terça-feira, 17 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24764: Álbum fotográfico do António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Buba, 1973/74) (11): paisagens e rostos de camaradas que não esquecemos


Foto nº  51A


Foto nº 54A

 
Foto nº 54


Foto nº 51
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Foto nº 50


Foto nº 55



Foto nº 56


Foto nº 52A


Foto nº 52


Foto nº 51


Guiné > Região de Quínara > Buba > 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Bula, 1973/74) >  Estrada Buba - Aldeia Formosa (via Nhala).

Fotos (e legendas): © António Alves da Cruz (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mais fotos, enviadas a 13 do corrente, às 19:02, do álbum do António Alves da Cruz (ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72, Buba, 1973/74), que tem já cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue.  

São paisagens e rostos de camaradas que não esquecemos.
 
Legendagem:

F 50 - Na estrada Buba - Aldeia Formosa,  algures entre Buba e Nhala onde geralmente se encontravam os dois grupos de combate, uma reunião para a qual não recordo o motivo com o grupo de combate de Nhala; eu estou em pé em tronco nu , sentado na conversa o ex-alf mil  Tibério Barros, da 2ª C/BCAÇ 4513/72,  sediada em Nhala.

F 51- Com o meu amigo e-fur mil Reis a prepararmo-nos para passar mais uma noite emboscados no mato; do lado direito do Reis,  com o respetivo rádio Racal o operacional de transmissões;  do lado esquerdo,  o enfermeiro com a respetiva bolsa de enfermagem.

F 52- O ex-fir mil Oliveira da 1ª C/BCAÇ 4513/72 com um dos guias do seu grupo;

F 53- Zona de Nhacobá, o ex-fur mil Peixoto,   1ª C/BCAÇ 4513/72;

F 54- O Peixoto na mesma zona, Nhacobá;

F 55- O ex-alf mil Gatões,  da 1ª C/BCAÇ 4513/72, também naquela zona ,onde o nossa companhia esteve destacada entre maio e fins de julho de 1973;

F 56- Com o ex-alf mil Gatões numa LDP  quando fomos a Ponta Nova;

Num próximo poste apresentaremos o resto dos "slides" (desta remessa), uma "recordação levantada na zona de Nhacobá, um mina anti pessoal PMD 6".
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Guiné 61/74 - P24763: Ser solidário (262): Fundação João XXIII - Casa do Oeste, Ribamar, Lourinhã: parafraseando Friedrich Schiller, "não temos em nossas mãos a solução de todos os problemas da Guiné-Bissau, mas perante os seus problemas temos as nossas mãos" - Fotogaleria (2014) - II (e última) Parte: agricultura, saúde e educação, três áreas-chave











 

Facebook da Fundação João XXIII - Casa do Oeste > Fotogaleria > 2014 > II (e última) Parte > A pacata vida em Ondame (a sudoeste de Quinhamel, capital da região do Biombo),  onde se situa a Clínica Bom Samaritano - Centro materno-infantil de Ondame e  a Biblioteca de Ondame  (dois projetos apoiados pela Fundação),  contrasta com a vida mais agitada de Bissau (de que se publicam as três últimas fotos acima).





Très projetos emblemáticos em que a Fundação João XXIII está (ou esteva, em 2014, à data desta documentalái fotográfica) empenhada.

(Seleção e edição de fotos / legendagem,  para efeitos de publicação deste poste: LG) (Com a devida vénia...)



Guiné > Região de Biombo > Carta de Quinhamel (1952) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Quinhamel, Ondame e rio Mansoa

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)
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Caro leitor: Para apoiar os projectos com a Guiné-Bissau pode depositar  uma pequena oferta  na conta da Fundação João XXIII - Casa do Oeste.

NIB:0033.0000.45308228096.05

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Nota: Os donativos terão recibo e serão considerados no IRS
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Nota do editor:

Último poste da série >  16 de outubro de 2023 >
Guiné 61/74 - P24760: Ser solidário (261): Fundação João XXIII - Casa do Oeste, Ribamar, Lourinhã: parafraseando Friedrich Schiller, "não temos em nossas mãos a solução de todos os problemas da Guiné-Bissau, mas perante os seus problemas temos as nossas mãos" - Fotogaleria (2014) - Parte I

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24762: Notas de leitura (1625): "Militar(es) Forçado(s), por Maximino R. Costa; edição de autor, 2017 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Janeiro de 2022:

Queridos amigos,
Memórias por vezes de grande e intensa intimidade que nos são oferecidas por este furriel da Administração Militar, que entendeu fazer uma narrativa desde o dia em que partiu para a recruta, em Santarém, até ao momento do regresso, procurou participar em diferentes atividades em Bissau, esteve na constituição de um orfeão, jogou hóquei em patins, fez amizades, a sua amada Constança aqui viveu, a casa sempre aberta às amizades. Gosta-se da simplicidade desta escrita, não há farronca, nunca se arma em combatente, nunca lhe sai da pena descrições da guerra dos outros, nem finge que é cronista. A vida em Bissau decorreu amenamente, guardou as melhores recordações a despeito dos amigos que perdeu.

Um abraço do
Mário



Mais de 50 anos depois, as confissões de uma comissão doce na Guiné

Mário Beja Santos

Em edição de autor datada de 2017, Maximino R. Costa, que foi furriel no Batalhão do Serviço de Material, Bissau, nos anos de 1964 e 1965 tomou a decisão de passar a escrito toda a sua situação militar, de tudo quanto conheço jamais encontrei tanta minúcia na narrativa de uma recruta, desta feita na Escola Prática de Cavalaria, mas antes o ambiente familiar, o desvelo da mãe a preparar a mala, a vida de bairro ali perto da Praça do Chile, a entrada no quartel, a caserna, a recruta, o linguajar a soltar-se para o palavrão e calão, a ordem unida, as refeições e o seu conteúdo, os glutões da sopa, os fins de semana, os namoros do Mino com a Constança, as marchas cadenciadas, tudo com o equipamento da época a que não faltava o capacete, a instrução em Santa Margarida, a apreciação dos comandantes de pelotão, a semana de sobrevivência, bem dura, tudo sem bússola nem carta, só com indicações da gente do campo, segue-se o juramento de bandeira, toda ela com pormenores; e transitamos imediatamente para o Lumiar, a especialidade do Maximino será feita na Escola Prática de Administração Militar, uma vida muito mais calma, com um certo inesperado de patrulhas até à região de Loures, os “desenfianços”, já estamos em janeiro de 1962 o Maximino é primeiro cabo miliciano, o namoro com a Constança é uma mecha de felicidade, ele dá recrutas, tem gente de todo o continente português, inclusivamente o ciclista do Benfica Peixoto Alves; no entretanto, um bom número de cabos milicianos vão sendo promovidos a furriéis e bate-lhes à porta a ida à África, a vida no Lumiar era bem agradável, muita gente desatou a casar-se a pensar que isto da tropa eram favas contadas, nisto o Maximino (na obra de ficção o autor usa o nome Belarmino) é mobilizado, parte para a Guiné dias depois da Constança dar à luz, casaram um tanto apressadamente, mãe e sogra deram por aquele ventre a crescer, toca de ir à conservatória.

Dotado de boa memória, o autor lembra que em 4 de dezembro de 1962 levou a Constança ao cinema Tivoli a ver o filme Lawrence da Arábia, logo no dia seguinte vieram os dois de parto. Viagem para a Guiné com muito enjoo, o Maximino fica em Bissau, percorre a cidade, inteira-se do trabalho que lhe está destinado no Batalhão do Serviço de Material, logo próximo da porta de armas impunha-se a oficina de reparação de viaturas, ele foi colocado no conselho administrativo do batalhão, renova-se a minúcia das descrições e a apreciação dos colegas. A especialidade do Maximino era de Reabastecimento e Serviços Técnicos, consistia em participar no reabastecimento das unidades destacadas nas sedes dos diversos batalhões, mas entenderam que devia ir para o conselho administrativo, começam a chegar os aerogramas da Constança, o menino tem problemas de saúde, procura contextualizar o ambiente em que vive para que o leitor que ignore estas paragens tropicais fique a saber que há para ali um mosaico ético, que se fala crioulo, ele irá contribuir ativamente para a vida de um orfeão, jogará hóquei em patins, tudo corre numa extrema amenidade, ouvem-se uns tiros, há umas zaragatas, não faltam as patuscadas, chega entretanto o Zé Manuel Concha, já consagrado da rádio e televisão, com o seu duo Os Conchas, com notoriedade na rádio e televisão, dará o seus espetáculos, terá os seus arrufos, o Maximino consegue levá-lo às boas; morre um oficial no paiol, grande choque para o Maximino.

É altura dos jagudis, dos répteis, das aranhas, há muita pouca alusão à mosquitada. Apanha paludismo, vêm as férias, a família sempre em sobressalto, para todos os efeitos o Maximino está na guerra. Sempre profundamente enamorado, é com amargor que regressa a Bissau. Convida a Constança a vir com o menino, mas o Rui sofre de asma, encontra-se uma solução de compromisso, os pais da Constança aceitam a incumbência de tratar da criança, desfiam-se os pormenores do arranjo de casa, um albergue para várias famílias, a Constança adapta-se, o idílio prossegue, chegou a vez de sair de Bissau, vai até Mansoa, não faltam notícias de camaradas da recruta que morreram em combate, o tempo passava depressa, apareciam inesperadamente amigos, os amanuenses às vezes excediam-se nas festas e a Constança não gostava de ver o rescaldo de tanto álcool; há passeios a Quinhamel, há mudança de casa, descobertas na ilha de Bissau, às vezes perdem-se, o Batalhão do Serviço de Material é incumbido de organizar uma festa de despedida para batalhões que acabavam a comissão, Maximino não se fez rogado, dedicou-se à organização; Constança, na situação de grávida com algum risco, vai regressar a Lisboa.

Aproximava-se a passos largos o término da comissão de serviço da companhia que antecedera à chegada do furriel Costa, mais uma festa de despedida, sempre contando com fadistas. É neste ínterim que se dá um acidente na piscina em Nhacra, morre um grande amigo de Maximino, deixou profunda consternação, haverá um momento muito sentido no dia da missa dedicada àquele falecido, esteve presente o orfeão. O batalhão regressa à metrópole em 10 de dezembro de 1965, temos o texto do louvor que o furriel Costa recebe, segue-se a viagem de regresso, desembarca com a máquina de costura que Constança deixara em Bissau. Aquela terra ficara-lhe guardada no coração. O furriel Costa entendeu que a sua experiência devia fazer parte da literatura memorial da guerra da Guiné.

Aqui se deixa a essência do que se passou, desde a hora de partida para a recruta ao momento do regresso. E se a descrição da recruta impressiona pelo pormenor, há também o lastro da sinceridade, não há prosápia, nunca diz que está na guerra, nunca ilude que teve sempre a sorte do seu lado, apesar do registo que faz de se saber que a guerra se vai agigantando, há cada vez mais helicópteros em direção ao hospital militar, por vezes surgem problemas de consciência, ele pensa mesmo que devia ir para o mato, mas cede aos comentários de tudo a que ele faz é fundamental para quem vive naqueles pontos recônditos onde há flagelações, minas antipessoal e minas anticarro, um sobressalto permanente que a boa camaradagem alivia.
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE OUTUBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24753: Notas de leitura (1624): "Os Desastres da Guerra, Portugal e as Revoltas em Angola (1961: Janeiro a Abril)", por Valentim Alexandre; Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2021 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 – P24761: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (11): A primeira visão aterradora de uma aeronave, um Alouette II ou III, aos 4 ou 5 anos (Cherno Baldé, Fajonquito)

Guiné > Região de Tombali > Catió >  CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66) > Alouette II > "O meu batismo em heli". 

Foto (e legenda): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Angola > BCP 21 (1970/72) > Leste > Chiume > Dezembro de 1971 > No Leste de Angola, Chiume (Cú de Judas), heli AL III  no apoio ao 3º pelotão,  1ª CCP /  BCP 21.


Foto (e legenda) © Jaime Bonifácio Marques da Silva (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


A primeira visão aterradora 

de um helicóptero aos 4 ou 5 anos 

por Cherno Baldé (*)


Uma valiosa c0ntribuição guineense para a série "Coisas & loisas do nosso tempo de menino e moço" (**) 



O Cherno Baldé, em 1987,
na Moldávia, na antiga URSS
Foi naquela época que, na idade de 4 ou 5 anos, aconteceu a minha primeira visão de uma máquina voadora, que terá sido, provavelmente em meados de 1964, precisamente na altura em que estávamos em Samagaia, pouco tempo antes do ataque à zona que nos obrigaria a deixar a aldeia para nos refugiarmos em Cambajú, onde o meu pai já se encontrava a trabalhar alguns anos antes.

Estava com o meu irmão mais velho, Ibraima, a pastar as vacas nas imediações da aldeia, quando de repente ouvimos um ruído potente que vinha de cima, 

Quando nos virámos para ver, o avião já estava em cima das nossas cabeças, não dava para fugir, instintivamente, meti-me por baixo de umas raízes enormes de um poilão que estava por ali perto. Escondi-me o melhor que pude mas, foi por pouco tempo. 

Como o meu irmão estava a espreitar o avião e não lhe acontecia nada, sai também para ver. Na altura, os meus olhos viam com bastante nitidez e o avião voava a baixa altitude o que me permitiu ver, após uma breve inclinação deste, as pessoas sentadas, dois à frente e um na abertura lateral com as mãos apoiadas no que parecia ser uma metralhadora.

Esta visão ficou para sempre gravada na minha memória

Estranhamente, era também a visão da guerra que  alastrava pouco a pouco e que mudaria o cenário da vida, aparentemente pacífica, que levávamos até aí e mudaria, de forma inesperada, o caminho dos nossos destinos, criando, mais tarde, a incompatibilidade e a confusão entre o futuro que tínhamos vislumbrado na infância e ao qual queríamos dar continuidade e a nova realidade para onde nos tinha empurrado um destino diferente, passando pela escola portuguesa e enfrentando, assim, um futuro incerto e completamente desconhecido que nos levaria primeiro para Bafatá e mais tarde à capital, Bissau, onde funcionava o único liceu, na altura, e mais tarde para terras distantes e desconhecidas, no estrangeiro.

Uma vida feita de aventuras interessantes e também de sofrimentos, de conquistas e derrotas, de descobertas e imposições, de solidariedade e mercantilismo, sempre em ambientes de opressão cultural permanente e de recuo impossível, fruto da rápida transformação e globalização a que fomos sujeitos pela máquina de dominação Europeia e Ocidental.


Cherno Abdulai Baldé, Chico

Natural de Fajonquito, Sector de Contuboel, Região de Bafatá | Pertence à Tabanca Grande desde 18/6/2009, e tem cerca de 285 (!) referências no nosso blogue. É nosso colaborador permanente, especialista em questões etno-longuísticas. É autor de, pelo menos, três notáveis séries de conteúdo autobi0gráfico:
  • "Memórias do Chico, menino e moço";
  • "Memórias do Chico no Império dos Sovietes";
  • "Memórias do Chico: Refugiado na sua própria terra durante a guerra civil de 1998/99: 200 km e oito dias de aflição, entre Bissau e Fajonquito".
Vive em Bissau, onde é quadro superior numa organização estrangeira.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhão

Guiné 61/74 - P24760: Ser solidário (261): Fundação João XXIII - Casa do Oeste, Ribamar, Lourinhã: parafraseando Friedrich Schiller, "não temos em nossas mãos a solução de todos os problemas da Guiné-Bissau, mas perante os seus problemas temos as nossas mãos" - Fotogaleria (2014) - Parte I















Facebook da Fundação João XXIII - Casa do Oeste > Fotogaleria > 2014 > Algumas das ações solidárias: Clínica Bom Samaritano - Centro materno-infantil de Ondame (a sudoeste de Quinhamel, região de Biombo), Biblioteca de Ondame, Cooperativa Agrícola dos Jovens de Canchungo e Cooperativa Escolar de S. José de Mindará (com várias escolas), fundada em 1987 pelo prof Raul Daniel da Silva.






A frase é do pensador alemão Friedrich Schiller (1759-1805): "Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos."..
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Friedrich Schiller é  mais conhecido por ser o autor do O Hino da Alegria (em alemão Ode an die Freude), poema escrito em 1785: é tocado no quarto movimento da 9.ª sinfonia de Ludwig van Beethoven (de quem era amigo). Tornou-se, em 1972, por decisão do Conselho da Europa  igualmente o hino europeu (tocado só  com a música do Beethoven).






Os voluntários da Fundação João XXIII - Casa do Oeste são gente de Mafra, Lourinhá, Óbidos, etc. (como 0 Abílio Salvador, que morreu em 2019 , e para quem a Guiné era a sua "segunda paixão": é o primeiro da esquerda na foto de grupo; e aqui está, ele, na foto de cima, de guarda, à noite, de caçadeira na mão, ao material que acabava de chegar no contentor;  era de Leiria, vivia em Óbidos; é possível que tenha sido um antigo combatente no TO da Guiné)...


Gente solidária que "djunta mon" (junta mãos) para dar uma ajuda aos guineenses, nomeadamente no chão manjaco (região de Biombo), a resolver alguns dos seus problemas básicos, como a educação, sa saúde, a alimentação.


(Seleção / edição / legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)

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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24759: Ser solidário (260): Fundação João XXIII - Casa do Oeste (Ribamar, Lourinhã): mais de 30 anos de solidariedade com a Guiné-Bissau (Ofélia Batalha)

domingo, 15 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24759: Ser solidário (260): Fundação João XXIII - Casa do Oeste (Ribamar, Lourinhã): mais de 30 anos de solidariedade com a Guiné-Bissau (Ofélia Batalha)


São mais de três décadas de solidariedade com a Guiné-Bissau. Cartaz (adaptado) da Fundação João XXIII - Casa do Oeste, com sede em Ribamar, Lourinhã. Tem página no Facebook


1. O fundador e presidente da Fundação é o Padre Joaquim Batalha, mafrense de nascimento, lourinhanense de adoção,  fez 85 anos, em 13 de julho de 2023. Continua, firme, à frente da sua paróquia, em Ribamar, Lourinhã, apesar de alguns problemas do foro múscul0-esquelético. 

Queixa-se sobretudo, em entrevista recente ao jornal regionalista "Alvorada", dos efeitos perversos da pandemia de Covid-19: fez muitos estragos, para além da saúde/doença dos corpos, também nas almas... As pessoas fecharam-se no seu casulo, saem menos, participam menos, tornaram-se mais invidualistas, calculistas e securitárias... E estão mais velhas...

A Fundação perdeu receitas e ativismo. Há projetos em perigo. Não somos eternos. Somos também vítimas da usura (física e mental) do tempo, dos tempos que correm, que também trouxeram crise,  falta de dinheiro e de motivação para distribuir abraços, abrir os braços aos outros que precisam mais de nós... 

É altura de dar a conhecer, um pouco mais, o trabalho solidário desta ONG na Guiné-Bissau.


Base - FUT (Frente Unitária de Trabalhadores) > Notícías > Fundação João XXIII -30 anos de Solidariedade com Guiné Bissau

26 de Abril de 2021 | Ofélia Batalha*

Faz este ano 30 anos que um grupo de amigos, militantes da Acção Católica Rural (ACR) do distrito de Lisboa, se deslocaram pela primeira vez à Guiné-Bissau em férias solidárias.

Estiveram durante 15 dias a restaurar as casas e o poço comunitário, dum bairro social, das Conferências São Vicente de Paulo de Bissau.

Nestes últimos 30 anos muitos foram os grupos de voluntários que se deslocaram à Guiné Bissau em missões de solidariedade.

Foram inúmeros, também, os contentores enviados, com os mais diversos materiais, para serem doados à população ou aplicados nos diversos projectos apoiados pela Fundação João XXIII – Casa do Oeste.

Fomos aprendendo ao longo destes anos que, para os projectos vingarem e terem continuidade, têm de nascer das necessidades sentidas pela população, só assim é que se empenham e se esforçam e ultrapassam as muitas dificuldades burocráticas e outras.


Apoios para a educação, agricultura e saúde

Neste momento estamos empenhados essencialmente em três áreas, educação, agricultura e saúde.

Quanto à educação, temos apoiado desde 1992, o actual diretor da Cooperativa Escolar São José de Mindará, das mais variadas maneiras, com dinheiro, com materiais de construção e didáticos, bem como apoio na formação de professores e com viaturas para serviço de escola e nas obras da mesma.

Esta escola começou debaixo de árvores com cerca de 300 alunos e atualmente tem três polos escolares com cerca de 3.500 alunos, em todos os graus de ensino desde a pré-primária até ao 12.º ano. É considerada uma das melhores da Guiné-Bissau.

Neste momento a sua direção, na pessoa do seu diretor, professor Raul Daniel da Silva, está empenhado em criar uma rádio online, para proporcionar aos seus alunos, aulas à distância, já que a pandemia também os tem afetado muitíssimo.

Solicitou, também, à Fundação a doação de manuais escolares para todos os níveis de ensino, bem como livros de consulta e de biblioteca. Isto porque as escolas públicas da Guiné-Bissau não têm livros nas suas bibliotecas, nem para os professores lecionarem, nem para os alunos estudarem.



Os livros que temos em casa a ganhar pó podem ser úteis

Está neste momento a decorrer uma campanha de angariação de livros e muitos já estão encaixotados e prontos para seguirem viagem, sendo que muitos outros seguirão o mesmo destino. Todos os livros que temos em casa a apanhar pó, fazem falta na Guiné Bissau.

Atualmente o Professor Raul tem outro sonho.

Sonha que a próxima quinzena de formação de professores, que habitualmente decorre entre o final de Agosto e o inicio de Setembro, seja feita online com a colaboração de professores portugueses.

Por enquanto é um sonho, mas realizável, tenho a certeza.

Quanto à agricultura, a Fundação tem actualmente e desde alguns anos, uma granja agrícola na região de Quinhamel, COAGRI, cooperativa agrícola.

Temos várias construções, uma para alojamento dos trabalhadores (sócios da cooperativa), outra para alojamentos dos grupos de voluntários e temos ainda um aviário, onde se cria galinhas poedeiras e de carne.

Uma boa parte do terreno está dividido em pequenas parcelas, onde as mulheres de tabanca (aldeia) próxima, fazem a sua horta o ano inteiro, já que têm água à disposição, do furo por nós feito.

Existe ainda um espaço, onde as mães deixam os filhos pequenos, para não trabalharem com eles às costas. Há uma senhora que toma conta deles e têm brinquedos para se divertirem e aprenderem.

A granja está em expansão, com um grande terreno adjacente, que está a ser desmatado e vedado. O nosso sonho é sermos um motor no desenvolvimento agrícola da região.

Quanto à saúde, ao longo de todos estes anos, temos enviado muito material hospitalar e ortopédico, que distribuímos por vários hospitais e centros de saúde.

Reabilitamos e, durante vários anos, apoiamos a manutenção, inclusive com medicamentos, de uma maternidade na região do Biombo, a maternidade Bom Samaritano.


Apoio a crianças com cardiopatias

Recentemente, há perto de 5 anos, fomos desafiados a fazer mais. Fomos desafiados a acolher em Portugal, crianças com cardiopatias, que precisam de ser operadas e às quais o seu país não tem condições de tratar e salvar a vida.

Atualmente existe um protocolo entre várias entidades, Ministério da Saúde da Guiné-Bissau, Fundação João XXIII, Fundação Renato Grande (centro pediátrico de Bissau) e a ONG AIDA (trata das evacuações), e reconhecido pela Direção Geral da Saúde de Portugal, para que o processo de evacuação das crianças seja o mais célere possível.

Depois de feita a avaliação e a triagem na Guiné-Bissau e de todos os (muitos) procedimentos burocráticos, as crianças dos zero aos 18 anos são enviadas para o nosso país para serem operadas no Hospital Pediátrico de Coimbra.

Para que isto seja possível, até porque a maioria tem de passar três ou mais meses em Portugal, é necessário uma família que as acolha e cuide de cada uma delas, como se de um filho se tratasse.

Cerca de 50 famílias, que denominamos de “famílias do coração”, já fizeram a experiência e muitas já repetiram 3 ou 4 vezes. Temos até algumas que acolheram 2 crianças ao mesmo tempo.


Apoio a crianças com doenças oncológicas

Não é fácil acolhermos na nossa casa uma criança com cultura e hábitos tão diferentes dos nossos, mas muito mais difícil ainda é deixá-la ir para o seu país, para a sua família, depois de curada, já que o apego e os laços que foram criados são muito fortes. Assim muitas famílias optam por acolher outra criança, sabem que estão a dar oportunidade a mais uma de ficar curada e ter uma vida mais longa e com saúde. Há sempre mais amor para dar.

Ao longo destes anos, cerca de 110 crianças com cardiopatias já passaram por Portugal e mais de 100 já regressaram curadas ao seu país de origem. A percentagem de sucesso é quase de 100%.

Estamos a dar a estas crianças uma maior longevidade e a hipótese de uma vida com saúde e com qualidade.

Também já foram acolhidas 10 crianças com outros problemas, nomeadamente do foro oncológico.

Como a estadia em Portugal é muito mais prolongada, normalmente vêm acompanhadas por um familiar, o que torna o processo de acolhimento muito mais difícil, pelo que é necessário encontrar alternativas, já que as famílias não têm disponibilidade para acolher adultos.

Assim, recorremos a instituições ou são alojadas em casa de algum familiar que viva em Portugal.

Por último, refiro que as famílias do coração são essencialmente das regiões de Coimbra, de Leiria-Fátima, da Lourinhã e de Mafra.

Todos os projetos que temos na Guiné são importantes e melhoram a vida do seu povo, mas este último enche o nosso coração de satisfação, já que ESTAMOS A SALVAR VIDAS e a contribuir para dar um futuro com qualidade a essas crianças.

*Ofélia Batalha-Fundação João XXIII-CASA DO OESTE

(Seleção / adaptação / revisão  e ficação de texto, para efeitos de publicação deste poste: LG) (Com a devida vénia...)
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Para apoiar os projectos com a Guiné-Bissau pode depositar na conta da Fundação.

NIB:0033.0000.45308228096.05

IBAN: PT50.0033.0000.45308228096.05 

SWIFT/BIC: BCOMPTPL


Nota: Os donativos terão recibo e serão considerados no IRS
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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24728: Ser solidário (259): Convite para o Encontro/Almoço da Associação Anghilau, dia 22 de outubro de 2023, às 12h30, perto de Malveira da Serra (Manuel Rei Vilar, Presidente da Associação)