quinta-feira, 11 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21066: Efemérides (327): o 10 de junho de 2020, que não houve, por causa da COVID-19, na Lourinhã...


Foto nº1 


Foto nº 2


Foto nº 3

Lourinhã > Largo António Granjo > Monumento aos Combatentes da Guerra do  Ultramar > 10 de junho de 2020 >

Fotos (e legendas): © Luís Graça(2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Nem minimalistas foram as cerimónias do 10 de junho de 2020 na Lourinhã: ninguém deu conta da efeméride nem muito menos das habituais concentrações de antigos combatentes no local onde se ergue um monumento em sua homenagem...

Dando bom cunprimento às imposições e recomendações da Autoridade Nacional de Saúde, a praça estava vazia...quando lá passei às onze e picos da manhã. Mas alguém já havia deixado,  na base da estátua, um ramo de flores, o meu amigo e camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, um dos que munca falha, está numa esplanada próximo a apanhar uams résteas de sol (, disse-me depois que foi lá lembrar "as armas e os barões", dizendo um poema)....

O resto, é o que as imagens mostram, quando lá passei: três antigos combantenes, incluindo o José Soeiro (o único representante da CDU na Assembleia Municipal (à direita, na foto nº 2) e o presidenete da edilidade, que não foi combatente, o engº João Duarte (à esquerda, foto nº 2).

Indiferente aos "tsunamis" da História, às pandemias que ciclicamente matam milhões, enfim,  à tragédia da guerra colonial e aos mortos lourinhanses, o "dinossauro"  fica ali mesmo lado, com ar de quem tem que fazer o frete de guardar a sede da Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã (, ao fundo, foto nº 3)...

Nas redes sociais, não encontrei ecos do acontecimento ou não-acontecimento: a AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste. com sede na Lourinhã, há muito que tem o seu sítio (oficial) "em manutenção"... E a sua página do Facebook ainda está "confinada": a última atualização é de 10 de março passado...

Enfim, um 10 de junho que não houve, que não aconteceu, pelo menos na parte respeitante à homenagem aos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial... E será que vai sobreviver ao "tsunami" dos acontecimentos que hoje varrem o mundo ? Não apenas a pandemia de COVID-19, mas também a crise do mundo atual,  da economia global e das lideranças geoestratégicas, e  incluindo a fúria iconoclástica contra o racismo, o esclavagismo, ,o imperialismo e o colonialismo e os seus símbolos...
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20986: Efemérides (326): Foi há 48 anos: fui gravemente ferido no decurso da Op Dargor, evacuado para o HM 241, em Bissau, e depois para Lisboa, o HMP (José Maria Pinela, ex-1º cabo trms, CCS/BCAV 3846, Ingoré, 1971/73), hoje DFA

Guiné 61/74 - P21065: Parabéns a você (1821): Fernando Tabanez Ribeiro, ex-2.º Tenente da Reserva Naval (Guiné, 1972/73)

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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21060: Parabéns a você (1820): Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador do BART 2913 (Guiné, 1967/69) e António Joaquim Alves, ex-Soldado At Cav do COMBIS (Guiné, 1972/74)

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21064: Tabanca da Diáspora Lusófona (12): O "açoriano" da CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68), José Manuel Espínola Picanço, dá sinais de vida: vive em Strathroy, Ontário Canadá, a menos de 900 km do luso-americano João Crisóstomo

1. O nosso camarada José Manuel Espínola Picanço respondeu ao pedido do Mário Gaspar (*) que o tentava localizar: foi 1º cabo apontador de metralhadora da CART 1659, "Zorba",  (Gafamael e Ganturé, 1967/68). 

Ficamos a saber que vive, desde 1971, no Canadá, mas tem casa na sua ilha natal, Graciosa, Açores. Como muitos outros açorianos, madeirenses e continentais, teve de procurar "melhor sorte" no estrangeiro, depois de regressar da Guiné...Nunca saberemos quantos são,  ou quantos foram, os nossos camaradas da Guiné espalhados pelos quatro cantos do mundo...


O Piçanço fica desde já convidado a integrar a nossa Tabanca Grande, e eu vou pedir ao João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona (**), para falar com ele... Afinal, vivem os dois no "Novo Mundo", e até são quase vizinhos, de Nova Iorque a Strathroy, Ontario, Canada,  a distância não chega a 900 km, de carro. O Piçanço deve ter dupla nacionalidade tal como o Crisóstomo. 

Neste dia 10 de Junho de 2020, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, lembremo-nos destes nossos camaradas que, acabadas as suas comissões de serviço militar, não tiveram lugar à mesa da Pátria que lhes pediu tudo, incluindo, se necessário, o supremo sacrifício da vida... 

2. Transcrevse-se, a seguir,  a resposta do ex-1º cabo Espínola Picanço (*):

Olá,  Mário Gaspar, eu sou o José Manuel Espínola Picanço, a identificação que fizeste sobre mim,  está correta.(*)


Eu era o "Açoriano", pertencia ao pelotão do do alferes Moreira. 

No ano de 1970 encontrei alguns elementos da nossa companhia, em Lisboa inclindo o ex-capitao Mansilha. Em 1971 emigrei para o Canadá, onde resido atualmente.

A minha direção é esta:

13 Westgate Ave
Strathroy 
Ontario 
Canada

E os meus contactos:

telefone fixo 519-245-3440 telemóvel 519-639-5104. 

Email: luzense101@hotmail.com

Também tenho casa na ilha Graciosa,  Açores, costumo passar lá 4 ou 5 meses por ano, mas este ano,  devido à pandemia, não devo la ir. 

Aqui fica um abraço deste ex-combatente Zorbista,e fico sempre ao seu dispor.

8 de junho de 2020 às 14:44

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de á7 de junho  de 2020 > Guiné 61/74 - P21052: Em busca de... (306): 1º Cabo Apontador de Metralhadora, nº 03122666, José Manuel Espínola Picanço, CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68) (Mário Gaspar)

(**) Último poste da série >  10 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21063: Tabanca da Diáspora Lusófona (11): Procuro, desde 1967, o Luís Filipe, que foi meu camarada, no COM, 1º turno de 1964, 3ª Companhia, 5º pelotão, EPI, Mafra... Encontrei-o na estação de caminho de ferro de Vila Franca de Xira, deu-me um grande abraço, julgava-me morto na Guiné, passámos um fim de semana no Algarve, tenho ideia que era alentejano, de boas famílias... Quem saberá o seu nome completo, e outros dados que me permitam ainda poder encontrá-lo ? (João Crisóstomo, Nova Iorque)

Guiné 61/74 - P21063: Tabanca da Diáspora Lusófona (11): Procuro, desde 1967, o Luís Filipe, que foi meu camarada, no COM, 1º turno de 1964, 3ª Companhia, 5º pelotão, EPI, Mafra... Encontrei-o na estação de caminho de ferro de Vila Franca de Xira, deu-me um grande abraço, julgava-me morto na Guiné, passámos um fim de semana no Algarve, tenho ideia que era alentejano, de boas famílias... Quem saberá o seu nome completo, e outros dados que me permitam ainda poder encontrá-lo ? (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Ministério do Exército > Praças nas Fileiras > EPI [, Escola Prática de Infantaria,] > Bilhete de Identidade militar do João Francisco Crisóstomo, soldado cadete nº 1064/64, emitido em 20 de abril de 1964. Nº de matrícula: E-86804. O Comandante, assinatura ilegível [, Manuel Ribeiro de Faria, foi cor inf, foi o comandante da EPI, de 8/1/1963 a 25/9/1969] [Anotações: Grupo sanguíneo B].



Mafra > EPI > 1º Turno do COM > 3ª Companhia > 5º Pelotão > 27 de janeiro de 1964, dia de São João Crisóstomo > Cópia das notas da agenda do soldado cadete João Crisóstomo

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020) Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo [luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes... Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, foi alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; é casado, em segundas núpcias, desde 2013, com a nossa amiga eslovena, Vilma Kracun]

Date: sábado, 9/05/2020 à(s) 16:40
Subject: Luis Filipe, soldado-cadete do 1º turno do COM, 3º Companhia, 5º Pelotão, EPI, Mafra, 1964, 

 Caro Luís Graca,

Todos nós temos direito "a ter a nossa telha". No meu caso sou um privilegiado nesse aspecto  (ou desprivilegiado, conforme a maneira que o encararmos), pois nunca  me faltaram "telhas a necessitar cuidados". Uma delas é a mania de não gostar de estar sem saber de alguém que  em qualquer altura na minha vida foi meu amigo e com quem depois perdi contacto. E é  para mim,   e sem dúvida para muitos outros, sempre uma experiência hilariante quando reencontramos alguém.

O "destino" tem sido particularmente generoso comigo como sabes;  entre a meia dezena pessoas amigas que depois de dezenas de anos  reencontrei já,   de  vários conhecimentos/amizades feitos em Paris, Londres e Stuttgart , o melhor acontecimento foi reencontrar a que é  agora a minha esposa. Vilma Kcracun. Este  caso de  de tão invulgar  até levou o New York Times a escrever/contar  a "nossa história" para os seus leitores  em longo artigo  que foi depois reproduzido nos quatro cantos do mundo.

Aliado aos muitos "encontros organizados por antigos combatentes,  o teu/nosso  blogue tem proporcionado  a muitos de nós reencontrar   camaradas/amigos   de quem, não fora este blogue   talvez  nunca teríamos mais ouvido falar. No meu caso não só reencontrei velhos amigos, como o Lopes e  o Zagalo - recordas-te da campanha que foi para finalmente o encontrar? -   como  directa ou indirectamente vim a fazer novas amizades, hoje muito queridas para mim e que enriquecem agora tanto a minha vida!

Mas ainda há pessoas a quem ainda não consegui chegar e a quem não desisti reencontrar. Entre estas conta-se um indivíduo que fez o curso de cadetes em Mafra comigo. Deixa-me contar-te:

 Entrei para o quartel de Mafra  onde fiz a preparação de cadete em Janeiro de 1964.  A minha "memória de gato"  há  muito  perdeu  quase tudo:  Lembro o entrar: a fila; e o "exame"; lembro ter recebido um conjunto de "farda";  e, vagamente já,  o que foi depois durante seis meses  esse período de preparação… mas de resto pouco lembro já, incluindo os nomes dos meus colegas cadetes, excepto um, por um inesperado  acontecido mais tarde que te vou contar a seguir.

Recordo que o comandante/instrutor do meu pelotão era um alferes  de nome Cera;  e do capitão da Companhia não lembro muito,  excepto que pela sua apresentação sempre esmerada,  pela  "dedicação" e  exigências  sem o mínimo de desculpas fosse para o que fosse, nós o alcunhávamos de "tesão de mijo militar"…

Acabado o curso, feitos "aspirantes"  cada um seguiu o seu rumo. Eu fui parar à Guiné. E passados dois anos, em 1967,  regressámos a Portugal.  Eu resolvi ir "dar uma volta pela Europa" para aperfeiçoar línguas. O meu primeiro poiso  foi em Londres, onde iria a permanecer dois anos e onde voltei para casar em 1971  depois de ter feito estágios em  Paris e em Stuttgart.

Na minha primeira ida, de férias,   a Portugal um dia fui ao Porto; e de regresso a Lisboa,  tomei o comboio. Lembro que estávamos parados na estação de Vila Franca de Xira e eu vim ao corredor . E de repente vejo à minha frente o Luís Filipe…

Reconheci-o como  um antigo cadete de Mafra do meu pelotão: alto, magro, olhou para mim, cara e olhos esbugalhados… e só disse: "João Crisóstomo"!…. ao mesmo tempo que se agarrava a mim e me apertava com um abraço sufocante…

Quando ele me libertou e eu olhei  para ele, confuso e espantado, vi que as lágrimas  lhe caiam, ao mesmo tempo que dizia:  "Eh pá..., disseram-me que tinhas morrido na Guiné!"….  e então compreendi e fui eu que o abracei emocionado…

Sei que me convidou e fui  ao  Algarve com ele. Tenho a ideia de que ele era alentejano, mas que a família tinha  residências / quintas  no Algarve… onde passei um fim de semana com ele.

Depois voltei a Inglaterra e até hoje nunca mais soube dele. Quando a ocasião se apresenta,  tenho "perguntado" por ele… depois que entrei no teu/nosso blogue surgiu-me a esperança, mas até ao momento sem qualquer resultado: há lá vários nomes "Luís Filipe " , mas nada que me leve a agreditar que seja ele ( há um capitão, mas as datas não coincidem…); mesmo sem  fé no Facebook, já andei lá muitas vezes divagando/investigando  naquele labirinto, sempre perdido… 

Como vês os dados são poucos… mas às vezes o "destino"  acontece com ainda com menos  bases… Andei à procura de alguma coisa que pudesse ajudar  e encontrei o meu  primeiro "Bilhete de Indentidade", ( emitido em Mafra a 20 de Abril de 1964)  cuja foto junto.

E encontrei também uma velha agenda que junto  igualmente   ( eu tenho a mania de guardar "micheroquices" que me ajudam a lembrar e reviver o meu passado…) na qual eu apontei  os dados do dia da entrada em Mafra e o relato do nosso  primeiro dia (que por pura casualidade era o dia de S. João  Crisóstomo, como se pode ler na velha agenda).

João Francisco Crisóstom,o, soldado-cadete,
 EPI, COM, 20/4/1964
Menciono esta agenda porque nela eu escrevi,  no dia 26 de janeiro de 1964, Domingo:

"Às  16.00 cheguei a Mafra. Às 11.30 da noite dei entrada na E.P.I., Mafra. COM. 3ª Com. 5ª Pel.".


E na página seguinte está o horário e descrição das actividades desse nosso primeiro dia [, 27 de janeiro de 1964,], onde menciono ter chegado atrasado para o pequeno almoço e ter apanhado o meu primeiro raspanete…

6,15 - Levantar
7.10 - Pequeno almoço (atrasado) e 1º [raspanete]
7.35 - 1ª instrução
12.10 - 1º almoço (ótimo)
13.20 - Instrução da tarde
16.20 - Fim da instrução da tarde
19.00 - Jantar (ótimo)
21.30 - Cama

Talvez estas datas (o meu número de soldado cadete nº  1064/64 ); a data de emissão deste ID ( 20 de Abril de 1964) ;  como  eu e o Luís Filipe  pertencíamos ao mesmo pelotão ( 5º  pelotão da 3a Companhia) deste pessoal ingressado no dia 26 de Janeiro de 1964… Será que alguém tem alguma idéia de como "chegar" a algum arquivo militar com estes dados?  

Se fôr o caso, por favor digam-me. Muito dificilmente poderei ir pessoalmente  fazer alguma investigação, mas creio que através do velho telefone, apoiado com e-mails,  e o mais que for preciso, eu poderei chegar  a saber o nome completo do Luís Filipe, sua antiga  morada , e outros detalhes  que me permitam reencontrá-lo…

Um grande abraço. A Vilma esteve-me há pouco a lembrar que a não esquecesse num beijinho para a Alice também!

João C. (*)

2. Nota do editor LG:

João, como te disse uma vez o futuro cardeal patriarca de Lisboa, o João Policarpo, tu és um "berbequim", uma verdadeira força da natureza, persistente, teimoso, perseverante... Vamos, com a ajuda dos nossos camaradas da Tabanca Grande, e demais leitores, encontrar o teu amigo "Luís Filipe" (ou Felipe?)... A única coisa que eu  até agora descobri foi o nome do comandante do EPI do teu tempo, o que assinou o teu BI militar: era o cor inf Manuel Ribeiro de Faria... (, foi o dono da Máfrica, de 1963 a 1969).

Mas sobre o EPI e o COM tens muitos postes no nosso blogue. Dá uma vista de olhos a estes, para refrescar a tua "memória de gato" (**)... Sei que não desistirás facilmente, mais difícil foi encontrar, no Velho Mundo, a tua querida Vilma Kracun, ao fim de mais de 40 anos...

Bom dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Abraços e chicorações meus, da Alice e demais malta da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, em particular o Joaquim Pinto Carvalho e o Jaime Bonifácio Marques da Silva, com quem me tenho encontrado na Lourinhã, nestes tempos de pandemia da COVID-19...
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Notas do editor:
  
(*) Último poste da série > 5 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20943: Tabanca da Diáspora Lusófona (10): Notícias da pandemia de COVID 19, em Queens, Nova Iorque, e dos meus camaradas da CCAÇ 1439 (João Crisóstomo)

(**) Vd. postes de:

18 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13003: Mafra, EPI, COM: Instruções para os instruendos (Mário Vasconcelos): Parte I: Finalidade, Funcionamento, Provas de aptidão, classificação e Faltas

25 de abril de 2014 > Guiné 63774 - P13041: Mafra, EPI, COM: Instruções para os instruendos (Mário Vasconcelos): Parte II: Averbamentos; Serviço interno; (...); Salas de estudo; Comportamento; Saídas do quartel; Passaporte de dispensas ou licenças; Cartas de recomendação, pedidos feitos por interpostas pessoas, etc.. etc., [vulgo, "cunhas"].

28 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13055: Mafra, EPI, COM: Instruções para os instruendos (Mário Vasconcelos): Parte III :vi - Serviço interno; vii -Dispensas, pretensões; viii- Fardamento; ix - Uniformes, equipamento e armamento; x- Revista de saúde e curativos

2 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13355: Mafra, EPI, COM: Instruções para os instruendos (Mário Vasconcelos): IV (e última) Parte: A Máfrica como "total institution", no sentido sociológico forte do termo...

Guiné 61/74 - P21062: Historiografia da presença portuguesa em África (212): A Guiné há um século, segundo Fortunato de Almeida em "Portugal e as Colónias" de 1918 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Novembro de 2019:

Queridos amigos,
É certo e seguro que muitos de nós tivemos lá em casa obras do Fortunato de Almeida, do Pinheiro Chagas, conhecidos divulgadores da história pátria. Muito mais tarde, em pleno Estado Novo, impôs-se um nome na divulgação, socorrendo-se de biografias, Mário Domingues, escrevia escorreitamente, as Edições Romano Torres viveram durante décadas à sombra do seu nome.
As informações de Fortunato de Almeida aparecem confinadas ao que se publicava fundamentalmente na Sociedade de Geografia de Lisboa, terá sido das suas publicações que ele tirou ilustrações, uma delas belíssima que é uma dança de grumetes com os seus trajes guerreiros. Dá para perceber como os estudos coloniais referentes à Guiné eram parcimoniosos. As sublevações ainda são uma constante, nomeadamente nos Bijagós, a mancarra já se impõe, tal como a borracha e o coconote. O salto desenvolvimentista, mesmo que bastante tímido, será dado na década seguinte com o Governador Velez Caroço.

Um abraço do
Mário


A Guiné há um século, segundo Fortunato de Almeida

Beja Santos

Fortunato de Almeida, bacharel formado em Direito, sócio da Academia das Ciências de Lisboa, da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos e do Instituto de Coimbra foi nome sonante de divulgação histórica no primeiro quartel do século XX. A sua História de Portugal, a sua Biografia de Alexandre Herculano, a sua História da Igreja em Portugal e Portugal e as Colónias Portuguesas, tiveram ampla divulgação. Portugal e as Colónias Portuguesas data de 1918 e parece do maior interesse saber o que era o estado dos conhecimentos em matéria de larga difusão. Fortunato de Almeida é corretíssimo quando diz que no passado a colónia era conhecida como Guiné Superior, como também foi designada Alta Guiné, Senegâmbia Portuguesa, Guiné dos Rios de Cabo Verde, entre tantas outras designações. Refere as fronteiras decorrentes da Convenção Luso-Francesa de 12 de Maio de 1886, diz algo que hoje sabe-se não ter nenhum fundamento histórico, caso da descoberta por Nuno Tristão em 1446 ou dizer que Cacheu foi considerada durante um século capital. É certeiro a descrever a natureza e relevo do solo, a hidrografia e o clima, não esquece o macaréu que os brasileiros designam, no Amazonas, pelo nome de proroca. Ao tempo o Geba banhava numerosas povoações que ele elenca: Geba, Fá, S. Belchior e S. José de Bissau. Falando da flora, da agricultura e da fauna, releva o milho, legumes, mandioca, batata-doce, cana-de-açúcar, mancarra, bananeira, laranjeira, cafezeiro, tamarindo, palmeira, tabaco, algodoeiro, árvore-da-borracha, cola, bambu, mogno, ébano, pau-carvão, pau-sangue e outras espécies florestais. Depois de elencar os animais domésticos, não sabemos em que documentos ele foi descobrir tigres e leões, sabe-se que havia elefantes (estão agora a regressar, parece que são avistados na Lagoa Cufada), fala em panteras, búfalos, gazelas, pelicanos, íbis, falcões e diz haver numerosas aves.

Quanto ao comércio, portos e vias de comunicação, estima que o movimento comercial ainda estava a ser prejudicado pelo caráter irrequieto de certos povos indígenas, mas o desenvolvimento económico no período entre 1903 e 1912 era indiscutível, exportava-se borracha, óleo de palma, amendoim e outros e importavam-se tecidos, géneros alimentícios, metais, tabacos e bebidas. Surpreende dizendo que a população era calculada em 70.000 habitantes, não é minucioso a descrever as etnias mas diz tratar-se de povos de caráter diverso: aguerridos, irrequietos e salteadores; uns vivendo da apascentação de gados, mas todos, para sobreviver, dependentes da agricultura.

E dá outros dados sobre a geografia política, a saber:
“Muitos dos habitantes são feiticistas; outros são muçulmanos; e há também muitos cristãos. Dos gentios, alguns são polígamos; crêem na transmigração das almas e dão-se muito a práticas supersticiosas. A evangelização daqueles povos tem sido descurada, por falta da indispensável protecção do Estado a admissões religiosas.
Exerce autoridade suprema na Guiné um governador de província. A sede do governo é em Bolama e as outras povoações mais importantes são Bissau, Cacheu, Geba, Bolor e Farim.
Forma a província um só concelho, com a sede em Bolama. Há comandos militares em Bissau, Cacheu, Geba e Cacine. A justiça é administrada pelo Auditor dos Conselhos de Guerra em Bolama, o qual acumula com aquelas funções as de Juiz de Direito.
A Guiné Portuguesa pertence à Diocese de Cabo Verde; e é eclesiasticamente administrada por um vigário-geral, que até há poucos anos era auxiliado no ministério religioso por seis párocos missionários.
Há escolas primárias para ambos os sexos em Bolama, Bissau e Cacheu; e só para o sexo masculino em Buba, Geba e Farim.
A guarnição militar compõe-se de uma companhia mista de artilharia de montanha e infantaria, e de dois pelotões de dragões; uma canhoneira, duas lanchas-canhoneiras e algumas lanchas de vela para policiamento dos rios”.

 Igreja S. José de Bolama

Fortaleza de Cacheu

Recordo aos interessados que no levantamento a que procedi ao BNU da Guiné intitulado Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba, publicado integralmente no blogue e nas Edições Húmus, em 2019, adiantam-se informações, nalguns casos bem divergentes das aqui apresentadas. E fica bem claro que muito vai mudar com a chegada, poucos anos depois, do Tenente-Coronel Velez Caroço como Governador, lançará mão de um programa de infraestruturas e comunicações jamais visto, irão aparecer, embora tenham vindo a dar com os burrinhos na água, uma série de grandes projetos agrícolas.
A despeito de tanto labor, haverá sublevações nos Bijagós e a economia manterá uma estrutura rudimentar, basta atender ao que escreveu, em 1925, o gerente da Filial de Bolama:
“A forma como aqui se comercia é de ocasião e absolutamente primitiva. Aproveitando-se grosseiramente da falta de navegação, elevam com mais alvar descaramento os preços, quando determinada mercadoria escasseia na praça. É positivamente um comércio de assalto. Na sua maioria, comerciantes aqui desembarcados de saca e socos muito deixam a desejar. Orgulham-se, tolamente, de não precisarem do Banco, mendigando-nos depois, miseravelmente, transferências. Apenas aqui existe uma casa comercial digna desse nome: é a Casa Gouveia! Não obstante, esta não deixa de enfermar de todos os vícios gananciosos do pequeno comércio, cultivando-os até com requintes de exagero”.

Bem curiosa é a bibliografia que ele apresenta da Guiné: O Tratado de André Álvares de Almada, documentos do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, o livro Província da Guiné Portuguesa de Aleixo Justiniano Sócrates da Costa, e são referidas outras obras da autoria de Sena Barcellos, Marcelino Marques de Barros e Loureiro da Fonseca. O principal alfobre documental da época estava, sem dúvida, na Sociedade de Geografia de Lisboa e em trabalhos dos seus associados.
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Nota do editor

Último poste da série 3 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21036: Historiografia da presença portuguesa em África (211): “A Guiné do século XVII ao século XIX – O testemunho dos manuscritos”, por Fernando Amaro Monteiro e Teresa Vázquez Rocha; Prefácio, 2004 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21061: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte VIII


Imagem recorrente após accionamento de engenho explosivo (mina anticarro) - Foto de Dálio João Gil Carvalho - https://www.facebook.com/dalio.carvalho, com a devida vénia.






O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada e da Tabanca dos Emiratos; tem 230 registos no nosso blogue.


ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA - PARTE VIII

 



1. – INTRODUÇÃO



Com este oitavo fragmento, retomamos a divulgação de mais alguns resultados obtidos na nossa investigação, titulada de «Ensaio sobre as mortes de militares do Exército, no CTIG (1963-1974), da especialidade de “condutores auto rodas”, tendo por principal fonte de consulta e análise o universo das “Baixas em Campanha” identificadas na literatura Oficial publicada pelo Estado-Maior do Exército e elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).


2. - ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

O estudo demográfico que comporta esta investigação, iniciada com o P20179, e as variáveis com ela relacionada, foi organizado segundo o competente tratamento estatístico, representado por gráficos e quadros de distribuição de frequências, simples e acumuladas. Cada gráfico e respectivo quadro relata os valores quantitativos de cada um dos elementos das variáveis categóricas ou quantitativas relacionadas, tendo em consideração os objectivos que cada contexto encerra.


No caso presente, recuperamos os valores globais do estudo, apresentando um primeiro quadro estruturado segundo as três variáveis categóricas. No segundo quadro, referente à variável "causas de morte em combate", os números foram agrupados nas três variáveis desta categoria. 


Quadro 1 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "combate", com 112 (58.6%) casos, seguida pela variável "acidente", com 57 (29.9%) casos e, finalmente, a variável "doença", com 22 (11.5%) casos.



Quadro 2 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte "em combate" de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "contacto", com 67 (59.8%) casos, seguida pela variável "minas", com 33 (29.5%) casos e, finalmente, a variável "ataque ao aquartelamento", com 12 (10.7%) casos.

 


De seguida, apresentam-se os quadros nominais referentes aos trinta e três casos do estudo onde se verificaram "mortes por efeito de rebentamento de explosivos" (minas). Na coluna mais à direita, referem-se os números dos postes onde estão descritos alguns detalhes de cada uma das cruéis ocorrências. 






3. – MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM nMORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"


Neste ponto, reservado à caracterização de cada uma das ocorrências identificadas durante a realização do estudo, apresentamos mais quatro "casos" (de um total de trinta e três). Em cada um deles, recuperamos algumas memórias, consideradas relevantes, extraídas das diferentes fontes de informação consultadas, em particular o vasto espólio do nosso blogue, enquadradas pelos contextos conhecidos.



3.22 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' RAÚL FELICIANO SILVA, DACCAÇ 1497, EM 05.JUN.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM



A décima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Raúl Feliciano Silva, natural da freguesia dos Anjos, Lisboa, ocorrida no dia 05 de Junho de 1967, 2.ª feira, no itinerário entre Bula e João Landim, durante a realização de uma coluna militar.
O condutor Raúl Silva pertencia à CCAÇ 1497 [26Jan66-04Nov67; do Cap Inf Carlos Alberto Coelho de Sousa (1.º) e Cap Mil Art Carlos Alberto Morais Sarmento Ferreira (2.º), unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 2, de Abrantes, tendo zarpado de Lisboa, rumo ao CTIG, em 20 de Janeiro de 1966, 5.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegou seis dias depois.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1497

Após a sua chegada a Bissau, onde ficou instalada e integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão (BCAÇ 1876) [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], assumiu a responsabilidade e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CART 640 [03Mar64-27Jan66; do Cap Art Carlos Alberto de Matos Gueifão (1.º) e Cap Art José Eduardo Martinho Garcia Leandro (2.º)].

Dois meses depois, a 29Mar66, iniciou o deslocamento para Fajonquito, por fracções, a fim de render, por troca, a CCAÇ 674 [13Mai64-27Abr66; do Cap Inf José Rosado Castela Rio]. Passados quinze dias, a 12Abr66, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Fajonquito, com um Gr Comb destacado em Cambajú e depois outro em Tendinto, este a partir de 02Nov66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAV 757 [23Abr65-20Jan67; do TCor Carlos de Moura Cardoso] e depois do BCAÇ 1877 [08Fev66-06Out67; do TCor Inf Fernando Godofredo da Costa Nogueira de Freitas].

No final do primeiro ano de comissão, a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Fajonquito, em 31Jan67, pela CCAÇ 1501 [02Fev66-06Out67; do Cap Inf Rui Antunes Tomaz], tendo seguido para Binar a fim de substituir a CCAV 789 [28Abr65-08Fev67; do Cap Cav Gabriel da Fonseca Dores (1.º); Cap Inf Joaquim Manuel Martins Cavaleiro (2.º) e Cap Cav Eurico António Sacavém da Fonseca (3.º)]. Ao segundo dia, em 02Fev67, assumiu a responsabilidade do subsector de Binar, ficando novamente integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão.

Em 17Mar67, foi substituída em Binar pela CCAÇ 1498 [26Jan66-04Nov67; do Ten Inf Manuel Joaquim Fernandes Vaz (1.º); Cap Cav Miguel António Carvalho Santos de Melo e Castro (2.º) e Cap Mil Art Luís Filipe Anacoreta Soares (3.º)], a terceira unidade operacional do BCAÇ 1876, seguindo para Bissum (Naga), onde procedeu à construção do aquartelamento, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector então criado.




Bissum Naga – Março/Abril de 1967. Fase inicial da construção do aquartelamento. Foto do álbum de Carlos Gomes Ricardo, cor inf DFA (ex-alf da CCAÇ 1496 / BCAÇ 1876, Bula e Bissum Naga, 1967/68; ex-cap, CCS/QG/Bissau e Cmdt da CCAÇ 3, Guidaje, 1970/72) – P17577, com a devida vénia. 


[O aquartelamento de Bissum Naga foi desactivado, e entregue ao PAIGC, em 26Ago74, pela 3.ª CCAV [23Jun74-14Out74; do Cap Mil Grad João Pedro Melo Martins Soares] do BCAV 8320/73 [do Maj Cav Luís Manuel Lemos Alves].


Em 14Set67, a mês e meio do final da comissão e consequente regresso à "Metrópole", a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Bissum (Naga) pela CCAV 1747 [25Jul67-20Jul67; do Cap Mil Inf Manuel Carlos Dias], e recolheu seguidamente a Bissau, onde substituiu a CART 1742 [30Jul67-06Jun69; do Cap Mil Inf Álvaro Lereno Cohen], no dispositivo do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área, tendo um Gr Comb permanecido em Bissum (Naga) durante mais duas semanas (até 29Set67). Em 02Nov67, foi substituída no sector de Bissau pela CCAÇ 1549 [26Abr66-17Jan68; do Cap Mil Inf José Luís Adrião de Castro Brito], a fim de efectuar o embarque de regresso (Ceca; pp 76-77).

