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quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22687: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XX: Pitões das Júnias, serra do Barroso, Portugal, 2014





Portugal > Parque Nacional da Peneda-Gerês > 
Serra do Barroso > Montalegre > Pitões das Júnias


Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da série "Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo" (*), da autoria de 
António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74. 

Texto e fotos recebidos em 28 de  outubro último.

Escritor e docente universitário, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); "globetrotter", viajante compulsivo com duas voltas ao mundo, em cruzeiros. É membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 290y referências no blogue.


Pitões das Júnias, serra do Barroso, 
Portugal, 2014

por António Graça de Abreu


Ano de 2014. Venho subindo, subindo, até tocar as nuvens.

O pequeno mosteiro de Santa Maria, de finais do século IX, mais velhinho do que Portugal -- a igrejinha permanece de pé, o resto meio arruinado --, recorda monges beneditinos que por aqui passaram, exorcisando pecados, pacificando a alma. Há resmas de lendas e mistérios levantando-se, à solta, por estes lugares.

A 1.200 metros de altitude, entre os pináculos do Gerês e do Barroso, a magia agreste da paisagem, os tectos esquecidos da pátria portuguesa. Tudo aberto para o respirar inteligente das montanhas.

Entro na aldeia, quase vazia de gentes. As casas de granito, a igreja matriz de S. Rosendo, o relógio de sol, o forno comunitário, os espigueiros. Muitos habitantes escaparam-se rumo a outras paragens, franças e araganças, onde a vida será mais fácil. Mas em Pitões da Júnias o ar é mais puro, os horizontes mais vastos, tão alvoroçado o recorte pedregoso do cume dos montes. E descobrem-se cascatas abrigadas na rocha, a paz completa.

Outrora, aconteceram por aqui grandes batalhas entre camponeses galegos e portugueses. Gentes destas terras, de ambos os lados da raia, roubavam cabeças de gado, na extrema fronteiriça. Os lusitanos costumavam ganhar em ardilosas pelejas e traziam as vacas, e os vitelos, para requintados repastos, a boa carne barrosã desfazendo-se em bocas esfomeadas.






Hoje, há ainda na povoação, três restaurantes onde se cozinham uns tantos primores, cabrito, feijoada à transmontana, a posta barrosã, um cozido divinal com enchidos da terra.

Avanço pela estrada mais a norte. Passo Tourém e chego a Espanha. Do outro lado da raia, acalma-se a paisagem, prados a perder de vista, uma aldeia galega, um posto de gasolina. O carburante mais barato, encho o depósito do carro. Regresso às terras do Gerês, é tempo de abastecer o estômago, borrego assado, um exuberante vinho verde Alvarinho proveniente de uvas douradas de Melgaço. O automóvel também bebeu bem, tem gasolina espanhola mais do que suficiente para os 450 quilómetros até Lisboa.

António Graça de Abreu

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domingo, 29 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22495: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (30): Bacalhau com couves no forno, à moda da minha avó Maria, que era do Minho (Valdemar Queiroz)

Foto: Cortesia da página do Facebook da Academia do Bacalhau de L.I.


1. Já o verão vai a caminho do outono e, depois, do inverno... Aliás, há um aforismo (da metereologia popular) que diz, "Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno",,,

Tenho pena de quem não fez praia, por mil e uma razões, se calhar a primeira das quais é a constatação de que o tempo também já não é o que era... Ora o céu está nublado,  ora a nortada corta a respiração, ora o banheiro não mandou ligar o aquecimento central,  ora as marés roubaram a areia à praia, ora a senhora Covid-19 é que passou a ditar a moda...

Confesso que este ano não fiz praia. Já não o fiz, o ano passado. "Fazer praia",  para mim significava, desde há uns anos largos, fazer umas boas caminhadas, ao longo do areal, na maré vazia, de preferência de manhã, em praias com rocha e muito iodo... Por outras palavras, apanhar logo uma bebedeira matinal de azul, sol, sal e iodo...no "meu querido mês de agosto"... Que não o é mais...

Por agora, limito-me a ficar na esplanada,à beira-margem,  a apanhar sol,  a ler ou a escrever , a blogar,  a ver o mundo s passar a passar e, de tempos a tempos, comer um choquinho frito, à hora do pôr do sol. Há prazeres na vida cujas memórias emocionais a gente vai  levar para a outra vida... Se nos deixarem, claro, passá-las, lá na alfândega que há entre a terra e o céu... Duvido, no entanto,  que deixem passar o nosso contrabando...

Para já não sei quando (nem muito menos se...) posso voltar às minhas caminhadas da Praia da Areia Branca até ao Paimogo, passando pelo Vale de Frades e o Caniçal... E  a "cartografar" as rochas, com  a máquina fotográfica em punho ou a tiracolo... Lamentavelmente, já nem fotografia faço... 

Enfim, espero que o meu ortopedista, esse, sim,  faça um milagre lá para outubro ou novembro... É bom, amigos e camaradas,  acreditar em milagres, mesmo quando se  é um homem de pouca fé...

2. Mas já que falamos do verão fugidio e incerto de 2021, do verão do nosso descontentamento, é de perguntar: e as nossas comidinhas, amigos e camaradas ? 

Desde a primavera que não publicamos um poste da série " No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande"... O último foi o nº 29, com data de 22 de abril de 2021 (*).

A "chef" Alice, cá pelos meus lados, no meu "restaurante favorito", continua a fazer coisas boas, e às vezes muito boas: por exemplo, um arrozinho de lingueirão, há dias,  ou um xarém de ameijoas (, que aqui não há conquilhas), prometido para a próxima semana, a par de um espadarte grelhadinho... Coisas que não tenho publicado para que não me acusem de "favorecimento pessoal" e de "concorrência desleal"... E falo dela, da "chef" Alice, porque eu nem para ajudante  sirvo: sei abrir umas ostras, cortar ao meio um lavagante ou preparar uma sapateira... Ah!, sei abrir também latas; de atum, de feijão, de grão de bico...

Mas, como os nossos vossos vagomestres andam pouco criativos ou falhos de iniciativa, vou ter que arrancar com o material que há... E este é do bom, é do nosso Valdemar Queiroz que, pese embora a sua costela minhota, ainda está de longe nos poder e querer  revelar todos os seus secretos dotes culinários...


3. Escreveu o Valdemar Queiroz, em comentário ao poste P22494 (**);


João Crisóstomo, peço desculpa de, num poste atrasado, ter chamado "Encontros do Bacalhau" à ilustre e internacionalmente famosa "Academia do Bacalhau".

Não há dúvida, o bacalhau faz parte do ADN dos portugueses.

Teria sido o meu conterrâneo navegador-armador João Álvares Fagundes (c.1460-1522), a quem se deve o reconhecimento de parte das costas do nordeste americano, quem começou a comercializar o bacalhau que, depois de salgado e seco, servia de alimento nas grandes viagens dos Descobrimentos e nos períodos de abstinência / jejum de comer carne.

Depois, foi o nunca mais parar, confecionado de 1001 maneiras, e que toda a gente gosta.

Nas minhas várias idas aos Países Baixos, à casa do meu filho, habituei os brabantinos da família (Brabante, Província Neerlandesa fronteira com a Bélgica) a comer bacalhau, que eles chamam "kabeljauw" (lê-se: "cabaliau"), na ceia de Natal e agora atiram-se ao bacalhau para assar na brasa de que também gostam.

Só para dar apetite, vai uma receita que a minha avó Maria (***) fazia, às vezes, em dias de fornada de pão:

Ingredientes:

Bacalhau demolhado
Folhas de couve
Linha grossa
Batatas
Cebola
Azeite
Broa de milho

Modo de fazer:

(i) depois do bacalhau demolhado, passar folhas de couve por água fria; 

(ii) descascar e cozer as batatas;

(iii)  a postas de bacalhau são envolvidas na couve e seguradas com linha grossa para ir ao forno;

(iv) enquanto estão no forno, estando as batatas cozidas, cortam-se às rodelas e alouram-se em azeite na sertã;

(v) as postas são retiradas do forno quando as folhas de couve secarem completamente;

(vi) retira-se a linha, colocam-se as postas numa travessa juntamente com as rodelas das batatas fritas;

(vii) e para finalizar põe-se por cima cebola às rodelas finas e rega-se com bastante azeite;

(viii) acompanha-se com broa de milho... e tinto ou branco do melhor!

E depois vai um 'Vai Acima, Vai Abaixo, Vai a Cima e Bota Abaixo', que deste já não há mais.

Valdemar Queiroz

PS - A receita do bacalhau não era propriamente da minha avó Maria, em várias casas também era assim feito em dias de 'cozedura' da broa de milho. A minha mãe, em Lisboa, fazia no forno a gás. No forno a lenha, sobrava calor para as couves com 'cosedura' em volta do bacalhau a assar.

Mas, como andas de braço dado com uma afamada cozinheira de estrelas Michelin, podes chamar, será a 1002, "Bacalhau da Queiroza à moda da Alice".


4. Eu prometi publicar-lhe a receita, em honra dele, que é um homem "sozinho em casa, resistente e resiliente, que brinca com a sua DPOC, quando ela deixa".... E aqui vai, mesmo não tendo nenhuma foto do petisco (, publico a imagem do emblema da Academia do Bacalhau de Long Island, Nova Iorque), nem sabendo como a avó Maria chamava a este prato, lá do seu Minho, região donde se diz que "não há receita má... nem fome boa":

"Bravo, Valdemar, só preciso de arranjar uma foto à maneira, depois publico a receita da avó Maria na nossa série do "Comes & Bebes"... Este saber gastronómico lusófono (mais do que lusitano), que passa de geração em geração, não pode perder-se!... Bolas, e ainda falta tanto tempo para o Natal!... Luis"

PS - Recordo que a avó Maria era de Afife, Viana do Castelo, onde o Valdemar viveu até aos 9 anos. (***)
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Notas do editor:

(*) Últimas sugestões;

22 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22125: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (29): E por favor nem me enganem, são favas suadas, não são ervilhas, muito menos escalfadas... (Luís Graça)

15 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22105: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (28): sável frito com açorda de ovas, à moda da "chef" Alice, inspirando-se na gastronomia de Vila Franca de Xira

10 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22091: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (26): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte III: cozido à portuguesa, para despedida do inverno; frutos do mar, como saudação à primavera

28 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21954: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (23): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte II: Canja de garoupa e pimentos estufados em vinho do Porto

11 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21887: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (19): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte I: ainda não é verão (, mas um dia destes há de ser!), e já me está a apetecer uma saladinha de queixo fresco e uma paelha, com um bom branquinho...

(**) Vd. poste de 28 de agosto de  2021 > Guiné 61/74 - P22494: Tabanca da Diáspora Lusófona (17): A(s) nossa(s) Academia(s) do Bacalhau: Long Island, Nova Iorque: "Gavião do penacho, de bico p'ra cima, de bico p'ra baixo, vai acima, vai abaixo"... (João Crisóstomo)

(***)  Vd. postes de;


27 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21203: Efemérides (331): Os 100 anos de Amália, "o povo que lavas no rio" e Afife (onde vivi até aos 9 anos) (Valdemar Queiroz)

domingo, 1 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22422: Passatempos de Verão (24): A cabra Joana de Nhacobá e o cão rafeiro Tigre de Cumbijã: fábula 2: "Ao que parece, nem os macacos se salvaram" (Joaquim Costa)


1. Dando continuidade aos nossos devaneios de verão, aqui vai mais uma versão da história fantástica da  cabra Joana e do cão rafeiro Tigre, contada aos meninos da escola,  desta vez da lavra do escritor minhoto de contos infantis Joaquim Costa, com residência oficial em Fânzeres, Gondomar (*)




A cabra Joana e o cão Tigre

por Joaquim Costa


Era uma vez, numa terra distante, de uma beleza que se entranhava no corpo e alma, como a areia no corpo  numa tarde de vento na praia,. 

Aqui viviam duas famílias desavindas por causa de uma bandeira (quando forem mais crescidos vão perceber porquê… ou talvez não). Uns eram a família IN, que viviam em Nhacobá, outros a família Tigre, que morvam em Cumbijã.

Os arrufos eram constantes com investidas ousadas a casa uns do outros,  tentando a expulsão dos mesmos.

Entretidos nestes arrufos,  os DDT,  os Donos Disto Tudo (ou melhor, os Donos Daquilo Tudo, daquela terra), decidiram (,sem consultar ninguém, ) que os Tigres investiriam em força sobre a família IN, impondo a sua lei.

Assim foi, mas com perdas irreparáveis e inocentes de um lado e do outro.

Como é comum, desde os primórdios, quem vence tem direito aos despojos: Arroz, cigarros, fósforos (que se acendem riscando na sola da bota, em estilo John Wayne), livros escolares com mensagem estilo Estado Novo (mas cujos heróis eram outros) e... uma cabra que chamou a atenção pela sua indignação pela invasão da sua privacidade,  levantando as patas a qualquer um sem receios.

Esta irredutível cabra passou a fazer parte do despojos,  pelo que acompanhou os Tigres de volta a casa, em Cumbijã. 

Aqui quem reinava era o cão rafeiro Tigre,  pelo que, no dia da chegada, a cabra foi apresentada ao rei. Não foi um encontro fácil e só não se chegou a vias de facto dada a pronta atuação da guarda pretoriana.

Esta irredutível cabra ganhou a simpatia de toda a população, ou quase,  já que em todo o lado há ovelhas ranhosas em qualquer rebanho.

Tinha esta irreverente cabra, de seu nome Joana,  4 predadores:

(i) O rei Tigre que nunca aceitou partilhar o protagonismo com este estranho animal (, contudo, neste caso,  não se sabia quem era o predador de quem);

(ii) O vagomestre Ferreira, que tratava dos comes & bebes, e  que fitava a Joana com os olhos vermelhos de quem já a está a ver a ser esfolada e transformada em estilhaços de carne para o arroz;

(iii) Os três agricultores improváveis , estes com razão, já que a Joana não resistia às viçosas alfaces, saltando a cerca das três hortinhas, e  lambusando-se toda com a frescura das mesmas com a compreensível indignação dos proprietários das plantações.

Na defesa da Joana passou a haver, 24 sobre 24 horas, um guarda-costas, armado de G3 com bala na câmara.

Foi assim que a mesma resistiu até ao dia em que os Tigres abandonaram a  sua casa, no Cumbijã,  a caminho de Bissau, para apanhar o barco (que os levaria finalmente a sua terra de origem),  e em que todos, sem exceção, verteram uma lágrima, já com saudades da cabra Joana e do cão Tigre.

Não se sabe o que aconteceu depois, mas teme-se que esta história, infelizmente, dos relatos que foram chegando aos Tigres, não tenha acabado nada bem...

Ao que parece,  nem os macacos se salvaram....

Joaquim Costa

30 de julho de 2021 às 17:00

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Nota do editor:

(*) Vd. postes de:

sábado, 31 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22420: Passatempos de Verão (23): A cabra Joana de Nhacobá e o cão rafeiro Tigre de Cumbijã: fábula 1: "Não se pode servir dois senhores ao mesmo tempo" (Luís Graça)



Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 > Diz o Joaquim Costa: "Oj encontro, não muito amistoso, da cabra “Joana” que trouxemos de Nhacobá no dia da operação Balanço Final, com o “rei” do destacamento do Cumbijã - o cão rafeiro “Tigre”... Com o tempo lá foram partilhando o protagonismo."... Mas segundo o Luís Graça, esta história  terá acabado mal... Foto acima: um típico pratod e chanfana, cortesia da RTP.




A Joana e o Tigre (1973). Foto:
cortesia de Joaquim Costa


1. Já temos pelo menos  dois textos, em resposta ao nosso desafio,  lançado no poste anterior desta série, "Passatempos de verão" (*)


Fábula 1: 
"Não se pode servir dois senhores 
ao mesmo tempo"

por Luís Graça



Sou a cabra Joana de Nhacobá. Minha terra fica no sul da Guiné-Bissau, na região de Tombali, dizia minha dona.

Já não cheguei a conhecer a Guiné-Bissau. Sou do tempo dos “tugas”. Tive um amigo, o Tigre do Cumbijã, um cão rafeiro,  que pertencia aos “tugas”. Mas ele era tão guineense quanto eu.

A minha história é triste. Fui apanhada pelos “tugas” quando bombardearam com aviões e atacaram por terra a minha querida tabanca, Nhacobá. Fui levada para Cumbijã, como prisioneira.  Não me trataram mal, a princípio. Mas, no fim, acabei morta e cortada aos pedaços num alguidar, coberto de vinho do Cartaxo (, não havia vinho do Dão, dizia o malvado do cozinheiro.)

Se bem percebi pelas conversas que marcaram os últimos minutos da minha vida, queriam fazer, comigo, um prato “tuga”, horrível, a que chamavam “chanfana”, da cor do alcatrão. Uns desgraçados de uns milícias aproveitaram a minha linda pele para fazer um ou mais jambés.

Não fui morta à moda dos fulas, degolada. Deram-me um tiro de pistola Walther, 9 mm de aço. Fechei os olhos. Não quis ver a cara do carrasco. Não sei se era branco ou negro. No quartel havia milícias.  Estava nervosos, e com pressa.

A minha história é triste mas também tem um lado exaltante e até heróico. Dizem que eu vim de um tabanca mais a norte, ainda no quarto crescente da lua da guerra. No início da luta, o Cabra Matcho Nhô Vieira chegou lá e disse: “Partido manda pessoal procurar abrigo nas matas do Cantanhez que tem árvore grande. Se não, vem avião ‘tuga’ e lança bomba e mata povo”. 

Eu era pequenina, ainda de leite. Mas minha dona trouxe-me ao colo para a nova morança.  Só me lembro de Nhacobá onde cresci e por onde passava coluna grande do Partido com armas e bianda. Manga de canseira.

Um dia dei leite para Cabra Matcho Nhô Vieira que estava com febres. Ele ficou muito agradecido e deu ordem: “Ninguém faz mal à cabra Joana. É uma grande combatente da liberdade da Pátria”. 

Todas as vezes que ele passava em Nhacobá (, raramente cá ficava,) ia-me visitar à minha morança e fazer uma festinha… Não sei se “tugas” sabiam desta história. Não deviam saber, se soubessem mandavam logo  lá o Marcolino da Mata para me apanhar à mão. O Marcolno também era um cabra matcho, dizia o povo de Nhacobá.  Odiava o Nhô Vieira, eram irmãos  da mesma tribo mas rivais. 

Um dia quiseram apanhar Cabra Matcho Nhô Vieira, mas em vez dele apanharam capitão cubano. Foi coisa dos paraquedistas de que tínhamos muito medo. Até que um dia manga de tropa cercou a tabanca, houve mortos e feridos, minha dona não conseguiu mais segurar-me. E um tal “tuga” Djoquim Costa me prendeu com corda grossa e me trouxe para Cumbijã. Vim  o caminho todo a dar marradas, até ficar exausta.   Chorei, nesse dia.  Cabra Matcho Nhô Vieira estava mais abaixo, na batalha do Guiledje, não me pôde defender nem salvar.

Fiquei no quartel dos “tugas”, em Cumbijã, mais de um ano. E confesso (, que os camaradas aqui não me ouvem!): fui lá feliz e diverti-me. Eu e o meu amigo, o cão rafeiro Tigre do Cumbijã. Só queríamos mesmo era brincadeira. E fazer estragos na horta dos "tugas".  Davam-me de comer mas eu também trabalhava. Dava leite aos doentes e limpava os chão do quartel: apanhava tudo o que fosse comestível,  de trapos a papel.

Um dia quis saltar o arame farpado para ir até à bolanha, desentorpecer as pernas, mas fiquei lá presa, no arame.  O cão rafeiro Tigre do Cumbijã foi a correr, a ladrar, chamar o “tuga” Djoquim Costa, que era o meu novo dono. Lá me safou. Levou-me à enfermaria. Furriel enfermeiro, manga de bom pessoal, cuidou de mim.

Acho que quase todos os "tugas" gostavam de mim. Até o general Caco Baldé foi ver a cabra do Cabra Matcho.  Mas havia alguns que andavam sempre a rosnar: "A fome é negra"...Nunca cheguei a saber qual era a cor da fome: se era negra para os brancos, ou branca para os negros.  Para mim, era de todas as cores. Eu sou cabra, não sou burrra...

Mas chegou a véspera do fatídico dia de entrega do quartel de Cumbijã aos camaradas do Partido. A data estava aprazada para 7 de agosto de 1974. 

Os “tugas” sabiam que o Cabra Matcho Nhô Vieira estava farto de procurar por todo o lado a sua cabra favorita. Que era eu. Com medo de alguma surpresa desagradável, ou contratempo de última hora, os “tugas” deram-me a sentença de morte. Não sei quem foi. E para mostraram que eram imparciais e justos como o  rei Salomão, ¥¥  mandaram matar também o pobre do meu amigo cão. A mim comeram-me, de chanfana. Ao Tigre do Cumbijã fizeram-lhe um funeral com honras militares e tudo. 

Quando chegaram os camaradas do Partido, para a entrega do quartel, perguntaram por mim. Os “tugas” responderam, cinicamente, que eu não fazia parte do inventário. E que por azar tinha saltado o arame farpado e pisado uma mina. O que era mentira. Eu era endiabrada mas não era suicida. 

Entregaram apenas um embrulho com os meus ossinhos, todos pretos. Sei, já no céu dos animais, que  o "tuga" Djoquim Costa, bom pessoal,  chorou por mim,  e que o Cabra Matcho Nhô Vieira também teve um grande desgosto. Como se tivesse perdido uma das suas mulheres. 

Em minha  homenagem, o Partido mandou-me inumar no Panteão Nacional, lá em Bissau, debaixo de um grande poilão, com uma placa a dizer o seguinte: “Aqui jaz a cabra Joana de Nhacobá, grande combatente da liberdade da Pátria”.

Moral da história,: "Não se pode servir dois senhores ao mesmo tempo.  Um dos dois fica mal servido".

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Nota do editor:

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22125: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (29): E por favor nem me enganem, são favas suadas, não são ervilhas, muito menos escalfadas... (Luís Graça)




Alfragide > 21 de abril de 2021 > "São favas suadas, senhor, não são ervilhas"... Segundo uma receita antiga da minha mãezinha, adoptada e apurada pela "chef" Alice..

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Ontem, confesso que pequei. Comi ao almoço um prato de favas suadas, um dos pratos do meu "top ten" gastronómico.  (Bem, senhora doutora dr, Ana Pimental, não foi bem um prato, foi um pratinho, juro pela minha rica saúde, de resto aí está a foto para o comprovar; mas sei que me vai puxar as orelhas na 3ª feira). Claro que, a seguir, "paguei as favas": não há crime sem castigo... Mas,  se não houvesse pecado na terra, a vida seria uma sensaboria (*)... 

O doente, submetido a radioterapia externa sobre a próstata, sabe que tem dois meses de amargura enquanto lá andar: tem que chegar ao IPO de manhã, "com o reto limpo e cheia a bexiga"... e deixar trabalhar a "radioterapia amiga" (**)... 

Além de beber muita "a(u)guinha da torneira", tem de "evitar" uma porrada de alimentos, nomeadamente os que provoquem obstipação e gases... A lista de proibições mata, logo à nascença, qualquer pobre candidato a pecador: pão branco (que, felizmente,  não gasto), cereais, amêndoas e nozes (de que sou fã), vegetais (ervilhas, feijões, couves, espargos, cebolas, alhos, e logo por azar favas, de que um perdido: como-as, só na época, mas uma meia dúzia de vezes); gorduras, fritos e  refogados: picantes, piripiri, pimentas de todas as cores (que também não gasto, as pimentas); mariscos (que adoro); fruta (laranja, limão, quivi, ananás, banana, morango, cereja, etc., etc.) (comia 4 peças de manhã, ao pequeno almoço, com iogurte natural, há 2 meses atrás); saladas (com tomate e azeitonas), e por aí fora...

Pior ainda: só "a(u)guinha", nada de bebidas alcoólicas,  muito menos cerveja e vinho branco (que é muito diurético)... E café, camarada, só três no máximo por dia (o que é um castigo para quem bebia seis).

Mas chega de desgraças: as favinhas suadas estavam - como eu hei de dizer ? - "queirosianas"... Mas a receita que o Jacinto, de "A Cidade e as Serras", provou e aprovou (, o "arrroz de favas", que fica  para a eternidade associado à Quinta de Tormes),  não tem nada a ver com as "favas suadas" da minha mãezinha, Maria da Graça, que era da Estremadura, e mais exatamente da Lourinhã....  A "chef" Alice, que é vizinha do Jacinto, adotou a receita e apurou-a. No Douro, não se faziam favas suadas no seu tempo de menina e moça, tal como não se comia lavagante ou arraia seca... e a sardinha era para três!).

Não sei se estas favas suadas são as melhores do mundo: de resto, meio mundo detesta favas... mas já pus no meu "testamento vital" uma das minhas últimas vontades (, não podem ser muitas, que não há tempo depois para cumpri-las todas): na véspera de eu morrer (, e oxálá seja num dia primaveril como o de ontem!), que me deem um prato de favas suadas!... 

E, por favor, não me enganem: são favas, e suadas, não são ervilhas, muito menos escalfadas. E têm que ser frescas, e descascadas uma hora antes... E se eu ainda puder ajudar (, o que deverá ser altamente improvável), sou eu que faço questão de descascar as favas... como sempre o fiz, com competência e paciência!... (Há quem goste de comer favas, mas não de as descascar.)

A cozinheira, essa, só pode ser a "chef" Alice, a quem também já pedi para, depois,  me mandar enterrar numa anta do meu país megalítico (***)... 

Enfim, espero (, mas, se calhar, é pedir demais à vida!),  poder ainda dizer, mesmo que seja baixinho, com a voz a sumir-se, antes de bater a bota: "Chita, as tuas favinhas souberam-me pela vida, como se dizia em Candoz... Ámen".

PS - A expressão "saber pela vida" , muito usada pelas gentes do Norte, e nomeadamente pelas mulheres, é deliciosa, e não se aplica só aos "comes & bebes"... Só encontro um equivalente na expressão do crioulo da Guiné, "manga di sabi".

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 15 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22105: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (28): sável frito com açorda de ovas, à moda da "chef" Alice, inspirando-se na gastronomia de Vila Franca de Xira

(**) Vd. poste de 19 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22115: Manuscrito(s)(Luís Graça) (200): Soneto do paciente do IPO - Lisboa, dedicado à equipa da unidade 3 do serviço de radioterapia que cuida de ti com gentileza, humanidade e competência

(***) Vd. poste de 5 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10332: Blogpoesia (198): Uma estranha maneira de dizer adeus (Luís Graça)

sábado, 17 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22111: Da Suécia com saudade (90): o fim da picada... ou um certo fim desta picada!... Morreu a Tabanca da Lapónia, viva a Tabanca de Key West, Flórida, EUA (José Belo)



Una especialidade do Norte da Escandinávia: caviar de ovas de salmäo "löjrom", servido com cebola crua e natas ácidas... Vai bem com um vinho branco Bucelas Velho, diz o José Belo, o nosso "exigrado", como ele próprio se intitula: misto de exilado e de emigrado...

Fotos (e legenda): J. Belo (2021)


I. Mensagem de José Belo, o nosso luso-sueco, cidadão-do-mundo, membro da Tabanca Grande, que reparte a sua vida entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e Key-West (Flórida, EUA). Foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia (. Na outra vida, foi alf mil inf, CCAÇ 2391, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70).

 
 Date: sexta, 16/04/2021 à(s) 21:13
Subject: Um certo...fim d'esta picada!
 

Meu Caro Luís

(1) Também se come sável por aqui (*), apesar de actualmente muito difícil de pescar por estar quase extinto.

O preco de um prato de sável grelhado nos restaurantes do norte da Suécia (quando há) varia entre o equivalente a 50 até 60 euros. Paga-se pela qualidade que realmente tem mas também pela dificuldade em o encontrar.

Uma maneira típica local é fritá-lo em gordura de bacon fumado, posteriormente misturado com cerefolho, endro e cantarelo (uma espécie de cogumelo amarelo).

De qualquer modo aqui segue uma especialidade muito típica do Norte Escandinavo: Caviar de ovas de salmäo "löjrom", servido com cebola crua e natas ácidas.

Acompanha-se com vodka e cerveja, mas... um José Maria da Fonseca BSE, ou um Bucelas Velho,  seria verdadeiramente "pôr oponto nos ii". (Se é que ainda  existem, estas marcas de vinhos,  depois de mais de 40 anos de,,,"exigrado" !)

(2) Aproveito este texto para informar os Camaradas que a já muito longa série "Da Suécia com Saudade" chegou ao fim da picada. (**) Mudo-me com "armas e bagagens" para a minha casa de Key West [, Flórida, EUA], apesar de manter casa também em Estocolmo para viagens nostálgicas às...raìzes.

Espero ter de algum modo contribuído para um maior conhecimento entre Lusitanos desta realidade exótica situada no extremo de extremo norte europeu que é a Lapónia.

Um abraço, J. Belo

 II. Comentário do editor LG:

Meu querido amigo e camarada:

Percebo que queiras estar mais próximo dos teus filhos e netos...E só posso desejar-te muita saúde e longa vida em Key West onde resto tens casa há muito...

Vamos mesmo pôr um ponto final na série "Da Suécia com saudade" ? Se sim, temos que pensar numa nova série...Porque tu vais continuar a escrever no nosso blogue... E quanto à Tabanca da Lapónia ? Para nós, continuarás a ser o 
régulo da Tabanca Lapónia, não de pedra e cal, mas de madeira e gelo. Por outras palavras, és insubstituível, inamovível, vitalício... Claro que vamos ter saudades das tuas saudades.

Obrigado por mais estas tuas sugestões gastronómicas... E um dia destes posso mandar-te uma listagem com todos os teus postes... incluindo os da série "Da Suécia com saudade" (que são noventa).

Mas deixa-me acrescentar: 

Morreu a Tabanca da Lapónia,  viva a Tabanca de Key West!

Fica bem e que lá sejas feliz, pararaseando um poema do noss Ruy Belo. Que a felicidade é onde a gente a põe, mas a maior parte de nós nunca a põe onde está... Venho de almoçar da Tabanca do Atira-te ao Mar e de deleitar-me com as nossas musiquinhas (com cavaquinho, bandolim, viola, voz...), celebrando a vida, a saúde, o desconfinamento, a amizade, a camaradagem...

Se um dia voltares à Pátria / Mátria / Fátria que te foi Madrasta, seja em viagem de  negócios ou simplesmente para rever as tuas raízes lusitanas, tens já uma convite para vir aqui comer uns marisquinhos do Mar do Cerro e beber uns vinhinhos brancos com aromes atlânticos da regão  da tua avó...

Um abraço fraterno, LG

PS - Lê e ouve aqui o poema "O Portugal Futuro", de Ruy Belo, dito por cantora Lula Pena



O Portugal Futuro

0 portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo (1933-1978)

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22105: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (28): sável frito com açorda de ovas, à moda da "chef" Alice, inspirando-se na gastronomia de Vila Franca de Xira

Foto nº 1 > Sável frito, crocante...


Foto nº 2 >  A açorda de ovas (de sável)...


Foto nº 3 > Lourinhã, Praia do Porto das Barcas... Ao fundo, a Praia do Porto Dinheiro...


Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-te ao Mar > 11 de abril de 2021 > Fechou a época do sável...Este (Foto nº 1)  ainda foi pescado em março... Mas só agora comido... A receita foi à moda da"chef" Alice Carneiro, inspirando-se na cozinha  de Vila Franca de Xira, onde o sável vai à mesa do rei... Já os "colonialistas" dos romanos gostavam do sável lusitano...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Não vou discutir se o melhor sável é o do rio Minho, ou do rio Douro ou do rio Mondego ou do Rio Tejo...Estupidamente as barragens mataram o sável do Douro... Tal como a lampreia e outras espécies. Mas isso é outra história. Triste. As barragens, a poluição, a sobrepesca... A verdade é que a população de savel (nome científico, Alosa alosa) está a diminuir drasticamente em Portugal.

Também não vou discutir onde se come o melhor sável do mundo e qual a melhor receita... Este ano tive o privilégio de comer sável por três vezes, e sempre na melhor companhia de alguns amigos e camaradas, e salvaguardando sempre as regras de saúde e segurança em vigor na pandemia de Covid-19.

Com 2 kg de sável, fêmea, que custaram cerca de 15 euros, a"chef" Alice deu de comer a cinco tabanqueiros da Tabanca do Atira-te ao Mar... Num sítio paradisíaco, secreto, longe das vistas dos mirones (e onde a ASAE não mete o bedelho...).

Desta vez a "chef" Alice não o fez à moda duriense, o sável frito com arroz, mas sim o sável frito com açorda de ovas... Porque o peixe que arranjou era fêmea e tinha ovas. (Fazer com ovas de pescada é batota.). E fez *a moda das gentes ribeirinhas do Tejo, dos vilafranquenses. 
Há aqui um vídeo da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, com a receita do "chef" José Maria Lino. 

Os convivas adoraram, as postas fininhas do sável estavam bem fritas e crocantes. E a açorda, se lhe chorar por mais!... 

Para o ano haverá mais, se o sável vier desovar aos nossos rios...Espantoso, é um peixe que pode viver 8 anos, atingindo a maturidade sexual aos 4/6 anos...É nesta altura que inicia a migração para o rio onde nasceu!... E para morrer, em geral, após a desova. Há espécies altruistas...

Sabe-se que os "colonialistas" dos romanos adoravam o "sável" lusitano... E se calhar foram eles que nos passaram o gosto... Se sim, o "colonialismo" não tem  só coisas más... Mas a palavra "sável" não parece vir do latim. Se calhar até é bom que seja de etimologia duvidosa. (**)
____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 10 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22091: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (26): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte III: cozido à portuguesa, para despedida do inverno; frutos do mar, como saudação à primavera

(**) Vd. poste de 5 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14434: Manuscrito(s) (Luís Graça) (52): A sagração da primavera, em louvor do sável

A sagração da primavera

por Luís Graça

Come-se o sável da tradição
que transborda as margens dos rios da nossa memória,
na semana santa em que o pecado era a carne
ou a tentação da carne ou a falta dela.

Frita-se o sável no azeite dos pobres,
supremo luxo, na sexta feira santa
em que Cristo morreu por todos nós,
os inocentes, os pecadores
e todos os que nunca tomam partido
entre a veemência do mal e a urgência do bem.
E quem não tem sável, come savelha,
que de sáveis por São Marcos enchiam-se os barcos.

Vem o sável apanhado nas redes
das pesqueiras do Douro quando o sável e a lampreia
chegavam a Porto Antigo e daqui à tua aldeia,
e os barcos rabelos eram endiabrados brinquedos
que caíam no buraco negro dos cachões,
carregados do vinho fino
que não matava a fome á pobreza.

Boa era a truta, bom o salmão,
e melhor o sável quando sazão,
diziam o fidalgo e o abade
que eram mais carneiros do que peixeiros.
E quem tem bula, que coma carne.

Comia-se o sável um vez por ano,
na cozinha gourmet dos camponeses
de entre Douro e Minho.
Aleluia, aleluia, Cristo ressuscitou!,
traz a boa nova o compasso
que bate a todas as portas dos cristãos.

E estalam foguetes no ar,
e rebentam em flor as cerejeiras
(aqui chamam-se cerdeiras),
e as videiras dão gamões,
e o verde é mais verde
sob o azul do céu das serras
que estrangulam os vales e os lameiros
e o rio Douro quando era selvagem e livre.

É a primavera que chega,
e há de ser o solstício do verão,
regulando a vida circadiana dos adoradores do sol
e dos comedores de sável.

É vida que triunfa sobre a morte.
é a Páscoa aqui no Norte,
é a festa da brava gente
que sempre teve engenho e arte,
quer na paz quer na guerra.

Pois que seja boa e santa e feliz a Páscoa,
para todos,
em toda a terra,
por toda a parte.

Tabanca de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses,
4 de abril de 2015
v2

sábado, 10 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22091: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (26): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte III: cozido à portuguesa, para despedida do inverno; frutos do mar, como saudação à primavera


Foto nº 1 > Frutos do mar, como "entradinhas"


Foto nº 2 > Suculento cozido à portuguesa


Fotos (e legendas): © António Levezinho (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação de sugestões gastronómicas, nacionais e internacionais, apropriadas ao reforço da nossa resiliência ao confinamento e à fadiga pandémica, sugestões que nos são facultadas pelos "vagomestres" e "chefs" da Tabanca Grande. (*)


Um dos nossos "chefs" com já créditos já firmados (**),  é o nosso amigo e camarada Tony Levezinho, ex- fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio 69 / março 71). 

Está reformado da Petrogal,  vive grande parte do ano na Tabanca da Ponte de Sagres - Martinhal, Vila do Bispo. Infelizmente, agora mais sozinho desde que enviuvou há menos de quatro meses. A sua companheira de uma vida (50 anos!), a Isabel Levezinho, integra também a nossa Tabanca Grande. 

O Tony, órfão de mãe ao nascer, aprendeu a cozinhar cedo. Pelo menos desde os 14 anos que fazia petiscos para ele e o mano mais novo. Além do prazer da mesa, sabe receber como ninguém. Na Tabanca da Ponte de Sagres - Martinhal, não há nemhuma tabuleta à entrada a recordar o anexim popular: "O peixe e o hóspede ao fim de três dias fedem!"...

De uma vasta lista de sugestões do cardápio do Tony, escolhemos hoje mais dois pratos, um para encerrar com chave de ouro o solstício do inverno (Foto nº 2) e outro para saudar o solstício do verão (nº 1)... Esperemos que vos agrade e inspire... LG

PS - Tony, eu sei que já não temos idade, barriga e sobretudo saúde para dois pratos desta envergadura, mas agradou-me a ideia de uma "saída" e uma "entrada"... Um bom solstício do verão para ti e para todos nós!

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Notas do editor:


11 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21887: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (19): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte I: ainda não é verão (, mas um dia destes há de ser!), e já me está a apetecer uma saladinha de queixo fresco e uma paelha, com um bom branquinho...

domingo, 4 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22066: Manuscrito(s) (Luís Graça (202): A Páscoa: este ano resta-nos a saudade... e as fotografias e os vídeos de antanho. E a Covid-19 que nos confina e nos espreita.

.Páscoa: o fascínio do fogo!

Vídeo: © Luís Graça (2009). Alojado no Blogue A Nossa Quinta de Candoz










Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 2012 >"As nossas comidinhas: o anho assado com arroz de forno, o práto festivo por excelência, o prato que se serve à mesa na Páscoa... que aqui era sempre à segunda-feira por causa do compasso que tinha de dar a volta toda à freguesia, de povoamento disperso"...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A Páscoa antes da era Covid-19


Dantes, na era pré-Covid-19,
não havia Páscoa sem foguetes... nem compasso.
E muito menos sem o forno aceso,
e sem o sortilégio do fogo, 
que aquecia e alumiava e assava,
enfim, sem o arroz de anho assado no forno.

Não, não havia Páscoa,
sem as cerdeiras florirem,
e sem as videiras sorrirem,
e sem os abraços efusivos.
Não, não havia Pásccoa, sem os foguetes,
nem alegria na cara e no coração das gentes 
do Minho e do Douro Litoral...

Antes da pandemia, 
antes da era Covid-19,
com a crise ou sem ela,
e até mesmo depois da proibição 
do lançamento de foguetes de cana...

Ó vai ou racha, rapazes!,
que na Quaresma engordava-se o anho
para a grande matança da Páscoa...
Tudo isto, quando o Natal tinha o seu pinhão, 
e a Páscoa o seu tição,
e a salgadeira estava cheia do porquinho 
que era o governinho da casa.

Hoje tens a triste Páscoa do "take away", e das grandes superfícies,
e a autoestrada que te leva ao Norte,  vazia e  rigorosamente vigiada.
Em 2009, cada dúzia de foguetes custava a módica quantia de 30 euros.
Mas no domingo de Páscoa,
e por ocasião da visita do compasso,
o povo perdia a cabeça e armava-se em fino e em rico
para provar à Casa do Fidalgo quem tinha cagança...

Hoje o raio da Covid não olha a senhorios e rendeiros, 
os ricos e os pobres de antigamente,
e, aliada da morte, está à espreita mas não espera.

Quando o compasso chegava a uma casa,
o fogueteiro sinalizava a sua presença...
Os vizinhos, mais à frente, preparavam-se,
com grande excitação, para a cerimónia...
Todos, mal-enjorcados nos seus fatos domingueiros, 
os camponeses do Norte,
as mãos sem jeito erguidas ao céu 
quando era  preciso rezar a um deus maior.

Já não importa se a Páscoa 
é no domingo depois da primeira Lua cheia do equinócio da primavera,
há dois anos que perdeste a conta aos dias e aos meses do calendário.
Tradição rica de significado socioantropológico,
hoje em vias de desaparecer,
a tua Páscoa nortenha que adotaste.
Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia!,
estamos vivos e bem de vida, dizia o da casa, 
abrindo as portas aos vizinhos, parentes e amigos.

Domingo da Ressureição, 
carne no prato, farinha na mão,
que na Santa Feira Santa  comia-se o sável do rio Douro.
Acabava-se o jejum e a abstinência, 
para os pobres que não tinham bula.
Eram, afinal, dias de festa, os últimos da Semana Santa,
dias  de comes e bebes e foguetório,
tudo misturado com a religiosidade pagã e cristã,
que formatou corpos e almas.
Folgai enquanto puderdes, que noutra hora chorais,
lembrava o padre Agostinho.

À noite, do terraço da varanda de Candoz,
assistia-se, de borla, na era pré-Covid,
ao espectáculo único da largada de fogo de artifício,
quando o compasso recolhia, cansado, à noite,
depois de andar por montes e vales,
o homem da cruz à frente, 
e a seu lado o puto, de sobrepeliz, a tocar a sineta.

Depois da visita do compasso,
e bem arrotado o arroz de anho assado no forno,
era o espetáculo talvez mais aguardado do ano,
a disputa em fogo de foguetório 
entre cada uma das freguesias circunvizinhas
ali em frente, naquele cenário de presépio.
Olhai, Paredes de Viadores, olhai, Passos de Gaiolo!
E já os de Mesquinhata se adiantavam e agigantavam,
mais os de Santa Leocádia, Grilo e Ribadouro...

Todos, afinal,  a competir pelas luzes da ribalta do céu,
e a mostrarem-se mais cristãos e mais valentes do que no ano anterior.
E com um sorriso matreiro, e uma pontinha de vaidade,
mostrados aos que se sentavam na plateia 
deste vale de lágrimas que sempre foi a terra.
Deus fizera o mundo e as quatro estações de Vivaldi,
e os solstícios do inverno e do verão,
e os equinócios da primavera e do outono,
só não mandara anjos para ajudar a plantar, regar e mondar o milho.

Havia palpites, críticas, comentários, exclamações...
sobre a quantidade e a qualidade do fogo de cada freguesia.
E no final Paços de Gaiolo era o  vencedor...
Alguém tinha que ser o vencedor,
garantia o padre Agostinho, 
que no céu, meus filhos,  a seleção sempre fora, 
desde os primórdios,  muita apertada,
e nem todos poderiam ficar à direita de Deus Pai.
 
Era a vida que, afinal, na Páscoa, triunfava sobre a morte, 
naquelas terras de camponeses do vale do Sousa e do Tâmega,
que alimentaram um milhão de portugueses durante séculos
e que ajudaram a dilatar a fé e o império, sem saber ler nem escrever,
e muito menos latim.

Na era da Covid-19, 
há dois anos que não há Páscoa, nem compasso, nem fogo, nem forno.
Nem abraços nem chicorações, só quando muito abracelos...
Uma tristeza, as casas fechadas, mortos os velhos, 
cheios de mazelas os menos velhos,
cada gente das várias famílias espalhada pelas diásporas.

No passado, ao almoço,  não podia faltar o arroz de forno,
que, em cada ano que passava, 
estava sempre melhor do que o do ano anterior.
Davam-se gabadelas às cozinheiras cuja arte a idade ia apurando.
Ou então era tudo devido simplesmente  à saudade 
destes sabores da infância e da tradição.
Agora até o raio da Covid, diziam, tirava o olfacto  e o sabor às cozinheiras...

Podia chover, que em abril águas mil,
mas a água não apagava o fogo da paixão da vida,
nem estragava o gosto pelo folgar dos corpos,
o forno aceso,  
o folar para os afilhados, sua benção, padrinho!,
o pão de ló dos Lenteirões, a aletria, 
os foguetes a estalar no ar, alto e longe,  
a caneca de porcelana, que luxo!, 
por onde se bebia o vinho verde tinto,
os parentes e os amigos, alguns vindo de longe, da terra dos mouros,
o vinho verde novo que jorrava da pipa e  alegrava os corações,
a canalha numa correria para apanhar as canas dos foguetes...

E os cães a ladrar. 
Mas até os cães morreram.
Tal como o padre Agostinho.
E as velhas casas de granito se cobriram de musgo
e as janelas de teias de aranha.

O compasso era tradição minhota e duriense, diziam-te.
Tenderá a acabar, há muito profetizavam os sociólogos da desgraça.
A sua origem remontaria à época dos jacobinos, mata-frades,
à desarmotização dos bens de mão-morta que não poupou os passais,
provocando a pobreza do cura da aldeia
que, sendo filho de Deus, também tinha de comer e beber.
O compasso pascal seria a  forma expedita
de compensar a perda de rendimentos do pároco.
As esmolas que as famílias punham no saco do compasso, no final da visita,
revertiam originalmente para o pé-de-meia do padre...

Ah!, mas até os padres morriam, 
em tempo de peste e  de Covid, lia-se  na gazeta de Lisboa.
E o teu vizinho da porta da frente, que vivia na Paris dos portugueses,
coitado, também lá se foi, telefonou-te, chorosa, a viúva.
E mais o fulano e o sicrano. E mais este e aqueloutro.

Já nada é como dantes,
desde que o mundo que tu conhecias começou a soçobrar.

A visita pascal era um pretexto também para a afirmação social,
o exibicionismo dos vizinhos e parentes mais ricos,
alguns que haviam retornado de França, se não ricos, remediados, 
e que eram capazes de gastar uns bons contos de réis em foguetório...

Já não havia contos de réis, é verdade, 
nem lendas e narrativas de  brasileiros 
que fizeram fortuna no Novo Mundo.

Este ano da desgraça de 2021 resta-nos a saudade... 
e as fotografias e os vídeos de antanho.
E a Covid-19 que nos confina e nos espreita.
Mas também a esperança de que, no fim,
vamos triunfar sobre esta maldita pandemia, 
como trinfámos sobre a peste negra, a varíola, a cólera, a pneumónica...

Lourinhã, 4 de abril de 2021.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de março de  2021 > Guiné 61/74 - P22047: Manuscrito(s) (Luís Graça) (201): O pôr-do-sol no Atlântico, no tempo do não-tempo do confinamento (Luís Graça)

domingo, 21 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22024: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (25): Curso, gratuito, "online", sobre "Iniciação à Prova de Vinhos": promovido pelo Turismo de Portugal, com a duração de 2,5 horas ... mas tem de ser feito até ao fim deste mês


Guiné-Bissau > Região de Gabu  > Ponte Caium > Ao lado de um memorial aos mortos do 3º Gr Comb da CCAÇ 3546 (1972/74) ,  ainda existia em 2010, no tabuleiro da ponte, esta base de um nicho com a inscrição "Nem só de pão vive o homem. [Guiné] 72-74".

Foto (e legenda): © Eduardo Campos (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > Novembro de 1968 > O alf mil SAM Virgílio Teixeira (o segundo a contar da esquerda), a ajudar a descarregar garrafões de vinho, alguns dos quais têm o rótulo do Cartaxo (presumivelmente, da Adega Cooperativa do Cartaxo).

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Nem só de pão vive o homem... Também precisa de poesia para viver (e hoje, 21 de março, até é o Dia Mundial da Poesia, um dia que   foi criado, em 1999, na 30.ª Conferência Geral da UNESCO; também é Dia Internacional das Florestas...). 

Mas não vamos falar de poesia, mas de vinho, se bem que um bom vinho seja "poesia engarrafada":  "wine is bottled poetry" [a autoria da metáfora é a tribuída a um poeta, que não era francês nem português, mas  da terra do "Scotch", Robert Louis Stevenson (1850-1894), o  conhecido autor de "A Ilha do Tesouro":  quem não o leu na adolescência ? É uma obra da literatura universal que faz parte do plano nacional de leitura, 7º ano].

Hoje o que vos "oferecenos" não é nenhum prato "especial, anti-covid", é a oportunidade de fazer, de borla, um curso de "Iniciação à prova de vinhos", disponível aqui na  plataforma Nau.


2. O que é a NAU? ...

“NAU – Ensino e Formação Online para Grandes Audiências” é um projeto online, pioneiro a nível nacional, de suporte ao ensino e formação, dirigido a grandes audiências.

(...) "É um serviço desenvolvido e gerido pela Unidade FCCN da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) que permite a criação de cursos em formato MOOC (Massive Open Online Course), ou seja, cursos abertos e acessíveis a todos, produzidos por entidades reconhecidas e relevantes na sociedade, que contam com a participação de milhares de pessoas."

Integra-se na missão (nacional) de promover: (i) o desenvolvimento digital, (ii) a inclusão e a literacia digitais, (iii) a educação e (iv) qualificação da população ativa.


3. Mas vamos ao curso, que o tempo escasseia:

(i) promovido pelo Turismo de Portugal; 
(ii) é gratuito; 
(iii) tem uma carga horária de duas horas e meia; 
(iv) termina no fim deste mês; 
(v) tem avaliação e certificado de aproveitamento (respostas certas a mais de 50% do teste final); e
 (vi) é um dos cursos da plataforma NAU com maior número de matriculados (já cerca de seis mil).

Público-Alvo

Iniciação à Prova dos Vinhos é um curso promovido pelo Turismo de Portugal direcionado para profissionais do setor, estudantes e o público em geral que tenham interesse em conhecer mais sobre esta área.

Objetivos de Aprendizagem

Após a realização deste curso o formando deve ser capaz de:

1 - Descrever as etapas metodológicas do exercício de degustação;
2 - Selecionar o copo ideal e organizar a sala de prova;
3 - Explicar os principais fatores que contribuem para a correta avaliação da cor do vinho;
4 - Descrever o que são vinhos cristalinos, límpidos e turvos, estabilidade biológica;
5 - Executar os principais métodos no exame olfativo e gustativo;
6 - Descrever Potencial de persistência aromática, adstringência, causticidade e efervescência;
7 - Descrever e explicar a consistência do vinho;
8 - Aplicar a correta adequação do vinho à iguaria.

Atividades

Neste curso, o promotor pretende ir muito mais além do "gosto ou não gosto", ou do
“sou como o Jacinto, tanto faz branco como tinto”, 
conseguindo dar resposta a perguntas como:

  • Que estilo de vinho?
  • Apresenta a tipicidade do seu terroir e da sua casta?
  • Estará no momento ótimo para ser servido?
  • Como devo servi-lo?
  • A que temperatura?
  • Decantar?
  • Com que copo?
  • Será adequado ao gosto das pessoas a quem se destina?
  • Será adequado à iguaria ou ao momento?
 Fonte: Excertos de: Nau - Sempre a Aprender > Curso de Iniciação à Prova de Vinhos (com  a devida vénia...)

Para saber tudo sobre o curso, clicar aqui: