quarta-feira, 29 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19839: Convívios (896): Cinquentenário da partida da CART 2520 para o CTIG, em 24 de Maio de 1969... Comemorado em Torres Novas, a 25 do corrente (José Nascimento)


Foto nº 1

Foto nº 1A > Reconheço o José Nascimento, o segundo de pé, a contar da esquerda


Foto nº 1B  > Reconheço, de pé, o primeiro da esquerda, o Manuel Viçoso Soares (hoje empresário, no Porto), ex-fur mil armas pesadas: esteve em Monte Real, em maio de 2017, por ocasião do XII Encontro Nacional da Tabanca Grande; na altura convidei-o para se  sentar à sombra do nosso poilão...


Foto (e legenda): © José Nascimento (2019). Todos os direitos resevados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Xime, 1970, CART 2520: da esquerda para a a diretita,
os furriéis mil Soares e Nascimento
1. Mensagem, com data de ontem,  do nosso camarada e amigo José Nascimento [ex-Fur Mil Art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71], membro da nossa Tabanca Grande:


Data: terça, 28/05/2019 à(s) 18:55
Assunto: Cinquentenário da partida da CART 2520 para a Guiné - 24 de Maio de 1969

Amigo Luís Graça:


A CART 2520 comemorou os 50 anos da partida para a Guiné no dia 25 de Maio com concentração junto ao antigo GACA 2, actual Escola Prática de Polícia, e uma visita guiada às antigas instalações, acompanhados por elementos desta força, os quais nos dispensaram toda a sua simpatia e amabilidade.

Seguiu-se depois o repasto e um ameno convívio no Solar da Valada, em Torres Novas.

Segue uma foto do grupo a recordar o acontecimento.
Um abraço
José Nascimento


Ministério do Exército > Direção de Serviço de Transportes > 19 de maio de 1969 > Ordem de transporte nº 20.  Cortesia de Manuel Lema Santos (2007)


2. Comentário do Luís Graça:

Zé, já me esquecia que fomos todos no mesmo T/T Niassa, em 24 de maio de 1969, a tua CART 2520, mobilizada pelo GACA2, a minha CCAÇ 2590 / RI 2 (mais tarde, CCAÇ 12), entre outras companhias independentes,  nove ao todo, além de 2 Pel Mort e 1 Pel Canhão s/r, mais pessoal de saúde e do Depósito Geral de Adidos... Lembro-me que passámos pelo Funchal, para embarcar "carne para canhão"...

Foi "o cruzeiro das nossas vidas"... Íamos todos anónimos, mas com "bilhete de embarque válido", só de ida, que o regresso só seria... quando Deus quisesse, ou na vertical ou na horizontal... Entre a gente anónima viajávamos, tu, eu e todos os demais, incluindo o sold cond auto Jerónimo de Sousa, da Companhia de Polícia Militar, a CMP 2537 / RL2, hoje uma cohecida figura pública, secretário-geral do PCP - Partido Comunista Português, e deputado da Nação...

Já não me lembrava do raio da efeméride: fez 50 anos que embarcámos  para a Guiné, em 24 de maio de 1969... E fez também ontem 50 anos que po quartel de Bambadinca foi atacado em força pelo PAIGC... Quando por lá passámos, em 2 de junho de 1969, a ca,minho do CIM Contuboel, ainda cheirava a pólvora...  Vocês ficaram logo no Xime, creio eu...

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Notas do editor:


(*) Último poste da série > 28 de maio de 2019 >  Guiné 61/74 - P19837: Convívios (895): Encontro de Antigos Combatentes em Crestuma, dia 10 de Junho de 2019. Breve apresentação do III Vol. de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira

terça-feira, 28 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19838: (In)citações (132): A cruz de guerra, coletiva, que ainda estou à espera de... receber, mais de meio século depois de um violentíssima emboscada em Darsalame, Baio, subsetor do Xime, em 1965 (João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Enxalé >  CCAÇ 1439 (1965/67) > Algures numa operação no mato, a norte do Enxalé, o João Crisóstomo, ex-alf mil inf, e o seu "guarda-costas".

Foto: © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



João Crisóstomo (Nova Iorque)

1. Pedimos ao João Crisóstomo para comentar uma informação por email, de hoje, do nosso colaborador permanente José Martins: 

"Ainda sobre a CCAÇ 1439, há várias Cruz de Guerra, entre elas a do João Crisóstomo.  Sabiam?"... 

O João respondeu-nos hoje, logo de manhã,,, Nós sabíamos dessa cruz de guerra, que ele nunca chegara a receber.  Eis a explicação:

Confirmo.

Não fui nenhum herói, apenas quis (fui obrigado pelas circunstâncias a) defender a minha pele e a dos que estavam mesmo comigo. Eu explico:

Numa operação (a minha memória não me diz já o nome de código) (*), já perto do objectivo, fomos "surpreendidos/emboscados": pelo que depreendo, "esperavam-nos" e de repente o meu pelotão que tinha sido escolhido pelo Capitão Pires [, cmdt da CCAÇ 1439, sediada no Enxalé]  como ponta de lança, caiu num fogo cerrado de frente (a uns escassos metros 15 a 20 metros) e de ambos os lados, numa situação verdadeiramente desesperada. (**)

Vi imediatamente, de meus próprios olhos, um dos nossos guias a cair e dois outros logo a seguir gravemente feridos; felizmente que havia um pequena vala à nossa frente onde a coluna da frente na qual eu estava integrado com o Furriel [António Nunes] Lopes,   nos atirámos. 

Estávamos cortados do resto da companhia, e de eventuais reforços, que compunham esta força e nos seguiam mais para trás. O nosso capitão disse-me, mais tarde, que quando nos viu naquela situação, nos deu a todos por perdidos e que nada podia fazer. 

Eu apercebi-me da situação e berrei ao Furriel Lopes, que estava mesmo a meu lado, e ao meu "guarda-costas", que passassem a palavra (tudo isto foi em segundos, quase em simultâneo com o iniciar do fogo cerrado pelo IN) para, aos três,  lançarmos as granadas de mão e correr em cima deles. 

E foi o que nos salvou: Eles não esperavam por esta reação imediata da nossa parte e, ao verem-nos de pé a correr para eles, a lançar  metralha, levantaram-se e foi um fugir desenfreado. Nem as próprias armas que estavam usando levaram… Para eles tinha-se virado o feitiço contra o feiticeiro como depois verificámos pelos vários corpos IN abandonados, e outros "pormenores",  como sucedia sempre em semelhantes ocasiões.

Ao voltarmos à base o nosso Capitão Pires juntou a Companhia para dizer a todos que muitos dos que estavam ali deviam a sua vida e esta "secção de valentes" (, e mencionou vários nomes, incluindo o do furriel Lopes e o meu,) que não só se salvaram a eles mesmos como possivelmente salvaram muitos outros, pois a "emboscada tinha sido bem montada e teria sido uma gaita" se nós não tivéssemos reagido tão rápido e com tanta coragem como fizemos.

Passados tempos vieram louvores (que mais tarde foram transformados em cruzes de guerra) e entre os recipientes estavam o Capitão Pires, eu, o Furriel Lopes, o meu guarda-costas e, a título póstumo, o guia Adão.

Eu estranhei e disse ao Capitão Pires que todo o meu pelotão merecia a mesma cruz de guerra; mas que, se não quisessem dar a todo o pelotão, a dessem pelo menos a toda a secção que ia na frente: todos fizeram o mesmo, não sabia porque só davam a a condecoração a  alguns.

Depois de voltarmos da Guiné, quando me começaram a enviar cartas para eu e mais duas pessoas da minha família irmos receber a condecoração,  e foram várias vezes, do Funchal, Beja, Lisboa… eu respondi sempre que a iria receber se dessem a mesma medalha a todos os membros da secção da frente (, comandada pelo Furriel Lopes). Como nunca me responderam a este meu pedido (os "convites" eram sempre nas mesmas situações, sem mais nada),  eu nunca fui a parte nenhuma e a minha "cruz de guerra" nunca chegou a sair da gaveta.

Espero que fique explicada a situação. Isto não é "modéstia fingida" da minha parte: trata-se apenas de uma "questão de igualdade" que deve ser respeitada. (***).

Permito-me aproveitar este para dizer que esta reunião [, o XIV Encontro Nacional  da ] Tabanca Grande em 25 de Maio, em Monte Real, foi uma grande experiência para mim. Entre outros motivos, por ver soldados e generais no mesmo nível como simples seres humanos. Um "Bem hajam" a todos estes grandes camaradas com

Um abraço do
João de Nova Iorque.
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Notas do editor:

(*) Op Avante, 30 de agosto de 1965, acrescenta o "consultor militar" e colaborador permanente José Martins.

(**) Vd. poste de 14 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14874: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (3): Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro, 12 de julho de 2015 (Parte II): João Crisóstomo e António Nunes Lopes, do mesmo pelotão, da CCAÇ 1439, encontram-se 50 anos depois e falam, com emoção e dramatismo, da violenta emboscada que uma vez sofreram em Darsalame (Baio), no subsetor do Xime

(...) Vídeo (7' 31''). Alojado em You Tube > Luís Graça

Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > O João Crisóstomo e o António Nunes Lopes encontram-se ao fim de 50 anos... Pertenceram à mesma companhia e ao mesmo pelotão... E evocam aqui, com uma espantosa precisão de detalhes, e grande emoção, uma dos mais duros episódios de guerra por que passaram, em 1966, em Darsalame (Baio), na zona de Baio/Buruntoni, no Xime, que o PAIGC sempre "controlou" durante toda a guerra, e onde era inevitável haver "contacto" com as NT... Qual o nome verdadeiro do místico soldado, de alcunha "Penálti", de aqui se fala ? Pode ser que alguém saiba mais sobre este homem, que foi herói e desertor...

João Crisóstomo, que é natural de uma freguesia vizinha, A-dos-Cunhados, do concelho de Torres Vedras, fez-se à vida depois do regresso da guerra. Andou pela Europa e Brasil, até se fixar em 1975, nos EUA, onde hoje vive (em Nova Iorque) e que é a sua segunda pátria.

(***) Último poste da série > 16 de maio de  2019 > Guiné 61/74 - P19794: (In)citações (131): A dureza da nossa infância e a guerra (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto do BCAÇ 3872)

Guiné 61/74 - P19837: Convívios (895): Encontro de Antigos Combatentes em Crestuma, dia 10 de Junho de 2019. Breve apresentação do III Vol. de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira

ENCONTRO DE ANTIGOS COMBATENTES EM CRESTUMA

DIA 10 DE JUNHO


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Nota do editor

Último poste da série de 15 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19790: Convívios (894): CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67) , Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54: próximo dia 18, sábado, na Ericeira. Organizador: Manuel Calhandra Leitão, o "Ruço", Achada, Mafra, ex-1º cabo apontador do morteiro 81 (telem 938 028 152)

Guiné 61/74 - P19836: Agenda cultural (687): Exposição de pintura de Adão Cruz, na Sede da Ordem dos Médicos de Viana do Castelo, de 1 a 30 de Junho de 2019

C O N V I T E




Exposição de pintura de Adão Cruz
Sede da Ordem dos Médicos de Viana do Castelo
1 a 30 de Junho de 2019



ADÃO CRUZ

Médico cardiologista
Nasceu em Vale de Cambra há oito décadas.
Sempre amou a liberdade do pensamento e da razão, a verdadeira riqueza do ser humano. Foi com este amor que sempre sonhou libertar-se ao longo da vida, também pelos caminhos da ciência, da escrita e da pintura.
Tem doze livros publicados, na área da literatura e da pintura, e fez várias exposições, sobretudo em Portugal e Espanha.
Tem quadros em oito países.

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O QUE PENSO

O sentimento poético e o sentimento artístico são irmãos gémeos. Ou trigémeos, se os irmanarmos com a sua própria essência, o sentimento da beleza. Quase místicos, quase indefiníveis, eles geram a sublimidade da mente, a força incontida do desejo de ser-se de outra forma, a necessidade de fugir do não autêntico, um quase sentir a verdade total e a dimensão universal.

Sem eles, dificilmente uma obra será uma obra de arte, dificilmente poderá adquirir a grandeza em que todos os processos formais serão ofuscados pelos seus próprios efeitos, dificilmente terá tantas estórias quantos os olhos que a contemplam. Contudo, ao fim de uma vida, o futuro vai-se naturalmente dissolvendo, entre a razão e o sentimento, dentro de um ser humano preso à sua natureza antropocêntrica. A desilusão, como subtil nevoeiro, vai invadindo todos os cantos e recantos onde antes havia sol.

Ao fim de uma vida, o ser humano vai-se desprendendo dos caminhos da arte e da poesia, principais sentimentos que sempre o conduziram à interface entre o Homem e a sua dimensão universal, sem qualquer sentido místico ou metafísico. Contenta-se com a restrita paisagem de um dia de Primavera, atrás das grades da sua ‘mente cultural’. Ele sabe que isso o derrota e, paradoxalmente, o alivia. Ele sabe ainda que são escassos os dias de Primavera, mesmo que a parte sã da humanidade procure tecer o ciclo da vida com fios de esperança. Ele sabe que há dias de penoso inverno que a parte mais podre da humanidade aproveita para romper o ciclo da vida rasgando a esperança. Ele sabe, ao fim de uma vida, que o estatuto de cada ser humano assenta num contexto de vivências e memórias que fazem o futuro e o desfazem na altura própria, sendo o último suspiro o momento mais democrático da nossa existência.

Por isso as lágrimas secam e os olhos passam a ver a vida humana com outros “olhos”. Por isso, esta singela exposição de pequenos gestos que se alimentam de corpos e sentimentos, na procura de uma última homeostasia entre a natureza humana e a humanização da vida.
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Nota do editor

Último poste da série de27 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19830: Agenda cultural (686): Conferências Da Comissão Portuguesa De História Militar - Guerra Colonial - De Amílcar Cabral a Sékou Touré. Orador: Tenente-General António Martins de Matos. Dia 31 de Maio pelas 17 horas, Palácio da Independência, Lisboa

Guiné 61/74 - P19835: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (27): João e Vilma Crisóstomo, o casal que veio de Queens, Nova Iorque, e que representa o melhor da nossa diáspora lusitana


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > O casal Crisóstomo, ele, João, luso-americano, ela Vilma, eslovena. "Estreia absoluta" na Tabanca Grande!.. Andámos alguns anos a acertar as agendas: este ano vieram de propósito para estar connosco!...

Foto: © Manuel Resende (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > O casal Crisóstomo como amigo e vizinho de A dos Cunhados,  Torres Vedras (mas nascido no Vimeiro, Lourinhã) Eduardio Jorge Ferreira, o régulo da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã



Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  O João Crisóstomo na mesa com o Luís Graça e o Fernando de Jesus Sousa... O João quis saber se na sala havia deficientes das Forças Armadas... Apresentei-lhe o Fernando de Jesus Sousa, ex-1.º Cabo da CCAÇ 6, Bedanda, 1970/71, escritor, autor de dois livros, um de teor memorialístico ("Quatro riso e um destino") e outro de  poemas ("Sussurros Meus"), natural de Penedono, DFA (ficou sem duas pernas na explosão de uma mina A/P).  Pertenceu aos corpos sociais da ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas. Tem cerca de 25 referências no nosso blogue.



Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  O João Crisóstomo e o régulo da Tabanca de Matosinhos, o Eduardo Moutinho Santos.



Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  O João Crisóstomo e o "mais famoso alfero" que passou por Missirá, Jorge Cabral: ("Cabral, só há um, o de Missirá e mais nenhum ano": era o recado que ele mandava para os "vizinhos" da "barraca" do PAIGC em Madina / Belel...)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  João Crisóstomo com o Hélder Sousa, colaborador permanente do nosso blogue.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  O João Crisóstomo escrevendo dedicatórias no seu livro "LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste", edição de autor, Nova Iorque, 2017, 162 pp. A seu lado, a Alice Carneiro (e uma amiga e prima, que a foi visitar, no final da tarde, a Glória Gordalina, de Leiria, que acabara de chegar do Brasil, há uns dias)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  O João Crisóstomo com a escritora Lucinda Aranha [Antunes], que  lançou recentemente um biografia romanceada do seu pai, que alguns de nós conhecemos na Guiné: “O Homem do Cinema, A la Manel Djoquim i na bim”, por Lucinda Aranha Antunes, edição da Alfarroba, Lisboa, 2018... O livro esteve na nossa mini-feira dos livros, em Monte Real, juntamente com o de outros autores (António Estácio, António J. Pereira da Costa, António Martins de Matos,  Fernando de Jesus Sousa, José Eduardo Oliveira (JERO), Joaquim Mexia Alves)



Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Capa manuscrita do dossiê nº 4, do João Crisóstomo: compilação de documentação relativa a campanhas menos conhecidas do grande público em que esteve envolvido o nosso ativista social, o luso-americano, que foi alf mil inf da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67). Sobre as suas três campanhas mais célebres e bem sucedidas ele já fez dossiês, para "memória futura": (i)  a defesa das gravuras de Foz Coa com o “Save the Coa Site Movement ” (1995);  (ii) a divulgação da acção humanitária, durante a II Guerra Mundial, dos diplomatas portugueses Aristides Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido e Carlos de Liz Teixeira Branquinho e dos diplomatas brasileiros Sousa Dantas e Rosa Guimarães (1996 e seguintes);  (iii) o lançamento de iniciativas em defesa da independência de Timor-Leste através da LAMETA (1996- 2002).

Menos conhecidas, entre nós, são por exemplo as suas diligências públicas em 2008 para a libertação do refém luso-americano Marc Gonsalves, então detido,  nas florestas da Colômbia, pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), desde 2003;  ou o movimento comunitário para garantir a continuidade em Nova Iorque do Consulado de Portugal (2007), ameaçado de extinção.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Eduardo Jorge Ferreira, João Crisóstomo e Jorge Cabral, vendo o "álbum fotográfico" do Enxalé, Porto Gole e Missirá... Em segundo plano, o António Estácio e o Álvaro Carvalho.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Eduardo Jorge Ferreira, João Crisóstomo e Jorge Cabral, examinando o dossiê nº 4...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Guiné 61/74 - P19834: Parabéns a você (1627): António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 17 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19828: Parabéns a você (1626): António Manuel Salvador, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 4740 (Guiné, 1972/74)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19833: Notas de leitura (1181): “Colóquio sobre Educação e Ciências Humanas na África de Língua Portuguesa”, Fundação Calouste Gulbenkian (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Novembro de 2016:

Queridos amigos,
Num dado momento histórico de completa incerteza sobre os rumos da independência das antigas colónias portuguesas, a Fundação Calouste Gulbenkian pôs um punhado de investigadores altamente qualificados a pensar sobre o futuro da lusofonia, do ensino da língua, da revitalização dos arquivos e da cooperação científica. Infelizmente, um grande número de propostas não teve sequência, mas é bom que se saiba que o ponto de situação sobre o funcionamento da investigação científica ultramarina apresentada pelo comandante Teixeira da Mota era mais positivo do que negativo. E nenhum estudioso das ciências humanas e sociais na África lusófona pode deixar conhecer este ponto de situação e o acervo da bibliografia então existente e aqui plasmada em publicação.

Um abraço do
Mário


O papel da lusofonia na aurora da descolonização (2)

Beja Santos

Entre 20 e 22 de Janeiro de 1975, enquanto a classe política entrava ao rubro com a questão da unicidade sindical, na Fundação Calouste Gulbenkian reuniam-se pesos pesados da investigação africana para debater o futuro da lusofonia no ensino, o que se iria passar no sistema educativo nos novos países de língua portuguesa, quais as contribuições portuguesas para as ciências humanas em África, quais as perspetivas que se rasgavam para cooperar no campo do ensino com a África lusófona. A Fundação Gulbenkian convocara um grupo seleto para o debate. Por parte da Fundação estavam Victor de Sá Machado, José Blanco, Luís de Matos, Mário António, Fernandes de Oliveira, o Embaixador Fernando Reino representava o Ministério da Coordenação Interterritorial. Os participantes eram, entre outros, Orlando Ribeiro, Ilídio do Amaral, Teixeira da Mota, René Pélissier, Douglas Wheeler, Albert Tévoédjrè e Gerard Bender. Daí resultou um livro editado em 1979 “Colóquio sobre Educação e Ciências Humanas na África de Língua Portuguesa”. Já se falou do português fundamental, dos manuais escolares adaptados à especificidade de cada um dos novos países, ao ensino bilingue e de diferentes línguas nativas, com relevo para o crioulo, abordou-se o que sobre esta matéria de línguas africanas se fazia em institutos portugueses até 25 de Abril, o debate continuou sobre o ensino das ciências humanas orientado para as problemáticas africanas e nesse sentido foi feita uma detalhada apresentação das atividades da Junta de Investigações do Ultramar, os participantes fizeram comentários sobre como podem as instituições portuguesas cooperar no ensino e na cultura africana, fez-se mesmo o ponto de situação das universidades de Angola e Moçambique.

Respondendo a certas críticas que René Pélissier apresentou sobre as bibliotecas e arquivos portugueses, o então Comandante Teixeira da Mota deu conta do trabalho em curso, a pedido do governo, para o estabelecimento de uma nova atuação de todos os organismos na órbita da Junta de Investigações do Ultramar. E quanto aos arquivos portugueses comentou:  
“Verifico que o Centro de Estudos Históricos Ultramarinos tem estado a publicar colecções de documentos e não vejo fazer isso nem na Inglaterra, nem na Holanda. Talvez a política do Centro de Estudos Ultramarino esteja errada. Tenho dito isso ao senhor director, Padre Silva Rego. Por exemplo, publicaram em 9 ou 10 volumes os documentos de um fundo importante da Torre do Tombo. Publicaram na íntegra todos os documentos que têm interesse ultramarino. Esse fundo das gavetas, no estado actual da Torre do Tombo, é o produto de muitas misturas ao longo dos tempos e também consequência do terramoto de há mais de 200 anos. Esse critério afigura-se-me que não é o mais apropriado. Julgo que, antes de mais, interesse ter os documentos em ordem e procurar fazer guias ou catalogar e não publicar (…) Quanto à catalogação de certos arquivos, no que respeita ao Arquivo Histórico Ultramarino, eu creio que as coisas não estão muito mal na medida em que o grosso da documentação que está nesse arquivo, encontrava-se no princípio do século em montes no Ministério da Marinha e Ultramar. Não será pedir demais aos arquivos e às entidades portuguesas, quando eu vejo que não se fizeram coisas semelhantes noutros países?”.
Mais adiante, deu esclarecimentos sobre estudos desenvolvidos sobre a história pré-colonial:
“Em 1972, realizou-se em Londres a Conferência de Estudos Mandingas, e foi para mim uma surpresa verificar que apareceram nove ou dez trabalhos de pessoas de diferentes nacionalidades sobre o Reino do Cabo que é considerado hoje como o mais importante Estado Mandinga depois da queda do império do Mali. Este Reino do Cabo está dividido politicamente pela Guiné-Bissau, pelo Senegal e pelo Gâmbia… Creio que este trabalho sobre o Reino do Cabo é muito importante e até talvez pudesse ser um modelo de trabalho de colaboração internacional, porque não há apenas a recolha da tradição oral, há a possibilidade de completar a tradição oral com documentação europeia, que existe em várias línguas”.

No final do colóquio, o professor Orlando Ribeiro ensaiou um punhado de conclusões sobre a orientação do ensino do português, a orientação do trabalho científico e a necessidade das instituições académicas já existentes em países africanos de língua portuguesa se reestruturarem para corresponder às condições locais. Noutra vertente haveria que criar condições para que a organização de inventários, de catálogos, de bibliografias, existentes nos novos países independentes se tornem acessíveis não só os centros culturais portugueses como e sobretudo em todos os países estrangeiros onde se investiga a história africana; embora não tivesse comparecido nenhum estudioso brasileiro ao colóquio, não deixou de se fazer menção a uma série de colóquios de estudos luso-brasileiros e à bibliografia existente que tem sido publicada sob os auspícios da Fundação Gulbenkian.

Este colóquio, visto à distância de mais de 40 anos permite aos interessados a consulta de papéis singulares. Ilídio do Amaral apresentou tópicos para a discussão com o título “Em torno de problemas sobre as ciências sociais e humanas na África lusófona”. Orlando Ribeiro fez distribuir documento “Décolonisation, enseignement et recherche scientifique”; Teixeira da Mota apresentou o seu documento, à luz das incumbências que o governo português lhe empossou na coordenação de um grupo que tinha como missão apresentar uma estrutura moderna para as investigações científicas no antigo império, e com o título “Algumas actividades de organismos de investigação sediados em Portugal", no domínio das ciências humanas e sociais, de âmbito africano. Para os historiadores e investigadores é do maior interesse o documento apensado às atas do colóquio com o título “Bibliografia da Junta de Investigações Científicas do Ultramar" sobre ciências humanas e sociais.
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Notas do editor

Poste anterior de 20 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19807: Notas de leitura (1179): “Colóquio sobre Educação e Ciências Humanas na África de Língua Portuguesa”, Fundação Calouste Gulbenkian (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 24 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19821: Notas de leitura (1180): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (7) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19832: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (26): Seleção de fotos de Manuel Resende - Parte I


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  A foto de família... incompletíssima!... Éramos mais de uma centena...


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Os fotógrafos, esses, não faltaram... Jorge Canhão, Carlos Vinhal, Luís Graça


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > As nossas duas únicas camaradas presentes: as ex-enfermeiras paraquedistas Giselda Pessoa (Lisboa) à esquerda,  Maria Arminda Santos (Setúbal), à direita... No meio o Jorge Canhão e a esposa, Lurdes (Oeiras).


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > À entrada do Palace Hotel Monte Real..


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Da direita para a esquerda: António Martins de Matos, Miguel Pessoa, António J. Pererira da Costa, Carlos Silvério e JERO...


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Dois grã-tabanqueiros, amigos e camaradas, Paulo Santiago (Águeda) e Armando Pires (Algés / Oeiras)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > O pai e padrimho Manuel Joaquim, com a filha Alexandra e o afilhado Zé Manuel


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Almiro Gonçalves e Amélia (Praia da Vieira / Marinha Grande)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > A Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, em peso: o régulo Eduardo Jorge Ferreira, mais a Vilma e o João Crisóstomo (que vieram dos EUA)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Dois "mangníficos" da Tabanca da Linha e da Tabanca Grande: Armando Pires e Luís Paulino


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > De costas, o Agostinho Gaspar (Leiria)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Entradas e entradinhas (I)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Entradas e entradinhas (II)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Entradas e entradinhas (III): à esquerda, o Armando Pires


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Entradas e entradinhas (IV): à esquerda, o António Sampaio (Matosinhos) e à direita, o António Maria Silva (Sintra), dois "fregueses" destes nossos encontros anuais...


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Entradas e entradinhas (I)  > O Luís Graça em conversa com a Lucinda Aranha Antunes; de costas, o João Crisóstomo e em segundo plano o José António Antunes (que esteve em Angola, no tempo da guerra)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > De que falam o Manuel Luís Lomba (Barcelos) e o ex-deputado e ex-dirigente sindical Arménio Santos (Lisboa)?


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Ó João, essa nem parece de um mordomo da elite de Nova Iorque!, diz a Vilma...  O Alberto Carvalho, em segundo plano, à direita.


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Uma tarde agradável, uma esplanada concorrida...


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Os 'manos' Alexandra e Zé Manel


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Abel Santos e Manuel José Ribeiro Agostinho (Matosinhos), com a Giselda Pessoa (Lisboa)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Mário Magalhães, o veteranos dos veteranos da Guiné, mais a esposa, Fernanda (Sintra)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Dois transmontanos tripeiros, escritores de talento, Fernando Gouveia e Francisco Baptista


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande >  Francisco Baptista (Porto) e Manuel Joaquim (Sintra)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Da esquerda para a direita, Eduardo Jorge Ferreira, mais a sua São, o dr. Carlos Camacho Lobo (Maia), o Jorge Pinto e a Ana (Sintra)


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > O Carlos Silvério (Ribamar / Lourinhã) em primeiro plano.

Fotos: © Manuel Resende  (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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