sexta-feira, 16 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22374: Tabanca do Atira-te Ao Mar (8): "Círio" à Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche, 13/7/2021 - Parte II: uma capela, que merece uma visita, totalmente revestida por painéis cerâmicos, a azul e branco, do séc. XVIII, representando cenas da Virgem Maria



Foto nº 1 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remedios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor:   "Nascimento da Virgem"  



Foto nº  2 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Apresentação da Virgem no Templo"



Foto nº 3 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Nave: painel de azulejos na parede fundeira (do lado do Evangelho) (i)



Foto nº 4 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Nave: painel de azulejos na parede fundeira (do lado do Evangelho) (ii)


Foto nº 5 >  Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 >  Painel de azulejos no lado da Epístola > Pormenor: "Adoração dos Pastores"


Foto nº  6 > Peniche > Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 >  Painel de azulejos no lado da Epístola > Pormenor: "Adoração dos Pastores" e  cartela com a inscrição, em latim, "C(h)ristum Canamus Principem Natum Maria Virginae": Cantemos a Cristo, nosso príncipe, nascido da Virgem Maria


Foto nº  7 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Apresentação do Menino no Templo"  ou será a  "Adoração dos Reis Magos" ? Ficamos na dúvida...
  > Na cartela pode ler-se: "Vocatum est nomem eius Iesus" ("Então era esse o nome de Jesus").



Foto nº 8 > Peniche >Largo dos Remédios > Santuário da Senhora dos Remédios > Fachada lateral direita (muro do adro), lado Norte, com o mar em frente. Está situada junto à costa o num nível mais baixo em relação aos edifícios que o circundam.



Foto nº 9 > Peniche >Largo dos Remédios > Santuário da Senhora dos Remédios > Entrada, virada para nascente.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  A capela da Senhora dos Remédios está classificada como imóvel de interesse público desde 1996. Confesso que já só tinha uma vaga ideia do seu interior, devo ter cá vindo  na segunda metade da década de 1970. E lembrava-me, não tanto dos fabulosos azulejos que revestem toda a nave da capela, como sobretudo da sala dos ex-votos, alguns deles ofertados por antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial, e que me causaram alguma impressão por serem moldes em cera de certas partes do corpo, com destaque para pernas e braços. Mas desta vez a sala de oferenas  e a tribuna não estavam acessíveis... (São revestidos, as paredes e o tecto, a azulejos polícromos seiscentistas, que não pude observar nem fotografar.)

Há sempre uma "lenda" por detrás destes locais de culto cristão, em geral mariano. No caso da Senhora dos Remédios, tudo remonta à ocupação da península ibérica pelos "inféis" (sic), vindos do Norte África, a partir de 711...

Segundo a lenda, os cristãos da região da Atouguia, atemorizados, teriam escondido uma imagem de Nossa Senhora, numa pequena gruta ou caverna junto ao mar, a norte do Cabo Carvoeiro, com as Berlengas ao fundo... "Milagrosamente", a imagem é encontrada no séc. XII, por um foragido...que calhou entrar na gruta... Nessa altura, Peniche era um ilha e a Atouguia da Baleia... um dos portos mais importantes do novo reino. (A "descoberta" da imagem da Virgem seria mais ou menos contemporânea da da Senhora da Nazaré, por volta de 1179, ou seja, 3 dezenas de anos depois da "reconquista" da região que é hoje o oeste estremenho. Diz a tradição a capela-mor terá sido construida na tal gruta onde terá "aparecido" a pequena imagem da Virgém com o Menino Jesus nos braços...e foi a partir deste local que se desenvolveu o santuário,)

O culto da Sra dos Remédios estará, pois, associado à "Reconquista Cristã"... Com o tempo tornou-se importante, à escala regional. E mantém-se até aos nossos dias, cm peregrinações anuais, os "círios", que vêm das redondezas (, desde Mafra à Nazaré, de Torres Vedras a Alcobaça, da Lourinhã a Óbidos), mas também até, imaginem!, da vizinha Espanha (Valladolid)...

 2. A capela, que chegou aos nossos dias,  é  de pequenas dimensões, e de estilo maneirista e barroco, e tem planta retangular, sendo  composta por: (i) capela-mor (onde se venera a imagem da Virgem com o Menino Jesus nos braços) e nave, abobadadas; (ii) com espaço de culto prolongado por um grande alpendre (que  estabelece a comunicação com a zona exterior e sala de oferendas );  e (iii) adro e pátio envolventes. (O extenso pátio ou terreiro fronteiriço é orlada das casas destinadas ao ermitão, aos mordomos e aos romeiros, incluindo as indispensáveis cocheiras ou  cavalariças; hoje é local de feira, em dias de romaria).

No adro, que é vedado, ergue-se, do lado poente, a fachada do santuário e a torre sineira,

A  criação do atual  santuário remonta ao séc. XVII (, embora a sua origem seja mais antiga). As paredes da nave são totalmente revestidas por azulejos azuis e brancos, setecentistas, que representam episódios da vida da Virgem, sobre um rodapé com cartelas de emblemas marianos. Esta exuberância de painéis cerâmicos significava que, na altura, o santuário era rico ou tinha benfeitores ricos.

Do lado do Evangelho, os painéis de azulejos representam cenas do Nascimento da Virgem (Foto nº 1), da Apresentação do Templo  (Foto nº 2) e o Casamento. 

Da parte da Epístola, a Anunciação foi interrompida pelo púlpito, sendo, por isso mesmo, posterior aos azulejos, e seguindo-se  a "Adoração dos Pastores"  (Foto nº 5). 
 
A cobertura da nave é também revestida a azulejos. A Assunção da Virgem é o tema principal,envolto pela figuração das virtudes. 

Lê-se no sítio Património Cultural:

(...) Assinados, na nave, por António de Oliveira Bernardes, estes azulejos constituem um importante testemunho da fortuna que este género de decoração alcançou no nosso país, e em particular em Peniche, onde pela mesma época (década de 1720), encontramos mais duas igrejas totalmente revestidas por painéis cerâmicos - Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Uma diferença, no entanto, isola a ermida dos Remédios neste contexto, e que é a ausência de talha dourada, aqui substituída por talha a imitar mármore, no retábulo-mor, denotando um certo afastamento dos modelos nacionais e reflectindo um gosto mais erudito e "joanino". (Rosário Carvalho) (..:)

Horário de culto e visitas: todos os dias, exceto à sexta-feira, das 10h00 às 17h30. O santuário pertence à freguesia da Ajuda, Peniche. Pároco: padre Diogo Correia.

Fico com vontade de, um dia destes, visitar as duas referidas igrejas, Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Confesso que sou fã da nossa azulejaria, uma arte única que nos veio dos árabes, e tem 500 anos de produção. "O azulejo português é uma das marcas que representa a cultura de Portugal", diz o National Geographic. E devemos ter orgulho nisso!

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22373: Tabanca do Atira-te Ao Mar (7): "Círio" à Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche, 13/7/2021 - Parte I: "Pagadores de promessas"

Foto nº 1 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Adro > 13 de julho de 2021 > O grupo de "romeiros" fotografaddos no adro, tendo ao fundo a achada principal da igreja: da esquerda para a direita (...e para "memória futura"), o Joaquim Pinto Carvalho (Porto das Barcas, Lourinhã) o António Pinto da Fonseca (Estrada, Peniche),o Joaquim Jorge (Ferrel, Peniche), a Esmeralda Silva Costa (irmã do Jaime) e o marido, Francisco Costa (Lourinhã), a Lurdinhas (a prima do Jaime e da Esmeralda) (Seixal, Lourinhã), a Alice Carneiro (Lourinhã), o Jaime Silva (Seixal, Lourinhã) e o José Carvalho (Roliça, Bombarral). O fotógrafo foi o nosso editor, Luís Graça.



Foto nº 2 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Adro > 13 de julho de 2021 > Os "quatro magníficos", os "romeiros" que vieram a pé desde a Praia da Areia Branca e chegaram à meta: da esquerda para a direita, Maria do Céu Pinteus, Joaquim Pinto Carvalho, Jaime Silva e Esmeralda Silva Costa.



Foto nº 3 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Adro > 13 de julho de 2021 > Painel de azulejos afixado na parede do lado sul, com listagem, por ordem alfabética, dos círios que aqui vêm (ou vinham) tradicionalmente.  O painel foi oferta da Misericórdia de Óbidos e remonta a 2008. Oito das povoações que realizam (ou realizavam) círios, num total de 33, são da Lourinhã (Atalaia, Areia Branca, Miragaia, Moledo, Reguengo Grande, Reguengo Pequeno, Toledo e Vimeiro)... Só um é da terra (Peniche), o que vem dar razão ao provérbio popular, "Santos da casa, não fazem milagres"...