3.23     - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ÁLVARO LOUREIRO BARATA, DO PEL MORT 1211, EM 21.OUT.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM

A décima terceira morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", foi a do soldado Álvaro Loureiro Barata, natural de Álvares, uma das quatro freguesias do Município de Góis, Distrito de Coimbra, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro provocado pela viatura em que se fazia transportar, durante uma coluna militar.

Essa ocorrência teve por cenário a estrada entre Bula e João Landim, quatro meses e meio depois do episódio narrado no ponto anterior.

Socorrido pelos seus camaradas, e pedida a sua evacuação para o HMB 241, em Bissau, aí viria a falecer no dia 21 de Outubro de 1967, sábado, devido aos seus ferimentos e queimaduras.

O condutor Álvaro Barata pertencia ao Pelotão de Morteiros 1211 (PMORT 1211) [25Mai67-07Jun69, do Alf Mil Inf Guilherme Cristóvão], unidade mobilizada pelo Batalhão de Caçadores 10 (BC 10), de Chaves, tendo embarcado na Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, na companhia de outros três Pelotões de Morteiros (1208; 1209 e 1210), rumo ao CTIG, em 19 de Maio de 1967, 6.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegaram a 25 do mesmo mês.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO PMORT 1211

Após a sua chegada a Bissau, seguiu para Bula onde se manteve até ao fim da sua comissão, ficando integrado no dispositivo e manobra do BCAÇ 1876 [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], que abrangia os subsectores de Bissum, Bissorã, Biambe, Binar e Bula, e depois, a partir de 14Out67, do BCAV 1915 [14Abr67-03Mar69; do TCor Cav Luís Clemente Pereira Pimenta de Castro], composto apenas por Comando e CCS.

3.24 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' JÚLIO ANTUNES SAPO, DA CCS DO BCAÇ 1932, EM 19.DEZ.1967, ENTRE GUBIA EUGÉNIA E LALA


A décima quarta morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Júlio Antunes Sapo, natural de Salvador, uma das nove freguesias do Município de Penamacor, ocorrida no dia 19 de Dezembro de 1967, 3.ª feira, no itinerário entre Gã Eugénia e Lala, durante a actividade operacional iniciada com a «Operação Quebra-Vento», em 29Nov67, envolvendo as forças terrestres destinadas à guarnição de Gubia Mancanha, S1, constituídas pela CART 1689 [01Mai67-02Mar69; do Cap Art Manuel de Azevedo Moreira Maia (1.º), Cap Inf Martinho de Sousa Pereira (2.º) e Cap Art Rui Manuel Viana de Andrade Cardoso (3.º), 1 Gr Comb CCAÇ 1587 [04Ago66-09Mai68; do Cap Mil Inf pedro Eurico Gaivão dos Reis Borges], PSap do BCAÇ 1932 e PMil 120, contando estas com o apoio de forças paraquedistas, apoio aéreo e naval (Ceca; p 74).


Infogravura dos itinerários utilizados pelas NT durante a «Operação Quebra-Vento»


As NT e a restante logística foram desembarcadas na Ponta Gã Eugénia, tendo-se procedido à abertura do itinerário para Gubia Mancanha e iniciado os trabalhos de instalação do destacamento, guarnecido, a partir de 24Dez67, pelo Gr Comb da CCAÇ 1587. O fatal desenlace, provocado pelo accionamento de mina anticarro, ocorreu no cruzamento das estradas de Gubia Eugénia - Lala - Gã Suleiman (infogravura acima).

O condutor Júlio Sapo pertencia à CCS do BCAÇ 1932 [02Nov67-20Ago69; do TCor Inf Narsélio Fernandes Matias], unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 15, de Tomar, tendo embarcado a 28 de Outubro de 1967, sábado, no Cais da Rocha, em Lisboa, a bordo do N/M "UÍGE", com a chegada a Bissau a ter lugar a 02 de Novembro do mesmo ano.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO BCAÇ 1932

Após a sua chegada a Bissau, o BCAÇ 1932 manteve-se aí instalado, sendo as suas subunidades atribuídas em reforço de outros Batalhões: a CCAÇ 1787 [do Cap Inf Marcelo Heitor Moreira] em Bula; a CCAÇ 1788 [do Cap Inf Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes (1.º) e Cap Inf Luís Andrade de Barros (2.º)] em Contuboel, e a CCAÇ 1789 [do Cap Mil Art Jerónimo de Almeida Rodrigues Jerónimo] em Olossato.

Em 15Jan68, rendendo o BCAÇ 1887, o BCAÇ 1932 assumiu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e abrangendo os subsectores de Binta, Farim, Bigene, Canjambari, Cuntima e Saliquinhedim, este desactivado em 07Dez68.

Em 01Set68, por criação do COP 3, o sector foi reduzido dos subsectores de Binta e Bigene. Em 07Dez68, após reformulação dos limites dos subsectores, foi ainda criado o subsector de Jumbembem, na zona de acção do subsector de Canjambari. Em 08Fe69, por troca de sectores com o COP 3, assumiu a responsabilidade do Sector O2, agora com sede em Bigene e abrangendo os subsectores de Bigene, Guidage e Barro, este transferido em 01Ago69 para o Sector do BCAV 2876 [24Jul69-04Jun71; do TCor Cav José Carlos Sirgado Maia].

Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamentos, emboscadas e acções ofensivas sobre as linhas de infiltração de Lamel e Sitató, no sector de Farim e de Sambuiá e Canja, no sector de Bigene, para além de executar várias operações sobre as instalações inimigas nas regiões de Bricama e Biribão e de garantir a segurança e controlo dos itinerários e a autodefesa das populações.

Pelos resultados obtidos ou pela duração, efectivos e importância das áreas batidas, destacam-se as operações: "Amigo Bom"; "Façanha Grande"; "Agarra Bem"; "Sempre Tesos"; "Entrada Fechada" e "Segura Turra", entre outras.

Em 04Ago69, foi substituído pelo COP 3, novamente regressado à zona de acção do sector de Bigene, recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; pp 98-99).

3.25 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' MANUEL GONÇALVES MARTINS DE LIMA, DO EREC FOX 2350, EM 23.OUT.1968, EM DARA, ENTRE NOVA LAMEGO E PICHE




A vigésima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Manuel Gonçalves Martins de Lima, natural da freguesia de Santa Maria Maior, Município de Viana do Castelo, ocorrida em 23 de Outubro de 1968, 4.ª feira, no sítio de Dara, no itinerário entre Nova Lamego e Piche, durante a realização de uma escolta militar, no período em que a sua unidade havia sido colocada em reforço da guarnição de Piche.

O condutor Manuel Lima pertencia ao Esquadrão de Reconhecimento "Fox" 2350 (EREC 2350) [15Jan68-23Nov69; do Cap Cav Carlos Fernando valente de Ascensão], unidade mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 8 [RC8], de Castelo Branco, tendo embarcado a 10 de Janeiro de 1968, 4.ª feira, no Cais da Rocha, em Lisboa, rumo ao CTIG, a bordo do N/M "UÍGE", com o desembarque em Bissau a ter lugar a 15 do mesmo mês.


Infogravura do itinerário Nova Lamego-Piche, onde se assinala o local da explosão.





► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO EREC FOX 2350



O EREC 2350, após o desembarque em Bissau seguiu para o Sector L3, com sede em Nova Lamego, onde substituiu, em 21Jan68, o EREC 1578 [13Mai66-25Jan68; do Cap Cav António Francisco Martins Marquilhas], ficando como subunidade de reserva móvel do Cmd Agr 1980 e depois do Cmd Agr 2957, tendo sido colocado em Bafatá, com um pelotão deslocado em Piche, este na dependência do BCAÇ 1933 [27Set67-20Ago69; do TCor Inf Armando Vasco Campos Saraiva (1.º) e TCor Renato Nunes Xavier (2.º)] e depois do BCAÇ 2835 [24Jan68-04Dez69; do TCor Inf Joaquim Esteves Correia (1.º), Maj Inf Cristiano Henrique da Silveira e Lorena (2.º) e TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos] e, após a criação do Sector L4, do BART 2857 [15Nov68-05Out70; do TCor Art José João Neves Cardoso (1.º) e Maj Art Rui Ferreira dos Santos].

De 22Set68 a 23Nov68, o EREC 2350 esteve colocado em reforço da guarnição de Piche, com vista a actuação prioritária naquela zona de acção. Nesta situação, realizou acções de patrulhamento, escoltas a colunas de reabastecimento, reforço de guarnições e apoio de combate a localidades atacadas, tendo actuado em reforço dos sectores de Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego e Piche.

Em 24Nov69, foi substituído pelo EREC 2640 [21Nov69-03Out71; do Cap Cav Fernando da Costa Monteiro Vouga], recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; p 555).
Continua …
Fontes Consultadas:
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.
Ø  Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade… com a máxima protecção do "Covid-19".

Jorge Araújo.
19Abr2020

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Guiné 61/74 - P21060: Parabéns a você (1820): Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador do BART 2913 (Guiné, 1967/69) e António Joaquim Alves, ex-Soldado At Cav do COMBIS (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 9 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21057: Parabéns a você (1819): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)

terça-feira, 9 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21059: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (10): Álbum fotográfico - Parte III

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70) com data de 4 de Junho de 2020:

Caro Camarada Carlos vinhal.
Para aumentar teu trabalho, aqui envio o número 3 do Meu Álbum de Fotos.
Espero que todos os Tertulianos gostem tanto da Tabanca como eu.

Aproveito de enviar abraços para todos e em especial para Régulos e Chefes de Tabanca.
Albino Silva


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Nota do editor

Último poste da série de 2 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21032: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (9): Álbum fotográfico - Parte II

Guiné 61/74 - P21058: Blogues da nossa blogosfera (133): A Tabanca do Centro publica uma preciosa carta do Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil da CCAÇ 6 (Bedanda, 1972/73), sobre o resgaste do ten pilav Miguel Pessoa, em 26 de março de 1973, por um grupo de tropas paraquedistas da CCP 123 / BCP 12 e pelo grupo do Marcelino da Mata


Lourinhã > Atalaia > Porto das Barcas > 7 de junho de 2020 > O Joaquim Pinto Carvalho na sua casa de verão, onde fez o "confinamento" por causa da pandemia de COVID-19, e onde  se  reune também a Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã.  

Esta casa dos "Duques do Cadaval",  é também conhecida por "Atira-te ao Mar" ou "Porta-aviões", designação dada pelos amigos (e camaradas), Luís Graça e João Rebelo, respetivamente. ("By the way", a "duquesa do Cadaval" tem, por graça, o nome Maria do Céu Pinteus.)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Com a devida vénia. e as necessárias adaptações ao nosso formato (*),  transcrevemos o seguinte poste do blogue da Tabanca do Centro, de que é "régulo" o Joaquim Mexia Alves e editor principal o Miguel Pessoa (, diretor também da "Karas de Monte Real"):

Sábado, 30 de maio de 2020 > P1231: Uma relíquia com  47 anos...

Do nosso camarigo Joaquim Pinto Carvalho recebemos um mail em que dava a conhecer correspondência trocada há cerca de 47 anos com a então sua namorada, mais tarde esposa, em que referia o contacto tido com o famoso Marcelino da Mata e as histórias por ele contadas nessa ocasião, nomeadamente um resgate de um piloto da FAP perdido no meio das matas de Guileje.

Aqui fica a história, que publicamos na data em que este nosso camarigo comemora mais um aniversário (   ).

Que os festejos sejam adequados às normas de contenção que a actual situação exige...
A Tabanca do Centro

Caro Miguel

Tomo a liberdade de te enviar um excerto duma carta que escrevi, há cerca de 47 anos, quando me encontrava na Guiné (Bedanda). Essa carta e o que nela descrevo ficou no esquecimento, por todo este tempo. Encontrei-a porque ando a recolher tudo o que escrevi durante o período em que estive na guerra para eventual publicação.

O relato dos “factos”, por quanto retive, foi-me feito directamente pelo próprio Marcelino da Mata.

Penso que, tomado como verdadeiro o depoimento, não defraudará a verdade histórica, mas poderás, ou não, confirmar. Também não é “essa” verdade o mais importante para mim, mas a leitura que nesse momento fiz do episódio. Para mim é um documento que, agora ao ler, me traz alguma emoção, mais que nostalgia, e que me é grato partilhar contigo. (...)

