terça-feira, 20 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6198: O 6º aniversário do nosso blogue (11): Selecção dos melhores dos primeiros cem postes publicados na I Série do nosso blogue (Os editores)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Região do Xime > 2º Grupo de Combate da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/ Março de 1971) , deslocando-se numa bolanha em zona controlada pela guerrilha do PAIGC... Na foto, é visível, em 5º lugar, o nosso camarada e amigo Humberto Reis, que era furriel miliciano de operações especiais, e comandava um das secções daquele Gr Comb.

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados.



1.  Selecção dos melhores dos  primeiros cem postes publicados no nosso blogue, I Série, cujo início remonta a 23 de Abril de 2004. Nesse ano publicaram-se apenas 4 (quatro!) postesm sob a rúbrica Guiné 69/71 (mais tarde, Guiné 63/74)... Um ano depois, em 22 de Abril de 2005 apareceu o Sousa de Castro (técnico fabril dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que tinha estado no Xime e em Mansambo, entre 1972 e 1974)... A seguir começou a aparecer mais malta:  o Humberto Reis, o A. Marques Lopes, o David Guimarães... O Sousa de Castro desafiou, por sua vez, camaradas de trabalho que também tinham estado na Guiné. No final do ano de 2005  tínhamos publicado cerca de 400 postes... Nos próximos cinco meses, até final de Maio de 2006, publicaríamos mais outro tanto (425)... 

A partir de 1 de Junho de 2006, 5ª feira, mudávamos de instalações... Contados as cabeças, éramos já 100, mas ainda menos que uma companhia... O poste nº 825 dava início à II Série do nosso blogue, com novas funcionalidades e muito mais espaço de arquivamento... A foto acima reproduzida ilustrava o poste inaugural, onde se podia ler:




Quinta-feira, 1 de Junho de 2006 


Amigos & Camaradas:

Por razões de espaço e de tráfego, tivemos que mudar de instalações. O nosso senhorio, o Blogger.com, só nos dá 300 MB para alojar o nosso álbum de fotografias, o que é pouco para tanta gente. De facto, ao fim de um ano já estamos na casa da centena de amigos & camaradas.

O blogue passa a chamar-se simplesmente Luís Graça & Camaradas da Guiné, dando continuidade ao Blogue-fora-nada. Continuará a ser o sítio (virtual) onde nos encontramos, sempre que quisermos e pudermos. É um blogue colectivo que tem por missão ajudar a reconstituir o puzzle da memória da guerra colonial (ou do ultramar, ou de libertação, como queiram) na Guiné, nos anos quentes de 1963 a 1974.

Já publicámos, noutro sítio, as regras (mínimas) da nossa tertúlia:

Fazemos uma pequena distinção, meramente circunstancial, entre: (i) amigos (como é o caso do José Carlos, do Leopoldo Amado, do Pepito ou de outros guinéus, não combatentes; como é o caso das nossas companheiras ou dos nossos filhos); e (ii) camaradas (que dormimos no mesmo chão, que fomos mordidos pelos mesmos mosquitos, que comemos as mesmas rações, que vertemos sangue, suor e lágrimas nos mesmos rios, lalas, bolanhas, matas, buracos e tabancas, que apanhámos a mesma porrada, independentemente da bandeira por que nos batemos, que nos insultámos mutuamente, enfim, todos aqueles de nós que fomos tugas, nharros e turras)...

O nosso comportamento, agora como… tertulianos (alguém inventou uma palavra nova em português), deve apenas pautar-se por critérios éticos ou valores tais como (...)

E seguiam as nossas dez regras de convívio, que fizeram história e doutrina... Nessa época, ainda não estava enraizado o saudável hábito de fazer comentários aos postes, embora essa funcionalidade já existisse... Simplesmente havia um mecanismo de moderação dos comentários, uma leitura e avaliação prévia por parte do  editor... Em boa hora acabámos com essa maçada, e abrimos as portas e as janelas a todos os comentários de todos os homens e mulheres de boa vontade que nos visitavam... O resultado tem sido deveras surpreendente e compensador, aumentando o nível de participação tantos dos membros (inscritos) do nosso blogue como dos simples leitores... 

E a propósitos de portas e janelas abertas, fica aqui  uma sugestão: continuemos  a celebrar o nosso 6º aniversário (*), procurando sobretudo surpreendermo-nos uns aos outros, aos amigos e camaradas da Guiné, bem como às muitas centenas de leitores, anónimos, que nos visitam diariamente, com os nossos textos, as nossos documentos, as nossas fotos, as nossas histórias...
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Guiné 69/71 - I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (23.04.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (25.04.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (28.04.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (07.12.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (22.04.05) (Sousa de Castro)
Guiné 69/71 - XV: No Xime também havia crianças felizes (1) (09.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XVI: No Xime também havia crianças felizes (2) (10.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XVIII: A malta do triângulo do Xime-Bambadinca-Xitole (5) (14.05.05) (A. Marques Lopes e outros)
Guiné 69/71 - XX: Foi você que pediu uma kalash ?  (17.05.05) (David J. Guimarães)
Guiné 69/71 - XXIII: Os anjos da morte (21.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXIV: O ataque ao destacamento de Banjara (1968) 25.05.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXV: Aerogramas de amigos e camaradas (1)) (25.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXVI: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (6) (26.05.05) (David J. Guimarães e outros)
Guiné 69/71 - XXVIII: Um ataque a Sare Banda (1968)  (28.05.05)  (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXIX: Um ataque a Sare Ganá (1968) (28.05.05) (A.M arques Lopes)
Guiné 69/71 - XXXI: Sare Ganá, a última tabanca de Joladu (30.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXXII: As aldeias fulas em autodefesa (30.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara (30.05.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXXVI: Na bolanha dá para pensar... (30.05.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXXVII: Afinal onde ficava Geba ? (31.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXXIX: Sinchã Jobel II e III (03.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XL: Sinchã Jobel IV, V e V (03.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLI: A região do Xitole, por onde andou o Nino (03.06.05) (David J. Guimarães)
Guiné 69/71 - XLIII: Antologia (1): o que era ser periquito... (04.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XLV: Sinchã Jobel VII (05.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLVI: Em memória dos bravos do Geba (05.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLVIII: Samba Culo I (06.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLIX: Samba Culo II (06.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - L: Mancarra, a semente do diabo (07.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LI: Mesa-redonda: Afinal, a guerra não estava (quase) ganha? (08.06.05) (Luís Carvalhido e outros)
Guiné 69/71 - LIV: Cacuto Seidi, chefe da tabanca de Barro (15.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LV: Notícias do Cacheu (1) (13.06.05) (Afonso Sousa / A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LVI: Notícias da CCAÇ 12 (Xime, 1973/74) (15.06.05) (Luís Cravalhido / Humberto Reis)
Guiné 69/71 - LIX: Esquecer a Guiné...por uma noite! (16.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LX: Cabral ka mori? (16.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXIII: Tertúlia dos ex-combatentes da Guiné (1963/74) (17.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXV: Os momentos do fim (Junho de 1974) (19.06.05) (Américo Marques)
Guiné 69/71 - LXVI: Vasculhando os meus papéis (20.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXIX: Fotomemória(s) (21.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXII: Contuboel, Sonaco, Gabu (22.06.05) (Humberto Reis)
Guiné 69/71 - LXXIII: Antologia (4): 'Homenagem aos mortos que tombaram pela pátria': Geba, 1995 (23.06.05) (A. Marques Lopes )
Guiné 69/71 - LXXV: Minas e armadilhas (23.06.05) (David J. Guimarães)
Guiné 69/71 - LXXVI: (i) A bordo do Niassa; (ii) Chegada a Bissau (23.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXXIX: Nome di bó ? Terça, simplesmente Terça! (24.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXXII: CCAÇ 1426 (Geba, 1965/67): Presente! (26.06.05) (Belmiro Vaqueiro / A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXXVI: No 'oásis de paz' de Contuboel (1969) (28.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXXXVII: A caminho da Guiné, no "Ana Mafalda" (1967) (28.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXXIX: Recordando Geba, Banjara, Camamudo, Cantacunda, Bafatá (CCAÇ 1426) (30.06.05) (Fernando Chapouto / A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XC: Quem não tinha um pouco de poeta e de louco? (01.07.05) (A. Marques Lopers)
Guiné 69/71 - XCIII: Barro, trinta anos depois (1968-1998) (02.07.05) (Afonso Sousa)
Guiné 69/71 - XCIV: Um alfa bravo para os nossos Op TRMS (1) (02.07.05) (Afonso Sousa e outros)
Guiné 69/71 - XCVI: Salgueiro Maia, director de jornal de caserna (07.07.05) (Jorge Santos)
Guiné 69/71 - XCVIII: Um Alfa Bravo para os nossos Op TRMS (2) (09.07.05) (Sousa de Castro)

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Nota de L.G.:



(*) Vd. último poste desta série > 17 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6008: O 6º aniversário do nosso blogue (10): 40 anos depois do meu regresso, a 9 de Abril de 1968, volto à Guiné, a Bambadinca... E tudo isto, por culpa do nosso blogue (Jaime Machado)


(...) No dia exacto em que se completam 40 anos do meu regresso da Guiné (9 de Abril de 1968) parto de novo para lá, se tudo correr conforme o previsto.

Já o disse e repito.  A “culpa” de tudo isto é do Luís.  Sim, do Camarada e Amigo Luís Graça.

Há anos atrás, numa noite de insónia, resolvi escrever, no Goole, a palavra BAMBADINCA.  A partir daí nunca mais parei.  A leitura do Blogue do Luís e mais recentemente do Blogue da Tabanca de Matosinhos passaram a ser tarefa diária obrigatória.

Sucederam-se almoços e jantares, uns atrás dos outros, sempre com ex-camaradas que, como eu, permaneceram cerca de dois anos da nossa juventude na Guiné.  (...)



Vd. postes anteriores:



 17 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6006: O 6º aniversário do nosso Blogue (9): O Blogue, o futuro, os nossos encontros, os dias em que não me sinto fora de prazo... (Juvenal Amado)


(...) Nestes dias cinzentos e chuvosos pensamos no que fomos, no que somos e no que poderíamos ter sido.
A vida de cada um é um acto único, em que só alguns têm aquele quê especial, que os faz vir à boca de cena várias vezes.

Diz-se que os actores agradecem os aplausos do público. Por que razão se desvirtua esse momento, dizendo que os actores vieram diversas vezes agradecer ao público e não o contrário e legitimo? O público é que deve agradecer.

Assim somos nós todos, depois de tudo darmos, temos de agradecer que o nos é devido. Depois de uma vida inteira de trabalho produtivo em prol da sociedade, eis que nos encontramos de repente sós. Olhamos para as mãos, o que vamos fazer com elas? (...)


Guiné 63/74 - P6197: Ao correr da bolha (Torcato Mendonça) (5): Mentes com dúvidas

1. Mensagem de Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69), com data de 10 de Abril de 2010:

Caros Editores
Há bastante tempo que nada vos envio. Escritos tendes vós, certamente para dar e vender.
Acontece que hoje voltei a ver, noutra revista, a G3 na mão de militares em preparação. Talvez mais em pose para a fotografia.

Li um post relacionado com o livro, melhor com a apresentação da biografia do Marechal Spínola.
Fiz breve comentário a pedir a correcção da data do falecimento. Falei igualmente no Tenente Coronel Pimentel Bastos. E porquê? Somente porque ambos foram meus comandantes; um de certo modo afastado pois era o ComChefe na Guiné e o outro o Cmdt de um dos Batalhões (2852) a que pertenci. Ambos eram, muitas vezes tratados, sem grande mal por "nom de guerre". Por eu não usar esses nomes ou outros como: tugas, turras etc (em combate e não só chamava pelo In não só de turras mas ofendia as esposas, pais e mães etc aliviando tensões e incentivando outras coisas), não quer dizer que outros não os usem.

Nada escreverei sobre o Marechal; aparece num ou em mais escritos meus e, recentemente em comentário, creio que quando do poste da apresentação da biografia. Não sei bem e só indo ver e não vale a pena.
Certo é que quer com o Marechal Spínola quer com a G3 e não só mais adensam algumas dúvidas que se me apresentam.

Assim sendo envio dois escritos de alguns que por aqui andam.
Agradecia, mais ao Carlos Vinhal, que acusassem a recepção.

Farão deles (dos escritos claro) o que entenderem.

Bom fim de semana e um tri abraço do,
Torcato


AO CORRER DA BOLHA - V

MENTES COM DÚVIDAS


São já muitos e tão diversos os escritos, depoimentos, comentários lidos e relidos na vã tentativa de os compreender e posteriormente analisar, mesmo de forma simplista. Simplista claro e que não me seja pedida uma análise mais profunda ou os deuses de um Olimpo qualquer entravam em polvorosa.

Nesse ler e, mesmo relendo, assaltam-me dúvidas, assaltam-me muitas – ia dizer resmas ou montes – incertezas. Paro e não sei qual a realidade. Será a que eu vivi ali ou lá e senti aquilo? Não, não tenho disso recordação.

Dispo-me, desnudo mesmo a mente, procurando assim limpar o pensamento, a memória de outrora, e só então pergunto a mim: - onde estiveste? Na Guiné não certamente pois nunca por tal passaste. Sinto haver nomes, assuntos, temas, tomadas de posição que não compreendo. Mente fraca ou perturbada a minha. Porque pode ser essa a causa ou talvez não.

Porquê tantos contra a guerra, tantos a não darem tiros, tantos do contra lá, e mesmo agora cá, a enalteceram o feito e o acto dos que outrora contra nós se bateram? Sim, como se disso eles necessitassem e nós algo, de mau ou menos próprio, tivéssemos outrora praticado e a ser, hoje, projectado em vergonha.

Guerra justa, guerra injusta ou só guerra e, se só guerra é sempre o mal, o ódio, o desumano a estar presente. Mas praticado por quem? Por todos, ou não? Haverá, disfarçado claro, algum saudosismo desse passado? Não tanto.

Eu estive lá, levaram-me para lá em viagem só de ida e de possível vinda e vi, senti em somatório de vivências fortes a deixarem marcas indeléveis, recordações a desaparecerem e, sem saber como, a virarem, uma ou outra vez, presente, a serem confirmadas por cicatrizes na carne ou na mente. Procuro transformá-las em memórias que se esfumem. Difícil? Muito mesmo e, pior ainda, o não saber esquecer e perdoar. O passado, de quando em vez aparece assim quase presente, o passado onde a vida por vezes se vivia toda num minuto, naquele breve instante, entre a vida e a morte, ou, porque não, entre o azar e a sorte.

Sorte! Que sorte? A de estar vivo, a de ali me arrastar por picadas de morte, debaixo de sol de fogo, caminhando em quase esgotamento, arrastando-me por automatismos e só levando da vida um sopro. O sopro ou o instante da sorte? Agora leio, e releio a descrição do lugar, do fulano ou o tal combatente da liberdade, que a nós montou a emboscada, aquela onde n camaradas nossos encontraram, por azar ou falta de sorte, a morte.

Leio, releio e ainda hoje sinto o silêncio da morte, o cheiro a vir e a entranhar-se por todos nós, a revolta ainda hoje a ser quase a de ontem.

Leio, releio e já nem certeza tenho. Estarei assim tão só?

Haveria assim tantos que outrora pensavam ser a guerra injusta, serem contra impérios de opressões e estarem lá como usurpadores, continuadores do secular e injustificado ou errado conceito de propagar fé e civilização? Não, não pensavam assim. Só minoria, pequena minoria que se sentia humilhada e ofendida, a crescer é certo á medida que a guerra se prolongava. Mas só hoje, só hoje é maioria. Será? Ontem, outrora, não certamente. Outrora a maioria aceitava no espalhar a fé e a civilização, no desrespeito pela cultura, pelo ser e saberes de outros povos.

Leio, releio e tenho dúvida na análise; mesmo simplista claro.

Ah o império, o império. Um dia foi embrulhado cuidadosamente e veio debaixo de um braço.

Fico por aqui e irei ler aqui ou acolá. Certamente irei encontrar os feitos dos outrora inimigos. Curioso eles andarem sempre desavindos e nós, melhor eu, não perdoando ou esquecendo aceitar e pugnar, em silêncio e de forma comedida, pela paz. Curioso.

«««

Fiz bem em esperar. Fiz bem em colocar o escrito em letargia, em meio arquivo. Surge agora um outro escrito no blogue. Alguém, um camarada evidentemente, pede ajuda para perceber o que diz não entender.

Tento a ligação entre o que atrás disse e agora leio. Assumo a responsabilidade. São textos diferentes e em comum têm só a dúvida.

Certo é que, em comentários de diversidade opinativa, própria de um site plural, se tenta o esclarecimento. Não vou agora comentar ou falar no interessante poste. Relevo só, em alguns comentários uma certa confusão, talvez termo excessivo, entre politica e partidos políticos. Aqui não se fala abertamente em política. Só que ao opinar estou a fazer política, a tomar posição política. Nada tem a ver com o partido seja ele qual for, a não ser que tente encaixar essa tomada de posição com uma determinada ideologia partidária. Difícil ou sempre passível de contestação e divergência.

Mas, se assim fosse que mal teria isso? Felizmente temos partidos políticos, políticos e vivência democrática.

Nada mais acrescento aqui e agora ou, a faze-lo, iria infringir “as regras” do blog.

Atrevo-me somente a dar um exemplo: - há quem diga guerra do ultramar, guerra colonial, guerra de libertação.

Implícito está uma tomada de posição política. Ou não?

Claro que está. Claro que não afecta o blog como tal, mas pode interessar aos tertulianos que assim classificam a guerra. É que o todo é feito de partes e estas não são iguais ou seria um desastre.

Parece-me ter mais interesse a guerra ter acabado e hoje, independentemente das designações, se falar de paz. E tanto necessita aquela terra por onde andamos. Transcende-nos o pugnar hoje abertamente pela paz. Poderia parecer sobranceria ou ilegítima interferência. Podemos, contudo, tentar ajudar sem interferir. A nossa História, a história de séculos do nosso País não pode ser feita sem a história daqueles novos Países. Temos séculos de história comum, uma língua só e muito mais que convém aprofundar e será sempre indissociável.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6168: O Spínola que eu conheci (14): Sempre vi naquele homem, trinta e quatro anos mais velho do que eu, o Chefe Militar (Torcato Mendonça)

Vd. último poste da série de 16 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6002: Ao correr da bolha (Torcato Mendonça) (4): Os apontamentos de Amílcar Cabral

Guiné 63/74 - P6196: Notas de leitura (96): Aquelas Longas Horas, de Manuel Barão da Cunha (Beja Santos)

1. Mensagem do nosso Camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Abril de 2010:

Queridos amigos,
Peço encarecidamente aos tertulianos que me ajudem a concluir o levantamento dos escritos dos anos 60, referentes à Guiné: quem mais, além do Armor Pires Mota, Álvaro Guerra, Amândio César e Barão da Cunha, escreveu nessa década?
Conhecem mais alguém? Se conhecem, por favor, indiquem-me.
E quanto aos anos 70, quem mais para além do José Martins Garcia?
Sei muito bem que o pior está para vir, no dobrar do século.
Mas até lá, seria bom que se deixasse para a posteridade um inventário asseado.

Um abraço do
Mário


Nós precisamos que não nos tratem com indiferença

Beja Santos

Manuel Barão da Cunha publicou “Aquelas Longas Horas – Narrativas sobre a actual epopeia africana” em 1968, no serviço de publicações da Mocidade Portuguesa, com capa e ilustrações de Neves e Sousa. Que o autor não teve ilusões sobre a datação da obra e os condicionalismos da escrita temos a prova na adaptação que fez a este e outro livro (“A Flor e a Guerra”) recriando as atmosferas no seu livro mais recente “Tempo Africano”, de que já se fez recensão no blogue.

Trata-se de uma narrativa épica, uma exaltação da gesta que os portugueses estavam a viver no continente africano. Barão da Cunha escreve para recordar o heroísmo, a generosidade e até a dádiva da vida dos soldados anónimos. Escreve com orgulho, apela à compreensão e ao respeito, como a exigir que nada caia no esquecimento: os desembarques no tarrafo, em que o soldado cai, levanta-se, torna a cair para de novo se levantar, caminha para o objectivo e mesmo com o equipamento destroçado segue destemido no cumprimento do dever; aqueles que na emboscada reagem a peito descoberto; denunciando os comportamentos daqueles que na metrópole se pavoneiam, indiferentes àqueles que combatem destemidamente; exaltando os portugueses de todas as cores que combatem o terrorismo; tirando do anonimato o capelão que reza junto do moribundo e que se segue estoicamente em todas as colunas para levar a fé aos combatentes nos lugares mais ermos; engrandecendo os soldados africanos que à sombra de bandeira portuguesa invadem os santuários do Morés.

O livro de Manuel Barão da Cunha é produto de quem esteve em Angola de 1961 a 1963 e na Guiné de 1964 a 1966. É um livro de moralidade, feito para sobressaltar os indiferentes e comodistas, lá longe, ignorando a dureza da vida do combatente, praticamente ignorado pelos órgãos de comunicação social. É um livro de solidariedade com os soldados anónimos, condenados ao esquecimento, com destaque para os africanos, mais também o enfermeiro, o condutor, o ordenança, o guarda-costas. Manuel Barão da Cunha vai ocupar o lugar do oficial do quadro permanente que se junta aos milicianos (Armor Pires Mota e Álvaro Guerra) e aos jornalistas de intervenção (destaque para Amândio César) ainda na década de 60. São soldados armados de Mauser, são operações efectuadas com poucos meios de transmissões, são soldados carregados com burros, são soldados de consciência tranquila, dispostos a derramar o sangue pela Pátria. São soldados que deixaram obra, permitindo que a bandeira verde-rubra continue a flutuar ao vento. São soldados que no fim da comissão estão alegres por terem cumprido a sua missão. Estes soldados tinham nascido de novo para a vida, libertados do medo, ligados àquela terra de combates tão castigadores. “A obra ficava, o homem partia. A obra ficava para outros homens e o homem partia para outras obras”. Não foi exactamente isso que aconteceu, como se sabe, mas Barão da Cunha destacara a transformação de uma geração implicada nesse esforço de guerra. É esse dever de memória que estamos a reter. E a saudar.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6181: Notas de leitura (95): Até Hoje (Memória de Cão), de Álamo Oliveira (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P6195: Recordações do Hoss (Sold Pára Sílvio Abrantes, CCP 121 / BCP 12, 1969/1971) (1): Quando a minha MG 42 ficou engatada no banco da viatura e sofremos uma tremenda emboscada a 3km do Pelundo

 1.  O Sílvio Faguntes Abrantes é, doravante, membro da nossa Tabanca Grande  (*). 

Nasceu a 23 de Janeiro de 1948, na freguesia de Aguada de Cima, concelho de Águeda. É, portanto, da terra do Paulo Santiago, ex-Alferes Miliciano, que comandou o Pel Caç Nat 53 (Saltinho, 1970/2). 

Além disso, foi colega de escola do Paulo. Do mesmo concelho é outro paraquedista, o nosso camarada Victor Tavares, embora de doutra freguesia, Recardães, e mais novo (1972/74). (Sei, pelo Paulo, que infelizmente não está em boas condições de saúde, não estando a acompanhar o nosso blogue: Força, Victor!, a má onda vai passar!).

O Hoss pertenceu à CCP 121 / BCP 12, comandada primeiro pelo então Cap Pára Terras Marques e depois pelo Cap Pára Mira Vaz. Ele próprio nos conta, era soldado, enfermeiro, mas "um colega trazia a bolsa e eu uma MG 42, nada mau,  dadas as circunstâncias". É também amigo do nosso camarada Tino (Contantino Neves).

Combinei com ele abrir uma série para as histórias que ele nos vai contar. Começamos hoje com a 1ª parte da emboscada que sofreu, em Junho de 1970, quando os páras se deslocavam, por estrada, de Bissau para Teixeira Pinto. O resultado foi trágico: 6 mortos e 9 feridos, entre graves e ligeiros.


Ontem escrevi ao filho Leonel: 

O pai já está formalmente apresentado à nossa Tabanca Grande. Queria agora saber se ele está disposto a escrever pelo menos uma meia dúzia de histórias... Já temos o relato da emboscada no Pelundo, que deve dar para dois ou três postes... Vou publicar a primeira parte... Mas gostava de abrir rma série para ele... Sugestões de título, por exemplo: Histórias do Hoss...  Ou: Recordações de um soldado paraquedista (Sílvio Abrantes, o Hoss)... Ou outro título sugerido pelo pai... Um Alfa Bravo do Luís Graça

O Sílvio respondeu-me, ele próprio, logo a seguir nestes termos:

Amigo Luís Graça, espero que continue de boa saúde. É pena estarmos longe porque convidava-o para ajudar a comer um leitão cá da Bairrada, assado por mim. O último foi no passado sábado, houve festa cá na terra, mas fica prometido que um dia nos havemos de encontrar a saborear uma sardinha amarela assada por mim.

Quanto aos e-mails, sobre a emboscada vou publicar no mínimo três. Quanto ao título deixo à vontade do meu amigo. Não vou perder mais tempo,  são 19h30, vou-me deitar que vou trabalhar da meia noite às oito do manhã.

Um abraço, Hoss.

Sei, através do Paulo, que o Sílvio (ou Hoss, como ele gosta de se chamar) trabalha numa fábrica de cerâmica, e por vezes no turno da noite. O Paulo aproveitou para me dizer que o pára que aparece na  fotografia que publiquei ontem, não é o Hoss, mas um camarada dele... Eu já tinha dado conta do lapso... Vou corrigir.

Respondi-lhe, ao Hoss,  hoje de manhã:

Sílvio: Obrigado pelo teu gesto de amizade, camaradagem e hospitalidade... Haveremos de estar juntos,  com o Paulo e o Victor que são "senadores" do blogue e já grandes amigos... Dia 26 de Junho vamo-nos encontrar em Monte Real, é o nosso V Encontro Nacional... Não queres aparecer ? 

Não te esqueças que na Tabanca Grande tratamo-nos todos por tu, como camaradas que somos, independentemente do que fomos na guerra ou somos hoje, na vida civil... Fica bem. Saúde e longa vida. Luís Graça 



Guiné > Algures > CCP 121 >  BCP 12 > 1970 (?) > Um camarada açoriano do Hoss, num momento de pausa na guerra e com sinais de grande sofrimento estampado no rosto. A seu lado, no chão, uma MG 42, a uma poderosa armas nas mãos dos páras...

Foto: © Sílvio Abrantes (2010). Todos os direitos reservado
s. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




2. Recordações do Hoss (Sold Pára Sílvio Abrantes, CCP 121 / BCP 12, 1969/71) > 16 de Junho de 1970 > Ataque a uma coluna Bissau-Teixeira Pinto (1ª parte)



Seguia-mos de Bissau para Teixeira Pinto, de coluna, quando fomos atacados cerca de  3 km. do Pelundo,à saída duma curva. O resultado  cifrou-se em 6 mortos e  9 feridos,  alguns com gravidade.

Nos Paraquedistas,  no tempo do então Capitão,  hoje Coronel na reforma, o meu grande amigo   Terras  Marques [, foto à direita, cortesia do Portal do Exército Português,],  teve a ideia de aplicar às MG  um punho em madeira no fuste à medida do braçodo apontador.

Quando a emboscada rebentou e na confusão de saltar  da viatura,  a minha MG  ficou engatada com o  punho no banco. 

Saltar da viatura  sem a arma estava fora de questão, foi assim que me ensinaram os meus instrutores  em Tancos, ao contrário de um  oficial (que não vou dizer o nome porque seria uma vergonha ainda hoje passados tantos anos), que saltou da viatura e deixou a G3 lá dentro e  em pleno combate  pede ao soldado Folhas que lhe desse a dele,  ao que este rejeitou e com toda a razão. O que aconteceu a seguir é que não é digno de um homem. O vocabulário português é muito rico  e eu não encontro um adjectivo para classificar este oficial,que fez a vida negra ao Folhas durante o resto da comissão.

Eu fico em cima da viatura a ver onde o IN estava emboscado atrás dos baga-bagas e só acordei para a realidade quando ouço um zumbido a passar junto à minha cabeça. Salto da viatura e corro para  a zona de fogo,  fico de pé a meter a fita na arma que teimava em não dar fogo e foi o meu colega  Alberto quem me puxou para eu me abaixar e  me ajudou a meter a fita na arma, tal era a minha aflição.



Guiné >Zona Leste > Saltinho > Pel Caç Nat 53 (Saltinho, 1970/72) > O soldado Mamadú Jau, "uma força da natureza" (segundo Paulo Santiago), apontador de metralhadora (empunhando aqui uma temível MG 42 - abreviatura do alemão Maschinengewehr 42 - que a HK 21 não conseguiu destronar, mesmo na guerra de África).

Foto: ©  Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


Eu fiquei cego deraiva. Fui eu que orientei o fogo para destruir os baga-bagas onde o IN estava instalado,  e que motivou a sua fuga, mas o mal aos  meus colegas estava feito. Não vou dizer que foi desta ou daquela maneira,  porque todos vós passaram decerto por situações iguais.As palavras por vezes dizem pouco. A  fotografia dum bravo açoriano que junto, fala por todos, diz tudo, não são necessárias mais palavras.

Fomos  atacados do lado esquerdo que era amplo,  só havia capim rasteiro e baga-bagas, do lado direito era mata com árvores. Nem todos correram para o lado esquerdo, devido à potência do fogo IN,  não o puderam fazer, ficando debaixo das árvores, então o IN atacou as árvores à roquetada,  oque provocou a maioria dos feridos pelos estilhaços.

Depois da resfrega e com os nervos a rebentar, outra tarefa  mais delicada, tinha de tratar dos feridos, o que exigia de mim e dos meus colegas enfermeiros um grande poder  de concentração e mais uma vez não podíamos falhar, tinhamos na mão a última réstia de esperança de vida daqueles bravos que tiveram a infeliz sorte de ficarem feridos.

Como um mal nunca vem só, não se conseguia ligação via rádio  com Bissau, Teixeira Pinto nem com o Pelundo a escassos 3 kms, mas eis que passa uma parelha da Fiats e o nosso operador de rádio manda um S.O.S. E de imediato os Fiats passam em voo rasante, entram em contacto com  Bissau,  passado pouco tempo estavam os helicópteros e as nossas queridas enfermeiras a fazer a devida evacuação. 

Por hoje fico por aqui, que relatar isto ainda dói muito.

(Continua)
        
 ________________

Nota de LG.:


Guiné 63/74 - P6194: Convívios (219): Encontro comemorativo da ida da CART 2732 para a Guiné, Funchal 10 de Abril de 2010 (Inácio Silva/Carlos Vinhal)

Alguns camaradas naturais e/ou residentes no Continente, da CART 2732, encontraram-se, no Funchal, com um grupo alargado de camaradas residentes na Madeira, com o intuito de comemorar o 40.º aniversário da partida para a Guiné.

A ida para o Funchal foi feita, optando cada um pela data mais conveniente. O mesmo aconteceu em relação ao regresso, porque a deslocação foi aproveitada pela maioria para fazer um pouco de turismo na Ilha.

Os camaradas organizadores, que fizeram um excelente trabalho, programaram com todo o pormenor as diversas etapas do nosso encontro. Inclusivé, não subestimaram a recepção no aeroporto e o inestimável serviço de transporte do aeroporto para o Funchal, deixando-nos mesmo à porta do hotel. O transporte do Funchal ao aeroporto, mesmo em dias diferenciados, foi também assegurado aos continentais pelos camaradas naturais da Madeira. Registamos com muito agrado e simpatia esta louvável iniciativa que, aliás, foi distribuída, um pouco, por cada um dos membros da organização.

Este evento permitiu, como seria expectável, juntar alguns familiares mais próximos dos ex-combatentes, designadamente, com a inclusão do elemento feminino, atribuindo um colorido mais íntimo e harmonioso.

Assim, no dia 10 de Abril, sábado, logo pelas 10H00, fomos esperar um autocarro que nos levaria até junto de um grupo dos ex-camaradas madeirenses, cujas caras - a maior parte delas - não eram vistas, há quarenta anos.
Passado o primeiro impacto, com a dispensa de um relativo esforço de reactivação da memória visual e auditiva, foi possível estabelecer, nuns casos, mais rapidamente do que noutros, a ligação com o passado, já longínquo, e de relembrarmos certos episódios, vividos no colectivo, que, jamais, serão esquecidos.

Já dentro do autocarro, a curiosidade mútua era evidente e a pergunta, quem é aquele?, surgia amiúde.
Houve algumas situações, algo caricatas, de alguns camaradas dizerem cara-a-cara:

- Desculpa-me, mas eu não me lembro de ti... - dizendo, logo, o outro:

- Então, não te lembras... disto e... daquilo?

- Sim disso, eu lembro-me bem mas da tua cara, não...!

Pouco e pouco, a sã camaradagem sobrepôs-se as todas as dúvidas e as conversas foram sendo feitas com a maior cordialidade.

O autocarro dirigiu-se, então, para as antigas instalações do BAG-2 (Bateria de Artilharia de Guarnição), transformado em GAG-2 (Grupo de Artilharia de Guarnição) para se tornar numa Unidade Mobilizadora, onde a nossa Companhia recebeu instrução militar e de onde partiu, rumo à Guiné.

O GAG-2 foi entretanto transformado em Unidade de Apoio ao Comando da Zona Militar da Madeira.

Fomos recebidos pelo Oficial de Dia, senhor Capitão Urbano Correia em representação do Comandante que não pôde estar presente devido a ter que participar numa cerimónia que estava a decorrer no Funchal, alusiva ao Dia do Combatente.

O Oficial de Dia deu-nos as boas-vindas, num tom muito cordial e proporcionou-nos uma visita àquelas que foram as nossas instalações, algumas delas inexistentes e outras submetidas ao longo do tempo a obras de beneficiação.

Nesta parada se fez muita Ordem Unida, Ginástica e Aplicação Militar. Aqui recebemos o nosso Guião que nos acompanhou na Guiné e que lastimavelmente parece estar desaparecido.

À esquerda a antiga caserna dos Recrutas.

Fomos conduzidos ao monte mais alto da guarnição, onde se encontram instaladas algumas peças de artilharia, local que nos proporcionou uma excelente vista sobre a Ilha e onde nos detivemos, algum tempo, em amena cavaqueira.

Ex-combatentes e respectivos familiares a caminho do monte onde se encontram as peças de artilharia anti-aérea.

Uma das anti-aéreas apontando simbolicamente o céu, hoje verdadeiras peças de museu.

Uma vista da Ilha obtida a partir do monte adjacente ao Quartel

Descemos para a zona da Parada, sendo, já, acompanhados pelo Comandante da Unidade entretanto chegado, senhor Tenente Coronel Rui Manuel Sequeira de Seiça que nos deu as boas-vindas, de uma forma muito efusiva, manifestando o seu apreço pela nossa presença, salientando o facto de ser pouco comum, os ex-combatentes regressarem às Unidades que não lhes foram muito "simpáticas".
Não deixou, também, de salientar a presença do elemento feminino, chamando a atenção para a importância da mulher na participação, com o homem, nas questões relacionadas com os militares.

Um tema que nos mereceu algum reparo foi o facto do GAG-2, em tempos, ter erigido um pequeno monumento em memória dos que dali partiram para a Guerra do Ultramar e dos que, ao serviço da Pátria morreram, que por questões relacionadas com a construção da Via Rápida, que liga o Funchal à Ribeira Brava, foi destruído, não tendo sido, depois, reerguido.

Memorial fotografado por Carlos Vinhal em 1985, entretanto destruído.

Um dos elementos da CART 2732 pediu a palavra para reiterar, na presença de todos, aquilo que alguns já tinham feito chegar ao Comandante, em conversa privada...
Agradecendo a forma cordial e amiga como fomos recebidos, revelou uma certa mágoa pelo facto daquela Unidade não ter uma referência aos ex-militares que, dela, partiram para o Ultramar, deixando um repto para que o seu Comandante diligenciasse no sentido de não deixar caír no esquecimento um episódio marcante vivido, conjuntamente, pelo GAG-2 e pelos ex-combatentes, ali presentes.

O Ten Cor Rui Seiça, Comandante da Unidade, usou de seguida da palavra, para informar, solenemente, que assumia o compromisso e se iria empenhar no sentido de voltar a reerguer o referido monumento, deixando todos muito satisfeitos. Fazemos votos para que esse desiderato seja alcançado para que, numa próxima visita à Madeira e à nossa Unidade, possamos prestar a nossa profunda homenagem aos que já não voltaram connosco.

Parte da formatura, vendo-se à esquerda, de camuflado, o senhor Cap Urbano Correia e, com a farda n.º 1, o senhor Ten Cor Rui Seiça.

Um grupo de senhoras acompanhantes dos ex-combatentes.

O Comandante da Unidade dirige palavras sentidas de reconhecimento às esposas ali presentes.

Saímos do quartel já perto das 13H00, sendo conduzidos ao local onde na Madeira foi construída uma escultura e um pequeno edifício, dentro do qual estão gravados, em metal, os nomes dos madeirenses falecidos em campanha na guerra do ultramar.

Placa que assinala o local do Memorial.

Figura escultórica que encima o edifício, quanto a nós envergonhado, no interior do qual estão inscritos os nomes dos militares madeirenses tombados em campanha nos três Teatros de Operações. Por que estão estes nomes escondidos nesta espécie de meia-cave?

Como o estômago já reclamava, fomos, de imediato, para o restaurante que nos iria acolher para o almoço.
Este, decorreu tranquilamente, em formato self-service, podendo, cada um usufruir da variedade de produtos que foram colocados à nossa disposição, sendo, na generalidade, do nosso agrado.

Por fim, o camarada Pedro Reis, à sua maneira, surpreendeu-nos com a distribuição individual duma placa alusiva ao encontro.

Para rematar o final do encontro, foi fatiado o bolo alusivo à efeméride, decorado com os símbolos do Blogue da CART 2732, o que muito nos lisonjeou.

Depois, foi o dispersar, indo cada um para onde lhe apeteceu... não esquecendo, contudo, os bons momentos passados e que serão recordados com saudade.

Ficou a promessa de que se iria comemorar o 40.º aniversário do regresso, de novo no Funchal em 2012.

Texto - Inácio Silva e Carlos Vinhal
Fotos e legendas - Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6179: Convívios (132): 7º Convívio da CART 1746 (Manuel Vieira Moreira)

Guiné 63/74 - P6193: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69 / Mai 71) (9): Os padres missionários italianos de Bafatá

Coruche > IV Convívio anual da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > 27 de Março de 2010 > O ex-Alf Mil Capelão Arsénio Chaves Puim e o ex-Alf Mil Trms Antero Magalhães Pacheco da Silva.



Coruche > IV Convívio anual da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > 27 de Março de 2010 > O Antero Magalhães Pacheco da Silva, que vive no Porto e veio acompanhado da esposa.




Coruche > IV Convívio anual da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > IV Encontro-convívio > 27 de Março de 2010 > O Furt Mil Mec Auto Joaquim Lourenço Gião Vinagre. Em segundo plano, o camarada, ajudado pela respectiva família, que organizou o convívio. Ao todo, marcaram presença 96 ex-Militares, com 27 totalistas.


Coruche > IV Convívio anual da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > Dois camaradas de unidades adidas ao batalhão: o ex-1º Cabo Cripto Gabriel Gonçalves (CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71) e ex-Alf Mil Art Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71).



Coruche > IV Convívio anual da CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) > O ex-Alf Mil Médico António Rodrigues Marques Vilar, que veio do Olossato - se não erro - para o BART 2917, em Março de 1971. A seu lado, a esposa. Moram em Aveiro. O Dr. Vilar é um psiquiatra reformado. Deve estar neste momento na Guiné, aonde voltou, pela primeira vez, em 2001, com o David Guimarães e outros camaradas. No almoço, sentei-me à sua frente. A meu lado esquerdo, ficou o o ex-Alf Mil José Alexandre Pereira Braga Gonçalves (recomplemento da CCS, em Janeiro de 1971). Infelizmente não tenho nenhuma foto dele.

Fotos: © Luís Graça (2010). Direitos reservados


1. Mensagem, com data de 16 do corrente, do nosso muito estimado amigo e camarada Arsénio Puim, açoriano de Santa Maria, ex-capelão do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), e com que estive, recentemente, convívio realizado em Coruche (27 de Março de 2010):

Luis:

O nosso encontro em Coruche, que me deixou muito boas recordações, quase não nos proporcionou ocasião para conversarmos. Mas outras ocasiões virão.

Mando um pequeno trabalho sobre a Igreja na Guiné, e que voltarei mais tarde a abordar no que toca aos capelães militares, o qual, como todos os outros, fica ao teu critério.

Cumprimentos à Alice. Um abraço amigo
Arsénio Puim



2. RECORDANDO... IX - OS PADRES MISSIONÁRIOS ITALIANOS DE BAFATÁ (*)
por Arsénio Puim

A Igreja na Guiné, em princípios da década de 70, tinha como autoridade eclesiástica máxima o Perfeito Apostólico (não era Bispo, nem a Guiné era então Diocese, ao contrário do que acontece hoje), com sede em Bissau e dependente directamente do Papa, em Roma.

Também em Bissau, e arredores, viviam os Padres Franciscanos, exercendo ao mesmo tempo o professorado no Liceu. Mais para o interior do território, haviam-se fixado os Padres Missionários Italianos, que tinham a sede em Bafatá e, se não erro, uma pequena extensão em Catió.

Para além destes, havia os capelães militares, dependentes do Vicariato Castrense, em Lisboa, em comissão de serviço temporária, por força da guerra existente, dispersos e isolados pelos quartéis do mato, onde às vezes existiam também minúsculos núcleos de cristãos nativos.

Normalmente, os capelães só encontravam outros colegas padres, para conviver um pouco e conversar sobre os problemas inerentes à sua actividade e difícil experiência eclesiástico militar, quando se deslocavam a Bissau, onde se situava a chefia da Capelania, que, diga-se, estava sempre aberta a todos os capelães do território. Razão, talvez, por que era apelidada de «Vaticano».

A ocasião magna, durante a minha comissão, de encontro dos 18 padres que prestavam assistência religiosa às forças militares estacionadas na Guiné foi a Reunião dos Capelães do CTIG, realizada em Março de 1971 durante três dias, a qual foi repartida por Bissau e Bolama e presidida pelo capelão chefe, Pe. Gamboa.

Para mim, que vivia na zona central da Guiné, proporcionava-se, ainda, a oportunidade, uma vez ou outra, de me deslocar à pequena cidade de Bafatá, trinta quilómetros a leste de Bambadinca, onde se encontravam, além do capelão da unidade local, os Padres Missionários Italianos.

Foi na Casa destes que me «refugiei» algumas vezes, para desanuviar o espírito do clima de guerra, para falar com outros colegas, para retemperar um bocadinho as forças e levar em diante, com a autenticidade que sempre prezei, a missão de padre da Igreja no Exército.

A primeira vez foi em meados de Junho de 1970 quando decorreu ali um encontro dos capelães militares do Sector Leste - Bafatá, Bambadinca, Galomaro, Nova Lamego e Piche – promovido e orientado pelo Capelão Chefe da Guiné.

Foram dois dias preenchidos com diversas reuniões de trabalho, onde os capelães presentes puderam, num ambiente de agradável convívio, analisar e reflectir sobre a sua missão e actividades, naturalmente vistas sob ângulos de opinião diferentes.

A encerrar o encontro teve lugar uma concelebração eucarística de ronco, um tanto ao estilo da Igreja no tempo do Estado Novo, que o Capelão Chefe Gamboa sabia muito bem valorizar, em que estiveram presentes autoridades militares e civis, assim como um bom grupo de chefes religiosos muçulmanos. À cerimónia, a que se pretendeu retirar qualquer conotação política e militar, deu-se o nome de Celebração Eucarística pela Unidade.

Lembro que ainda antes de regressarem às suas Unidades, os capelães foram brindados, pelo Comando Militar de Bafatá, com um longo roteiro pela zona norte, acompanhados dum pequeno pelotão de segurança, visitando os aquartelementos de Cantuboel, Cambaju e Fajonquito, que nos disseram ficar a cerca de 500 metros do Senegal.

Voltei a estar na hospitaleira Casa dos Padres Missionários Italianos, pelo menos, mais duas vezes, por menos tempo. Eram sempre excelentes ocasiões de repouso e de convívio, assim como de troca de opiniões sobre temas então muito actuais e vividos intensamente por muitas pessoas dentro da Igreja, como fascismo e colonialismo, Exército e Igreja, guerra e Guiné, além de outros temas de cariz religioso e eclesiástico.

Pude, assim, conhecer e aquilatar do trabalho que os Padres Missionários Italianos desenvolviam na Guiné, levados pelo seu espírito missionário arejado e contando com algum apoio financeiro do Governo Português. Um trabalho profundo, enraizado e isento, que assentou, essencialmente, na formação de cidadãos da própria Guiné, de forma que o desenvolvimento desta terra se pudesse fazer a partir de dentro, pelos próprios guineenses. Para isso, haviam fundado e dirigiam um Seminário em Bafatá, já então no terceiro ano de existência, e sei que projectavam construir um outro em Bissau, visando a formação de sacerdotes e catequistas nativos, sem os desenraizar do meio nem desafricanizar.

Uma acção que foi reconhecida por quantos tiveram oportunidade e interesse de observar o desempenho da Igreja na Guiné e dela esperavam que assumisse uma acção capaz de semear nesta terra o Evangelho, no seu espírito de justiça, liberdade e progresso.

Amílcar Cabral, numa entrevista dada depois da célebre recepção dos três líderes dos Movimentos africanos pelo Papa Paulo VI em princípios de 1971, e em que faz um forte ataque à Igreja na Guiné por considerar esta estar comprometida com a guerra colonial, não deixou de expressar o seu apreço pelos Padres italianos de Bafatá, assim como pelo Pe. António Grillo, que havia sido expulso na sequência do caso de Samba Silate. (**) Uma imprudência de Amílcar Cabral, a meu ver, por poder dar origem a certos juízos políticos, na verdade infundados.

Não sei o rumo que a grande obra dos Padres Missionários Italianos tomou após a independência do território, mas acredito que a sua eliminação ou cerceamento, a ter acontecido, terá constituído um revés para a acção missionária da Igreja neste país e para o próprio desenvolvimento da Guiné.

Arsénio Puim
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Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 11 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5626: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/Mai 71) (8): Recordações da Belmira, da Manjaca, da Maria, da Safi, do Jamil...
(**) Vd. poste de 11 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2930: Bambadinca, 1963: Terror em Samba Silate e Poindom (Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 84, 1961/63


(...) Sem conseguir precisar o mês, um dia soubemos que a PIDE estava em Bambadinca para deter o padre António Grillo, italiano da Ordem Franciscana, acusado - não sabíamos se por denúncia se por investigação - de colaborar, proteger, e fornecer alimentos a elementos do PAIGC, a partir de Samba Silate.

Este episódio motivou a intervenção militar do Comando de Bafatá com uma força equipada com as já na altura obsoletas auto-metralhadoras e lança-chamas. Essa força foi reforçada em Bambadinca com grande parte dos efectivos aí destacados e seguiu para Samba Silate.

Contar com pormenor o que se passou no decorrer da operação é impossível, já que fui colocado num posto de onde só podia abarcar uma pequena parte da povoação, que ocupava uma área enorme, mas o constante matraquear das auto-metralhadoras e G3 deixavam antever um morticínio. (...).



Vd. também poste de 14 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3059: Memórias dos lugares ( 9): Bambadinca , 1963 (Alberto Nascimento, CCAÇ 84, 1961/63)


(...) Em frente, junto à vedação do quartel, estava o gerador que por economia só funcionava poucas horas depois do anoitecer, após o que tudo passava a funcionar a petróleo. Até a iluminação exterior do quartel era feita com alguns Petromax e vulgares lanternas. Felizmente, a geleira onde se refrescava a Sagres 7dl, só funcionava a petróleo e enquanto este não faltasse, havia cerveja fresca, isto quando havia cerveja...

Continuando na estrada, a seguir ao quartel e com vedações quase encostadas ficava a última construção, a igreja onde oficiou, até à sua detenção, o padre Grillo [, o missionário italiano, acusado pela PIDE de estar ligado ao PAIGC].

Depois a estrada continuava até à bifurcação para a direita e para a esquerda e era nesta zona que existia um cemitério. A estrada que seguia para a direita dava acesso à pista se aterragem.

Bambadinca era assim...Só isto... (...)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6192: Blogues da nossa blogosfera (34): Comandos-Guine 1964 a 1996, de Luís Raínha, o centurião-mor


O blogue Comandos Guiné 1964 a 1966 foi criado em 23 de Fevereiro de 2010 pelo nosso camarada Luís Raínha, que foi Alf Mil Comando, comandente do Grupo Os Centuriões. É também o principal editor, tendo como co-editores o João Parreira, membro do nosso blogue, e o Júlio Abreu, a residir na Holanda.

O cabeçalho do blogue tem, como fundo,. uma imagem de grupo, tirada em 8 de Novembro de 2008, por ocasião do 2º Encontro dos Velhos Comandos da Guiné 1964-1966, realizado no restaurante Os Severianos, sito na estrada Lourinhã-Torres Vedras.

Nessa foto, reconmhecemos como membros da nossa Tabanca Grande o Amadu Djaló (nº 9, Grupos Fantasmas e Centuriões), João Parreira (nº 13, Grupos Fantasmas e Apaches), Júlio Abreu (nº 18, Grupo Centuriões) e Mário Dias (nº 19, Grupos Camaleões e Apaches)... O Luís Raínha não aparece na foto, não tendo ido muito provavelmente ao encontro.

Aos nossos camaradas - que fazem questão de se chamar "velhos comandos" do CTIG, 1964/64 - desejamos os melhores votos de sucesso bloguístico.

O blogue tem por objectivo explícito "o reconstruir do puzzle que foi a nossa passagem pela Guiné", através do "relato honesto daquilo que então nos aconteceu" e que eles fazem questão de querer transmitir "aos presentes, aos filhos, aos netos e aos vindouros".

O historial militar do Luís Rainha, de 69 anos de idade, reformado, residente em Tavarede, Figueira da Foz, é apresentado no blogue nestes termos:

(i) Alf Mil Inf, tendo frequentado o COM em Mafra;

(ii) Fez um estágio de Educação Física Militar e frequentou com aproveitamento o Cursos de Operações Especiais, Oficial Miliciano de Infantaria, Ranger, e Operações Especiais, Oficial Miliciano Comando;

(iii) Colocado no Regimento de Cavalaria 7, em Lisboa;

(iv) Foi incorporado no BCAV 705/CCAV 704 e mobilizado para a Guiné;

(v) Os primeiros meses passou-os na CCAV 704 e os restantes nos Comandos do CTIG, onde formou o Grupo Centuriões;

(vi) Os seus instrutores foram o então Major Monteiro Dinis, Cap Nuno Rubim, Alf Mil Justino Godinho, Alf Mil Pombo dos Santos, Alf Mil Maurício Saraiva, Sargento Mário Dias e Furriel Mil Miranda (participantes na Op Tridente, com excepção dos dois primeiros);

(vi) Foi contemporâneo dos Alf Mil António Vilaça, Neves da Silva, Vítor Caldeira, V. Briote e do então Cap Garcia Leandro;

(vii) Foram-lhe atribuídos dois louvores, um ao serviço do BCAV 705 e outro ao serviço dos Comandos do CTIG atribuído pelo Comandante Militar da Guiné;

(viii) Mais tarde foi condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe.

O João Parreira, por sua vez:

(i) É um lisboeta de gema, nascido em Alcântara;

(ii) Ainda antes da tropa, ingressou, em 2 de Dezembro de 196,l no Ministério dos Negócios Estrangeiros;

(iii) Prestou o Serviço Militar entre 9 de Agosto de 1963 e 19 de Agosto de 1966;

(iv) Estando colocado no BCaç 8 em Elvas, foi selecionado para frequentar o Curso de Operações Especiais;

(v) Fez um estágio no CMEFD (Centro Militar de Educação Fisica e Desporto), em Mafra, de 30 de Março a 3 de Maio de 1964;

(vi) Tendo ficado apurado, recebeu ordem para se apresentar no CIOE Centro de Instrução de Operações Especiais) em Penude (Lamego), onde frequentou o 3º Curso, C-24, que decorreu a 4 de Maio a 7 de Junho de 1964, tendo tirado o Curso com aproveitamento;

(vii) Foi incorporado na CART 730 / BArt 733, com destino à Guiné;

(viii) Fez a Comissão na Guiné de 8 de Outubro de 1964 a 14 de Agosto de 1966, primeiro na CArt 730/BArt 733;

(ix) Foi ferido em 9 de Janeiro de 1965, numa Operação à Base de Bafantandem, na Zona do Cancongo;

(x) Depois, foi para o Grupo Fantasmas, do Cap Saraiva (a que pertenceu também o Amadú Djaló);

(xi) Foi outra vez ferido em 20 de Abril de 1965 na Operação Açor, nas Tabancas de Portugal, na Zona do Incassol;

(xii) Vou a ser ferido, pela terceira vez, em Maio de 1965 na Operação Ciao, em Catungo, Cacine, "mesmo ao lado do Morais, que morreu logo ali, com o João Parreira a olhar para ele, sem nada poder fazer";

(xiii) Regressou ao MNE em Setembro de 1966; "com saudades de África", foi para o Consulado Geral de Portugal em Salisbúria, Rodésia, em 23 de Dezembro de 1966;

(xiv) Passou ainda pelas Embaixadas de Salisbúria na Rodésia, Blantyre no Malawi, Londres na Inglaterra, Lusaka na Zâmbia e Harare no Zimbadbwe.

(xv) Em Agosto de 1994, voltou a Lisboa, trabalhando no MNE;

(xvi) Da Guiné, nãou trouxe medalhas, a não ser "as que (...) trago comigo, e que estão aqui, no corpo";

(xvii) Pelo serviço prestado mo MNE, foi agraciado pelo Presidente da Repùblica com a Ordem do Infante D. Henrique.




O Júlio da Costa Abreu foi 1.º Cabo Radiomontador do Batalhão 506, Bafatá, antes de ser Chefe da 2.ª Equipa do Grupo de Comandos "Os Centuriões".



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Nota de L.G.:

(*) Último poste desta série > 30 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5730: Blogues da nossa blogosfera (33): Site da CCAÇ 4740 (Armando Faria)