segunda-feira, 25 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8602: Agenda cultural (146): Reportagem, na TVI, em data a anunciar, sobre a expedição Latitude Zeroº - Rota Ingoré 2011 (24 de Fevereiro / 4 de Março de 2011)



Imagem da página principal do sítio Latitude Zero - Rota Ingoré... Webmaster:  João Brito e Faro, da Moreira da Maia.

 
1. Estava prevista para hoje, na TVI, mas foi adiada para data... oportunamente a anunciar, a exibição de uma  reportagem sobre a expedição à Guiné-Bissau 2011, organizada pelo projecto Latitude Zeroº - Rota Ingoré 2011.

 Eis o teor da mensagem que recebemos do nosso leitor António Morais, com data de 18 do corrente:

No dia 25 de Julho, depois do telejornal das 20 horas – entre as 20h30 e as 21h30 – a TVi em Portugal irá apresentar a reportagem, de 30 minutos, realizada sobre a expedição da Latitude Zeroº – Rota Ingoré 2011,  pela Guiné-Bissau.

Recordamos que durante nove dias, de 24 de Fevereiro a 4 de Março de 2011, António Vieira, jornalista, e Norberto de Sousa, operador de imagem, da TVi, acompanharam esta expedição por Bissau – Ilhandé – Buba – Nhala – Guileje – Iemberem (Parque de Cantanhez) – Mato de Lautchande – Bambadinca – Bafatá – Farim – Bigene – Ingoré – Quinhicam – Canchungo – Cabienque – Tame – Canhobe – Ponta Pedra - Ilha de Pecixe – Bissau.

Em Canchungo, na Região de Cacheu, o tema será a Bankada Andorinha e o seu projecto de promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa.


Relatos e fotos da viagem pela Guiné-Bissau: podem ser vistos aqui. A ONG Andorinha em Canchungo tem um blogue próprio, que pode ser visto aqui.

2. E a propósito, acrescente-se: A ONG Bankada Andorinha... (i) tem como objectivo promover a Língua Portuguesa e a Cultura em Língua Portuguesa (Canchungo, Região de Cacheu, Guiné-Bissau); (ii) nasceu de um programa radiofónico de promoção da Língua Portuguesa e da Cultura em Língua Portuguesa na Rádio Comunitária Uler A Baand e Rádio Babok em Canchungo na Guiné-Bissau; (iii) deu origem a diversas bankadas nos bairros de Canchungo, nas tabankas do sector de Canchungo, na Região de Cacheu e em Bissau, de jovens alunos e professores que se agrupam para falarem (treinarem, ultrapassarem o receio) a Língua Portuguesa e organizarem diferentes actividades (Nô Pensa Cabral!, Nô Mindjers bali pena!, Feira do Livro, sessões de sensibilização em escolas, etc).

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Nota do editor:
 
Último poste da série > 22 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8586: Agenda cultural (145): Concerto de Bubacar Djabaté, natural da mítica tabanca de Tabatô, terra de Kimi Djabaté e de outros grandes cantores e músicos, tocadores de balafon e de kora, dia 23, 6ª feira, às 23h, em Lisboa, no Arte & Manha

Guiné 63/74 - P8601: Era uma vez ... (Ernestino Caniço) (1): De burro a cavalão, ontem, em Mafra; hoje, médico de família, em Tomar...


Monte Real > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca > Grande > Da esquerda para a direita, Jorge Picado (Ílhavo), Ernestino Caniço (hoje médico, em Tomar), Semião Ferreira (médico das Termas de Monte Real, e que não há meio de entrar para o blogue, apesar das nossas insistências, que são sempre amáveis,  mas pouco convincentes.  convites; esteve na Guiné como operacional) e António Estácio (Mem Martins / Sintra)... Os três primeiros conheceram-se na região do Oio (Mansoa, Cutia, Mansabá...) e estiveram em animadíssima conversa...  O Ernestino Caniço é membro da nossa Tabanca Grande desde Maio passado (*).

Foto: © Manuel Resende (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço [, foto à esquerda; comandante do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1970/71), 


Data: 24 de Julho de 2011 22:26
Assunto: História 1


Caros camaradas

Foi com enorme satisfação que,  num encontro [, o VI Encontro Nacional do nosso blogue,]  em que a maioria dos participantes terá vivido há décadas emoções semelhantes, revi com alegria alguns camaradas como o Simeão, o Zé Luis V. Carvalho, o [Carlos] Vinhal e o [Jorge] Picado, bem como outros que conheci, nomeadamente o Luís Graça.

Apesar da minha disponibilidade estar limitada, vou tentar contar alguns episódios da minha vida militar. Desta vez referirei um,  em Mafra,  durante a recruta, que intitulo de "o burro cavalão". Desde já quero dizer, que não existe qualquer aspeto presuntivo na narrativa, mas apenas o querer mostrar a subjetividade da análise de ex-camaradas.

Um grande abraço
Ernestino Caniço


2. Era uma vez... (1) > De burro a cavalão... 
por Ernestino Caniço [, foto à direita]

Os mancebos do meu pelotão, em Mafra,  eram quase todos licenciados com exceção de dois, sendo eu um deles. Durante quatro anos, na Faculdade de Medicina de Coimbra, fiz apenas uma cadeira, na perspetiva de ir à guerra e, obviamente, não ter garantido o regresso. 

Havia,  portanto, que aproveitar bem o tempo noutras atividades. De volta, não tendo argumentos para não estudar, lá fiz as restantes 37 [ cadeiras] em 4 anos e meio.

Pelo putativo insucesso inicial, entendiam os camaradas do pelotão que eu era um grande burro. E como nos treinos chegava quase sempre em primeiro lugar, com duas ou três armas dos mais fracos, recebi o título de... cavalão.

Pois bem, na esperança que algum deles leia estas breves palavras, o tal burro é hoje: (i) médico, (ii) chefe de serviço da carreira de medicina familiar, (iii) gestor de serviços de saúde, (iv) pós graduado em direito da medicina e, por fim, (v)  formador inscrito no IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional).

Como alguém dizia: E o burro sou eu?
E esta, hein?

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de Maio de 2011 >
Guiné 63/74 - P8308: Tabanca Grande (285): Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/71)

(i) Ribatejano, nasceu em Almeirim, em 1/12/1944;
(ii) Tirou a a especialidade de Carros de Combate M47, na Escola Prática de Cavalaria de  Santarém;
(iii) Alferes Miliciano, foi Comandante do Pel Rec Daimler 2208;
(iv) Chegou  a Bissau em Fevereiro de 1970:
(v) Esteve em Mansabá cerca de quatro meses com metade do pelotão e adido à CCaç 2403, comandada pelo Capitão Carreto Maia;  e posteriormente à Cart 2732  (onde conheceu o Carlos Vinhal, entre outros camaradas);
(vi) Mais tarde foi para Mansoa onde ficou  cerca de seis meses com a outra metade do Pelotão, dependente do BCAÇ 2885;
(vii) Findo esse período, foi desativado o Pelotão;
(viii) Foi então colocado na Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica em Bissau, até ao seu regresso à Lisboa, em Dezembro de 1971.

(**) Vd. poste de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8421: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (9): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte II)

Guiné 63/71 - P8600: Em busca de... (172): Adalberto Santos, ex-Pára-quedista do BCP 12, Guiné, 1967/72, procura camaradas

1. Mensagem* de Gary B. Santos com data de 19 de Julho de 2011:

Olá Amigo,
O meu pai esteve de 67 até 72. Ele chama-se Adalberto Santos (muitos chamava mondego). Ele é dos Açores. Estou a tentar de achar os amigos dele. Ajuda por favor se pode!

Obrigado,
Gary Santos
gsantos@bu.edu


2. Foi enviada a seguinte mensagem ao nosso amigo Gary:

Caro amigo
Só com estes elementos é quase impossível encontrar os amigos de seu pai.
Envie:
Uma foto dele
Informe:
De que ilha é natural
Confirme se esteve na Guiné e onde
Companhia ou Batalhão onde foi integrado
Posto e Especialidade

Deve haver engano no tempo de serviço. Para estar 5 anos na Guiné (1967/1972) só por castigo pois as comissões iam de 21 a 24 meses. Confirme.

Já agora por curiosidade. O seu endereço é da Universidade de Boston. O seu pai ainda está nos USA? Em que cidade?

Recebam um abraço
Carlos Vinhal


3. Nova mensagem de Gary com data de 19 de Julho:

Vou tentar mandar mais informação. Sim, ele teve uns castigos!! Ele é da ilha Graciosa. Eu sei que esteve na Guiné e era da CCP 121 do BCP 12. Ele lembra-se do Capitão Durão e do Sargento Mesquita.

Sim, trabalho na Universidade de Boston e ele mora aqui ao lado de Boston em Somerville.


4. Enviei a última mensagem do nosso amigo Gary para conhecimento dos nossos camaradas açorianos: Carlos Cordeiro, Henrique Matos, José Câmara e Tomás Carneiro. Como é óbvio só obtive resposta do camarada José Câmara mais próximo geograficamente de Adalberto Santos.

Caro Carlos Vinhal,
Vou tentar entrar em contacto com o Santos.
BCP 12 só pode ser Pára-quedistas. O Hoss talvez tenha alguma ideia, a partir do apelido "MONDEGO". Os açorianos deram alguns pára-quedistas, mas não era muito normal.

Um abraço amigo,
José Câmara


5. Nova mensagem do camarada José Câmara

Carlos,
Já estive em contaco com o Santos. Confirmou que o pai era um pára-quedista. Encaminhei a informação para o Hoss. Vejamos se ele tem alguma lembrança disto.
De repente o Sargento Dâmaso também pode lembrar alguma coisa. São os páras que vejo pelo blogue.

Abraço
José


6. Comentário de CV:

Posto isto, solicitamos aos nossos tertulianos Páras: António Dâmaso, Sílvio Abrantes (Hoss) e Victor Tavares, o recurso às suas memórias para ver se se recordam do nosso camarada açoriano Adalberto Santos, "O Mondego", para o ajudarmos a encontrar os seus camaradas e amigos.
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Vd. útimo poste da série de 16 de Julho de 2011 > Guiné 63/71 - P8562: Em busca de... (171): Doutores José Luís Pinto Bessa de Melo e Jaime Francisco da Cruz Maurício, CAOP 1, 1968 e 1969 (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P8599: Notas de leitura (259): No Pincha, por Vasco de Castro (Mário de Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Julho de 2011:

Queridos amigos,
Era uma vez um artista plástico coroado de glória, irreverente, esquerdista. Alguém que no Maio de 1968 andou todos os dias na rua, teve a dita de ser um artista na revolução, e por causa. O artista vira entrar a Guiné na sua vida, não se lembrava bem como e quando. Depois teve uma noite de insónia, telefonou-me, referiu o episódio e prometeu passar tudo a escrito. Assim aconteceu.
O blogue tem o exclusivo de alguém que, algures em Setembro de 1969, viu um filme sobre luta de guerrilha, no seu território de eleição, Montparnasse, no fundo a sua aldeia, a um tiro da Sorbonne e do Bairro Latino.
O resultado aqui está. O manuscrito segue para o blogue, é nossa propriedade.

Um abraço do
Mário


Vasco de Castro e o documentário No Pintcha, Paris, 1969

Beja Santos

Sou amigo de peito do Vasco (de Castro), vai para mais de 30 anos, comecei por lhe admirar o talento daquele desenho satírico que fez furor em publicações como Le Monde, Le Figaro e Paris Match, ele teve sempre guarida nos principais títulos de grande circulação em França (viveu exilado em Paris entre 1961 e 1974), depois, por agradável ocaso da fortuna, fomos robustecendo cumplicidades e esgravatando intimidades. Tinha o Vasco acabado de ler “Mulher Grande”, quando me telefonou a dizer que, numa daquelas atormentadas noites de insónia lhe viera à mente o nome do Tobias Engel que, como eu devia saber, era autor de um importante documentário sobre o PAIGC, na fase acesa da luta armada. Desconhecia inteiramente o nome de Engel, e nunca vira tal documentário. Do outro lado do telefone o Vasco gargalhou, recordou-me a sua colaboração rotineira com a extrema-esquerda francesa que, aliás, veio continuar na militância que o levou a fundar o jornal Página Um, ainda bastante antes da sua colaboração durante décadas em jornais como o Diário de Notícias e o Público. Palavra puxa palavra, o Vasco acedeu a escrever esta memória para o nosso blogue. Entregou-ma ontem, quando o fui visitar a Fontanelas, onde ele se refugiou há muito tempo, é ali, na sua incrível mesa de trabalho, que saem esses portentosos “bonecos” cheios de carácter e nitroglicerina. Aqui vai, tal como ele escreveu à mão e será entregue para o arquivo histórico do nosso blogue:


No Pintcha

Naquele princípio de tarde de Setembro de 1969, espreguiçava-me na esplanada do “Select”, em Montparnasse, Paris, regressado, fresco e tostado, de praias do Sul de França. Revia caras conhecidas, recuperava praticamente o tom e o ritmo de um quotidiano familiar de que sentia a falta.
Surgiu o Tobias, excitado. Sentou-se rápido – cheguei agora da Guiné!

Vasco de Castro em exposição recente

Junho antes, o Tobias Engel, jovem actor que frequentava comigo o Dôme, o Select e a Coupole em suaves convívios, anunciava-me que conseguira contactos com o PAIGC, via Argel, e mais, os financiamentos para o projecto de um filme sobre a luta dos guerrilheiros na Guiné e de que havia muito pouca notícia.

Trazia consigo bobines a abarrotar filmes e preparava a montagem do No Pintcha. Rebentava de entusiasmo.
Dois anos antes, o Tobias, ainda estudante do liceu, iniciara uma carreira de actor com um colega que dava passos promissores como encenador, Patrick Chéreau. Estrearam-se com uma comédia de Labiche, o “Chapéu de palha de Itália”, autor e peça do século XIX em sombrio esquecimento.

O fulgurante talento de Chéreau, na fresca renovação do velho Labiche, surpreendeu. Foi um sucesso de crítica e de público.

Tobias, nas exaltações do “Maio de 1968”, deixou-se seduzir pelos ecos guevaristas que fascinavam então a intelligentsia parisiense mais disponível, seja a Cuba castrista, as guerrilhas latino-americanas, o Vietnam de Ho-Chi-Min e as colónias portuguesas em armas. Que a sedução pela acção política, directa, foi sempre apelo aceso e libertário, irresistível para alguns intelectuais e artistas, quando jovens, nos seus labirintos solitários nas sociedades ocidentais… Byron, nas lutas gregas de independência, os nossos Garrett e Herculano na guerra civil e liberal, Malraux, Hemingway e Orwell na guerra civil de Espanha, e então, o jovem universitário francês Regis Debray, nas montanhas da Bolívia, como mensageiro do mítico Che.

Camilo Castelo Branco por Vasco de Castro

Em Outubro, o Tobias tinha o seu filme montado, anunciava exibição privada numa pequena sala-estúdio, próxima da gare Montparnasse. O No Pintcha, para uma vintena dos seus amigos. Filmara os guerrilheiros do PAIGC, algures nas matas da Guiné. Filmara um desfile militar, o dia-a-dia das nascentes estruturas do novo Estado, uma reunião de quadros político-militares em mesas toscas de tábuas de madeira, um hospital artesanal de campanha, um serviço de comunicações com aparelhos-rádio, uma escola sobre ramagens de árvores, patrulhamentos a céu aberto. E, sobretudo, uma sessão solene com discurso político e militares em parada, Amílcar Cabral de olhar tenso, à frente do seu comité político e Estado-Maior Militar.

O Tobias Engel fez dezenas de cópias do seu No Pintcha que correram o mundo. Em Lisboa, um silêncio pardo fingiu nada saber. Mas a história avançava, o 25 de Abril não andava longe.

Procurei no Google França imagens do Tobias. Vem lá referências aos seus filmes e às suas actuações. O No Pintcha terá estreado em 1970. Não consegui obter imagens. E não vale a pena misturar nesta história o nome de Patrick Chéreau, nome supremo da encenação no teatro, na ópera, no cinema e no bailado.

Coube-me a honra de apresentar o mais recente livro de Vasco Montparnasse até ao esgotamento das horas, em 2008. É a narrativa de um jovem que a terra na Meca das belas artes, que vai percorrendo o seu percurso assombroso que o guindou às grandes publicações e a grandes polémicas, graças ao seu traço inconfundível; o Vasco que percorreu as vielas e travessas do exílio de muitos portugueses, que passava diariamente ao lado de alguns dos nomes sonantes de grande cultura francesa e internacional e com quem, nalguns casos, conviveu, sobretudo ao nível do desenho de humor. Esse mesmo Vasco que deitou para trás o seu nome sonante e veio militar pelas suas causas no terrunho, como bom português cheio de saudades.

A Guiné dizia-lhe alguma coisa. E naquela noite apareceu-lhe na insónia o Tobias Engel, cujo caminho se cruzou com o PAIGC. Bom seria que quem tem histórias semelhantes luso-guineenses delas aqui fizesse eco.
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Notas de CV:

- Vasco de Castro (Vila Real, 1935) é um cartunista e pintor português de referência, com pintura e desenhos expostos em múltiplos eventos e participação em antologias internacionais de humor. É sócio correspondente da Academia Nacional de Belas-Artes desde 1992. Filho do poeta trasmontano Afonso de Castro.
Extraído da Wikipédia, com a devida vénia.

Vd. último poste da série de 21 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8582: Notas de leitura (258): Caderno de Memórias, por José Manuel Villas-Boas (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8598: Blogpoesia (154): Se permaneces em silêncio e não falas/, as gerações futuras nada terão que contar (Han Shan / António Graça de Abreu)


1. Por ocasião do nosso IV Encontro Nacional da nossa Tabanca Grande, há dois anos atrás, em Ortigosa, Monte Real, Leiria, o António Graça de Abreu  [, aqui na foto, à esquerda, com a sua simpatiquíssima esposa, a Dra. Hai Yan, ]teve, mais uma vez, a gentileza de me oferecer, autografado, um dos seus últimos trabalhos, o livro com a edição bilingue, chinês e português, de uma selecção dos poemas de Hans Shan. A editora é a COD, que publica também  o jornal Macau Hoje (*).

Na altura escrevi (*):

"Haveremos de falar, noutra ocasião, deste extraordinário poeta clássico, chinês, que terá vivido no Séc. VIII, Han Shan [Montanha Fria] e do laborioso, paciente e digno trabalho de tradução do nosso querido António, que é já hoje uma referência em matéria de tradução poética chinês-português... Deixem-me apenas reproduzir aqui um dos 156 poemas do livro (p. 53)" (...)

Além de transcrever um dos poemas, transcrevi também a dedicatória:

"Ao Luís Graça, homem das coisas da Guiné, companheiro e camarada no interiorizar e fluir pelos atalhos da vida, a admiração, a amizade do António Graça de Abreu. Leiria, Junho de 2009".

Passados dois, retomo a leitura (de verão) do livro de poemas do Han Shan/António Graça de Abreu... Gosto de voltar aos clássicos, no verão: o meu livro de cabeceira, na Lourinhã, este ano é a Odisseia, de Homero, essa grande obra-prima da poesia grega, e de todos os tempos.

A poesia é daquelas coisas (boas) que me acompanham nos fins de semana e nas férias de verão... Neste último fim de semana, estive a reler os poemas do poeta da Montanha Fria (Han Shan, em chinês), e de entre os meus dez a vinte favoritos tenho este (p. 77) (**), que tomo a liberdade de reproduzir, em homenagem a todos os amigos e camaradas da Guiné que se abrigam debaixo do poilão da nossa Tabanca Grande (***).  Poilão que eu gostaria que fosse sempre mágico,  sábio, frondoso, inspirador, protector, mas também fraterno, símbolo de liberdade e de justiça...

Obrigado ao António, que tem o privilégio de conviver intimamente com grandes sábios e poetas chineses como Hans Shan, Bai Juyi, Wang Wei, Di Bai ... Obrigado ao António por contribuir, de maneira competente e empenhada, para pôr a poesia clássica chinesa ao alcance dos lusófonos e amantes da poesia como eu... (LG).

36

Se permaneces em silêncio e não falas,
as gerações futuras nada terão que contar.
Se vives escondido no fundo da floresta,
não brilhará o sol da tua sabedoria.
Fragilidade, dureza levam a coisa nenhuma,
o vento, o gelo trazem doenças, morte.
Se com um boi lavras um campo de pedras,
jamais chegará o dia da colheita.

______________

Notas do editor:

(*) Poemas de Han Shan: tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Macau: COD. 2009. 176 pp.

(**) Vd. poste de 7 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4648: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (19): Os nossos escritores (Luís Graça)

(***) Último poste desta série > 19 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8572: Blogpoesia (153): Na Guiné, com a minha bajuda (Albino Silva)

domingo, 24 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8597: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (27): Algumas fotos de Tite

1. Mensagem de José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73), com data de 23 de Julho de 2011:

Caro amigo Carlos Vinhal,
O poste P8590 fez-me ir ao álbum das recordações. Nele encontrei estas preciosidades que trarão emoções fortes aos que por ali passaram.

