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terça-feira, 5 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20315: Memória dos lugares (397): Roteiro de Bissau: velhas e novas toponímias, velhas e novas geografias emocionais... (David Guimarães / Humberto Reis / A. Marques Lopes / Agostinho Gaspar)



Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bissau > Av Domingos Ramos > 2001 > O mercado municipal, aliás, "Mercado Central"  (entre a Av Domingos Ramos e a R Vitorino Costa, vd. o mapa da Google)... A mesma tabuleta esmaltada de há trinta e tal anos atrás...




Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > Edifício colonial em ruínas, em frente à antiga Casa Pintosinho [, de António Pinto), um dos sítios em Bissau onde comíamos as célebres ostras. Devia ser  na Rua Oliveira Salazar, hoje  Rua Guerra Mendes (paralela à Marginal, agora Av 3 de Agosto, segundo o mapa da Google). Originalmente terá pertencido à Casa Gouveia, fundada por António Silva Gouveia. (A Casa Gouveia mudou para as mãos da CUF em 1927.)



Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > A marginal (hoje Av 3 de Agosto) e, em segundo plano, à esquerda, o antigo Pelicano, de saudosa memória. Ao fundo, veem-se os contentores do porto de Bissau (vd. mapa do Google)... O alcatrão há muito que tinha desaparecido.

Fotos nºs 1 a 3  (e legendas) : © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > 1996 > Aspecto pouco abonatório do estado de conservação do "Pelicano,  Restaurante, Bar, Night Cub"... Em 1970 era o melhor café-esplanada de Bissau.


Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bissau > Av Domingos Ramos > 2001 > à esquerda uma agência do BAO - Banco da Africa Ocidental




Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral (antiga Av República) (vd. mapa do Google)  > 2001 >  À esquerda a Pensão D. Berta... A saudosa Berta de Oliveira Bento, cabo-verdiana radicada na Guiné Bissau há várias décadas, faleceu  em 2012, aos 88 anos. Não deixou filhos, mas tinha muitos amigos.


Foto nº 7 < Guiné-Bissau > Bissau > 2001>  Bomba da GALP... Era aqui o antigo Café Bento ou a famosa 5ª Repartição do tempo da guerra colonial.  Ficava na Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana. O posto de combustível da GALP, é o único na Bissau Velha, pelo mapa do Google fica na Av Amílcar Cabral, fazendo esquina com a R António Nbana. A RTP África também fica aqui perto.

O Café Bento era um dos nossos locais de convívio, dos gajos do mato, dos desenfiados e sobretudo dos heróis da guerra do ar condicionado. Havia 4 grandes repartições militares em Bissau mas a 5ª, o Café Bento, era a mais famosa, porque era lá que paravam todos os "tugas" que estavam em (ou iam a) Bissau, gozar as "delícias do sistema".



Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > Praceta junto ao Forte da Amura (construção militar setecentista), por detrás do Zé da Amura, que fica na rua Capitão Barata Feio (hoje, Rua 24 de Setembro)... Confunde-se o Zé da Amura com o Café Bento (que ficava na Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana).

Fotos nº 5 a 8 (e legendas): © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Bissau > 1998: O velho forte da Amura com os seus canhões de bronze

Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001>    Estrada para o aeroporto ,em Bissalanca. Agora, Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira. À esquerda,  o célebre mercado de Bandim, que ficava a sudoeste da  cidadezinha colonial de Bissau que nós conhecemos: primeiro o Chão de Papel e depois Bandim  (Vd. mapa do Google).

 Foto (e legendas): © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Bissau >1998: A cidade de Bissau, vista do lado sudoeste; ao fundo, as duas torres da catedral de Bissau (que fica na Av Amílcar Cabral, antiga Av República, vd. mapa do Google)

Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > s/d [. c 19690/70] > "Praça Honório Barreto e Hotel Portugal"... Bilhete postal, nº 130, Edição "Foto Serra" (Colecção "Guiné Portuguesa") (Detalhe). Colecção: Agostinho Gaspar / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)

Agora a Praça chama-se Che Guevara (vd. mapa do Google)... e o antigo Hotel Portugal agora é Hotel  Kalliste...


1. Há quem lhe chame "saudosismo mórbido, doentio"...  Saudosismo ? Não gosto do termo... Não, não é saudades do "antigamente".  Hoje a Guiné-Bissau é um país independente e pertence à CPLP...  Há um passado que foi irredemediavelmente ultrapassado, pelos dois povos... Mas há também  uma convivência entre esses mesmos dois povos,  há uma história, um património material e imaterial... partilhado por ambos.

Já nada disto existe, a ser não na memória de alguns de nós...Existem as ruas, com outros nomes, existe a maior parte dos edifícios, uns em ruina, outros readaptados... Mas são memórias a que temos direito, aqueles de nós que por lá passámos, não só entre 1961 e 1974 mas depois, nas tais viagens de "saudade" (e não de "saudosismo")... São memórias dos lugares (*). São lugares, são paisagens, que não pertencem a ninguém...  São novas e velhas toponímias, não novas e velhas geografias emocionais...

As imagens de Lisboa ou de Bissau não pertencem a ninguém. As paisagens não pertencem a ninguém. Tal como as cores, os sabores. os cheiros... dos sítios por onde passamos.  Como a terra, que é de todos nós.  Um tsunami (de que Deus, Alá, Jeová e os bons irãs da Tabanca Grande, todos juntos, nos livrem!) pode destruir Lisboa ou Bissau. Mas as imagens, as memórias, essas, ficarão connosco enquanto formos vivos e enquanto existirem os seus suportes digitais: os nossos textos, as nossas fotos, os nossos documentos, este blogue, que não é mais do que um sítio, virtual, onde partilhamos memórias (e afetos), e que oxalá/enxalé/inshallah possa sobreviver-nos...

Adicionalmente, no poste P12980, pode-se ver alguns dos edifícios públicos, com interesse arquitetónico que por lá ficaram, em Bissau, e que é pena se os guineenses não cuidarem deles,  com a nossa ajuda (**)... Sabemos que os guineenses têm outras prioridades mais prementes, como o pão para a boca, o emprego, a saúde, a educção, a paz..., a estabilidade política e a normalidade democrática que, infelizmente, ainda não conseguiram alcançar, quase meio século depois da independência.
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sexta-feira, 8 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19561: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 25 de Maio de 2019 (2): Duas baixas de vulto, o David Guimarães (ex-fur mil MA, CART 2716, Xitole, 1970 / 72) e a sua esposa Lígia, um casal histórico de grã-tabanqueiros, residente em Espinho, que, pela primeira vez, desde 2006, falha à chamada!... Mas já temos as primeiras 18 inscrições...



Montemor-o-Novo > Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de outubro de 2006 >  Dois históricos da nossa tertúlia, assinalados a amarelos,o David Guimarães e a esposa Lígia, que vivem em Espinho. (*)

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2006) . Todos os direitos reservados. (Edição: Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné).


Leiria > Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 > Os nossos 'totalistas' David e Lígia Guimarães (**)... Eram, até então, o único casal que tinha ido a todos os nossos 13 encontros, a começar pela Ameira, em Montemor-O-Novo (2006)... Por isso, a Lígia passou a  figurar, com todo o mérito, na lista dos membros da Tabanca Grande, com o nº 643 (***)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de David Guimarães (ex-fur mil, MA, CART 2716, Xitole, 1970/72), ao poste P 19492 (****):

Azar!!!!...

Dentro dos convívios da querida Tabanca Grande (, para mim é!), nunca faltei a nenhum deles, desde a Ameira [, em 2006,]  e por aí fora. Dei as voltas todas,  fiz todas as ginásticas e lá estive eu, em todos [os 13 encontros nacionais d Tabaanca Grande realizados até a 2018]... Não me achava eu assim tão importante, achava que a causa é que era importantíssima.

Havia no entanto sempre uma data em que me era impossível ir, o último sábado de Maio,  por uma razão bem simples: aqueles que comigo lutaram, da CART 2716 a que pertenci, e alguns por aí a conheceram e bem, combatentes que, como por exemplo os da CCAÇ 12,  nos iam levar os comes & bebes ao Xitole. 

Toda esta companhia, a CART 2716, resolveu junto comigo, há muitos anos, ter sempre o convívio no último sábado de Maio (*****). Que justificação daria eu a quem lutou ao meu lado alinhar noutra companhia ou trocá-los ?!

"Lixei-me e bem lixado", eu que queria nunca faltar, desta vez foi isto que calhou. E fica já marcado como lá consta e pronto, quem quiser vem, quem não puder não vem, o  que é que  se há-de fazer?!...

Tive azar, o primeiro azar dentro dessa magnífica Tabanca!... Afinal o factor presença é importante de facto. Sei que seremos todos iguais, ou não ?!. Fiquei triste, muito triste, e agora?!...

"David,  é para aprenderes mas conscientemente não podes faltar àqueles que combateram contigo, isso nunca...."

Azar, dos 365 dias do ano de 2019,  foram logo acertar no único em que eu não posso ir de todo!...  Enfim como que saio derrotado na minha teimosia em ir a todos, agora não vais, disse-me a consciência, e a razão é... o dia apontado,  vinte e cinco de Maio.

David,  que pela 1ª vez assina a falta e diz porquê! 


2. Nota dos editores:

Lígia e David, estamos desolados.... mas não é nenhum tragédia!... Vocês estão vivos e recomendam-se!... Em contrapartida,  não são deuses, não têm o dom da ubiquidade, não podem estar em dois sítios ao mesmo tempo!...

Há, de facto, um conflito de agenda, todos os anos, e alguns dos nossos grã-tabanqueiros têm que fazer a dolorosa opção: estar em Monte Real ou no local do convívio anual da sua unidade ou subunidade...

De qualquer modo, o vosso recorde é histórico e imbatível, enquanto "casal totalista" dos nossos 13 primeiros encontros... Obrigados pela vossa fidelidade, amizade e camaradagem... Oxalá possamos para o ano voltar a reunir-nos, e desta vez em data compatível com a vossa agenda. Iremos brindar à vossa saúde, no nosso próximo encontro em Monte Real, marcado para o dia 25 de maio de 2019, sábado.

Aproveitamos para publicar a lista das 18 primeiras inscrições. 

Recorde-se que as inscrições no encontro e os pedidos de reserva no Palace Hotel Monte Real devem ser dirigidas ao nosso coeditor e membro da comissão orgnizadora Carlos Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos):

carlos.vinhal@gmail.com



AS 18 INSCRIÇÕES NO XIV ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE

António João Sampaio e Maria Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António José Pereira da Costa e Maria Isabel - Mem Martins / Sintra
António Martins de Matos - Lisboa
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos
Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
Lucinda Aranha e José António - Torres Vedras
Luís Graça e Maria Alice Carneiro - Lourinhã
Luís Paulino e Maria da Cruz - Lisboa
Manuel José Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de outubro de  2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira, Montemor-o-Novo, em 14/10/2006 : foi bonita a festa, pá!... A próxima será em Pombal (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 6 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18610: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (20): Monte Real, sábado, 5 de maio de 2018: mais caras, "novas" e "velhas"... É uma alegria ver gente desta geração que faz 100, 200, 300, 400, 500 quilómetros ou mais (ida e volta) para se encontrar e "matar saudades"... Outros vêm pela primeira vez à procura dos camaradas da Guiné...

(***) Vd. poste de 23 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14511: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (17): Distribuição de Certificados aos tertulianos totalistas dos 10 Encontros nacionais e admissão de duas novas tertulianas: Graciela Santos (hnº 682) e Lígia Guimarães (nº 683)

(****) Último poste da série > 12 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19492: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 25 de Maio de 2019 (1): Primeiras informações e abertura das inscrições (A Comissão Organizadora)

(*****) Vd. poste de 5 de jullho de 2007 > Guiné 63/74 - P1924: Convívios (20): CART 2716 (Xitole, 1970/72), em Fátima, no dia 26 de Maio último (David Guimarães)

domingo, 6 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18610: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (20): Monte Real, sábado, 5 de maio de 2018: mais caras, "novas" e "velhas"... É uma alegria ver gente desta geração que faz 100, 200, 300, 400, 500 quilómetros ou mais (ida e volta) para se encontrar e "matar saudades"... Outros vêm pela primeira vez à procura dos camaradas da Guiné...


A Maria João (do Jorge Araújo) e a Isabel (do Tó Zé Pereira da Costa)... De que falam as nossas mulheres que 'não' estiveram na guerra ?


O António Acílio de Azevedo...Voltou à Guiné o ano passado...


O Tó Zé Pereira da Costa, o Jorge Araújo e o Hernâni Alves da Silva



O nosso escritor José Ferreira da Silva e o nosso coeditor Carlos Vinhal...


Em primeiro plano, o Jorge Cabral e em segundo plano o Francisco Silva e o Manuel Lima Santos (que veio de Viseu com a Maria de Fátima: é um casal que já é, há muito,presença habitual dos nossos encontros)


Diamantino Varrasquinho e Maria José (que é professora do ensino básico, reformada)... O Diamantino costuma vir aos nossos encontros, com o mano, que desta vez ficou em Ervidel, Aljustrel.  Faz 600 km (ida e volta) para estar connosco. O Diamantino e o Manuel são donos da famosa Adega Monte Acima (telem 919 721 864 / 917 320 104). Se passarem por Ervidel, estão convidados para lá beber um copo....  Vamos formalizar a inscrição (definitiva) do Varrasquinho na Tabanca Grande.



Camacho Lobo (Maia) e Armando Oliveira (Vila Nova de Gaia)


Carlos Alberto Pinto (à direita) e Fernando Oliveira (à esquerda): vieram da Reboleira, Amadora.



Manuel Joaquim e Jaime Bonifácio Marques da Silva. 


José Manuel Lopes, Jaime Bonifácio Marques da Silva e Carlos Silvério


Jorge Araújo, o nosso mais recente coeditor, e Ferando Ponte (que andou na LDG 101, "Alfange", no TO da Guiné, entre agosto de 1967 e setembro de 1969)


Jorge Araújo e Maria João


A filha do Francisco Silva e da Maria Elisabete,  Maria Claúdia, mais os filhotes Sofia e Tiago


Os nossos totalistas David Guimarães e Lígia... São o único casal, se não erro, que foi a todos os nossos 13 encontros, a começar pela Ameira, Montemor-O-Novo... A Lígia (Guimarães) figura, com todo o mérito, na lista dos membros da Tabanca Grande.


Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 > As primeiras imagens >  Mais caras "novas" e "velhas"... É uma alegria ver gente desta geração que  faz 100, 200, 300 quilómetros para se encontrar e "matar saudades"... Outros vêm pela primeira vez à procura dos camaradas da Guiné...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de maio de  2018 > Guiné 61/74 - P18609: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (19): Monte Real, sábado, 5 de maio de 2018: a emoção de sempre, a dos reecontros de velhos camaradas e amigos... e a da chegada do novos "perquitos"...

sábado, 26 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16764: Efemérides (241): a Op Abencerragem Candente foi há 46 anos: lembrando os nossos mortos, incluindo o Joaquim Araújo Cunha, e evocando aqui a figura do valoroso guia e picador das NT, Seco Camará (Bambadinca), rival do Mancaman Biai (Xime)...



Caldas da Rainha > RI 5 > 1968 > O futuro furriel miliciano David Guimarães, de minas e armadilhas [, CARt 2716, Xitole, 1970/72], está a tocar viola, rodeado de camaradas que, como ele, estavam a fazer a recruta no RI 5 das Caldas da Rainha, no CSM - Curso de Sargentos Milicianos. Lá ao fundo, à direita e em último plano, uma carinha pequenina, é o Joaquim Araújo Cunha (assinalado com um círculo a vermelho).... Era de Viana do Castelo. Viria a morrer em combate, na região do Xime, na Op Abencerragem Candente, em 26 de Novembro de 1970; pertencia à CART 2715, unidade de quadrícula do Xime, que integrava o BART 2917, chegado há poucos meses ao Setor L1 (Bambadinca)

Foto (e legenda): © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guiné > Zona Leste > Xime > CCAÇ 536 (Xime e Bambadinca, 1963/65) >  Manifestação de portuguesismo dos mandingas do Xime, ostentando a bandeira das quinas,,,  "O homem do chapéu colonial era nosso guia e morava junto ao quartel. O mais alto, acho que era o chefe da tabanca. Ia connosco para o mato e, devido à sua altura, salvou-me de morrer afogado numa bolanha perto do Xime, num dia para esquecer."

Segundo o "menino do Xime",  José Carlos Mussá Biai, o picador não era o Seco Camará, que irá mais tarde, em 1969, mudar-se para Bambadinca. O chefe da tabanca era o  tio do Zé Carlos, pai do Mancaman Biai, "rival" do Seco Camará.


Foto (e legenda): © Libério Candeias Lopes (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Carlos Mussá Biai , com data de ontem

Data: 25 de novembro de 2016 às 13:39
 Assunto: Seco Camará e Mancaman Biai


Olá, Luís, viva


Do meu tio Mancamam [Biai]  e sobre aquela época não sei nada, porque,  como sabes,  na altura eu era criança e não entendia nada..., só sei que havia guerra que estava a ceifar vidas, mais nada...

Quanto ao Seco Camará,  do que ouvi dizer, não sei se foi assim ou não, foi ele quem fez falsas denúncias de que havia colaboradores do PAIGC na população de Xime.

Esta foi provavelmente a razão porque os meus irmãos e primos se alistarem no exército, como prova de lealdade,  e que nada do que o Seco dizia era verdadeira.

Também ouvi dizer que ele acusou algumas pessoas de o querem envenenar.

Suponho que foram algumas destas questões que o fizeram mudar-se para Bambadinca, porque ninguém quererá viver numa terrinha como o Xime onde deixou de ter amigos.

Um abraço e bom fim de semana,

Zé Carlos


2. Comentário do editor LG:

Faz hoje 46 anos que o Seco Camará morreu, juntamente com uma secção quase inteira, 5 camaradas da  CART 2715, subunidade de quadrícula do Xime , com seis meses de Guiné, numa operação em que participei, no subsetor do Xime (Op Abencerragem Candente) (*)... 

Foram os 6 primeiros homens abatidos de uma enorme coluna apeada, composta por 2 destacamentos, cada um com 3 grupos de combate, ou seja, no total cerca de 180 homens... Ajudei a recolher os seus restos mortais... alguns tão reduzidos que cabiam embrulhados num dólmen (como foi o caso do Seco Camará)...

Fez connosco (CCAÇ 12) diversas operações ao longo da nossa comissão, fez operações com a CART 2339, do Torcato Mendonça, da CART 2520, do  José Nascimento,  e com outros camaradas que estão aqui na Tabanca Grande, e que passaram pelo Setor L1 em diferentes épocas...

Aquela operação foi-lhe fatal... a ele que tinha guiado milhares e milhares de homens pelas matas do Xime e do Corubal, desde os primeiros anos de guerra, e detectado e levantado dezenas e dezenas de minas... 

Morreu, à roquetada, no dia 26/11/1970...

O seu nome também não consta na lista dos "nossos" mortos (, pelo menos na lista da Liga dos Combatentes)... Um primeiro pensamento que me ocorre, é de espanto e de indignação, esperando que no entanto que isto não tenha passado de um lapso ou de falha da máquina burocrática do exército...

Afinal, o Seco Camará nem sequer era milícia.  Os milícias, por sua vez,  não eram militares, mas foram combatentes... E que combatentes, muitos deles!... O Seco Camará não era nem podia ser um simples civil: era considerado o melhor (ou mais leal) dos nossos guias, e um exímio e corajoso picador. Usava  a farda camuflada do exército português e tinha uma G3 distribuída. 

No  Xime não havia milícias, os outros guias e picadores  não gostavam dele. Daí talvez a sua transferência para Bambandinca, ao tempo ainda da CART 1746 e do BCAÇ 2852.

2. Excertos sobre a figura do picador e guia das nossas tropas, Seco Camará, morto faz hoje 46 anos, no decurso da Op Abencerragem Candente (**), subsetor do Xime, Setor L1 (Bambadinca), em 26/11/1970, 4 dias depois da invasão de Conacri (Op Mar Verde)... Começamos hoje com um apontamento do Torcato Mendonça, alf mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69):


(i) Torcato Mendonça:

(...) A mim contaram-me que esta emboscada pode ter sido um erro de alguém. O furriel Xico Carvalho, da CART 2715, meu amigo do peito, em conversa (ou foi por escrito?),falou-me da morte do Seco Camará, mandinga e um velho amigo de muitas operações por aqueles lados.

Parece ter havido um erro de um graduado... Não sei, e, para o caso, é agora irrelevante. A emboscada, com essas características, tinha o comando de um ou mais internacionalista cubanos. Um deles, precisamente numa nossa destruição, com a CART 1746 ao Poindon fugiu, perdeu o boné com fotos, mas muito,mas muito lamentávelemte levou a cabeça. O Seco, se lhe fosse entregue metade do valor de cada mina detectada e paga justamente pelas NT, era um mandinga rico. (...)

Eu não participei desta operação [, já tinha regressado há à metrópole quase uma no antes]. mas passei muitas vezes por lá [, pelo subsetor do  Xime] e o Seco era meu amigo. Em operações trocávamos a ração de combate... "Rabo de rato, rabo de rato",  dizia ele ao ver a lata de conserva de polvo ou lulas. Eu dizia: "Toma lá sardinhas"... Porco, não,...coisas entre ele e o Alá. (...)


(ii) Excerto do desenrolar da acção (Op Abencerragem Candente, 25-26 de Novembro de 1970)


(...) Três horas depois, pelas 8.50h, [do dia 26], já perto da Ponta do Inglês, o IN desencadearia uma violenta emboscada em L sobre a direita, precedida por um tiro isolado que foi confundido com um sinal de aviso duma eventual sentinela avançada, e que apanhou na zona de morte os 3 Gr Comb do Agr C [ CART 2715] e 1 Gr Comb (4º) do Agr B [CCAÇ 12].

Os primeiros tiros do IN, especialmente de LRockets, atingiram mortalmente o picador e guia do Agr B [CCÇ 12], Seco Camará, que ia na frente, e os quatro homens que o seguiam, incluindo um graduado [furriel miliciano Cunha], tendo ferido gravemente outro [Agr C].

Com rajadas sucessivas de LRockets e armas automáticas o IN, fixando as NT, lançou-se ao assalto sobre os primeiros homens, mortos ou gravemente feridos, conseguindo apanhar-lhes as armas, e só não os levando devido a pronta reacção das NT.

É de destacar aqui a acção heróica dos soldados Soares (CART 2715), que veio a ser mortalmente ferido, Sajuma (apontador de bazuca do 4º Gr Comb/CCAÇ 12) que ficou ferido numa perna, e Ansumane (apontador de dilagrama, também do 4º Gr Comb/CCAÇ 12, ferido ligeiramente nas costas), que se lançaram ao contra-ataque, juntamente com outros camaradas e alguns graduados, a fim de quebrar o ímpeto do IN e de recolher os mortos e feridos.

0 ataque durou cerca de 20 minutos, sendo a retirada do IN apoiada com tiros de mort 82 e canhão s/r que incidiram sobre a estrada, e especialmente sobre os 2 últimos Gr Comb (l° e 2º) da CCAÇ 12, assim como rajadas enervantes de pistola metralhadora, de posições que ainda não se haviam revelado, nomeadamente de cima das árvores.

(...) Em consequência da emboscada IN, uma das mais violentas de que há memória na região do Xime, pelo seu impacto sobre as NT, a CART 2715 [Xime] sofreu 5 mortos (l Furriel Mil) e 7 feridos, e a CCAÇ 12 teve 2 feridos (dos quais 1 grave, o Sold Sajuma Jaló), e 1 morto (o picador e guia permanente das NT Seco Camará, na altura ao serviço da CCS do BART 2917, e que do antecedente já tinha dado provas excepcionais de coragem e competência, tendo participado com a CCAC 12 em quase todas as operações a nível de Batalhão no Sector Ll).

Sob a protecçãodo helicanhão (que seguia para Mansambá no momento em que foi pedido o apoio aéreo), os 2 Agr regressaram ao Xime, com 2 Gr Comb do Agr B [1º e 2º da CCAÇ 12] a abrir caminho por entre a mata densa, 1 Gr Comb do Agr C [ CART 2715] a manter segurança à rectaguarda e os restantes empenhados no transporte dos feridos e mortos, tendo as helievacuações sido feitas numa clareira já perto de Madina Colhido e depois de percorridos mais de 5 Km, em condições extremamente penosas [No helicóptero vinha uma ou mais enfermeiras-paraquedistas].

Notícias posteriores [ não se indica a fonte...] admitiam que nesta emboscada o IN tivesse sofrido 6 mortos. Entretanto, desta reacção do IN contra a penetração das NT num dos seus redutos, concluiu-se que aquele foi excepcionalmente bem comandado porque:

(i) escolheu um local que por ser muito fechado dificultava a manobra;

(ii) utilizou pessoal em cima de árvores para ter uma melhor visão e comandamento sobre as NT;

(iii) tinha a retirada preparada com armas colectivas (morteiro, canhão s/r) que só se revelaram na quebra de contacto;

(iv) fez fogo de barragem, especialmente de LRockets, sobre o Gr Comb que seguia na vanguarda, permitindo lançar-se ao assalto. (...) (**)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de novembro de 2016  >  Guiné 63/74 - P16762: Efemérides (240): a Op Abencerragem Candente, 6 mortos, 9 feridos graves... Faz hoje 46 anos... Msn do antigo cmdt da CART 2715, Vitor Manuel Amaro dos Santos (1946-2014), em 2/3/2012, dois anos antes de morrer, dizendo: "Ando a viver o inferno do Xime"...

(**) Vd. postes de:

26 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10726: A minha CCAÇ 12 (27): Novembro de 1970: a 22, a Op Mar Verde (Conacri), a 26, a Op Abencerragem Camdente (Xime)...(Luís Graça)

11 de maço de 2010 > Guiné 63/74 - P5974: Ao correr da bolha (Torcato Mendonça) (3): O velho picador, Seco Camará

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16332: Inquérito on line (61): A lâmina da faca de mata do fur mil MA Manuel Joaquim Mesquita Isidro dos Santos, natural de Benavente, CART 1692 / BART 1914 (Cacine, Cameconde, Sangonhá e Cacoca, 1967/69), era de bom aço temperado, foi partida ao meio por uma mina russa A/P PMD-6 (António J. Pereira da Costa, cor art ref)



Guiné > Zona Leste > Xitole > 1970  > Mina antipessoal PMD-6,  de origem russa, reforçada com uma carga de trotil de 9 kg (as barras do lado direito). detectada e levantada na estrada Bambadinca-Xitole pelo furriel de minas e armadilhas David Guimarães da CART 2716 (Xitole, 1970/72). "Bem, ia uma GMC ao ar, isso sim!...".

Foto (e legenda): © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservado



Guiné > Região de Tombali > Cacine >  CART 1692/BART 1914 (Cacine, Cameconde, Sangonhá e Cacoca, 1967/69) > Coluna ao limite do sector de Cacine, na estrada Cameconde-Sangonhá, quando fomos levantar três abatizes que o IN ali colocou. Em 26 de outubro de 1968 realizámos uma coluna pela estrada Cameconde - Ganturé para retirar três abatizes que o IN tinha colocado (um mangueiro e dois bissilões) e oito minas PMD - 6. Uma rebentou na roda traseira de um Unimog 404, a penúltima viatura da coluna. O João Almeida (o "Alce") levanta uma mina PMD-6 que estava logo ali.

Foto (e legenda): © António J. Pereira da Costa (2013). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do António José Pereira da Costa ao poste P16324 (*):

[Foto à esquerda: António José Pereira da Costa, cor art ref  (ex-alf art da CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt  das CART 3494/BART 3873, XimeMansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74],

Volto à antena para recordar a faca de mato do fur MA Isidro,  da CArt 1692, falecido no HM 241.

Na estradeca para Porto Cantede surgiu um campo de PMD-6 com algumas estavam à vista em consequência da chuva (setembro de 1968). No final da operação eram 65 + 1 (detonada) em 12 metros de estrada e 2 metros para cada lado do respetivo leito.

O Furriel de Minas e Armadilhas avançou e começou o seu trabalho, porém agachado em vez de joelhado e em posição estável.

Foi, como se diria hoje, um erro humano.

A dado momento desequilibrou-se e apoiou a mão que tinha a faca no chão. A explosão da mina não se deu de modo a decepar-lhe a mão, levando-lhe 2 ou 3 dedos e cegou-o do olho do mesmo lado. Evacuação perto do local!

Mas o falecimento, em outubro  ou novembro de 1968 foi em consequência de uma "úlcera fulminante", doença descoberta na II Guerra Mundial, de origem nervosa e da qual o paciente não se apercebe. Quando se manifesta não há (ou não havia) hipóteses.

Recordo a faca do Isidro com a lâmina partida e pude constatar que era um bom pedaço de lâmina de aço bem temperado.


As facas de mato eram um utensílio de boa qualidade. Ainda gostava de saber onde eram feitas. Não sei se as OGFE [Oficinas Gerais de Fardamento do Exército] ou alguma fábrica de armamento as produzisse. Ou então algum cuteleiro da área de Guimarães (capital da cutelaria, naquele tempo...). (*)

PS - Creio que as últimas unidades recebiam uma faca de mato por homem. Não fazia parte do equipamento individual.


2. Comentário do editor:

Tó Zé, o fur mil MA Isidro, de seu nome completo Manuel Joaquim Mesquita Isidro dos Santos, é dado como tendo morrido em combate, em 17/11/1968. Pertencia à tua CART 1692, subunidade de quadrícula do BART 1914 (e não BCAÇ 2834,  como vem indicado, certamente por lapso).  Os seus restos mortais repousam no cemitério da sua terra, Benavente.

Fonte: Portal Ultramar Terraweb > Mortos do Ultramar > Concelho de Benavente 
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(**) Dois últimos postes da série

25 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16328: Inquérito 'on line' (59) A minha faca de mato ficará associada para sempre a um acontecimento doloroso: a morte do soldado da minha secção, Aladje Silá, em 20/7/1970 (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

25 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16330: Inquérito 'on line' (60) Para quie servia a faca de mato ? Num total (provisóro) de 55 respostas, um terço diz que nunca teve nenhuma; era sobretudo: (i) um objeto multiuso (38%); (ii) ferramenta de sapador (M/A) (29%); e (iii) abre-latas (29%)... Mais respostas precisam-se até 5ª feira, dia 28... José Colaço mandou.nos uma foto da sua faca de mato que sobreviveu ao incêndio do paiol em Camamude

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16014: Agradecimento: David Guimarães, ex-Fur Mil Art MA da CART 2716, a propósito do seu aniversário ocorrido ontem, dia 24 de Abril

A pedido do nosso camarada David Guimarães, (ex-Fur Mil, At Inf, MA da CART 2716, Xitole, 1970/1972), publicamos o seu postal de agradecimento pelas mensagens de parabéns a ele enviadas a propósito do seu aniversário ocorrido ontem, dia 24 de Abril.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15378: Inquérito 'on line' (18): Fazia-se 'batota' com as nossas baixas ? (i) "O embaratecer da guerra levava a que se tentasse reduzir o dispêndio com o pagamento de pensões" (António J. Pereira da Costa); (ii) "Teria de haver sempre duas testemunhas que confirmassem os factos ocorridos e cujas declarações tinham de ser devidamente ajuramentadas" (Abílio Magro)

1. Dois comentário de António J. Pereira da Costa sobre o tema objeto, esta semana, de inquérito de opinião no nosso blogue ["Fazia-se batota com  as causas das nossas baixas (combate, acidentem, doença")] 

[Cor art ref, ex-alf art na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art  e cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74]


(i) Sobre a manipulação dos números, quero afirmar que tal não se deve à acção ou omissão dos vivos que com os feridos ou mortos lidaram. O problema residia na concepção economicista da guerra e na "necessidade" de a gerir com números de merceeiro (hoje diríamos folha de excel).

Ainda recentemente encontrei no blog "A Bigorna" uma frase do Salazar que lhe é atribuída pelo embaixador Franco Nogueira:

25 de Agosto de 1965

Trabalho no Forte do Estoril com o chefe do governo. Conversámos e conversámos sobre o problema ultramarino e a nossa posição internacional. Sobre a luta em África, diz Salazar: «A verdade é que os nossos militares não se têm batido completamente bem, salvo excepções, é claro. Não. Talvez apenas o Schulz na Guiné. Aí tem havido muita pancada. Mas em Moçambique ainda não se meteram bem dentro do assunto. E em Angola andam muito de um lado para o outro, estão sempre a contar as tropas, mas não se atiram aonde o inimigo se encontra».

Sobre a situação política interna: «As oposições, está claro, fazem o jogo americano. É o dinheiro, são os whiskies americanos. Mas há pessoas isentas, de responsabilidade e até da situação, que também vão nas mesmas ideias. Dizem que tudo se resolveria se proferisse uma palavra, uma palavrinha mágica: a de que oportunamente encararíamos a independência de Angola e Moçambique. Se disséssemos isso, tudo se resolveria. Pois têm razão: tudo se resolveria, na verdade, por perda e abandono. Mas tenho receio, temos de caminhar mais depressa. Tenho medo que aqui se perca a paciência.

E temos que baratear a guerra, senão esgotamo-nos, e não aguentamos. E aqui dentro não se teria paciência».


Reparem na última frase.

Foi, portanto,  estabelecido o conceito de morte em combate ou por acidente em serviço ou fora dele. A diferença não é clara, às vezes. Creio que as NEP da 1ª Rep/QG/CTIG ou as do COMCHEFE - PesLog devem ter estes conceitos discriminados.

O embaratecer da guerra levava a que se tentasse reduzir o dispêndio com o pagamento de pensões.


Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > CART 2716 (1970/72) > Da esquerda para a direita, os fur mil David Guimarães e Joaquim Manuel da Palma Quaresma, sapadores, junto ao abrigo de sargentos. Este último morreu por "acidente", em 20/10/1970. Todas as noites armadilhava a entrada para o quartel, junto à casa de Jamil Nasser, o comerciante libanês. (**)

Foto: © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. ]Edição de LG].

(ii) A "manipulação" quantitativa está fora de questão. Nem por doença (adquirida ou agravada em serviço) como foi o caso das hepatites que, a dada altura, obrigaram a criar um "pavilhão" no HM 241, nem por acidente, nem em combate.

O problema resulta da qualificação "em combate",

Há muitos casos de acidente puro,  como sempre sucede.

A doença poderia ser devida a uma situação de campanha que a agravava ou que a iniciava. Seria um caso de doença em campanha, sendo que ninguém adoece devido ao combate.
Todavia persistem dúvidas como por exemplo os mortos/feridos a montar minas. Estavam a combater ou tiveram um acidente com arma de fogo?

Não me restam dúvidas de que um sapador morto/ferido com uma mina IN estava a combater, mas há quem queira considerar que teria havido "erro humano" na manipulação do engenho...

Já a contagem dos mortos/feridos sofridos pelo IN levanta dúvidas. Por isso, a dada altura ainda nos anos 60 só contavam os mortos que o IN deixava e por isso ele procurava lavá-los ou os feridos que se traziam ou evacuavamm  conforme os casos.

As estimativas não passavam disso mesmo.

Nunca chegámos aos números que o IN apregoa(va) e que levavam a uma verdadeira carnificina.
Creio que o que está em causa e poderemos questionar é a relação dos ferimentos/mortes com o combate e campanha.

Creio que as NEP do QG/CTIG-1ª REP definiam explicitamente esta situação ao falarem de baixas devidas ou não devidas ao combate. Aí tudo passava para o relatante e para o que efectivamente tinha sucedido.

2. Comentário do Abílio Magro, ex-fur mil amanuense, 
CSJD/QG/CTIG (Bissau, 1973/74):

Pelo que me recordo dos meus tempos [de furriel mil amanuense] da CSJD/QG/CTIG [Chefia do Serviço de Justiça e Disciplina do Quartel General do Comando Territorial Independente da Guiné], a caracterização das Doenças, Ferimentos e Mortes está correctamente descrita por um tal "Mendes", num comentário ao "post" do António Duarte.

Quanto à legislação, confesso que nunca a vi, mas acredito que existisse e que fosse com base nela que os advogados da CSJD (Alferes Milicianos) proferiam os seus pareceres que, depois, eram confirmados pelo Chefe (Ten Cor Manuel de Moura) e, seguidamente, despachados pelo Comandante Militar /Brigº Alberto da Silva Banazol).

Teria de haver sempre duas testemunhas que confirmassem os factos ocorridos e cujas declarações tinham de ser devidamente ajuramentadas, isto é: tinham de declarar que juravam por Deus (ou pela sua honra,  se não fossem católicos) serem verdadeiras todas as declarações efectuadas (burocracias...)
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(...) Era uma vez um granada instantânea com fio de tropeçar

O aquartelamento do Xitole estava bem minado em seu redor. Do lado da pista de aviação, tinha eu mesmo montado um poderoso fornilho às ordens do capitão. Esse fornilho era comandado do abrigo dos furriéis (vd. foto onde estou eu sentado em cima de um bidão). De resto todo o terreno à volta estava semeado de minas A/P m/966 (,,,).

Para a protecção total e permanente do aquartelamento no Xitole só faltava um ponto por armadilhar: a estrada Bambadinca - Xitole - Saltinho... Os ex-combatentes da CCAÇ 12 conheciam-na bem e sabiam onde era a casa de Jamil Nasser, um comerciante libanês que vivia no Xitole (,,,). Pois era exactamente ali, naquela rampazinha que dava acesso ao aquartelamento.

Resolveu-se então que todas as noites essa entrada do quartel fosse armadilhada... Essa operação era sempre feita ao cair do dia. O material era simples: uma granada instantânea e arame de tropeçar, do mesmo tipo daquela granada que um dia matou o macaco.... Lembram-se dessa estória que eu aqui já contei (...)

E lá foi naquele dia o Quaresma, sempre ele, que já tratava por tu essa maldita granada. E como gostava dela, o furriel miliciano Quaresma!

Mais um dia, e novamente o armadilhamento da entrada. Dessa vez ele até foi contrariado, estava a preparar uma galinha para churrasco, lerpou, não comeu…

O quadro é simples: ouve-se um rebentamento, só um. O Quaresma é decapitado (,,,), o Leones fica cego e sem dedos… Ficámos todos em estado de choque:
-Não podia ser!!!

Mas foi: um parte para a eternidade, o outro é evacuado... O Quaresma desta vez tinha falhado, nunca mais armadilharia na vida (...).

sábado, 25 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14522: Agradeço aos amigos atabancados as mensagens de parabéns que me enviaram a propósito do meu aniversário (David Guimarães)

A pedido do nosso camarada David Guimarães, (ex-Fur Mil, At Inf, MA da CART 2716, Xitole, 1970/1972), publicamos o seu postal de agradecimento pelas mensagens de parabéns a ele enviadas a propósito do seu aniversário ocorrido ontem, dia 24 de Abril.


quinta-feira, 23 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14511: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (17): Distribuição de Certificados aos tertulianos totalistas dos 10 Encontros nacionais e admissão de duas novas tertulianas: Graciela Santos (hnº 682) e Lígia Guimarães (nº 683)


No passado dia 18 de Abril, aquando do nosso X Encontro Nacional, foram distribuídos "Certificados", da autoria do nosso camarada Miguel Pessoa. 
Os distinguidos foram: António Santos e esposa Graciela; Carlos Vinhal e esposa Dina; David Guimarães e esposa Lígia; Jorge Cabral; Luís Graça e Raul Albino, que fizeram o pleno dos 10 Encontros realizados até agora.

 Certificado da autoria do nosso camarada Miguel Pessoa


Eis a reportagem fotográfica dos camaradas Albano Costa e Manuel Resende:

Entrega de Certificados - António Santos

Entrega de Certificados - Jorge Cabral

Entrega de Certificados - David Guimarães

Entrega de Certificados - Dina Vinhal

Entrega de Certificados - Graciela Santos

Entrega de Certificados - Luís Graça

Entrega de Certificados - Lígia Guimarães

Entrega de Certificados - Raul Albino
 
Recordar-se-ão que o I Encontro foi no já longínquo ano de 2006, na Ameira, organizado pelo nosso camarada Paulo Raposo. 

O II Encontro, em 2007, aconteceu em Pombal, com organização da responsabilidade do nosso camarada Vítor Junqueira.

Os terceiro e quarto, em 2008 e 2009, na Quinta do Paúl, em Ortigosa, organizados pelo camarada Joaquim Mexia Alves. 

Desde 2010 os Convívios têm decorrido no Palace Hotel de Monte Real, e a organização tem estado a cargo do nosso camarigo Mexia Alves, que tem demonstrado muita competência nesta difícil missão de agradar ao maior número possível de participantes.

Hoje, dia em que se comemora o 11.º aniversário da nossa página, porque foi neste mesmo dia do ano de 2004 que se publicou o primeiro Poste - Guiné 63/74 – P1: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça), achamos que terá algum significado admitir como amigas tertulianas duas das três senhoras agraciadas. São elas a Graciela Santos e a Lígia Guimarães. A Dina Vinhal há muito que faz parte da tertúlia.

Recordemos a foto de família com algumas das senhoras presentes nesse memorável I Encontro de 2006


Com a devida salvaguarda por qualquer lapso de memória, reconhecemos na primeira fila, a partir da esquerda: Lígia Guimarães, Dina Vinhal, Alice Carneiro, Celeste Baia, Graciela Santos, Irene Briote, e... na ponta direita, Margarida Franco e Judite Neves.


Os homens não estarão aqui todos, nota-se a ausência do António Santos que estará encoberto ou ausente deste grupo.

Termina-se, deixando às nossas novas tertulianas um beijinho em nome dos editores e da tertúlia em geral. Se alguma vez quiserem mandar para publicação algum texto, seja ele uma memória ou uma história recente, relacionadas convosco ou com os vossos maridos, já sabem que com muito gosto a publicaremos. O Blogue é da tertúlia e tanto a Graciela como a Lígia, a partir de hoje, fazem parte dela.

Carlos Vinhal
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Notas do editor:

Último poste da série Tabanca Grande de 22 de Abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14503: Tabanca Grande (459): José Sousa (JMSF), soldado de rendição individual, do BART 1904 e depois do Pelotão de Intendência, viola solo do conjunto musical de Bambadinca, ao tempo do BCAÇ 2852... Grã-tabanqueiro nº 681

Último poste da série de 22 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P14499: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (16): fotos do MIguel Pessoa