sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23930: Notas de leitura (1538): "O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume I: Eclosão e Escalada (1961-1966)", por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2022 (10) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Dezembro de 2022:

Queridos amigos,
O trabalho de investigação de Hurley e Matos, que aqui se condensa, tem, para além do mérito próprio da probidade da avaliação dos factos que fazem, revelar a insídia que se veio a montar acerca dos primeiros líderes militares na Guiné, na eclosão da guerrilha. Louro de Sousa, nomeado comandante-chefe em cima dos acontecimentos, enviou sempre ao Governo relatórios fidedignos da crescente guerrilha, não dispunha de nenhum sistema de informações fiável, deparou-se com a fuga das populações e uma tremenda falta de recursos, nomeadamente terrestres e aéreos para contrariar os efeitos da guerrilha, que se manifestava muito atuante na região Sul, no Corubal e no Morés, principalmente. Não havia informações sobre os efetivos da guerrilha, nem até mesmo das bases de apoio na República da Guiné Conacri. Os efetivos eram tão minguados que quando o capitão Alípio Tomé Pinto chegou a Binta, em 1964, este importante porto estava praticamente cercado por forças e população afeta ao PAIGC. Hurley e Matos diagnosticam aqui as carências de meios aéreos e mostram como Louro de Sousa e a FAP estavam conscientes de que se impunha um abrir mão a meios humanos e materiais de grande envergadura. Era sempre tudo às pinguinhas, a fartura só virá com o superstar Spínola.

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume I: Eclosão e Escalada (1961-1966), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2022 (10)


Mário Beja Santos
Este primeiro volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/. Depois de sumariar o prefácio, entrámos no primeiro capítulo intitulado “O Vento da Mudança”, verificaram-se as alterações operadas no início da era de descolonização e as consequências que vieram a ter na colónia da Guiné. Os capítulos subsequentes permitem-nos ter, mediante processo diacrónico, a evolução dos decisores políticos quanto à formação e equipamento da FAP nos diferentes teatros de operações, e depois o trabalho incide sobre a Guiné, os equipamentos existentes no período que precede a eclosão da guerrilha e as sucessivas respostas para permitir à FAP sucesso na multiplicidade dos desempenhos. Estamos agora a acompanhar a evolução dos primeiros anos da guerra e a resposta da FAP.

Como vimos no texto anterior, o General Venâncio Deslandes deslocou-se à Guiné e produziu um relatório alertando para a gravidade da situação, propôs um conjunto de medidas para melhorar a eficácia do aparelho político-administrativo, incluindo a fusão da estrutura do comando militar, recomendação que foi posta em prática no ano seguinte, mas em 1963 a autoridade política e militar permaneceu dividida entre o Governador Vasco Rodrigues e o Comandante-Chefe Louro de Sousa. A falta de entendimento entre os dois oficiais inevitavelmente criou atrito e complexidade desnecessária no planeamento militar. Deslandes recomendou igualmente o emprego de forças de “intervenção” de reação rápida capazes de responder rapidamente a atos hostis que se pudessem desencadear em qualquer ponto do território.

Baseado em parte na insistência de Deslandes, chegaram a Bissalanca em setembro os primeiros helicópteros Alouette II, “emprestados” do Esquadrão 94 em Angola, foram os precursores da frota de helicópteros que irá gradualmente revelando significativa. Um relatório suplementar de 1963, do Tenente-Coronel Augusto Brito e Melo da Secretaria-Geral da Defesa Nacional, deu ênfase às necessidades da FAP na Guiné. O dispositivo aéreo em Bissalanca incluía sete F-86, oito T-6, oito Austers, três C-47, um Broussard, um P2V-5 Neptune (este em alerta na Ilha do Sal). Os aviões Sabre estavam atrasados. Brito e Melo não deixava de sublinhar que “a coordenação ar-terra é deficiente e, portanto, a eficiência da campanha ar-terra é baixa”.

Enquanto Deslandes e Brito e Melo redigiam os seus relatórios, a FAP sofreu as suas primeiras perdas em combate na Guiné. Em 22 de maio de 1963, no decurso da operação Seta, aviões F-86 e T-6 atingiram alvos no reduto da guerrilha na Ilha do Como. O Furriel António Lobato, tendo suspeitado sido atingido por fogo de metralhadora, pediu ao seu asa, Eduardo Casals, que voasse por baixo dele e inspecionasse a parte inferior para avaliar os danos. O T-6 de Casals tocou na hélice de Lobato durante a inspeção, o que causou a queda do avião de Casals e a sua morte (o seu corpo foi recuperado nesse mesmo dia pelas forças portuguesas). Lobato conseguiu direcionar o seu avião danificado para um arrozal, onde foi capturado por militantes do PAIGC, assim começava o cativeiro mais longo da Guiné, ele passaria os próximos sete anos recluso, primeiro na Maison du Force de Kindia e depois na prisão de La Montaigne em Conacri. Foi o único aviador português prisioneiro de guerra.

Apenas nove dias depois de Lobato ter sido capturado, em 31 de maio, dois F-86 pilotados pelo Capitão Fausto Valla e pelo 2.º sargento Manuel Pereira Clemente, enquanto realizavam uma missão de bombardeamento na região de Bedanda, as aeronaves sofreram estilhaços de uma das suas próprias bombas de 250 kg, os pilotos voltaram imediatamente para Bissalanca, mas o F-86 de Fausto Valla incendiou-se, forçando-o a ejetar-se. Pereira Clemente conseguiu aterrar em Bissalanca sem mais incidentes, depois de despejar a sua artilharia no Geba, o jato de Fausto Valla explodiu antes de chegar a Bissalanca. Três meses mais tarde, a FAP sofreu uma das perdas mais mortíferas da guerra quando um Auster caiu após bater numa palmeira quando descolava de Bissalanca, em 4 de setembro. Nenhum dos três aviadores a bordo (Alferes Eduardo Spínola Freitas e José Madureira Nobre e Primeiro-Sargento José Pinheiro Garcia) sobreviveu. No mês seguinte, ãem 14 de outubro, o Capitão João Cardoso Rebelo Valente faleceu quando o seu T-6 se despenhou durante manobras na região de Morés-Olossato.

Os desaires da FAP continuaram quando o único Broussard sofreu um grave acidente, nove meses depois de ter sido introduzido no teatro da guerra; em 4 de dezembro um segundo Auster descolou e caiu, matando o piloto 2.º Sargento André Miranda Farinha e dois meteorologistas da FAP, Tenente Austrelindo Gaspar Dias e o 1.º Sargento Humberto Silva Matos. Em síntese, a FAP perdeu sete aeronaves e sete pilotos (seis mortos e um prisioneiro) devido a acidentes ou fogo hostil durante o primeiro ano de guerra – uma taxa considerada insustentável.

Em setembro de 1963, Louro de Sousa, perante o Conselho Superior da Defesa Nacional, reclama mais aeronaves para apoiarem operações previstas, pediu entre dez e quinze helicópteros Alouette III para substituir os três helicópteros Alouette II; pediu mais doze T-6, nove DO-27 e quatro F-86. Durante a sua exposição, destacou a insuficiente cobertura aérea, a inadequada capacidade de reconhecimento aéreo para assegurar eficiência às suas forças na Guiné. Louro de Sousa, tendo exposto o caráter das operações da guerrilha do PAIGC, apelou ao envio de forças de reação rápida incluindo paraquedistas e transporte aéreo adequado – no fundo, seguia as propostas de Venâncio Deslandes.

A operacionalidade dos meios aéreos disponíveis era um tremendo desafio. De acordo com uma avaliação da 1.ª Região Aérea, elaborada em agosto de 1963, apenas metade dos oito Auster em Bissalanca estava em condições operacionais, os outros em grandes reparações ou a aguardar peças. Um dos quatro DO-27 recém-entregues a Bissalanca já estava inoperável, por falta de peças. A situação complicava-se por falta de mecânicos e pelo uso criterioso de baterias. A eficácia de combate do T-6 estava limitada pela ausência de informações técnicas sobre o uso e manutenção das armas. Três C-47 estavam na revisão periódica nas OGMA, e a falta de peças de substituição era crónica. Na Ilha do Sal, os dois Neptune também se debatiam com limitações operacionais devido à falta de recursos. O relatório da 1.ª Região Aérea avaliou os oito caças Sabre como operacionais, apontava-se para obrigatoriedade de um ciclo periódico de manutenção; considerava-se que o armamento dos F-86 era precário, exigindo substituições nos dispositivos de suporte das bombas. Em agosto de 1963, o Coronel Krus Abecassis, Chefe-de-Estado-Maior da 1.ª Região Aérea, identificou a necessidade de enviar para Bissalanca oficiais experientes para preencher vagas e alertou para a escassez de especialistas em comunicação. Na já referida reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional, Louro de Sousa instou para o reforço dos quadros superiores, era indispensável a presença de dois tenentes-coronéis em Bissalanca.

Por último, havia a necessidade imperiosa de enviar meios financeiros para melhorar as instalações, quartéis, torres de vigilância e iluminação perimetral. Louro de Sousa apelou à introdução de radares e sistemas de comunicação adequados e equipamentos para lidar com qualquer intrusão do espaço aéreo da Guiné. Já ao tempo havia a preocupação dos meios aéreos dos dois vizinhos hostis.

Operações portuguesas de contraguerrilha, 1963
Destroços do T-6 do capitão Rebelo Valente que caiu em outubro de 1963 (Coleção Alberto Grandolini)
Outra imagem da queda do T-6 do capitão Rebelo Valente (Coleção Alberto Grandolini)
Um P2V-5 Neptune na Ilha do Sal, ao lado de um F-86 que esporadicamente era enviado para Cabo Verde para participar na defesa aérea local (Coleção Touricas)

(Continua)

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Notas do editor:

Poste anterior de 23 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23909: Notas de leitura (1535): "O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume I: Eclosão e Escalada (1961-1966)", por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2022 (9) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 27 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23922: Notas de leitura (1537): Germano Almeida, prémio Camões (2018), filho de pai português e mãe cabo-verdiana, explica a origem mítica de Cabo Verde: uma criação divina, não por maldição... por distração (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P23929: Fotos à procura de uma legenda (167): "Apanhado" na Guiné, "apanhado" no PREC, "apanhado" por viver 287 km dentro (!) do Círculo Polar Ártico!... (J. Belo, Suécia)

Um aquário decorado com corais e cornos de rena... e temperatura amena, (24,9º)... Coisas do nosso J. Belo (que está vivo e recomenda-se, embora irremediavelmente "apanhado do clima")




1. Mensagem de Joseph Belo:

Data - quinta, 29/12/2022, 17:46

Assunto - Os "apanhados" do blogue com votos de Bom Ano Novo

“Apanhado” na Guiné,” Apanhado” no PREC,” Apanhado” por viver há 44 anos a 287 quilómetros dentro (!) do Círculo Polar Árctico!

(Obviamente que o aquário é decorado com… cornos de rena!!!!.)

Um abraço, 
J. Belo


2. Comentário do editor LG:

Dizia-se dos gajos, no meu tempo, chegavam da Guiné, que vinham "apanhados do clima"... Eu, que ainda estava do lado de cá do cais de embarque, em vésperas de partir no "Niassa" (em 24/5/1969) só depois é que me dei conta que os portugueses, em matéria linguística, são um povo criativo...

Mas os lexicógrafos, os dicionaristas, os especialistas de língua (e dedo),  vêm-se em papos de aranha para acompanhar o ritmo de produção das "frases feitas"... Esta é uma delas, "Apanhado do clima"... Mas já em 20/2/1998, o especialista do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, José Neves Henriques, lá tentava em vão satisfazer a curiosidade de uma consulente sobre a origem da expressão "anda tudo apanhado do clima".

(...) "Estamos em presença duma frase feita que anda por aí. É muito difícil saber a origem de frases e de diversas expressões desta natureza. Às vezes têm origem na representação de tal ou tal obra de teatro, fita cinematográfica, etc., como é o caso desta, que já pouco se ouve: Não tens planta nenhuma. Dos dicionários que tratam especificamente destas coisas, nenhum regista a frase apresentada pela nossa consulente. E mesmo que registasse, como saber a origem?

Orlando Neves publicou um «Dicionário das Origens das Frases Feitas». Elas são tantas, tantas!... São milhares. Pois o autor só conseguiu dar a origem dumas trezentas e tal. É muito difícil. Não conheço quem informe do que deseja saber.

José Neves Henriques  20 fev. 1998" (...)

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/anda-tudo-apanhado-do-clima/1878 [consultado em 30-12-2022]

Já o termo "apanhado" consta do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

a·pa·nha·do
(particípio de apanhar)

adjectivo

1. Que se apanhou.

2. Tacanho, mesquinho, estreito.

3. [Portugal, Informal] Que não é bom da cabeça ou age de modo insensato (ex.: é um casal simpático mas um bocado apanhado). = PIRADO

4. [Portugal, Informal] Que está dominado por sentimento de grande paixão (ex.: ficou logo apanhada pelo amigo do irmão; o tipo é completamente apanhado por futebol). = APAIXONADO
nome masculino

5. Resumo.

6. Refego, prega.

7. [Cinema, Televisão] Filmagem, geralmente feita com câmara escondida, onde os participantes são surpreendidos com situações cómicas, constrangedoras, provocatórias ou insólitas.

"apanhado", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/apanhado [consultado em 30-12-2022].

Cá no blogue, em mais de 5 mil descritores, "tags" ou marcadores", também temos a frase feita" "apanhados do clima"... Vinte e cinco referências pelo menos, embora ainda não tenha arriscado uma definição. 

... Apesar de tudo, ninguém nos ligou nada. Tanto gritámos estes anos todos que estávamos "apanhados do clima", que aconteceu o que aconteceu com a história do rapaz e do lobo... Os gajos da aldeia cansaram-se, preferiram tratar da vidinha de cada um e que se lixe as ovelhas do rapaz!... E pior: o presidente da junta, que é do partido dos animais, até deu uma medalha de mérito ao lobo... que zela pela biodiversidade e pela liberdade de presas e predadores lá nos baldios.... O sacana do rapaz é que era "apanhado do clima", coitado... Pode ser que melhore com as alterações climáticas que toda a gente, há anos, grita que aí vêm... Mas o presidente da junta não ouve, usa aparelho...
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Nota do editor:

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23928: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XV: Op Ebro, março de 1965, ajudando o BCAV 490 a reocupar Canjambari


Guiné > Região do OIo > Farim > Canjambari > c. 1969/71 > Foto do Carlos Silva, publicada a preto e branco no livro do Amadu Djaló, na pág. 115. O Carlos Silva foi fur mil arm pesa inf,  CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem, 1969/71).

Foto (e legenda): © Carlos Silva (2010).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mais um excerto das memórias do nosso camarada Amadu Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), membro da nossa Tabanca Grande desde 2010, terá sido o único, até agora dos nossos camaradas guineneses, que deixou em vida um livro com as suas memórias:  "Guineense, Comando, Português" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp.).

O Virgínio Briote (foto à direita), um histórico do nosso blogue, nosso coeditor jubilado, disponibilizou-nos o manuscrito da obra, em formato digital, no qual trabalhou, com o autor, durante cerca de um ano, com infinita paciência, generosidade, rigor e saber. Na prática, ele exerceu aquilo a que se chama nas editoras as funções de "copydesk" (editor literário). O livro nunca teria sido escrito, tal como o conhecemos em papel sem esse contributo essencial do Virgínio Briote: nascido em Cascais, frequentou a Academia Militar, foi alf mil cav em Cuntima, CCAV 489 / BCAV 490 (Jan-Mai1965);  fez o 2º curso de Comandos do CTIG; comandou o Grupo Diabólicos (Set 1965 / Set 1966); regressou em jan 1967; casado com a Maria Irene, professora do ensino secundário ref., foi quadro superior da indústria farmacêutica.



Capa do livro de Bailo Djaló (Bafatá, 1940- Lisboa, 2015), "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974", Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.

A edição de 2010, da Associação de Comandos, com o apoio da Comissão Portuguesa de História Militar, está infelizmente há muito esgotada. E não é previsível que haja, em breve, uma segunda edição, revista e melhorada. Entretanto, muitos dos novos leitores do nosso blogue nunca tiveram a oportunidade de ler o livro, nem muito menos o privilégio de conhecer o autor, em vida.


Amadu Djaló (1940-2015)

Recorde-se, aqui, o último poste desta série (*): O Grupo de Comandos "Fantasmas", da Companhia de Comandos do CTIG, comandado pelo alf mil 'comando' Maurício Saraiva, nascido em Angola,  faz uma rápida incursão nas matas do Oio, a norte de Bissorã... Estamos agora en finais de março de 1965,  o Grupo vai participar na Op Ebro, destinada a recuperar o controlo de Canjambari, nas mãos do PAIGC,


A luta por Canjambari (pp. 115/118)

por Amadu Djaló 

Em Março [1] de 1965, saímos para o Norte, para Farim. Estavam a decorrer operações do Batalhão de Cavalaria 490, com o objectivo de ocupar a povoação de Canjambari, que até àquela altura era uma zona onde a guerrilha andava à vontade.

Saímos do aeroporto de Bissalanca num Dakota que nos levou para Farim. Daqui partimos em coluna, primeiro até Jumbembem e depois virámos à direita, até ao cruzamento de Canjambari, onde já estava uma companhia do batalhão a ocupar a povoação. Era só tropa, população não tinha nenhuma. Os únicos vizinhos que eles tinham eram os guerrilheiros do PAIGC.

Eram aproximadamente 13 ou 14h00, quando lá chegámos. A coluna não se demorou, deu logo a volta, de regresso a Farim. Entrámos na povoação fortificada e ali nos mantivemos até à hora de saída, que estava prevista para o anoitecer.

Não tínhamos que andar muito, o nosso objectivo era o acampamento de Tite Sambo, situado muito perto do quartel das nossas tropas.

Por volta das 20h00, arrancámos directos a Canjambari lojas. Eu era o primeiro homem do grupo. O alferes Saraiva mandou cortar à esquerda, para deixarmos a estrada que divide a pequena povoação ao meio. Desconfiávamos que a guerrilha tinha sentinelas na área das lojas de Canjambari.

Para a esquerda, para onde o alferes nos tinha mandado seguir, era só capim seco. Progredir num terreno assim era quase impossível manter o silêncio. Espaçámos os intervalos entre nós, sempre com a preocupação de caminharmos com o mínimo de barulho. Atrás da primeira loja, estava a travessia de um pequeno curso de água[2]. A ponte era uma prancha e no outro lado do riacho calculávamos estar o quartel-general de Samba Culo.

Quando cortámos à esquerda, redobrámos ainda mais os cuidados. A noite estava muito escura, não havia luar e o capim seco estava a dificultar-nos a marcha. Ainda não tínhamos acabado todos de entrar no capim, ouvimos uma sentinela, em crioulo, a perguntar alto:

- Quem está partir capim ali?

Parei logo e abaixei-me de vagar, até os meus joelhos tocarem no chão. Fui continuando a deslizar para o chão, até ficar de gatas. O alferes fez a mesma coisa, depois apoiou a G-3 nas minhas costas, apontando para a frente. A sentinela voltou a falar alto com alguém, que lhe perguntou o que se estava a passar. Ouvimos a resposta da sentinela. Que alguém estava a fazer barulho ali à frente, no capim. O outro, que estava na outra margem do riacho, disse para ele não fazer fogo ainda.

O alferes é que não obedeceu, disparou logo uma rajada e nós recuámos, a correr, atravessando a estrada para o outro lado.

Logo de seguida, começámos a ouvir tiros e rebentamentos na área do quartel. Estavam a atacá-lo. Mas o PAIGC não podia demorar, já sabia que havia militares fora do quartel, e poderia ter problemas no regresso. A flagelação não demorou muito, retiraram rapidamente, a correr, para irem receber os visitantes, que éramos nós e que também não os encontrámos em casa.

Passámos a noite ali. Por volta das 06h00, começámos a andar até ao local onde tinha havido o contacto com a sentinela. Atingimo-lo, havia ali vestígios de sangue, até na prancha da travessia do riacho.

A guerrilha devia estar, calculámos nós, a mais ou menos 200 metros. Ouvíamos a fala deles. O alferes disse que eles não sabiam que nós andávamos por perto e que era boa ideia ir ter com eles.

Então deu-me ordem e ao Cabo Cruz para nos mantermos ali em vigilância, no próprio local da travessia. Havia duas árvores de grande porte, a que nós na Guiné chamamos bissilão[3], uma atrás da outra.

Não sabíamos que o pessoal do PAIGC estava a observar os nossos movimentos. Eles estavam à espera que nós atravessássemos, tinham preparada uma emboscada do outro lado do ribeiro. A conversa em voz alta que eles estavam a ter, era de certeza um chamariz para nós atravessarmos e cairmos na emboscada.

A certa altura, deviam ser 07h00, fomos surpreendidos com rajadas. Um dos tiros bateu na árvore onde eu estava abrigado. Atirei-me para o chão e meti-me entre as raízes do bissilão. O fogo estava bem forte e eu interrogava-me como é que íamos agora sair dali.

Quando os tiros abrandaram, o alferes correu para junto de nós e deu-nos ordem de retirar daquele local. Corremos para junto do grupo, debaixo de fogo.

Os Comandos são treinados para não fazerem fogo à toa, cada bala é para abater um. Mas, desta vez, abrimos mesmo fogo de qualquer maneira, para tentar abrir o nosso caminho. Entretanto, o alferes pediu reforço à companhia. Não demoraram, chegaram em viaturas e o fogo abrandou, sem nós termos ido ter com eles e eles também não quiseram vir ter connosco. Abandonámos Canjambari Lojas e de seguida retirámos para o quartel.

Depois de dois dias de descanso em Canjambari, por volta das 20h00, saímos em direcção a Cunacó. Não tínhamos desistido da visita. O nosso objectivo era o mesmo. Nesta saída [4], com o Kássimo à frente, andámos a noite quase toda, mas atrasámo-nos muito. Como fomos sempre pelo caminho, a progressão teve que ser muito cautelosa por causa das minas.

Por volta das 06h00, fomos detectados mesmo à entrada da tabanca. Fugiram todos e nem tempo tiveram de soltar as cabras. Nós entrámos por um lado e saímos pelo outro, sem encontrarmos ninguém.

Trouxemos as cabras todas connosco e nesse dia tivemos ao jantar caldeirada de cabras.

Não descansámos muito. Na saída seguinte, saímos mais cedo do quartel de Canjambari, levávamos um prisioneiro cabo-verdiano, já idoso, amarrado como uma corda pela cintura. Marchava à minha frente, ligado a mim.

Fomos andando até às 02h00, mais ou menos, que foi quando atingimos o rio Canjambari. Quando parámos, o alferes deu-me instruções para eu atravessar primeiro e só depois de eu estar na outra margem, o grupo passava todo. Passei a corda do prisioneiro já não me lembro a quem e entrei na água do rio, cauteloso, a apalpar com os pés o lodo do fundo.

Quando estava quase a meio, não sei que bicho [5] foi que saltou com grande estrondo para a água. A maré que ele levantou molhou-me a cara. Passada a surpresa, comecei a movimentar-me para o lado contrário de onde eu vira a sombra do bicho a saltar para a água. Vi uma pequena clareira e só respirei fundo quando a atingi.

Ao meu sinal, o grupo entrou na água e veio ter ao local onde eu me encontrava. Nem deu tempo para sacudir a água do camuflado. Começámos logo a andar, até que por volta das 08h00, com o sol já muito alto, sem termos visto nada que nos desse uma indicação, o alferes resolveu retirar.

Foi uma saída, para deixar as nossas marcas na zona e para eles ficarem a saber que nós íamos aonde queríamos, disse o alferes. Durou uma noite inteira, muita água e um susto que apanhei com um bicho que ainda hoje não sei qual foi.

Regressados ao quartel de Canjambari, apanhámos lugar nas viaturas até Farim e daqui regressámos a Bissau, de avião.[7]


Notas do autor ou editor literário (VB)

[1] 26 Março de 1965.

[2] Rio Canjambari.

[3] A madeira do bissilão é uma espécie de mogno avermelhado.

[4] Nota do editor: 31 de Março 1965.

[5] Nota do editor: Jacaré? OU antes pequeno crocodilo, não há jacarés na Guiné [LG]

[6] Nota do editor: 11/12Abril de 1965.

[7] Nota do editor: 

A ocupação de Canjambari, operação "Ebro",  foi iniciada em 22 de Março de 1965.

“Os relatórios referem terem sido feitas várias acções no itinerário Jumbembem-Canjambari e na própria região de Canjambari. Apesar de levantadas numerosas abatizes, o referido itinerário ainda se encontra com algumas árvores de pequeno porte nas imediações da bolanha que dá acesso ao pontão danificado sobre o rio Tufili (dados obtidos através do reconhecimento aéreo de 17Mar65). Parece, este pontão, de fácil transposição desde que se utilizem pranchas adequadas.

Dos contactos com o IN a reacção deste tem-se limitado a flagelações de longe, não sendo de desprezar a possibilidade de o mesmo dispor, na região, de forças importantes e, eventualmente, colocar minas nos itinerários de acesso.

O objectivo das NT é proceder à ocupação permanente de Canjambari. Elaborado o plano para a acção, foram constituídas as forças executantes, comandadas pelo próprio Cmdt do BCav 490, Ten. Cor. Cavaleiro. Às 03H00 de 22Mar65 iniciou-se o movimento, a partir de Farim. Atingido Jumbembem às 04H20, a força executante prosseguiu, rumo a Canjambari.

À passagem por Sare Tenen, um Gr Comb da CCav 488 apeou-se, emboscando-se de seguida junto ao caminho que cruza o itinerário. A partir daqui a equipa de sapadores encarregada da detecção de minas passou a picar a estrada nos locais mais suspeitos. Apesar das precauções, às 06H15 e a cerca de 9 kms de Jumbembem, a GMC da frente da coluna calcou um engenho explosivo, ficando a parte posterior da viatura enfiada na cratera aberta pelo engenho. Os dois homens que nela se deslocavam foram projectados, não tendo sofrido ferimentos de maior.

Passados cerca de 500 metros encontrou-se a 1.ª de uma série de cerca de 30 abatizes, algumas de grande porte, que se espalhavam numa extensão de quase 4 kms, até 1 km e meio de Canjambari Morocunda, que só foi atingida já passava das 12H00. O esgotante trabalho de levantamento de abatizes durou cerca de 5 horas e meia, sob constantes flagelações do IN, que utilizou metralhadoras pesadas e morteiros. As medidas de segurança adoptadas, apesar da extensão da coluna de 30 viaturas pesadas, revelaram-se eficazes, porquanto o IN nunca conseguiu aproximar-se de modo a causar baixas às NT”.

 (…). Ultrapassada a zona das abatizes, a coluna prosseguiu deixando um GrCombate emboscado a dois quilómetros do cruzamento de Canjambari Morocunda. Atingiu-se a povoação de Canjambari, com o IN a assinalar a entrada das NT com tiros à distância, disparados da margem sul do rio Canjambari.

Tabanca revistada, os indícios apontavam para uma retirada apressada. As casas comerciais deixaram indícios de movimento recente, praticamente até momentos antes da entrada das NT. Pelas 15H00, a coluna regressou ao cruzamento de Canjambari Morocunda. Deu-se então início aos trabalhos de instalação e organização do terreno em volta do edifício do Posto de Socorros aí existente.

Informações posteriores revelaram que o IN tivera conhecimento antecipado da acção e que tivera mesmo tempo para receber reforços de Morés e de Mansodé, que se mantiveram na zona dois dias à espera das NT, regressando mais tarde às suas bases, por coincidência no mesmo dia do início da operação das NT.” (**)
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Guiné 61/74 - P23927: Boas festas 2022/2023 (11): Mensagens dos nossos camaradas e amigos: Jorge Paes da Cunha Freire, da CART 1612; Fernando de Jesus Sousa (DFA), ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 6 e José Manuel Cancela, ex-Sold Ap Met da CCAÇ 2382

BOAS FESTAS DOS NOSSOS CAMARADAS


1. Mensagem natalícia do nosso camarada Jorge Paes da Cunha Freire da CART 1612:

Começo por desejar um Feliz Natal a todos!
Desde há um tempo deixei de receber o emails diários, que apreciava muito, embora quase não interagisse. Agradeço que voltem a mandar-me os e-mails!

Um abraço a todos!
Jorge Freire,
CArt 1612


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2. Mensagem natalícia do nosso camarada Fernando de Jesus Sousa, DFA, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 6 (Bedanda, 1970/71):

Boa tarde meu bom amigo Carlos.
Espero que o teu Natal, bem como todo o pessoal da tertúlia, tenha sido excelente, com paz, saúde e amor.
O meu agradecimento a todos que me deram os parabéns.
O meu abraço de respeito e amizade, sejam felizes e que a saúde vos acompanhe.

Bom Ano 2023.
Fernando Sousa


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3. Mensagem natalícia do nosso camarada José Manuel Cancela, ex-Soldado Apont Met da CCAÇ 2382 (Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Buba, 1968/70):

A todos os camarigos da Tabanca Grande desejo um feliz Natal,e um novo ano com muita saúde e alegria...

José Manuel Cancela


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4. Comentário do editor

Com a certeza de partilhar o sentimento dos editores e colaboradores deste Blogue, deixo em nome de toda a equipa os votos de um excelente 2023 para a tertúlia e seus familiares, assim como para os nossos leitores em geral.
Em 2023 continuaremos a nossa missão de manter este blogue activo, contando para o efeito com a colaboração da tertúlia.
C.V.
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23913: Boas festas 2022/2023 (10): Mensagem dos nossos amigos nova-iorquinos Vilma e João Crisóstomo

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23926: Memórias cruzadas com 50 anos de intervalo: em tempo de guerra, no Xime (1972); e em tempo de paz, em Al Ain (Abu Dhabi) (2022)




O nosso coeditor Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo. Tem mais de 290 referências no nosso blogue.


1. Mensagem do Jorge Araújo

Data  - 20/12/2022, 19:30
Assunto - Notíicas das Arábias

Caro Luís,
Boa noite.

Espero que continues a recuperar das tuas maleitas.

Nesta oportunidade, e já com muito atraso em relação ao que era suposto, envio a minha mensagem de Boas Festas, partindo duma viagem que fizemos à cidade de Al Ain, situada a cerca de 130 kms. de Abu Dhabi.

Haverá uma segunda parte, que enviarei oportunamente.

Para ti e para todos os teus, desejamos um Santo Natal e um melhor ano de 2023, com mais saúde.

Um abração.
Jorge Araújo + Maria João



MEMÓRIAS CRUZADAS COM 50 ANOS DE INTERVALO:

UMAS EM TEMPO DE GUERRA, NO XIME (GUINÉ), EM 1972;

OUTRAS EM TEMPO DE PAZ, EM AL AIN (ABU DHABI), EM 2022


PARTE I

1. – INTRODUÇÃO

Em recente deslocação a Al Ain, uma cidade pertencente ao Emirado de Abu Dhabi, conhecida como a “Cidade Jardim”, e a quarta maior do território dos Emirados Árabes Unidos (EAU), depois do Dubai, Abu Dhabi (a capital) e Sharjah, encontrei na geografia 
local uma das razões (e a inspiração!) para a elaboração da presente narrativa, a partilhar na “Tabanca Grande”, no âmbito da actual Quadra Natalícia, tendo por comparação as memórias registadas em 1972, no contexto militar, em contraponto com as actuais experiências vividas, em tempo de paz, em território da Península Arábica.

Foi neste contexto que surgiu o título acima, que identifica apenas o conteúdo desta Parte I, uma vez que a segunda, a elaborar proximamente, será do tipo “reportagem” do que foi um fim-de-semana passado em Al Ain, a cidade onde alguns acreditam ter nascido o Sheikh Zayed Bin Sultan Al Nahyan (1918.05.06-2004.11.02), fundador dos Emirados Árabes Unidos, em 02 de Dezembro de 1971… fez agora 51 anos.

Para melhor enquadramento do seu território convém referir que Al Ain é a maior cidade
do interior dos Emirados, onde as suas principais rodovias, que ligam Al Ain, Abu Dhabi
e Dubai (ver mapa acima), formam um triângulo geográfico no país, estando cada
cidade a aproximadamente 130 quilómetros entre si.

No que concerne aos “Oásis” da cidade, visitas previstas no roteiro da viagem, uma placa colocada numa das avenidas arborizadas conduziu-nos ao «Al Ain Oásis». Adjacente a este existia também o Museu Nacional de Al Ain e o Forte do Sultão Bin Zayed, que também visitámos.

Antes de mais, é relevante acrescentar que o «Al Ain Oásis» é Património Mundial da Unesco.

Depois de concluída a implementação do seu projecto global, a autoridade de Turismo e Cultura de Abu Dhabi decidiu abrir o «Oásis» aos visitantes, organizando um roteiro da visita
completo, de modo a ajudar a compreender melhor o significado e as muitas lições que daí se poderão tirar. 

Em cada passeio pelo «Oásis», o visitante logo se apercebe que um «Oásis» não é apenas um palmeiral (conjunto de palmeiras), mas também um ambiente desértico completo. Incorpora arquitectura, conhecimento interdisciplinar, comportamento social e práticas tradicionais, que são fundamentais para garantir a sua vida.

Este projecto é de baixo impacto ambiental pois permite que cada um aprenda, observe
e interaja, respeitando a integridade cultural do mesmo.

Quanto a nós, e para além disso tudo, no final da visita os nossos olhos viram mais além… fazendo-nos recuar cinquenta anos (meio século) como são os exemplos abaixo.


2. – FOTOGALERIA COM 50 ANOS DE INTERVALO

▼ NO XIME (1972)


Foto 1 – “Oásis” do Xime, em contexto de guerra.

EM AL AIN (2022) ▼


Foto 2 – “Oásis” de Al Ain, em contexto de lazer.


Foto 3 – “Oásis” do Xime, em contexto militar.


Foto 4 – “Oásis” de Al Ain, em contexto de lazer.


Foto 5 – Actividade operacional na área da Ponta Varela.


Foto 6 – Sala de Reuniões do Forte do Sultão Bin Zayed.


Foto 7 – Actividade operacional na Ponta Coli (Estrada Xime-Bambadinca)


Foto 8 – “Oásis” de Al Ain, em contexto de lazer.


Foto 9 – Porta d’Armas do Aquartelamento do Xime.


Foto 10 – Panorâmica dos acessos exteriores ao «Oásis de Al Ain»


Foto 11 – Posto de vigia e comando na Ponta Coli


Foto 12 – Posto de controlo de ingressos no «Oásis Al Ain»



Duas fotos do Almoço de Natal de 1972, do contingente da CART 3494, no Xime.


BOAS FESTAS

QUE TENHAM UM ÓPTIMO NATAL E UM MELHOR ANO NOVO,

COM MUITA SAÚDE.

Jorge Araújo
20DEZ2022
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Guiné 61/74 - P23925: Historiografia da presença portuguesa em África (349): Actas do Conselho do Governo da Colónia/Província da Guiné: Uma fonte documental que não se deve ignorar (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Março de 2022:

Queridos amigos,
Há que procurar entender o salto que se operou com a chegada de Sarmento Rodrigues em 1945 à Guiné, por isso me socorri de valiosos parágrafos retirados de 2 artigos assinados pelo investigador António Duarte Silva acerca do que representou a política deste Governador no contexto de uma nova era colonial, tal como Marcello Caetano a visionou. Destas atas aqui referenciadas se pode ver com clareza os apoios que o Governante pode obter para um trabalho novo e para o inculcamento de um novo espírito civilizacional, daí a categorização com maior amplitude de indígena, assimilado e civilizado, categorização essa que será radicalmente alterada quando explodirem as lutas de libertação.

Um abraço do
Mário



Atas de Conselho do Governo da Colónia/Província da Guiné:
Uma fonte documental que não se deve ignorar (3)


Mário Beja Santos

Pode julgar-se à partida que estas reuniões em que se discutiam requerimentos, taxas e emolumentos, em que funcionários da administração se pronunciavam sobre salários e infraestruturas, num órgão consultivo em que compareciam chefes de serviços, comerciantes, profissionais liberais, em reuniões presididas pelo Governador, ou pelo Governador Interino, ou pelo Encarregado do Governo, eram suficientemente enfadonhas para não acicatar quem anda à procura de outros ângulos do prisma que nos ajudam a formar uma visão mais abrangente da História da Guiné. Muitas vezes sem interesse para o historiador/investigador, atrevo-me a dizer, mas há ali casos de tomadas de posição ou declarações que nos ajudam a melhor entender a mentalidade, as iniciativas seguramente generosas que ali se formularam e que não tiveram seguimento, ou mesmo o aproveitamento daquele palco para que um Governador tecesse, em forma de sumário, o que tinha sido o seu mandato. Vimos, no texto anterior, como o novo Governador, o Capitão Tenente Manuel Sarmento Rodrigues apresentou na sessão extraordinária de 3 de julho de 1945 o seu plano de ação, lendo-o à distância destas quase oito centúrias, ficamos cientes que sabia muito bem ao que vinha, tinha o conhecimento profundo dos dossiês e uma visão para o desenvolvimento da colónia.

Um profundo conhecedor e analista deste período, o investigador António Duarte Silva, deixou-nos parágrafos bem elucidativos do que movia o distinto oficial da Marinha:
“Com o termo da II Guerra Mundial à vista, aguardava-se uma remodelação ministerial e Salazar decidiu convidar Marcello Caetano para uma pasta, tanto mais que este começara a interessar-se por uma carreira política e revelava pretensões reformistas. Rejeitada uma primeira proposta quanto ao Ministério da Justiça, Salazar decidiu oferecer-lhe o Ministério das Colónias, cargo que enalteceu como «vastíssimo campo de ação, envolvendo todas as matérias da administração em relação a uma área enorme». Sugeriu mesmo que no Ultramar estava «o futuro da Nação, o seu grande destino histórico», concordando «ter chegado a altura de começar a mudar de rumo» e adotar uma política favorável à autonomia das colónias. Acrescenta Marcello que aceitou estas condições e, de facto, no exercício de funções como Ministro das Colónias, entre 6 de setembro de 1944 e 4 de fevereiro de 1947, destacar-se-á quer como defensor da renovação política do Estado Novo, quer como convicto africanista. Tinha um programa próprio, embora reconhecesse que a política colonial portuguesa deveria continuar assente nos dois pilares consignados desde 1930 no artigo 2.º do Ato Colonial: por um lado, a missão de colonizar mediante a expansão da “raça branca” e, por outro, a missão de civilizar as populações indígenas. Todavia, entendia que, na conjuntura do final da II Guerra Mundial, esta política de colonizar e de civilizar tinha de evoluir, não só para promover a progressiva autonomia administrativa e o desenvolvimento económico e social das colónias, como também para se acautelar perante a ascensão das forças anticolonialistas, especialmente norte-americanas.

Marcello conhecia a Guiné Portuguesa desde 1935, quando a visitara na qualidade de diretor cultural de um cruzeiro de férias para estudantes, organizado pela Agência Geral das Colónias. A Guiné deixara-lhe «uma recordação muito viva e agradável». Recorda que, ao tentar preparar-se para aquela viagem, não encontrara fontes fidedignas de informação sobre a sua geografia, história, economia, etnografia ou administração, pois era praticamente desconhecida: «daí o espanto com que eu e os meus companheiros de viagem de 1935 vimos o que era e o que podia ser, afinal, a nossa Guiné ao desembarcarmos em Bissau primeiro e depois em Bolama». Por isso, muitos anos depois, em abril de 1969, no início da longa visita que realizou ao Ultramar como Presidente do Conselho, não deixou de recordar aqueles seus primeiros contactos: quer a «imperecível recordação da beleza da terra e da dignidade da gente», quer as tradições combativas de Portugal na Guiné.

