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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - 21724: Op Mabecos Bravios: a participação da CCAÇ 2403, na retirada de Madina do Boé, em 6 de fevereiro de 1969 (Hilário Peixeiro, cor inf ref)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Canjadude > Op Mabecos Bravios > 2  fevereiro de 1969 >  Canjadude foi o local onde as NT se reuniram para o início, propriamente dito, da Operação. À esquerda os pilotos da FAP Cap Pilav José Nico (filmando) [, hoje ten gen pilav ref] [1] e o Sarg mil  Honório [2] e o Cmdt da Operação,  Cor Inf Hélio Felgas [, Cmd Agrup 2957, Bafatá, 1968/70][3].



Foto nº 2 Guiné > Região de Gabu > Canjadude > Op Mabecos Bravios > 2 de fevereiro de 1969 >  Concentração das NT em Canjadude, quartel guarnecido pela CCAÇ 5.



Fotos (e legendas): © Hilário Peixeiro (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Há dias falou-se aqui do cor inf ref Hilário Peixeiro, que foi capitão no CTIG, cmdt da CCAÇ 2403 / BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá MandingaOlossato e Mansabá, 1968/70, mas de quem não temos notícias há já uns anos largos (*). 

Num poste já antigo, de 16/5/2011, há documentação interessante (texto e fotos) sobre a participação da CCAÇ 2403 / BCAÇ 2851 na operação de retirada de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios) (**). Reeditamos agora esse materal, valorizando em especial a documentação fotográfica. (***) 

Recorde-se que o desastre do Cheche, em 6 de fevereiro de 1969, fez 47 vítimas mortais. Foi há 52 anos. É uma efeméride difícil de esquecer por todos nós.


 Op Mabecos Bravios: a participação da CCAÇ 2403

por Hilário Peixeiro (**)


Durante o mês de Janeiro [de 1969] tiveram lugar os preparativos e reconhecimentos na zona do Boé, com vista à Operação de evacuação de Madina do Boé, denominada “Mabecos Bravios”.

Para além da CCaç 1790, local, comandada pelo Cap inf Aparício,  participaram na operação outras 6 Companhias [, incluindo da CCaç 2405, Destacamento F].

A 2 de Fevereiro [de 1969] a CCaç 2403, com 3 G Comb  (...)  [Destacamento ], deslocou-se para Canjadude e depois para o Cheche onde chegou já no final do dia, transportada nas viaturas destinadas ao transporte, no regresso, dos materiais da CCaç 1790 e da população de Madina. Desta vez todos os Gr Comb eram comandados pelos respectivos Alferes.

Juntamente com a CCaç 2405, do Cap Jerónimo [Destacamento F], atravessou o Corubal numa das jangadas, recém-construídas para o efeito, indo cada uma ocupar as colinas que flanqueavam a estrada para Madina, á esquerda e á direita. 

Quando as Companhias se separaram, já noite fechada, o IN lançou 2 granadas de morteiro sobre a estrada, sem consequências o que, 15/20 minutos antes, poderia ter tido resultados bem diferentes. 

Na manhã seguinte [, 3 de fevereiro], as Companhias seguiram, apeadas, rumo a Madina, sempre sobrevoadas por 1 T6 ou 1 DO até ao final do dia.

 
Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > 3 de fevereiro de 1969 > Progressão da coluna em direção a Madina do Boé, sob a proteção da DO 27 do srgt pil Honório



Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > 3 de fevereiro de 1969 > Progressão da coluna em direção a Madina do Boé, sob a proteção da DO 27 do srgt pil Honório


A meio da manhã [do dia 3 de fevereiro] houve um reabastecimento de água, planeado e, mais à frente, não planeado, um fortíssimo ataque de abelhas à CCaç 2405  {Destacamento F] que deu origem à evacuação de alguns homens no heli do Comandante da Operação, Cor Felgas, que aterrara entretanto.

Este contratempo provocou grande atraso na coluna e a certa altura o efeito do calor e das abelhas fez-se sentir mais acentuadamente sobre a CCaç 2405, tendo a CCaç 2403 [, Destacamento D] que ia na retaguarda, passado para a frente com o intuito de pedir a Madina reabastecimento de água para o pessoal mais atrasado que estivesse em dificuldades. 

Quando, cerca de 10 minutos depois, um Gr Comb se preparava para sair do quartel, chegou a outra Companhia [, CCAÇ 2405].

Enquanto o pessoal foi instalado,  os Capitães receberam do Comandante a missão para o dia seguinte  [4 de fevereiro] que consistia na ocupação dos morros que se estendiam a sul de Madina entre esta e a República da Guiné.



Foto nº 5 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > 3 de fevereiro de 1969  > Evacuação de vítimas de ataques de abelhas e insolação,  com o helicanhão a sobrevoar a zona.

 

Foto nº 6 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > A caminho de Madina do Boé > 3 de fevereiro de 1969 > Viaturas das NT abandonadas (Mercedes)



Foto nº 7  > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > A caminho de Madina do Boé  > 3 de fevereiro de 1969 > Viatura das NT abandonada (Berliet)



Foto nº 8  > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > A caminho de Madina do Boé > 4/5 de fevereiro de 1969 > Viatura das NT abandonada (Berliet)



Foto nº 9 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios >  Madina do Boé > 5 de fevereiro de 1969 > Reparação
 de GMC (rebocada) e sem paragem da coluna, de regresso a Cheche,


Quando se fez dia  [em 5 de fevereiro de 1969] o pessoal ficou surpreendido com o cabeço a que Madina estava encostada e os que a rodeavam. Eram autênticas “montanhas” na Guiné, onde tudo era plano. 

As Companhias ocuparam as elevações que lhes foram indicadas e aí permaneceram nesse dia enquanto as viaturas chegaram e no dia seguinte enquanto se procedeu ao seu carregamento com os materiais da guarnição e da população civil que ia ser deslocada para Nova Lamego. 

No dia 6 [de fevereiro], logo que se fez dia, deslocaram-se para a coluna que já se encontrava em movimento a caminho do Cheche, assumindo a segurança dos flancos e retaguarda. 

Antes de atingir o rio Corubal,  a coluna ainda foi alvo de mais um feroz ataque de abelhas que só provocou, como vítimas, a morte de dois cães da população.



Foto nº 10 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 >  I
magem das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia



Foto nº 11 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 >  I
magem das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia



Foto nº 12 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 >  I
magem das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia



As viaturas e pessoal foram atravessando o rio até só restarem as 2 Companhias e parte da CCaç 1790 de Madina. Comandava a Operação de carregamento da jangada o Cap Aparício [, da CCAÇ 1790]. 

Na penúltima travessia foram transportadas a CCaç 2403 e parte da CCaç 2405, tendo a primeira recebido imediatamente ordem do Cor Felgas para montar a segurança do flanco esquerdo da coluna que partiria, logo que pronta, rumo a Canjadude.

Para a última travessia, seria embarcado o pessoal que restava das CCaç 2405 e CCaç 1790, muito menos de 100 homens. 

Enquanto se aguardava a chegada do pessoal que faltava para a coluna se pôr em marcha foram disparadas 1 ou 2 granadas das armas pesadas do Destacamento do Cheche. 

Pouco depois surgiu um soldado a correr em direcção ao rio, a chorar, dizendo que a jangada se havia virado e que muita gente tinha caído à água no meio do rio. 

Através do rádio do Capitão,  foi ouvido o Cor Felgas em comunicação com o General Spínola, que não esteve no local, dizendo que havia muitos homens desaparecidos no rio. 

Com grande atraso em relação à hora prevista, a coluna iniciou o deslocamento para Canjadude onde pernoitou.

No dia seguinte [, 7 de fevereiro] chegou a Nova Lamego, onde o Comandante-Chefe falou às tropas participantes na Operação.

Com a chegada da CCaç 1790 a Nova Lamego,  a CCaç 2403 recebeu ordem de marcha para o Olossato com passagem por Fá Mandinga (...) e aí ficou mais de 1 mês, em missão de intervenção do Comando de Agrupamento de Bafatá. (...)

[Revisão / fixação de texto: LG]

_____________

Notas do edidtor:


(*) Vd. poste de 31 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21715: Em busca de... (310): Hilário Peixeiro, capitão que conheci no Forte da Graça, em Elvas, em 1973/75 (João Rico, ex-fur enfermeiro)

Vd. poste de 13 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11837: Op Mabecos Bravios (1-8 de fevereiro de 1969): a retirada de Madina do Boé, com o trágico desastre no Cheche, na travessia do Rio Corubal, foi há 44 anos (1): Relato do cmdt da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (Galomaro e Dulombi, 1968/70)


(...) 2. Extractos de: Guiné 68-70. Bambadinca: Batalhão de Caçadores nº 2852. Documento policopiado. 30 de Abril de 1970. c. 200 pp. Classificação: Reservado. Cap. II. 36-38..

(...) Iniciada a Op Mabecos Bravios, em 1 [de Fevereiro de 1969], com a duração de 8 dias, para retirar as nossas tropas de Madina do Boé. 

Entre vários destacamentos, tomou parte no Destacamento F a CCAÇ 2405 [ .Comandante: Cap. Mil. José Miguel Novais Jerónimo; 1º Gr Comb – Alf Mil Jorge Lopes Maia Rijo; 3º Gr Comb  – Alf Mil Rui Manuel da Silva Felício; 4º Gr Comb  – Alf Mil Paulo Enes Lage Raposo]. (...)

1 de fevereiro de 1969

(...) O Dest F com o efectivo de 112 homens (4 oficiais, 10 sargentos e 98 praças - estão incluídos 1 secção de sapadores e 8 condutores auto), saiu de Galomaro em 1 de Fevereiro de 1969, pelas 9.30h, e chegou a Nova Lamego por volta das 13.00h do mesmo dia, sem qualquer novidade.

Aqui fizeram-se os preparativos finais da organização da coluna que partiu às 5.30h do dia 2 [D]. (...)

2 de fevereiro de 1969

(...) A coluna saiu de Nova Lamego para Canjadude com o pessoal totalmente embarcado e atingiu-se esta povoação por volta das 9.00h sem qualquer problema. A partir de Canjadude a coluna progrediu com guardas de flancos,  tendo o Dest F colaborado na guarda da rectaguarda da coluna fazendo uma progressão apeada que não estava prevista.

Atingiu-se o Cheche [entre Canjadude e Madina do Boé] por volta das 17.00h (sempre com uma cobertura aérea excelente).

3 de fevereiro de 1969

(...) O IN não voltou a manifestar-se mas obrigou-nos a uma vigilância nocturna permanente e a uma mudança de posição por volta das 23.00h.  (...)

Pelas 5.30h [do dia 3, D + 1] mandou-se um Pelotão a Cheche buscar um Pelotão do Dest E que fazia guarda imediata às viaturas e que eu [, cmdt da CCAÇ 2405,] devia levar até Madina.

Cerca [ das 10.00h ] o Dest F sofreu um violento ataque de abelhas e teve que recuar cerca de um quilómetro para se reorganizar de novo. Um soldado, em consequência, ficou imediatamente fora de acção. Foi pedida a respectiva evacuação bem como a de outro soldado que apresentava sintomas de insolação.

As evacuações fizeram-se para Nova Lamego  (...)

O héli desceu mais tarde para reabastecer o pessoal de água.

O Dest D [CCaç 2403[ passou para a frente e reinicou-se a marcha, sempre fora da estrada até à recta que leva a Madina. Nada mais se passou além do sofrimento intenso das tropas por via do calor. O Det D foi reabastecido de água. 

Atingimos Madina [do Boé] por volta das 19.00h [do dia 3 de fevereiro ] desligados do Dest D que prosseguiu a sua marcha quando F teve que parar para reajustar o dispositivo e tratar os mais debilitados (4 praças e 1 furriel).

Houve descanso em Madina e tomou-se uma refeição quente (...)

4 de fevereiro de 1969

(...) No dia 4 (D + 2)  o Dest F dirigiu-se para [ Felo Quemberá, ilegível] ocupando a posição 3 que se atingiu sem dificuldade por volta das 11.00h. Alternadamente ocupou-se as posições 3 e 4 de acordo com o plano.(...)

5 de fevereiro de 1969

(...) Em D + 3 [5 de Fevereiro de 1969] por volta das 7.30h,  recebemos ordens do PCV [Posto de Comando Volante] para a abandonar a nossa posição e seguir ao encontro da coluna. 

Uma hora depois atingimos o campo de aviação de Madina onde fomos reabastecidos de água e r/c [rações de combate]. 

Pelas 9.00h a coluna pôs-se em movimento e meia hora depois 4 carros da rectaguarda tiveram um acidente. Não obstante, a coluna prosseguiu e o pessoal do Dest F mais os mecânicos resolveram a dificuldade.

6 de fevereiro de 1969

(...) Próximo de Cheche recebi ordens para ocupar a posição que ocupara que tivera em D / D+1 porque o Exmo. Comandante da Operação [, cor inf Hélio Felgas,] entendeu dever poupar alguns quilómetros ao Dest F e D, bastante atingidos pela dureza dos respectivos percursos. Essa foi a razão porque não transpus o [Rio] Corubal em D + 3 [ 5 de Fevereiro] só o vindo a fazer em D + 4 [6 de Fevereiro] por volta das 9.00h.(...)

(...) Durante a transposição do Corubal a jangada em que seguiam 4 Gr Comb [da CCAÇ 2405 e da CCAÇ 1790], respectivos comandos e tripulação afundou-se espectacularmente acerca de um terço da largura do rio, provocando o desaparecimento de 17 militares do Dest F e grandes quantidades de material perdido. (...)

(...) Por voltas das 10.00h de D+ 4 [6 de Fevereiro] saímos de Cheche para Canjadude que atingimos por volta das 16.30h com o pessoal deste Dest embarcado. (...)

7 de fevereiro de 1969

(...) Descansou-se e em D + 5 [7 de Fevereiro] às primeiras horas a coluna pôs-se em movimento para Nova Lamego que foi atingida por volta das 11.00h. 

Às 12.00h as tropas ouviram uma mensagem do Exmo. Comandante-Chefe [, brig António Spínola,] que se deslocou propositadamente para a fazer.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20547: In Memoriam (362): Padre Libório Jacinto Cunha Tavares (1933-2020), ex-Capelão do BCAÇ 2835 (Nova Lamego, 1968/69)

IN MEMORIAM



PADRE LIBÓRIO JACINTO CUNHA TAVARES (1933-2020)


1. Mensagem de Catarina Tavares, sobrinha-neta do Padre Libório Tavares, com data de 9 de Janeiro de 2020:

Boa tarde,

Há algum tempo fiquei de lhe enviar uma fotografia do meu saudoso tio padre, como carinhosamente o chamamos eu e a minha irmã desde sempre. Para lhe dizer a verdade fui-me esquecendo, pois pensei que tinha tempo... é com grande tristeza que o informo que o meu tio padre faleceu terça-feira, 7 de janeiro após o seu estado de saúde se deteriorar nos seus últimos dias de vida.

Envio-lhe em anexo algumas fotografias dele, como me tinha pedido.

Obrigada por ter partilhado histórias tão dele!

Com os melhores cumprimentos,
Catarina Tavares

************

2. Libório Jacinto Cunha Tavares:

(i) Açoriano, nascido em 1933, na ilha de São Miguel, em Rabo de Peixe;

(ii) Frequentou o seminário diocesano da Terceira;

(iii) Foi ordenado padre em 1958; esteve em várias paróquias da sua ilha natal, incluindo Rabo de Peixe;

(iv) Com 35/36 anos, foi capelão no CTIG, de 17/1/1968 a 10/12/1969, em Nova Lamego, no leste da Guiné [, como tudo indica, no BCAÇ 2835: mobilizado pelo RI 15, esta unidade partiu para a Guiné em 17/1/1968 e regressou a 4/12/1969; esteve em Bissau e Nova Lamego; comandantes: Ten-Cor Inf Esteves Correia, Maj Inf Cristiano Henrique da Silveira e Lorena, e Ten-Cor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos; foi rendido pelo BCAÇ 2893 (1969/71)] (*);

(v) Emigrou para o Canadá, foi pároco da igreja católica de Santa Maria, em Brampton, durante 26 anos, lugar que é hoje ocupado pelo seu sobrinho e afilhado, o padre Libório Amaral, nascido em 1963;

(vi) Em 2016, reformado, viveu em Brampton, cidade suburbana da área metropolitana de Toronto, província de Ontario, Canadá:

(vii) Muito conhecido de (e estimado por)  a comunidade portuguesa e açoriana de Toronto, é foi considerado um dos principais animadores da tradição da multissecular festa do Senhor Santo Cristo

Guiné > Região de Gabu > Sector de Nova Lamego) > Canjadude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos" > 1969 > O Alf Mil Capelão Libório Tavares, dizendo missa, num altar improvisado. Ajudante, o José Martins, Fur Mil TRMS, CCAÇ 5 (Canjadude, 1968/70).



Fotos mais recentes do Padre Libório Tavares, enviadas pela sua sobrinha-neta

************

3. A tertúlia e os editores deste Blogue, enviam as mais sentidas condolências à família do senhor Padre Libório Tavares pela perda deste seu ente querido.(**)

Em jeito de homenagem póstuma, à sua pessoa, aos nossos capelães, a todos os nossos camaradas açorianos, e aos demais camaradas da diáspora lusitana,  o seu nome passará a figurar entre os nossos tertulianos já falecidos. 
____________

Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 25 de outubro de  2016 > Guiné 63/74 - P16638: Os nossos capelães (6): Libório [Jacinto Cunha] Tavares, o meu Capelini, capelão dos "Gatos Negros", açoriano de São Miguel, vive hoje, reformado, em Brampton, AM Toronto, província de Ontario, Canadá (José Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70)
(**) Último poste da série de 6 de janeiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20532: In Memoriam (361): Fernando Alberto Silva Franco (1951-2020), ex-1.º Cabo Caixeiro do PINT 9288 (Guiné, 1973/74)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20522: O nosso livro de visitas (204): António Borges, cor inf ref, ex-cap inf, cmdt da CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1970, ao tempo do José Corceiro e do José Martins



Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970

(...) O capitão Borges com a esposa numa coluna para Nova Lamego. Sentados atrás vão os guarda-costas (elementos dos Comandos, Dragões). Houve autorização superior para o jipe poder integrar a coluna.

É uma atitude arrojada que revela coragem, determinação e cumplicidade no casal, dando provas de coesão, sem se pouparem a sacrifício para consolidar a união dos cônjuges. É evidente que o amor é mais importante que a morte... mas o capitão Borges, com esta sua ousadia, deu provas de combate, segurança e confiança, no porvir.

A senhora do capitão Borges tem que ser uma mulher de alma magnânima e imperturbável, para se arriscar a viver nestas condições, a milhas da civilização e neste isolamento, não deve ser fácil, mas é revelador de acto de afoiteza e amor para com o marido, ao querer trilhar alguns dos perigos e dificuldades inerentes ao teatro de guerra que todos aqui vivemos, só que nós militares, por imposição e obrigação, enquanto a senhora do capitão é de livre vontade, abnegando a possibilidade de bem-estar, provavelmente podendo viver na Metrópole. (...) (*)

[Foto à direita]

Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970 > Entre o Cheche e o Bormuleo, na margem direita do Rio Corubal, a posar para a foto o capitão Borges, o capitão Costeira e o ahferes Varela (hoje advogado em Almada). É visível a margem oposta do rio Corubal.

[Foto à esquerda]

Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970 >  Instalados junto àmargem do rio Corubal, ao fim do dia, a comer a ração de combate. 

Na foto, o capitão Borges e mais pessoal da operação; o Silva de Transmissões está de pé; alguns carregadores civis são visíveis assim como os garrafões que transportavam com água. Passámos aqui a noite, onde as formigas nos atacaram.



Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  14 de março de 1970 >  Recepção do povo de Nova Lamego ao Ministro do Ultramar, Silva Cunha.


Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970 > O Ramos a cortar o cabelo ao Corceiro em Canjadude. Era normal entre as 10 e as 15h00, intervalo de descanso, andarmos assim vestidos, quando não era pior.

Fotos (e legendas): © José Corceiro  (2010) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Troca de mensagens entre o cor inf ref António José G. G. Borges, ex-cap, cmdt da CCAÇ 5, Canjadude, 1970, hoje cor inf ref (**):

(i) António Borges, quarta, 18/12/2019, 12h45

Com os meus afectuosos cumprimentos muito gostaria que me fosse indicado o endereço actual do vosso "tertuliano" José Corceiro que foi Cabo radiotelegrafista da CCaç 5,  de Canjadude (Guiné), Companhia que comandei em 1970.

Antecipadamente agradecido desejo a todos Festas Felizes.
Cor António José G. G. Borges,
ex Capitão Borges / CÇaç 5


(ii) Luís Graça, 18/12(2019, 13h15

Zé Corceiro: Já há tempos que não contactamos... Tens aqui um pedido do ex-cmdt da CCAÇ 5, em 1970, hoje cor ref António Borges. Responde-lhe, com conhecimento a mim, se não te importares... Aproveitas para fazer a "prova de vida"...

Um abraço natalício. Luís Graça


(iii) José Martins, 18/12/2019.18h45:

Boa noite, meu Comandante e Amigo António Borgs:

Espero que se encontre bem, assim como toda a família. Pediram-me para responder a este mail, o que faço com muito gosto.

Já não tenho contacto com o Corceiro há algum tempo mas, os contactos de que disponho são:
e-mail (...)

telemóvel (...)

Telefone fixo (...) 

Aproveito para enviar votos de Boas Festas e um óptimo 2020.

José Martins

 (iv)  António Borges, 2/1/2020 11h15: 

Caros amigos:

A resposta ao meu pedido sagrou-se 100% exitosa tendo "capturado" o Corceiro que era o objectivo principal da operação, mas também o Martins, e estabelecido contacto com o Luís Graça a quem felicito pelo excelente trabalho do "blogue" que vem patrocinando, executando um trabalho que seria legítimo exigir fosse feito pelas instâncias oficiais próprias.

A todos os meus votos de um 2020 pleno de êxitos pessoais.

Um forte abraço do "capitão",

Borges

2. Comentário do editor Luís Graça:

Meu caro coronel António Borges: fico honrado com as suas palavras acerca do nosso blogue, e grato pelos seus votos de bom ano de 2020, que retribuo,. Ao mesmo tempo, fico feliz por termos conseguido "levar a carta a Garcia"... Mas precisamos da presença de mais um "Gato Preto" na nossa Tabanca Grande. Depois desta agradável visita, o seu lugar é aqui ao pé de nós. E começa bem o ano de 2020 se aceitar o nosso convite, sentando-se à sombra do nosso mágico, protetor e fraterno poilão, no lugar nº 802.

 Mande-nos uma pequena nota curricular e as duas fotos da praxe: uma mais recente e outra mais antiga, do tempo do CTIG. Com certeza que terá memórias que possa e queira partilhar connosco. Será muito bem vindo.

PS - Além do José Martins e do José Corceiro, temos ainda o João Carvalho (, "um dos últimos soldados do império"), como dignos representantes da CCAÇ 5. Espero que não me tenha escapado mais nenhum nome. Cito de cor.
______________


(...) Durante a minha permanência na Guiné, de entre os quatro Comandantes de Companhia da CCAÇ 5, que eu conheci em Canjadude, por razões de estilos diversos, cada Comandante deixou cinzelado, na minha memória, recordações e sentimentos distintos uns dos outros. (...)

(...) Estamos integrados numa companhia independente de africanos, cujo quartel tem abrigos enterrados no chão, onde dormimos, os que conseguem, em condições desumanas. O acampamento confina com uma tbanca, onde coexistem civis e militares nativos com as suas famílias, habitando em “morançinhas” familiares tradicionais, cobertas de capim (colmo). (...)


(...) Dia 20 de março, 1970o comandante da CCAÇ 5 é o capitão Manuel de Oliveira (falecido em 31/03/2007,  com a patente de coronel tirocinado na reserva) e é voz corrente que nos vai deixar por ter sido promovido a major e foi destacado para Bissau, para exercer funções relacionadas com actividades no Ministério da Educação. A família do capitão vive em Bissau, cujo agregado familiar é composto por duas filhas e a esposa (Bióloga), que lecciona Ciências no Liceu Honório Barreto. (...)

(...) Dia 21 de março, logo cedo, antes das h00, saiu uma coluna de reabastecimento para Nova Lamego. Eu estou de serviço no posto de rádio, das 4h00 às 8h00 e das 12h00 às 16h00. O José Carlos Freitas saiu hoje na coluna e vai para a Metrópole em gozo de férias.

A coluna regressou cedo do Gabu, por volta do meio-dia. Recebi muita correspondência. Veio para substituir o capitão Oliveira o capitão Borges (hoje coronel na reserva) que era o comandante da CCS do Batalhão de Nova Lamego. (...)

(...) Dia 26, não sei se terá algum fundamento ou se será boato de caserna, mas comenta-se a notícia com honras de veracidade. Fala-se à boca cheia que o capitão Borges vai trazer a esposa, que vive em Nova Lamego, aqui para o destacamento de Canjadude.

Dia 28, houve coluna a Nova Lamego e o capitão Oliveira deixou hoje a CCAÇ 5, foi para Bissau. (...)

(..:) Desde que o Ministro do Ultramar esteve em Nova Lamego, o dia 14 deste mês [de março de 1970], todos os dias têm havido saídas de pelotões para o mato e, tem sido uma constante o movimento de envio e recepção de mensagens, no posto de rádio.

Dia 31, o capitão Borges mandou reunir os militares da Formação e esteve a definir algumas normas de conduta, que quer que sejam cumpridas por todos, principalmente na apresentação do vestuário e comportamentos. (...)

(...) Dia 7 de abril, logo manhãzinha, ao romper da aurora, saiu uma coluna para Nova Lamego. A coluna regressou a Canjadude bem cedinho, tendo recolhido no trajecto o pelotão que estava emboscado.

Ao chegar a coluna ao aquartelamento, ficou tudo surpreendido e de boca aberta… ah! ah!, embora não fosse surpresa para ninguém, pois já todos sabiam, o capitão Borges veio acompanhado da sua esposa que, segundo consta,  vai ficar a viver em Canjadude. (...) [Vd. foto acima, com a respetiva legenda] (...)


(...) Não nos podemos esquecer que estamos no mato e, a partir de agora, da parte de nós, militares, impõe-se nova conduta, mais moderação no verbalismo utilizado na oralidade, mais decoro na postura de apresentação, mormente no vestuário usado, pois tem que haver pundonor e uma determinada probidade no porte, não nos podendo dar à veleidade do desalinho que é ir dos abrigos para os balneários, só de toalha às costas (às vezes suportada por cabide fantasiado) e sabonete na mão. É toda uma atitude comportamental na disciplina, a que temos que nos ajustar. (...)

(...) A esposa do capitão Borges, com todo o respeito, é uma senhora muito simpática e bem-disposta, tem uma auréola de energia positiva. Sempre que passa por algum de nós, indiscriminadamente, não faz distinção, tem a amabilidade de nos dirigir um cumprimento de saudação, sempre com ar de pessoa feliz e sorridente. Só uma senhora que aparenta esta tranquilidade interior e serena generosidade, se sujeitaria a viver neste meio tão hostil e carenciado, onde abundam todo o tipo de privações. (...)

(...) Dia 29 [de março de 1970], por sugestão da esposa do capitão Borges, ao serão reunimo-nos todos os militares no refeitório das praças, para confraternizarmos um pouco e jogar ao loto, presidido pelo comandante da Companhia (desde que eu estou em Canjadude nunca houve uma união e envolvimento de aproximação semelhante a este acto, as águas têm sido muito separadas). Eu logo na primeira jogada fiz Bingo, ganhei 154 pesos, voltei a fazer Bingo na terceira jogada, ganhando 86 pesos, pelo que levou alguém a gracejar que eu já tinha ganho dinheiro, suficiente, para pagar uma rodada de cervejas para todos. (...)

(...) Dia 6, de maio, chegou a Canjadude o capitão Arnaldo Costeira (creio que na época era o capitão com menos idade do QP, se a memória não me falha, ouvi-lhe dizer que comandou, interinamente, uma companhia em Angola tinha ele 20 anos de idade, na altura como alferes e que tinha sido há quatro anos atrás; hoje é coronel na reserva), para substituir o Capitão Borges. (...)

(...) Dia 13, em Canjadude, foi accionado o alarme de perigo, dirigiu-se apressadamente todo o pessoal para os seus postos de defesa, mas afinal era tão só uma demonstração, para testar a eficácia da actuação do pessoal e, para o capitão Borges dar umas explicações da orgânica dos procedimentos a cumprir, em caso de ataque IN, ao capitão Costeira. (...)

(...) Dia 23, realizou-se uma operação, para os lados do Cheche, Corubal, Bormuleo, a nível de Companhia, foram o capitão Borges e o capitão Costeira nesta operação. As viaturas foram-nos levar na direcção do Cheche e apeamos muito próximo das viaturas que estavam abandonadas na picada, por terem sido acidentadas com minas. Após termos desmontado das viaturas, caminhamos bastante tempo, até nos instalarmos para comer a ração de combate. Na parte da tarde começamos a caminhar rumo ao Corubal e no percurso encontrámos um destacamento IN, já abandonado, restando vestígios da actividade humana. Destruímo-lo todo, após o que continuámos a progredir até à margem do Corubal, onde passámos a noite. Instalámo-nos junto de rochas, num lugar paradisíaco, mas para esquecer, pois durante a noite, quase todos nós fomos hostilizados por formigas, que nos queriam papar, as quais tiveram o condão de nos agitar e perturbar a nossa tranquilidade, quando precisávamos de descansar. (...)
(...) Dia 24 de maio  de 1970, veio o furriel de transmissões, Alberto José dos Santos Antunes, substituir o furriel de transmissões, José Martins.

Dia 26 de Maio, de 1970, houve coluna a Nova Lamego. O furriel José da Silva Marcelino Martins (José Martins nosso tertuliano) despediu-se de Canjadude, e da CCAÇ. 5, rumou destino à Metrópole, por ter terminado a sua comissão de serviço na Guerra do Ultramar. Desejo-lhe boa viagem, muita saúde e êxito no percurso que vai iniciar. Que a vida lhe sorria e boa sorte. (...)


(**) Último poste da série >  19 de setembro de 2019 >  Guiné 61/74 - P20156: O nosso livro de visitas (203): O jovem guineense Erickson Té agradece o trabalho que o nosso blogue tem feito pela sua terra e pede autorização para usar algumas das nossas histórias bonitas em página do Instagram

domingo, 31 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18158: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (6): a emboscada que vitimou o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa, em 14/12/1967, no setor L3 (Nova Lamego)


Guiné > Região de Gabu > Setor L3 (Nova Lamego) > Canjadude > CCAÇ 5, "Os Gatos Pretos" > Aspeto geral do aquartelamento, em 1973: em primeiro plano, um dos pedregulhos ali existentes.

Foto (e legenda): © João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Documento que nos chega a 28 do corrente, por gentileza do nosso amigo e camarada Nuno Rubim, cor art ref, e que tem a ver com a emboscada ocorrida em 14/12/1967 que vitimou o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa (*):

[ Foto à esquerda, Nuno Rubim (2007); tem duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major ("trabalhei no departamento 'mais secreto', a Cheret , onde desempenhei, como criptólogo AED - Aptidão Especial para Descriptamento, as funções de chefe da Secção de Análise e Controlo. Descriptamos  todos (!) sistemas de decifrar dos países vizinhos");


na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966); trabalhador incansável, é também um bom amigo e um grande camarada, a que pedimos informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné; é membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de junho de 2006]



Excerto da página 4 (de 14) do Perintrep nº 50/67, 
relativo ao setor L3 (Nova Lamego) (**)



Excerto da página 4 (de 14) do Perintrep nº 50/67, relativo ao setor L3 (Nova Lamego).

Foto (e legenda): © Nuno Rubim (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Transcrição:

f. SECTOR L3 [Nova Lamego]

(1) Em 14 de dezembro [de 1967], às 8h00, [o IN] emboscou com LGFog [RPG] e armas automáticas, durante 30 minutos, a 1 km a sul de Uelingará (14151205 E9), no itinerário Canjadude-Nova Lamego, forças do destacamento de Canjadude, causando dois mortos (1 oficial) e 1 ferido e incendiado 1 viatura GMC.

Da reação das NT, o IN sofreu 2 mortos.

Do grupo IN foram referenciados elementos de cor branca. (Fonte: BCAÇ 1933)

(2) Em 17 de dezembro, às 21h00, [o IN] flagelou com morteiro 82 mm o destacamento de Che Che, sem consequências.(Fonte: BCAÇ 1933).

A última ação contra este destacamento foi em 7 de novembro de 1967.

(3) Em 18 de dezembro, às 20h00, [o IN] roubou gado e vestuário na tabanca de Bantanto Jaia (14101210 A3). (Fonte: BCAÇ 1933).

(4) Em 19 de dezembro, foi acionado por uma Autometralhadora Fox do destacamento de Cabuca uma mina A/C no itinerário Cabuca-Nova Lamego em 14101210 B3, provocando a sua danificação. (Fonte: BCAÇ 1933).

Salienta-se que a atuação do IN nesta região caracteriza-se por uma  intensa implantação de engenhos explosivos, emboscadas nos itinerários e ações contra as populações. Estas ações são realizadas por grupos itinerantes que vêm atuando há tempo nesta região.

[ Revisão / fixação de texto: LG]
_____________

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18149: In Memoriam (309): Alf inf QP Augusto Manuel Casimiro Gamboa, CCAÇ 1586 (Piche, Nova Lamego, Canjadude, Madina do Boé, Béli, Bajocunda, 1966/68), nascido em São Tomé , morto em combate, em 14/12/1967, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego (José Martins / Virgílio Teixeira / António J. Pereira da Costa / José Corceiro)


Foto nº 1 > O alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa, morto em combate, em 14 de dezembro de 1967 - Pertencia à CCAÇ 1586.

Foto: cortesia de Academia Militar > Alunos Mortos ao Serviço da Pátria > Campanha do Ultramar (1961-1974) > Alferes de infantaria Augusrto Manuel Casimiro Gamboa


Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  c. 1967 > Foto de grupo: vários miliatres e população. Na primeira fila, sentados, aparecem à esquerda  o alf inf Gamboa (X), seguido do alf mil SAM Virgílio Teixeira.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Canjadude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos" (1968/70) > Parada Alferes Gamboa, no aquartelamento de Canjadude, frente ao edifício do Comando. Na base do mastro da bandeira existia uma placa gravada, em madeira, com a referida indicação.  Na foto, parte da Secção de Transmissões, 2º semestre de 1968.

Foto (e legenda): © José Martins  (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


Juntámos aqui quatro textos e algumas fotos sobre o nosso camarada Augusto Manuel Casimiro Gamboa, um dos 75 alferes mortos no TO da Guiné, e sobre o qual até agora tínhamos escassas referências no nosso blogue. Agradecemos a pronta colaboração dos nossos camaradas José Martins, Virgílio Teixeira, António J. Pereira da Costa e José Corceiro. Connosco, aqui no blogue da Tabanca Grande, ninguém fica na "vala comum do esquecimento".


1.  José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70; nosso colaborador permanente), em mensagem de ontem:

O Alferes de Infantaria AUGUSTO MANUEL CASIMIRO GAMBOA, com o número 0741211 era natural da freguesia da Conceição, concelho de S. Tomé, em S. Tomé e Príncipe, filho de Augusto da Costa Gamboa e de Maria Isabel Casimiro Gamboa. [Foto nº 1 ]

Foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 2 (Abrantes) para a Companhia de Caçadores nº 1586, embarcando em 30 de julho de 1966.

Sob o comando do Capitão de Infantaria António Marouva Cera, foi colocado em Piche, Sector Leste, onde assumiu a responsabilidade do referido sector a 8 de agosto de 1966.

Cumulativamente passou a ter a função de subunidade de intervenção, tendo pelotões destacados em Nova Lamego de 10 de outubro a princípios de dezembro de 1966; Madina do Boé de 10 de fevereiro a 1 de maio de 1967; Béli de 25 de janeiro a 15 de abril de 1967.

A 6 de abril de 1967 foi transferido para assumir o subsector de Bajocunda.

O subsector temporário de Canjadude, criado em 28 de outubro de 1967 teve um pelotão da CCAÇ 1586 onde, oficialmente, se manteve até 4 de dezembro de 1967.

Deve ter sido aquando da retirada desta força de Canjadude, em direção a Nova Lamego que, cerca de 1 quilómetro a sul de Uelingará, a coluna foi emboscada, tendo sido morto o Alferes Gamboa, em 14 de dezembro de 1967. [Foto nº 3]

Foi inumado no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.


Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > 14 de dezembro de 1967 > O cadáver do guerrilheiro do pAIGC, morto na emboscada que vitimou o alf inf Augusto Manuel Casimiro Gamboa.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar_ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]


2. Virgílio Ferreira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), em mensagem de ontem:

Olá a todos,

Em relação ao Alferes Gamboa, eu tive vários contactos com ele, quer em Nova Lamego, ou até Piche, e possivelmente em Canjadude onde fui algumas vezes.

Aqui vai uma foto que tirei com ele, a última antes de ele morrer, agora me relembro, barbaramente assassinado [Foto nº2] . Foi por isso que o turra que apanharam no seguimento desse ataque, também foi maltratado, já depois de morto. Tenho a foto, uma delas, vou enviá-la para memória futura.
Foi o pessoal do pelotão de AML Daimler 1143, que 'trataram' dele. [Foto nº 4]

Eu tenho uma ideia de estar envolvido nessas viagens, e isso foi precisamente por volta de 14 de dezembro de 1967, estava lá há pouco tempo. Isto marcou-me, como é óbvio. Na foto aparece mais pessoal. O Gamboa está de chapéu de abas largas enroladas, eu estou ao lado dele.

Não sabia que era do QP, era um gajo porreiro a falar e conversar, levava tudo a brincar.


3. António José Pereira da Costa [, cor art ref, ex-alf art, CART 1692 / BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt  das CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74):

Mensagem de ontem, às 22:01:



Olá, Camaradas

O Alf Gamboa era um ano mais antigo do que eu.

Sai da Academia Militar em outubro de 1967 e terá embarcado ou ainda em dezembro de 1967  ou no início de janeiro de 1968.

Na altura a morte dele foi muito falada. Soube-se que foi brutalizado, esperemos que depois de morto, e que lhe deixaram um galão em cima do peito.

Soubemos que foi numa emboscada, mas não soube mais pormenores.

Um Abraço
António J. P. Costa


4. Excerto de texto de Virgílio Teixeira, publicado  no poste P 18145 (**)

(...) Há uma história triste com o alferes inf Gamboa, da CCAÇ 1589, que também estava subordinada ao nosso comando. Num certo dia de dezembro eu estava para ir numa coluna a Piche, estivemos a conversar debaixo duma enorme árvore, e tenho uma foto desse momento, com ele e outros militares que seguiram mais logo. Depois por qualquer razão que desconheço, não me deixaram ir, e a coluna partiu para Piche.

Uma ou duas horas depois vem uma informação de uma emboscada com minas e a noticia que um dos mortos era o alf Gamboa. Foi um choque. Apanharam um turra que fez parte dessa emboscada e trouxeram-no para Nova Lamego já morto, foram os elementos do pelotão AML 1143 e foi exposto na praça pública. Tenho fotos dessa exposição pública, não sei se interessa mostrar isto. Sei que depois se fizeram algumas barbaridades e eu, apesar de fotografar alguma coisa, não participei nesse baile.

Nessa noite fizemos o velório do Gamboa, ele usava um chapéu de cowboy americano com as abas para cima [, Foto nº 2]. Foi uma grande perda, pois falamos algumas vezes. (...)


5. Excerto do poste de 8 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6698: José Corceiro na CCAÇ 5 (14): Emissor receptor AN/PRC-10

(...) Em Canjadude, em 1971, pode-se testemunhar o seguinte: Durante uma flagelação do inimigo ao Aquartelamento, no dia 21 de Julho de 1971 ao escurecer, o fogo do IN danificou as duas antenas horizontais existentes do AN/GRC-9, que estavam instaladas e suportadas pelos ramos do embondeiro grande, que estava ao lado do campo de futebol e de uma mangueira que estava junto da Parada Alferes Gamboa.

O nome desta Parada, era uma homenagem ao Alferes Augusto Manuel Casimiro Gamboa que,  segundo se dizia, já após o término da sua comissão de serviço na Guiné, perdeu a vida numa emboscada do IN, no dia 14 de Dezembro 1967, quando a coluna que o transportava de Canjadude para Nova Lamego sofreu um ataque, em Uelingará, entre Canjadude e Nova Lamego. 

Contava-se em Canjadude, que foi todo esquartejado no tórax para lhe arrancarem o coração, assim como o despojaram de todos os seus haveres). (...)
_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17942: In Memoriam (308): Nelson Batalha (1948-2017), um dos 15 "ilustres TSF" do meu curso, meu padrinho de casamento, meu grande amigo e camarada...Natural de Setúbal, ferido em Catió, e depois de 10 anos a lutar contra o Alzheimer, acaba de cambar o Rio Caronte... A título póstumo, passa a integrar a nossa Tabanca Grande, sob o lugar nº 759 (Hélder Sousa, régulo da Tabanca de Setúbal)

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17471: Fotos à procura de... uma legenda (86): um achado macabro em 23 de março de 1970, depois do ataque a Cabuca (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)



Foto nº 1


Foto nº 2 A 


Foto nº  2

Guiné > Região de Gabu > Cabuca > CART 2479 / CART 11 > 23 de março de 1970 >  Material do PAIGC abandonado (morteiro 82, completo, e granadas) e um morto


Fotos: © Valdemar Queiroz (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70] 

Data: 4 de junho de 2017
Assunto: Muito mais que fotos à procura duma legenda ou o macabro acontecimento


Luís Graça:

Ando, desde que entrei para o nosso grande blogue/convívio da rapaziada que esteve na Guiné, para publicar/apresentar estas fotos de quando o meu 4º Pelotão da CART11 foi, de Nova Lamego a Cabuca, em 23 de março de 1970, acudir, ao que tinha sido um grande ataque a Cabuca, no dia, tarde ou  noite anterior, não sei ao certo, e levar munições e mantimentos.

Foi o meu 4º Pelotão que saiu muito cedo de Nova Lamego para Cabuca [, a sudeste de Nova Lamego, e a nordeste de Canjadude], já com a estrada picada pela milícia, era sempre assim, para podermos avançar, quem não se lembra destas picagens ?!

Lá fomos estrada/picada fora, nunca dantes vista por nós, deveria ter sido a nossa primeira intervenção, até Cabuca,  levar reforços em munições e mantimentos. Sem problemas chegámos a Cabuca que tinha sido fustigada no dia ou noite anterior.

Não conheço testemunhos descritos no nosso blogue do que aconteceu em Cabuca, no dia 21 ou 22 de março de 1970. [Sobre Cabuca há 3 dezenas de referências no nosso blogue.]

Quando lá chegámos, verificámos que tinha havido um grande ataque à tabanca e instalações da tropa e até a Capela tinha sido destruída com morteirada.

Não percebo, ou melhor eu agora não percebo, como é que foi feito o contra-ataque da tropa de Cabuca para o IN ter sido desbaratado, deixando grande quantidade de material de guerra (foto nº 1) e um morto no terreno (foto nº 2).

O que estas fotos, que remeto em anexo, têm de macabro, é eu a olhar para o homem do IN, morto em combate, atingido por vários tiros ou estilhaços e, também, ter ficado sem um pé (ver caixa metálica, em cima, com o pé dentro) (foto nº 2A).

Valdemar Queiroz



Guiné > Carta da Província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: o triângulo Nova Lamego - Canjadude > Cabuca.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


_________________

Nota do editor:

Último poste da série >  7 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17326: Fotos à procura de uma... legenda (85): Nossa Senhora de Fátima de Guileje... a propósito do lançamento do livro de Luís Branquinho Crespo, "Guiné: um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017)

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P17007: Memória dos lugares (358): 85 tabancas, essencialmente fulas e mandingas, do Norte e do Leste, com água de fontenário e bombas solares (Patrício Ribeiro, Impar Lda, Bissau)


Guiné- Bissau > Região de Gabu > Canjadude ou Candjadude (*)


Guiné- Bissau > Região de Mansoa > Gã Mamudo (*)

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem de Patrício Ribeiro, que deve estar de abalada para a Guiné-Bissau, depois de terminados os festejos de Feliz Natal e Ano Novo, em Lisboa e em Águeda...

De: IMPAR Lda Energia <impar_bissau@hotmail.com>
Data: 31 de janeiro de 2017 às 00:33
Assunto: 85 Tabancas com água, com bombas solares.

Luís,

Conforme me solicitaste pelo Natal, junto duas listas das 85  tabancas da Guiné, que beneficiam de água canalizada e distribuída através de diversos fontenários, normalmente um por rua, ou bairro (**).

Estes nossos trabalhos da montagem e reparações das bombas fotovoltaicas, decorreram no tempo seco, de novembro de 2015  até julho de 2016.

Levámos durante estes meses, diariamente com muito pó e,  no final,  muita lama. Em que percorremos 12 horas de viaturas todo o terreno, por dia...  Enfim, foi foram muitos milhares de quilómetros. Tirámos algumas centenas de fotos dos nossos trabalhos.

Vivemos,  neste período, com a população destas diversas tabancas que essencialmente são Fulas e Mandingas, são estes os maiores beneficiários destes sistemas de abastecimento de água.

São zonas muito secas, em que quase não há floresta,  que foi queimada, mas sim plantações de cajueiros por todo o lado, que praticamente é o sustento da população Mandinga.

Os Fulas ainda continuam a ter muitas vacas e a pastorear. Por este motivo, são obrigados a preservar alguns matos sem caju, para as "limárias" terem capim para comer, já que debaixo dos cajueiros nada se reproduz.

As tabancas,   nos últimos 8 anos, desde que por lá andamos, tiveram um grande aumento de população. São milhares de crianças, que agora tem água para beber, cozinhar e lavar o corpo.

Quase todas estas tabancas  têm novas mesquitas, que estão a ser financiadas por países árabes.

Abraço
Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guiné Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série >  18 de janeiro de  2017 >  Guiné 61/74 - P16966: Memória dos lugares (357): Ilha de Orango, uma pérola do arquipélago dos Bijagós, num dos sítios mais ameaçados do mundo, devido às alterações climáticas (Foto e legendas: Patrício Ribeiro, Bissau)

(**) Anexos:

Lista, por região e sector, das tabancas (n=60) que beneficiam  de água canalizada, graças à energia solar (Fonte: Impar Lda)



Nr Nome RegiÃo Sector
1 Amedalai GABU PIRADA
2 Anambe BAFATA BAFATA
3 Badjucunda GABU PIRADA
4 Bafatá Oio OIO FARIM
5 Bagingara BAFATA CONTUBOEL
6 Bangacia BAFATA GALOMARO
7 Biribam OIO FARIM
8 Bricama BAFATA BAFATA
9 Cabelé GABU SONACO
10 Cambesse BAFATA XITOLE
11 Camboré GABU PITCHE
12 Campaté BAFATA GALOMARO
13 Cancubanhe BAFATA CONTUBOEL
14 Candama BAFATA XITOLE
15 Candemba Uri BAFATA BAFATA
16 Canhanque GABU GABU
17 Canquenha BAFATA CONTUBOEL
18 Cansamandje BAFATA XITOLE
19 Cansamba BAFATA GALOMARO
20 Cansonco BAFATA XITOLE
21 Carabina BAFATA BAFATA
22 Carantaba BAFATA CONTUBOEL
23 Caridade BAFATA CONTUBOEL
24 Caurba OIO FARIM
25 Cobeto BAFATA CONTUBOEL
26 Colibuia TOMBALI QUEBO
27 Cumbidja TOMBALI QUEBO
28 Dara GABU PITCHE
29 Deba BAFATA GALOMARO
30 Demba Tacoba BAFATA BAMBADINCA
31 Djaima GABU PITCHE
32 Djamboro GABU PITCHE
33 Fajonquito BAFATA CONTUBOEL
34 Fataco Mandinga BAFATA CONTUBOEL
35 Gã Garnês BAFATA BAMBADINCA
36 Gã Turé BAFATA BAMBADINCA
37 Galugada Mandinga BAFATA CONTUBOEL
38 Ginane BAFATA CONTUBOEL
39 Guidadje OIO FARIM
40 Irabato OIO FARIM
41 Lenqueto BAFATA CONTUBOEL
42 Lenqueto I GABU SONACO
43 Madina Fali BAFATA GALOMARO
44 Mampatá Corubali BAFATA XITOLE
45 Mampatá Forea TOMBALI QUEBO
46 Mansaine BAFATA GA MAMUDO
47 Mansidi BAFATA GA MAMUDO
48 Missira BAFATA GA MAMUDO
49 Norbantam Mandinga OIO FARIM
50 Pacua BAFATA GA MAMUDO
51 Sado BAFATA GA MAMUDO
52 Sansancutoto OIO FARIM
53 Sare Bacar BAFATA CONTUBOEL
54 Sintchã Sama GABU PITCHE
55 Sumbundo BAFATA CONTUBOEL
56 Tantan Cossé BAFATA BAFATA
57 Tchumael BAFATA XITOLE
58 Tendinto BAFATA CONTUBOEL
59 Uacaba GABU SONACO
60 Ufoia Ura GABU PITCHE
61 Umaru Cossé BAFATA GALOMARO
  
Sistemas mais antigos reparados em 31.12.16



Lista das tabancas recentes (n=25) que beneficiam de água nos fontanários, abastecidos com bombas solares (Fonte: Impar Lda)



Nome da Tabanca Sector
Norte
1 Mansodé   Mansabá  
2 Manhau   Mansabá  
3 Gã Mamudo  Mansoa 
 4
Cuntima   Farim 
5
Fambanta   Farim 
6 Bricama  Farim 
7 Cussaraba   Farim  
8 Morés   Mansabá  
Leste 
9
Ponhé Maunde  Gabu 
10
Candjufa   Pirada 
11
Coiada   Gabú 
12
Madina Braima Sori  Sonaco 
13
Sintchã Botché  Pirada 
14
Fasse  Sonaco 
15
Pirada  Pirada 
16
Pitche  Pitche 
17
Buruntuma  Pitche
18
Bambadinca  Gabú 
19
Canquelifá   Pitche 
20
Padjama   Gabú 
21
Saucunda  Sonaco 
22
Mafanco  Sonaco                
23
Cuntuba   Bafatá 
24
Candjadude   Gabú 
25
Bonco  Bafata                  
____________