Estas fotos foram tiradas em Dezembro de 1972 quando, já com a comissão concluída, por ali passei.

A estes monumentos falta o dedicado ao Cap João Bacar Jaló. Infelizmente o slide não tem condições para ser revelado.

Um abraço amigo para ti e para todos os nossos camaradas.
José Câmara


Memórias e histórias minhas (27)

Fotos de Tite

Bolanhas de Tite a caminho de Enchudé

Tite > Bandeira nacional hasteada no interior do quartel. Também de notar o monumento na frente do edifício do Comando

Tite > O monumento referenciado no poste P8590

Tite > A esta distância no tempo não tenho a certeza de este ser o outro lado do mesmo monumento [aos mortos do BCAÇ 1860]

Tite > Monumento de requintada beleza e bom gosto
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8564: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (26): A minha primeira vez

Guiné 63/74 - P8596: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (10): Oficiais não viajam em 2.ª classe

1. Em mensagem de 30 de Maio de 2011, Belmiro Tavares, (ex-Alf Mil, CCAÇ 675 Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), recebemos esta memória:

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES (10)

Oficiais não viajam em 2ª classe

Em Janeiro de 1966 vim da Guiné a Portugal em gozo de férias com viagens gratuitas, porque fui agraciado com o Prémio Governador da Guiné.
Chegado a Lisboa, tomei o comboio para Aveiro, a belíssima capital meu Distrito, conhecida também como a Veneza Portuguesa. Daqui segui para a minha terra, a aprazível vila de Sever do Vouga, viajando no velho e típico “vouguinha” arrastado modorrentamente por uma negra máquina lenta, feia e barulhenta de tracção a carvão. Ainda! Fumo e foligem a rodos!
A velociadade era tal – principalmente entre Sernada e Viseu – que nós saímos da 1ª carruagem, colhíamos uvas ou figos e, nas calmas, entrávamos na terceira (e última).

Metade de um vagão destinava-se aos solitários passageiros de 1ª, pessoas, em regra, mais abastadas; os bancos de madeira eram forrados com um tecido enfarruscado que fora branco uns anos antes; naquela data estava tão sujo como pau de galinheiro! Entre a madeira e o dito tecido mascarrado havia uma camada de palha envelhecida – talvez podre – digo eu, na tentativa frustrada de tornar o assento mais confortável.
A higiene naquele local não abundava! Eu estava ali sozinho, desterrado, desconfortável!

Passei para a parte da carruagem destinada aos passageiros de 2ª classe na esperança de encontrar ali alguém conhecido com quem pudesse agradávelmente conversar durante a viagem. Deparei lá com duas moças – eram irmãs – das minhas relações; logo começámos a... contar coisas. Como eu sentia a falta duma conversa amiga (no caso era um diálogo a três) com gente sem farda!

A conversa estava animada! O revisor apareceu; pediu os bilhestes com uma afabilidade que não condizia com a pessoa; surgiram as complicações! Depois de 20 meses na Guiné a “caçar” inimigos – alguns até nem eram – não havia pachorra para suportar a caturrice absurda dum qualquer fura-bilhetes excessivamente zeloso ou com ganas de exercer a sua autoridade exacerbada.

- O senhor não pode viajar em 2ª!
- Posso sim! E viajarei em 2ª até ao fim do meu percurso!
- Oficiais não podem viajar em 2ª!
- Eu posso! Só sairei daqui no fim da viagem!
- A lei não permite que um oficial utilize a 2ª, até porque o senhor exibe título de 1ª.
- Se não houver lugares vagos em 2ª e se os houver em 1ª, um passageiro de 2ª pode ou não ocupar um lugar vago na 1ª?
- Pode! Mas não é esse o caso!
- Se os de 2ª podem transferir-se para 1ª, a contrária também é verdadeira! Ninguem vai de pé por minha causa! Só mudarei para 1ª se o senhor limpar ou mandar limpar a imundície desmedida que lá vai e trocar aquele pano nojoso que cobre os bancos! Lá, eu sei que vou ficar com a roupa suja! Aqui não me apercebo disso! Faça o que lhe aprouver mas eu não sairei daqui enquanto aquilo não estiver devidamente limpo e decente para ser ocupado! Lembre-se que eu venho da guerra da Guiné com viagens pagas... por feitos “singulares” em combate! Dentro de 35 dias voltarei àquela famigerada guerra! E preferivel largar de vez e voluntariamente o meu pé para não ser coagido a largá-lo doutro modo!

Remédio santo! O “furador” continuou o seu trabalho longe de nós! Não reapareceu antes de a minha viagem (e a das minhas amigas) estar concluída.

Toma e vai-te... curar!

Lisboa, 19 Julho de 2011
Belmiro Tavares
Ten. Mil. Inf.
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Notas de CV:

Foto do comboio retirada do Blogue A Nossa Terrinha, com a devida vénia

Vd. último poste da série de 22 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8589: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (9): Um jogo de Xadrez... muito especial

sábado, 23 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8595: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (32): Hoje almocei com o Joaquim Gaspar (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 22 de Julho de 2011:

Meu caros amigos
Sei que sois homens de sentimentos, amigos do seu amigo.
Envio-vos um texto que hoje escrevi e que obviamente corresponde à realidade do que passei e estou a passar hoje.

Sentir é muito bom.
Podem utilizar o texto se assim o entenderem onde quiserem.
Um abraço amigo
Joaquim Mexia Alves


Hoje almocei com o Joaquim Gaspar!

Hoje almocei com o Joaquim Gaspar.
E perguntam aqueles que lêem estes textos neste espaço:
E quem é o Joaquim Gaspar, e o que é que eu tenho a ver com isso???

É muito simples, mas vou complicar um pouco.
O Joaquim Gaspar é do Brejo, entre Carvide e Monte Real, e faz hoje 65 anos!
Manda-lhe a Segurança Social, por carta, que deixe de trabalhar a partir de Segunda-feira, pois fica “automaticamente” reformado.
Ah, e o Joaquim Gaspar trabalha nas Termas de Monte Real há, “apenas“, 54 anos!!!

Hoje, a meio da manhã, bateu à porta do meu gabinete, e timidamente, como é seu feitio, disse-me com um sorriso:
- Depois o Sr. Mexia Alves, quando puder havia de passar ali pela “cozinha” para comer um pouco de bolo.

Senti-me apanhado na falta de memória e, claro, já sem dúvida nenhuma perguntei-lhe:
- Fazes anos hoje, não é?

Com um sorriso de “criança apanhada”, (ele é assim, não há nada a fazer), disse-me:
- Faço 65 anos, e a partir de Segunda-feira tenho de deixar de trabalhar aqui nas Termas, porque estou reformado. Pelo menos é o que diz a carta que recebi da Segurança Social.

Fiquei sem saber o que dizer, porque me inundou um sentimento tão grande tão profundo, que tive medo de me “largar” a chorar à frente dele!

Perguntei-lhe então, com um ar que eu pretendia de amizade e intimidade:
 - Quantos são, Joaquim?

E ele com aquele seu ar tímido respondeu-me:
- 54! Há 54 anos que aqui trabalho!

Mais velho que eu três anos, logo me lembrei, quando em garoto, lhe “roubava” a bicicleta, “estacionada” junto ao Hotel para dar uma voltinha.
É que a bicicleta dele tinha mudanças!!!

Nada destas coisas de hoje, em que se vêm uns matulões a pedalarem que nem uns loucos, parecendo que a bicicleta está sempre no mesmo lugar.
Não, senhor, aquilo era uma caixinha com uma espécie de gatilho que tinha três mudanças, que “inté” parecia que davam mais velocidade, sem a gente perceber que afinal o motor… eram as nossas pernas!

Deixei-me ficar ali um pouco a olhar para ele, e nesse instante passaram por mim recordações imensas, que envolveram os meus pais e todos os meus irmãos, e uma grande família feliz, que vivia um sonho de amor e união, que pretendia estender a todos aqueles que com a família trabalhavam num projecto comum.

Perguntou-me então:
 - Almoça hoje comigo?

Respondi-lhe:
- Claro que sim, Joaquim! Claro que sim!

Saiu então do meu gabinete, e ainda bem, porque eu precisava de lidar com uma emoção que avassaladoramente tomava conta de mim.

O que é que eu digo a este homem, pensava eu?
Como exprimir-lhe tudo o que vai dentro de mim?
Como explicar-lhe que ele me pertence, como eu lhe pertenço a ele?
Como afirmar-lhe que eu sou família dele, como ele é minha família?

Bem, pensei, deixa passar agora, que quando chegar o tempo ele sentirá o que tu lhe queres dizer.

E lá fomos almoçar passada mais uma hora, eu com o meu coração nas mãos e ele com o dele também.
E falámos da “ingricola”, e dos tempos passados, e de como esta gente de hoje não sabe o que é a vida, e isto e aquilo…

E quando o almoço acabou, num restaurante de alguém que também trabalhou no Hotel e nas Termas, vieram em alta voz as recordações, a tal bicicleta, e quando os olhos destes “sessentões” se avermelharam, foi só o tempo de dizer adeus, para deixar para mais tarde a homenagem inteiramente devida, inteiramente merecida, mas sobretudo inteiramente desejada.

Pois, perguntam os leitores, e depois o que é que isso interessa?

Interessa, para que esta nossa juventude perceba os tempos em que as pessoas se encontravam, em que as pessoas se conheciam, em que um vínculo de trabalho era um vínculo de amizade, em que as pessoas se preocupavam mais uns com os outros do que com eles próprios.

Interessa, porque é sempre tempo de regressarmos à amizade, á relação entre pessoas, que não seja apenas um contrato que defende uns contra os outros, mas sim um contrato que une uns e os outros.

Interessa, para que se perceba que quando é preciso cortar nos custos de uma empresa, não se vá pelo caminho mais fácil, que é dispensar/despedir pessoas, mas sim cortar no supérfluo que apenas serve uns e deixa os outros de fora.

Interessa, para que os projectos sejam comuns, e não apenas ideias de uns em que os outros são dispensáveis, mas como parceiros de um bem para todos.

Neste momento, os leitores pensarão:
Este indivíduo vive noutro planeta!

E este indivíduo apenas diz:
Se houver um planeta onde se viva e trabalhe para construir um bem comum, e em que as relações de trabalho e as outras sejam alicerçadas no entendimento, na paz e no amor entre pessoas, então é nesse planeta que eu quero viver!

Por enquanto, deixo-me ficar pela recordação, guardando dentro de mim este sentimento bom, de saber que ainda há homens bons, e assim esperar que um dia, perante a indiferença, o homem perceba que é melhor amar do que desprezar.

Do meu coração ninguém tira o Joaquim Gaspar, como acredito que do coração do Joaquim Gaspar ninguém é capaz de me retirar.

Até o seu filho, homem feito agora, por aqui trabalhou também!

Hoje almocei com o Joaquim Gaspar!
Sinto-me muito mais realizado, por o ter conhecido e por ser seu amigo.
É sempre bom, ser amigo de homens bons!

Que Deus o abençoe!
Graças a Deus, e por causa deste almoço, amo mais um pouco a vida!

Joaquim Mexia Alves
Monte Real, 22 de Julho de 201
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 9 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8535: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (31): As ilustrações de Miguel Pessoa chegam à Tabanca do Centro com a publicação de KARAS de Monte Real (Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 9 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8535: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (31): As ilustrações de Miguel Pessoa chegam à Tabanca do Centro com a publicação de KARAS de Monte Real (Joaquim Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P8594: Fotos à procura de... uma legenda (3): Cais do Xime, o "princípio da autoestrada do leste"... Álbum do Arlindo Roda (campeão de damas, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Cais do Xime > Reconheço ao centro o Fur  Mil At Inf António Branquinho, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)... Vive em Évora, deve estar aposentado do Centro Regional da Segurança Social. Não o vejo desde o século passado. Os outros dois furriéis não os identifico, embora "esteja a ver" as suas caras...

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados.  

1. Tenho cerca de 300 fotos ou, melhor, imagens digitalizadas convertidas dos "slides" do meu amigo e camarada Arlindo Roda... Leiriense, de Pousos, vive há muito em Setúbal onde é professor do ensino secundário (ou foi, não sei se já está aposentado) e é jogador de damas, aliás campeão... Dizem-me que e pai babado de duas filhas...

Não o vejo há mais de década e meia... Ele teve, entretanto,  a gentileza de me mandar, o ano passado, em CD-ROM, o seu precioso álbum fotográfico da Guiné através do nosso comum amigo e camarada Benjamin Durães (ex-Fur Mil Op Esp, da CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72; vive hoje em Palmela, bancário reformado, DFA)... Mas não me mandou as legendas... Esta é uma delas... 

Fica à espera de um leitor, com paciência, boa vontade, curiosidade e melhor memória, para completar a legenda... É o nosso "passatempo de verão"... A foto é de 1969 ou 1970, no máximo princípios de 1971. Foi tirada no cais do Xime, que era o princípio da "autoestrada" do leste... Milhares de camaradas, de viaturas,  milhares de toneladas de géneros, munições e outros artigos que alimentavam o "ventre da guerra", passaram por aqui, a caminho de Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego... (LG)

PS - Um abraço de saudade para todos estes camaradas que conviveram comigo em Bambadinca...
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Guiné 63/74 - P8593: O Nosso Livro de Visitas (114): José Rodrigues, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1419/BCAÇ 1857 (Região do Oio, 1965/67)

1. Ontem, 22 de Julho de 2012, chegou à caixa de correio do nosso Blogue esta mensagem de um camarada que se identifica como José Rodrigues, ex-Fur Mil TRMS que fez a sua comissão de serviço na Guiné integrado na CCAÇ 1419/BCAÇ 1857:

Camarada
Não podia ficar indiferente ao ler as tuas recordações da Guiné.
Pertenci ao Batalhão de Caçadores 1857, Companhia de Caçadores 1419 e era Furriel Miliciano de Transmissões.

Estive cerca de um mês em Bissau (que saudades meu Deus daquelas ostras e cervejas) e depois fomos para Bissorã (que creio agora se chama Califórnia).
Depois de oito meses fomos para Mansabá. Quando se falava de Morés toda a malta se arrepiava, mas nem todos tiveram o privilégio de fazer duas “visitas de estudo” como a nossa Companhia.

Devo dizer-te camarada que dessas situações pouco resta na minha memória, mas o espírito de amizade e camaradagem esses nunca mais saem da minha cabeça.

Depois de tantos anos ainda não perdi a esperança de poder voltar aos mesmos sítios e recordar todos os bons e maus momentos que foram vividos.

Resta-me deixar aqui a homenagem a todos os que deram a vida (e porquê) ao serviço da pátria mas muito especialmente aos meus seis camaradas que morreram em combate.

Saudações amigas do camarada
Rodrigues
frod@sapo.pt


2. Comentário de CV:

Muito obrigado caro José Rodrigues pelo teu contacto.
A tua mensagem pode ter tido origem na leitura do Poste 8438 do nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, actualmente Coronel Reformado, que foi Alferes Miliciano na CCAÇ 1420 do teu Batalhão.

Provavelmente conhecerás o camarada Manuel Joaquim, ex-Fur Mil de Armas Pesadas da tua Companhia que como o Coronel Rui Alexandrino Ferreira faz parte da tertúlia do nosso Blogue.

Se quiseres pertencer a esta Tabanca Grande, manda uma foto dos teus tempos de Guiné e outra actual, junta uma pequena história que pode ser ilustrada com fotos legendadas, e passarás a fazer parte desta família de ex-combatentes que aqui querem deixar as suas memórias.

Se clicares em cada uma das palavras sublinhadas (marcadores) acederás a textos referentes ao teu Batalhão, de autoria dos camaradas Rui Alexandrino ou do Manuel Joaquim.

Ficamos à espera das tuas próximas notícias.
Recebe um abraço da Tertúlia
Em nome dos Editores do Blogue
O teu camarada
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8515: O Nosso Livro de Visitas (113): Virgílio Valente, a viver e a residir em Macau, ex-Alf Mil, CCAÇ 4142 (Gampará, 1972/74)

Guiné 63/74 - P8592: Álbum fotográfico de Manuel Coelho (8): Madina do Boé


1. Mais uma página, a oitava, do Álbum Fotográfico do nosso camarada Manuel Caldeira Coelho (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1589/BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68).



ÁLBUM FOTOGRÁFIO DE MANUEL COELHO (8)

MADINA DO BOÉ


Madina do Boé > Grupo de jovens

Madina do Boé > Espingarda Kalaschnikov capturada ao IN

Madina do Boé > Uma mãe com o seu filho

Madina do Boé > Um Soldado Milícia

Madina do Boé > Militar de etnia Balanta

Madina do Boé > Minas IN levantadas

Madina do Boé > O monumental centro cripto

Madina do Boé > Um militar a fingir

Retirada de Madina do Boé para Nova Lamego > A coluna atravessa o Rio Corubal junto ao Cheche

Retirada de Madina do Boé para Nova Lamego > Apoio aéreo à coluna
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8584: Álbum fotográfico de Manuel Coelho (7): Madina do Boé

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8591: Contraponto (Alberto Branquinho) (37): Adivinhação... ou as guerras de Bissau (...e afins)

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 20 de Julho de 2011:

Caro Carlos Vinhal
Depois de algum tempo de ausência escritural, eis que hoje "tropecei" no POST 8577 do Belmiro Tavares, que nunca escreve só por escrever (na minha opinião de ledor destas coisas que vão sendo aqui publicadas...) e me causou o texto que vai junto, texto que já há muito andava a bailar na minha cabeça.

Tua justiça ditarás.

Com um abraço (a juntar aos já muitos)
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (37)

ADIVINHAÇÃO… ou as guerras de Bissau (…e afins)

Quem é? Quem são?
Quem serão? Quem poderá ser?

Pretendendo ser notório, falando de guerra, mas que guerra não teve, apesar de, em alguns casos, ter(em) frequentado os “arredores” da guerra.
Que (apesar disso) em forma (e conteúdo) pretende(m) transmitir um certo “quid” guerreiro?

Não importa ter ou não terem tido guerra, porque para se ter (feito) guerra não é necessário ter ido à guerra. Basta imaginar que se fez. Imaginar, conjecturar, argumentar, insinuar e… concluir.
Pelo sim ou caso não. Aqui mesmo.

Não se compreende essa preocupação, porque, de facto (defeito?) o facto de (não) ter(em) feito guerra não é, por si só, uma (des)honra para a família.

Pois, quem (pre)tenderá estar usando agora(!) mais a “espada que a pena”, (melhor dizendo – mais as armas do que outro(s) seu(s) instrumento(s) que serviram de apoio a essoutras), porque, “in illo tempore”, G3, canhão, obus, morteiro, bazuca, metralhadora… não lhes houve? (Talvez pistola…)
Qual será a razão?

Adivinhação:
Quem é? Quem serão?
A questão fica no ar.
Dão-se alvíssaras a quem encontrar.

Alberto Branquinho
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8437: Contraponto (Alberto Branquinho) (36): A construção e a desconstrução de um Padre

Guiné 63/74 - P8590: BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): 16 Mortos e 6 desaparecidos em combate (Santos Oliveira)




Guiné > Região de Quínara > BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67) > Mortos e desaparecidos em combate...

Contribuíu o BCaç 1860, durante a sua permanência em terras da Guiné, com a vida e o sangue dos seguintes militares, para quem vai a mais respeitosa homenagem e o agradecimento da Nação:

12Ago65, Fur Mil Júlio Lemos P Martins;
12Ago65, 1º Cabo Inácio Freitas Ferreira;
30Set65, Sold Aníbal A Pires;
18Out65, Sold Diogo A Neves;
01Nov65, Sold Manuel A A Nobre;
18Mar66, Sold Alberto T Silva;
11Mai66, Sold Julde Mané;
25Ago66, Sold José Maria F Carvalho;
25Ago66, Sold Francisco António Lopes;
06Out66, Alf Mil Carlos Santos Dias;
29Dez66, Sold Malan Sambú;
15Jan67, Sold António C do Nascimento;
16Jan67, Sold Saliu Djassi;
16Fev67, Sold Alberto Samba;
01Mar67, 1º Cabo José Félix Lopes;
04Abr67, Furr Mil Rui Palmela Mealha.

Desaparecidos em Combate, em 07Out65, durante a Op Lenda (**):

Alf Mil Vasco Nuno L de Sousa Cardoso;
1º Cabo Fernando de Jesus Alves;
Sold Armando Leite Nascimento;
Sold José Ferreira Araújo;
Sold José Vieira Lauro [, e não Louro, como certamente por lapso consta no documento acima; natural do concelho de Leiria, foi feito prisioneiro pelo PAIGC, levado para Conacri, e entregue em Dacar à Cruz Vermelha Internacional, mais tarde, em Março de 1968]; (***)
Sold Armando dos Santos.

Imagem digitalizadas (e legendas): © Santos Oliveira (2008). Todos os direitos reservados.

Fonte: História da unidade, conforme documentos digitalizados pelo nosso camarada Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66). Material em arquivo, enviado pelo Santos Oliveira  por mail em 2008 (*)... Desconhece-se o autor das ilustrações. (LG)

Sobre os seis desaparecidos em combate, vd. poste P2026 (**).

 [Edição de imagem, legendagem e título: L.G.]
_______________

Notas do editor:


(**) Vd. poste de 4 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2026: Antologia (61): Rumo a Fulacunda: uma estória que ficou por contar ou a tragédia das CCAÇ 1420 e 1423 (Rui Ferreira)

(***) José Vieira Lauro: o seu nome também consta da lista dos ex-prisioneiros de guerra a quem foi atribuída a pensão a que se refere o art. 4º do Decreto-Lei nº 170/2004, de 16 de Julho.

Guiné 63/74 - P8589: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (9): Um jogo de Xadrez... muito especial

1. Em mensagem de 30 de Maio de 2011, Belmiro Tavares, (ex-Alf Mil, CCAÇ 675 Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), recebemos esta memória:

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES (9)

Um jogo de xadrez... muito especial

Nota inicial: o conteúdo deste texto não diz respeito à guerra do Ultramar, mas o autor é um ex-combatente.

No final dos anos sessenta – século passado – o xadrez era já bastante praticado no Colégio Militar, muito mais e melhor que em qualquer outra escola de Lisboa. Em cada uma das quatro salas de jogos – uma por cada companhia de alunos – havia vários tabuleiros para que os jovens, nas horas vagas, praticassem entre si.

Entre oficiais e professores também se jogava em larga escala, pelo menos em quantidade; havia alguns professores que eram “barras” em meu entender; eu, pessoalmente, era aprendiz de moço de cego.

A Direcção do Colégio “contratou” o campeão nacional da modalidade – Joaquim Durão – para incutir nos alunos o gosto pelo xadrez, para lhes ensinar as regras básicas e acompanhar de perto a evolução dos praticantes.

Aquele senhor – era o campeão nacional crónico – organizou um assinalável jogo de “simultâneas” em que ele enfrentaria quase duas centenas de alunos, entre os dez e os dezassete anos, de todos (?) os estabelecimentos de ensino da capital.

Eu fui nomeado, em O.S., para acompanhar os académicos do C.M.; à chegada, fiquei verdadeiramente surpreendido ao verificar que os “meus” alunos (eram 80) representavam quase metade do total dos concorrentes – 170 alunos.

Os Pupilos do Exército (outra escola de filhos de militares) concorriam com 43 alunos. Os restantes (47) representavam várias escolas “civis” da capital.

Os jornalistas presentes, apercebendo-se da desproporção entre “civis” e “militares”, começaram a “morder” nas fardas: - “pensam que são melhores que os outros”; isto não devia ser permitido”; “não devia haver mais de dez alunos por escola”, etc.

Um jornalista mais prudente perguntou-me por que motivo “levava” tantos alunos; e eu respondi:

- A intervenção da Direcção foi quase residual; apenas nos foi sugerido que não concorressem mais de quinze alunos por cada “ano”; perguntámos ao organizador se havia limites; ele respondeu negativamente; houve alguns ”cortes” de acordo com a informação dos “graduados“ (alunos do 7º ano).

O jogo começou! O ambiente entre os jornalistas era tenso, preocupante.
O primeiro aluno a ser derrotado – cheque-mate – era do Colégio Militar!

Os jornalistas passaram a ser contundentes mesmo agressivos no ataque às “fardas”. Alguém teve de pedir “silêncio” na sala; estavam a perturbar o ambiente.

Ao fim de três horas de competição já só havia 70 alunos em jogo dos quais 50 eram do C.M.
Os jornalistas começavam agora a olhar as “fardas” com mais respeito; pelo menos já não barafustavam com tanto azedume.

Mais uma hora de jogo: havia 18 resistentes – 15 eram do C.M. – autênticos heróis!
A “partida” continuava com grande desportivismo e boa disposição.

A certa altura havia apenas cinco alunos em prova – todos do Colégio Militar.
Rapidamente quatro alunos foram postos fora de combate; o Sr. Joaquim Durão, muito honestamente e respeitando o adversário, comentou:

- Muito dificilmente conseguirei vencer esta partida; creio que talvez não perca; se concordares, terminamos com um empate.

Cumprimentaram-se com respeito e admiração mútuos.

Nesta altura (já era tarde para o almoço!) Já não havia jornalistas na sala; certamente envergonharam-se das suas atitudes nada simpáticas e exageradas mas não tiveram coragem nem desportivismo de esperar até ao fim e pedir desculpa; era o mínimo que podia esperar-se. Tinham saído sorrateiramente (covardemente)... com a viola no saco.

Lisboa, 30 de Maio de 2011

Belmiro Tavares
Ten. Mil. Inf.
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Notas de CV:

- Foto do Tabuleiro de Xadez retirado do Blogue Taverna do Guerreiro, com a devida vénia.

Vd. último poste da série de 20 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8577: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (8): As guerras de Bissau

Guiné 63/74 - P8588: O Nosso Livro de Estilo (1): Política editorial do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

1. Comentário do Editor/Fundador deste Blogue, Luís Graça, deixado no Poste 8582:


Para os leitores de boa fé, mas às vezes distraídos... LG
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Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné: Política editorial


As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, assinados, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o proprietário e editor do blogue, bem como os seus co-editores e demais colaboradores permanentes.

O nosso blogue é também uma Tabanca Grande. Originalmente, chamámos-lhe Tertúlia. Tabanca é um termo mais apropriado: nela cabem todos os amigos e camaradas da Guiné.

Neste espaço, de informação e de conhecimento, mas também de partilha e de convívio, decidimos pautar o nosso comportamento (bloguístico) de acordo com algumas regras ou valores, sobretudo de natureza ética:

(i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem);

(ii) manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, etc.);

(iii) socialização/partilha da informação e do conhecimento sobre a história da guerra do Ultramar, guerra colonial ou luta de libertação (como cada um preferir);

(iv) carinho e amizade pelo nossos dois povos, o povo guineense e o povo português (sem esquecer o povo cabo-verdiano!);

(v) respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro;

(vi) recusa da responsabilidade colectiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro;

(vii) não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da actual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo);

(viii) respeito acima de tudo pela verdade dos factos;

(ix) liberdade de expressão (entre nós não há dogmas nem tabus); mas também direito ao bom nome;

(x) respeito pela propriedade intelectual, pelos direitos de autor... mas também pela língua (portuguesa) que nos serve de traço de união, a todos nós, lusófonos.

PS - Defendemos e garantimos a propriedade intelectual dos conteúdos inseridos (texto, imagem, vídeo, áudio...).

Em contrapartida, uma vez editados, não poderão ser eliminados, tanto por decisão do autor como do editor do blogue, mesmo que o autor decida deixar de fazer parte da Tabanca Grande.

Qualquer outra utilização desses conteúdos, fora do propósito do blogue (ou do nosso site na Net), necessita de autorização prévia dos autores (por ex., publicação em livro).

Luís Graça & Camaradas da Guiné
31 de Maio de 2006, revisto em 23 de Abril de 2011
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Editado por  CV

Guiné 63/74 - P8587: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (44): Aqui e ali, prossegue a recuperação da memória.... (Hélder Sousa)

Marginal de Ponta Delgada / Ilha de S. Miguel / Açores > Tomás Carneiro, Hélder Sousa e Carlos Cordeiro


1. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 18 de Julho de 2011:

Caros camaradas
Tenho estado um tanto afastado da colaboração activa com o nosso blogue.
Digo isso porque não tenho, nos últimos tempos, participado com qualquer tipo de intervenção, fosse de que género fosse. Quanto a participação passiva, isto é, leitor, também não tenho avançado muito, apenas beneficio do conhecimento das entradas e comentários, que vejo 'muito a fugir'.

Tal situação deve-se a que, como se devem recordar duma publicidade do nosso tempo a lâminas de barbear, muito pode acontecer durante a longa vida duma lâmina Nacet. Sucederam várias coisas, que não cabem aqui por não serem deste âmbito, inclusive um rebentamento de pneu (felizmente que não originou nada de grave), mas agora estou a utilizar esta semana, aproveitando umas condições especiais que o nosso camarigo Mexia Alves conseguiu para os membros da Tabanca Grande e, sendo assim, cá me encontro a tentar melhorar o físico e a mente, sendo certo que já estivemos a conversar e também com o camarigo Simeão Ferreira.

Ao estar assim um tanto afastado, perdi a participação nas felicitações de vários camaradas aniversariantes, que espero venham a tomar conhecimento que a minha falta não se ficou a dever a qualquer atitude pessoal mas sim por falta de meios.

Perdi também a entrada fulgurante do setubalense Pardete Ferreira, que se revelou bastante interessante, na medida em que veio trazer e dinamizar uma área normalmente reservada, com o reavivar da memória de muitas pessoas, relatos com vivacidade, perspectivas de novos contributos, etc., perdi o caso do comentário desaparecido e depois recuperado, perdi (mas li) o excelente texto/tema do José da Câmara com todos os comentários que tem vindo a suscitar, perdi a questão de serem ou não ridículas as cartas de amor, enfim, perdi a possibilidade de intervir em tempo certo mas vejo que o blogue, mau grado alguns amuos incompreensíveis, continua capaz de prender a atenção dos seus muitos seguidores.

Há no entanto um outro aspecto que queria referir.
Estive, no final da outra semana, numa actividade da minha associação profissional que ocorreu nos Açores, mais propriamente em S. Miguel.

Como não podia deixar de ser, entrei em contacto com os nossos camaradas Carlos Cordeiro e Tomás Carneiro que me foram visitar e como prova disso aqui envio as fotos anexas. Boa disposição, bons camaradas!
Mas não resisto a contar um pequeno episódio, que acho muito signifitivo e, para além de ser lisonjeiro para o alvo dos comentários, também me parece que prestigia o Blogue por ter amigos assim. Então lá vai!

A foto em que estamos os três à porta do Hotel onde decorreu o Congresso da minha Associação foi feita imediatamente antes de nos despedirmos e eu entrar num autocarro para uma visita turística no âmbito da actidade social do Congresso. A guia abordou-me e, pedindo desculpa pela questão, disse que tinha reparado que eu estava a conversar com o Professor Carlos e perguntou se éramos amigos. Disse que sim, que éramos amigos da guerra, e então ela desfez-se em elogios ao nosso camarigo Carlos Cordeiro. Que era muito boa pessoa, que era espectacular, muito bom professor, que todos aqueles que tinham tido a sorte de serem alunos dele estavam apaixonados, sim, é esse mesmo o termo, só que no bom sentido, esclareceu a guia, enfim, tudo do melhor e não posso deixar de aqui o registar, tudo de forma que me pareceu muito sincera, muito autêntica, muito genuína. Por mim, aqui deixo ficar: parabéns Carlos!

Outro aspecto dessa viagem é que tive também oportunidade de apreciar uma pequena mas significativa acção de reactivar a memória relativamente à guerra de África, levada a cabo pela secção local da Liga dos Combatentes, com uma exposição no átrio dum Centro Comercial (Solmar), muito visitada pelos passantes. Dessa exposição envio algumas fotos, de camaradas que estiveram na Guiné, sendo que o Sousa Henriques é conhecido pelos livros que já editou, o último dos quais sobre uma viagem recente, e o Cláudio Medeiros é um nome que me é familiar, acho que estive com ele, mas não me consigo localizar. Um dos visados estava lá, estive à conversa com ele (é o que tem o dedo a apontar), dei-lhe o endereço do nosso blogue na esperança que o filho possa ser um facilitador.


Carlos Cordeiro e Tomás Carneiro na Marginal da cidade de Ponta Delgada aquando do encontro com Hélder Sousa

Centro Comercial Solmar de Ponta Delgada / Terceira, onde decorreu uma exposição alusiva à Guerra de África > Bandeiras dos Promotores

A afirmação dos motivos

Alguns painéis expositores de fotografias de ex-combatentes açorianos da Guiné

Um forte abraço para vós
Hélder Sousa
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 24 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8470: Em Busca de... (166): Precisa-se de depoimentos para fazer a História da Pensão Central da Dona Berta (Hélder Sousa / José Ceitil)

Vd. último poste da série de 3 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8498: O Mundo é Pequeno e o nosso Blogue...é Grande (43): Manuel Freitas, que organiza há 9 anos os encontros do pessoal do HM241 (1967/71), acaba de descobrir o nosso blogue, graças ao António Paiva

Guiné 63/74 - P8586: Agenda cultural (145): Concerto de Bubacar Djabaté, natural da mítica tabanca de Tabatô, terra de Kimi Djabaté e de outros grandes cantores e músicos, tocadores de balafon e de kora, dia 23, 6ª feira, às 23h, em Lisboa, no Arte & Manha

Concerto de Bubacar Djabaté

Arte & Manha
Espaço Cultural Lusófono
Av Duque de Loulé 22
1050-090 Lisboa

Sala Carlota Joaquina

23 de Julho de 2011, Sábado, 23h
Entrada 5€

Bubacar Djabaté é da Guiné-Bissau, de Tabatô, a já mítica tabanca (aldeia) de didjius situada no leste do país, a escassos 12 km de Bafatá, e  donde é natural o grande Kimi Djabaté.

Nasceu no seio de uma família de músicos (o clã Djabaté) e toca os instrumentos tradicionais: Balafon, Djembe e Cabaça.

Chegou a Portugal em 2005 e, desde então, tem também vivido da sua música.  Participou em eventos musicais em Lisboa, como o Festival Lisboa Mistura no Teatro São Luiz, em 2010,  e no Bartô-Chapitô em 2011.

A sua música é composta por reportórios tradicionais, com influência do ritmo afro-mandinga, e traduzem a rica herança da cultura e da música guineenses. Tem página no Facebook (donde foi retirada a foto publicada acima, com a devida vénia: Bubacar Djabaté tocando balafon, no Teatro São Luís, Lisboa, 2010).

A notícia deste evento chegou-nos por mail do João Graça, membro da nossa Tabanca Grande.

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Nota do editor:

20 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8576: Agenda Cultural (144): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (4) (Carlos Cordeiro)