A colónia da Guiné iria, pois, ser o primeiro campo de ensaio dos rumos autonomistas e desenvolvimentistas da política portuguesa. Efetivamente, além da referida intenção de a tornar mais conhecida e um território modelar, outras motivações levaram à escolha da Guiné para esse rumo novo na política colonial. Por um lado, vários indícios apontavam para que Bissau e Bolama pudessem ocupar nas redes de transportes marítimos e aéreos após a II Guerra Mundial uma posição destacada de escala internacional e de cruzamento de uma “carreira aérea imperial” ou, ao menos, de ponto de escala dos paquetes que serviam Angola e Moçambique. Por outro lado, pesava um fator de ordem internacional: a circunstância de a Guiné estar rodeada de colónias francesas e inglesas e de se encontrar numa área onde se verificava uma assinalável presença diplomática norte-americana. Eis por que Marcello pretendia apostar na possibilidade de uma «crónica nova da conquista da Guiné para a civilização e para a ciência sempre dentro das conceções tradicionais da política colonial que soube casar a fé e o império: – a necessidade do mando com a fraternidade cristã».

Além da mudança de capital para Bissau, conseguida em 1941, também era necessário remodelar o governo da Guiné, pois o Governador em funções, Capitão de Artilharia Ricardo Vaz Monteiro, empossado a 16 de março de 1941, tinha «14 anos de governo tropical e [estava] já na fase das asneiras frequentes». Marcello Caetano pretendia uma equipa que saneasse a Guiné «do ambiente de depressão e intriga em que constantemente se debatia», e cujos trabalhos, elaborados com uma visão otimista e uma postura construtiva, haveriam de começar «por um exaustivo conhecimento científico das possibilidades da terra e da gente» e prosseguir através de uma «completa ocupação sanitária, educacional e política». Portanto, o perfil desejável apontava para «um oficial da Marinha de Guerra, corporação com tradições tão ligadas à colónia». Esse oficial seria o capitão- -tenente Sarmento Rodrigues. Começava a formar-se, aqui e agora, «uma nova escola de política ultramarina»”.

Parágrafos extraídos do artigo intitulado “Sarmento Rodrigues, a Guiné e o luso-tropicalismo”, publicado na Cultura, Revista de História e Teoria das Ideias, Vol. 25, 2008.

“Nos cerca de três anos e três meses de exercício efetivo, de 1945 a 1948, o governo de Sarmento Rodrigues vai reforçar a administração colonial, tentar associar os guineenses à governação e construir a rede de infraestruturas indispensáveis à política de desenvolvimento. Apesar de, na época, a orientação ter causado «alguma controvérsia», esse triénio, resume Peixoto Correia, produziu «obra de alcance e profundidade, porque a política praticada atendeu às características sociais e étnicas locais e ainda por as realizações haverem afetado todos os setores». Segundo o Vice-Almirante Silva Horta, Sarmento Rodrigues acreditou «sinceramente na doutrina oficial de então», contactou toda a população, proibiu os castigos corporais, promoveu a agricultura, a investigação científica e inúmeras obras, tornando «a Guiné melhor» e pondo-a «no mapa».

A sua política prosseguiu a estratégia (iniciada, antes do «28 de maio» de 1926, pelo Governador Vellez Caroço) de privilegiar as alianças com os muçulmanos (sobretudo fulas) e, por outro lado, expandiu o aparelho administrativo, mediante o preenchimento do quadro de dirigentes com uma elite metropolitana e a entrega da administração intermédia a cabo-verdianos e mestiços (que também dominavam o sector comercial), envolvendo, progressivamente, «alguns guineenses de cor escura».

De facto, Sarmento Rodrigues restringiu os poderes dos régulos e manifestou-se «intransigentemente» contra o uso das violências em relação ao trabalho dos indígenas, atitude que terá provocado diversas «lamentações, de que os indígenas agora faziam o que queriam». Numa perspetiva de economia política, terá adotado um «populismo agrário», algo romântico, e olhado para a Guiné como se fora «um pomar tropical».


Outra medida significativa foi a aprovação do Diploma dos Cidadãos, como ficou conhecido o Diploma Legislativo n.º 1364, de 7 de outubro de 1946, que reformava o chamado «Diploma dos Assimilados» (Diploma Legislativo n.º 535, de 8 de novembro de 1930), o qual, por sua vez, estabelecera as condições em que os natu¬rais das colónias podiam passar à condição de «assimilados a europeus», definindo, desse modo, um estatuto pessoal, étnico e hereditário, no caso aplicável aos guineenses de origem mas não aos cabo-verdianos (que nunca estiveram sujeitos ao regime de indigenato). Na Guiné, a partir de 1946, passaram, portanto, a distinguir-se relativamente aos «indivíduos de raça negra, ou dela descendentes» apenas duas categorias - os indígenas e os cidadãos (ou «civilizados») -, abolindo aquela terceira categoria de «assimilado». Eram considerados indígenas os indivíduos de raça negra ou dela descendentes que não preenchessem conjuntamente as seguintes quatro condições: a) falar, ler e escrever português; b) dispor de rendimentos suficientes ao sustento familiar; c) ter bom comportamento; d) ter cumprido os deveres militares. As condições de passagem à condição de cidadão português (ou seja, de «civilizado») eram enunciadas pelos artigos 2.º e 3.º, sendo o bilhete de identidade o «o único documento comprovativo da qualidade adquirida de não indígena» (artigo 4.º). A verdade é que este regime só em 1954 seria aplicado em Angola e Moçambique pelo novo «Estatuto dos Indígenas», desenvolvendo a filosofia de assimilação que enformara a revisão constitucional de 1951 e sendo o próprio Sarmento Rodrigues Ministro do Ultramar. O referido Diploma dos Cidadãos, disse-se então, era «o mais importante no género do Império Colonial Português».
Parágrafos retirados do artigo Guiné-Bissau: A causa do nacionalismo e a fundação do PAIGC, publicado nos Cadernos de Estudos Africanos, setembro/outubro de 2006.

Estamos agora em 20 de setembro de 1946, o Conselho de Governo tem na ordem de dia a apreciação da legislação que estabelece as condições que devem caracterizar os indivíduos naturais da colónia para serem considerados assimilados a europeus. Consta do preâmbulo:
“Sendo da essência orgânica da Nação Portuguesa civilizar as populações indígenas dos domínios ultramarinos, deve encarar-se com verdadeiro júbilo e reconhecimento de todos os progressos verificados neste campo. Por cada novo cidadão responsável que se desprenda do indigenato, é mais um esforço civilizador que se consagra e uma ambição que se preenche. Fiel ao espírito das leis basilares, este diploma garante a conceção de direitos a todos aqueles que os merecem”.
E tipificava-se a condição: são considerados indígenas todos os indivíduos de raça negra (que não estejam abrangidos pelo que dispõe o artigo seguinte para a definição de cidadãos portugueses), não falam, não leem nem escrevem a língua portuguesa, praticam os usos e os costumes do comum da sua raça; são cidadãos portugueses os indivíduos de raça negra que exerçam ou tenham exercido cargo público a que corresponda vencimento de categoria com as habilitações literárias mínimas, faça ou tenha feito parte de órgãos diretivos, de corpos ou corporações administrativas, ser comerciante matriculado, ser proprietário de estabelecimento industrial, possuir como habilitações literárias mínimas o primeiro ciclo dos liceus, ser natural de outra colónia ou território português onde não haja indigenato (era o caso de Cabo Verde). E a lei depois estabelecia as condições em que se podia requerer a qualidade de cidadão.
Sarmento Rodrigues expôs ao Conselho o espírito do diploma:
“Aqui não se trata de agradar, mas sim de educar. E nessas condições não se procura o aplauso de opiniões que não existam, nem se receiam as censuras de quem não sabe criticar. Com a consciência perfeita dos seus deveres, o Governante, o chefe, o civilizado, tem de dar exemplos e indicar os caminhos que devem ser seguidos sem curar de saber se as massas lhe dão um aplauso”. Interveio Mário Lima Wahnon, exaltando a iniciativa, estava convencido de interpretar o sentir de todos os presentes, o Conselho sentia-se honrado dando o incondicional apoio à iniciativa.

Em 8 de fevereiro de 1947, estando reunido o Conselho de Governo, Sarmento Rodrigues recorda a visita do Subsecretário de Estado das Colónias à Guiné. Julgava-se que o Marechal Carmona viria à Guiné, fizera-se representar, a colónia sentia-se agradecida. Mas o Governador entendeu expender um ponto de vista político:
“É tradicional das gentes das colónias quando são, como agora, benévolas para o seu Governador, desculparem-no, atribuindo todas as deficiências às dificuldades e empecilhos postos pelo Terreiro do Paço. É o que tem sucedido comigo. Mas hoje peço-lhes, meus senhores, que atentem na verdade. Tudo o que tem sido feito é devido ao apoio, ao auxílio, aos incitamentos que tenho recebido da metrópole. Tudo o que não está feito ou saiu mal é, sem dúvida, alguma, culpa, insuficiência minha. Quando no fim de 1945 estive na metrópole, obtive tudo, vim cheio de dádivas para a Guiné. O Ministério da Guerra ofereceu-nos um avião Tiger e os 2.000 contos do Fundo de Defesa Militar do Império. O Ministério da Marinha deu-nos todo o material de guerra para armar a Polícia de Segurança Pública, um batelão, boias, e ainda outro material. O Gabinete de Urbanização Colonial esteve durante um longo período a trabalhar quase exclusivamente para a Guiné, elaborando projetos que nos têm permitido desenvolver as obras que todos conhecem”.

E refere levantamentos topográficos, planos de urbanização, projetos para enfermarias, postos sanitários, escolas, moradias, igrejas, postos administrativos, mercados. Tinham sido melhorados os preços para o amendoim, coconote e óleo de palma. “Mas há mais. A ponte de Ensalmá e o porto de Bissau, as suas velhas e quase imaginárias aspirações tradicionais da Guiné, vão ser realizadas”. Tinha chegado dinheiro para a construção de obras de sanidade e escolas para os indígenas. “Senhores vogais: reunimo-nos hoje aqui para agradecermos, não somos mais do que reconhecidos. E, por isso, sem mais palavras, eu proponho que aprovemos, de pé, uma saudação ao ilustre representante do Governo da Metrópole para que transmita ao Governo Central a que pertence, a certeza da nossa inquebrantável dedicação e lealdade e o nosso grande reconhecimento por todos os benefícios materiais e morais que nos está concedendo”.

(continua)


Sarmento Rodrigues, foto oficial do Ministro do Ultramar
Projeto de adaptação do Palácio do Governo, Guiné-Bissau
Hospital de Cumura, a leprosaria da Guiné
Imagem da vida quotidiana em Bissau, nos dias de hoje
Edifício do Centro de Estudos da Guiné Portuguesa
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23902: Historiografia da presença portuguesa em África (348): Actas do Conselho do Governo da Colónia/Província da Guiné: Uma fonte documental que não se deve ignorar (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23924: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (33): Fotos de Bissau Velho e Amura, na véspera de Natal

Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bissau Velho > 22/12/2022, 17:45

Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bissau Velho > 22/12/2022, 17:45

Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bissau Velho >  22/12/2022, 17:44

Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau Velho > 22/12/2022, 17:45


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bissau Velho > 22/12/2022, 17:51

Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Bissau Velho >  Amura > 22/12/2022, 17:50


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Bissau Velho >  Amura > 22/12/2022, 17:49


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Bissau Velho >  Amura > 22/12/2022, 17:48


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bissau Velho >  Amura > 22/12/2022, 17:47

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Patrício Ribeiro (nosso correspondente em Bissau, colaborador permanente da Tabanca Grande para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau, onde vive desde 1984, e onde é empresário, fundador e diretor técnico da Impar Lda; tem 130 referências no blogue: autor da série, entre outras, "Bom dia desde Bssau" (*):

Data - 27 dez 2022, 12h45

Assunto - Bom dia, desde Bissau | Natal 2022, em Bissau

Luís,

Envio umas fotos da véspera de Natal, de Bissau velho.

Poderão reconhecer os mesmos estabelecimentos e casas, de há meio século.

Neste momento, estão a decorrer as obras de reparação das calçadas e asfalto das ruas, nesta parte histórica da Cidade Velha.

As ruas desta parte da cidade estão todas a ser reparadas, era bom que pudesse acontecer por toda a cidade…

Envio também fotos dos muros da Fortaleza da Amura, onde alguns antigos combatentes os vigiavam há 50 anos, nesta quadra do Natal e Ano Novo. (**)

Abraço

Patricio Ribeiro
impar_bissau@hotmail.co
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 15 de dezembro de  2022 > Guiné 61/74 - P23883: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (32): Viagem a Bolama, 25-27 de novembro de 2022

(**) Roteiro de Bissau Velho, vd. postes de: 

13 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20340: Memória dos lugares (400): Roteiro de Bissau, antes e depois de 1975: principais artérias e pontos de referência

30 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20608: Roteiro de Bissau: fotos de c. 2010, de um amigo do Virgílio Teixeira, empresário do ramo da hotelaria - Parte III

17 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20356: Roteiro de Bissau: fotos de c.2010, de um amigo do Virgílio Teixeira, empresário do ramo da hotelaria - Parte II

14 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20344: Roteiro de Bissau: fotos de c. 2010, de um amigo do Virgílio Teixeira, empresário do ramo da hotelaria - Parte I

6 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20319: Memória dos lugares (398): Roteiro de Bissau, que outrora foi um cidadezinha colonial, com as suas belas casas de sobrado...Mas umas achegas para a se compreender o "tsunami" toponímica que aconteceu em 20/1/1975, ao tempo do Luís Cabral...

5 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20315: Memória dos lugares (396): Roteiro de Bissau: velhas e novas toponímias, velhas e novas geografias emocionais... (David Guimarães / Humberto Reis / A. Marques Lopes / Agostinho Gaspar)