O excerto faz parte de uma carta que escrevi à então minha namorada, com quem vim a casar (doutra forma ter-se-ia provavelmente perdido este relato) e, por essa razão, envio-te uma reprodução da carta original.

No entanto, para facilitar a leitura, abaixo transcrevo, na íntegra, esse meu relato, sem pretensões jornalísticos nem de exercício literária, mas que é genuíno, acredita! Se corresponde à factualidade e aos sentimentos pessoais que, em tais circunstâncias, procurei então perscrutar em quem não conhecia, logo me dirás!



Guiné > Região de Tombali > Susetor de Guileje > 26 de março de 1970 > Resgaste do ten pilav Miguel Pessoa, cujo Fiat G-91 timha sido abatido na véspera por um míssil Strela (**). No resgate, dois bigrupos  da CCP 123 / BCP 12,  cap João Cordeiro era o comandante do 1.º bigrupo e o cap Norberto Bernardes do 2. bigrupo, que actuavam isolados. A outra força é o grupo "Os Vingadores", do Marcelino da Mata-

Os créditos fototográficos são  atribuídos ao gen ref Norberto Bernardes, que entre 11 de junho de 1972 e 17 de fevereiro de 1974,  prestou serviço na CCP123 / BCP12. Cortesia do Miguel Pessoa.


O MARCELINO DA MATA

(Carta enviada pelo Joaquim Pinto Carvalho em 28 de Março de 1973)

“Decerto não ouviste ainda falar dum tal Marcelino da Mata e do seu grupo de “Vingadores” – tal como são chamados aqui. É um grupo especial de combate que não atinge a vintena de homens. Não são “turras” ainda que fardem e se armem à maneira turra, utilizando mesmo emblemas do PAIGC.

Pois o Marcelino e o seu grupo estiveram entre nós alguns dias e, porque se foram embora esta manhã, já poderei falar-te deles. Para reconheceres as qualidades (?) desse grupo basta o seu nome - “OS VINGADORES”.

Nas veias corre-lhes a guerra em vez de sangue e não importam os objetivos. São chamados a actuar isoladamente quando as circunstâncias o exigem e só se sentem bem aí.

O Chefe tem nada menos que três cruzes de guerra e uma Torre Espada. É, entre nós, o combatente mais famoso, depois de Spínola, creio, tal como nas fileiras do PAICG, o Nino de quem se diz primo.

Não vou repetir-te as histórias que ele contou, mas relato a última saída que fizeram já durante a sua estadia aqui.

Chegou notícia de que um piloto de FIAT (bombardeiro a jacto) tinha desaparecido junto da fronteira com a República da Guiné, a algumas dezenas de quilómetros daqui. Uma companhia de “páras” andou durante várias horas à sua procura sem qualquer resultado. Na madrugada seguinte, este grupo saiu e ainda não era meio dia, já o haviam localizado e enviado para Bissau. Este é um outro aspecto da guerra.

Agora imagina o que seja um homem sozinho, numa região estrangeira (Rep. Guiné), desarmado, sofrendo ainda o susto que apanhou ao sentir o avião atingido e ao lançar-se de para-quedas.

Andou cerca de dois quilómetros na direcção do quartel e se os “páras” o não encontraram terá sido pela necessidade de se esconder em qualquer buraquinho logo que ouvisse o mínimo ruído de gente, pois dizem que os paraquedistas passaram a cerca de 100 metros dele, o que em plena mata é bastante.

Pois, “os Vingadores” conseguiram recuperá-lo. Esse piloto terá nascido uma segunda vez, não duvido. Estava deitado – e talvez já meio alucinado, quando o encontraram. Ao ver o grupo aproximar-se chamou-lhes todos os nomes possíveis e imagináveis, mandou-os para a merda e outras coisas mais, dado que seria difícil reconhecê-los. Quando o Marcelino que é alferes por promoção, o agarrou quando tentava fugir e lhe disse quem era deve ter sido um momento de loucura.

Esse piloto que deveria sentir-se já irremediavelmente perdido poderá seguir descansado para Bissau e reabilitar-se do temor e de toda a revolução psicológica que deverá ter experimentado dentro de si.


Foi-se um avião (que deve ter custado alguns milhares de contos), mas salvou-se uma vida que não se pode avaliar em dinheiro. É, sem dúvida, uma outra dimensão da guerra. Mesmo assim não terá saldado as muitas mortes que já devem ter feito nas operações em que entraram.

Mas, deixando em paz os vingadores…"





Original da carta enviada em março de 1973


Não sei se te surpreendi, nem sei se outros “camaradas”, ao tempo, fizeram igual… Há memórias que não podem ser esquecidas!

Fica um forte abraço, esperando que no meio desta “guerra” pandémica tudo vos esteja a correr bem.

Joaquim Pinto Carvalho

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Nota do editor da Tabanca do Centro:

O texto apresentado está conforme a carta enviada pelo Joaquim Pinto Carvalho em 28 de Março de 1973, que quisemos manter. Mas será conveniente prestar alguns esclarecimentos sobre o que aqui é descrito.

Na verdade não houve forças nossas no terreno a tentar recuperar o piloto no dia em que ele foi abatido. A primeira identificação do local em que ele se encontrava só ocorreu cerca das cinco da tarde, não havendo tempo disponível para efectuar o resgate (, com a  noite iria cair muito rapidamente).

No dia seguinte foram posicionados dois grupos na orla da mata referenciada - um com 25 pára-quedistas chefiados pelo Cap Norberto Bernardes e um segundo grupo com 25 pára-quedistas chefiados pelo Cap Cordeiro, que acompanhavam o grupo de Operações Especiais do Marcelino da Mata (14 elementos).

Foi aliás o primeiro grupo que localizou os destroços do avião e recuperou o pára-quedas e o capacete do piloto. Foi depois mandado parar e estabelecer a segurança, avançando então os grupos do Cap. Cordeiro e do Marcelino da Mata para resgatar o piloto, entretanto localizado.

Quanto ao possível estado alucinado do piloto, não exageremos... embora já começasse a ter os platinados a falhar... E os insultos que ele mandou ao pessoal parecem totalmente justificáveis, quando os primeiros elementos da equipa de resgate com que se depara são africanos equipados com fardas cubanas e armados com Kalashnikovs... (**)

O editor (que por sinal era o piloto em questão...)
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Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 24 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21006: Blogues da nossa blogosfera (131): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (47): Palavras e poesia

(**) Vd. postes de: