desejo um FELIZ E SANTO NATAL, na companhia de Vossas famílias.
Ficamos esperando que 2010, nos traga mais alegrias que tristezas.
Aí vos mando uma ternura de NATAL.

Um abraço
António Paiva



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2. Mensagem de Joaquim Mexia Alves com data de 14 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos, meu camarigo
Com os desejos de um Santo Natal e um Ano Novo cheio das bençãos de Deus, para ti e todos os teus, convido-te a acederes ao meu blogue para leres um conto de Natal, um hábito que tenho desde há uns anos a esta parte.

http://www.queeaverdade.blogspot.com

Isto do meu blogue não é segredo nenhum, só não falo mais dele na Tabanca porque não é tema da Tabanca, mas tenho muito gosto em que o visitem e conheçam melhor a minha vida.

Abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves

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3. Mensagem de Albino Silva com data de 17 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos Vinhal e todos os Tertulianos.
Quero aqui deixar Votos de Um Santo Natal e um Ano Novo com muitas coisas na nossa Tabanca.
Brevemente enviarei coisas novas também.
BOAS FESTAS ...
Albino Silva

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4. Mensagem de Idálio Reis com data de 18 de Dezembro de 2009:

Aos velhos companheiros, que num outro tempo, partilharam comigo o serviço militar por terras ardentes da Guiné, ao manifestar-lhes uma d(o)uradoira amizade, faço votos que no seio dos seus entes mais queridos, usufruam de um feliz Natal.

Um grande abraço do
Idálio Reis



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5. Mensagem de Jorge Félix com data de 18 de Dezembro de 2009:

Caríssimos,
Aproveito os endereços para agradecer e encaminhar Votos de um Ano de 2010, (quem pensava chegar cá?), recheado de alegrias e saúde.

Com amizade vos abraço
Jorge Félix

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6. Mensagem de Vasco da Gama com data de 18 de Dezembro de 2009:

Camaradas e Amigos de terra, ar e mar,
Não conheço pessoalmente alguns dos elementos contidos no pacote, proveniente do Idálio, mas isso que importa? Aqui vai um grande abraço natalício para todos e votos de um grande ano de 2010 com muita saúde, pois o resto vem por arrastamento.

Abraços fraternos do,
Vasco da Gama

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7. Mensagem de Artur Soares com data de 19 de Dezembro de 2009:

Olá, Luís Graça e co-editores!
Nesta época Natalícia, desejo a todos os tertúlianos, um Feliz Natal, cheio de saúde, paz, amor e alegria e que o Novo Ano de 2010, traga as maiores felicidades, extensivos aos seus famíliares.

Um abraço para todos
Artur Soares



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8. Mensagem de Jorge Santos com data de 19 de Dezembro de 2009:

Para todos os Tertulianos, seus familiares e amigos:
Votos sinceros de um Natal em paz, com bastante saúde e muita alegria.
Que o ano de 2010 seja de felicidade e de esperança no futuro.
Festas felizes

Jorge Santos

"Um Natal de solidariedade, mas no coração de toda a humanidade"

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9. Mensagem de Torcato Mendonça, via telefone:

O nosso camarada Torcato Mendonça
, em conversa telefónica com o editor Carlos Vinhal, pediu para transmitir a toda a Tertúlia os seus votos de um Bom Natal, de acordo com as convicções religiosas de cada um, e um Novo Ano com saúde que é o que mais queremos na nossa idade. Para os tertulianos mais novos, muitos êxitos nas carreiras profissionais e que nunca falte a oportunidade de serem úteis ao progresso deste país.

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10. Mensagem de José da Câmara com data de 19 de Dezembro:

Caro amigo Carlos Vinhal,
Mais um Natal se aproxima.
Para todos os camaradas aqui ficam os meus votos de um muito Boas Festas, muita saúde, e muita alegria na companhia de todos aqueles que vos são muito queridos. Mas bom mesmo seria que todos nós pudessemos fazer Natal todos os dias do ano.

Um abraço do tamanho do Atlântico que nos une,
José Câmara
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5501: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (12): Vamos ajudar camaradas em dificuldades (Manuel Marinho)

Guiné 63/74 - P5503: Notas de leitura (44): Memória dos Dias Sem Fim, romance de Luís Rosa - I (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Dezembro de 2009: 

 Malta, Temos finalmente escritores com obra firmada centrados na nossa guerra. Luís Rosa tem vastos créditos, acaba de prestar uma grande homenagem revisitando com boa prosa os tempos que todos nós ali vivemos. Envio o resto da recensão no princípio da semana. 

 Um abraço, Mário 


  Em Sangonhá, entre Gadamael e Cacine 

por  Beja Santos


  "MEMÓRIA DOS DIAS SEM FIM" é o romance mais recente de Luís Rosa (autor de "O Claustro do Silêncio", "O Terramoto de Lisboa e a Invenção do Mundo", "O Amor Infinito de Pedro e Inês", "Bocage – A Vida Apaixonada de Um Genial Libertino" e "O Dia de Aljubarrota"), são as suas recordações da Guiné, onde terá combatido entre 1964 e 1966. 

Terá combatido, na justa medida em que a estrutura da obra não leva o autor a apresentar-se autobiograficamente, há distâncias que são propositadamente confundidas entre o relator e o experimentador das memórias. É um livro com uma enorme carga poética e em que se procura responder ao acervo de inquietações de quem combateu e aprendeu a crescer, guardando saudades e regressa ao teatro dos acontecimentos sem rancores nem pedidos de explicação. 

São sucessivos episódios, balizados pela cronologia de quem parte para a sua viagem no cais do Pidjiquiti e regressa à Guiné reencontrando-se em Lisboa com um comandante de uma unidade de guerrilha do Sul da Guiné. É desse cais do Pidjiquiti que ele partirá para Sangonhá, o seu destino era a fronteira sul, além-Cacine, que ele assim define: “Um corredor estreito de cerca de três quilómetros, esganado entre o rio Cacine e a linha imaginária da fronteira. Terra de imprevistos, onde a guerrilha se movia à vontade, e se construía uma linha de quartéis, tentando conter a infiltração”. 

Durante a viagem, dá-se uma versão da revolta que ocorreu em 3 de Agosto de 1959, o que historicamente está provado que não foi assim, já havia movimentos independentistas em gestação, o massacre de 3 de Agosto foi mais um detonador de consciências de que o fermento da luta armada. 

O narrador fascina-se com o relato do comandante Nalu sobre os acontecimentos do Pidjiquiti e rende-se às belezas das florestas, ao rendilhado das águas, ao imputo do tornado e, enfim, a sua embarcação chega a Cacine. 

Sabemos agora que o narrador é alferes, coube-lhe a missão de construir um quartel em Sangonhá, entre Gadamael e Cacine. A partir de agora, os acontecimentos precipitam-se. Entra em cena o Costa, o mais importante comerciante de Cacine, dono do “Paraíso”, o bordel local. 

Mais tarde, por detrás das defesas sólidas do quartel de Sangonhá, onde se misturavam “soldados, população, galinhas, cabras, crianças correndo inconscientes, armas montadas, camiões e tudo mais da ordenada desordem da guerra”, o alferes vai ver um clarão enorme sobre a floresta para os lados de Cacine, ficará a saber que o “Paraíso” estava a arder, bidões de petróleo e aguarrás, panos e óleos ajudaram ao extermínio rápido. 

Luís Rosa vai desfiando tudo aquilo que nós vivemos: os casamentos entre nativos, a exploração colonial; o corpo jazente de um guerrilheiro com a massa encefálica ao lado; as populações obrigadas ao jogo duplo; as morteiradas vindas da República da Guiné; os abastecimentos e a coexistência entre os barcos de guerra e as embarcações de pesca. Mas também a chegada de grandes contingentes, a apresentação dos outros participantes daquele mesmo palco, os de Ganturé, Buba, os fulas de Gabu, veteranos de cavalaria de Aldeia Formosa, uma vasta força que se movia para criar uma linha de quartéis até Cacine. 

O nosso alferes fica em Sangonhá onde, num frenesim se construíram as defesas, espessas paredes de chapas abertas de bidão, profundas fossas circulares, abrigos. São dias e noites em que os blindados Fox andarão de um lado para o outro, seguir-se-ão flagelações, emboscadas, haverá mortos. Um ferido agonizante será despachado com um tiro de misericórdia. 

O alferes de Sangonhá vai ganhando familiaridade com a morte. Ele vai descobrindo que a guerra é loucura, que entre esta e a normalidade há uma fronteira imprecisa, que há prisioneiros indomáveis e outros resignados, há gente que parte para o mato com a resolução de enveredar pela guerrilha, há gente que regressa e tem que jogar o jogo do bom. O alferes assiste aos impulsos sexuais de quem o cerca, descobre que a intolerância não resolve nada, vê Muçulmanos a beber álcool às escondidas, aprende os temores do Irã, força todo-poderosa venerada pelos animistas. 

O alferes assiste ou tem notícia da brutalidade que vai escorrendo por aqueles que descobrem que são carrascos, verdugos a quem nunca se pedirá contas, como o caso daquele alferes que vai punir um denunciante que levou informações para a guerrilha e que depois confessou tudo: o homem depois vai cavando a pequena vala que haverá depois de ser a sua sepultura, o carrasco manda deitar o condenado na cova, soa depois um tiro, o carrasco corta uma orelha à vítima. 

Por vezes, o alferes sai de Sangonhá, descreve as belezas envolventes, mas também as vicissitudes e os trabalhos quotidianos: 

Gadamael servia de ancoradouro e descarga das lanchas de desembarque e batelões vindos de Bissau com o abastecimento. Uma vez por mês surgiam no horizonte do rio. Os homens das lanchas tinham pavor do mato e ficavam sempre temerosos de que uma emboscada surgisse no imprevisto da floresta... Para além do som arrastado do rádio, apenas o avião de ligação, à quarta-feira, sobrevoava o quartel. Olhávamo-lo como ave que vinha da terra de gente onde não havia tiros. Desenhava um círculo e atirava o saco de correio cheio de aerogramas. Depois fazia um abanar de asas e afastava-se, como ave-do-paraíso regressando ao seu mundo sonhado”. 

 No isolamento, contam-se os dias, rasga-se uma pista de aviação a pensar em melhorar o abastecimento e para evacuar os feridos. O alferes interroga-se sobre a ideia de Deus, sobre a presença do padre, o papel das crenças e as manifestações da religiosidade. Por vezes, o alferes é açoitado pelo destino e marcado pelas perdas irreversíveis. É o caso da morte do Braga, homem de sete ofícios. O Braga fez ao alferes uma bela cadeira em pau-rosa, modelo único: 

Sem um prego ou parafuso, apenas o conjunto suportado por espigas, harmoniosamente concebidas, num equilíbrio e estabilidade perfeitos, desencaixando-se num ápice e ficando reduzida a um molho de pequenas travessas, enroladas num pano, que um alfaiate nativo tinha feito, para servir de assento e embrulho”. 

Depois o Braga parte para uma retaliação com uma força comandada pelo capitão Garcia Leandro. 

Antes, recorda o alferes, houvera um pungente episódio de um morticínio de um bando de macacos-cães, atingido em cheio por uma granada de morteiro:

 “Os corpos aos bocados, às dezenas, espalharam-se em volta. Os outros, os que escaparam e os semivivos, lançavam gritos lancinantes, enchendo o espaço, ecoando na floresta, como se fossem gente”. 

Pois bem, os homens de Sangonhá vão até Marela, um santuário do PAIGC, em manobra punitiva. Os guerrilheiros são apanhados de surpresa, Marela torna-se, na confusão e protecção de um dia que amanhece, um campo juncado de cadáveres. A força comandada por Garcia Leandro retira com o Braga, morto em dia aziago. Ao alferes fica a cadeira do Braga: “A obra está sempre completa no ponto em que a deixamos”. 

 Há ainda muito mais coisas a dizer do alferes e o livro é merecedor da nossa atenção (“Memória dos dias sem fim”, por Luís Rosa, Editorial Presença, 2009). É pena os excessos de quem apresenta o livro dizendo que “Rasga novos horizontes, simultaneamente mais vastos e profundos, reveladores da própria dimensão humana. É a realidade da guerra em toda a sua desconformidade e falta de sentido, capaz de denunciar as muitas faces ocultas do homem, desnudando-o e mostrando-o como realmente é – sofredor, idealista, solidário, cruel”. 

Quem isto escreve nunca deve ter folheado o que já se escreveu sobre a guerra colonial, lança-se impunemente num dislate quem nem serve para vender mais livros. Seja como for, Luís Rosa é um muito digno camarada da Guiné, mesmo que, por hipótese, esteja a escrever pelo seu punho o relato de outro.

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 Nota de CV: 

Guiné 63/74 - P5502: Tabanca Grande (195): Ernesto Ribeiro, ex-1.º Cabo da CART 2339, Mansambo, 1968/69, contacta de novo o nosso Blogue

1. Mensagem de Ernesto Ribeiro (ex-1.º Cabo da CART 2339, Mansambo, 1968/69), com data de 11 de Novembro de 2009:

Luís Graça
Deixei de dar noticias mas estou atento a tudo o que se passa no blog. A verdade é que não sou propriamente um fulano com uma grande memória e nada destinado a fazer a história embora aprecie muito a mesma.

Como sabeis faço parte da Cart 2339, considero ainda hoje que a mesma existe já que anualmente nos encontramos, e nisso tive um contributo decisivo para estes convívios.

A 2339 (OS VIRIATOS) surgiu em inicio de 1968 em Fã de Cima pois na de baixo estava a 2338 e depois dos primeiros tempos de estágio lá fomos até Mansambo para iniciar a construção do Resort. De resto O Torcato e Marques dos Santos já têm dado o seu contributo para essa mesma história. Pena é que o Cardoso 2.º Comandante da Companhia seja tão fechado, porque teria muito para acrescentar a esta História.

Se me é permitido aqui fica o apelo de toda a Companhia. CARDOSO, estamos a ficar mais usados aparece com as tuas lembranças que sabemos que tens e sabemos também que és seguidor atendo deste nosso blog que o Luís Graça em boa hora colocou no ar.

Vou juntar a minha fotografia actual já que ainda não o tinha feito. Logo que eu arranje forma de colocar uma do tempo da tropa no computador farei o seu envio.
O meu agradecimento para todos quantos mantêm viva a história e um abraço para todos.

Ernesto Ribeiro

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento. Ao fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole.

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71

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Nota de CV:

Vd. poste de 7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5418: Tabanca Grande (194): Braima Djaura, Sold Cond Auto, CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74, um sobrevivente

Guiné 63/74 - P5501: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (12): Vamos ajudar camaradas em dificuldades (Manuel Marinho)

1. Mensagem de Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 11 de dezembro de 2009:

Caro amigo Carlos Vinhal:
Envio-te este texto, como de costume faz o que melhor entenderes com ele, não precisas de justificar nada, nem o título tem.



Neste Natal, lembremo-nos dos camaradas que precisam de ajuda

Das coisas que tenho feito ultimamente, a par da visita assídua ao blogue, tem sido tentar encontrar os meus camaradas com quem partilhei o sangue, suor e as lágrimas, no solo da Guiné ao serviço da Pátria e a emoção tem sido uma constante, pois já são mais de uma dezena os que estão localizados e que por razões várias não comparecem aos almoços anuais, entre os quais eu me incluo, organizados por camaradas do meu Batalhão.

Os traços comuns a todos, é a profunda revolta por todos os que querem fazer esquecer o que foi a guerra colonial, começando sempre muito naturalmente pelos que estiveram à frente dos destinos do País, em todos estes anos de vivência democrática.

Sentimo-nos abandonados e traídos pelos que deveriam ter a obrigação de corrigir e cuidar de uma coisa tão simples que era honrar, os que um dia lutaram pela Bandeira, e não discuto aqui se foi por dever ou obrigação, isso são discussões que guardo para ocasião oportuna.

O sentir um homem chorar de emoção ao dar um forte abraço ao camarada que se meteu ao caminho para o encontrar ao fim de 35 longos anos é uma ocasião única de conforto e riqueza humana difícil de descrever e que nos fica até á morte.

Depois as mazelas que nunca mais saram, problemas graves de relacionamento humano porque que só entre camaradas que passaram pelo mesmo são atenuados e, pode haver algum entendimento e ajuda espiritual para os que estão menos bem.

Curioso, todos gostam da Guiné!
Isto vem a propósito das recentes polémicas que tenho seguido no blogue.

Guerra: Perdemos ou ganhamos?

Guileje: Abondono ou acto de coragem?

E já agora:

Os comandantes das nossas unidades militares, será que deram o exemplo, para o que nos treinaram, ou nem sequer saíam para as operações com os seus homens?

Estas discussões são benéficas (eu também tenho opinião formada), mas temo que estejam a passar ao lado da esmagadora maioria de quem lê diariamente o blogue, não esqueçamos, que temos de incentivar os que não podem ou não querem escrever, mas deixo já ficar claro que aprecio a inteligência dos camaradas que vão dirimindo os seus argumentos.

No entanto vou adiantando que penso que todos perdemos, e quem ganhou foram os que se baldaram, triste sina do meu País que tanto maltrata os que o servem!

Esta quadra é propícia ao entendimento humano, mas infelizmente na vertigem do dia a dia, e nas voragens comerciais, inadvertidamente fechamos os olhos ao que nos rodeia.

O meu desejo para este Natal é que todos nós aqui no blogue, comecemos desde já a procurar camaradas nossos que estejam em situações complicadas e que os ajudemos a integrar no nosso meio. Se cada um de nós encontrar um que seja, vamos em 2010 discutir a forma de restituir a dignidade perdida a esses nossos camaradas, que na minha modesta opinião, são bem mais importantes, que os muitos figurões com os quais perdem energias e talento os nossos camaradas mais activos nas tais quezílias.

Estou a lembrar-me dos sem-abrigo, ex-combatentes que estão ainda muito longe de serem convenientemente ajudados, e para eles o meu respeito e solidariedade.

A conversa vai longa e é altura de deixar de moer a vossa paciência.
Peço desculpa a toda a Tabanca, mas começo pelos comandantes.

Aos editores deste enorme e famoso blogue, os desejos de Bom Natal e grande Ano 2010 com muita saúde na companhia de todos os seus familiares.

Aos restantes Tertulianos e suas respectivas famílias, votos de Bom Natal e feliz Ano 2010, com muita saúde e muitas estórias, são os votos do.

Manuel Marinho
Sejam todos muito felizes
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 7 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5230: Guidaje, Maio de 1973 (2): O fim do pesadelo (Manuel Marinho)

Vd. último poste de 19 de Dezembro de 2009 > 19 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5500: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (11): Natal com calor (Paulo Salgado)

Guiné 63/74 - P5500: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (11): Natal com calor (Paulo Salgado)


1. O nosso Camarada Paulo Salgado, ex-Alf Mil da CCAV 2721 (Olossato e Nhacra - 1970/72), hoje coronel na reforma, enviou ao Luís Graça um curto conto de Natal, em 18 de Dezembro, que o Luís quis partilhar connosco;

Meu Caro Luís Graça,

A nossa grande estima. Votos de Boas Festas para Ti e Teus.

Em um breve conto que escrevi em Bissau há três anos.

Paulo Salgado, Conceição e Paula.

NATAL COM CALOR

A aldeia de Nhane fica a cerca de cinquenta quilómetros de Bissau. Para lá se dirige Alberto e sua mulher, acompanhando António Kundé, funcionário superior do Ministério dos Assuntos Sociais, em visita a sua mãe.

É véspera de Consoada.

Pelo caminho, já nas cercanias da povoação, repararam nos pequenos santuários animistas, erigidos a deuses variados – e junto deles flores, ou folhas, ou conchas ou amuletos, sinal de recente visita de crente ansiando benesse divina.

Debaixo do alpendre, sentaram-se nas tropeças, e conversaram todos sobre a vida da tabanca: da lavoura, das festas, das misérias e sofrimentos de quem trabalha muito e padece mais, e da cidade ali tão perto e tão longe, onde alguns têm tudo ou quase tudo: camisa e calça alisada, pãozinho quente pela manhã, bebendo bom vinho, tanta coisa boa...

O tempo foge devagarinho.

O sol está a desaparecer por detrás das palmeiras (as noites, aqui em África, caem muito depressa! as galinhas deixaram de rapar a terra e procuram um galho para noitarem; os porcos acomodaram-se; as mães começaram a arrastar os filhos e os netos para dentro de casa; os homens fumam a derradeira cachimbada.

O silêncio faz-se mais. Os visitantes preparam-se para partir.

Um velho, porventura o mais velho ancião da aldeia, pediu ao familiar António um momento de espera antes da partida. Entrou na sua casa e depressa regressou.

Nas suas mãos calosas, mas com pele sedosa e brilhante, trazia um pequeno ovo que depositou, candidamente, nas mãos brancas da mulher branca.

Santa véspera de Natal, sem ser Natal, em Nhane.

Paulo Salgado
Alf Mil da CCAV 2721
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P5499: Parabéns a você (56): Humberto Reis (ex-Fur Mil At Inf Op Esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Luís Graça)


Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  2º Grupo de Combate > 1970 > O Humberto, à ré, mais o soldado de transmissões Santos, à proa, treinando as suas perícias na difícil modalidade da canoagem local...

"O António Dias Santos, de alcunha, não sei porquê, 'O Bacalhau'. Quando estava em Bambadinca normalmente andava pela tabanca ao cheiro das bajudas e quase sempre com uma varinha na mão a imitar um pingalim. Há uns anos, quando organizei um dos primeiros almoços da rapaziada, procurei na lista telefónica o nome dele na zona da Régua, pois sabia que ele tinha sido funcionário da CP e que morava ali. Descobri-o, mas quando falei com a senhora é que fiquei a saber que ela já era viúva do 'Bacalhau' " (HR)

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados



Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  2º Grupo de Combate > 1970 > Passados mais de meio ano, ainda eram visíveis os sinais da tentativa de destruição da ponte (em 28 de Maio de 1969, por ocasião do grande ataque do PAIGC a Bambadinca,  dois meses depois da grande Op Lança Afiada)...

Foto: © Humberto Reis (2006). Direito reservados



Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > 2º Grupo de Combate > 1970 >  O Humberto, pescador à força... Afinal de contas, não havia aí nada para se fazer, a não ser pescar e nadar, e alternar o dormir com  o estado de vigilia... Mas aquela ponte valia ouro... Por aí passava toda a malta que aí para a zona leste (que ia do Corubal ao Boé)... De qualquer modo, o tei/nosso tempo (também lá passei férias...) aquilo até parecia o paraíso terrestre: veja-se aí, na foto, esses  teus dois "queridos nharros" (não é racismo, é ternua...) a  trabalhar para o bronze... (O que será deles ?, pergunto-me muitas vezes...).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direito reservados



Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969 > O 2º Grupo de Combate da CCAÇ 2590 (futura CCCAÇ 12), ainda em período de instrução da especialidade .

O 2º Gr Comb era comandado pelo Alferes Miliciano Carlão (co-optado do CSM, se bem me lembro...) que aparece na fotografia, na primeira fila, ajoelhado, olhando no sentido oposto ao do fotógrafo (rectângulo a amarelo). Vive hoje em Fão, Esposende. É casado com a Helena, a única  "mulher branca" da CCaç 12 que viveu connosco em Bambadinca. O Carlão é transmontano, não sei se de Mirandela ou Miranda do Douro...

Atrás dele o soldado Arménio, de alcunha o Vermelhinha (era cabo, antes de embarcar mas foi despromovido, por ter apanhado uma porrada da Polícia Militar) (rectângulo a amarelo). Um regula do Porto... (Gostava de o rever...).

De pé, na terceira fila, os furriéis milicianos António (Tony) Levezinho e Humberto Reis (rectângulo a vermelho). Na segunda fila, meio agachados, os 1ºs cabos Branco e Alves (de alcunha o Alfredo) (rectângulo a verde).

Um grupo de combate da CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) era constituído por 30 homens. Havia 4 Gr Comb. Cada grupo de combate, comandado por um alferes, tinha três secções (1 furriel e 1 cabo e oito soldados, estes africanos).

Casa secção era especializada. Havia a secção dos lança-granadas, com o respectivo apontador e municiador (1 LGFog 8.9, 1 LGFog 3.7). Havia a secção do Morteiro 60 (apontador e municiador ). E havia ainda a secção da Metralhadora Ligeira HK 21 (apontador e municiador). Cada combatente estava equipado com a espingarda automática G-3 e granadas defensivas. Em geral havia ainda dois apontadores de dilagrama (neste caso, 1ª e 3ª secção).

Foto: © António Levezinho (2005). Direitos reservados

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) >  CCAÇ 12 (1969/1971)  > Pessoal do 2º Grupo de Combate atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba. No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (salvo erro), vê-se o Furriel Miliciano Tony Levezinho, ao meio, ladeado pelo 1º Cabo Branco (à sua direita) e pelo 1º Cabo Alves (à sua esquerda). Foto tirada pelo Humberto Reis (ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 12,  2º Gr Comb).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados
 
Composição do 2º Gr Comb

Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão (natural de Mirandela ?)

1ª secção

Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7) (Fula)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca (natural do Porto)
Sold 82118169 Samba Camará (Futa-fula)
Sold 82115369 Iéro Jaló (Fula)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (Fula)
Sold 82105169 Mamadú Bari (Futa-fula)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (Futa-fula)
Sold 82118669 Mussa Seide (Fula)
Sold 82117669 Amadú Camará (Futa-fula)

2ª Secção

Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis (natural de Lisboa)
1º Cabo 17626068 José Marques Alves (natural de ?)
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (Fula)
Soldado 82101469 Udi Baldé (Futa-fula)
Sold 82101069 Sajo Candé (Fula)
Sold 82108069 Alfa Jaló (Fula)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (Fula-fula)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (Fula)
Sold 82111069 Adulai Baldé (Fula)
Sold 82117269 Adulai Bal (Fula)

3ª Secção

Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho (natural da Amadora)
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco (natural de ?)
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (Fula)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82111369 Amadú Turé (Fula)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (Fula)
Sold 82107869 Iero Jaló (Futa-fula)
Sold 82116869 Gale Camará (Fula)


Guiné > Zona Leste >Sector L1 > Estrada Xime-Bambadinca > 1970 > Coluna auto da CCAÇ 12 nas proximidades da tabanca fula, em autodefesa, de Amedalai. 

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados


 
 
  Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (196/71) > Éramos três bons amigos e, além disso,  partihavámo o mesmo quarto e, na hora do tacho, a mesma mesa...  Da esquerda para a direita: os Fur Mil Tony Levezinho, Humberto Reis e [Luís Manuel da Graça] Henriques...



Meu caro Humberto: A falta de tempo (e agora de  sono) impede-me fazer o grande poste, de elogio militar, pessoal e profissinal, a que tens direito. Mas, mesmo assim,  não quero deixar de te mandar um abraço fraterno por ocasião do teu aniversário... Ainda pensei poder apanhar-te em casa mas soube, pela Teresa, que estavas fora, num juntar com malta da ANA. Gostei de falar com a Teresa. Sei que hoje vais ter rancho melhorado e, o mais importante, a presença das tuas filhas e do teu netinho.

Fica aqui, mal alinhavada, na Ordem de Serviço, a minha nota a assinalar o teu dia de anos. Espero que o pessoal da Tabanca Grande seja generoso contigo e te encha, se não a despensa (com o perú, o bacalhau, a lagosta, o champagne e os tintóis do Natal), pelo menos com os miminhos que toda gente gosta no seu dia de aniversário: afinal somos umas (e)ternas crianças .. No teu caso, julgo que serão bem vindos e agradecidos... Que a vida não te tem sido fácil nos últimos tempos... A gente, que tinha direito a sopas e descanso, anda nesta idade ainda na lufa-lufa da vida, preocupada com a saúde (nossa, da mulher, dos velhotes...), com o emprego (dos filhos..), do futuro de todos nós... Mas temos fibra de lutadores, e não lançamos a toalha ao chão, logo às primeiras porradas (que é a coisa que a gente sabe o que é, que na CCAÇ 12 deu memso para dar e levar...).

Recebe, do maralhal, aquele abraço do tamanho do nosso Rio Geba. Fui ao teu arquivo buscar algunas fotos das tuas "férias" no resort do Rio Udunduma, afluente do Geba... Fiz questão de as inserir em formato extra... (A gente não se cansa de as ver)....Com tempo poderia lembrar-me de algumas boas e malucas  histórias que passámos juntos... Talvez fique para mais logo. Ou talvez não: vou sair, até à Lourinhã, para fazer o almocinho de Natal com os meus velhotes (que estão no lar). Até lá, uma boa noite e um bom dia. Teu amigo e camarada Luís.

PS - Recebe um abração do Tony, falei há dois dias com ele. Está em Lisboa, de passagem.
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