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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9539: (In)citações (37): O topónimo fula Tabassai (e não Tabassi)... e a lealdade dos fulas, aliados dos portugueses (Cherno Baldé / José Manuel Dinis)



Carta da Colónia da Guiné (1933) > Escala de 1 / 500 mil > Localização de Tabassá  

Fonte: Portugal. Ministério das Colónias, Comissão de Cartografia,  1933




Guiné > Zona leste > Carta de Pirada (1957) (Escala 1/25 mil) > Localização de Tabassi (ou Tabassai ?)


Guiné-Bissau > Mapa, 1981 (Escala 1/500 mil) > Edição do Instituto Geográfico Nacional de França (1981) > Detalhe > Posição de Tabassi (a vermelho)



1. Comentário de Cherno Baldé, técnico superior da administração pública da República da Guiné-Bissau [, foto a seguir, com os filhos, na festa do Tabaski], com data de 24 do corrente, ao poste P9522

Caro José Dinis e prezados Editores,



(i) Eu presumo que houve um erro de grafia [na carta de Pirada, de 1957], pois a fonia "Tabassai" é a mais conhecida. A palavra ou a junção das palavras (Taba e Say)é seguramente de origem mandinga como é o caso de quase todas as localidades da zona norte e leste (p.ex. Farim, Kaabu, Bafatá, Badjucunda, Kuntuba, Fadjunkito, Paunca, Tabató). 

De uma forma geral, todos os topónimos que começam com o prefixo "Can/kan/Gan", "Ba/Fa", "Man" e os que terminam com o sufixo "to/ta", "do/din", "cama/cunda",[ referem-se a localidades] conquistadas pelos fulas na segunda metade do séc. XIX.
(ii) Mudando de assunto, foi com alguma curiosidade que li as notas de apresentação do José Dinis relativamente à sua zona de atuação durante a sua comissão na Guiné e sobre o conhecimento que pretendia ter sobre as populações locais, fulas na sua maioria, penso que, certamente, já teve tempo e oportunidade para mudar de opinião em alguns aspectos.

Embora esteja de acordo com ele sobre as suas observaçõ
es em relação ao apego dos fulas à religião muçulmana, que não tem, nem hoje nem ontem, nada de reprovável em si a não ser do ponto de vista etnocêntrico de quem quer impor a sua ordem e sua lógica das coisas, que na altura se chamava "colonialismo" . 

Infelizmente, não concordo com ele quando diz que "as populações manifestavam colaboração mas assumiam uma posição neutral em relação ao IN, de maneira a, agradando a uns, não desagradar aos outros".

Caro José Dinis, o comportamento das populações camponesas em todos os teatros de guerra é quase sempre a mesma, ou seja,  de quase neutralidade com o conflito em si. Isto é válido tanto em África como na Ásia ou América-latina, o grande Che Guevara também observou e escreveu sobre o mesmo assunto.

Não obstante, a posição das populações fulas durante a guerra era muito clara, tão clara que ficou escrito nos anais da história do PAIGC, de Cabral e da Guiné; tão clara que, logo depois da independência, a primeira medida que tomaram foi cortar a cabeça, aniquilar as chefias tradicionais e militares que lideraram a oposição e tomaram o partido da aliança com os portugueses. 

Durante a guerra, eu vivi sempre na charneira entre a população nativa e os militares portugueses e sempre pressenti esta desconfiança latente da tropa em relação às populações, e quase sempre, de forma absolutamente injustificada.

Os fulas, à semelhanca dos portugueses, foram ingénuos e não conseguiram fazer a leitura correta do sentido da história e pagaram por isso. No caso especifico dos fulas pode-se mesmo dizer que vão pagar, ainda, por muito mais tempo, incluindo várias gerações, por uma aliança onde nem sequer tinham o crédito que mereciam pela sua fidelidade.

Um grande abraço a todos,

Cherno Baldé 


2. Resposta de José Manuel Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71) [ na mesma data, em comentário no mesmo  poste P9522 :

Caro Cherno, Camaradas,

Muito obrigado pelo teu comentário esclarecedor em duas vertentes.



A primeira parte tem a ver com a grafia toponómica de Tabassai, geralmente expressa nas cartas geográficas por Tabassi.

Concordo com a tua ilação sobre um erro gráfico nas cartas (serão só as de origem portuguesa?) , hipótese que já me tinha colocado, e por essa razão tem-se perpetuado. Assim, talvez se deva chamar a atenção, não só para o Instituto Geográfico e Cadastral, como para o Departamento congénere do Exércto, e a autoridade da Guiné.

Quanto à segunda parte do teu comentário, apesar da tradicional colaboração, ou pretensa proteção dos Fulas em relação à antiga autoridade portuguesa, tive essa experiência por via de diferentes contactos, mas também me lembro de termos sentido alguma dificuldade em relação a alguns elementos da população, apesar de, no geral, serem de grande alegria e afabilidade as relações da tropa com a população. 

Por acaso, reporto-me a Tabassai, para referir que for transformada em aldeia em auto-defesa e, para o efeito, recebeu algumas armas G-3, praticamente novas. Todavia, apercebi-me de que as armas não eram vistas. Nunca observei algum popular com a sua arma. E tive até uma chatice com o chefe da tabanca, porque, mostrando-se solícito em busca dos elementos da auto-defesa, nunca encontrou algum, nem armas. 

Um dia, que tínhamos aprazado para o efeito,mostrou-se desdenhoso comigo, pelo que lhe retirei duas granadas que, na ocasião, ostentava à cinta. Dei conhecimento do facto ao capitão e desinteressei-me do caso. Sei que desautorizei uma autoridade, mas constava que as armas tinham levado sumiço, e contavam com a tradicional displicência dos portugueses. 

Seria de considerar, neste caso, pelo menos, uma atitude de diplomacia na aceitação das armas para a prática da auto-defesa, que nunca se concretizou enquanto lá estive.

Também sei que havia tropa que roubava bens à população, pelo que admito que houvesse diferentes estados de espírito nas relações da população com os portugueses.

Além disso, havia aldeias mescladas de raças, ou condicionadas por factores assistenciais ou de ordem económica e social, mais ou menos determinantes de emoções que condicionavam as relações. 

Mas registo a informação que prestaste, e afirmo a minha repugnância pelos actos de vingança gratuita que incidiram sobre famílias tão sofridas.

Um grande abraço
JD



3. Comentário do editor:


3.1. Na carta da "colónia da Guiné", de 1933, de que se publica acima um detalhe, o topónimo que está grafado é Tabassá... Em 1957, ficou grafado Tabassi, possivelmente por gralha tipográfica... A ser erro, como se deduz depois da convincente e erudita explicação do nosso amigo Cherno Baldé, a grafia tem-se mantido até hoje (nos mapas da Guiné-Bissau, nos mapas do Google...). Seri abom que alguém tomasse as necessárias porvidências para corrigir este erro.


Encontrámos duas fotos, com referência à Tabanca de Tabassi (sic), da autoria do nosso camarada Luís Guerreiro, publicados no blogue do Batalhão de Artilharia nº 2857 (Piche, 1968/70), a cujos editores (Pereira da Costa, Francisco Pereira e José Rocha) mandamos um fraternal abraço, extensivo ao Guerreiro, fotógrafo. (Recorde-se que o Luís, hoje a viver em Monte Real... do Canadá,  foi Fur Mil, CART 2410,  Gadamael, Ganturé e Guileje, e Pel Caç Nat 65, Bajocunda e Buruntuma, 1968/70).



Tabassai, 1970: uma terra de belas mulheres

Fotos: © Luis Guerreiro (2010). Todos os direitos reservados. (Por cortesia do blogue do Batalhão de Artilharia nº 2857 )

3.2. Sobre eventuais brechas na aliança dos fulas com os portugueses, leia-se o que escreveu o comando do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) na história da unidade:
Nota do editor:

(...) "As facilidades de transporte, o contacto íntimo com o militar europeu começa a desenvolver na juventude fula (os nossos milícias, os nossos soldados) uma certa atitude de contestação contra a sua situação de subalternidades no grupo social, apesar de constituir a principal fonte de recursos desse mesmo grupo social. E, na medida em que, por conveniência, apoiamos as suas estruturas, pode tal juventude de hoje, seus dirigentes de amanhã, acusar-nos de travar o seu progresso, apoiando o despotismo a que as estruturas a sujeitam, e criando assim uma brecha potencial por onde o PAIGC pode penetrar na lealdade Fula".(...) [Vd.  poste P6437]
 ________________



Último poste da série > 30 de novembro  de 2011 > Guiné 63/74 - P9117: (In)citações (36): Para melhor compreendermos a África... (Artur Augusto Silva, 1963)

sábado, 17 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9216: O nosso fad...ário (8): O Fado BART 2857: Parte II: a Cavalaria em Piche... (José Luís Tavares / Manuel Mata)


Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71> Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. O EREC 2640 tinham, segundo o relato do Manuel Mata, "oito Viaturas White"...  

A White, "rápida também em picadas, com bom poder de fogo devido ao carril onde as metralhadoras eram montadas, podendo deslocar-se para qualquer ponto frontal ou lateral da viatura, era ao mesmo tempo um excelente abrigo devido à sua forte estrutura metálica"... Ponto fraco: "tornava-se, porém, difícil a sua deslocação na época das chuvas"... Mas não só: (...) "começaram a ter problemas mecânicos, não havia material sobressalente em armazém, para reabastecimento, tendo esta situação levado a uma diminuição da nossa actividade operacional"... Razão por que no último trimestre de 1970, vieram à Metrópole um Alferes, o Primeiro-Sargento Mecânico, e cinco Praças, "afim de receberem cinco viaturas Chaimite, destinadas a este Esqadrão.  Havia uma certa expectativa pois eram as primeiras viaturas do tipo para o Exército Português".

 
Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados



Guiné > Zona Leste > Piche > BART 2857 (1968/70) > Aqui uma futebol era uma paixão...

Fonte: Album Picasa, do João Maria Pereira da Costa / Blogue BART 2857 (Com a devida vénia...)


1. O Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) tinha um pelotão destacado em Piche. Não teve, porém,  vida fácil,  apesar de ter "campo e piscina", e dar-se ao luxo de ter duas equipas de futebol, como se depreende das letras do radiotelegrafista Tavares... 

Leia-se aqui, a propósito,  um excerto da história desta garbosa subunidade de cavalaria, contada na I Série do nosso blogue pelo Manuel Mata:

(...) Mês de Outubro de 1970: O Pelotão destacado em Piche fez mais uma das muitas escoltas, a Nova Lamego, sofreu uma forte emboscada, as viaturas White reagiram de imediato pelo fogo e movimento. Uma delas foi atingida por sessenta tiros e um dos nossos atiradores teve uma reacção inesperada e de grande bravura, sai da viatura para o meio da picada de bazuca em punho, mantendo-se ali de pé até disparar todas as granadas que havia de momento...

"Apenas sofreu queimaduras ligeiras no rosto o nosso bravíssimo camarada Eduardo Pereira Subtil (mais conhecido pelo 'Minhoca'. Houve um outro militar ferido mas sem gravidade. As forças escoltadas sofreram um morto e sete feridos.


"Notava-se na zona um aumento significativo das ameaças e flagelações pelo IN, basta recordar o dia 25 de Outubro, mais uma em Piche sem consequências para o Pelotão Rec, mas o mesmo não aconteceu aos militares do Batalhão que sofreram um morto e um ferido, e também quatro feridos da população". (...)

Publicamos a II parte daquilo a que chamámos o Fado do BART 2857 (*), o batalhão que esteve em Piche, de Novembro de 1968 a Outubro de 1970, segundo nos confirma o nosso camarada J. M. Pereira da Costa, um dos administradores do blogue do BART 2857... 

Este batalhão era constituído pela CCS (Piche), CART 2438 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá) e CART 2440 (Piche).

Não sabemos se esta letra do Tavares chegou a ser musicada e cantada, em Piche e/ou em Bafatá... De qualquer modo achamos que vai bem com o Fado Corrido... Chamámos a esta 2ª parte, A Cavalaria em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (**) (LG).



2. Fado do BART 2857: Parte II: A Cavalaria em Piche

Piche tem campo e piscina,
Qu' já foi a inaug'ração,
São obras de grande valor,
Feitas pelo Batalhão.

Até parece mentira
Aquilo que eu vou contar,
O Batalhão fez um campo
P'ra  Cavalaria jogar.

A Cavalaria é um posto,
Já vem de tempos atrás,
Imaginem um Batalhão
Fazer um campo para nós.

Nós temos duas equipas,
Como toda gente as vê:
Temos a boa equipa A,
Não desfazendo na B.

Têm equipamento novo,
Que aquilo é um asseio,
E o dirigente da equipa
É o nosso alferes Feio.

São duas equipas rivais
Que mandam o seu respeitinho,
E, de árbitro permanente,
O nosso amigo Agostinho.

José Luís Tavares - Radiotelegrafista
1 de Julho de 1970

[Recolha: Manuel Mata, 2006]

[Revisão: LG]
__________________

Notas do editor:

(*) Vd, poste anterior da série > 13 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)

(**) Vd. I Série > 31 de Março 2006 > Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > Jardim da Bafatá > Eis o autor das quadras que aqui se publicam, buscando inspiração na espuma dos dias, o José Luís Tavares, sentado, à direita, sob a estátua de João Augusto Oliveira Muzanty, um dos pacificadores da Guiné tal como Teixeira Pinto. Primeiro tenente da Marinha,  foi governador do território entre 1906 e 1909.

O monumento a Oliveira Muzanty, inaugurado em 28 de Maio de 1950, foi obra do escultor António Duarte e do arquitecto Fernando Pessoa. Encontra-se hoje parcialmente destruído (só resta a base em pedra onde assentava a estátua do nosso antepassado).

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > O Manuel Mata em cima de uma Autometrelhadora Daimler.

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados


1. Manuel Mata é dos mais antigos membros da nossa Tabanca Grande. Na I Série do nosso blogue tem diversos postes publicados. Foi 1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 (, máquina de guerra que nem sequer havia no TO da Guiné...). É do meu tempo do leste: pertenceu ao Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71, e era amigo (e confidente) do velho Teófilo, do Café Teófilo.

Há cinco anos atrás, ele mandou-nos algumas quadras que foram agrupadas, com maior ou menor propriedade sob a designação de Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá. Foi a minha maneira de fazer uma pequena homenagem aos nossos camaradas da arma de cavalaria que penaram lá para os lados de Bafatá, Nova Lamego, Piche, Buruntuma... Também iam a Bambadinca, mas menos vezes. Bambadinca tinha o seu Pel Rec Daimler, que fazia o que podia (e podia pouco) para, com dignidade e coragem, ir aos pontos mais críticos e difíceis (sobretudo na época das chuvas) do Sector l1, como Mansambo, Xitole, Saltinho...

Do alentejano Manuel Mata, que vive no Crato, aqui vão algumas quadras do seu amigo José Luís Tavares, "homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais" (sic)... Ele fez, em 2006, questão de sublinhar que se destinavam aos "amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico-satírico"... 


Nunca cheguei a saber, junto dele, se na Cavalaria de Bafatá se cantava o fado... marialva ou não. Presumo que sim... Mas não tenho qualquer indicação de música de fado (ou outra) para acompanhar esta letra...  As quadras, com versos de 7 sílabas, são perfeitas (depois de um retoque final),  tocam-se com música de um fado tradicional, haja uma viola, um guitarra e uma garganta afinada. Pode ser o fado corrido, que casa bem com as quadras populares. Chamei-lhe nesta revisão o Fado do Bart 2857, com uma 1ª parte, Obras em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (*) (LG)


2. Fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche (***)

Aqui em Piche é mato,
Mas manga de animação,
Tem cá uma [bela] piscina,
Foi hoje a inuguração.

F'zeram várias brincadeiras
Que meteram muita graça,
Jogaram também f'tebol
E, ao fim, entrega da taça.

Foi um jogo de grande interesse,
Como já é natural,
Mas ao fim, em vez da taça,
Deram uma cerveja Cristal.

Vou dizer-lhes o resultado.
Só para nós em comum,
Que perderam os furriéis
Por nove golos a um.

Foi um jogo bem disputado,
Ouvi eu, numa entrevista,
Que mais par'cia uma final
Com Sporting e Boavista.

Passou-se isto a vinte e oito,
Mais nada, vou terminar,
E quanto à arbitragem
Acho que foi regular.

José Luis Tavares - Radiotelegrafista
28 de Junho de 1970


[Recolha: Manuel Mata] (**)

[Revisão /fixação de texto: L.G.]

__________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 9 de Dezembro de 2011 Guiné 63/74 - P9165: O nosso fad...ário (6): Fado Canção da Fome: Livrou o autor de levar uma porrada do célebre Pimbas (Manuel Moreira, CART 1746, Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69)


(**) Vd. I Série >
 Poste de 31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche

(***) Ao tempo do BART 2857 (Piche, 1968/70), que tem um blogue próprio, aqui. Pelo "slideshow" com fotos do João Maria Pereira da Costa, vê-se que era malta danada para jogar á bola...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8553: Convívios (362): 7.º Encontro da CART 1742 (Os Panteras), dia 28 de Maio de 2011, em Leça da Palmeira (Abel Santos)

1. No passado dia 28 de Maio de 2011, realizou-se em Leça da Palmeira o 7.º Encontro da CART 1742 (Os Panteras) que esteve em Nova Lamego e Buruntuma nos anos de 1967/69. 

Foi a segunda vez que este convívio se realizou nesta localidade, com a organização do nosso camarada Abel Santos.

Do acontecimento se publicam as fotos que se seguem:



Alguns dos bravos ex-combatentes da CART 1742 junto às muralhas do Forte de Nossa Senhora das Neves, habitual ponto de encontro nestes acontecimentos.

Fotografia de família da CART 1742 a renovar no próximo Encontro

Momento da Missa em sufrágio dos camaradas da CART 1742 falecidos, celebrada na Capela dos Ruas.

Finda a Missa, o pessoal deslocou-se para o Cemitério n.º 1, anexo à Igreja Matriz, aproveitando para apreciar um paquete de passageiros atracado na Doca 1 Norte do Porto de Leixões.

Chegada ao adro da Igreja Matriz de Leça da Palmeira

Chegada ao cemitério. O guião da CART 1742 transportado pelo nosso camarada Abel Santos

Abel Santos no uso da palavra antes da homenagem aos camaradas falecidos e da deposição de uma coroa de flores na base do Memorial aos Combatentes

Coroa de flores que marcou a passagem do pessoal da CART 1742 por Leça da Palmeira

Seguiu-se o almoço de que se não publicam mais fotos pela má qualidade que apresentam

Obs1 - Fotos feitas a partir do DVD da reportagem feita ao acontecimento pela JAVIDEO, com o nosso agradecimento pela autorização expressa da respectiva publicação.

Obs2 - Sobre a  CART 1742 (que também esteve em Buruntuma e de quem gostaríamos ter cá alguém, na nossa Tabanca Grande), ver o resumo da sua actividade operacional no sítio do BART 2857, donde reproduzimos com a devida vénia os seguintes elementos informativos:

(i)  Companhia independente, foi mobilizada pelo RAL 5 (Penafiel) partiu para o CTIG em 22/7/1967, tendo chegado a  Bissau a 30;

(ii)  Esteve em Bissau, Nova Lamego e Buruntuma;

(iii) Teve um único comandante:  Cap Mil Inf Álvaro Lereno Cohen;

(iii) Em 14 de Setembro de 1967 é atribuída ao Batalhão que comanda o Sector de Nova Lamego (BART 2857)  para a missão de intervenção e reserva do Sector.

(iv) Tomou parte em Operações realizadas nas Zonas de Ganguiró, Canjadude, Cabuca e Sinchã  Jobel;

(v) Fez escoltas a colunas para Béli, Cheche e Madina do Boé;.

(vi) Não se conseguimos apurar desde quando esta CART 1742, foi deslocada para Buruntuma;

(vii) "Revelou-se prejudicial o facto de não se estabelecer uma data definitiva e única para a rendição das subunidades; assim sucedeu com a da CART 1742, levada a cabo durante vários dias, sendo afectado o moral do pessoal e o das suas famílias" (sic);

(viii) "Iniciada [a rendição] em 18 de Maio de 1969, só terminou a 29 de Maio de 1969, data em que a CART 2338, assumiu o Comando do Sub-Sector de Buruntuma".

(ix) Regressou  à Metrópole em 20 de Junho de 1969.


(...) ACTIVIDADE OPERACIONAL NO SECTOR L4 (zona Leste) na Dependência do BART 2857

A CART 1742, com sede em Buruntuma, fica também a depender, operacionalmente do Batalhão de Artilharia n.º 2857, dado o facto de estar incluída no Sector L4 (zona Leste) do mesmo.

Tem destacamentos em Ponte Caium e Camajabá e adstritos o Pel Mil  151 (Buruntuma) e Pel Mil 154 (Camajabá).

O 3.º Pel Art encontra-se em reforço a esta CART 1742. (...).
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8551: Convívios (355): 6º. Encontro da CCAÇ 1426, 9 de Julho, em Cuba (Fernando Chapouto)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6910: Falando do BART 2857, da CART 2479, da CART 11 e da CACAÇ 11 (J. M. Pereira da Costa)

1. Mensagem de João Maria Pereira da Costa, um dos fundadores e administradores do blogue BART 2857.


Data: 16 de Janeiro de 2010


Assunto: GUINÉ 63/74 - P1015: CART 2479, CART 11 E CCAÇ 11 (ZONA LESTE, GABU, SUBSECTOR PAUNCA)

Sou Pereira da Costa, ex-furriel miliciano, Oper Info/CIOE,  da CCS/BArt 2857, em Piche
Sou um dos iniciadores, administradores e moderadores do blogue BArt 2857.

Caro Luis Graça, como foi quem colocou esta mensagem, pelo que lerá ao longo deste email, compreenderá as razões do mesmo.

O que o Carlos Marques dos Santos diz faz sentido,  que a CArt 2479, de Renato Monteiro desse origem à CCaç 11. O que posso complementar é que a CArt 2479 ou CArt 11 ou CCaç 11, esteve sediada em Piche, por período que,  de momento, não tenho elementos para o confirmar, pois aguardo que o Arquivo Militar me entregue uma cópia da História da Unidade do BArt 2857, que requisitei.

O Zé Teixeira diz que da História da CArt 2479 consta:

 Em Contuboel ministrou instrução a naturais de etnia fula criando uma sub-unidade mista que se transformou numa Companhia de Intervenção, formando a partir de Janeiro de 1970, CArt 11. Posteriormente terá passado a CCaç 11 a partir de Outubro de 1972. 

É bem possível, pois no período em que o BArt 2857 esteve em Piche, de Novembro de 1968 a Outubro de 1970, lembro-me da CArt 2479 e ouvir falar em CArt 11.

O que o Albano Costa diz tem coerência e até tem elementos que o confirmam.

Agora sou eu,  Pereira da Costa: vou ter que ler as histórias do Renato Monteiro e a História da Unidade da CArt 2479, se alguém me facultar, pela razão que vou descrever.

O BArt 2857 iniciou o seu próprio blogue [, em 20 de Setembro de 2009] (**). Acompanhamos outros, em especial, o vosso que me caiu de pára-quedas no meu email.

Estamos a preparar publicações entre elas uma de um acidente ocorrido, em 05/07/1969, na estrada Dunane/Canquelifá por accionamento de minas A/C sob Unimogs, onde estiveram envolvidas forças da CArt 2439, sediada em Canquelifá, pertencente ao BArt 2857 e forças da CArt 2479 / CART 11; pelo facto ocorreram mortos e feridos em número elevado, em ambas as forças com mais peso na CArt 2479 (pessoal ultramarino).

A publicação será em memória de um 1.º Cabo da CArt 2439, porque quando a lerem compreenderão a razão. Contudo não queremos esquecer os africanos e um metropolitano da CArt 2479. Para isso para além de informação e fotografias que já possuímos, gostariamos de as ter da CArt 2479, pois esta esteve como Companhia de Intervenção durante certo tempo (???)  adstrita ao BArt 2857, em Piche. (*)

Apelo a quem puder contribuir com informação e fotografias que o faça ou indique os contactos para as obter.

Um grande abraço de camaradagem ao Luís Graça que não tenho o prazer de o conhecer e muita força e coragem para transmitirmos todo aquele período que para alguns nunca existiu !!!!

Obrigado
Pereira da Costa


2. Comentário de L.G.:



Meu caro J. M.Pereira da Costa: Dei conta, só agora, da tua mensagem encalhada há muito nos postes por publicar... O teu pedido, no entanto, continua actual e peço aos nossos camaradas - nomeadamente aos que pertenceram à CART 2479 / CART 11, no período em questão (1969/70) - para te fornecerem os elementos pedidos...

Por outro lado quero-te dar os parabéns que criação e animação do blogue referente ao vosso batalhão, que vou passar a seguir. E desejar-vos uma bela festa de convívio, em Penafiel, no próximo dia 16 de Outubro. Fará então 40 anos que vocês regressaram da Guiné. Os meus parabéns por estas iniciativas.

Um terceiro ponto: quero-te  convidar pessoalmente para ingressares na nossa Tabanca Grande, o que não te impedirá de continuar a liderar o teu/vosso blogue. Vamos a caminho do meio milhar de membros da Tabanca Grande que, como tu sabes, reúne sob um vasto poilão, centenário, simbólico, os amigos e camaradas da Guiné... 

Queremos reforçar a presença da malta que, como tu, esteve no nordeste da Guiné, no sector de Piche. Basta-te, no teu caso, o envio de duas fotos, uma actual e outra do tempo da tropa. Um Alfa Bravo. Luís
_____________


Nota de L.G.:

(*) O BART 2857 (1968/70) era constituído pelas seguintes subunidades:  CCS (Piche), CART 2438 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá) e CART 2440 (Piche). 

O pessoal deste batalhão vai realizar, em Penafiel, no próximo dia 16 de Outubro, a festa de confraternização do 40º aniversário do seu regresso da Guiné.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4811: Informações adicionais ao Poste 4800 (Hélder Sousa)

Hélder Valério (*), ex-Fur Mil de Transmissões TSF, Piche e Bissau, 1970/72, deixou este comentário no poste "Guiné 63/74 - P4800: Em busca de... (85) O Fiat do..." (**):

Caros amigos e camaradas, em particular o José Rocha, das Transmissões do BART 2875 de Piche.
Não sou a pessoa mais indicada para responder às dúvidas que ele apresenta e mesmo um ou outro aspecto não entendo bem.
No entanto vou tentar alinhar algumas informações/respostas que podem ajudar.

Na área onde o José Rocha esteve, Piche, já pudemos ler aqui no Blogue que a organização territorial mudou à medida da evolução do esforço de guerra e das suas vicissitudes. Não indo mais atrás no tempo, temos que o BART 2857, esteve na zona de 68 a 70, sendo depois substituído de 70 a 72 pelo BCAV 2922, o qual, por sua vez foi substituído pelo BCAÇ 3883. Os dois últimos Batalhões tinham como área, para além da "sede", Piche, Companhias colocadas em Buruntuma e Canquelifá e seus Destacamentos, sendo que o do José Rocha também tinha inicialmente Bajocunda, salvo erro.

Também se fala muito de Copá, que pertencia organizacionalmente a Pirada, mas que, segundo o livro/relato da história da CCAÇ 3545 feito e publicado por Fernando Sousa Henriques, Alf Mil Op Esp daquela Unidade, como ficava no limite da sua área de intervenção, era algumas vezes apoiada por eles.

Sobre os "comentários sobre Canquelifá de 72/74 feito por pessoas que nunca lá puseram os pés", não sei bem a que é que o José Rocha se refere, mas é realmente verdade que há um P1216 (***) de António Santos, das Transmissões do Pelotão de Morteiros 4574/72 que na época estava adstrito ao Batalhão sediado em Nova Lamego e que diz: "Copá foi extinto em 14 de Fevereiro de 1974, após violentas flagelações, Mareué idem em 11 de Março de 1974, mas o aquartelamento mais sacrificado foi o de Canquelifá, que sofreu flagelações a toda a hora. Neste caso a arma mais utilizada foi o morteiro 120, e houve abrigos que não resistiram.

A 20 de Março de 1974, entrou em cena o Batalhão de Comandos Africanos, com as três Companhias que dele faziam parte integrante. Saíram de Nova Lamego em coluna composta por viaturas militares e civis e dirigiram-se para o local. A operação durou 3 dias, de 21 a 23 de Março 1974. Segundo os canhenhos militares, capturaram 3 Morteiros 120, 1 RPG, 2 espingardas, 367 granadas de Morteiro e deixaram 26 mortos do lado IN (do nosso lado nada dizem)...

Mas cá o rapaz, no dia 22 [de Março de 1974], como não fazia nada, e porque o condutor da ambulância era do meu pelotão e foi chamado à pista, eu fui com ele. Chegados ao local, era um vaivém de helicópteros que traziam mortos e feridos. Eu dei uma mãozinha para pegar nas macas. Retirava dos helis e, segundo instruções do médico, ora pousava na pista (estava morto), ora colocava num Dakota que estava logo ali (estava muito ferido)... Vi pernas destroçadas por estilhaços de não sei de quê!"

Calculo que a referência aos tais "comentários sobre Canquelifá por pessoas que nunca lá puseram os pés" seja, de facto, retativa ao que o António Santos relata, mas fico sem saber se o que o José Rocha pretende é algum tipo de esclarecimento sobre o que o António Santos diz, por se estar a falar dum local que em tempos anteriores tinha pertencido à área de acção do Batalhão do José Rocha e ele, José Rocha, não ter tido conhecimento (o que o A. Santos refere é passado em Março de 74...) ou porque a "coisa" lhe parece "mal contada".

Nessa época eu também já não estava na Guiné, por isso só posso "ajudar" relatando o que a propósito está no tal livro com a história da CCAÇ 3545, Companhia que estava em Canquelifá, e que diz, para esse dia:
"A 22 de Março, pelas 08H30, um grupo IN, estimado em mais de 200 elementos, emboscou uma coluna constituída por duas Chaimites, uma White, três Berliet e quatro Unimog, no itinerário Piche-Nova Lamego, na região de Bentem, causando às NT 6 mortos, 15 feridos graves e 3 feridos ligeiros, que se discriminam a seguir".

No livro referido ("No Ocaso da Guerra do Ultramar", de Fernando de Sousa Henriques) apresentam-se então os nomes dos vitimados, que foram:

- mortos:
Fur. Manuel Joaquim Sá Soares, responsável pela Chaimite;
Fur. José António Teixeira, responsável pela White;
Sold. Vítor Manuel Jesus Paiva;
Sold. João da Costa Araújo;
Sold. Bambo Nanqui;
Sold. Bailo Baldé.

- feridos graves:
Fur.Carlos Manuel Fanado (ficou sem as duas pernas);
Fur. Carlos M. Charifo;
Fur. Cherno Jaló;
1.º Cabo Manuel da Silva Saavedra;
1.º Cabo Silvino Neto de Matos;
1.º Cabo José Bacar Sané;
Sol. Adelino Dias;
Sold. Numar Camará;
Sold. Carlos Alberto Queba;
Sold. Braima Balde;
Sold. Seco Maru Baldé;
Sold. Rachide Bari;
Sold. Ingala Embaló;
Sold. Pedro Dias;
Sold. Ba Turé.

- feridos ligeiros:
Fur. Pedro Manuel dos Santos;
Sold. Joaquim Rolando Pinto;
Sold. Domingos Dias Salgado.

Após a listagem das nossas baixas, o relato remata com "nesta forte emboscada, em que o IN, que se encontrava instalado do lado Sul da estrada e com elementos seus em cima das árvores, sujeitou toda a coluna a intenso fogo de RPG-2 e RPG-7, assistiu-se, logo de início, à destruição de 1 viarura Chaimite, que ardeu juntamente com o condutor e o Furriel que a comandava, de 1 White e de 1 Berliet. O IN capturou ainda 3 espingardas G3, 1 metralhadora HK21 e 1 Racal TR-28. De registar o facto de o 1.º Cabo Augusto Nunes da Graça ter resgatado da Chaimite, já em chamas, o Capitão Fernando Ferreira e o Furriel Pedro Santos".

Espero que estes dados possam ajudar o António Santos a dar corpo à notícia que tinha dado antes sobre as consequentes evacuações a partir de Nova Lamego e que possam também satisfazer as dúvidas do José Rocha.

Aproveito para relembrar o José Rocha que ao tempo dos acontecimentos acima descritos a estrada Piche-Nova Lamego já era toda alcatroada e bem desmatada em ambos os lados, o que dava uma (falsa) sensação de segurança, pela ideia que se tinha que seria possível ver á distância qualquer problema que o IN eventualmente pretendesse colocar.

Isto que acima relatei foi o que aconteceu em parte do 1.º trimestre de 74, sendo que no que diz respeito aos tempos de 70-72, ou seja do Batalhão que sucedeu ao do José Rocha, isso já está no que o Francisco Palma escreveu.

No que diz respeito à questão do Fiat abatido, na zona, tudo o que li, no Blogue e no livro que dei conta, foi de facto em 31 de Janeiro de 74. O mês de Março foi também muitas vezes indicado como um mês funesto para a nossa FA, por força dos abates de Fiat's, mas em 1973, nunca vi nada referido a 74, mas também não consigo ler tudo.

Relativamente à história do piloto do avião abatido em 31 de Janeiro, que andou pelo Senegal, utilizou bicicleta, passou por Dunane e foi até Piche, já foi tudo contado, recontado e reafirmado.

Espero ter ajudado.

Um abraço
Hélder S.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4593: Controvérsias (22): As influências dos grandes mestres (Hélder Silva / José Brás)

(**) Vd. poste de 8 de Agsoto de 2009 > Guiné 63/74 - P4800: Em busca de... (85) O Fiat do Pilav Gil foi abatido em Janeiro ou em Março de 1974? (José Rocha)

(***) Vd. poste de 27 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1216: A batalha (esquecida) de Canquelifá, em Março de 1974 (A. Santos)

sábado, 16 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4356: Fichas de Unidades (2): BART 2857 (Sector L4), CART 2428 (Bajocunda), CART 2439 (Canquelifá), CART 2440 (Piche) (José Martins)

BATALHÃO DE ARTILHARIA 2857 

Unidade Mobilizadora: Regimento de Artilharia Ligeira nº 5 – Penafiel 

Comandante: Tenente-coronel de Artilharia José João Neves Cardoso 
                         Major de Artilharia Rui Pereira dos Santos 

2º Cmdt: 
Major de Artilharia Carlos Alberto de Castro Silva Gaspena 
Major de Artilharia António Nunes de Carvalho Pires 

Oficial de Informações e Operações/Adjunto: 
Capitão de Artilharia Orlando dos Santos Dias

Companhia de Comando e Serviços (CCS): 
Capitão de Artilharia José Vítor dos Santos Almeida 

Companhia de Artilharia nº 2438: 
Capitão de Artilharia Luís Carlos Santos Veiga Vaz 

Companhia de Artilharia nº 2439: 
Capitão Miliciano de Artilharia António Regência Martins Ferreira 
Alferes Miliciano de Infantaria Vítor José Monteiro Gouveia 
Capitão de Infantaria Manuel Maria Pontes Figueiras 
Alferes Miliciano de Infantaria Vítor José Monteiro Gouveia 

Companhia de Artilharia nº 2440: 
Capitão Miliciano de Artilharia Carlos Manuel Paquim da Costa 

Partida Embarque em 09 de Novembro de 1968 
Desembarque em 15 de Novembro de 1968 
Regresso em 05 de Outubro de 1970

Síntese da Actividade Operacional

Batalhão de Artilharia Nº 2857 
 
Em 24 de Novembro de 1968, assumiu a responsabilidade do Sector L4 (zona Leste) com sede em Piche, então criado por subdivisão da zona de acção do Batalhão de Caçadores nº 2835 (Nova Lamego), com sede em Piche e englobando os subsectores de Piche, Buruntuma, Canquelifá e Bajocunda, este até 27 de Junho de 1970, por ter passado então à responsabilidade do Comando Operacional Temporário nº 1 (COT 1); de 15 de Março de 1969 a 11 de Outubro de 1969, o batalhão foi integrado no Comando Operacional nº 5 (COP 5), então criado. 

Desenvolveu intensa actividade operacional, orientando o seu esforço para a realização de patrulhamentos, emboscadas e protecção e segurança dos itinerários e das populações da área, com especial incidência na reacção a fortes ataques aos aquartelamentos e povoações, desencadeados a partir de bases de fogo no exterior do território. 

Da sua actividade ressalta a detecção e destruição de 27 minas e a detecção e levantamento de mais 67. 

Em 12 de Agosto de 1970, foi rendido no sector de Piche pelo Batalhão de Cavalaria nº 2922, recolhendo em 28 de Agosto de 1970, a Bissau, afim de aguardar o embarque de regresso. 

Companhia de Artilharia nº 2438

Seguiu em 18 de Novembro de 1968 para Bajocunda, a fim de render a Companhia de Caçadores nº 1683, assumindo, em 25 de Novembro de 1968, a responsabilidade do subsector de Bajocunda, com um pelotão destacado em Copa, ficando integrada no dispositivo de manobrado seu batalhão e depois do COT 1. 

Em 15 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Caçadores nº 2679, por troca, permanecendo, no entanto, em Bajocunda, em reforço do COT 1, até 21 de Setembro de 1970, após o que recolheu a Bissau, a fim de aguardar embarque de regresso.

Companhia de Artilharia nº 2439

Seguiu em 26 de Novembro de 1968 para Canquelifá, a fim de render a Companhia de Artilharia nº 1689, assumindo, em 01 de Dezembro de 1968, a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Dunane e ficando integrada no dispositivo de manobrado seu batalhão; em 03 de Abril de 1968 o pelotão destacado em Dunane recolheu à seda da subunidade, tendo sido deslocado por curtos períodos para Piche, em reforço da guarnição local. 

Em 21 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Cavalaria nº 2748 e deslocou-se para Bissau, por fracções, a fim de aguardar embarque de regresso, tendo entretanto dois pelotões permanecido na zona Leste, em reforço temporário das guarnições de Nova Lamego e Canquelifá, até 20 de Setembro de 1970.

Companhia de Artilharia nº 2440

Seguiu em 22 de Novembro de 1968 para Piche, a fim de render a Companhia de Caçadores nº 2403, assumindo, em 01 de Dezembro de 1968, a responsabilidade do respectivo subsector, ficando integrada no dispositivo de manobrado seu batalhão. A partir de 06 de Julho de 1969, destacou um pelotão para a ponte do rio Caium e desde finais de Janeiro de 1970, outro pelotão para segurança e protecção dos trabalhos de construção e reordenamento de Cambor. 

Em 12 de Agosto de 1970, foi rendida no subsector pela Companhia de Cavalaria nº 2749 e enquanto dois pelotões seguiram desde logo para Bissau e Bolama, deslocou-se para Nova Lamego afim de reforçar temporariamente o Batalhão de Caçadores 2893, até 20 de Setembro de 1970, e após o que recolheu igualmente a Bissau, afim de aguardar o embarque de regresso. 

Observações – Tem história da unidade, que pode ser consultada, no Arquivo Histórico Militar (caixa nº 119- 2ª Divisão – 4ª Secção). 

Texto retirado do 7º Volume – Fichas das Unidades – Tomo II - GUUNÈ - da Resenha Histórico Militar das Campanhas de África, edição do Estado Maior do Exército. 

(José Martins) 
_________   

Nota de M.R.:  

Vd. Primeiro poste da série em: 

terça-feira, 3 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3971: História da CCAÇ 2679 (14): Operação Equino Salto, 28 de Maio de 1970 (José Manuel Dinis)

1. Mais um episódio da História da CCAÇ 2679 enviado, em mensagem com data de 23 de Fevereiro de 2009, pelo nosso camarada José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil (CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71).



Algures no Seli

Cortei um pedaço de casqueiro, passei-o pelo fundo da lata de chouriço absorvendo o óleo, salgado e aromático, levando-o à boca de seguida, para o mastigar lentamente, saboreando-o e prolongando a gulozeima do chouriço que acabara de comer. Sem preocupações ecológicas, deixei a lata vazia de lado, entre as folhas caídas que revestiam o solo fresco da margem, perto da confluência do rio Seli com o Corubal.

Abri a camisa e espreguicei-me junto a uma árvore, onde achei uma posição agradável, meio deitado, que me permitia apanhar algum sol, rarefeito pela folhagem das árvores e que proporcionava um calor aprazível. Pretendia aproveitar a pausa do almoço para descansar prazenteiramente, como quem o faz num piquenique. Neste ripanço, apreciava a flora envolvente, quando me dei conta de que os elementos do BArt se movimentavam com algum alvoroço, abandonando as posições que ocupavam, no sentido do regresso.
Estranho, muito estranho.

Levantei-me e chamei por um furriel que, nervoso, também tratava de se pôr ao fresco. Indaguei o que se passava e o tipo mal articulava a resposta, referindo-me que eles estavam ali.

Onde? - Perguntei.

Respondeu ali, apontando numa direcção no meio do arvoredo, onde não distingui nada. Porra, olha ali dois gajos com farda amarela, acrescentou.
Perguntei-lhe porque se movimentavam.
Vamos embora, antes que caiam morteiradas, e virou-me as costas para desandar.
Não vi nada, nem ninguém, mas não perdi tempo, já que aquele Pelotão desaparecia em direcção contrária relativamente às posições do Foxtrot.

Alertei o pessoal, mas o Pauleiro estava afastado, de castigo, no sentido em que diziam estar os turras. Fui lá chamá-lo. O Pelotão já estava equipado, pronto para andar. Nada como as emergências para que o pessoal se mostre eficaz.

Adeus Séli, que hoje não sobra tempo para mais turismo. Perseguimos o grupo fugitivo, em passo de corrida, pelo trilho que nos tinha trazido àquele lugar. Estava tudo doido, mas logo os alcançámos. Durante o percurso pensava que seriam poucos os elementos IN a estar ali e que não nos teriam referenciado, ou não estariam tão expostos, logo, a ser verdade, poderíamos e deveríamos ter agido diferentemente. Provavelmente, resultado da avaliação ainda saltitante de um pira, comparada com a decisão dos artilheiros em fim de comissão. Nada a fazer, porém senão acompanhar esses malucos, que arrancaram à papo-seco, nas tintas para nos avisarem.

No toc-toc da correria, só parávamos para assistir e ajudar os que desfaleciam.
Sim senhor, estava ali uma tropa de truz. Distribuiram-se armas, mochilas e cartucheiras pelos que revelavam melhor condição física. Foi a aparentar alguma relutância e com reparos que aceitei prestar ajuda.
Do Foxtrot só o Jesus, bastante corpulento, revelou sinais de cansaço. Pudera, tanto corpo para um coração normal! Também o aliviámos.

À aproximação de Piche, parecia que vínhamos do fim do mundo. Exaustos e sofridos, alguns acabaram a caminhada seguros pelas axilas. Da História da Companhia consta a seguinte resenha:

28MAI70 - Uma força constituída por um grupo de combate da CART 2440 e um Grupo de Combate da Companhia, reforçados por duas Secções de Milicia, dão início à Op."EQUINO SALTO" - patrulhamento de combate com o seguinte itinerário a percorrer:

PICHE - PANGHOR - MADINA TAMBACHÁ - Ao longo do R.BAMBADALÁ - R.JUBA - R.QUENECO - Confluência do R.MONDEJUBA com R.SELI - Ao longo do R.SELI - Confluência do R.COBANCARA/R.SELI - R.SUTUCÓ - PICHE.
Pelas 20H00 é interrompida e termina a Op. "EQUINO SALTO", em virtude da necessidade de evacuação para o aquartelamento de 7 doentes do Grupo de Combate da CART 2440, que nela tomara parte. Não se registaram até ao momento da interrupção da Operação quaisquer contactos nem vestígios IN.

Curioso o relatório.

Movimentos de pessoal até Maio de 1970

O mês de Maio ficou marcado por duas baixas ao efectivo: o Capitão António Oliveira, evacuado por doença, que não teve intervenções de registo e, por isso, não deixou marca especial, bem como, oficialmente, o Alferes Eduardo Guerra, acarinhado comandante do Foxtrot. Pela importância que possa ter tido, outro registo que faço refere-se ao Sargento José Vieira de Sousa, em funções de Primeiro, que sem ter sido abatido à Companhia, foi para Bissau, onde cumpriu o resto da comissão. Indivíduo que dava mostras de competência e humanidade, terá sido requisitado durante a nossa permanência em Piche como força de intervenção adstrita ao BArt 2857, do qual dependíamos operacional e administrativamente. Pode ter sido uma baixa de vulto, como em próximos episódios se verificará. De facto, o remanescente Segundo, e mais tarde o ingresso do Primeiro, em nada beneficiaram a Unidade, pois a partir da quadrícula organizaram-se em regime de auro-governação, associados ao novel capitão, originando prejuízos para o Estado e deprimindo as condições gerais da vida do pessoal.

O 1.º Cabo MAR António João C. Robalo, a quem estou em dívida de gratidão por ter composto uma viatura que eu espalhei, e que já não reencontrei em Piche após diligências noutro aquartelamento, foi evacuado para o HMP por doença.

Também o Azevedo, meu companheiro Foxtrot, teve um problema durante uma saída, constatando-se a dificuldade para as caminhadas no mato, mas não foi substituído, embora tenha permanecido com reserva da actividade operacional. Isto aconteceu por uma questão de camaradagem, pois era intenção dos furriéis regressarmos todos juntos.

Em Abril de 1970 chegou à Companhia o 1.º Cabo José de Sousa Matos, que mais tarde integraria o Foxtrot a contento, bem como os Soldados de Transmissões, o José da Silva Teixeira, o José Luís Ramos e o José Eduardo S. Coelho.

O Mario

A fotografia tirada a bordo do Uíge, a caminho de Bissau, retrata, da esquerda para a direita, o irmão gémeo do Mário, com destino a Cabuca, o Faria, o Valentim, o Mário e o Dinis. De pernas flectidas, o Virgílio Fernandes, estes, elementos do Foxtrot. Bem dispostos, pois claro!

Este bom rapaz que desenvolvia uma actividade administrativa no orgão regulador do turismo na Madeira, era muito delicado nas relações, cauteloso com as suas obrigações e elemento opinativo sobre diferentes situações que ao pessoal dissessem respeito. Madeirense orgulhoso, estaria mais vocacionado para os afazeres civis, do que para a rude vida de operacional, onde, quase sempre, se manifestou com punhos de renda.

Aguentou tudo, claro. E ainda contribuíu para a tranquilidade do Pelotão, quando passávamos noites no mato, porque o Mário não dormia, era um verdadeiro vigilante das noites, que nem por isso lhe aleravam o humor.

Embarcou para a Guiné com o seu irmão gémeo, ele com destino a Cabuca e safaram-se das missões que lhes foram cometidas, pelo que regressaram juntos e felizes ao convívio com os pais.

O Mário, pelas suas qualidades de sensatez e responsabilidade, sem se ter distinguido especialmente, foi um esteio para a consolidação do espírito Foxtrot.

(JMMD)
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3834: História da CCAÇ 2679 (13): Imagens de Nova Lamego (José Manuel Dinis)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3810: Copá, abandonado em 14/2/1974 (José Martins) (3): Unidades de comando em Bajocunda

Continuação da publicação do trabalho de pesquisa do nosso camarada José Martins (*):

Copá, na fronteira com o Senegal (1965-1974) - Parte III: Unidades de comando no subsector de Bajocunda (**)

Unidades de comando:

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 506 (BCAÇ 506, 1963/65)

Mobilizado no Regimento de Infantaria 2, em Abrantes, desembarcou em Bissau em 20 de Julho de 1963, recebendo os elementos do recompletamento do BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 238, que rendeu, assumindo a mesma zona de acção, que passou a ser designada por sector D.

Em 1 e 8 de Agosto de 1963 e 8 de Julho de 1964, foram criados no sector, pela chegada de novas unidades, os subsectores de Piche, Xitole e Fajonquito. A zona de acção foi reduzida em 24 de Agosto de 1964 dos subsectores de Bambadinca e Xitole, e aumentada do subsector de Pirada (onde se incluía Bajocunda) em 29 de Outubro de 1964.
Em 11 de Janeiro de 1965 a zona D passou a designar-se por Sector L2, abrangendo os subsectores de Bafatá e Fajonquito.

Foi rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 757 em Bafatá e regressou à metrópole em 29 de Abril de 1965.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 512 (BCAÇ 512, 1963/65)

Foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 7, em Leiria e desembarcou em Bissau em 22 de Julho de 1963, composto por Comando e Companhia de Comando e Serviços.

Em 20 de Agosto de 1963 seguiu para Mansoa para preparar a sua zona de acção – Sector C - cuja responsabilidade assumiu em 1 de Setembro de 1963, englobando as companhias estacionadas nos subsectores de Mansoa, Mansabá, Bissorã e Farim, sendo acrescentados os subsectores de Enxalé e Bigene em 08 e 23 de Dezembro de 1963.

Por remodelação do sector, foi reduzido em 23 de Maio de 1964 dos subsectores de Farim e Bigene e em 31 desse mês foi reduzido dos subsectores de Mansabá e Bissorã.

Em 22 de Julho de 1964 foi substituído pelo Batalhão de Artilharia nº 645, tendo sido deslocado para Bissau (Brá) onde assumiu a responsabilidade da segurança do Centro de Instrução de Comandos.

Em 29 de Dezembro de 1964 foi transferido para o então criado sector L3, com sede em Nova Lamego e abrangendo os subsectores de Nova Lamego, Piche e Pirada, assumindo a responsabilidade do mesmo em 11 de Janeiro de 1965.

Foram criados, sucessivamente os subsectores de Canquelifá em 25 de Fevereiro de 1965, de BAJOCUNDA em 11 de Março de 1965, de Madina do Boé e o de Buruntuma em 23 de Maio de 1965, estes três subsectores foram criados com recurso a unidades de intervenção do Comando-Chefe.

Foi rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 705 em 1 de Junho de 1965, regressando a Bissau, onde embarcou de regresso em 12 de Agosto de 1965.

BATALHÃO DE CAVALARIA Nº 705 (BCAV 705, 1964/66)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria 7, em Lisboa, desembarcou em Bissau em 24 de Julho de 1964, ficando nesta cidade como força de intervenção às ordens do Comando– Chefe, sendo as suas companhias atribuídas como reforço e para realização de operações noutros sectores.

Em 15 de Fevereiro de 1965 foi deslocado para Bafatá, onde comandou a actividade operacional das suas companhia e preparou a rendição do Batalhão de Caçadores nº 512.

Em 1 de Junho de 1965, rende o Batalhão de Caçadores nº 512, estacionado em Nova Lamego, e assume e responsabilidade do Sector L3, que inclui os subsectores de Pirada, BAJOCUNDA, Canquelifá, Buruntuma, Piche, Madina do Boé e Nova Lamego

Em 1 de Maio de 1966, rendido pelo Batalhão de Caçadores nº 1856, regressa a Bissau, embarcando de regresso à metrópole em 14 de Maio de 1966.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 1856 (BCAÇ 1856, 1965/67)

Mobilizado do Regimento de Infantaria nº 1, na Amadora, desembarcou em Bissau em 6 de Agosto de 1965, ficando aquartelado em Brá (Bissau), às ordens do Comando – Chefe, orientado para a zona Leste, sendo as suas subunidades atribuídas de reforça a outros batalhões para diversas operações.

Em 2 de Março de 1966 o comando instalou-se em Nova Lamego, enquanto a Companhia de Comando e Serviços era instalada em Piche até 23 de Abril de 1966.

A 1 de Maio de 1966 e substituindo o Batalhão de Cavalaria nº 705, assumiu a responsabilidade do Sector L3, que englobava os subsectores de BAJOCUNDA, Canquelifá, Piche, Buruntuma, Madina do Boé e Nova Lamego.

Rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 1915, tendo embarcado para a metrópole em 15 de Abril de 1967.

BATALHÃO DE CAVALARIA Nº 1915 (BCAV 1915, 1967/69)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 14 de Abril de 1967, não dispondo de companhia operacionais no seu quadro orgânico.

Em 15 de Abril de 1967 rende o Batalhão de Caçadores nº 1856, assumindo o Sector L#, sedeado em Nova Lamego, ao qual pertenciam os subsectores de BAJOCUNDA, Canquelifá, Buruntuma, Piche, Madina do Boé e Nova Lamego.

Em 1 de Julho de 1967 o subsector de Piche foi integrado no Sector L3, tendo sido retirado ao Sector do Batalhão de Caçadores nº 1877.

Foi rendido pelo Batalhão de Caçadores nº 1933 e transferido para o Sector O1, com sede em Bula. Em 18 de Fevereiro de 1969 foi rendido pelo Batalhão de Caçadores nº 2861 e regressou à metrópole em 03 de Março de 1969.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 1933 (BCAÇ 1933, 1967/

Mobilizado no Regimento de Infantaria nº 15, em Tomar, desembarcou em Bissau em 02 de Outubro de 1967. Foi colocado no Sector L3 em sobreposição com o Batalhão de Cavalaria nº 1915, assumindo a responsabilidade deste sector em 11 de Outubro de 1967, que abrangia os subsectores de BAJOCUNDA, Buruntuma, Canquelifá, Piche, Pirada, Madina do Boé e Nova Lamego. Neste sector, de 23 de Outubro a 4 de Dezembro de 1967, foi criado o subsector temporário de Canjadude.

Foi rendido na missão que desenvolvia pelo Batalhão de Caçadores nº 2835, em 21 de Fevereiro de 1968, recolhendo a Bissau a guardar colocação. Em 02 de Abril de 1968, rende o Batalhão de Caçadores nº 1894 no Sector O1-B, designado por Sector 06 a partir de 04 de Outubro de 1968, até 1 de Agosto de 1969, data em que é rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 2876.

Regressou à metrópole em 20 de Agosto de 1969.

BATALHÃO DE CAÇADORES Nº 2835 (BCAÇ 2835, 1968/70)

Mobilizado no Regimento de Infantaria nº 15, em Tomar, desembarcou em Bissau em 4 de Janeiro de 1968, permanecendo em Bissau, tendo as suas companhias sido atribuídas em reforça de outros batalhões.

Em 21 de Fevereiro de 1968 assume a responsabilidade do Sector L3, com sede em Nova Lamego e subsectores em Canquelifá, Piche, Pirada, Buruntuma, BAJOCUNDA, Madina do Boé e Nova Lamego, rendendo o Batalhão de Caçadores nº 1933.

Em 14 de Julho de 1968 este sector foi aumentado com a criação dos subsectores de Canjadude e Cabuca.

Tendo sido criado o Sector L4, em 24 de Novembro de 1968, este batalhão foi reduzido dos subsectores de Piche, Canquelifá, Buruntuma e BAJOCUNDA.

Em 4 de Fevereiro de 1969, foi reduzido do subsector de Madina do Boé com a retirada das nossas forças no território a sul do Rio Corubal, nesta zona.

De 15 de Março a 11 de Outubro de 1969, este batalhão esteve integrado no Comando Operacional nº 5.

Foi rendido em Nova Lamego em 29 de Novembro de 1969 pelo Batalhão de Caçadores nº 2893, regressando à metrópole em 4 de Dezembro de 1969.

BATALHÃO DE ARTILHARIA Nº 2857 (BART 2857, 1969/71)

Mobilizado no Regimento de Artilharia Ligeira nº 5, em Penafiel, desembarcou em Bissau em 15 de Novembro de 1969, assumindo a responsabilidade do Sector L4, com sede em Piche e criado em 24 de Novembro de 1968, em área retirada ao Sector L3 sedeado em Nova Lamego, abrangendo os subsectores de Piche, Buruntuma, Canquelifá e BAJOCUNDA. Este sector é integrado no Comando Operacional nº 5, entre 15 de Março e 11 de Outubro de 1969.

Em 27 de Junho de 1970, o subsector de BAJOCUNDA é integrado no Comando Operacional Temporário nº 1.

Este batalhão é rendido em 12 de Agosto de 1970 pelo Batalhão de Cavalaria nº 2922, regressando a Bissau em 27 de Agosto de 1970 e embarcando de regresso em 04 de Outubro de 1970.

COMANDO OPERACIONAL TEMPORÁRIO Nº 1

Foi criado em 27 de Junho de 1970, para fazer face à intensa actividade IN, levada a cabo na região de Pirada – BAJOCUNDA, a partir de 13 de Julho de 1970.

Assume a responsabilidade da zona com sede em BAJOCUNDA e integrando os subsectores de Pirada e Bajocunda, retirados ao Batalhão de Caçadores nº 2863 e Batalhão de Caçadores nº 2857, ficando na dependência do Comando de Agrupamento nº 2957.

Em 20 de Agosto de 1970 o sector foi aumentado com um novo subsector instalado em Paúnca por atribuição de uma nova subunidade.

Em 12 de Novembro de 1971 assume a responsabilidade desta zona de acção o Batalhão de Cavalaria nº 2834, passando a ser designado por Sector L6, tendo o Comando Operacional nº 1 sido extinto em 22 de Novembro de 1971.

BATALHÃO DE CAVALARIA Nº 3864 (BCAV 3864, 1971/73)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 30 de Setembro de 1971, realizando a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Centro de Instrução Militar, em Cumeré, entre 04 e 21 de Outubro de 1971.

Em 12 de Novembro de 1971 assumiu a responsabilidade do sector atribuído ao Comando Operacional nº 1 abrangendo os subsectores de BAJOCUNDA, Paúnca e Pirada.

Com a extinção do Comando Operacional nº 1 em 22 de Novembro de 1971, a zona passa a designar-se por Sector L6, aumentado do subsector de Mareué, retirado ao Batalhão de Caçadores nº 2854, sendo este subsector extinto em 11 de Março de 1973 e o seu território integrado nos subsectores já existentes.

Em 25 de Novembro de 1973 foi rendido pelo Batalhão de Cavalaria nº 8323/73, recolhendo a Bissau e regressando à metrópole em 15 de Dezembro de 1973

BATALHÃO DE CAVALAEIA Nº 8323/73 (BCAV 8323/73, 1973/74)

Mobilizado no Regimento de Cavalaria nº 3, em Estremoz, desembarcou em Bissau em 29 de Setembro de 1973 e realizou a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Centro de Instrução Militar, em Bolama, de 05 de Outubro a 31 de Outubro de 1973.

Assume a responsabilidade do Sector L6, com sede em Pirada, em 25 de Novembro de 1973, abrangendo os subsectores de BAJOCUNDA, Paúnca e Pirada.

Coordenou e comandou o movimento de retracção do dispositivo as Nossas Tropas, a partir de 21 de Agosto de 1974, com a entrega ao PAIGC dos subsectores de Paunca, em 21 de Agosto de 1974; de BAJOCUNDA, em 22 de Agosto de 1974; e de Pirada em 27 de Agosto de 1974; iniciando o deslocamento para Bissau, regressando à metrópole em 10 de Setembro de 1974.

José da Silva Marcelino Martins
josesmmartins@sapo.pt

Furriel Miliciano de Transmissões de Infantaria
Companhia de Caçadores nº 5 – CTIGuiné
Nova Lamego e Canjadude - Jun1968 a Jun1970
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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

26 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3795: Copá, abandonado em 14/2/1974 (José Martins) (1): O princípio do fim, a história do Soldado António Rodrigues

26 de Janeiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3797: Copá, abandonado em 14/2/1974 (José Martins) (2): Unidades de intervenção no subsector de Bajocunda

(**) Vd. poste de 28 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3809: Os últimos dias do destacamento de Copá, Janeiro/Fevereiro de 1974 (Helder Sousa / Fernando de Sousa Henriques)