terça-feira, 30 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6066: Parabéns a você (94): Benjamim Durães, ex-Fur Mil Op Esp e Rec Info, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72 (Os editores)

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1. Completa hoje mais um aniversário o nosso Camarada Benjamim Durães, que foi ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca, 1970/72:
O Durães apresentou-se à Tabanca Grande, pedindo a adesão às tropas aqui perfiladas em 21 de Março de 2007, através do poste P1618:

“Luís: Com um abraço forte. Conforme a tua solicitação, em anexo seguem duas fotos minhas tiradas em Bambadinca, além de uma actual, para acompanhar a actualização dos meus dados na página da nossa tertúlia, e que são os seguintes:

Nome - Benjamim Silva Durães
Posto - Furriel miliciano
Especialidade - Reconhecimento e Informação e Operações Especiais
Unidade - CCS do BART 2917
Local - Bambadinca (Zona Leste / Sector l1)
Tempo de comissão - Maio de 1970 / Março de 1972”.

2. Para melhor tentarmos avaliar o perfil do Durães, fomos mais uma vez consultar o seu signo de zodíaco que é “Carneiro, para nativos entre 21/03 e 20/04”, num site que se tem vindo a tornar muito popular nesta matéria e ao qual se tem acesso atarvés do endereço: KAZULO (http://horoscopo.kazulo.pt/4866/signos-do-zodiaco.htm).
Carneiro
21/03 a 20/04

Com os nativos de Carneiro e os que o têm com ascendente, a primeira impressão é a de uma pessoa egocêntrica e de um signo independente, assertivo e impulsivo. Os Carneiros não perdem tempo e quando tomam uma decisão, agem sobre ela de forma habitualmente rápida.

São energéticos e excelentes lideres mas nem sempre o melhor «seguidor». São óptimos a iniciar as coisas mas deixam-nas frequentemente para um dos signos fixos acabar. Altamente competitivos, gostam de se colocar à prova constantemente.

Apesar de governados por Marte e bastante temperamentais, a fúria é passageira e são em regra acolhedores e inspiradores. Apresentam qualidades como a coragem e lealdade mas também a impaciência e têm um forte sentido de individualidade.

Atraem e realçam estas qualidades também nos outros e o dia de um nativo de Carneiro começa normalmente com um entusiástico estrondo. Aparentam uma certa ingenuidade, por confiarem e acreditarem que os outros são tão directos e honestos como eles. Marte na primeira casa astrológica influência a personalidade de forma similar.

A frase chave para nativos de Carneiro é «eu sou». Com ascendente de Carneiro, as atracções viram-se para Balanças, governado na sétima casa, a dos parceiros.

Carneiro é um dos quatro signos Cardeais, por estar ligado à mudança de estação e do solstício, tendo como elemento o Fogo.

Anjo: O Arcanjo Cassiel é o protector dos nativos do Signo Carneiro. Cassiel é chamado Anjo Guerreiro e aqueles que nascem sob a sua influência são pessoas criativas, destemidas e determinadas. Líderes natos, gostam de ocupar cargos de chefia e de desempenhar funções de elevada responsabilidade.

Possuidores de um carisma e encanto naturais, são amados por todos e até mesmo as suas atitudes irreflectidas são perdoadas e encaradas como uma encantadora particularidade da sua personalidade.

O Arcanjo Cassiel desenvolve a coragem e a imaginação. Ajuda a moderar a ambição, o espírito de competição e o egocentrismo.
3. Independentemente das mensagens e comentários que os nossos Camaradas enviarem e colocarem, futuramente, no local reservado aos mesmos, neste poste, queremos em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais Camaradas da Grande Tabanca que por vários motivos não puderem enviar as suas mensagens, cantar-te a seguinte cantiguinha muito tradicional:
PARABÉNS A VOCÊ,
NESTA DATA QUERIDA,
MUITAS FELICIDADES,
MUITOS ANOS DE VIDA.
HOJE É DIA DE FESTA,
CANTAM AS NOSSAS ALMAS PARA O AMIGO BENJAMINZINHO,
UMA SALVA DE PALMAS!

E mais acrescentamos:

O nosso maior desejo, neste teu aniversário, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.

E mais te desejamos, que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos da Guiné te possa dedicar mensagens idênticas, às que hoje lerás neste teu poste e no cantinho reservado aos comentários.

Estes são os mais sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas, que como tu, um dia, carregaram uma G3 por matas e bolanhas da Guiné.

Com montanhas de abraços fraternos


Coruche > IV Convívio anual da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > 27 de Março de 2010 > Da direita para a esquerda, o Durães, o Guimarães e o Puim... O nosso aniversariante tem sido a "alma mater" destes encontros... Este ano juntou mais de 120 camaradas e familiares, o que é obra. Entre muitos outros que eu não fixei o nome (ou não recomnheci de imediato), estavam alguns camaradas da nossa Tabanca Grande, como é o caso deste trio... O David Guimarães, um dos velhinhos do nosso blogue, foi Fuir Mil Art MA da CART 2716 / BART 2917, que esteve no Xitole (1970/72)... O Arsénio Puim, por seu turno, era o Alf Mil Capelão, do batalhão (ninguém do comando apareceu, com muita pena minha, que participei pela primeira vez no convívio deste pessoal onde tenham bons amigos).



Coruche > IV Convívio da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > 27 de Março de 2010 > O Durães, à conversa com dois camaradas da CCS, cujos nomes lamentavelmente não fixei... O camarada foi esteve integrado na equipa de construção do reordenamento de Nhabijões... Tivemos ocasião de falar sobre este faraónico e polémico projecto, que implicou a construção de cerca de 350 casas (e a destruição de outras tantas...).


Coruche > IV Convívio da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > 27 de Março de 2010 > O Durães, sempre enérgico, activo e bem-disposto, o Puim e o Jorge Cabral, comandante do Pel Caç Nat 63, já habitué destes encontros... À direita do Durães, de perfil, pode ver-se o Rocha, o Fur Mil Sapador Isaías Alves da Rocha, que eu tive o prazer de reconhecer... Ele fazia também parte da equipa do reordenamento de Nhabijões, juntamente o Luís R. Moreira, o António Carlão, o Joaquim Fernandes, o Soares (morto em 13 de Janeiro de 1971), entre outros.

Fotos: © Luís Graça (2010). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

segunda-feira, 29 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6065: Não-estórias de guerra (5): O Furriel Dog e o cão Furriel (Manuel Amaro)

1. Mensagem de Manuel Amaro (ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969 a 1971), com data de 17 de Março de 2010:

Caros Editores,
Terminado o período de rigorosa invernia. Agora que regressaram os dias de sol, aqui vai mais uma Não-estória de guerra.

Um Abraço
Manuel Amaro



Não-estórias de guerra – 5

O Furriel “Dog” e o cão “furriel”

O Furriel Dog não se chamava Dog, mas sim Orlando Nunes.


Era Furriel Miliciano Atirador de Infantaria, da CCAÇ 2615. Aliás ele afirmava que os serviços de psicologia do Exército funcionavam na perfeição, pois com a formação obtida na escola comercial do Barreiro, ele só poderia ser atirador de infantaria.

O Dog fez quase toda a comissão com o braço esquerdo engessado, devido a uma fractura (ou luxação?) do escafoide. E aquele gesso, que lhe pesava e lhe reduzia o volume da massa muscular, também lhe era de uma grande utilidade, pois libertava-o da maior parte da actividade operacional.

No entanto, por mero acaso, não o libertou no dia 20 de Março de 1970, em que numa emboscada o seu grupo de combate teve um morto (milícia) e alguns feridos ligeiros.

Nesse dia o Dog disse ter descoberto que, debaixo de fogo, um simples pé de capim, parece ter a dimensão de um imbondeiro e a consistência de um baga-baga.

Mas, à conta do gesso no braço, ainda foi durante largos meses, delegado do Batalhão, em Bissau. E à noite, quase todas as noites, como bom conversador e contador de estórias, era um dos principais protagonistas da famosa 5.ª REP.

Um dia adoptou um cão. Um cão que de imediato baptizou de Furriel. E acertou na escolha do nome, porque agradou a toda a gente. Os furriéis não se incomodaram e chamar furriel a um cão, era um motivo de orgulho dos Primeiros Sargentos e até de alguns Praças.

O Furriel não era propriamente um cão artista, mas conseguia comer à mesa, na Messe de Sargentos e beber cerveja e whisky, este com muita água. E com estas qualidades, tinha algum protagonismo.

Além de ser amigo dos cães e de todos os animais, o Furriel Dog era um exímio cantor. Antes do serviço militar tinha feito parte de um conjunto de música de baile, onde se divertia e ainda conseguia arranjar algum dinheiro de bolso.

Mas era essencialmente um baladeiro.

E possuía uma sólida formação política, a maior parte feita na clandestinidade.

Cantava todo o reportório do Zeca Afonso, do Adriano e de outros cantores aventureiros dos anos sessenta.

Normalmente terminava as suas intervenções, cantado Catarina Eufémia… Por vezes, quase sempre, com as lágrimas a correrem-lhe pela face, o queixo a tremer, mas a voz não vacilava… “ quem viu morrer Catarina, não perdoa a quem matou….”

Um grupo de quatro ou cinco camaradas faziam coro.

Quando ele se entusiasmava e gritava “hip… hip… URSS”, uns acompanhavam-no, outros encolhiam-se.

Depois do regresso, o nosso grupo ainda fez umas noitadas nos restaurantes, bares e discotecas de Lisboa, mas a rotina, as exigências profissionais e também os divórcios, foram reduzindo os contactos.

Até que surgiu a fase da organização de convívios dos ex-combatentes.

E aí estávamos de novo juntos. Mais velhos, mais maduros, mas sempre com a boa disposição que nos levou a apelidar, quase em segredo, a CCAÇ 2615, a nossa Companhia, como a “Companhia de Circo”.

Creio que o último convívio em que participou, foi em 2000, em Campo Maior.

Pouco tempo depois, quando cuidava do pequeno barco de recreio que tinha ancorado no Tejo, o coração traiu-o. Não resistiu.

Nem imbondeiro, nem baga-baga, nem ao menos um simples pé de capim...

Hoje, a propósito de “qualquer coisa”, pareceu-me ouvir aquela frase, que lhe ouvi, tantas vezes, desde o RAL3, em Évora, até aos locais de convívio dos veteranos.

Fazia-se anunciar sempre com a frase “…Aqui o Dog chega sempre cedo”.

Não vai chegar mais... Porque já partiu.

E o Dog partiu cedo, muito cedo.

Manuel Amaro

O Furriel Dog dá de beber ao cão furriel

O cão furriel, à mesa...

Manuel Amaro e Orlando Nunes, a bordo do Uíge
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5462: Não-estórias de guerra (4): O Parto, essa grande (a)ventura (Manuel Amaro)

Guiné 63/74 - P6064: Notas de leitura (83): Livro do Cor. Costa Campos – Guiné, Bigene 1974 (Mário Fitas)


1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas”, Cufar, 1965/66, enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 27 de Março de 2010:

Camaradas,

Julgando de interesse para publicação no blogue, envio, em anexo, a recensão do livro "GUINÉ" que é uma raridade e me foi dado a ler pelo filho do autor - Cap. Luís Carlos da Costa Campos.
Na lombada em pele aparece a gravação sobre o livro. É uma raridade, o livro foi dactilografado e fotocopiado, sendo distribuído apenas a familiares e uns poucos amigos. Um dos felizardos foi o Miguel Pessoa que também o possui.

Antes do Cor. Costa Campos falecer, ainda vi o único exemplar que ele possuía. Entretanto surgiu esta oportunidade de o filho me o emprestar, e me permitir fazer o que achasse melhor. Só que são 230 páginas.

Ainda se está a pensar na edição, mas só a digitação de tudo isto é uma loucura. Tem de ser aos poucos. Vamos ver o que se consegue fazer, pois em termos históricos e conhecimentos sobre a Guiné é uma maravilha.

Se houver interesse, estou autorizado pelo Sr. Capitão, atrás referido, a digitar e enviar, para divulgação na íntegra, ou em capítulos, o livro de seu pai.


Costa Campos (Ten. Coronel)
G u i n é
Guiné Bigene
1974

(Dactilografado por João Neutel)

Eis a primeira página do livro que tenho em mãos.

Após uma citação de Eça de Queirós, sucedem-se nas folhas seguintes a dedicação e legado da obra, de que saliento: “Aos meus Pais que tanto deram e continuam a dar ao povo africano”. Só será possível chegar ao entendimento deste legado, aos que por qualquer forma chegaram ou tiveram acesso à obra da família Costa Campos em África.

Esta obra, que julgo ser uma grande perda não estar editada, dando assim a oportunidade de um conhecimento realístico do que era à altura denominada Província da Guiné e de júri reconhecida internacionalmente como parte integrante de Portugal, mas com a condicionante da sua emancipação como país independente, resultante dos fenómenos geopolíticos da altura, que não nos cabe aqui comentar.

Carlos Alberto W. M. da Costa Campos à altura tenente-coronel, comandante do COP3 em Bigene, oferece-nos as razões deste trabalho. Assumindo que ao longo de duas comissões na Guiné, embora houvesse algo escrito sobre esta terra, tudo se encontrava muito disperso em grande diversificação de publicações, se deparou com a falta de elementos que dessem uma ideia realista e concisa da terra e gentes da Guiné.

Referenciando essa lacuna, resolveu colmatá-la através de rigorosa investigação juntando em um só livro, o maior número possível de dados de tudo o que respeitasse quanto à história, geografia, economia e etnia, da Guiné. Tentando dar uma informação o quanto mais completa e fiável possível a todos que nesta terra desembarcassem.

Assim:

Após uma súmula, bastante interessante do passado e actual história da Guiné no primeiro capítulo. Somos confrontados com a sua descrição geográfica física, climática, fauna e flora, no segundo capítulo.

No terceiro capítulo, o coronel Costa Campos, faz uma abordagem muito interessante à economia da Província. Sendo de extraordinário relevo a descrição, da Estrutura Social na economia rural descrevendo numa linguagem muito agradável as actividades desenvolvidas na agricultura, pecuária e envolvimento das diversas etnias autóctones, nestas áreas. ~

Somos brindados no capítulo quarto com uma rica e valiosa descrição, do quadro humano, sobre a grande variedade étnica com multiplicidade de seus usos e costumes.

Seguindo a cronologia, no quinto capítulo é-nos oferecida uma abordagem teológica magnífica, sobre todas as religiões existentes, bem como a sua introdução, penetração e evolução nas diferentes etnias.

A Organização Política e Aadministrativa da Província é-nos facultada no sexto capítulo. Onde nos é dada a visão do funcionamento dessa organização desde os órgãos de Governo Próprio, aos Regulados e Congressos do Povo.

No sétimo capítulo é abordado o tema da Subversão na Guiné, com o historial dos Partidos emancipalistas até ao aparecimento da supremacia do PAIGC através do seu carismático líder Amílcar Cabral. Terminando este capitulo com uma síntese dos principais acontecimentos da subversão até àquela data.

O conhecimento do presente, (na altura) bem como as politicas em curso do Governo da Província. Participação da população, Forças Armadas e o fomento Socioeconómico e Cultural, assim como o tema Africanização dá corpo ao capítulo oitavo.

Esta obra termina com uma interessante descrição sobre as térmitas Baga-Baga, transcrição de um artigo de António Correia, no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa.

Após a leitura deste valioso documento, fica-nos a certeza que deveria o mesmo, ser editado e divulgado, pois nos parece de grande valia para conhecimento e análise da História da Guiné-Bissau.

Com as melhores saudações tabanqueiras,
Mário Fitas
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763
__________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

26 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6052: Notas de leitura (82): Império, Nação, Revolução de Riccardo Marchi (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P6063: Recortes de imprensa (23): O desastre do Cheche, no Rio Corubal: excertos de artigo de Teresa Firmino, Público, 6/12/2009

 Guiné > Zona leste > Rio Corubal >  Cheche  > Ancoradouro > "Esta imagem veio publicada num número de 1971 do Boletim Cultural da Guiné Portuguesa. O que há de macabro é tínhamos abandonado esta região em 1969, foi exactamente aqui que se deu o horrível sinistro que levou à morte 47 dos nossos militares durante a travessia de uma jangada preparada para a operação da evacuação de Madina de Boé. Dizem que é um ponto de indizível beleza, com mata luxuriante".

Imagem digitaliazada e legenda: Beja Santos (2008).


1. A tragédia de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 , foi  evocada, de novo,  na imprensa portuguesa, através de um trabalho de reportagem da jornalista Teresa Firmino, do jornal Público (*), que já em tempos nos tinha contactado, a nós, editores do blogue, por causa de uma foto da jangada da autoria do nosso camarada Paulo Raposo (**). Ela acompanhou, na Guiné-Bissau, os trabalhos da 4ª  missão da Liga dos Combatentes, que teve por objectivo a localização e a exumação dos restos mortais de militares portugueses, espalhados por cemitérios de ocasião no sul.  Desta vez, a equipa,  chefiada pelo major-general Fernando Aguda,  esteve em sítios como Bolama, Bedanda, Cacine, Catió, Fulacunda, Quebo e ilha das Galinhas.  Em Cheche, na região de Gabu, nas margens do Rio Corubal, a equipa liderada pela antropóloga forense da Universidade de Coimbra, Eugénia Cunha, e com a colaboração do geofísico da Universidade de Aveiro, Hélder Hermosilha, terá  localizado uma vala comum onde se supõe estarem os ossos de oito das 47 vítímas mortais do desastre do fatídico dia 6 de Fevereiro de 1969. Será o o próximo local de intervenção da missão (a 5ª) da Liga dos Combatentes... Nas missões anteriores, a Guidage, Farim e Gabú, foram levantados 55 corpos. (Vd. notícia constante da revista Combatente, nº350, Dezembro de 2009.

 Neste artigo do Público, Teresa Firmino cita o nosso blogue, dizendo:

"O desastre de Cheche é hoje motivo de inúmeros relatos na Internet, nomeadamente no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Os antigos combatentes encontraram essa forma de fazer o luto colectivo da tragédia que viveram. Outros emocionam-se tanto que recusam falar disso".

2. Público 'on line' > 26.03.2010 > À procura dos militares afogados no rio Corubal

Por Teresa Firmino

[Texto originalmente publicado na edição do Público, de 6 de Dezembro de 2009. Reproduzimos aqui alguns excertos com a devida vénia...]


Durante horas a fio, as duas jangadas no rio Corubal fizeram vezes sem conta a travessia para a margem norte. A companhia de caçadores 1790 estava a abandonar o quartel de Madina do Boé, onde tinha sido constantemente flagelada pelo inimigo ao longo de 13 meses, e era apoiada por homens de outras companhias. (...)

Até ali, tudo tinha decorrido sem incidentes. Para trás, tinham ficado os 30 quilómetros entre Madina de Boé e Cheche, e o rio começou a ser transposto na margem sul ao fim da tarde de 5 de Fevereiro de 1969. Passaram toda a noite naquilo. Só podia seguir uma viatura pesada de cada vez. Eram 28, mais 100 toneladas de munições e equipamentos, três auto-metralhadoras Daimler e à volta de 500 militares, conta-nos o então capitão José Aparício, comandante da companhia 1790 em Madina do Boé.

Ao início da manhã de 6 de Fevereiro, só restava na margem sul um grupo de homens: dois pelotões da companhia 2405, outros dois daquela que estava em retirada. "Eram entre 100 a 120 pessoas", diz José Aparício.

Toda a gente entrou na última jangada, que assim levava o dobro da sua lotação de segurança. Era feita por um estrado de madeira, assente em canoas e bidões de gasóleo vazios, puxada por um barco com motor fora de borda. José Aparício ia naquele grupo de homens. O alferes miliciano Rui Felício (que comandava um pelotão da companhia 2405) também.

De repente, a jangada adornou para um lado, atirando vários homens à água. Depois, balançou para o outro e cuspiu outros tanto. Ficou meio submersa, mas não foi ao fundo. José Aparício conseguiu manter-se na embarcação. Rui Felício caiu no rio.

"Estava a ir ao fundo. Percebi - se calhar muitos não perceberam - que tinha muito peso. Atirei a espingarda fora, que pesava cinco ou seis quilos, e a cartucheira à cintura, com outros cinco ou seis quilos. Descalcei as botas e nadei para a jangada." Ouviam-se gritos? "Não, não ouvi ninguém a pedir socorro, a gritar. Nada."

(...) Paulo Lage Raposo, alferes miliciano da companhia 2405, atravessou o rio na viagem anterior. "Vimos que caíram uns para um lado e outros para o outro. Não houve gritos, nem esbracejares, nem coisa nenhuma. Carregados com as armas, as granadas, as botas, iam para o fundo como um prego." Muitos não sabiam nadar, o que agravou tudo. Mas naquele momento a dimensão do acidente passou despercebida.

"Só soube que tinha morrido gente - estou a arrepiar-me a contar isto - quando cheguei à margem e pedi a um furriel para formar o pelotão. Ao fim de dez minutos, fui ralhar com ele porque achava tempo demasiado para ainda faltar gente. Só percebi que se passava alguma coisa porque vi vários a chorar. Aí é que me apercebi que morreu gente. Do meu pelotão, foram 13", recorda Rui Felício.

"É uma coisa que marca para toda a vida. Tive coisas infelizes que já esqueci, mas esta não se esquece nunca. Lembro-me da data. Foi entre as nove as dez da manhã. Há pormenores que nunca mais saem da cabeça. Sei que estava um dia de sol."

(...) [47 é o número de mortos] referido, por exemplo, por José Aparício, tendo em conta os elementos que recolheu: "Morreram no desastre 25 militares da minha companhia e 22 da companhia de caçadores 2405, o que perfaz um total de 47 europeus. Morreram ainda na travessia mais cinco guineenses de um pelotão de milícias que fazia parte da guarnição de Madina do Boé. Felizmente, não morreu nenhum dos cerca de 100 elementos da população que ali viviam connosco e que foram evacuados para a então Nova Lamego, hoje Gabú. Fizeram a travessia em viagens anteriores."

(...) Duas semanas depois do naufrágio, foi organizada uma operação de recolha dos corpos por fuzileiros e mergulhadores. Muitos desapareceram para sempre. Na série de documentários A Guerra, de Joaquim Furtado, podem ver-se imagens aéreas de alguns corpos a boiar, recolhidas pelo piloto da Força Aérea José Nico. "Os [corpos] recuperados foram sepultados nas margens do rio, com as honras militares próprias", relata Joaquim Furtado. (...)

(...) Que a jangada naufragada no rio Corubal tinha excesso de peso,  não suscita grandes dúvidas. Mas o que desencadeou a queda à água de soldados é alvo de versões desencontradas. Os alferes milicianos Rui Felício e Paulo Lage Raposo (o primeiro ia na jangada, o segundo fez a travessia na viagem anterior) dizem que foi o peso a mais, tendo ficado desequilibrada. Com capacidade para dois pelotões (uns 60 homens), fazia a travessia com os últimos quatro pelotões, de duas companhias. "Às vezes facilitamos demais", diz Paulo Raposo. "Para mim, a jangada virou-se porque tinha excesso de peso, embora haja relatos diferentes", diz Rui Felício.

Um desses relatos é o do capitão José Aparício (comandante da companhia 1790, em retirada do quartel de Madina do Boé), também na jangada. Diz que se ouviram tiros de morteiros e, em reacção, o barco a motor que puxava a jangada acelerou demais e fez cair homens.

Não houve tiros de morteiro, dizem Raposo e Felício. "Havia uma paz absoluta naquele rio", lembra Felício. "Estávamos habituados a ouvir tiros. Não era com uns tiros que nos assustávamos", junta Raposo. No documentário A Guerra, de Joaquim Furtado, dá-se voz às diversas versões e suas nuances. "Os morteiros existiram. Não tenho dúvidas", diz José Aparício a Furtado. "Há pessoas que disparam armas e sabe-se quem foi. Esta gente foi ouvida." Estava previsto dispararem-se morteiros para a margem sul do rio, quando todos tivessem deixado essa margem, no fim da operação.

É mostrado um filme feito pelo piloto José Nico, que filmava a penúltima travessia mas recebeu indicações para ir filmar os morteiros. Vêem-se os disparos das armas: "É durante esta filmagem que recebe a notícia do naufrágio da última jangada", ouve-se Furtado a dizer. "Imediatamente a seguir, José Nico filma estas imagens que mostram a jangada acidentada no meio do rio, enquanto alguns militares tentam as primeiras operações de socorro." Este acidente deixou a operação Mabecos Bravios (cães selvagens) tristemente célebre. (...)
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Notas de L.G.:

(*) Além do artigo, parcialmente transcrito aqui, vd.  também:  A última jangada no rioCorubal. Público, 25.03.2010.
Por Teresa Firmino, em Cheche

(...) Quatro décadas depois, continua a existir uma jangada em frente a Cheche. É agora moderna, tem motor próprio e serve para a travessia de carros apenas. O resto, pessoas, bicicletas, motas, vai de piroga, e há várias. Imperturbável, o Corubal é tranquilo nesta época do ano, a mesma do acidente, e a água, um tanto esverdeada, é ladeada por margens íngremes cobertas por árvores e vegetação densa. Ao sítio da travessia, com Cheche do lado de lá, chega-se por uma estrada larga, depois de uma sucessão de tabancas na berma de um caminho de terra, ponto de encontro de quem está à pesca, de quem lava a roupa e a estende no chão, de quem toma banho ou de quem simplesmente passa por ali.


 (**) Vd. postes recentes publicados no nosso blogue:
2 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5920: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (6): Missão da Liga dos Combatentes resgata corpos (Beja Santos)

22 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5866: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (5): uma versão historiográfica (?) (Luis Graça)

21 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5861: Ainda o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (4): Cem anos que viva nunca esquecerei as imagens da catástrofe e o diálogo entre o Alf Diniz e o Cap Aparício (Rui Felício)

21 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5859: Ainda o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (3): O oficial mais graduado que ia na jangada era o Cap Aparício, comandante da CCAÇ 1790 (Paulo Raposo)

21 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5858: Ainda o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (2): Acima do Alf Diniz, só havia 2 homens, os Cap Aparício (CCAÇ 1790) e Jerónimo (CCAÇ 2405) (Armandino Alves)

20 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5851: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (1): Silvina Claudino, de 26 anos, uma sobrinha que o 1º Cabo José Antunes Claudino, da CCAÇ 2405, natural de Alcanhões, Santarém, nunca conheceu

Guiné 63/74 - P6062: Blogpoesia (70): Sete fotopoemas da (e)terna China (António Graça de Abreu)

República Popular da China > Província de Hunan > Parque Nacional de Zhangjiajie, no sul da China: criado em 1982, tornou-se mundialmente famoso  com o filme Avatar, do realizador canadiano James Cameron





República Popular da China > Pequim > Parque Beihai: a noroeste da Cidade Proibida: tem 69 hectares, e remonta o início da sua construção ao Séc. X.




República Popular da China >  A Grande Muralha...






Fotos e pooemas; © António Graça de Abreu (2010). Direitos reservados (*)

[ Edição  / legendas /  título do poste: L.G.]

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Nota de L.G.:

Vd. último poste do António Graça de Abreu, poemas de Macau e Hong Kong  > 1 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5915: Blogpoesia (66): Poemas de Macau e Hong Kong - Parte II (António Graça de Abreu)

domingo, 28 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6061: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (5): A mina A/P que estropiou o Vasconcelos na estrada para Cambajú

1. Mais um texto, singelo mas comovente,  do José Cortes, que vive em Coimbra (*):


Data: 7 de Março de 2010

Assunto: Narrativas de Fajonquito

Como prometi na minha entrada para a tertúlia, aqui vai a narrativa de um acontecimento, durante a comissão na Guiné.

A mina que estropiou o Vasconcelos.

Estamos em Outubro de 1972, mais ou menos 6 meses de comissão, dia 12 ou 13.

Ao fim da tarde daquele dia, três viaturas civis estão estacionadas na parada do aquartelamento, junto ao parque auto, a carregar pessoal. Como sabes,  a lotação das viaturas era mais que lotada.

Partiram logo de seguida com destino ao Senegal,  via nosso destacamento de Cambajú, que ficava junto á fronteira.

Passado pouco tempo de terem partido, talvez uma hora, ouvimos rebentamentos. Contactados os destacamentos, Cambajú dizia que era na estrada de acesso ao destacamento, mas que não havia NT no local.

Informamos que iam a caminho três viaturas civis com destino ao Senegal.

Saiu o grupo do furriel Deus, e ao chegar à picada,  o que demorou algum tempo pois tiveram que cumprir as normas de segurança entre as quais picar a estrada, depararam com as três viaturas incendiadas dentro do mato e com os civis alguns mortos e outros feridos,  principalmente queimados. Foram atacados a roquetada.

Foram levados para o destacamento e foi pedida a evacuação dos feridos.

A evacuação só podia ser feita no dia seguinte pois entretanto escureceu e os helis não voavam de noite.

No dia seguinte logo cedo é formada uma coluna de apoio ao destacamento, tanto para reabastecimento como para ajudar a cuidar dos feridos civis.

A coluna partiu, e a partir da Bolanha de Nhacra, começa-se a pôr em prática os processos de segurança entre os quais a picagem da estrada. A velocidade da coluna é reduzida e avançamos a passo de caracol, como era necessário.

Eu seguia na Mercedes,  uma viatura pesada de carga,  que transportava colchões para os civis que não precisavam de evacuação mas ficavam no destacamento para serem tratados. E outros artigos de reabastecimento. A meu lado seguia o condutor,  salvo erro era o Celestino, apoiado no guarda lamas e em cima do pára-choques ia o Vasconcelos,  soldado mecânico,  que era a primeira vez que saía do aquartelamento.

Como a velocidade das viaturas era reduzida devido à picagem, e a segurança até ao local do acidente no sentido Cambajú - Fajonquito estava feita pelo pessoal do destacamento, quando nos aproximamos do local onde as viaturas tinham sido atacadas, a coluna parou, para que a segurança que estava na estrada seguisse nas viaturas para o destacamento e deixávmos os nossos na estrada.

O Vasconcelos,  pela sua inexperiência, mal viu as viaturas queimadas,  saltou do pára choques da Mercedes, para ir ver as viaturas que estavam dentro da mata aí uns 20-30 metros. Ao dar os primeiros passos,.  ouviu-se um rebentamento... Tudo no chão... Quando o pó começou a assentar,  os gritos do Vasconcelos quebram o silêncio que entretanto se estabeleceu pelo susto. O Vasconcelos tinha pisado uma mina A/P que estava colocada no trilho de acesso às viaturas civis.

A experiência do comandante do pelotão de milícia de Cambajú,  e talvez não só, não se safou de ser apontado como sabedor da localização das minas, tal foi a rapidez com que detectou a segunda mina e procedeu ao seu levantamento.

Depois de levantada a mina,  fomos buscar o Vasconcelos que não parava de gritar. A sua perna direita tinha desaparecido até á coxa, o fémur estava sem carne até ao joelho e a sua perna esquerda tinha fractura exposta do perónio e no joelho.

Colocado o Vasconcelos num colchão dos que vinham na viatura, a mesma partiu em direcção ao destacamento, onde tinha acabado de chegar heli que ia fazer a evacuação dos civis feridos no ataque do dia anterior.

No destacamento foi outra guerra,  porque os civis não queriam deixar que o nosso homem fosse evacuado e eles não. Os ferido mais graves acompanharam o Vasconcelos e os mais ligeiros ficaram, mas foi preciso o furriel Deus impor a sua autoridade de arma em punho.

Isto passou-se salvo erro (pelo dia) no dia 14 de  Outubro de 1972. Nunca mais soubemos nada do Vasconcelos.

Em Novembro de 1998, 26 anos depois, ouvi na Rádio Renascença uma mensagem onde só apanhei a palavra Deixóspoisar, liguei para a RR onde me foi dado o contacto de quem tinha deixado a mensagem. Quando liguei e do outro lado me responderam que quem falava era o Vasconcelos,  as lágrimas caíram pela cara abaixo,  a minha mulher de volta de mim a perguntar o que era, eu sem poder falar, tal era a emoção de estar a falar com a pessoa que eu nunca mais pensava encontrar. No fim de semana seguinte o Vasconcelos almoçou em minha casa comigo,  começamos a trocar alguns contactos que tínhamos e a partir daí os encontros da companhia fizeram-se anualmente, coisa que nunca tinha acontecido nos 27 anos antes.

Pronto,  esta foi uma das ocorrências em que estive envolvido, depois hão-de seguir outras.

Um abraço, José Cortes

2. No mesmo dia o José mandou a seguinte mensagem do seu camarada José Bebiano, com conhecimento ao nosso blogue:



Caro amigo José Bebiano: Espero não te maçar com os meus emails,  nem sei se queres recordar os tempos da Guiné.

 Queria-te perguntar se te lembras de um furriel da companhia 2742, que era de Coimbra.  Só o conheco lá e mesmo assim falámos pucas vezes, porque eu andava a ser enganado pelo sargento que a companhia tinha,.  do material de guerra. Entregou-me listas com armas que já não existiam e depois vi-me enrascado para me safar no fim da comissão. Valeu-me um sargento ajudante do Batalhão do Serviço de Material, que era pai do nosso alferes Filipe.

 Caso te lembres do nome do Furriel, que salvo erro se chamava Borges mas não tenho a certeza, agradecia pode ser que o encontre por cá. 

Já agora ainda não te disse mas eu sou de Coimbra,  nascido e criado. Sou funcionáriodo SUCH (Serviço de Utilização Comum dos Hospitais), faço serviço já vinte e seis anos, como técnico de manutenção nos Hospitais da Universidade de Coimbra, ainda estou no activo pelo menos mais dois anos não quero ir já para casa. Tenho dois filhos, uma com 34 anos e um com 32 anos e um neto de cada um, que são a alegria dos avós. 

Guiné 63/74 – P6060: O meu álbum de fotos (3) (Alfredo Dinis)

1. O nosso Camarada Alfredo Dinis, que foi 1.º Cabo Enf da CCS da CART 6523 - Nova Lamego -, 1973/74, dando continuidade à publicação das suas fotos (postes P5369 e P6033), enviou-nos em 27 de Março de 2010, a seguinte mensagem:

Camaradas,

Hoje envio mais algumas fotos das minhas "férias" passadas em Nova Lamego.


Estas considero-as de rara oportunidade, pois foram obtidas no início do ano de 1974, após uma mortífera emboscada que nos preparou o PAIGC, onde a nossa Companhia sofreu 7 mortos e 2 feridos com gravidade.
A coluna saíra de Nova Lamego em direcção a Piche, estávamos no princípio do ano de 1974, se não me engano, à frente seguia uma viatura chaimite carregada de pessoal da minha Companhia.
Aspecto de uma Chaimite idêntica à que seguia no topo da coluna, que, a dada altura, pouco antes de chegarmos a Piche, foi atingida com granadas de RPGs, disparadas por um guerrilheiro do PAIGC, que se encontrava acoutado em cima de uma palmeira, provocando 7 mortos e 2 feridos com muita gravidade.
Após o ataque estou Eu em pleno tratamento dos feridos: o motorista, Alf Mil Silva, Fur Mil Cripto Alves e o Fur Mil Santos
2 soldados que não consigo identificar, o Fur Mil Santos, o Fur Mil Cripto Alves, o Alf Mil Silva e EU
Também com algumas escoriações ficou o Alf Mil Freitas (Madeirense)
O Alferes Silva também tinha ganho alguns arranhões
Nova Lamego > Aqui foi a vez de tratar de graves queimaduras do Filipe, resultantes da explosão de um gerador de energia, no quartel
Nova Lamego > Ainda a tratar das queimaduras do Filipe
Na calmaria que se seguiu, poso para a foto junto do Alf Mil Freitas (Madeirense)
O Alf Mil Silva, Eu e o Alf Mil Freitas
Um abraço para todos,
Alfredo Dinis
1º Cabo Enf CCS do BART 6523

Fotos: Alfredo Dinis (2009). Direitos reservados.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

21 de Março de 2010 > Guiné 63/74 – P6033: Estórias avulsas (78): O meu álbum de fotos 2 (Alfredo Dinis)

Guiné 63/74 – P6059: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (36): Reunião magna no Palácio do Governador (Mário G R Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a sua 36ª mensagem, em 25 de Março de 2010:

Camaradas,

Ao desfolhar o caderno de apontamentos, onde se encontram as minhas memórias descritivas, fui encontrar este curioso acontecimento que se propunha, então, mudar o curso da guerra.

REUNIÃO MAGNA NO PALÁCIO DO GOVERNADOR
Faz precisamente este mês quarenta anos, que o General Spínola - Com-Chefe do CTIG, decidiu convocar todos os Comandantes de Batalhão, Oficiais de Operações e Comandantes de Companhia de todas as unidades sob o seu comando.

De todos os pontos do território afluíram a Bissau, os oficiais com as patentes de capitão e seus superiores (majores, tenentes coronéis e coronéis), que além de Bissau comandavam as unidades chamadas do “Vietname”.

Como é óbvio, todos se digiram para a capital, interrogando-se sobre o que teria o "Caco" em mente, para convocar tão magna reunião.

Especulava-se entre os oficiais, durante o jantar no dia anterior á reunião no Solar dos Dez.

A presença dos majores Passos Ramos, Pereira da Silva e Osório, do Comando Operacional de Teixeira Pinto, deixava antever que alguma coisa estaria relacionada com aquele sector.

No dia seguinte, há hora estabelecida para a reunião magna, 09H00 da manhã, deu entrada no salão o General Spínola e o seu Staff de oficiais, para presidir a tão alta reunião.

Depois de agradecer a presença de todos expôs, aos presentes, o seguinte:

"Meus senhores, a guerra na Guiné pode terminar dentro de pouco tempo, porque dos contactos directos havidos no Norte, entre oficiais Portugueses e grupos rebeldes, estes têm revelado intenção de se entregarem às autoridades Portugueses, desde que tenham garantias de que não serão sujeitos a represálias, e que serão integrados na sociedade Guineense.

Este propósito, a materializar-se, pode conduzir a uma reviravolta da política Nacional em relação à Guiné e, posteriormente, aos restantes territórios Ultramarinos.

Portanto, todas as unidades militares têm que estar preparadas para receber os grupos rebeldes, que voluntariamente deponham as armas, pois é muito provável que o movimento, a partir do Norte, se estenda rapidamente a todas as regiões da Guiné".

Era o nosso General e Com-Chefe, na sua maior convicção de psicologia enganosa que iria mais tarde custar a vida aos célebres majores; Passos Ramos, Pereira da Silva, Osório e ao Alferes Mosca, juntamente com os Guineenses que os acompanharam, numa morte cruel e bárbara como se veio a constatar mais tarde.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

6 de Março de 2010 > Guiné 63/74 – P5941: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (35): A dança das bazucas (Mário G R Pinto)

sábado, 27 de março de 2010

Guiné 63/74 - P6058: Convívios (208): Encontro de Confraternização da CCAÇ 763, em 22 de MAIO de 2010 – Boleiros/Fátima (Mário Fitas)

1. O nosso camarada Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763, “Os Lassas”, Cufar, 1965/66, enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 26 de Março de 2010:

ENCONTRO DE CONFRATERNIZAÇÃO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 763
Camaradas,

Anexo o programa do encontro da CCAÇ 763 os "Lassas".

Solicito que seja incluída a indicação, que este encontro se encontra aberto a todos os que, em CUFAR e ao redor, colaboraram com a CCAÇ 763.


Exemplos: A CCAV 703 - CCAÇ 728 "Os Palmeirins de Catió" - a CCAÇ 1484, que muito nos ajudou quando já estávamos todos “rotos” - a 4ª. CC de Bedanda, aqueles a quem demos a instrução na fase operacional, a CCAÇ 1500, etc.


Enfim todos aqueles que connosco conviveram em CUFAR e queiram estar no nosso neste 45º Aniversário da nossa chegada à Guiné.


ANO: 2010
E Já lá vão 40 anos!!!



OPERAÇÃO ROLO

21 de Maio de 1966 – A Companhia de Caçadores 763, a 2 Grupos de Combate, sai do Quartel de Cufar, pelas 04h00, colaborando na Operação ROLO que visava a desobstrução da estrada para Bedanda. Até às 09h30 foram retiradas ou destruídas 33 abatizes de grande porte.

Enquanto a coluna auto seguia pela estrada escoltada pela CCAV. 703 que, entretanto, tinha montado a segurança, a nossa Companhia recebeu a missão de se deslocar para a região de Cabolol, tendo sido atacada pelo IN junto das povoações de Cabolol Balanta e Cabolol Lande.
Perante a nossa reacção o adversário foi posto em fuga, mas quando nos preparavamos para retirar, voltaram a atacar-nos, mas, foram de novo desalojados, em consequência do nosso contra-ataque.

Nessa operação, a Companhia que teve o apoio dos T-6, sofreu um ferido ligeiro.

Companheiros,

Quando a 13 de Fevereiro de 1965 embarcámos para a Guiné, éramos mais novos, é verdade, mas não sabíamos o que hoje sabemos.

Desde esse dia até hoje, todos vós, todos nós, temos continuado a lutar pela vida, agora, não só pela nossa, mas também por a daqueles que nos rodeiam.

A vida é dura, companheiros, mas não adianta apenas lamentarmo-nos. Afinal, ainda cá estamos e, melhor ou pior, vale a pena continuarmos vivos e, na medida do possível, aproveitar algo de positivo dessa situação.

É, exactamente, porque sabemos como é sempre um momento de alguma satisfação, que te vimos desafiar para o:
ENCONTRO DE CONFRATERNIZAÇÃO DA
COMPANHIA DE CAÇADORES 763

ESTE ANO, O NOSSO ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO VAI REALIZAR-SE NO DIA 22 de MAIO de 2010
PROGRAMA

12.00 horas – Chegada ao Restaurante TRUÃO (Estrada de Minde – Largo da Capela – Boleiros), telef. 249521542.

13.00 horas – ALMOÇO
EMENTA
  • Entradas na mesa
  • Açorda de Cherne com camarão
  • Galo c/ couves e miúdos do dito
  • Buffet de sobremesas
  • Vinhos Verde e da Região
  • Café
  • Digestivos
PREÇOS (os mesmos)
Pessoal da 763 .............. 28,00 euros
Familiares ..................... 27,00 euros
Crianças ........................ 12,00 euros

Sem ti não haverá Almoço?
Claro que há, mas não é a mesma coisa!!!
A tua presença é indispensável. Contamos contigo!!!

CONTACTOS (telemóveis):
Mário Ralheta ………….....….. 965591915
Belarmino Acúrsio ……....….. 917588896
Artur Teles ………….......….….. 969031452
Jorge Paulos ........................... 962333356

RESTAURANTE / ITINERÁRIO:
Quem vai pela A1, sai em direcção a Ourém /Fátima / Batalha. Segue pela rampa para Ourém. Na rotunda – 1ª saída para a Estrada de Minde/N360. Passa 1 rotunda e, cerca de 7 minutos depois, vira à esquerda na Est. Principal de Fátima, percorre cerca de 3 minutos e encontra Boleiros.

Um abraço do tamanho do Cumbijã,
Mário Fitas
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 763
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P6057: Parabéns a você (93): Os novos Notáveis do Reino, Sir Charles Vinhal & Sir Edward Mc Ribeiro, armados Cavaleiros da Tabanca Redonda (Mário Miguéis)

Mário Miguéis da Silva (ex-Fur Mil de Rec Inf, Bissau, Bambadinca e Saltinho, 1970/72)
Texto e imagem: © Mário Miguéis da Silva (2010). Direitos reservados
1. Meus caros Marquês de Vinhal e Conde de Ribeiro Bravo:
Acabou de chegar às 4 e tal da manhã, em correio expresso, as tão desejadas "pranchas" do Barão Migas de Esposende, e Cavaleiro de Bambadinca... Noutra encarnação, Mário Miguéis da Silva. Foi fantástico, inexcedível, não quis falhar com o prometido...Estou-lhe imensamente grato. Reproduzo a seguir a "secreta" correspondência trocada com ele nestes dias. Agira sigo para Coruche. LG.
2. Mails trocados entre mim e Mário Miguéis:
(i) 16 de Maio de 2010:
Querido Mário:
Não sei se vais ao encontro, em Coruche, no dia 27 de Março, do pessoal da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e unidades adidas... Por uma razão ou outra, nunca fui aos encontros do BART 2917... (Nada tenho hoje contra ninguém, não julgo ninguém, não condeno ninguém, incluindo o Anjos de Carvalho)... Tenho ido a alguns encontros do batalhão anterior, o BCAÇ 2852... Se fores, encontramo-nos em Coruche. Ou então, o mais tardar em 19 ou 26 de Junho, no V Encontro Nacional da nossa Tabanca Grande,em Monte Real... Até lá preciso de te pedir um favor... Se estiveres "inspirado" e tiveres "tempo e pachorra", gostava que me fizesses uma pequena "homenagem em BD" a dois colaboradores do nosso blogue, o Carlos e o Eduardo que fazem anos no mesmo dia.. .a 27 de Março... Uma coisa singela, mas que exprima a nossa gratidão e testemunhe a nossa camaradagem... Utiliza apenas este endereço, para manter o "sigilo"... Um abração, Luis (ii) 17 de Março de 2010:
Caro Luís:
Só para acusar a recepção e adiantar-te que, embora o Carlos e o Eduardo mereçam tudo de bom e mais alguma coisa, a minha colaboração (sinto-me honrado por a teres solicitado) vai ter que ser mesmo muito "singela"...É que, desta feita, tenho, precisamente desde ontem e até final do mês, em minha casa os meus dois filhos, que trabalham no estrangeiro (e quanto a disponibilidade fica tudo dito). Um abraço, Mário Miguéis (iii) 17 de Março de 2010: Mário: Mesmo singela que seja, terá a tua "dedada", a marca do teu talento... Goza plenamente a companhia dos teus filhos. Tudo de bom para eles, para ti e demais família. Luís (iv) 24 de Março de 2010: Caro Luís, Regressa hoje ao estrangeiro um dos meus filhos, partindo o outro amanhã, final do dia. Entretanto, a única coisa que consegui fazer relativamente à BD solicitada foi idealizar a mini-estória*, já que a família não me dá hipóteses nenhumas (estou sempre de serviço). Só na madrugada de 26 estarei em posição de te remeter os desenhos, esperando que tenhas possibilidades de editares em tempo útil (caso contrário, "siga a marinha!..."). Optimista por natureza (quem dera!), acredito que não terei de te pedir desculpas. Um abraço, Mário Migueis. * - Os dois aniversariantes são fidalgos da tua côrte e andam por esse mundo do Senhor a fazer coisas boas. Quando regressam para um aniversário em família, são armados Cavaleiros da Tabanca Redonda por Luís Henriques, O Graça (esse mesmo) pelos altos serviços prestados e passam a a figurar (os seus retratos) no Salão Nobre dos Notáveis do Reino. É só. (v) 25 de Março de 2010: Miguel: Estou ansioso por te rever... Não estás a pensar vir ao nosso encontro, em Monte Real, a 26 de Junho ? Quando (e se) passar por Esposende apito-te... Vou ao Norte quase todos os meses (...). (...) Obrigado pela tua generosa e solidária resposta, dentro do melhor "espírito de Bambadinca"... Terei muito gosto em integrar a tua "prancha" no nosso texto de homenagem aos nossos dois co-editores, o Carlos e o Eduardo...Ou autonomamente. Logo verei. A ideia parece-me gira... Trabalharei na noite de 26 para 27, se necessário... Não tem problema... (Às 9h30 de sábado, vou a caminho de Coruche, para participar pela 1ª vez no encontro da malta do BART 2917 + unidades adidas... Ia adorar encontrar o Anjos de Carvalho, que me quis dar um porrada e/ou mandar para a psiquiatria por causa do "Assassinos, criminosos de guerra, limpo o cú às folhas do RDM", nesse trágico dia de 26 de Novembro de 1971 (em que tivemos seis mortos e 9 feridos graves a caminho da Ponta do Inglês... Sei que já tem aparecido... Não lhe guardo qualquer rancor... Dar-lhe-ei um abraço, como faço a qualquer camarada de Bambadinca...War is over...). A caixa de correio está aberta 24 horas por dia... Por razões de segurança, usa também os meus mails, o pessoal e o profissional (...). Um chicoração. Curte os teus filhos, que é o melhor que a gente tem (Eles vivem e trabalham no estrangeiro ? Ou estudam ainda ?) PS - E a propósito de BD, tens obra "publicada" ? Talento, a jorros, não te falta... (vi) 17 de Março de 2010, às 4h10: Caro Luís, Pelas minhas contas, as idades do Vinhal e do Magalhães Ribeiro que estás a indicar não correspondem (Terão 52 e 48, respectivamente). Acabo de reparar numa msg do sistema, que me faz duvidar da boa expedição do m/e-mail de 26 com a "BD"; recebeste bem?... Mário Miguéis Observ.: 2º reenvio, às 4 e tal da manhã, em boas condições... (vii) 27 de Março de 2010, às 8h00: Mário: Foste Fantástico... Just in time... Vou editar... Depois falo contigo...E depois sigo para Coruche.. Abração do tamanho Geba e do Corubal. Luís