Foto nº 4 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Terreiro >  13 de julho de 2021 >  Jaime Silva, um "pagador de promessas"...


Foto nº 5 > Peniche > Restaurante "Toca do Texugo" >  13 de julho de 2021 >   O José Carvalho, um "barão do K3", que veio expressamente do Bombarral, para se juntar, na parte final,  aos "caminheiros" da Tabanca do Atira-te ao Mar... Viu, a tempo, a notícia no nosso blogue (*)...  Aqui à conversa com o régulo Joaquim Pinto Carvalho, seu vizinho do Cadaval... Contemporâneos na Guiné , descobriram agora que andaram no mesmo colégio, pelo menos um ano...



Foto nº 6 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Terreiro >  13 de julho de 2021 > Sala de oferendas, onde se acendem velas à Virgem e se depositam ex-votos.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Os tabanqueiros da Tabanca do Atira-te ao Mar andam agora... "numa" de peregrinações, romarias, romagens, círios, caminhadas a pé até a um lugar de culto sacro-profano... desde que seja num raio de 20/30 km... 

Uns movidos pela fé, outros para pagar promessas antigas, outros ainda pela nostalgia da infância, e a maior parte... pela simples vontade de (con)viver!... Bolas, três anos de tropa e guerra e, agora, ano e meio de pandemia, não há cristão que aguente!... É caso para erguer as mãos aos céus e perguntar: "Que mal fiz eu a Deus ?!... Se foi o pecado original, bolas, já está mais que pago pago ao fim de tantas e tantas gerações!"...

Há dias foi o "círio" ao Senhor Jesus do Carvalhal (c. 26 km / cinco horas, da Lourinhã ao Carvalhal, no concelho vizinho de Bombarral). Anteontem, 13,  foi a "romaria" à Sra. dos Remédios, em Peniche, a caminho do Cabo Carvoeiro (c.18 km / 4 horas, pela orla costeira, partindo da Praia da Areia Branca, e seguindo por Paimogo, São Bernardino, Consolação. Peniche, Remédios).

A organização foi da parelha Joaquim Pinto de Carvalho / Jaime Silva, dois "antigos combatentes", o primeiro na Guiné (alf mil at inf, CCAÇ 3398, e CCAÇ 6, Bula e Bedanda, 1971/73) e o segundo em Angola (alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72), e ambos membros da nossa Tabanca Grande.

O Jaime contou-nos, em grupo, que foi pagar uma promessa, atrasada, de meio século. E ele não me levará a mal que eu partilhe aqui esse "pequeno segredo"...com a Tabanca Grande.

Quando ele regressou de Angola, "são e salvo", depois de uma dura comissão, sobretudo no Leste, que lhe deu direito a uma cruz de guerra, a mãe, naturalmente aliviada mas emocionada, confessou-lhe:
– Agora, meu filho, temos que ir a pé à Senhora dos Remédios, pagar a promessa...
– Ó senhora minha mãe, temos que ir ?!...Que história é essa ?... Eu não fiz nenhuma promessa!... E muito menos a de ir a pé à Senhora dos Remédios!
– Ó filho, fui eu que pensei por ti!...
– Então, vá a mãe, que eu estou cansado de andar a pé pelas chanas do leste de Angola...

Fez-se silêncio, criou-se um impasse... Mas a mana mais nova, a Esmeralda, que estava a assistir à conversa, veio salvar a honra da família:
– Ó mano, se não te importas, eu vou por ti!...

E foi, com a mãe, a pé, do Seixal da Lourinhã até aos Remédios, em Peniche,  pagar a promessa à santa, que era devida pelo facto de o Jaime ter regressado "são e salvo"... Enfim, uma "história bonita"...

Quase cinquenta anos depois, em homenagem ao gesto solidário da irmã mas também à grandeza de alma e coração da mãe (já falecida), o nosso camarada Jaime Silva planeou este "círio" (sem vela...). E liderou o grupo dos 4 magníficos que, partindo às 7h30  da Praia da Lourinhã, e seguindo pela costa, chegaram, frescos e felizes, à meta, por volta das 12h30, com uma "paragem técnica", pelo caminho... para "verter águas" e beber um café... (Fotos nº 1 e 2).


2. Os "círios" e os "pagadores de promessas"

Nos anos 60/70 do século passado, os nossos santuários (a começar, "naturalmente", pelo de Fátima) eram locais, muito concorridos, por peregrinos, muitos deles "pagadores de promessas", como os militares, regressados do Ultramar, e/ou suas famílias... (Isso está devidamente documentado nas reportagens da RTP antes e depois do 25 de Abril: Soldados em peregrinação a Fátima (11 de julho de 1965); Peregrinação a Fátima ( 13 de agosto de 1969); Silva Cunha recebe peregrinos da Guiné (22 de maio de 1972);  Assistência aos Peregrinos em Fátima (17 de novembro de 1975)...

"Manifestações de fé" do povo português, escreviam em títulos de caixa alta os jornais da época (, mais apolegéticos do que críticos, e sobretudo rigorosamente vigiados pelos "senhores coronéis da comissão de censura"), sobre as peregrinações a Fátima (Nossa Senhora do Rosário), que ocorriam ao dia 13 de cada mês, entre maio e outubro.

Fátima era então (e continua a ser) o mais "mediático" e "popular" santuário mariano do país. Mas havia (e há)  outros, inúmeros, alguns não  menos conhecidos do que Fátima, de Norte a Sul do país: São Bento da Porta Aberta (Terras de Bouro), Sameiro (Braga), Bom Jesus do Monte (Braga), Nossa Senhora dos Remédios (Lamego), Nossa Senhora da Abadia (Amares), Penha (Guimarães), etc.  todos no Norte, curiosamente...

Outros há, espalhados pelo país, que também eram (e continuam a ser) procurados pelos fiéis, embora a uma escala mais reduzida, local e regional... É o caso, por exemplo, do Senhor Jesus do Carvalhal (Bombarral) e da Senhora dos Remédios (Peniche) ou ainda o da Nossa Senhora da Misericórdia (Misericórdia, Moita dos Ferreiros, Lourinhã)...

O êxodo rural, a emigração (interna e externa), a guerra do ultramar / guerra colonial, a industrialização e urbanização do país, a par do aumento da escolaridade, tiveram reflexos na mudança de "usos e costumes", incluindo as normas e as práticas da religiosidade dos portugueses...

Com a emigração e a guerra do ultramar / guerra colonial, muitas terras ficaram  sem homens adultos... E a incerteza dos tempos terá ajudado a retomar e/ou a fomentar práticas mais tradicionais de religiosidadee como as "peregrinações" e o "pagamento de promessas"... Ia-se a Fátima ou à Senhora dos Remédios (tanto em Lamego como em Peniche) "pedir graças" e "pagar promessas", que a religi~so dos portugueses também era a do "deve e haver": dás-me isto (o "milagre" da cura ou do regresso de um filho da guerra, "são e salco") e eu pago-te (em orações, penitências, ex-votos, dinheiro, géneros...).

Numa época em que a mobilidade ainda era reduzida, e o poder de comnpra reduzido,  e ir a Fátima ficava longe e era caro, ia-se de preferência aos santuários da região, a pé, ou de carroça (só depois de motocultivador, tractor e carro...).

Em todo o lado, este culto é sacro-profano, realizando-se de preferência no verão, findo o essencial dos trabalhos agrícolas... Não é só uma "manifestação de fé", tem sempre uma componete lúdica e festiva. As romarias no Norte metem sempre muito fogo de artifício, música, comes & bebes...

Mas voltemos ao início da nossa conversa... ou ao ponto em que estávamos...

(Continua)
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P22372: Tabanca Grande (520): Vítor Ferreira, ex-Fur Mil (Cameconde e Bissau, 1970/72) que se senta no lugar 843 do nosso Poilão


1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Vítor Ferreira, ex-Fur Mil (Cameconde e Bissau, 1970/72), com data de 26 de Maio de 2021:

Caro Carlos
Estive na Guiné de 1970 a 1972. Primeiro em Cameconde e depois em Bissau.
Sou acompanhante assíduo do blogue.
Para “padrinho“ posso indicar o Hélder Sousa, conceituado cronista.

Fico ao dispor.
Vitor Ferreira


O Vítor Ferreira, "ontem", talvez em Cameconde
O Vítor Ferreira "hoje"
XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Monte Real, 25 de Maio de 2019. Na foto, da esquerda para a direita: Armando Pires, Luís Paulino e o estreante Vítor Ferreira.
XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Monte Real, 25 de Maio de 2019. Nesta foto de família, à esquerda, logo a seguir ao Jorge Canhão o casal Maria Luísa e Vítor Ferreira.

Fotos do Encontro Nacional de Hélder Sousa, editadas pelo coeditor.

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2. Mensagem enviada pelo coeditor CV ao Vítor, com conhecimento ao nosso colaborador permanente Hélder Sousa, em 26 de Maio de 2021:

Caro Vítor
Obrigado pelo contacto.

Para uma apresentação mais completa gostaríamos que nos desses mais pormenores sobre ti, a saber:
Posto, especialidade, unidade(s) a que pertenceste, data de ida e regresso, locais por onde andaste e outras informações que aches úteis.
Quanto ao "padrinho", acho uma boa opção mas parece que ele é muito forreta, nem sequer dá folar pela Páscoa.
Fico a aguardar a volta do correio.

Abraço do camarada
Carlos


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3. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa, enviada ao Blogue em 26 de Maio de 2021, com conhecimento ao Vítor Ferreira:

Olá Carlos
Que bela surpresa!

O Vítor foi um dos amigos vilafranquenses que me acolheu quando cheguei à Guiné.
Foi no quarto que ele na altura (9 de Novembro de 1970) ocupava, com outro vilafranquense, o Zé Augusto Gonçalves meu colega de curso de montador-electricista na EICVFXira e também e ainda com o muito falado e "desaparecido" Pechincha, que me acolhi até ir para Piche.
O Vítor esteve já em Monte Real no último ou penúltimo Encontro.

Entre várias outras coisas recordo principalmente as partidas de bilhar na "Brasileira", em Vila Franca.
Teve um problema grave de saúde, mas para isso falará ele, se quiser, mas congratulo-me vivamente pela disposição manifestada por ele.
Vou aguardar o desenvolvimento. Fico à espera do "aparecimento" no Blogue.

Abraço, caro Carlos V e para o Ferreira, também.
Hélder Sousa


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4. Comentário do coeditor CV

Caro Vítor Ferreira
Uma vez que nunca mais nos voltaste a contactar, fica feita a tua apresentação formal à tertúlia com os elementos que nos disponibilizaste.
Posso especular que terás pertencido à açoriana CCAÇ 2726, uma vez que afirmas ter estado em 1970 em Cameconde. Consultados, o 7.º Volume da CECA - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné e o 3.º Volume da CECA - Dispositivo das Nossas Forças - Guiné, verifiquei que a 2726 esteve sediada em Cacine entre 1970 e 1972, com destacamentos em Cameconde. Outro sinal, será tu apareceres numa das fotos publicadas, do nosso XIV Encontro Nacional de 2019, junto ao Luís Paulino, também ele Fur Mil da mesma Companhia.
Esperamos por novo contacto teu para nos confirmares ou desmentires.

Com a tua adesão, ficamos com mais um lugar preenchido debaixo do nosso "poilão sagrado", esperando que nos possas enviar fotos e textos da tua comissão de serviço, que parece não ter decorrido na totalidade na CCAÇ 2726, uma vez que também estiveste colocado em Bissau, onde o nosso comum amigo Hélder em boa hora te foi encontar.

Já agora, se se confirmar que foste para a Guiné integrado na açoriana CCAÇ 2726, ficas a saber que viajámos no mesmo navio. O "Ana Mafalda" embarcou em Lisboa, no dia 11 de Abril de 1970, a tua Companhia e fez escala no Funchal, no dia 13, para embarcar a madeirense CART 2732. Chegámos a "bom porto" no dia 17.

Resta-me então, deixar-te em nome dos colaboradores deste Blogue e da tertúlia, um abraço de boas-vindas e os parabéns pelo padrinho que escolheste.


Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22304: Tabanca Grande (519): Alfredo Fernandes, ex-1º cabo aux enf, CCAV 678 (1964/66)... Natural de Valença, vive em Viana do Castelo, é enfermeiro aposentado do SNS. Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 842

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22371: Historiografia da presença portuguesa em África (271): O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (8) (Mário Beja Santos)

Sociedade de Geografia de Lisboa > Pormenor da Sala Portugal no decurso de uma exposição


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Novembro de 2020:

Queridos amigos,
O que é bom nem sempre dura, estas atas das sessões, redigidas numa tonalidade bem distinta dos artigos publicados no boletim espelham um pensamento, conclamam interesses de diferente ordem, não esquecer que a primeira ideia que presidiu à fundação foi conhecer melhor o país e repentinamente inseriu-se um outro objetivo maior, o III Império, e daí, conforme podemos ler no texto de hoje assistirmos ao culto dos heróis em simultâneo com a agonia lenta da Monarquia Constitucional, tudo isto entremeado de alocuções científicas que podiam ir desde a hidrologia ao Meridiano de Greenwich, mas achou-se interessante aqui fazer larga referência a uma comunicação do Dr. Sousa Martins sobre os perigos da peste que ele descreve com os conhecimentos da época, claro está, não fala do vírus chinês mas verbera os ingleses, alguém tinha que ser culpado por aquele surto pestífero que desassossegava o mundo inteiro.

Um abraço do
Mário



O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (8)

Mário Beja Santos

A cerimónia de arromba no Real Teatro São Carlos, de enaltecimento aos heróis das campanhas de Moçambique parece que trouxe um novo alento à vida da Sociedade de Geografia. As atas das sessões empolam tudo quanto se passou na sessão solene no Real Teatro de São Carlos, a 24 de abril de 1896, o Coronel Eduardo Augusto Rodrigues Galhardo, comandante da expedição a Moçambique procurou detalhar os acontecimentos, e momentos há da sua prosa em que demonstra ser um observador atento no meio, veja-se como ele descreve a chegada dos expedicionários a Lourenço Marques:

“O aspeto da cidade é lindíssimo; as suas amplas praças e largas ruas ladeadas de construções ligeiras, em que predomina a madeira, o zinco e o ferro, tornam-na alegre e dão-lhe uma aparência diversa das nossas povoações de além-mar, em geral muito parecidas com a da metrópole.

As bandeiras das diversas nacionalidades, coroando os edifícios onde se acham estabelecidos os negociantes estrangeiros, dão-lhe um ar de festa permanente.

Apesar do que deixo dito, muitas construções de alvenaria existem na cidade, tornando-se notáveis pela posição, e vistas do porto a igreja e um edifício de forma quadrangular com portas, janelas e ameias rendilhadas, que eu soube depois ser… o paiol!”
.

Falar-se-á largamente de Marracuene, os rebeldes Mahazul e Gungunhana, do rio Incomati. O Coronel Galhardo apresenta assim Paiva Couceiro: 

“Do Sr. Capitão Paiva Couceiro, tudo o que eu pudesse dizer estaria ainda abaixo do que ele merece. Só direi que, à sua extrema coragem e sangue-frio se deve o ter-se evitado um desastre, talvez possível, pois se os pretos têm atacado os auxiliares, estes, cujo comportamento foi de uma indizível cobardia, seriam vergonhosamente derrotados, e a força branca, por não ter pernas que se comparem com as dos negros, não os poderia salvar”.

O Conselheiro Ferreira do Amaral também teceu elogios de Mouzinho de Albuquerque e deu-lhe para recapitular a saga dos Descobrimentos, e sentiu-se em posição de discorrer sobre a situação presente, ou quase:

“A bancarrota nas finanças havia sido precedida da bancarrota dos nossos direitos coloniais; as nossas dificuldades internacionais, a pressão das grandes nações, onde a necessidade de expansão dos trabalhadores via a necessidade da expansão colonial, tudo concorria para fazer lá fora pensar, mesmo nos mais antigos, que Portugal era uma nação que se extinguia, era uma nacionalidade que já não podia levantar-se; as suas colónias o bolo a distribuir como compensação de pactos secretos entre as grandes nações do mundo”.

Estamos agora em 1896, a Sociedade de Geografia teve papel na transladação dos ossos de Afonso de Albuquerque para os Jerónimos. No ano seguinte, o Dr. Sousa Martins profere uma comunicação acerca da Peste, estamos a falar do mesmo Dr. Sousa Martins que em 1881 andou na Serra da Estrela com Hermenegildo Capelo em expedição científica, disto falaremos adiante, agora temos a Peste, veja-se o que rezam as atas:

“Definiu o preletor o que seja a peste levantina, inguinal ou bubónica, levantina porque é originária do Levante, inguinal ou bubónica porque geralmente a carateriza um enfartamento dos gânglios linfáticos das virilhas.

Comparou-a com a cólera-mórbus e com a febre-amarela, indicando como região de origem ou habitat de cada qual destas moléstias um grande rio, o Ganges para a cólera, o Mississípi para a febre-amarela e o Nilo para a peste, e fez ver como todos eles se encontram sob o Trópico de Câncer, deduzindo desse facto geográfico e climatológico certas analogias entre as três doenças.

De todas elas a mais terrível é a peste, não só pelos estragos enormes que diretamente causa, mas pelo terror que infunde nas populações, pela dor que causa nos que a ela escapam, mas que presenceiam o aniquilamento dos atacados, e pelo desalento, pela depressão moral que origina nos espíritos e que também produz milhares de vítimas durante as epidemias da peste.

Se a Europa quiser, a Europa não terá peste. Hoje a ciência está armada de recursos variadíssimos e absolutamente eficazes para impedir a invasão do flagelo, ou, quando a invasão se dê, para sufocar rapidamente a epidemia”
.

Prosseguiu fazendo a história das epidemias da peste e depois falou sobre os meios de que a Ciência hoje dispõe para obstar os desastres. 

“Na terapêutica, temos o soro antipestoso, extraído de cavalos previamente injetados com o princípio maligno, e que é uma vacina cuja eficácia está oficialmente comprovada. Temos depois os grandes meios que a higiene moderna faculta, e temos sobretudo a profilaxia, que é a grande conquista científica do século que vai expirar”

E imprevistamente, o Dr. Sousa Martins faz um comentário que nos surpreende:

“Atribui ao egoísmo comercial de Inglaterra a grande extensão que a atual epidemia tem tomado na Ásia. Baixando dos planaltos do centro da China, o micróbio da peste foi ter a Cantão, e daí a Hong Kong; mas só muitos meses depois de grassar nesta última cidade, e quando já era de todo impossível negar oficialmente a sua existência é que as autoridades britânicas se resolveram a fazer a declaração oficial da epidemia (…) Também disse que o micróbio da peste procura de preferência a gente pobre e miserável, como aliás sucede com os micróbios de outras doenças análogas. Atribui isto ao facto de se alimentarem esses indivíduos mais especialmente de vegetais, o que lhes torna o sangue mais alcalino, e ser nos líquidos alcalinos que melhor se mantêm e desenvolvem os micróbios”

O orador foi saudado com uma salva de palmas.

No início de 1897 é eleito como Presidente da Sociedade o Conselheiro Joaquim Ferreira do Amaral, haverá lugar para uma sessão solene e auto da inauguração da nova sede da Sociedade já nas instalações do Coliseu dos Recreios e procede-se à celebração nacional do IV Centenário do Descobrimento da Índia. Em novembro é feito o elogio do falecimento do Dr. Sousa Martins.

No final desse ano, o rei D. Carlos volta a presidir a uma grande homenagem, desta vez ao herói de Chaimite, Mouzinho de Albuquerque. E assim chegamos a 1898, há um voto de sentimento pela morte de Roberto Ivens, no final de janeiro e em maio temos nova sessão solene, estamos em plena comemoração do IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia, tudo com fausto, pompa e circunstância, vêm numerosas representações internacionais, o rei agradece e lembra aqueles que pela pátria verteram o seu sangue generoso, saúda os soldados e marinheiros de hoje que andam em ásperas campanhas em África e na Ásia, sustentando gloriosamente a honra da nossa bandeira.

Agora vamos voltar um pouco atrás só para falar da expedição científica à Serra da Estrela e avançamos depois, já não falta muito para o final destas atas das sessões dos sócios, parece que é um mundo que acaba com a morte de Luciano Cordeiro, a partir de agora fica à disposição dos associados e dos leitores em geral o boletim, que ainda hoje vigora.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22347: Historiografia da presença portuguesa em África (270): O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (7) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 13 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22370: O nosso livro de visitas (212): Ildeberto Medeiros, ex-1º cabo condutor auto, CCAÇ 2753, "Os Barões" (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim/K3 e Mansabá, 1970/72)... Açoriano, vive nos EUA e quer integrar a Tabanca Grande

1. Mensagem de Ildeberto Medeiros, nosso leitor  e camarada:

Date: sábado, 12/06/2021 à(s) 12:17
Subject: Tabanca Grande

Sou um ex-combatente da Guiné, ex-1º cabo condutor da CCAÇ 2753, "Os Barões Mansabá, K3 (1970/ 1972)

Sigo o vosso "site" para melhor recordar esses tempos que por lá andei, porque recordar é viver. Já me tentei regisitar e não consigo.

Actualmento vivo nos Estados Unidos. Gostava de saber se me podiam ajudar com este problema?

Um abraço, Luís
Ildeberto Medeiros


2. Resposta do editor LG:

Meu caro Ildeberto, já devia ter respondido ao teu pedido. I'm sorry, time management now is a big problem for me...

Vou ver se te ajudo:

(i) não te podes registar automaticamente no nosso blogue como membro da Tabana Grande (que conta já com 842 membros, 103 dos quais, infelizmente, já falecidos); mas o teu nome não me é estranho, tens feito comentários a postes aqui publicados;

(ii) tu podes ser, já amanhã, o nº 843: só preciso que me mandes as duas fotos da praxe: uma do teu tempo de Guiné (1970/72), e outra mais atual; (se não souberes como se manda, por email, pede ajuda a alguém das tuas relações, mais desenrascado nestas coisas da Internet);

(iii) já te apresentaste, hoje mesmo, embora laconicamente: estás situado no tempo e no espaço, pertenceste à CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim/K3 e Mansabá, 1970/72), eras 1º cabo condutor auto;

(iv) serás o primeiro açoriano da tua companhia a juntar-se, no nosso blogue, aos ex-alf mil Vítor Junqueiro e José Carvalho, e ao ex-fur mil Francisco Godinho, que são "continentais", como então a gente dizia; contigo, passarão a haver quatro "barões";

(v) mesmo com alguma dificuldade na escrita do português (, podes também escrever em inglês se te sentires mais à vontade), conta-nos depois algo mais sobre a tua vida, na tropa e depois da tropa, incluindo algumas das tuas recordações da Guiné mas também dos Açores; podes mandar algumas fotos digitalizadas, através do nosso endereço de email, o mesmo que usaste na tua última mensagem: luis.graca.prof@gmail.com


Terei, teremos todos, muito gosto e alegria em acolher-te aqui à sombra do nosso poilão, a árvore sagrada da Guiné, como bem te lembras... Ainda hoje tive o prazer de conhecer pessoalmente o José Carvalho (ex-alf mil, foto à esquerda) e de almoçar com ele, em Peniche... Embora meu vizinho (ele mora no Bombarral, e eu na Lourinhã), só agora tivemos a oportunidade de nos vermos "ao vivo e a cores"... 

O José Carvalho, hoje médico veterinário, por certo deve lembrar-se de ti, ao reconhecer-te na foto ou nas fotos  de 1970/72 que nos vai mandar. 

Falámos ao almoço dos "Barões do K3" e eu sou testemunha do carinho e apreço que ele ainda hoje manifesta por vocês, açorianos, da CCAÇ 2753. Foi ele, de resto, quem em fevereiro passado nos deu a triste notícia da morte do vosso antigo comandante, o cap mil art João Domingues da Rocha Cupido.

Conto contigo. Aguardo as tuas boas notícias. Best wishes. Good luck, good health. LG
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Nota do editor:

Último poste da série >11 d junho de 2021 > Guiné 61/74 -P22274: O nosso livro de visitas (211): João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, PTE - Pelotão de Transportes Especiais, Batalhão de Engenharia nº 447 (Bissau, 1968/71)

Guiné 61/74 - P22369: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte VIII: Henrique de Melo Geraldes, ten inf (Covilhã, 1889 - França, CEP, 1918)


Henrique de Melo Geraldes (1889 - 1918)


Nome:  Henrique de Melo Geraldes

Posto: Tenente de Infantaria

Naturalidade: Covilhã

Data de nascimento: 17 de Abril de 1889

Incorporação: 1911 na Escola de Guerra (nº 41 do Corpo de Alunos)

Unidade: Quadro Permanente de Instrutores, Regimento de Infantaria n.º 1

Condecorações

TO da morte em combate: França (CEP)

Data de Embarque: 28 de Fevereiro de 1917

Data da morte: 21 de Março de 1918

Sepultura: França, Cemitério de Richebourg l`Avoué

Circunstâncias da morte: No decurso de acção ofensiva alemã, na Primavera de 1918, faleceu na 1ª linha do dispositivo táctico do CEP, em Champigny, por ter sido mortalmente atingido por fogos inimigos.



António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem


1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).


Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 8 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22352: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte VII: Óscar Monteiro Torres, cap pilav (Luanda, 1889 - França, CEP, 1916), o primeiro e único piloto-aviador militar português a tombar em combate na I Grande Guerra.


Guiné 61/74 - P22368: Tabanca do Atira-te ao Mar (6): Já os romeiros partem, às 7h30, da Praia da Areia Branca a caminho da Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche. Almoço (sardinhada), na "Toca do Texugo", por volta das 13h00 (aberto a quem quiser lá aparecer, não há inscrições nem reservas)...


Peniche > Santuário de Nossa Senhora dos Remédios > Fachada lateral direita (muro do adro). Cortesia de Património Cultural  (República Portuguesa, Direção Geral do Património Cultural)


1. A organização é da dupla Joaquim Pinto Carvalho - Jaime Silva, da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo), tabanca da nossa Tabanca Grande, aquartelada no Porto das Barcas, Lourinhã,  que já está toda vacinada contra a maldita Covid-19, e que agora anda a celebrar a vida, a amizade e a camaradagem, sempre que pode ou sempre que haja um pretexto. Porque, amigos e camaradas da Guiné,  a morte é certa e a fé, e sobretudo as forças, vão vacilando...

Depois do Senhor Jesus do Carvalhal (Bombarra) (*), os romeiros vão hoje à Senhora dos Remédios, não em Lamego, mas aqui mais perto, Largo dos Remédios, Peniche, a caminho do Cabo Carvoeiro. 

São cerca de 18 quilómetros, ao longo da costa (via Praia de Paimogo, Praia das Pombas, Geraldes, Praia da Consolação, Peniche...). Nada que  qualquer bom cristão não faça, em cerca de 4 horas...

Haverá carros de apoio para o regresso (à Praia da Areia Branca). A ideia é ir almoçar ao restaurante "Toca do Texugo" (ali nas imediações), por volta das 13h00, e depois visitar à tarde a capela da Senhora dos Remédios (que está aberta das 10h00 às 17h30, todos os dias, exceto às sextas-feiras). 

É um programa aberto a todos os tabanqueiros da Tabanca Grande...No restaurante, há excelentes grelhados (a carvão)  de peixe fresco, a começar pela nossa bela sardinha do Mar do Cerro...

Às 7h30 partem hoje, da Praia da Areia Branca, os caminheiros. Um pequeno grupo. Outros, como eu, irão lá ter de carro, ( Local de encontri: o restaurante "Toca do Texugo", aberto, das 12h00 às 15h00). No meu caso, idepois da sessão de fisioterapia que acaba às 12h20. (LG)

2. Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, também denominada «Ermida de Nossa Senhora dos Remédios» ou «Santuário da Senhora dos Remédios» > Nota Histórico-Artistica


(...) "Situada junto à costa, a ermida de Nossa Senhora dos Remédios é um santuário de romaria implantado num nível mais baixo em relação aos edifícios que o circundam, antecedido por um átrio e por um amplo adro murado.

Não se sabe, ao certo, em que época foi edificado, muito embora a estrutura actual deva remontar ao século XVII, com uma campanha decorativa da centúria seguinte. A tradição revela, no entanto, que a primitiva ermida corresponderia a uma capela talhada na rocha, e que hoje se encontra integrada na nave, do lado do Evangelho, sendo dedicada ao Senhor Morto (Calado, 1991, p. 272).

O muro que delimita o adro apresenta cunhais em cantaria e é aberto por um portal encimado por frontão de aletas, flanqueado por duas janelas. No mesmo eixo, mas na outra extremidade, um arco de volta perfeita, encimado por frontão semicircular, permite o acesso ao átrio que antecede a capela, num patamar inferior. A torre sineira, de planta hexagonal e cúpula bolbosa, encontra-se adossada num dos ângulos do adro.

Na capela, a nave única, coberta por abóbada de berço, articula-se com a capela-mor através de um arco de volta perfeita em cantaria. Do lado do Evangelho, a referida capela do Senhor Morto, talhada na rocha e abre-se para a nave por arco de pilastras com capitéis coríntios, em mármore.

As paredes da nave são totalmente revestidas por azulejos azuis e brancos, que representam episódios da vida da Virgem, sobre um rodapé com cartelas de emblemas marianos. Do lado do Evangelho encontramos o Nascimento da Virgem, Apresentação do Templo e o Casamento. Da parte da Epístola, a Anunciação foi interrompida pelo púlpito, que é, por isso mesmo, posterior aos azulejos, seguindo-se a e a Adoração dos pastores . Na abóbada, também azulejada, a Assunção da Virgem é o tema principal, envolto pela figuração das virtudes.

Na capela-mor, os azulejos de figura avulsa enquadram o Trânsito de Nossa Senhora. Assinados, na nave, por António de Oliveira Bernardes, estes azulejos constituem um importante testemunho da fortuna que este género de decoração alcançou no nosso país, e em particular em Peniche, onde pela mesma época (década de 1720), encontramos mais duas igrejas totalmente revestidas por painéis cerâmicos - Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Uma diferença, no entanto, isola a ermida dos Remédios neste contexto, e que é a ausência de talha dourada, aqui substituída por talha a imitar mármore, no retábulo-mor, denotando um certo afastamento dos modelos nacionais e reflectindo um gosto mais erudito e "joanino". (Rosário Carvalho)

Fonte: Património Cultural (com a devida vénia).

Vd. também Ficha em www.monumentos.gov.pt)

3. Em páginas eternas (Os Pescadores, 1923), o grande (mas injustamente esquecido) Raul Brandão (Porto, 1867 - Lisboa, 1930), escreveu o seguinte sobre este lugar, em agosto de 1919 (quando visitou as Berlengas):

(...) A Senhora dos Remédios és escavada na rocha subterrânea, junto a fragas enormes que mal  se sustentam de pé e que os vagalhões assaltam formidavelmente. Que voz lá no fundo, e que esplendor de luz nesta mole negra e cenográfica que se esboroa na extremidade, tomando o aspecto estranho de torres medievais, que ficam a cinquenta metros de profundidade e que repercutem ecos, ameaças, uivos e lamentos de desespero, súplicas dramáticas! É o Castelo do Diabo!... E no fundo do horizonte sempre aquelas três nuvens pousadas sobre o mar, chamando por mim. Atraem-me e fascinam-me" (...) (pág. 108).

Fonte: A vida e o sonho : inéditos, antologia e guia de leitura / Raul Brandão ; org. de Vasco Rosa. - 1ª ed. - Silveira : E-Primatur, 2017. - 619, [2] p. ; 25 cm. - ISBN 978-989-99715-3-0

4.   Círios ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios

(...) Este Santuário de âmbito regional, próximo do Cabo Carvoeiro, recebe círios de vários concelhos vizinhos tais como Mafra, Torres Vedras, Lourinhã, Peniche, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha e Nazaré, a par dos muitos peregrinos a título individual, contabilizando milhares de romeiros. O culto a Nossa Senhora dos Remédios verifica-se essencialmente de julho a novembro, mas tem especial incidência no mês de outubro (3º Domingo). Os círios ao Santuário terão a sua origem provavelmente do século XVII.

Embora com algumas alterações ao longo das décadas, são diversos os atos de culto praticados pelos romeiros dos quais destacamos, a par da cerimónia eucarística, da procissão em honra de Nossa Senhora dos Remédios e da oferta de círios, ou velas, para “pagar promessas”, as três voltas ao Santuário e as loas (hinos de louvor a Maria), cantadas pelos anjos (crianças) que acompanham os diversos círios.

Nos dias em que o Santuário recebe os romeiros, uma feira é montada, na qual, às tradicionais bancas de frutos secos, se juntam mais recentemente o vestuário e material variado. (,,,)

Fonte: Oeste, comunidade intermunicipal, com a devida vénia


5. A lenda da Sra. dos Remédios

(...) Conta esta lenda que, tendo os muçulmanos ocupado este território no séc. VIII, os cristãos aqui instalados receosos que a imagem da Virgem, muito venerada, fosse profanada pelos ditos infiéis, a procuraram esconder numa gruta junto ao actual Cabo Carvoeiro, tendo esta aí ficado guardada durante muitos anos.

Entretanto, durante o séc. XII, no reinado de D. Afonso Henriques, um criminoso, fugido à justiça, procurava refúgio nas cavidades rochosas da vertente ocidental da então ilha de Peniche, quando de forma providencial encontra numa pequena gruta a imagem da Virgem, que havia sido escondida quase quinhentos anos antes.

Maravilhado com a descoberta, não se atreveu porém de imediato a dela dar notícia aos habitantes locais, devido à sua situação de foragido.

Todavia não se conseguindo conter revela este segredo a um grupo de crianças, que brincavam junto aos rochedos vizinhos, e que surpreendidas correram para casa informando do magnífico achado. Em breve, toda a povoação se deslocou à dita gruta para admirar a imagem da Virgem.

Receando que naquele sítio a imagem estivesse sujeita a roubo ou profanação, trataram os habitantes de a levar para a então existente igreja de S. Vicente, em Peniche de Cima.

Porém, de todas as vezes que o tentaram a imagem misteriosamente desaparecia do seu altar, voltando a ser encontrada na mesma gruta onde havia sido descoberta.

Certos de que tal fenómeno correspondia à vontade da Santa, ergueram sobre a dita cavidade uma pequena capelinha, antecessora da actual Capela de Nossa Senhora dos Remédios, onde ainda hoje se conserva a sagrada imagem. (Texto adaptado de "Peniche na História e na Lenda", de Mariano Calado)

Guiné 61/74 - P22367: Parabéns a você (1978): António Tavares, ex-Fur Mil SAM da CCS/BCAÇ 2912 (Galomaro, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22364: Parabéns a você (1977): Sargento-Mor Paraquedista Ref António Dâmaso, CCP 121 e CCP 123/BCP 12 (Guiné, 1969/70 e 1972/74)

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22366: Notas de leitura (1365): “Oito Viagens, Uma Voz”, por Sérgio Matos Ferreira; Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2018 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Setembro de 2018:

Queridos amigos,
Possuímos vários testemunhos de quem assistiu às negociações com o PAIGC, na fase que preludia o reconhecimento do Novo Estado. É admissível que este texto de Sérgio Matos Ferreira, recentemente publicado, seja o seu fiel testemunho do que se passou no encontro, o primeiro, na Mata do Morés entre uma comitiva de homens grandes da região de Mansabá acompanhados por militares e uma representação político-militar do PAIGC. Acima de tudo o que apetece relevar é a qualidade, o fulgor da narrativa, um documento que recorda algo que se passou há 44 anos atrás, deixa vincado um estado de espírito de militares que recusavam continuar a guerra.

Um abraço do
Mário


Sérgio Matos Ferreira volta à Guiné, no fim do Império

Beja Santos

A obra mais recente de Sérgio Matos Ferreira, “Oito Viagens, Uma Voz”, Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2018, marca o regresso deste autor à Guiné e, tanto quanto parece, é depoimento autobiográfico, conta a história de um furriel-artilheiro em Mansabá, já houve o 25 de abril, o furriel acompanha uma comitiva que se interna no Morés, chegou a hora das primeiras negociações.
Em recensão feita no blogue em 2016, falou-se da sua obra “O descascar da pele”,[*] datada de 1982, uma narrativa muito ao gosto da corrente literária chamada O Novo Romance que também suscitou a atenção de outros escritores, caso de Álvaro Guerra, a corrente literária gozou de vida efémera, a proposta de Alain Robbe-Grillet não provocou entusiasmo perdurável no mundo das letras.

Também o mais recente escrito de Sérgio Matos Ferreira é constituído por uma sequência de narrativas em diferentes tons onde além daquela de que vamos falar, com o título “A inesperada reunião na Mata do Morés na Guiné”, há salpicos da vida militar, da atmosfera da caserna, de alguém que passou pela Guiné.

A narrativa sobre a reunião na Mata do Morés encerra alguns belos parágrafos, conserva a linha original do escritor de “O descascar da pele”, imagens poéticas e sonoridades, é uma escrita que consegue registar a moleza e o tédio, goza de uma grande economia na descrição do interior do quartel de Mansabá, é brutal quanto baste na crueza da linguagem de caserna. Já houve o 25 de abril, o autor fala-nos a partir de Mansabá:
“Uma revolução sem balas e com cravos espetados nos canos das metralhadoras. Corria o boato das intenções de Lisboa proclamar a tese de Estados federativos em vez da independência. Suspeitava desta solução para acabar com uma guerra estendida a um mar de anos. Este ocasional encontro no meio de um cessar-fogo incerto não lhe dava grande confiança. As ações dos guerrilheiros não pararam. O PAIGC aproveitou este interregno para circular com mais facilidade, tomar posições estratégicas e abastecer-se fortemente de material enviado por países de Leste Europeu em navios que atracavam em Conacri.

Uma semana mais tarde a novidade chegou. Uma ordem dos bastidores autorizava um grupo de comissários políticos do PAIGC a expor aos homens grandes da zona o verdadeiro significado da guerra, as dúvidas que persistiam e os futuros objetivos num país empobrecido. Uma das imposições do nosso Comando em Bissau foi a necessidade de um pequeno grupo de militares acompanhar os civis até ao local do encontro.”

Iniciaram-se os preparativos: “Saíram, desarmados, na direção da porta de armas. O grupo de notáveis da aldeia aproximava-se com ânimo leve, quase flutuante, alma lavada de esperança. Trocaram saudações e aguardaram pelo elemento afeto ao PAIGC que os levasse ao local do deparo, onde comissários políticos aguardavam para a sessão de esclarecimento”.

Chegou o homem do Morés, “um homem alto, vestido à ocidental, acompanhado por seis guerreiros engatilhados, dirigiu-se para a porta de armas. Cumprimentou os homens mais importantes da tabanca. De seguida, devolveu o olhar para os militares. O capitão avançou, apresentou-se com a saudação militar e só depois apertaram as mãos. O gelo estava quebrado”. E começou a viagem: “Tomaram a direção da cerradíssima Mata do Morés através de uma picada irregular. Um caminho de sal e terra com homens de sangue igual e mortes diferentes. Num ápice, foram engolidos por uma vegetação espessa, de um verde gelatinoso. Andavam numa fila única ou a dois, conforme a largura do trilho. Um cacarejar de vozes juntava-se ao ranger das botas dos militares e das alparcatas dos guerrilheiros em cima do folhado seco. Caminhavam há um pedaço de tempo. Os dois guerrilheiros, descontraídos, riam. Os furriéis na sua ingenuidade gracejavam. Os oficiais mais reservados falavam baixo. Os homens da aldeia trocavam palavras. E o oficial de ligação na cabeça do cortejo a comandar este grupo assimétrico”.

E o encontro vai realizar-se, numa clareira onde a comitiva é esperada pelos comissários políticos. Segue-se a descrição:
“No silêncio do mato a voz de um dos comissários entoava a melodia da vitória. Avançou um indivíduo baixo, entroncado, acentuada a cor preta da pele, e com um vozeirão espanta pássaros. Sem cerimónia em português, evidenciou o curso do PAIGC desde a passagem da fase política à insurreição nacional contra os colonialistas. Houve um momento que despertou a vigilância do artilheiro. O comissário entroncado começou a falar em dialeto. Atento, olhou para os civis inquietos com a sonoridade agressiva das palavras. Não passou despercebida esta alteração de voz aos militares. Alguma coisa o comissário dissera para provocar um sussurro alongado. Passou a mão pela testa suada. Olhou para ambos os lados, dois guerrilheiros fitavam-no. Olhos de carvão fixos no alvo. Um deles tamborilou os dedos no carregador da metralhadora. Um sapateado metálico que o sobressaltou. O comissário certamente avisou os civis de um possível desaire nas negociações. O guerrilheiro entregou-lhe uma mensagem mais curta, eficiente, na culatra da Kalashnikov.

Sem receios, com os olhos caídos no capitão, traduziu:
- Enquanto o governo de Lisboa não reconhecer a independência e os militares não partirem, a guerra continua. Estamos num período de tréguas, mas sejam rápidos a decidir.”

Dá-se o regresso. E assim remata a narrativa:
“Naquela noite, durante o jantar particularmente silencioso, um furriel-atirador inserido na companhia bebeu num trago o copo de vinho e sem olhar para ninguém, com os olhos embaciados na face vidrada do copo, berrou:
- Tomem nota, a minha G3 ainda não disparou e assim vai continuar.

Todos, sem exceção, fixaram o homem que acabara de nascer. O artilheiro, por sua vez, acreditava na esperança e na clareza dos homens que, em Lisboa, decidiam as vertentes da revolução. O desenlace do conflito era evidente: nem mais um tiro, nem mais um militar.”
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Notas do editor:

[*] - Vd. poste de 5 DE SETEMBRO DE 2016 > Guiné 63/74 - P16450: Notas de leitura (877): Ida à Feira da Ladra, sábado, 27 de Agosto: a Guiné estava à minha espera, antes, durante e depois da guerra (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 5 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22344: Notas de leitura (1364): “O Colonialismo Europeu no Continente Africano”, por Mário Gonçalves Martins; Chiado Editora, 2017 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22365: Estórias de Contuboel... ou "o mito do eterno retorno" (Renato Monteiro, 1946-2021)


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > CIM de Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno Baldé , Sori (Jau oui Baldé) e Umaru Baldé (que, feita a recruta,  irão depois para a CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12, a partir de 18 de junho de 1970). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade (!). Eram do recrutamento local e, originalmente, não falavam português. (*)

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. É um texto de antologia, dos melhores que já aqui publicámos em 17 anos de existência do nosso blogue. O Renato Monteiro, em cinco pequenas "estórias de Contuboel", sintetiza magistralmente   esse sentimento absurdo, maior do que cada de nós, e que todos nós, "tugas", quadros e especialistas das companhias  da "nova força africana" do general Spínola experimentámos inicialmente, e que "tanto nos levava à rejeição daquele mundo como, no instante seguinte, ao desejo de nele nos confundirmos", parafraseando o autor.  

Quadros, milicianos, de um exército (mal) preparado para a guerra convencional (mas não de todo para a guerra de contra-guerrilha), sem um mínimo de informação e formação sobre aquele território e as suas gentes, fomos obrigado a dar recruta, instrução de especialidade e de aperfeiçoamento operacional a jovens camponeses, fulas, muçulmanos, do recrutamento local (, mas também de outras etnias, animistas), arrancados das suas tabancas, e que não falavam uma única palavra de português nem sabiam onde ficava Portugal... Deliciosas as "observações etnográficas" do autor e não menos saborosa a sua fina ironia... 

Porque o texto vale como um todo, voltamos aqui a reproduzi-lo, quinze anos depois,  mas agora agregando os cinco apontamentos, todos eles relacionados com a instrução de recruta dada pelos nossos camaradas da CART 2479, no Centro de Instrução Militar de Contuboel, com início  em 7 de março de 1969. 

O título "estórias de Contuboel" é da nossa iniciativa, é mais prosaico do que a filosófico e mitológica ideia do "eterno retorno", titulo original do autor.  É uma homenagem ao "homem da piroga". o Renato Monteiro (1946-2021),  que eu tive a felicidade de conhecer em Contuboel, no curto espaço de mês e meio em que estivemos juntos (junho/julho de 1969)... Perdi depois o seu rasto mas nunca o seu rosto...


ESTÓRIAS DE CONTUBOEL 

por Renato Monteiro (2006)


(I) RECEPÇÃO DOS INSTRUENDOS

São uma porrada deles. Para cima de centena e meia, perfilados na parada. Número excessivo mas justificável uma vez que, finda a instrução, serão repartidos por uma outra companhia, ainda na Lisboa (a CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12) (***), constituída tal como nós, apenas por quadros (graduados es especialistas) nmetropolitanos.

Vindos de Galomaro e de Gabu, que ainda não localizei no mapa; do Xime, de Bafatá e de Bambadinca por onde passamos sem que me ocorresse bater uma única chapa, e ainda das tabancas que povoam a região de Contuboel.

Mais fulas do que mandingas, perfilhando todos a crença em Alá, mas também o princípio que consagra para todo o sempre um Portugal daquém e além-mar,  uno e indivisível, coisa para mim demasiado estranha ao dar conta dos raros falantes da nossa língua e dos muitos que a entendem menos do que a Segunda, a minha lavadeira.

Acaso não houvesse entre eles um Carlos, fula, de Bafatá, único cristão e com nome português, excepcionalmente dotado na comunicação com as línguas nativas, incluindo o crioulo - o esperanto da Guiné - para transmitir-lhes as nossas ordens, recomendações e outras tretas, bem poderíamos enterrar as palavras no bolso até às calendas, ir pregar para o deserto ou aos peixinhos do António Vieira.

Sequer a ordem de marchar (acaso fossem capazes de tal acrobática proeza) a partir da parada até uma área arborizada próxima do aquartelamento, utilizada para futura aplicação dos exercícios militares, é compreendida pela generalidade dos nossos instruendos.

Coubesse o mar num concha cavada na areia que, por certo, seria igualmente possível olhar para estes homens e reconhecê-los como nossos compatrícios.

E coubesse em mim próprio este sentimento absurdo, maior do que eu, que tanto me leva à rejeição deste mundo como, no instante seguinte, ao desejo de nele me confundir.

Como se coexistissem em mim, duas entidades antagónicas numa só. Sem a santíssima trindade em que não acredito. E nunca, espero bem, vir a pirar dos cornos.


(II) SEGUNDO PELOTÃO

Divididos por quatro pelotões (de instrução), faço parte do segundo,  bem como o alferes Ilhéu, açoriano, ex-seminarista, os furriéis Paz de Alma, do Norte, o Bera, de Cabo Verde, por quem nutro uma antipatia correspondida e o nosso cabo, ainda sem alcunha, e a quem um dia destes hei-de perguntar donde é. 

Feita a contabilidade, o que temos? 53 Guineenses, 2 insulares, 3 europeus continentais. Ou cromaticamente falando: 53 negros, 4 caras pálidas e um que nem é uma coisa nem outra, e sim as duas. Mas adiante...

Sem o poliglota do Carlos, entretanto integrado noutro pelotão, lançamos mão ao Jaló que, apesar de menos apto para intérprete do que o primeiro, sempre vai desenrascando, em fula e em crioulo, a nossa pretendida comunicação com o grupo. Para levantarem os joelhos, c’um raio, se possível até ao queixo, darem meia volta volver, distinguir o que se toma por esquerda e por direita, manter o peito erguido e cheio de ar, por nada mexer quando em sentido, porra, sequer tossir; enfim, toda a panóplia de movimentos exigíveis numa formatura estacionada ou em marcha. 

Porque com má execução, há merda: 10, 20 ou mais flexões de bruços, mantendo a regular distância da barriga ao chão, quando não mesmo rastejar até aquela mangueira ou cajueiro ainda mais afastado. Punições tão sabidas de cor, por força da aprendizagem para a guerra levada a cabo nos quartéis, como os nomes dos rios aprendidos durante a instrução primária.

Por mim, e apesar de exigente quanto à execução dos exercícios, dispenso a aplicação de castigos sem crime, achando mil vezes preferível, nesta fase inicial de instrução, antes fomentar a troca com que todos crescem: umas lições básicas de português pelos depoimentos prestados, com o apoio do Jaló, sobre a experiência vivida na guerra por um bom número de recrutas que, havendo sido milícias, já se envolveram em confrontos. Com o fogo a doer fora da carreira de tiro, mas no cenário real da mata. Ou tão só os que foram alvo de flagelações dirigidas aos aldeamentos donde são originários.

E quem sabe se, deste modo, não evitaríamos mais facilmente confundir o Ali com o Guilage, estes com quaisquer outros já que, à excepção do Malagueta, excessivamente franzino, e do Turé, de desmedida altura e de voz apagada, todos se apresentam indistintos aos nossos olhos. Como se fossem cópias fisionómicas do mesmo padrão, cheirando desagradavelmente, à maior parte dos camaradas,  a catinga. Ou não fosse natural um cão tressuar a canino; um gato transpirar a felino; os cravos marcarem o ar com o seu perfume... Sem nunca perguntarmos a que cheiramos nós. Mais tarde ou mais cedo, hei-de sabê-lo...

(III) O PARAÍSO, OS RONCOS E OS ANJINHOS

É à sombra frondosa das mangueiras, durante as breves pausas das longas oito horas diárias de instrução,  que Jaló, crente em Alá, me fala do paraíso perfumado, com frutos perenemente maduros, sem maçãs proibidas, abundante comida para satisfazer o apetites dos mais insaciáveis, das alegrias sem medida e das submissas mulheres de deslumbrante beleza, escolhidas a dedo, todas virgens para eterno consolo dos homens, sejam novos ou velhos.

Desse jardim implantado no céu, supremo prémio destinado aos que cuidam cumprir zelosamente não apenas com as obrigações de rezar, jejuar pela ocasião do Ramadão, fazer uma peregrinação a Meca ao longo da vida, mas também aos que recusam as tentações condenáveis pelo Islão, de que Maomé é o profeta, como o consumo de carne de porco e as bebidas alcoólicas.

Interdições que não abrangem o tabaco aspirado por cachimbos que cabem numa mão fechada ou as nozes de cola, tão azedas quanto duríssimas, que revitalizam os músculos e o resto, quando necessário, debelando a fome e dando coragem tanto para combater as agruras da vida como para enfrentar os bandidos da mata.

Nem tão pouco obrigam à fidelidade exclusiva da mulher esposada que, Jaló, tem duas e diz andar a pensar dia e noite numa terceira que vive em Gabu.

Assim não perca os roncos de couro, pagos a bom preço: o que traz atado à cintura e outro no peito, suspenso pelo pescoço, que o protegem tanto da picada dos lacraus como do veneno injectado pelas cobras; dos ferrões cravados pelas abelhas e de todo o bicho selvagem que constitua uma ameaça; da acção nefasta provocada não apenas por encontros indesejáveis com pessoas que rogam pragas, mas também contra seres diabólicos, vazios de forma e capazes de, com um único sopro, transmitirem uma enfermidade incurável morrendo-se, tarde ou cedo, dela. Ou sobrevivendo-se apenas quando se trata de uma mudez, coisa rara, ou de uma cegueira como aconteceu ao filho mais novo do antigo Chefe da Tabanca de Contuboel quando, em criança, andou perdido durante sete dias na mata, nunca mais voltando a ver as cores com que se cobre o mundo.

Com a protecção dos roncos e ainda com a inseparável e benfazeja presença do anjinho do Bem que, encavalitado num ombro do Jaló, cuida ele, há-de levar a melhor em disputa com o seu comparsa, colado ao outro ombro, ímpio por natureza e sempre pronto a pregar as mais nefastas partidas ao seu portador. Vá para onde for, mesmo em sonhos, a dormir.


(IV) IDADES SEM LEMBRANÇA

Coisa pela qual não passam: a comemoração do dia do aniversário. Pois não parece haver um entre os africanos do meu pelotão que saiba a sua idade. E lê-se-lhes nos olhos a inutilidade desse conhecimento que, apesar de tudo, acaba por ser superado através de um palpite dado por nós. Mera suposição inspirada no vinco e na dimensão das rugas, na maior ou menor vivacidade do olhar, não sei bem, num feeling que sustenta a nossa avaliação.

E é assim que Cherno Camará passou a partir de hoje a contar 23 anos, idade que acabou por merecer divertida discórdia quando comparada ao tempo de vida atribuído ao Amaduri Camará, 21 anos, por alguns considerado mais velho do que o primeiro.

Mas fora de qualquer polémica foram as 18 Primaveras calculadas para Demba Baldé, o Malagueta, seguramente o recruta mais jovem da nossa troupe, filho de Ira Baldé, prestigiado chefe de uma das tabancas da região de Gabu Sare.

Quanto a mim, talvez não fosse menos sensato deixar-se estes homens, na sua maioria ainda mais novos do que nós, tão alheados da sua idade quanto as árvores que se desenvolvem sem contarem os anéis do tronco que marcam o tempo da sua existência.

Opinião igualmente partilhada por Ussumane Colubali, para o qual o que importa é nunca perder de vista de quem se é filho, irmão, neto, bisneto e pai; bem como o lugar onde se nasceu e o número de cabeças de gado e de mulheres que se possui, sendo seguro que a memória da data de nascimento não leva a viver mais, sequer a acertar-se com o dia da sua morte. Ao contrário da generalidade dos africanos, muito reservados, Ussumane não se coíbe de expressar os seus juízos mesmo sem ser chamado a fazê-lo.

Assim, diz não existir à face da terra nenhumas Forças Armadas capazes de tão grandes façanhas como as nossas, razão que o levou a oferecer-se para o exército, aproveitando ainda uma vantagem: a possibilidade de, assim, ganhar uns patacões, muito difíceis de obter por outro meio.

Proveito que o Demba Baldé de bom grado dispensaria. Que foi o pai, contra sua vontade, que o mandou servir a tropa. Quando melhor estaria junto da sua Comança Baldé, ainda mais nova do que ele, a fazer filhos, a comer bianda e a tratar do gado.

(V) BAJUDAS OU A IMITAÇÃO DO PARAÍSO CELESTIAL

Acordo com os latidos da Daisy, já recuperada da mazela na perna, incitando-me a sair da cama. Como a querer lembrar a combinação que fiz com o Canininhas e o Português Suave em pirarmo-nos hoje para o rio Geba que o Fórmula Um, o condutor, afirma ficar a quinze minutos de Unimog.

Acordo como um animal de sangue frio em período de hibernação e, caso não fosse a barba por fazer desde há três por se ter gripado a bomba de água e a desagradável sensação pegajosa no corpo, bem teria mandado o compromisso para as urtigas. Mas avancemos. Tomado o pequeno almoço à pressa, toca de trepar para a viatura, com os dois camaradas vociferando contra o meu atraso, "és sempre o mesmo", mais o Joshua. apanhado a atravessar cabisbaixo a parada e a Daisy, como prémio do seu empenho em combater a minha letargia.

Por uma estrada todo o terreno, cheia de covas abertas pelas correntes das chuvas e de sulcos dos rodados das viaturas, em menos tempo que o calculado pelo Fórmula Um, chegamos ao Geba: bem estreito quando comparado à sua dimensão em Bissau ou no ponto em que se cruza com o Corubal.

Mas bem mais largo quanto às vistas que dele se podem colher: aquele pequeno grupo de bajudas, ó Cesário, sem rendas ou ramalhetes rubros de papoilas, apenas cintadas por uma tanga fina, tudo o mais só nudez ali exposta à luz do sol, com natural indiferença aos nossos olhos e sem nada ficarem a dever em graciosidade às virgens do paraíso celestial descrito por Jaló.

Salpicadas de espuma, com a água a escorrer em fios ou em contas pelos ombros, o seios, o colo, quantas aguarelas não dariam? Tantas quantas ninfas ou sereias de outros tempos imaginadas em pedra ou tela.

Pena, para não dizer pequena e simulada raiva, é a Segunda, a quem ironicamente comecei a tratar por Benvinda, nem uma única vez tenha posto os olhos em mim, limitando-se apenas a cumprimentar-me aquando da entrega da roupa à porta da camarata, limpa, sem vincos e ainda quente do ferro, ao fim da tarde.

À hora em que, num breve instante, o dia escurece, as boieiras alinhadas como esquadrões de caça recolhem ao refúgio da mata e o poente se tinge de cores vivas e quentes. Como nunca me foi dado ver.


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Rio Corubal > Rápidos do Saltinho > 3 de Março de 2008 > Lavadeiras do Saltinho.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12773: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte III): Preparando a "nova força africana" de Spínola...

(**) Vd. postes de:



4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (V): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

(***)  Vd.postes de:


25 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6466: A minha CCAÇ 12 (2): De Santa Margarida a Contuboel, 5 mil quilómetros mais a sul (Luís Graça)

(...) Contuboel, far from the Vietnam

Nestas condições, a instrução de especialidade, como se deve imaginar, não foi nada famosa. Estávamos a milhares de quilómetros do nosso ponto de partida, o Campo Militar de Santa Margarida, onde, ainda me recordo, também brincámos às guerras, e fizemos os nosso roncos (no essencial, assalto aos acampamentos do IN a fingir, e pilhagem de tudo o que era bebível e comestível).

Em plena época das chuvas, ainda em fase de adaptação ao terrível clima da Guiné, hostil a qualquer tuga, em farda nº 3, espingarda automática G3 ao ombro e cartuchos de salva nos bolsos (à cautela, não fosse o diabo tecê-las, os graduados, metropolitanos, levavam alguns carregadores com bala real...)... Estão a imginar esta guerra-de-faz-se-conta ?

Era ainda a dolce vita da Guiné (como eu escreveria no meu diário), aqui e ali perturbada pelas histórias que a velhice nos contava, a nós periquitos, de Madina do Boé e de Guileje, "lá longe no sul" (sic) (...)

A 18 de Julho de 1969 , a futura CCAÇ 12 (que, por enquanto, ainda era a CCAÇ 2590) é dada como operacional. Atendendo à origem étnico-geográfica das suas praças, por sugestão do Com-Chefe, ficamos radicados em chão fula, às ordens do Batalhão de Caçadores 2852 (1968/70), com sede em Bambadinca...

A 21 de Julho, menos de dois meses depois da nossa chegada à Guiné, quando ainda nem sequer tinham sido distribuídos os camuflados à nossa tropa africana, temos a nossa primeira "saída para o mato" (sic) , seguida do nosso "baptismo de fogo"...

De facto, em Madina Xaquili, temos o nosso primeiro ferido grave, evacuado para Bissau; e a 28, mais dois feridos graves, numa ataque nocturno àquela aldeia fula que será definitivamente abandonada pela sua população e, mais tarde (em Outubro), pelas NT.

Para três dos nossos soldados africanos, a guerra havia acabado, mal começara: ficarão definitivamente inoperacionais e/ou incapacitados, não sem que um deles tenha de passar, primeiro, por outro inferno, o do Hospital Militar da Estrela, em Lisboa...

Pergunto-me, com amargura, 40 anos depois: o que será feito de vocês, valentes soldados ? Tu, Sori Jau (3º Gr Combate, evacuado para o HM 241); tu, Braima Bá (inoperacional) e tu, Udi Baldé (evacuado para Lisboa e retornado a casa com 35% de incapacidade física), ambos do 2º Gr Comb ? (...)


Guiné 61/74 - P22364: Parabéns a você (1977): Sargento-Mor Paraquedista Ref António Dâmaso, CCP 121 e CCP 123/BCP 12 (Guiné, 1969/70 e 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22353: Parabéns a você (1976): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) e Arménio Estorninho, ex-1.º Cabo Mec Auto da CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa e Empada, 1968/70)