1. Guidaje, Guileje e Gadamael, os famosos 3 G, ou a "batalha dos 3 G", já aqui tão acaloradamente discutida, analisada, comentada, ao ponto de alguns de nós termos perdido a serenidade e a contenção verbal que devem ser apanágio deste blogue de antigos combatentes...
Para o ano, os três G vão fazer meio centenário... Bolas, como estamos velhos!
Estamos em crer que ainda há muito coisa para dizer, e aprender, sobretudo aqueles de nós que não viveram na pele as agruras daqueles longos, trágicos mas também heróicos dias de maio e junho de 1973... Dias que não se podem resumir à contabilidade (seca) das munições gastas ou das baixas de um lado e do outro (e foram muitas). (*)
Hoje, que passam 49 anos sobre a Op Amílcar Cabral, em que o PAIGC jogou forte (em termos de meios humanos e materiais mobilizados) contra as posições fronteiriças de Guidaje (no Norte) e Guileje e Gadamael (no Sul), parece-nos oportuno repescar alguns postes e comentários que andam por aí perdidos... E publicar novas histórias. Daí esta série "Guidaje, Guileje, Gadamael, maio/junho de 1973: foi há meio século... Alguém ainda se lembra?"...
Felizmente que ainda temos muitos camaradas vivos, que podem falar de cátedra sobre os 3 G, Guidaje, Guileje e Gadamael... Outros, entretanto, já não estão cá... Já do lado do PAIGC, é cada vez mais raro poder-se contar com testemunhos, orais ou escritos, sobre os acontecimentos de então.
Referências não faltam no nosso blogue... Alguns dirão, "ad nauseam"... Citemos entre outras:
Dossiê Guileje / Gadamael (56)
Gadamael (384)
Guidaje (255)
Guileje (540)
Curiosamente, não temos nenhum descritor "Batalha dos 3 G", consagrado pela historiografista pró-PAIGC...
(...) A narrativa artilheira deste senhor [o Osvaldo Lopes da Silva, ] é uma salgalhada sem ponta por onde pegar. (****)
Enfim, basófia muita, ciência pouca e assistência benévola ou ignorante.
O que certamente aconteceu foi ajustar fogos com observação avançada consentida pelo "recolhimento" das NT. Assim aconteceu em Fevereiro de 71, em Gadamael, mas felizmente os intervenientes na observação e no cálculo eram analfabetos na direcção do tiro. Tomadas medidas de interdição, nunca mais o conseguiram fazer, passando a executar fogos escalonados em alcance (tiro rolante).
Na Guiné, as artilharias das NT e do IN eram baratas tontas que actuavam por "intuição" a partir do som e do conhecimento do terreno (quem o conhecia a palmo).
Morais da Silva
Cor Art Ref
Professor de tiro de Artilharia
(...) Guerras, guerrinhas, obuses, peças, granadas, cargas e por aí vai....
Factos: por vezes flagelavam com morteiro 82, canhão s/r, grad [fogute 122 mm] e possivelmente com a peça, essa de longo alcance. [peça de artilharia 130 mm, M-46, do exxército da Guiné-Conacri].
Felizmente raramente acertavam.
Ninguém contava as granadas IN [muito menos de lápis e papel na mão] .
Nós éramos bem treinados na EPA [Escola Prática de Artilharia, emVendas Novas] e nos cálculos de tiro. As cartas eram muito boas.
Após a desgraça de maio/junho de 1973, em Gadamael houve um reforço de material e humano, a saber; 3 companhias, 2 pelotões de milícias, 1 pelart de obus 14, 1 pelotão de canhão s/r, 1 pelotão de morteiro 81, o que dava em média cerca de 600 homens em permanência.
Raramente a contrabateria surtia efeito, a alternativa era fazer batimento de zona que tinha pelo menos bastante efeito psicológico no IN (soube à posteriori).
Tínhamos bons abrigos subterrâneos.
(***) Vd. poste de 20 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16218: Dossiê Guileje / Gadamael (28): A situação de Gadamel, ao tempo da CCÇ 2796 (1970/72), que teve dois grandes comandantes, Cap Op Esp Fernando Assunção Silva e Cap Art António Carlos Morais Silva (Vasco Pires, (ex-Alf Mil Art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)
Vd. também poste de 30 de agosto de 2019> Guiné 61/74 - P20107: Lições de artilharia para os infantes (7): Tal como o Strela reduziu a liberdade do nosso movimento aéreo, o radar de localização de armas (vulgo contra-morteiro) teria congelado a artilharia do PAIGC... (Morais da Silva / António J. Pereira da Costa / Luís Graça / Manuel Luís Lomba)