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segunda-feira, 3 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24190: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte IX: As bajudas de Cutia


Foto nº 1A > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia >   O alf graduado capelão José Torres Neves, ajudando na colheita do arroz (pormenor).


Foto nº 1 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia >   O alf graduado capelão José Torres Neves, ajudando na colheita do arroz.


Foto nº 2 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia >   Tabanca > Secagem do arroz  


Foto nº 3 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia >    A tabanca... (à direita, parte das instalações militares).


Foto nº 4 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia > As bajudas da tabanca >  A ida à fonte (1)
  

Foto nº 5 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia > As bajudas da tabanca >  A ida à fonte (2)


Foto nº 6 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia > As bajudas da tabanca >  A ida à fonte (3)


Foto nº 7 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia > As bajudas da tabanca >  A ida à fonte (4)

Foto nº 8 > Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia > Tropa e bajudas da tabanca  numa coluna (possivelmente a Mansoa).

Fotos (e legendas): © José Torres Neves (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71). Desta vez tendo por tema o destacamento e a tabanca de Cutia, que ficava a meio caminho entre Mansoa e Mansabá.

A oganização e a seleção das fotos são feitas pelo seu amigo e nosso camarada, o médico Ernestino Caniço, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá e Mansoa), tendo passado depois pela Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, (Bissau) (Fev 1970/Dez 1971). 

O José Torres Neves é missionário da Consolata, ainda no ativo.  Vai fazer, em 2023, os 87 anos. Vive num país africano de língua oficial portuguesa. Esteve no CTIG, como capelão de 7/5/1969 a 3/3/1971.  

As fotos (de um álbum com cerca de 200 imagens) estão a ser enviadas, não por ordem cronológica, mas por localidade, aquartelamentos ou destacamentos do sector de Mansoa.

Estas são as segundas de um lote sobre o destacamento (e a tabanca) de Cutia (que ficava a meio da estrada entre Mansoa e Mansabá). Temos 35 referências a Cutia. O Jorge Picado tem aqui, no poste P2881, uma excelente descrição do destacamento e tabanca de Cutia do seu tempo (1970/72)  (**).
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Notas do editor: 

(**) Vd. poste de 24 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2881: Estórias de Jorge Picado (2): Cutia, I Parte (Jorge Picado)

sexta-feira, 31 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24179: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte VIII: Tabanca e destacamento de Cutia, na estrada Mansoa-Mansabá


Foto nº 1 >  
Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia, que ficava do lado esquerdo da estrada Mansoa-Mansabá


 Foto nº 1A >  Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia (detalhe: o fortim)


 Foto nº 2 >  Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia: vista geral


Foto nº 2 >  Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia: em primeiro plano, o espaldã0 do morteiro 81
 

Foto nº 3 >  Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento de Cutia: o espaldã0 do morteiro 81

Fotos (e legendas): © José Torres Neves (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Padre José Torres  Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71). Desta vez tendo por tema o destacamento de Cutia, que ficava a meio caminho entre Mansoa e Mansabá.

A oganização e a seleção das fotos são feitas pelo seu amigo e nosso camarada Ernestino Caniço, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá e Mansoa), tendo passado depoos pela Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, (Bissau) (Fev 1970/Dez 1971). (É médico, foi diretor do Hospital de Tomar, 6 anos, de 1990 a 1996, e diretor clínico cumulativamente 3 anos, de 1994 a 1996; viveu em Abrantes; hoje vive em Tomar.)

O José Torres Neves é missionário da Consolata, ainda no ativo. Julgamos que já fez, em 2022, os 86 anos. Vive num país africano de língua oficial portuguesa. Esteve no CTIG, como capelão de 7/5/1969 a 3/3/1971. Os capelães eram, em geral, graduados em alferes, não eram portanto oficiais milicianos. Um ou outro podia do quadro.

As fotos (de um álbum com cerca de 200 imagens) estão a ser enviadas, não por ordem cronológica, mas por localidade, aquartelamentos ou destacamentos do sector de Mansoa.

Estas são as primeiras de um lote sobre o destacamento (e a tabanca) de Cutia. Temos 35 referências a Cutia.

Há uma história passada com outro capelão, o saudoso padre Mário da Lixa (1937-2022), que merece ser recordada: é do tempo de outro batalhão, o BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68). O Mário de Oliveira, capelão por escassos 4 meses, veio dizer missa a Cutia e no regresso uma das viaturas da esc0lta teve um acidente... Leiam depois o resto no poste P1946 (**).


Guiné  > Carta geral da província (1961)  Escala 1/500 mil  > Posição relativa de Cutia a meia distância entre Mansoa e Mansabá


Guiné > Região do Oio > Carta de Mambonco (1954) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Cutia (a nordeste de Mansoa), na estrada para Manboncó e Mansabá,

Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2023)
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Notas do editor:

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23855: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XII: Emboscada no Oio, em dezembro de 1964, com o grupo "Fantasmas" reduzido a 12 comandos...

 

Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Destacamento de Cutia > c. 1970 > Foto enviada  pelo César Dias, ex-fur mil sapador, CCS / BCAÇ 2885, um batalhão que esteve em Mansoa e Mansabá desde maio de 1969 a março de 1971, e a que pertencia a CCAÇ 2589, de que o Jorge Picado foi um dos comandantes, de  24/2/1970 a 15/2/1971. Estranhamente, Cutia não vem nas cartas nem de Mansoa nem de Farim. Ficava a nordeste de Mansoa, na estrada Mansoa-Mansabá.

Foto (e legenda): © César Dias (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné



1. Mais um excerto das memórias do nosso camarada Amadu Djaló (Bafatá, 1940- Lisboa, 2015), membro da nossa Tabanca Grande desde 2010, autor do livro "Guineense, Comando, Português" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp.).  

O Virgínio Briote, nosso coeditor jubilado (ex-alf mil, CCAV 489 / BCAV 490, Cuntima, jan-mai 1965,  e cmdt do Grupo de Comandos Diabólicos, set 1965 / set 1966) disponibilizou-nos o manuscrito,  em formato digital. 

Recorde-se que, durante cerca de um ano,  com infinita paciência,  generosidade, rigor e saber, ele exerceu as funções de "copydesk" (editor literário) do livro do Amadu Djaló, ajudando-o a reescrever o livro,  a partir dos seus rascunhos e da sua prodigiosa memória.


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria >
IV Encontro Nacional do nosso blogue >
20 de Junho de 2009... O VB e o Amadu.
Foto: LG (2010)
A edição de 2010, da Associação de Comandos, com o apoio da Comissão Portuguesa de História Militar, está infelizmente há muito esgotada. E não é previsível  que haja, em breve, uma segunda edição, revista e melhorada. Entretanto, muitos dos novos leitores do nosso blogue nunca tiveram a oportunidade de ler o livro, nem muito menos o privilégio de conhecer o autor, em vida. 

Recorde-se, aqui,  o último poste 
desta série (*):  O  Grupo de  Comandos "Fantasmas", da Companhia de Comandos do CTIG,  comandado pelo alf mil 'comando' Maurício Saraiva, nascido em Angola, sofre o seu primeiro grande revés,  a sudoeste  de Madina do Boé, na estrada para Contabane, junto a um pontão sobre o rio Gobige, quando uma coluna auto aciona uma mina anticarro, em 28 novembro de 1964. Irá perder 8 dos seus homens, ficando reduzida a 12 operacionais,


Capa do livro de Bailo Djaló (Bafatá, 1940- Lisboa, 2015), "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974", Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.





  Emboscada no Oio, em dezembro de 1964,  com o grupo "Fantasmas" reduzido a 12 comandos...

(pp. 105/108)

por Amadu Djaló (*)




Guiné > Região do Oio > Carta de Mansoa (1954)  / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Cutia (a nordeste de Mansoa, já na carta de Farim), Morés, Iaron, Talicó e Santambato.

Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2022)



Depois do descanso, no quartel, em Brá, fizemos uma reunião entre nós, como fazíamos habitualmente. No dia seguinte pegámos nas armas e fomos para a mata de Nhacra. Muitos tiros, depois regressámos a Brá e no dia seguinte, formámos o grupo com doze comandos. Tinha regressado de férias o Furriel Morais [1], agora o 2º comandante do grupo ["Os Fantasmas"].

Depois da mina de Gobige, em que tínhamos sofrido aquelas baixas todas, nós não estávamos muito animados. Mas o alferes  [mil 'comando'  Maurício] Saraiva não parou. Com 12 homens e um guia, de nome Mamasaliu Djaló, natural do Oio, preparámo-nos para sair.

De Brá arrancámos em viaturas com destino a Mansoa.

O batalhão [2] de Mansoa tinha preparado uma coluna que nos transportou até Cutia, de onde partimos a pé, Oio dentro, até Tambato.

Quando aqui chegámos, por volta do meio-dia [3]   [,  quarta-feira,  9 de Dezembro de 1964] , emboscámo-nos na tabanca abandonada, junto ao cruzamento do carreiro que vem de Talicó e de outro que vem de Santambato. Mantivemo-nos ali até ao pôr-do-sol, levantámos a emboscada e prosseguimos para Santambato, sempre no máximo silêncio. Chegados aqui, emboscámo-nos de novo, junto ao caminho que vem de Iaron, com o acampamento de Talicó à nossa direita e o de Sinre à nossa esquerda.

A missão devia durar três noites, progredindo em emboscadas sucessivas. A primeira em Santambato, perto de Cutia, a segunda em Iaron, e a terceira e última à entrada de Bissorã.

Durante a primeira noite não aconteceu nada. De manhã  [, quinta-feira,  9 de Dezembro de 1964], o alferes mandou levantar a emboscada. No caminho vimos umas bananeiras, mesmo junto à tabanca abandonada e espalhámo-nos por ali. Como o caminho passava mesmo encostado às bananeiras, passados para aí cinco minutos, ouvimos vozes de uma mulher a aproximar-se. Vinha acompanhada por um homem. A mulher trazia roupa lavada e o homem uma sangra [4] com galinhas.

O alferes disse-nos para ninguém disparar, que eram civis. Assim que chegaram junto de nós, o alferes disparou uma rajada curta para o ar, a mulher deixou cair a roupa e o homem largou a sangra com as galinhas. Eu disse que era melhor sairmos dali, o alferes queria avançar mas concordou comigo.

Regressámos para o local onde nos tínhamos emboscado durante a noite. Dispersou-nos dois a dois e eu, ele e o guia ficámos juntos. Neste local onde estávamos fazia muito frio. Pousei a minha arma no chão, para puxar para baixo as mangas da camisola e o alferes fez o mesmo. Quando me estava a arranjar, vi um homem com uma Mauser, muito perto de nós, a olhar para longe. Ninguém pensaria que, junto a estes pequenos arbustos estivesse alguém, mesmo ali à beira dele. Ele olhava para uma mata mais densa, junto ao rio.

Quando o vi, não deu tempo para falar. Peguei na arma, que era a do alferes, que estava em cima da minha, apontei, o alferes pegou na minha e também apontou. A três metros, à direita do homem estavam companheiros nossos deitados. Um deles, que estava tão perto que nem podia respirar, disparou um tiro. O homem nem mexeu um dedo. Saí do esconderijo e corri para lhe tirar a arma. Largámos a correr, até ao rio.

O alferes queria atravessá-lo através de uma árvore que servia de ponte, e eu achava que não se devia atravessar porque o PAIGC devia lá estar, era uma passagem quase obrigatória. Que era melhor seguirmos pela margem, ao longo do rio. Descemos todos para a água e passámos até à outra margem, com a água muito fria até à cintura. Depois de a atingirmos, encontrámos o caminho para Tambato e ouvimos tiros vindos do lado da ponte. Estavam ali à nossa espera, como eu pensara.

Agora daqui para Cutia, só com apoio aéreo, disse o alferes. Estabeleceu contacto rádio e a resposta foi que só podíamos ter apoio dos aviões à tarde, porque os T-6 estavam todos no sul. Na conversa com a Dornier, foi-nos perguntado se nós tínhamos alguns dos nossos para trás, porque do ar viam fumo de troca de tiros.

Nós não estávamos dispostos a ficar até à tarde, neste local. Pouco tempo depois, ouvi um berro de uma perdiz a levantar voo. O alferes perguntou o que era e eu respondi que podia ser alguém que andava por ali. Quando uma choca levanta voo a berrar é porque alguém está a passar perto. 

Saímos cautelosamente dali, sempre no caminho até Cutia, onde finalmente chegámos sem mais incidentes. Recolhidos em viaturas, fomos transportados para Bissau, com passagem por Mansoa, onde nem parámos.

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Notas do autor e/ou do editor literário (VB):

[1] Furriel Mil. Joaquim Carlos Ferreira Morais.

[2] Nota do editor: Batalhão de Artilharia 645

[3] Nota do editor: 9 de Dezembro de 1964

[4] Cesto com galinhas

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Negritos / Parênteses retos com notas / Subtítulos: LG]

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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23346: Notas de leitura (1455): "Era Uma Vez na Tropa, Rescaldos da guerra em desfile de memórias", por Ireneu de Sousa Mac; Europa Editora, 2022 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Junho de 2022:

Queridos amigos,

Permitam-me justificar a minha incredulidade face à leitura desta narrativa. Passado meio século, manda a sabedoria do perdão que acompanha os velhos, há ressentimentos, azedumes e horas más que passam para a categoria dos desperdícios. Irineu Mac apresenta-se como uma exceção, di-lo frontalmente: "Toda a guerra depois de finda ainda vive em nós. Uma guerra não acaba enquanto houver um último sobrevivente e enquanto os familiares ou amigos que sofreram danos colaterais tiverem memória. Aqui são retratadas as vivências de um miliciano, em jeito de alter ego, forçado a entrar numa guerra de causas e motivações alheias em condições muito adversas".

 É uma narrativa confessional, onde a guerra propriamente dita e a sua relação com os outros merece escassos parágrafos, no entanto, terá vivido uma experiência bem dura em territórios marcadamente hostis em derredor de Mansoa, foi cofundador e professor na escola regimental de Mansoa, voluntariou-se na escola primária da aldeia na preparação para exames de 4ª classe, são assuntos tratados de raspão, questionamos porquê, numa narrativa onde o timbre é dado pelos tais azedumes e recordações de que a idade nos liberta, tal como ele observa nos encontros de ex-combatentes teimamos nesta bonomia de avançar para o outro de braços abertos.

Um abraço do
Mário



Lembranças da CCAÇ 15 (1970-1971), com amargores e ressentimentos

Mário Beja Santos

É cada vez mais raro encontrar nas obras de cunho memorial sobre a guerra colonial algo que fez parte da 1.ª fase deste ramo literário: os ajustes de contas, a revolta incontida pelos comportamentos militarões, o azedume pelo facto da tropa ter impedido os estudos, a catilinária sobre a absurdez e a perversidade daquelas guerras. A idade e o peso da memória fazem outros escrutínios, é aquela sabedoria em que o fel e a bílis já não têm papel na nossa vida. "Era Uma Vez na Tropa, Rescaldos da guerra em desfile de memórias", por Ireneu de Sousa Mac, Europa Editora, 2022, é uma história pessoal de um furriel miliciano que pertenceu à Companhia de Caçadores Nativos, a 15, sediada em Mansoa. 

Revela que lhe interromperam os estudos, que o mundo desabou à sua volta, estava preste a concluir o 7.º ano de liceu. Quando regressou era uma amostra de si próprio, pesava 54kg com 170cm de altura, já tinha os dois irmãos mais velhos nas penas de África, ainda hoje não consegue esquecer o olhar de despedida e a compaixão de familiares e amigos quando lhe disse que ia para a Guiné. A guerra não acabou para Mac. É a vivência na Guiné que ele vai relatar. Antes, porém, conta-nos que estudou num colégio privado, chegou o dia mais infeliz da sua vida, assentou praça nas Caldas da Rainha, confessa que nunca foi capaz de abrir o baú e deixar que as memórias viajassem pelo mundo fora. Agora, já está mais descontraído, fala-nos da sopa intragável, dos treinos nas serranias laterais ao rio Séqua, estava desarranchado, tinha um companheiro de quarto que acabou por desertar. 

“As atitudes danosas e injustas da tropa, deixaram ao Mac marcas desagradáveis e de aversão, ainda hoje, à flor da mente e dentro da pele”.

Irineu Mac esboçou a arquitetura sobre a forma de diálogos com o amigo, há pergunta e resposta, e depois de se falar em classificações do curso, ei-lo que parte em rendição individual para CCAÇ Nat 15. 

“O mundo de Mac sofre um segundo terramoto. Faliram os projetos, desabaram os sonhos. Nunca mais o futuro se escreveu da mesma maneira”

E parte, em estado lúgubre, em 3 de fevereiro de 1970. Dá-nos a nota de rodapé a composição do quadro de oficiais, sargentos e praças oriundos da metrópole, juntam-se todos em Bolama, onde diz que as condições de vida eram péssimas. E partem para Mansoa, descobre que não pode vir a férias até à metrópole por ter 8 dias de prisão no cadastro, coisas que se passaram em Tavira, tudo má sorte. Tira carta de condução de mota. Foi forçado a ir votar num cidadão qualquer, coisas de eleições do Estado Novo. Conta a história de uma cobra que se escapuliu para um buraco da bota, segue-se um rol de peripécias, mete caça, comida, a vida em Cutia tinha as suas durezas. Não se escapa às considerações erótico-sexuais. Não lhe escapou à memória uma encenação feita para jornalistas estrangeiros, um simulacro de combate na mata, uma autêntica montagem cinematográfica. Há acidentes com armas, fala-se de ataques de abelhas.

Nova confissão, há ressentimentos que pesam: 

“Mac foi impelido para a tropa pela intimação, pela força da lei e dos homens dominados, pela obsessão na qual não navega a razão. Ainda tentei, por duas vias, adiar a tropa para a incorporação seguinte. Em especial porque queria muito concluir o ano letivo. Nunca obtive resposta. Voltei com a guerra às costas. Sem bater à porta, fez-se de convidada, entrou sem autorização e sentou-se à mesa da vida. Enquanto a malária, de febre em riste, entrava pelo postigo, pelas frestas das janelas e pelos interstícios dos telhados. Mas não penses que foi fácil regressar. Inventavam atrasos atrás de adiamentos. Já nos íamos adentrando pelo 25.º mês e ainda não tínhamos sido substituídos. Quanto mais o tempo passava, mais o medo aumentava e a coragem e a vontade de arriscar escasseavam. Ninguém queria morrer ao quebrar da onda na areia”.

Há referências esporádicas a operações, patrulhamentos, situações de fogo cruzado. E vem a história de Zé Mamede que em outubro de 1970 abalou de Mansoa em direção ao seu destacamento, Infandre. Chegou notícia cerca do meio-dia de ter havido uma emboscada entre Braia e Infandre, foi logo gente em auxílio. 17 feridos, 10 mortos, entre eles o Zé Mamede. O alter ego de Mac pergunta-lhe se o Zé Mamede deve ser homenageado enquanto heróis, resposta do Mac: 

“O Zé Mamede não é herói. É uma vítima, mortal, inocente, de estratégias alheias e inconsistentes das ideologias reinantes. O Zé é uma vítima de ambições de grandeza desproporcionadas, ultrapassadas e nefastas. O Zé é uma vítima da ambição errónea e condenável de outros. Da opção do orgulhosamente sós”.

Mais adiante, sentencia: 

“Jamais psicólogo algum ou alguma psiquiatria salvará do trauma a quem matou mesmo para sobreviver”.

O alter ego de Mac tem acesso à sua correspondência: 

“A solidão é a minha companheira. Oh esperança, não me abandones! Fica comigo. Agora. Alimenta e alenta a minha vida em frágil equilíbrio sobre o gume das armas. Agora.”

Escreveu poesia. Em jeito de rememoração, dá-nos a saber que fazia parte da estratégia de Spínola formar companhias de caçadores nativos de elite, Mac integrou uma força operacional, atuou nas matas cerradas. Deu trabalho, mas ao fim daquele tempo todo, foram metidos num avião, regresso a Lisboa. Ficamos a saber que entre a tropa metropolitana e os soldados africanos houvera solidariedade devido à luta vital conjunta que se travava. E descreve demoradamente as peripécias do regresso. Confessa ao seu alter ego: 

“Não tenho estátua, mas tenho um louvor e uma insígnia. Não me perguntes como nem porquê. Nem sei bem responder. O que posso garantir é que, decerto, não foi pela minha valentia ou por qualquer ato de heroísmo. Acredito que possa ter sido por me voluntariar a instaurar uma escola regimental para os soldados africanos aprenderem a ler. E isso bastou-me para obter benefícios propinários, deu-me direito a isenção de propinas extensível aos filhos. Cumpri deveres porque me sujeitei a eles. Também não abdiquei daquele direito. Contudo, preferia não os ter tido”.

Despede-se do leitor, desta vez sem azedumes nem ressentimentos:

“A guerra tira, mas também dá. Enobreceu em nós o espírito de entreajuda e o sentido da amizade. Continuamos unidos pela amizade construída sobre a solidariedade vivida nas matas do Oio, do Olossato, do Morés, do Changalana, do Locher. Eu sei que, ainda hoje, essa união se mantém na trajetória de muitos ex-combatentes. Eu sei porque tenho observado muitos dos seus almoços-convívios. Paro, sempre extasiado pelos abraços emotivos que vejo”.

Vista parcial do destacamento de Cutia. Foto: César Dias, com a devida vénia
Localização do destacamento de Cutia

Crachá da CCAÇ 15

Estandarte do CCAÇ 15
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23341: Notas de leitura (1454): “La fin de l’empire colonial portugais, Témoignages sur un dénouement tardif et tourmenté”, por Éric e Jeanne Makédonsky; L’Harmattan, 2018 (2) (Mário Beja Santos)

sábado, 21 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20477: Memória dos lugares (403): Cutia, ao tempo do Jorge Picado, cmdt da CCAÇ 2589 / BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)


Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Destacamento de Cutia > c. 1970 > Foto enviada  pelo César Vieira Dias, ex-fur mil sapador, CCS / BCAÇ 2885, um batalhão que esteve em Mansoa e Mansabá desde maio de 1969 a março de 1971, e a que pertencia a CCAÇ 2589, de que o Jorge Picado foi um dos comandantes, de  24/2/1970 a 15/2/1971(*)

Foto: © César Dias (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 2 >  Guiné > Região do  Óio > Mansoa > Cutia > O Domingos Robalo, em primeiro plano. A estrada alcatroada Mansoa-Mansabá atravessava a tabanca e destacamento de Cutia. (***)

  
Foto nº 3 >  Guiné > Região do Oio  > Mansoa > Cutia > Obus 14... A "mata do Morés" começava logo a seguir (, ao fundo, na foto)... Tratou.se de ação sobre a mata do Morés, levada a efeito a partir do destacamento de  Cutia, a nordeste de Mansoa,  entre os dias 17 e 27 de julho de 1970. Nessa altura visitava a Guiné um grupo de deputados da  Assembleia Nacional, da chamada Ala Liberal, entre eles o seu chefe de fila, Pinto Leite.


Foto nº 4 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Acomodações: o "Matador", veículo pesada que rebocava o obus 14: eram precisos uns caixotes de munições para se poder ao 1º andar... Ao fundo, do lado esquerdo um dos "bunkers" do "resort turístico" que era o destacamento de Cutia...


 Foto nº 5 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Rancho... Era aqui a "cozinha" da CCAÇ 2589, na berma da estrada, onde também se situava a "messe", sob os poilões.


 Foto nº 6>  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Churrasco


Foto nº 7 >  Guiné > Região do Oio  > Mansoa > Cutia >  Relaxando... Sentado,  numa "chaise longue",  o alf mil Francisco Dias Corado Assude,  da CCaç 2589, alentejano de Campo Maior.


Foto nº 8 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Confraternização dos artilheiros do GA 7, ali temporariamente destacados (de 17 a 27 de julho de 1970)


Foto nº 9 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > O alferes de óculos é o sobrinho do Sá Viana Rebelo, que esteve, também, com o Domingos Robalo  na operação Mabecos em fevereiro de 1971... Ambos eram do GA 7... À direita,em segundo plano, sentado, o alf mil Francisco Dias Corado Assude,  da CCaç 2589, destacado em Cutia com o Gr Comb.


Foto nº 1 > Guiné > Região do Biombo > Estuário do Rio Mansoa >  Recuperação dos restos do Heli AL III, caído por acidente na foz do rio Baboquem, afluente do rio Mansoa, em 25 de julho de 1970, e que transportava quatro deputados da Assembleia Nacional, em visita à província (além da tripulação) (***)


Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário (**) do Jorge Picado, ilhavense, membro sénior da nossa Tabanca Grande, veterano dos nossos encontros nacionais, tendo cerca de 110  referências no nosso blogue; engenheiro agrónomo reformado; ex-cap mil, CCAÇ 2589 / BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá, e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72; 

 

1.1. Boas fotografias da "Pousada de Cutia", excelente para "acalmar os nervos"!

Na foto no 2, o Domingos Robalo em plena estrada alcatroada que atravessava o destacamento de Cutia. 

Na foto nº 3,  pode-se ver como pano de fundo aquela "barreira cerrada" do início da grande "Mata do Morés", bem pertinho da "Pousada" [Cutia].

Pode-se ver, pela traseira da cabeça do Domingos, um a estacada 1.ª vedação de arame farpado onde existiam penduradas as célebres garrafas vazias de cerveja. Seguia-se a zona armadilhada e minada até uma 2.ª vedação. 

Na foto nº 4, junto dos poilões que ladeavam a estrada, observando-se um pouco as proximidades do abrigo subterrâneo. 

Na foto nº 5, a "cozinha", na berma da estrada, onde também se situava a "messe", sob os poilões. 

Na  foto nº 7, à esquerda,  sentado numa "chaise longue",  o alf mil Francisco Dias Corado Assude,  da CCaç 2589, alentejano de Campo Maior,  e Engº Téc. Agr. na vida civil, dos antigos Serviços Agrícolas. 

Na foto nº 9, à direita,  o mesmo Alferes. 

Com essas flagelações nocturnas, "tão silenciosas" o pessoal devia repousar bastante! Vá lá, que depois de todo "o festival", os "vizinhos do Morés" foram compreensívos e continuaram amigos de Cutia. 

Ainda bem, para mim, que esse episódio me apanhou de férias na Praia da Barra, onde nessa época tínhamos aí vivenda. 

1.2. A viagem fatídica para os malogrados deputados e tripulantes do héli [, foto nº 1], não foi Mansoa-Bissau, mas sim Teixeira Pinto-Bissau (****). Aliás recordo-me de ler uma boa descrição feita por um dos jornalistas que seguia num dos hélis que conseguiram pousar numa bolanha da margem direita do Rio Mansoa e assim escapar à tempestade. Julgo que foi numa das revistas da A25A. 

Fiz algumas vezes esse trajecto, Teixeira Pinto-Bissau, de héli, que de facto na época das chuvas rapidamente poderia apanhar com grandes alterações atmosféricas e recordo de numa delas ter apanhado um valente susto, quando vi uma "muralha preta" aproximar-se rapidamente pela frente. Só que dessa vez o piloto transmitiu-nos que já não nos apanhava no ar, pois a BA estava bem pertinho. 

De facto, pouco depois de pousarmos e, já no resguardo das instalações, desabou passou aquela barreira de chuva e vento que todos conhecemos, por várias vezes. 

1.3. Luís, creio que esta acção, em si, não teve nome. No BCaç 2885, houve sim nesses dias algumas operações, para as forças que fizeram:

(i) escolta e segurança descontínua entre Nhacra e Cutia à coluna com material de Artilharia, no dia 17 (Op Filarmónica);

(ii) patrulha na região do Cubonge ao sul da "grande área do Morés", no dia 18 (Op Fígado);

(iii) contra-penetração do eixo In Morés/Sara com contacto no dia 22 (Op Farelo);

(iv) Op Fechadura no dia 24, para fornecer a segurança à deslocação do grupo de Deputados, entre Nhacra e Mansabá, em que se empenharam 3 Gr Comb da CCAÇ 2588, 2 Gr Comb da CCAÇ 2589, 4 Gr Comb da CCaç 15 (Balantas), 4 Gr Comb da 2732, 3 Pel Mil e 1 Pel Auto Panhard de reforço ao BCaç;

(iv) em 25 e 26 ainda patrulhas na região do Cubonge (Op Frenezim e Op Fazenda). 

Nunca percebi como "nasciam" os nomes das operações. 

São as achegas que posso dar sobre este episódio, que felizmente não vivi, e só mais tarde conheci. 

Bem e aproveito para desejar um Bom Natal e um Muito Feliz 2020 para toda ESTA GRANDE FAMÍLIA DOS CAMARADAS DA GUINÉ e SEUS FAMILIARES. Jorge Picado


Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Região do Oio > Detalhe: posição relativa de Cutia no triângulo Bissorã- Mansabá- Mansoa. Ficava  a meio, na estrada Mansoa-Mansabá. (***)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)
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12 de julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3051: Estórias de Jorge Picado (4): Como cheguei a Comandante da CART 2732 (Jorge Picado)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20446: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte V: Em Cutia, entre Mansoa e Mansabá, barragem de artilharia sobre a mata do Morés, de 17 a 27 de julho de 1970... A 25, no regresso da visita a Teixeira Pinto, morrem quatro deputados da Assembleia Nacional, em acidente aéreo, no rio Mansoa.


Foto nº 1 > Guiné > Região do Biombo > Estuário do Rio Mansoa >  Recuperação dos restos do Heli AL III, caído por acidente na foz do rio Baboquem, afluente do rio Mansoa, em 25 de julho de 1970, e que transportava quatro deputados da Assembleia Nacional, em visita à província (além da tripulação) (**)


 Foto nº 2 >  Guiné > Região do  Óio > Mansoa > Cutia > O Domingos Robalo, em primeiro plano.

  
Foto nº 3 >  Guiné > Região do Óio  > Mansoa > Cutia > Obus 14




 Foto nº 4 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Acomodações: o "Matador", veículo pesada que rebocava o obus 14: eram precisos uns caixotes de munições para se poder ao 1º andar...



 Foto nº 5 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Rancho


 Foto nº 6>  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Churrasco


 Foto nº 7 >  Guiné > Região do Óio  > Mansoa > Cutia >  Relaxando


 Foto nº 8 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Confraternização


Foto nº 9 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > O alferes de óculos é o sobrinho do Sá Viana Rebelo, que esteve, também, comigo na operação Mabecos em fevereiro de 1971

Ação sobre a mata do Morés, levada a efeito a partir de Cutia/Mansoa entre os dias 17 e 27 de julho de 1970. Nessa altura visitava a Guiné um grupo de deputados da  Assembleia Nacional, da chamada Ala Liberal, entre eles o seu chefe de fila, Pinto Leite.

Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7,  Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada; tem mais de 20 referências no nosso blogue. [, Foto atual, à esquerda, Tabanca da Linha, Algés, 2019].

(...) No fim do  mês de maio de 1970, sou destacado para uma operação em Cutia, sector de Mansoa, para flagelar a mata do Morés (?). 

De 17 a 27 de julho, a artilharia flagelava de noite e a FA [Força Aérea] de dia.

Nesse período, vêm a falecer os deputados à Assembleia Nacional que nos visitaram em Cutia [, José Pedro Pinto Leite, Leonardo Coimbra, Vicente de Abreu e Pinto Bull].(**)

Os deputados à Assembleia Nacional visitaram-nos, ou melhor, passaram em Cutia, no dia 23 ou 24 de julho, vindo a falecer em consequência da queda de um dos helis que os transportava de [Teixeira Pinto]  para Bissau no dia 25 ou 26 de julho. (como curiosidade, o Salazar faleceu no dia 27 de julho.)

Um dos deputados era pai de um camarada meu da artilharia que estava colocado em Catió, razão pela qual o deputado trocou com um outro para poder visitar o filho. Deslocação inglória, porque não se encontraram. (...)



Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Região do Oio > Detalhe: posição relativa de Cutia no triângulo Bissorã- Mansabá- Mansoa. Ficava  a meio, na estrada Mansoa-Mansabá.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20413: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte IV: Acção Mabecos (subsetor de Piche, 22-24 de fevereiro de 1971)

(**) Vd. postes de: