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quarta-feira, 13 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20970: Da Suécia com saudade (70): O verdadeiro rei das florestas escandinavas, o alce ("älg") (José Belo)


O alce [älg,  na língua local; moose, em inglês], um verdadeiro ícone da vida selvagem na Suécia.

Fotos gentilmente cedidas por J. Belo [e editadas pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de José Belo que deve estar a fazer o "desconfinamento" na sua Tabanca da Lapónia. e seguir viagem até Key-West, Florida, EUA:

José Belo:

(i) ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70;

(ii) manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década;

(iii) está reformado como capitão de infantaria do exército português:

(iv) jurista, vive entre Estocolmo, Suécia, nem como nas imediações de Abisco, Kiruna, Lapónia, no círculo polar ártico, já próximo da fronteira com a Finlândia, mas também Key-West, Florida, EUA;

(v) é o único régulo da tabanca de um homem só, a Tabanca da Lapónia (, mas sempre bem acompanhado das suas renas, dos seus cães. dos seus alces e dos seus ursos);

(vi) last but not the least,,, achamos que ele "é mais carneiro do que peixeiro", a avaliar pelas fotos de filetes de rena, alce e urso que nos mandou...


Date: domingo, 3/05/2020 à(s) 16:20
Subject: O verdadeiro rei das florestas Escandinavas

O símbolo, aqui por todos aceite,como sendo o mais representativo dos suecos,  é sem dúvida o Alce.
Numa área 14 vezes superior à portuguesa, e com o mesmo número de população, compreende-se que vastas extensões do território nada mais tenham que florestas, lagos, rios e uma riquíssima fauna selvagem.

Em quantidade, dispersão,e não menos em tamanho, os alces ocupam o primeiro lugar.

Existem, segundo cuidadosas estatísticas Estatais, entre 300.000 a 400.000 alces nas florestas suecas.
Em cota anual 100.000 são abatidos, tanto para consumo da carne como para manter um nível saudável entre esta espécie.

A cota de 100.000 não é escolhida ao acaso mas antes por se ter em conta que em média nascem cerca de 100.000 alces no ano seguinte.

Quanto ao consumo da carne, as receitas tradicionais, que se perdem na noite dos tempos, muito para além dos Vikings, säo fantásticas.

Um animal adulto pesa cerca de 700 quilos, tem mais de 2 metros de altura média e cerca de 3,5 metros de comprimento. Tem pernas muito altas que lhe permitem deslocar-se com relativa facilidade quando a neve é profunda.

Um adulto é maior que um cavalo. Os cornos,que, ao contrário das renas, só os machos têm, crescem em média 2,5 centímetros por dia (!). Atingem enorme dimensöes quando os animais têm entre os 6 e os 12 anos.

Colocados em cima da cabeca de um tão alto animal ainda o tornam maior à vista.

Pode viver até aos 25 anos, mas devido a ser abatido (e obviamente são sempre escolhidos os maiores por causa da carne) vive em relidade uma média de 10 anos.

Deslocam-se com facilidade 30 quilómetros por dia. Ao correrem podem atingir os 60 km/hora.

Tendo uma aparência  pacífica, são bastante agressivos quando as fêmeas acompanham crias, ou quando são surpreendidos na floresta.

Quando se dão contactos , e ao contrário do que se poderia esperar, tendo em conta os enormes cornos (mais usados para combate entre machos), é com as longas patas frontais que escouceiam, rápida e violentamente em típico movimento de "bicicleta". Com isto procuram atirar ao solo o homem, cão, ou lobo, para depois o pisarem com os seus 700 quilos.   alce, em sueco, diz-se älg; em inglês, moose].

Quanto ao urso,  procuram dentro do possível evitar o contacto. São os ursos que os buscam (de preferência animais velhos ou doentes). Devido ao peso dos ursos, são os cornos a arma então usada como defesa.

Ao imaginar-se um animal maior,  mais alto e mais encorpado que um cavalo, a inesperadamente escoucear com as patas da frente (!) compreende-se que alguns destes encontros sejam fatais para os humanos.

Näo säo estes encontros que em geral causam  as mortes, mas sim os resultantes de acidentes de viação quando os alces procuram, durante a noite, atravessar estradas . E estes acidentes, mortais para os humanos dentro das viaturas,säo muitos.

Nas estatísticas oficiais é apresentado o número de humanos mortos em tais acidentes no ano de 2017 como o de 7.300 (!). Em média. nos outros anos, os números são semelhantes.

Parece impossível mas torna-se ainda mais grave ao considerar-se as estatísticas que mostram que a cada morto por acidente correspondem mais de seis casos com consequências clínicas graves do tipo 
paralisias, cegueiras, etc,etc,etc.

O cinzento acastanhado da cor da pele destes animais torna-os muito difícil de ver nas escuras, enevoadas e cheias de nevões noites escandinavas,mesmo com os potentes faróis que aqui se usam.
Em outro detalhe interessante,os olhos dos alces,ao contrário da maioria dos animais selvagens frente aos farois de um carro, não refletem a luz dos mesmos.

As longas pernas do animal colocam-no, aquando da colisãio a alta velocidade, nãoo à altura dos para-choques ou mesmo do motor mas sim à altura do para-brisas contra o qual os 700 quilos são violentamente atirados, penetrando grande parte do corpo no veículo.

É por tudo isto que (para curiosidade e espanto dos turistas que visitam a Suécia vindos de automóvel) ao longo de todas (!) as auto estradas suecas,e de ambos os lados das mesmas,corre uma vedação em rede grossa com mais de 3 metros de altura para deste modo procurar evitar, pelo menos nas auto-estradas, este tipo de acidentes mortais.

Tendo em conta a área da Suécia, e que a mesma está coberta de auto-estradas, pode-se calcular o custo desta rede de proteção.

De qualquer modo estas "alimárias" sempre encontram maneira de enganar a rede, sejam elas junto a saídas da auto estrada, bombas de gasolina,ou restaurantes, isto mesmo que as aberturas sejam mínimas.

É certo que os lusitanos já estäão a pensar que os sacanas dos suecos näo querem mesmo que se entre nas auto-estradas sem se pagar!... Mas elas aqui säo gratuitas.

Ou, a ser-se mais concreto,a sua manutenção é paga pelos cidadãos ao Estado, anualmente, através dos impostos.

Mas, e com saudade do meu querido Portugal, pergunto-me :
- Quantos metros de rede seria retirado todas as noites para fazer capoeiras na minha santa terrinha?

Um grande abraço,
J. Belo.

PS1 - Dá uma saltada ao Youtube....Älg på Svanvik ....(também funciona com o teclado portuguës Alg pa Svanvik). Poderás aí ver como o alce procura escoucear o cäo com as patas fronteiras.
Num outro video colocado junto com o nome de Älgen på Utby  pode-se ver um alce calmamente a comer maçãs num quintal. É pena que não mostrem o que acontece aos alces horas depois de comerem as maças,quando estas fermentam no estômago do animal e o álcool lhes provoca bebedeiras que os fazem movimentar-se como um Chaplin Bêbedo!) 

PS2 - Cada vez menos sei se estas coisas "exóticas" que me rodeiam,  aí dizem algo que valha a pena ser lido.São realidades tão dísparas das portuguesas que muitas vezes me pergunto o que eu pensaria delas se aí tivesse continuado a viver. As análises editoriais são, quanto a mim, fundamentais quanto a este tipo de participação "fora de contextos".

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Nota do editor:

terça-feira, 28 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20913: Da Suécia com saudade (69): Eu destrui um país [em sueco, "Jag har förstört ett helt land"], por Patrik Engellau... (José Belo)


Guiné-Bissau > Bissau > 2020 > Afribaba > Anúncio de venda de "Camião Volvo, de 20 toneladas, báscula para dois lados, com motor,  arroçaria e caixa em muito bom estado". Preço: 9 100 000 CFA (cerca de 13 870 euros, ao câmbio de hoje, 1 euro = 655,96 CFA).  Anunciante: Afribaba.(Reproduzido com a devida vénia...)


1. Mensagem de  José Belo,  ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, e manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década; está reformado como capitão inf do exército português; jurista, vive entre (i) Estocolmo, Suécia, (ii) nas imediações de Abisco, Kiruna, Lapónia, no círculo polar ártico, já próximo da fronteira com a Finlândia, e (iii) Key-West, Florida, EUA; é o único régulo da tabanca de um homem só (, mas sempre bem acompanhado das suas renas, dos seus cães e dos seus ursos)

Data: sábado, 25/04, 20:16



Assunto: : "Eu destruí completamente um País" (*)


Luís: seguem as as declaracões de Patrik Engellau, um alto quadro do funcionalismo público sueco, sobre a Guiné-Bissau.. Junto foto dele, Patrik Engellau em artigo publicado no "Alla Skribenter", 27 dezembro de 2015. Faço uma tradução adaptada do artigo. Atenção aos muitos erros ortográficos na língua de Camões, por mim pouco usada há muitas décadas, a pedir benevolências extras quando escrita sobre o joelho nesta tradução do sueco original.



Ámen, J.Belo


2. Eu destrui um país [em sueco, "Jag har förstört ett helt land"]

"Alla Skribenter", 27 de dezembro de 2015.

por Patrik Engellau


Trabalhei durante cerca de 10 anos na ajuda económica ao Terceiro Mundo, primeiro nas Nações Unidas e depois  na agência sueca para o a cooperação internacional e o desenvolvimento (SIDA - Swedish International Development Cooperation Agency), em países como o Brasil, Índia, Etiópia, e por último como chefe na embaixada sueca em Bissau.

Cheguei a Bissau em 1976, com 50 milhões de coroas suecas, no bolso, por ano,  para apoio económico (,hoje equivalente a cerca de 250 milhões). Isto foi mais ou menos na mesma altura em que o novo governo guineense tomava posse após a queda do império português.

A Guiné-Bissau era um dos países favoritos da Suécia. Tanto a União Soviética como a Suécia tinham feito grandes doações ao PAIGC, o movimento de libertação de orientação socialista, agora no poder. Mas a Suécia era, então, de longe, o maior doador.

As nossas contribuições totalizavam uma soma muito superior ao Orçamento do Estado guineense. Sentia-me, então, como um dos elementos com maior influência no país. Tanto o Presidente [, Luís Cabral,] como os Ministros procuravam-me quase diariamente para obter as mais variadas coisas.

Mas os que julgam que tudo então se perdeu por os políticos terem aberto contas particulares em bancos suíços, estão enganados. Pelo menos no início, a líderança política eram constituída por gente honesta, bem intencionada, verdadeiros socialistas idealistas.
Queriam reformar e fazer progredir o país.

Obviamente que, ao olhar-se hoje [2015] retrospeticamente, não teria sido pior se a nossa ajuda económica tivesse terminado nas tais contas bancárias particulares.

A principal produção da Guiné-Bissau, além da agricutura de autosubsistência, era o arroz e o amendoim, os dois produtos de exportação,O comércio entre os produtores e o porto de Bissau estava nas mãos dos libaneses. Estes usavam carrinhas de marca Peugeot, em estradas lamacentas e com pouca manutenção, para transportarem para o interior produtos importados (, artigos de plástico, tecidos e outros), consumidos pelas populações, e no regresso a Bissau voltavam carregados com arroz e amendoim.

O governo não estava nada satisfeito com este sistema por considerar que os libaneses ganhavam demasiado com estes negócios de verdadeira exploração dos produtores locais. Considerava também que as pequenas quantidades transportadas não eram economicamente viáveis na perspetica da exportação em grande escala.

Ambos os problemas foram resolvidos com um plano que previa a nacionalização do comércio por grosso e a retalho e o transporte das mercadorias a realizar por camiões modernos.

Claro está que foi a Suécia quem, a meu pedido, veio a fornecer umas dúzias de moderníssimos camiões Volvo, desembarcados em Bissau em poucos meses.

Estes camiões último modelo,com ar condicionado, rádio estereofónico e confortável cabine para o condutor dormir, eram naves espaciais aos olhos da populção, e depressa se tornaram num instrumento de "engate" das belezas locais nas ruas de Bissau.

Durante uns tempos era mais importante esta "mercadoria" do que os tradicionais produtos de plástico e tecidos a serem transportados para o interior.

Se o problema tivesse sido só esse, as coisas näo teriam sido tão graves. Mas...quando os camionistas mais consciencios finalmente se puseram a caminho do interior (o que não deveriam ter feito!), concluiu-se que as estradas existentes [, "picadas",] não foram feitas para estes mastodontes ma sim para as carrinhas Peugeot.

Todos os tipos imagináveis de problemas surgiram, acabando por liquidar este tipo de transporte. Em menos de seis meses todos os camiões Volvo estavam parados.

Sendo as marcas de camiões Volvo e Scania as mais vendidas mundialmente, e utilizadas nas condições mais extremas, foi enviada a Bissau uma equipa de mecâncios para estudar o problema surgido.

Chegou-se à conclusão de que, para além dos problemas quanto ao peso que as estradas não suportavam, ambém tinham surgido pequenos problemas de manutenção das viaturas, do tipo: esqueceram-se de mudar o óleo, houve componentes dos motores que desaparecera, etc.

Com a falta de intermediários tradicionais, como os comerciantes libaneses, os camponeses não conseguiam escoar a sua produção, pelo que se voltaram a concentrar-se na produção para consumo local.

O arroz passou a não chegar para alimentar a população de Bissau. Aí a coisa tornou-se grave! O Presidente [, Luís Cabral,] justificou perante mim, que as coisas tinham-se agravado por razões climatéricas que teriam acarretado doenças para as plantas. Devido a isto, perguntou-me de imediato se seria possível um aumento da ajuda económica estipulada para estas situações de emegência.

Telegrafei de imediato para os escritórios centrais da SIDA (que são as iniciais ou o acrónimo da Agência Estatal Sueca para a ajuda aos países em vias de desenvolvimento) e, em muito curto espaço de tempo, tínhamos em Bissau um barco fretado, chinês, que transportava 3 mil toneladas de arroz para que a população não morresse de fome.

Estou a simplicar mas as coisas passaram-se basicamente assim.
História semelhante poderia ser aqui contada quanto ao enorme apoio económico sueco à indústria da pesca local.

São muitos os detalhes e sobre eles escrevi um romance publicado pela editora Atlantis. [Obs : Tenho em minha posse esses "detalhes"... Referência bibliográfica: Patrik Engellau - Genom Ekluten. Stockholm, Atlantis, 1980].

Pessoalmente acabei por me cansar destes contínuos fracassos na utilização de tão vastos recursos económicos, afastando-me de vez deste negócio escuro que é a assistência económica aos países pobres.(**)

Mas antes ainda de puxar a mim prórpio as orelhas, dei-me conta de que fui cúmplice no ato de destruição de um país.

Alguns anos depois, tanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros como a 
agência sueca para o a cooperação internacional e o desenvolvimento (SIDA) cansaran-se, decidindo terminar com estes apoios à Guiné-Bissau, com o argumento de que este país, afinal,  não tinha o perfil adequado. Mas não podemos nem devemos "lavar as mäos" quanto ao processo e aos resultados.

Fomos nós, afinal, quem forneceu ao governo do PAIGC as ferramentas e as oprotuniades, para eles efectuarem as suas estúpidas experiências sociais...

Enquanto isto sucedia, nós estávamos ao lado deles e aplaudíamos este país heróico com os seus belos princípios sociais.

Agora que Guiné-Bissau se tornou num "narco-estado", o estado ganha dinheiro com a ajuda ao tráfego de droga da América Latina para os mercados europeus.

E o que pode fazer o pobre do governo? Os camiões Volvo são agora sucata e os libaneses provavelmente foram-se embora!



Em defesa das ajudas deste tipo aos países pobre, é claro que pode-afirmar-se que geralmente o seu montante é tão pequeno em relação aos recursos próprios do país destinatário que o eventual insucesso  não é assim  tão importante.

Patrik Engellanm 27/12/2015.
Publicado no "Alla Skribenter"


[Reprodução com a devida vénia... Tradução, revisão e fixação de texto: JB. O editor LG cotejou o original em sueco, e a tradução livre do JB, com tradução automática,pelo Google Translate, em inglês e português]. 

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 20 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20878: Da Suécia com Saudade (68): por causa da tal pandemia, as minhas renas não podem agora andar em bicha de pirilau e muito menos em manada... (José Belo)
 

(**) Vd, postes de:

3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)... à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)

4 de movembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)


5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

6 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13853: Da Suécia com saudade (43): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte IV): Rússia e Suécia, vizinhos e inimigos fidalgais, foram os dois países que mais auxiliaram o partido de Amílcar Cabral (José Belo)

7 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V): Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20878: Da Suécia com Saudade (68): por causa da tal pandemia, as minhas renas não podem agora andar em bicha de pirilau e muito menos em manada... (José Belo)







Tabanca da Lapónia > As queridas renas do Zé Belo, régulo da tabanca e criador, que agora estão proibidas por ele, à revelia dos "colonialistas" de Estocolmo, de andar em bicha de pirilau e muito menos em manada...  E os  vizinhos lá vão  interiorizando a  medida "sanitária"...

Foto: Cortesia de José Belo. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Belo ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, e manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década; está reformado como capitão inf do exército português: jurista, vive entre Estocolmo, Suécia, Abisco, Kiruna, Lapónia, no círculo polar ártico, e Key-West, Florida, EUA.

Date: 8/4//2020 à(s) 07:45

Subject: O vírus na Lapónia Sueca... antes e depois.

Desde o Inverno ao próximo Verão; desde a casa aos vizinhos !..

J. Belo


2. Comentário de LG:

Que os doentes e os mortos de todo o mundo, vítimas desta pandemia de COVID-19, nos perdoem... por estarmos a falar de coisas sérias, trágicas, em tom ligeiro, recorrendo ao nosso humor... luso-lapão. Mas também ele pode ser didático... Temos de aprender uns com os outros... E até com as tuas renas, e outros dos teus vizinhos que lá vão ruminando o provérbio popular português, de que "vale mais só do que mal acompanhado"...

No que diz respeito à contenção da pandemia da COVID-19, a  Suécia parece ter a adotado  uma   estratégia mais liberal, mostrando-se  desalinhada em relação à generalidade dos paises da União Europeia que estão em confinamento (ou isolamento horizontal)... A estratégia de isolamento vertical, seguida pela Suécia, tem alguns admiradores, e nomeadamente no Brasil do Bolsonaro, e muitos detratores...

A meio deste "campeonato" (que não tem data certa para o podermos dar por encerrado...), a Suécia está, contudo à frente dos outros países nórdicos no que respeita ao número de mortos (por milhão de habitantes).

Embora ainda seja cedo para tirar conclusões sobre a eficácia das diferentes estratégicas, e até porque os países são diferentes (hemisfério, clima, estação do ano, cultura,  idiossincrasia, modelos de convívio social, economia, PIB, índice de democracia,  índice de desenvolvimento humano, demografia, coabitação,  urbanização, densidade populacional, sistema de saúde,  etc.) e, além disso,  a pandemia está em diferentes fases, a  verdade é que a Suécia tem, neste momento,  uma taxa de letalidade (por covid-19)  mais alta que Portugal (10,9% contra 3,5%), e  nos últimos 14 dias teve mais casos de infeção (mais de  50% do nº de novos casos em relação ao total de casos) (Vd. quadro a seguir)... Quer dizer, que a triste procissão ainda vai no adro: compare-se a % de casos nos últimos 14 dias, em países como Brasil (72%), EUA (58%), Suécia (53%)... e China (14%).

A Suécia manteve abertos  restaurantes, lojas, centros comerciais. creches e escolas do ensino  básico...  A população tende a seguir as recomendações do governo no que diz respeito ao distanciamento social, e ao isolamento dos idosos, as ruas estão menos movimentados, ao que se lê nos "media", mas  nada que se pareça com Lisboa, Madrid ou Milão... E é certo que muitas empresas também  recorrem ao teletrabalho.  Mas não  houve declaração de estado de emergência como, por exemplo, na Europa do Sul, com imposição do "isolamento social" (em casa).

Distribuição de casos de COVID-19, numa amostra de países (, situação reportada a 19 de abril de 2020) 


País
Nº casos
(1)
Nº mortes (2)
Nº casos últimos 14 dias (3)
% de casos últimos 14 dias (4) (3:1)
Taxa de letalidade (%) (2:1)
Alemanha
139897
4294
48183
34,4
3,1
Brasil
36599
2347
26321
71.9
6,4
China
83803   
4636
1228
14,6
5,5
Dinamarca
7242
346
3165
43,7
4,8
Espanha
191726
20043
66990
34,9
10,4
EUA
735086
38910
422849
57,5
5,3
França
111821
19323
43216
38,6
17,3
Itália
175925
23227
51293
29,2
13,2
Portugal
19685
687
9161
46,5
3,5
Suécia
13822
1511
7379
53,4
10.9

Fonte:  Adapt.  de ECDC – European Centre for Disease Prevention and Control  (An agency of the European Union) (para os dados das colunas  1, 2, 3), disponível em https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases Consult em 19/4/2020)
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Nota do editor:

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20805: Da Suécia com Saudade (67): Carta aberta ao Camarada Beja Santos (José Belo)


Tabanca da Lapónia > As queridas renas do Zé Belo, régulo  da tabanca e criador 

Foto: Cortesia de José Belo. [Edição e : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Belo ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, e manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década; está reformado como capitão inf do exército português: jurista, vive entre Estocolmo, Suécia, Abisco, Kiruna, Lapónia, no círculo polar ártico, e Key-West, Florida, EUA.

Date: segunda, 30/03/2020 à(s) 06:55
Subject: Carta aberta ao Camarada Beja SantosCaro Luís


Caro Luís:

Enquanto os nevões continuam a cair e as temperaturas voltam a descer consideravelmente nos últimos dias, aproveitei os tempos livres para rever leituras do publicado no blogue pelo Camarada Beja Santos.

A qualidade, os temas interessantes e, não menos, a continuidade da sua colaboração, levaram-me a escrever-lhe uma “carta aberta“ desde bem dentro do Círculo Polar Árctico.

Um abraço.
J. Belo


2. Carta aberta ao Mário Beja Santos:

por José Belo

Como certamente muitos outros,  tenho lido com atenção e interesse os inúmeros postes que, ao longo dos anos, tens vindo a publicar no blogue.

São variadíssimas as escolhas de autores, publicações e documentos.

A muitos têm vindo a abrir novas perspectivas, opiniões e análises sobre África, colonialismo e a nossa fantástica História.

Quanto à Guiné, interessantes detalhes etnográficos e administrativos,  tanto recentes como antigos.

Pela regularidade e qualidade, os teus postes tornaram-se um "ponto dado" de leitura para todos os que visitam o blogue.

Enriquecendo o blogue tens vindo também a enriquecer os seus leitores.

Algumas criticas, agressivas e inapropriadas no seu "pessoalizado", felizmente não têm conseguido fazer-te desistir de tão valiosa colaboração.

E não só não desistir, como não cair na armadilha de pseudo diálogos-comentaristas feita.

As provocações por parte de alguns, em necessidades quase patológicas de "planteamentos" feitas, mais não têm tido, felizmente, o... valor que têm.

As interessantes descrições das viagens por ti efectuadas, sempre acompanhadas de fotos criteriosamente escolhidas, algumas delas provocando uma suave e insidiosa sensação de "fim de século "... (esta de fim de século em francês, "fin de siècle", soa melhor!), acabam por tornar a tua colaboração multifacetada naquilo de que importante É.

Um abraço do J. Belo
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segunda-feira, 30 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20792: Da Suécia com saudade (66): As fábricas de vodka, o coronavírus e o fantástico humor... lusitano (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)



Recorte de imprensa: título de caixa alta do DN - Dagens Nyheter, 23/3/2020 >  "Sverige går samman: Handspriten slut – flera vodkafabriker ställer om för att leverera"... [Foto da fábrica de
 de vodka Lantmännens-Reep em Nyköping. Foto: Lantmännens. Cortesia do Joseh Belo  (e reproduzida aqui com a devida vénia...)]


1. Mensagem do Joseph Belo, domingo, 29/03, 09:55

[Casa do régulo da Tabanca da Lapónia, vizinho do Pai Natal]




Segundo o jornal de grande tiragem "Dagens Nyheter" [, de 23 de março de 2020], as quatro maiores fábricas suecas de vodka estão agora (também !) a produzir desinfetante para lavagem de mäos.

E eu a julgar que já tinha visto "tudo" na vida!

Um abraço,
José Belo


PS - As fábricas de vodka, o virus e...o fantástico humor lusitano.

Depois de enviar a vários camaradas a notícia quanto ás fábricas de vodka suecas estarem agora também a produzir desinfetante para as lavagens das mãos, recebi esta resposta, que é um requinte de humor lusitano: "Só devem ter mudado... o rótulo !"

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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20757: Da Suécia com saudade (65): "Ao luar, entre nevões, até as renas parecem pavões" (José Belo)

sábado, 21 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20757: Da Suécia com saudade (65): "Ao luar, entre nevões, até as renas parecem pavões" (José Belo)


Tabanca da Lapónia

Fonte: Antigo blogue do José Belo, radicado há  cerca de 40 anos na Suécia: "Lappland near Key West" [A Lapónia ao pé de Key West, Florida, EUA]. 

Ao cimo da foto, do lado esquerdo, abaixo do título, há uma frase muito didática e certeira, antietnocêntrica, prevenindo-nos contra a tentação de ver o mundo através do nosso umbigo, a nossa cultura, a nossa religião, a nossa língua, o nosso país, o nosso grupo: "We dont see the things as they are, we see them as we are"... Traduzindo: "Nós não vemos as coisas como elas são, vemo-las como nós somos"... [A frase é atribuída à escritora Anïs Nin (1903-1977)]


1. Comentário de José Belo, Joseph Belo, ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, e manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década; está reformado como capitão inf do exército português: jurista, vive entre Estocolmo, Suécia, Abisco, Kiruna, Lapóbia, no círculo polar ártico, e Key-West, Florida, EUA.

Respondo a duas perguntas dos seus leitores:

"Bem,    vodka a 94º como é que  se bebe? Bem pior que a cachaça que o sr Lima mandava ao filho para Galomaro. Quem beber bem quentinho se deve ficar."  (Juvenal Amado)

"Não dá para mandares,pela UPS, uma amostra do teu vodca a 94% ? Em passando a pandemia, temos que lá ir provar essa obra-prima da tua destilaria...E eu pensar que os suecos eram abstémios compulsivos, por causa da ética protestante luterana e calvinista, e que o álcool era monopólio do Estado ? ...A ASAE lá da Lapónia não te cai em cima".  (Luís Graça)


É certo que a venda de álcool é monopólio do Estado mas o bonito alambique de cobre é...meu!

Neste extremo do extremo norte da Europa devem existir tantos alambiques como famílias de lapöes. Mas em cobre täo bonito...só o do Lusitano e mais nenhum!

O ditado português "Para lá do Maräo mandam os que lá estäo" é mais do que óbvio quando, ao quereres comprar o jornaleco diário na cidade principal cá do sítio, que é Kíruna, tens de fazer viagem de carro de 300 quilómetros/ida e mais 300 quilómetros/volta.

A capital Estocolmo está,lá para o Sul, a mais de 1.500 quilómetros daqui.

2/3 da populacäo sueca,em número mais ou menos igual à portuguesa num país geograficamente 14 vezes maior,vive no centro-sul.

Muitas das regras e regulamentos vistos a estas distâncias e limites naturais de milhares de lagos,florestas e montanhas,tornam-se bastante...relativas. Historicamente para bem,mas também para muito mal.

Quanto à pergunta do Amigo Juvenal, "Como se bebe?,  só posso responder...Bem!

É claro que, se näo pode beber a maravilhosa ,de 'destilações repetidas feita',(e aqui o que mais há é tempo para o fazer), nos tradicionais copos de água aqui usados.

Para encher tais copos para visitantes usa-se a mais infantil vodka de 40% a 50%.

Mas, para os imprescindíveis "fins medicinais",  usam-se pequenas quantidades da multidestilada (a tal!) bem misturada com sumo de limão ,de laranja, algum mel e um pau de canela.

Ao luar, entre nevöes, até as renas parecem pavões!

(Com a minha tradicional humildade... Fernando Pessoa não o diria melhor!)

Um grande abraço do J. Belo


2. Comentário do nosso editor LG:

Mote: "Ao luar, entre nevöes, até as renas parecem pavöes!" (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)

Na Tabanca da Lapónia,
Ao luar, entre nevões,
Até as renas são pavões,
Já estou mal da cachimónia,

Até as renas são pavões,
E eu aqui de quarentena,
Mas o hotel vale a pena,
Venham cá, seus parvalhões.

Ao luar, entre nevões,
Não apanhas nenhum cagaço,
O Zé Belo tem bagaço,
Que até chega aos pulmões.

Já estou mal da cachimónia,
E eu aqui no treco-lareco,
A ouvir o próprio eco,
Na Tabanca da Lapónia.


Luís Graça, um "cacimbado" da Guiné

Lourinhã, 21/3/2020

PS - Se um gajo não morrer da pandemia, morre do pandemónio... Se sobreviver a ambos, vai parar ao manicómio... (no caso de  ainda existirem manicómios...). Como as coisas vão por aí, na outrora bela Itália, nem os médicos já dizem: "Purgai-o e purgai-o e, se morrer, enterrai-o"... Humor (negro) com humor (negro) se paga... Mas os tempos são para recordar  a vigorosa e sábia palavra de ordem do Secretário de Estado do Reino (, 1º ministro), Marquês de Pombal, em 1 de novembro de 1755, perante o acagaçado rei Dom José I: "Enterrar os mortos e cuidados dos vivos".
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Nota do editor:

Último poste da série >  20 de março de  2020 > Guiné 61/74 - P20754: Da Suécia com saudade (64): O coronavírus no Círculo Polar Ártico... Como diz o provérbio lapão, "o problema não está em falares com as árvores da floresta, o problema surge quando elas te respondem!" (José Belo)

sexta-feira, 20 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20754: Da Suécia com saudade (64): O coronavírus no Círculo Polar Ártico... Como diz o provérbio lapão, "o problema não está em falares com as árvores da floresta, o problema surge quando elas te respondem!" (José Belo)



Suécia > Lapónia > s/d > É, pessoal, onde começa a "cerca sanitária"? E a fronteira está aberta? E, já agora,  sabem onde mora o régulo da Tabanca da Lapónia, vizinho do Pai Natal?

Fotos (e legenda): © José Belo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


José Belo, na Florida, EUA.
1. Mensagem do Joseph Belo, ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, e manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década; está reformado como capitão inf do exército português: jurista, vive entre Estocolmo, Suécia, Abisco, Kiruna, Lapóbia, no círculo polar ártico, e Key-West, Florida, EUA.

Date: sexta, 20/03/2020 à(s) 14:59
Subject: O coronavírus no Círculo Polar Árctico.

Estava quase a convidar os Camaradas para virem-se isolar na minha casa, já bem dentro do Círculo Polar Ártico.

Isolamento? O meu vizinho mais próximo vive a cerca de 300 quilómetros da minha casa.

Desinfecção? O meu vodka caseiro nos seus 94% de teor de álcool torna desnecessário lavar as mäos com desinfectantes de farmácia. Basta, à boa moda do cavador lusitano, cuspir para as mãos de vez em quando!

Mas, apesar das temperaturas negativas e dos nevões, o vírus também por aqui se passeia. Até agora a situação mais séria por aqui era a referida por um velho ditado lapão: "O problema não está em falares com as árvores da floresta; o problema surge quando elas te respondem!"

Ao olharmos para a situação,tanto quanto à saúde como às consequëncias económicas mundiais, tudo se está a tornar na tal... tempestade perfeita.

Tanto a Alemanha como a Suécia foram buscar às suas reservas económicas quantias muito superiores a 600 mil milhöes de euros (números quase incompreensíveis) para fazerem frente ao impacto inicial da crise.

O que se irá passar no nosso querido Portugal sem recurso a tais "reservas"? A "solidariedade" europeia? O caso Italiano veio mais uma vez demonstrar que, quando necessária, só existe nos discursos dos políticos.

Também näo temos ao dispor as máquinas de fabricar dólares existentes nos Estados Unidos que, na sua dívida descomunal, irão certamente funcionar a todo o vapor, pelo menos até ás eleições presidenciais de Novembro.

O tempo perdido pela Administração Norte-Americana a negar o problema poderá vir a ser pago por uma tragédia muito superior à italiana.

Em Key West, Florida, o Sloppy Joe's Bar tem estado continuamente aberto desde há muitas décadas. Dizia-se mesmo que, a haver uma invasão de extra-terrestres, este viriam certamente sentar-se ao balcão do Bar para beber uns daiquiris bem gelados.

Esta semana [, em 17 de março], por causa do vírus, o bar encerrou as portas.

Continuando com estas notícias "leves" sobre o vírus aqui seguem duas curiosidades suecas:

(i) O governo informou todos os trabalhadores que, ao sentirem dores de cabeça, de garganta, tenham febre, alguma tosse,ou dores musculares, devem ficar em casa. Näo é necessária visita ao médico nem qualquer atestado de doença.

Recebem 90% do salário normal. Está-se no período normal de gripes e constipações.

Os infindáveis, e escuros, invernos nórdicos criam sempre algumas "dores musculares"...Quantos irão ficar em casa? É claro que mais vale prevenir do que remediar... quando existem as tais reservas de milhares de milhões.

(ii) Tem sido muito avultado o número de médicos e pessoal hospitalar reformado  que se tem apresentado para trabalhar voluntariamente. As autoridades de saúde informaram que só aceitavam voluntários até aos 70 anos de idade.

Ainda poderiam ter sido simpáticos para com os "velhinhos" se tivessem invocado como razão o facto de se preocuparem com os perigos de contágio e saúde dos mesmos. Mas näo. A razão apresentada foi a de que o trabalho virá a ser demasiado intensivo e esgotante para idades superiores aos 70 anos.

Ponto final!
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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20655: Da Suécia com saudade (63): reabrindo a Tabanca da Lapónia, agora ao povo... (José Belo)

domingo, 8 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20427: Da Suécia com saudade (62)... E agora também dos States, Florida, Key West... A catarse do Império... O lugar do Portugal de hoje, tanto na Europa como no mundo, é que deveria ser assunto de discussões acaloradas (José Belo)


Anúncio dos Cimentos Liz, no jormal "Acção Colonial - Jornal de Informação e Propaganda das Colónias". Número Comemorativo da Exposição Colonial do Porto, 1934. Diretor: Frederico Filipe. Fonte: Cortesia de Hemeroteca Digital, Câmara Municipal de Lisboa.

"A história da marca dos cimentos Liz inicia-se em Portugal, no ano de 1918, quando o empresário português Henrique Araújo de Sommer funda, na localidade de Maceira-Liz, em Portugal, a Empresa de Cimentos de Leiria.

"Nessa época, ter tecnologia para a fabricação do cimento era fundamental, por isso, a empresa investiu no que havia de mais moderno ao instalar os fornos horizontais rotativos. Em 1923, as obras da fábrica da Empresa de Cimentos de Leiria foram concluídas e a produção entrou em pleno funcionamento.

"O sucesso da empresa permitiu que o empresário António de Sommer Champalimaud expandisse, em 1942, a marca do cimentos Liz e instalasse fábricas e empreendimentos em Moçambique e Angola.

"Outro marco na história da marca Liz foi a instalação do maior forno de cimento do mundo, na Companhia de Cimentos Tejo, em Alhanda, em Portugal. Além disso, foram instalados 19 fornos de cimento nas sete fábricas do grupo que eram responsáveis por produzir sete milhões de toneladas de cimento por ano." 

Fonte: Cimentos Liz > Perfil > Nossa Marca.

1. Mensagem de José Belo:

(i) régulo da Tabanca da Lapónia, membro da Tabanca Grande, tem 135 referências no nosso blogue:

(ii) jurista, vive na Suécia há mais de 4 décadas, e onde constituiu família: continua a ter uma pontinha de orgulho nas suas velhas raízes portuguesas: "Com netos sueco-americanos, o sangue Lusitano vai-se diluindo cada vez mais. Mas, como dizem os Lusíadas... 'Se mais mundos houvera, lá chegara'...".

(iii) foi alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, cap inf ref;

(iv) reparte os dias do ano entre a Suécia, o círculo polar ártico,  e Key West, na Flórida, EUA, onde a família tem negócios.



De: Joseph Belo
Enviado: 6 de dezembro de 2019 14:35
Assunto: Catarse

Meu caro  neo-avô Luís:

Aqui segue um texto escrito como comentário mas aparentemente demasiado longo no contexto.
Fica à...opiniäo dos editores.(*)

Quando o "Mítico Império" é referido no blogue em termos menos ortodoxos (**),  surgem de imediato pontos de vista intempestivos. Intempestivos por desnecessários.

Mais näo se trata do que trocas de ideias e opiniöes entre camaradas que procuram analisar os assuntos,  apresentando autores com diferentes leituras dos mesmos.

As nossas geracöes foram educadas desde os primeiros bancos escolares na ideia, criada por iluminados intelectuais e historiadores do governo da ditadura, de um mítico império constituído unicamente por heróis universais, santos missionários, e comerciantes de honestidade virginal.b  O Infante D.Henrique será um bom exemplo da mitologia de entäo.

Esta bonita, mas menos verdadeira, visão do império foi fácil de incutir nos  n espíritos jovens das nossas gerações.

Mais tarde fomos aprendendo que os que se atreviam a outras leituras da História Oficial (!)......acabavam mal.

Este "acabar mal ", mesmo que näo abertamente consciencializado por muitos, acabou por criar a tal unidade "patrioteira" à volta de um assunto incriticável por.... sacro.

Quem se dê ao trabalho de aprofundar o que foi a expansão (e influência) do pequeno povo de Portugal pelo mundo de entäo, sentirá näo só orgulho pela extensão do mesmo como pelas raízes ainda hoje bem vivas em locais dos mais inesperados.

Ao mesmo tempo surge a curiosidade de se compreender como tal foi possível. Os erros cometidos nesta "gesta" do império foram certamente muitos e graves.. Mas näo se deve esquecer que deverão ser analisados com os "olhos" e valores da época,e não com os valores dados actualmente como correctos para situações täo díspares.

E a vinganca póstuma do "saloiísmo-iluminado" do período da ditadura está no facto de muitos de nós não terem até agora conseguido a tal, e täo saudável ,"catarsis" libertadora dos mitos....por definição... näo factuais.

Continua-se a olhar sempre para o que "teremos sido",  sem nunca desejar-se verdadeiramente olhar para o que "somos" hoje.

Um povo que se respeite,  deverá sentir orgulho na sua História,nos seus heróis,nos seus mortos.
A nossa História é de tal modo rica que näo necessita de mitos e falsidades criados por oportunistas patrioteiros para a "valorizar".

Mas, e ao orgulharmo-nos dos mortos,  näo se deverá também sentir orgulho nos vivos? O lugar do Portugal de hoje (!), tanto na Europa como no mundo, é que deveria ser assunto de discussões acaloradas. 

Os antigos? São factos já gravados nas pedras. Foram o que foram. Não serão leituras revisionistas da História que os vão alterar.

Um abraço do J. Belo


2. Significado de catarse (LG)

catarse | s. f.
ca·tar·se |z|
(grego kátharsis, -eós, purificação)

substantivo feminino

1. [Filosofia] Palavra pela qual Aristóteles designa a "purificação" sentida pelos espectadores durante e após uma representação dramática.

2. [Psicanálise] Método psicanalítico que consiste em trazer à consciência recordações recalcadas.

3. [Psicanálise] Libertação de emoção ou sentimento que sofreu repressão.

4. [Medicina] Evacuação dos intestinos.

"catarse", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/catarse [consultado em 08-12-2019].
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Notas do editor:

(*) Último poste da séruie 2 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20408: Da Suécia com saudade (61)... E agora também dos States, Florida, Key West... Carta aberta aos Editores e Camaradas da Tabanca Grande: o que todos (!) temos em comum é termos participado, cada um de seu modo e à sua maneira, na experiência incrível que foi a guerra da Guiné... Por favor, não caiamos na perigosa tentação de nos dividirmos em operacionais... e não operacionais (José Belo)