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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13042: Manuscrito(s) (Luís Graça (26): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte III): Sarmento Rodrigues, o seu palácio e a sua praça do império (fotos de Benjamim Durães, julho de 1971)


Foto nº 1 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > O palácio do Governador (Gabinete de Urbanização Colonial / Arquitetos João António Aguiar e José Manuel Galardo Zilhão, 1945)


Foto nº 2 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > O  monumento ao "esforço da raça"


Foto nº 3 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Praça do Império



Foto nº 4 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Av da República, ao fundo a Praça do Império



Foto nº 5 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Estátua de Diogo Gomes


Foto nº 6 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Estátua de Honório Barreto


Foto nº 7 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Estátua de Teixeira Pinto

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Foto nº 8 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Rua de Bissau 



Foto nº 9 > Guiné, Bissau, julho de 1971 >  Zona ribeirinha de Bissau


Foto nº 10 > Guiné, Bissau, julho de 1971 >  Forte da Amura


Foto nº 11 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Aeroporto de Bisslanca... O avião da TAP


Guiné > Bissau > julho de 1971 > Fotos de Bissau, tiradas por Benjamim Durães (fur mil op esp, Pel Rec Info, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72), aquando da sua ida de férias à metrópole. 


Fotos: © Benjamim Durães (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Manuscrito(s), por Luís Graça

Nota de leitura > Ana Vaz Milheiro – Guiné-Bissau: 2011.  Lisboa, Circo de ideias, 2012, 52 pp. (Viagens, 5)


Parte III

Recorde-se o que já dissemos em dois  postes anteriores sobre esta brochura da investigadora e professora do ISCTE -IUL, Ana Vaz Milheiro. Este livrinho, profusamente ilustrado com fotografias da autora, a cores, resulta de uma singular viagem à Guiné-Bissau, de 2 arquitetos (entre as quais a autora) e de 1 sociólogo (Eduardo Costa Dias, nosso grã-tabanqueiro), durante 10 dias, de 2 a 10 de outubro de 2011.

Continuação das notas de leitura:

Em 1919, em nome da I República, o engenheiro de minas João Guedes Quinhones já tinha imaginado e planeado  o sítio onde mais tarde se ergueria o Palácio do Governador da Colónia da Guiné (hoje Palácio da Presidência da República da Guiné-Bissua). Éo memso sítio, num ligeiro promontório, onde a partir do qual se irá rasgar a Praça do Império (hoje, Praça dos Heróis Nacionais).

Segundo a cicerone que nos guia pelas ruas (esburacadas) de Bisssau, em outuro de 2011, à procura das marcas da arquitetura portuguesa, colonial, estado-novista, Ana Vaz Milheiro, o edifício (e o seu espaço envolvente) é “uma arquitetura de representação política”, ligada à nova cartografia do Portugal imperial que vai “do Minho a Timor”, desenvolvida pelo Estado Novo e que terá o seu apogue nos anos 40/50.

O edifício, que remonta aos anos 30, conheceu muitas vicissitudes e contrariedades. O projeto definitivo foi (re)desenhado em 1945 (, já que havia uma pré-existência), pelo Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), pelos arquitetios João António Aguiar e e João Manuel Galhardo Zilhão. Recorde.se que o GUC tinha sido criado em finais de 1944, em Lisboa, dependente do Ministério das Colónias, cuja titular era então Marcelo Caetano.

O palácio vai ficar pronto em 1946, por ocasião do 5º centenário do desembarque de Nuno Tristão no território, graças a um nova intervenção da brigada de Paulo Cunha. E faz parte de um vasto conjunto de obras públicas, indelevelmente associado ao mandato do governador Sarmento Rodrigues (1945-1948)

(…) “Manuel Maria Sarmento Rodrigues, oficial da Marinha portuguesa, é destacado por Marcelo Caetano para governador da Guiné, antes ainda do final da Segunda Guerra, num tempo muito próximo à formação do GUC. Durante o seu governo, a província conhece uma época de desenvolvimento, servindo de “campo de ensaio” aos “novos rumos da política colonial portuguesa.” (…). Este período progressista tem a sua expressão mais emblemática na revogação do “Diploma dos Assimilados” que valerá a Sarmento Rodrigues ser visto como tendo responsabilidades na formação de uma “nova escola de política ultramarina” (…).

“O perfil empreendedor de Sarmento Rodrigues, revelado enquanto governador da Guiné e confirmado mais tarde aquando da sua passagem como ministro pelo MU [, Ministério do Ultramar,], reflecte-se também na promoção de obras públicas. Coincidindo o seu governo com o arranque do Gabinete, a sua actuação permite analisar como se exercem as relações, nesta primeira fase, entre o poder colonial – que está no terreno – e os técnicos que permanecem em Lisboa. Entre os seus “discursos e afirmações”, que reúne em livro um ano depois de deixar o cargo, há menções a edifícios públicos projectados no âmbito do GUC. Estas referências surgem, p.e., no discurso à primeira sessão do Conselho de Governo, logo a 3 de Julho de 1945, onde apresenta a estratégia que pretende implementar para a região e não apenas na capital Bissau. Nela afirma figurar “no primeiro plano das realizações, como mais visível, o trabalho de obras públicas”, adiantando possuir “uma vasta lista de obras projectadas para um período… bastante curto” (…). Desta lista fazem parte construções em andamento, como o “Palácio, Sé, capelas de Catió, Bafatá, Canchungo, Mansoa e Gabu, moradias projectadas para os funcionários em Bissau, o monumento ao Esforço da Raça, edifício da Praça do Império… e outras tentativas dispersas pela Colónia” (…). Para lá da reorganização dos serviços que a possibilidade de novos edifícios proporciona, as suas preocupações principais são as infra-estruturas de transportes (…), a assistência sanitária (…) e o saneamento básico (…). (Milheiro e Dias, 2009, pp. 89/90) (**).


A fachado do edifício é arte deco. Foi bombardeadoem 7/6/1998, na sequência da guerra civil. Resistiu, graças a sua cnstrução sólida e aos materiais de baixo custo de manutenção usados na época nas obras do Estado Novo.. Esteve estes anos todos em ruínas. Foi reconstruído recentemente pelos chineses.

Ainda sobre o palácio do Governador, escrevem Milheiro e Dias (2009):

(...) "Em 1947, Sarmento Rodrigues refere-se à situação da obra do “Palácio de Bissau”, peça emblemática da presença portuguesa no plano da representatividade, que “continuará ainda com maior intensidade, de modo que a sua conclusão já não leve anos, mas apenas meses” (…). O palá­cio do governador, localizado no topo superior da antiga Avenida da República, hoje Avenida Amílcar Cabral, posiciona-se como centro simbólico do poder. A sua implantação faz sobressair a estrutura urbana assente em quadrícula e hierarquizada através de um sistema de ruas rectilíneas que tem nesta avenida semi-arborizada o seu eixo monumental e onde se irão situar os principais serviços públicos (…). É adaptado por João Aguiar, ainda em 1945, seguindo um esquema “clás­sico” de composição tripartida e simétrica e recorrendo a elementos decorativos historicistas que reforçam a sua filiação numa arquitectura nacional, figurativamente próxima do que Marcelo Caetano apelida de “português suave”. Não considerada no desenho original é a galeria térrea que protege a entrada e providencia uma estadia superior sobre a avenida. “ (Milheiro e Dias, 2009, p. 94) (**).

Ainda sobre Sarmento Rodrigues (o melhor governador da Guiné em tempo de paz, sendo o Spínola o melhor em tempo de guerra)… Com ele, o Estado Novo vai aproveitar os 500 anos da chegada de Nuno Tristão para dar início a um plano de embelezamento do espaços públicos em Bissau e noutras localidades (Bafatá, Catió, Cacheu…). No essencial, esse programa que se porolonga pelos anos 50, consistiu na colocação de estátuas aos “heróis da colonização”, de Nuno Tristão a Teixeira Pinto, de Honório Barreto a Diogo Gomes, sem esquecer Oliveira Muzanty (Bafatá)…

Os pedestais são obra dos homens do Gabinete de Urbanização do Ultramar (que sucedeu ao GUC, em 1951). As estátuas serão desmanteladas depois da independência e o que resta delas encontra-se no forte do Cacheu, para um futuro museu da colonização. Símbolos de regime, muitas das estatátuas não sobrevivem à queda desses regimes. Veja-se o que se passou com Salazar, Portugal no pós 25 de abril, com Estaline, em muitos países do leste europeu, depois da queda do muro de Berlim, em 1989.

É a roda da história. De qualquer modo, portugueses e guineenses têm interesse (e obrigação) em conhecer, divulgar e proteger este património ligado à sua história comum…

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Notas do editor:

(*) Vd. postes anteriores:

14 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12980: Manuscrito(s) (Luís Graça (25): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte II): o Pavilhão de Tisiologia, mais tarde HM 241

29 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12911: Manuscrito(s) (Luís Graça (24): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial

(**) Vd. Milheiro, Ana Vaz, e Dias, Eduardo Costa - A Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). usjt - arq urb , nº 2, 2009 (2º semestre), pp.80-114 [Disponível aqui em pdf ]

terça-feira, 15 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P12989: Agenda cultural (310): Sessão de apresentação do livro de Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos, "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau: Um Roteiro", levada a efeito no passado dia 10 de Abril no Palácio da Independência

Palácio da Independência, 10 de Abril de 2014. Sessão de apresentação do livro "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau: Um Roteiro". À esquerda da foto os autores: Mário Beja Santos e Francisco Henriques da Silva


"Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau: Um Roteiro"

Sessão de apresentação no Palácio da Independência em 10 de Abril


Numa sala completamente apinhada, Alarcão Troni, presidente da Sociedade Histórica para a Independência de Portugal, saudou o evento e recordou as diferentes iniciativas associadas ao estudo e publicações ligadas à Guiné, por parte da instituição. Victor Raquel, da Fronteira do Caos, manifestou a sua satisfação por ver a editora conotada com obras de referência, incontornáveis na cultura portuguesa com conexões à problemática ultramarina.

O primeiro orador, Eduardo Costa Dias, do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, saudou a publicação deste título e recordou como a história da antiga colónia e do Estado independente careciam de uma leitura que permitisse a linearidade histórica, contemplando os grandes eixos da presença portuguesa, iluminando o percurso ziguezagueante de 1974 a 2012. Considerou que o roteiro inseria e preenchia com informação rigorosa os capítulos essenciais dos cerca de 550 anos que o livro pretende abarcar. Não obstante, lembrou que há lacunas bibliográficas que poderão ser preenchidas em nova edição. Acentuou por último que o roteiro abre enormes perspetivas para novos estudos e investigações sobre a Guiné e outras regiões.

O segundo orador, Julião Soares Sousa, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História Moderna e Contemporânea de Portugal, pelo seu livro “Amílcar Cabral, Vida e Morte de um Revolucionário”, considerou que a obra que estava a ser apresentada supria uma grave lacuna não só quanto à presença portuguesa como à vida atribulada da República da Guiné-Bissau, mas igualmente estabelecia a charneira quanto às etapas fundamentais da luta da libertação, carreando informações prementes no campo da bibliografia, da literatura e da cooperação. Fez votos para que os conteúdos do roteiro venham a ser matéria-prima para trabalhos mais desenvolvidos de que aquela região africana precisa, e conta com a dinâmica das universidades portuguesas para tal, em colaboração com a investigação sediada em Bissau.

Coube a Francisco Henriques da Silva, um dos coautores, justificar a natureza da obra, apresentou-a como um projeto de diferentes valências, há estudos que carecem de aprofundamento e Portugal dispõe de instituições ímpares quanto a documentação, que é crucial para melhorar os conhecimentos do período colonial, sobretudo. No entender dos autores, o levantamento feito sobre a Guiné-Bissau é um bom ponto de partida e recordou que na guerra civil de 1998-1999 perderam-se arquivos preciosos sobre o passado e a contemporaneidade, o que agrava as dificuldades para densificar o fio condutor entre o período colonial, a luta de libertação e a história do país independente.

O Encarregado de Negócios da República da Guiné-Bissau, M’bala Alfredo Fernandes não escondeu o seu apreço por esta iniciativa e teceu considerações sobre o ato eleitoral em curso na Guiné-Bissau.
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Notas do editor

Vd. poste de 6 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12798: Agenda cultural (305): O livro "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau - Um Roteiro", co-autoria de Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos, vai ser apresentado no próximo dia 9 de Abril de 2014, pelas 18 horas, no Palácio da Independência. Apresentadores: Julião Soares Sousa e Eduardo Costa Dias

Último poste da série de 14 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P12981: Agenda cultural (309): Reportagem do Porto Canal feita com a Tabanca Pequena será emitida hoje, dia 14 de Abril, depois do Jornal Diário das 20 horas

sábado, 29 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12911: Manuscrito(s) (Luís Graça (24): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial

Nota de leitura >

Ana Vaz Milheiro – 2011: Guiné-Bissau. Lisboa, Circo de ideias, 2012, 52 pp.  (Viagens, 5)




1. Foi pena que tenha passado despercebida, a muitos de nós, ex-combatentes da Guiné, ou que se interessam pela historiografia da presença portuguesa em África, a xposição "África - Visões do Gabinete de Urbanização Colonial", que esteve patente ao pú8blico, no CCB, em Lisboa, de 7 de dezembro de 2013 a 2 de março de 2014.

Passei por lá em 26 de janeiro, com um amigo meu, arquiteto, o José António Paradela, de Ílhavo  (que fez, aos 16 anos, a "guerra colonial" na pesca do bacalhau,  na Terra Nova...) e tinha a intenção de fazer uma poste no âmbito da série "Agenda Cultural"...

Paciência.. Não se pode "ir a todas"... De qualquer modo, tomei  a liberdade de recolher algumas imagens e tomar algumas notas... que apresentarei mum próximo poste.




Cartaz promocional > CCB - Centro Cultural de Belém > Garagem Sul > Exposições de  Arquitectura >  "ÁFRICA – VISÕES DO GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL"

Foto de Luís Graça (2014).


A curadoria foi da Ana Vaz Milheiro (com Ana Canas e João Vieira). A exposição esteve aberta ao público de 7 de dezembro de 2013 a 28 de fevereiro de 2014  [com prolongamento até 2 Março].

Segundo o programa, "África – Visões do Gabinete de Urbanização Colonial propõe um percurso por uma paisagem africana desenhada (e inventada) a partir do coração da metrópole, em Lisboa, no período final da colonização portuguesa (1944-1974).

O texto é da investigadora e docente do ISCTE-IUL, curadora desta exposição, Ana Vaz Milheiro. A exposição resulta de um projeto de investigação, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), e que decorreu entre 2010 e 2013: "Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Práctica Arquitectónica"

(...) "Inicia-se com imagens de edifícios públicos fortemente marcados pela tradição portuguesa do sul, fixa-se numa arquitectura oficial do Estado Novo, e abre a possibilidade de ensaiar uma primeira expressão de 'nativismo africano', através do conhecimento progressivo que os arquitectos portugueses vão adquirindo das diferentes culturas locais, antecipando visões de autonomia e de independência."

Pela primeira vez mostrados em público, a exposição, que se realizou na Garagem Sul do CCB,  era enriquecida por  "um conjunto de desenhos, relatórios, fotografias, actualmente à guarda do Instituto de Investigação Científica Tropical".

Mas hoje do que vos quero falar é de livrinho que comprei lá, por 10 euros, e que é uma espécia de guia de bolso, um roteiro de visita guiada à Guiné-Bissau e ao património arquitetónico que os portugueses lá deixaram.  E que merece ser melhor conhecido, estudado, divulgado e protegido. O livro tem a assinatura da incontornável  e voluntariosa Ana Vaz Milheiro.

2. Ana Vaz Milheiro (n. 1968, Lisboa) é licenciada e mestre em arquitetura pela Universidade Técnica de Lisboa, e doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2004). Docente do ISCTE-IUL, prepara o seu pós-doutoramento em arquitetura lusoafricana da época do Estado Novo.

Este livrinho, profusamente ilustrado com fotografias da autora,  a cores, resulta de uma singular viagem,  à Guiné-Bissau,  de 2 arquitetos e de 1 sociólogo,  durante 10 dias, de 2 a 10 de outubro de 2011.

O sociólogo, ou melhor, antropólogo social é nem mais nem menos do que o Eduardo Costa Dias, do meu tempo do ISCTE, e nosso grã-tabanqueiro, que serve de “cicerone”, nesta viagem, a dois colegas, também do ISCTE-IUL, a autora da brochura, e o Paulo Tormenta Pinto.

O Eduardo, que vai à Guiné-Bissau, quase todos os anos, desde 1980,  foi desta vez, como especialista da cultura e história guineenses, integrado no projeto de investigação “Os Gabinetes Coloniais da Guiné-Bissau – Cultura e Prática Arquitectónica”, de que a Ana Vaz Milheiro é a responsável principal.

Como ele nos conta no curto texto que escreveu à laia de prefácio (p.7), rapidamente passou de “cicerone” para “ciceroneado”, de tal maneira foram as descobertas feitas, no terreno, a partir das “novas leituras” que lhe proporcionaram, em matéria de arquitetura e urbanismo coloniais, os seus dois  colegas, arquitetos… Para mais, “num terreno que eu pensava que puco de novo ainda tinha para me dizer” (p. 7).

Como leitor, entusiasta, do livrinho, também partilho do mesmo sentimento que o nosso amigo Eduardo. Basta, de resto, ler-se  o guião da viagem (e agora índice da publicação, enter parênteses a página):

Guiné-Bissau (7), Missão arquitetónica (9), Bissau, cidade da I República (11), A cidade jardim dos trópicos (13), O futuro de África é a China (15), Ruínas pós-colonais (17),  Arquiteturas maneiristas (19), Estação metereológica de Bissau (21), O bairro de Santa Luzia (23),  o bairro da Ajuda (25), O melhor edifício da cidade (27),  Geometrias (29), Migrações africanas (31), Mais mundo houvera (33), Bafatá (35), Um hospital com vista sobre a cidade (37), Contuboel (39), Mercados (41), A escola primária do Cacheu (43), Cine-Canchungo (45),  A estação dos CTT do Gabú (47), Ponte sobre o rio Mansoa (49), Bibliografia (50), Biografias (51).

“Last bu not the least”, neste conjunto de 2 dezenas de fontes de documentação consultadas e citadas pela autora, sabem qual é a última que vem na lista, na página 50 ? O nosso blogue, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné que cumpre, assim,  um dos seus  propósitso, que é o de também ser uma fonte de informação e conhecimento relevante no que diz respeito à documentação da presença portuguesa na Guiné-Bissau (*)… De resto, como eu gosto de dizer, os ex-combatentes da Guiné "não querem morrer sem deixar rasto"... E o rasto são as "as nossas memórias e afetos"...

Para além de ser especialista num domínio como este o das arquiteturas lusotropicais, e mais exatamente coloniais, a Ana Vaz Milheiro  tem a vantagem, nesta viagem, de ser uma “estreante”, embora  de modo algum “virgem” no que diz respeito à arquitetura e urbanismo  da Guiné-Bissau da época colonial.  O seu olhar não era, pois, o do “leigo”, muito menos o do “turista à força” que fomos nós, os ex-combatentes, que foram  desembarcando  em Bissau, aos milhares, entre 1961 a 1974…

Ela não deixou nada ao acaso ou ao improviso: tinha feito o seu trabalho de casa, e compulsado vasta documentação:

(i) livros e opúsculos  (a maior parte da Agência Geral do Ultramar);

(ii) desenhos, projetos e documentos (do Arquivo Histórico Ultramarino  e do Centro de Documentação do IPAD);

 (iii) fotografias registadas pelo arquiteto Luís Possolo, nos anos 60, ao serviço do Ministério do Ultramar;

 (iv) fotos do Eduardo Costa Dias,  tiradas em  2009, de acordo com uma lista de edifícios públicos construídos em Bissau depois da II Guerra Mundial, amostragem de obras estado-novistas;e , por fim,

(v) cruzamento das imagens com os projetos arquivados em Lisboa…

De acordo com o roteiro da viagem, os primeiros dias foram passados em Bissau e arredores, seguindo-se:

(i) no dia 6/10/2011 Safim, Empada, Nhabijões [mas imediações de Bambadinca], Bafatá, Gabú, Sonaco, Contuboel;

 (ii) no dia 8, Bula, Canchungo, Cacheu;

e  (iii) no dias 9/10, Mansoa.





Guiné-Bissau > Bissau, capital do país. Planta da cidade, pós-independência.  C. 1975. Escala 1/20 mil  Pormenor

Imagem © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]



Guiné > Bissau > s/d > Vista aérea parcial e Ilhéu do Rei. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 142". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).




Guiné > Bissau > s/d > Vista aérea de Bissau. Ao centro, o Palácio do Governo e a a Praça do Império. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 118". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).


Guiné > Bissau > s/d > Sem legenda: A antiga Av 31 de Janeiro, hoje, Av Amílcar Cabral > Ao fundo, o Palácio do Governador, e a Praça do Império; do lado direito, a Catedral de Bissau (Edição Comer, Trav do Alecrim, 1 -Telef. 329775, Lisboa).

Colecção de postais ilustrados: Agostinho Gaspar / Digitalizações: Luís Graça & Camaradas da Guiné

Imagens: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010). Todos os direitos reservados.


3. Bissau, uma cidade da I República

É o Estado Novo [, e nomeadamente  com Sarmento Rodrigues como governador, 1945-1949] que vai ter, para a cidade, uma intervenção pensada e estruturada. Até então o “making of” do espaço urbano resultara de um “processos de adição” (p. 10):

(i) a construção da fortaleza de São José da Amura, na margem direita do estuário do Geba;

(ii) a Bissau Velha, que nasce fora de muros, e que é o primeiro assentamento urbano;

(iii)  o esforço para estabilizar a presença portuguesa na então ilha de Bissau, na sequência da “guerra de pacificação”,  levada a cabo sob o comando de Teixeira Pinto (1913-1915);

 (iv) a chegada, em 1919, do engenheiro de minas José Guedes Quinhones, da Repartição de Fomento, Direção de Agrimensura,  e com ele o propósito republicano de “embelezar a cidade”.

Cito a autora:

“O plano de 1919 (…) não só dá início ao processo de minumentalização  do espaço urbano,cmo corresponde à expansão para lá do primitivo perímetro. Cruza a baixa densidade da Garden City [Cidade Jardim, movimento de planeamento urbano iniciado em 1898] com as ideias culturalistas do City Beautiful movement [Movimento  da Cidade Bonita, dos anos 1890-1900], propondo uma praça radial, implantada na cota mais elevada, ligando-se, através de um boulevard, à zona baixa e portuária [imagem da Av 3 de Agosto].”

Recorda a Ana Vaz Milheiro que a atual Av Àmílcar Cabral era a Av 31 de Janeiro [, uma data grata aos republicanos, por recordar a  primeira tentativa de derrube da monarquia, a revolta do Porto, em 1891]. “Os limites da cidade são assegurados por uma ‘Avenida de Cintura’, que faz a fronteira com os ‘Subúrbios’, onde a população africana se irá fixar. Identificam-se os lotes das instalações  de energia elétrica e de abastecimento de água, do Pal´«acio do Governo, do Novo Hospital e do Banco Nacional Ultramarino”…

Trata-se, enfim, de um programa mínimo, de equipamentos, acrescidos em 1922 com a escola primária, e  que o Estado Novo  vai reforça depois de 1945. “A estratégia estado-novista passa por diminuir os vestígios deste urbanismo de perfil republicano, apropriando-se dos seus símbolos” (p,. 10), conclui a autora. (**)

(Continua)

_______________

Notas do editor

(*) Sobre a cdiade de Bissau, temos inúmeros postes, vd. por ex.:

10 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1264: Postais Ilustrados (10): Bissau, melhor do que diz o fotógrafo (Beja Santos / Mário Dias)


terça-feira, 28 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11640: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (12): tese de doutoramento em estudos africanos, em curso, sob a orientação do professor e nosso tabanqueiro Eduardo Costa Dias (ISCTE): Lúcia Bayan quer entrevistar camaradas que estiveram no chão felupe e em especial em Suzana



Guiné > Região do Cacheu > Susana > Junho de 1972 > Dia de ronco... dia da morte do comandante do PAIGC, Malan Djata, cuja cabeça foi cortada por elementos da população, felupe, após a sua captura na sequência de um ataque falhado ao aquartelamento de Susana. Segundo esclarecimento, dado pelo Luís Fonseca  "naqueles momentos foi de todo impossível determinar o 'autor' da decapitação". Foi tudo num ápice: um graduado da CCAV 3366 que assistiu à cena não pode fazer para evitar a mutilação (ritual) do cadáver de um inimigo.
Foto (e legenda): © Luís Fonseca (2007). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de Lúcia Bayan, com data de 21 do corrente:

De: Lúcia Bayan
Data: terça-feira, 21 de Maio de 2013,  19:28
Assunto: Pedido de ajuda

Caro Senhor,

Encontro-me a fazer o doutoramento em Estudos Africanos, do ISCTE, sendo orientada pelo prof. Costa Dias. O meu trabalho incide sobre a sociedade felupe. Estou a dar continuidade a um projecto iniciado com o meu mestrado, também em Estudos Africanos no ISCTE e também orientado pelo prof. Costa Dias. Regressei há cerca de um mês da minha terceira ida ao terreno e pretendo regressar no início do próximo ano.

Considero que neste momento já tenho conhecimentos razoáveis desta sociedade, para o que muito contribuiu algumas informações retiradas do seu blogue. No entanto, tenho ainda muitas dúvidas sobre o passado recente deste povo, pelo que gostaria muito de conversar com colegas seus que tenham estado no quartel de Suzana.

Apelo pois para a sua boa vontade para me proporcionar contacto(s) com alguns seus colegas que tenham estado colocados neste quartel e que estejam dispostos em partilhar comigo os seus conhecimentos.

Grata pela atenção, fico à espera ansiosamente da sua resposta.

Os melhores cumprimentos,

Lúcia Bayan
Tel.: 96 135 31 30

2. Comentário de L.G.:

O Prof Eduardo Costa Dias é um velho amigo e companheiro de lides académicas. É, além disso, um grande amigo do povo da Guiné-Bissau e um conhecer profundo dos seus usos e costumes, da sua grande riqueza e diversidade culturais. Honra-nos com a sua presença na Tabanca Grande. Por outro lado, o nosso blogue é (e quer continuar a ser) uma fonte de informação e conhecimento (*) não só para os portugueses como para os guineenses e demais comunidades lusófonas. O pedido de Lúcia Bayan vai ter, por certo, resposta por parte dos nossos generosos e solidários tabanqueiros que passaram pelo chão felupe. Entre eles cito, por ordem
alfabética, e correndo o risco de omitir mais alguém:

(i) Delfim Rodrigues [,ex-1.º cabo aux enf, CCAV 3366 / BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73]: reside em Coimbra; trabalha (ou trabalhava, não sei se está reformado) em estudos de mercado, na recolha de dados / trabalho de campo;

(ii) Luís Fonseca [, ex-fur mil trms, CCAV 3366 / BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73]; reside em Vila Nova de Gaia; é um estudioso da sociedade felupe tendo publicado diversos postes na série Cusa di nos terra, sob o subtítulo Suzana, chão felupe, que listamos abaixo (**)

(iii) [Manuel] Domingos Santos [, ex-fur mil, CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69]; está reformado; não temos informação sobre o local de residência;

(iv) Raul [Manuel Bivar de ] Azevedo [, ex.cap mil, 2ª CART / BART 6522, Susana, 1972/74]

(...) Nasceu em 1943, em Faro, é engenheiro electrotécnico (IST), reformado da EDP desde 2008. Ainda há dias nos escreveu dizendo: (...) Prometo enviar memórias de Susana com muito gosto, aliás já tinha feito essa promessa,mas não tive oportunidade.Teria muito interesse em contactar com a doutoranda [Lúcia Bayana] pois poder-lhe -ia ser útil e para mim era um reviver de memórias inesquecíveis. (...)

Vou pôr a nossa doutorando em contacto com estes camaradas que, por certo, irão responder amavelmente às suas perguntas sobre os felupes. Boa sorte à Lúcia Bayan. Um Alfa Bravo (ABraço) para o Costa Dias. Kasumai, para todos/as. LG

PS - Lúcia: Aqui tem 4 contactos. Faça bom uso deles. Transmita as nossas saudações ao seu orientador. E dê-nos notícias de Susana e dos nossos amigos felupes!... Por outro lado, a nossa Tabanca Grande está aberta para si, se a quiser integrar como "amiga da Guiné". Custo de ingresso: 1 foto + 1 história. Kasumai. Luis Graça

_______________

(**) Alguns dos postes do Luís Fonseca sobre a sociedade felupe:

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11474: Recortes de imprensa (65): O filme lusoguineense "A batalha de Tabatô", de João Viana, veio pôr Tabató e a cultura da Guiné-Bissau no mapa das rotas do cinema internacional (Luís Graça)



1. Excerto de peça da Agência Lusa, da autoria de Paula Mourato, publicada no DN - Diário de Notícias, 23 de abril de 2013. Com a devida vénia, reproduzimos aqui a notícia:

O realizador João Viana filmou uma aldeia na Guiné-Bissau e agora espera que "A Batalha de Tabatô", em exibição no festival IndieLisboa, "limpe o olhar" dos espetadores e desencadeie um processo de "descolonização mental". Veja o vídeo.

Após ter sido distinguida com menção honrosa no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro, a longa-metragem "A Batalha de Tabatô" chega ao público português na quarta-feira, integrada na competição do festival de cinema IndieLisboa. (*)

O que João Viana encontrou em Tabatô, nome da tabanca (aldeia) de músicos mandingas da Guiné-Bissau para onde foi filmar, resultou numa curta e numa longa-metragem, ambas exibidas em Berlim.

A longa-metragem, que vai ser exibida no IndieLisboa, tem estreia marcada nas salas nacionais para "início de junho", adiantou à Lusa o cineasta luso-angolano.

Os habitantes de Tabatô vão ter oportunidade de se verem no grande ecrã, porque João Viana está a planear viajar com o filme pela Guiné-Bissau, durante o mês de julho. "É terrível estar cá, estou morto por ir para lá outra vez", confessa.

França, Bélgica e Alemanha serão outras das paragens do filme, mas João Viana faz questão de não iludir a realidade.

"Não é possível o que está a acontecer à cultura. São marcas gravíssimas que só se vão ver para o ano", alerta, recusando que o cinema até esteja a correr bem, "apesar da crise".

"Pensa o poder que os criadores arranjam sempre alternativas", critica, recordando que "mais de 300 pessoas" surgem no genérico de "A Batalha de Tabatô", porque o cinema é "uma arte coletiva" e "não é possível fazer um filme sozinho".

O cineasta nunca tinha estado antes na Guiné-Bissau, mas resolveu ir conhecer a aldeia que gira em torno da música. A princípio, o sítio não o surpreendeu, "as tabancas pareciam todas iguais" e "não via a riqueza" da floresta, recorda, confessando que foi "preciso peneirar a realidade" e "limpar o olhar ocidental".

Em Tabatô, deparou-se com olhares "sujos", de parte a parte. "Foi muito bom ver o olhar perante mim, enquanto branco, mudar. Da mesma maneira que nós temos um olhar viciado para com eles - olhamos sempre de cima do cavalo, (...) estamos com o olhar sujo (...) -, eles também nos olham de baixo para cima", compara.

Este processo de "nivelamento" de olhares "demorou alguns anos", mas funcionou. O seu está limpo e os habitantes de Tabatô conseguiram passar a vê-lo como "um contador de histórias como eles", descreve.

João Viana espera agora que os espetadores saiam do filme "com o olhar limpo". "O que eu sonho é que este seja um filme de descolonização mental", resume.

Ainda a braços com projetos sobre Tabatô (dois documentários), o cineasta já recebeu um convite para filmar na ilha da Reunião. "O cinema está muito ligado ao chão" e, por isso, admite que o seu esteja "ligado a África".

"A Batalha de Tabatô" - falado em mandinga, uma das línguas étnicas da Guiné, na qual João Viana aprendeu apenas a dizer "abarca" (obrigado) - é exibido na quarta-feira, às 21:30, na Culturgest. (**)


2. O filme fez anteontem, 24,  a sua estreia nacional, no grande auditório da Culturgest, no âmbito do festival IndieLisboa'13 (*). A nossa Tabanca Grande teve um simpático  convite por parte da produtora. Estivemos presentes, pelo menos eu, a Alice e o Jorge Cabral. Entre outros convidados, esteve também o embaixador da Guiné-Bissau. Um público, jovem e numeroso, viu um filme difícil de catalogar, entre o documentário e a ficção, que nos convida à desconstrução do nosso "olhar etnocêntrico sobre o outro"...

João Viana, realizador português, de 46 anos ganhou, com esta filme, uma menção especial na categoria de Melhor Primeiro Filme (A Batalha de Tabatô é a sua primeira longa-metragem)., em fevereiro passado, no prestigiadíssimo Festival de Cinema de Berlim.  Entrevistado, em 18 de fevereiro passado, pela RTP Internacional, no programa "Repórter Africa (vd. minuto 15' 54''),  o realizador português, nascido em Angola, hoje com 46 anos, falou longamente do "making of"  deste filme e da grande e fascinante descoberta que foi para ele a Guiné, o seu povo, as suas etnias, a sua pasiagem,  a sua história, a sua cultura, o seu futuro. E obviamente das gentes de Tabatô, que ele tem no coração e  que,  com este filme,  ele veio pôr no mapa do cinema português e do cinema internacional...

Em declarações à Visão 'on line', em 290 de fevereiro de 2013, o realizador falou deste e de outros projetos na Guiné-Bissau

(...) "Há mais dois [filmes]. Um making of sobre a forma como a música entra no filme. O som é a coisa mais importante no cinema, como explica João César Monteiro. O filme tem uma grande componente sonora, que tem a ver com o trabalho do percussionista Pedro Carneiro, que trabalhou sobre a música Mandinga. O Paulo Carneiro, o meu assistente de realização, está a acabar um documentário sobre o naufrágio que a equipa sofreu durante a rodagem. Estavam 109 pessoas a bordo, incluindo crianças, perdemos o material de iluminação, morreram os animais mas, felizmente, não morreu nenhuma pessoa.

 (...) "A Guiné é um país culturalmente riquíssimo, com mais de 30 grupos étnicos, com os seus hábitos e costumes. Isto para um contador de histórias, como eu, é uma mina. Poderia fazer 300 filmes diferentes".


E respondendo à pergunta sobre se o filme está "na fronteira entre a ficção e o documentário", João Viana respondeu:


(...) "Sim. Porque a Guiné é uma terra de ficção. Fazendo-se um documentário sobre contadores de histórias, o resultado nunca é convencional. Numa simples conversa com um homem sábio vivemos vários tempos em simultâneo. É muito intenso em termos de ficção. Mas eu quis fazer um documentário, e foi para isso que ganhei um subsídio, e acho que, ao filmar assim, não enganei o Estado. Nós não ficámos em hotéis, antes em casas. Eles construíram-nos as paredes e nós os telhados. Com o filme foi exatamente o mesmo. O filme foi construído por eles, nós fizemos muito pouco" (...)

 O filme, falado em mandinga, interpretado por atores locais (entre eles o meu novo amigo, Mamadu Baio, líder da bamda musical Super Camarimba), começa com uma espécie de lembrete  e provocação:   


(...) Há 4500 anos, enquanto tu fazias a tua guerra, criámos a agricultura. 
Há 2000 anos, enquanto tu fazias a tua guerra, criámos a boa governação dos reinos.
Há 1000 anos,enquanto tu fazias a tua guerra, criámos as bases do reggae e do jazz.
Hoje, superando a tua guerra, construiremos contigo a tua paz. (...)


Os nomes de  Eduardo Costa Dias, consultor para a cultura dos mandingas (e membro da nossa Tabanca Grande, professor do ISCTE) ,  e de Luís Graça  e Carlos Matos Gomes, como consultores para as questões de história militar, aparecem no genérico do filme. No meu caso, por gentileza do realizador, que me lembrou, no batepapo depois do filme,  a importância que teve para ele a leitura do nosso blogue e uma conversa tida comigo há cerca de 5 anos atrás... (LG)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8906: Quem conheceu os GUC (Gabinetes de Urbanização Colonial) e/ou os projetos de reordenamentos das populações ? Pedido de informações e contactos (Eduardo Costa Dias, antropólogo, ISCTE)


1. Do nosso amigo e antropólogo Eduardo Costa Dias, professor do ISCTE [, fotp à direita, Bissau, 2008]


De: Eduardo Costa Dias [ecostadias@netcabo.pt]
Data: 11 de Outubro de 2011 11:07
Assunto: Pedido

Caros amigos,

Bom dia a ambos

Trago-vos um pedido.

Estou integrado num projecto de investigação sobre os Gabinetes de Urbanização Colonial/ultramarina (GUC) dirigido pela Arquitecta Ana Vaz Milheiro e no âmbito do qual acabo de passar, com ela e com um outro colega (Paulo Tormenta Pinto), uma semana na Guiné. Como com todos os projectos em que estou metido, este projecto na Guiné conta também com o generoso apoio do nosso comum amigo Carlos Schwarz [, Pepito].

Peço-vos contactos de pessoas que directa ou indirectamente durante a sua estadia como militares na Guiné  contactaram de perto/trabalharam para os GUC, inclusive nos projectos das chamadas aldeias de reagrupamento*. 

É nossa intenção,  depois de completada a recolha de informação e feito um tratamento mínimo,  dela fazer um encontro ou,  como agora se diz,  um workshop de apresentação e discussão dos materiais; em muito ganharia o projecto e o workshop se pudesse contar com a experiência e o saber de amigos que,  por uma razão ou outra contactaram a "realidade" da arquitectura e  urbanismo  na Guiné nos anos da guerra.

 Muito obrigado

 Com amizade
 Eduardo


* a parte mais significativa destes reagrupamentos não passou pelo GUC, foi directamente planeado, projectado e implementado pelas FFAA. Interessa-nos tanto os dos GUC como os das FFAA !

2. Comentário de L.G.:

Eduardo, julgo que te queres referir aos "reordenamentos" das populações. Era o termo (mais soft que reagrupamento) que usávamos para as tabancas, construídas de raiz pelas populações locais com materiais e mão de obra especializada fornecida pela tropa.  Estes "reordenamentos" podiam atingir as três centenas  e meia de moranças, como o foi o caso do aglomerado habitacional, "sob duplo controlo",  de Nhabijões, no sector de Bambadinca. 

Temos uma dúzia de postes com este marcador (reordenamentos). Vê em especial os postes P2100 e P2108 [A política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações > Reprodução do documento Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné, Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8838: Filhos do vento (7): O infanticício não era uma prática tão generalizada quanto se pensa... O caso do Balanta-Tuga, de Bedanda (Cherno Baldé)


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Visita ao Cantanhez, no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008. Saltinho, na Estrada Bissau - Mansoa - Bambadinca-Saltinho - Quebo - Gandembel - Guileje.  Na altura, escrevi: " Uma imagem pouco usual no meu tempo [, 1969/71]: uma mulher [ fula] com dois gémeos... Não sei qual é hoje a prevalência do infanticídio"... Acrescento aqui e agora:  é um tema delicado, que atravessa todas as sociedades humanas (da chinesa de hoje à portuguesa dos Séc. XVIII e XIX)... Sempre ouvi falar, aos antropólogos coloniais (como o António Carreira,  no "infanticídio ritual"... Mas confesso que sei muito pouco do tema... Talvez o Cherno Baldé queira falar-nos, com a delicadeza, a inteligência, a cultura e a sabedoria de homem grande que são  atributos seus, sobre esta questão, que ainda hoje parece ser um problema na sua (e nossa, adotiva) terra... O Cherno ou o meu amigo do ISCTE, o prof doutor Eduardo Costa Dias, antropólogo de profissão e membro da nossa Tabanca Grande... (LG).


Foto: © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem, de 26 do corrente,  do nosso amigo  Cherno Baldé, a partir de comentário ao poste P8818 (*)
 
Caros amigos,
 
Depois do meu primeiro comentário (**), já não queria voltar a falar sobre este tema de "pais cabeças de vento", se não tivesse acontecido uma coisa que quero partilhar com os demais para mostrar que, se a teoria do infanticídio podia ser real em certos lugares e em certas circunstâncias, não é menos verdade que não era uma prática generalizada, longe disso.
 
Ontem, ao fim da tarde, estava eu sentado em casa de um colega e vizinho,  quando apareceu um velho acompanhado de um jovem mulato, falando perfeitamente a língua balanta. Tratava-se de um primo do meu colega, filho da tia e de um soldado metropolitano [que esteve] na localidade de Bedanda entre 1972/74. 

Quando a criança nasceu, temendo que o pai quisesse levar o seu filho (os africanos em geral pensam assim), a família resolveu esconder a mãe e o filho, transferindo-os para a aldeia de Banta,  na zona de Empada. Assim, este jovem nunca soube nada do seu pai e na tabanca ganhou a alcunha de Balanta-Tuga, nome que lhe causou enormes problemas na sua juventude. Provavelmente, o pai nunca soube da sua existência. 

Não obstante, houve muitos casos em que os pais "cabeças de vento" simplesmente abandonaram os filhos que tiveram nos seus braços e viram crescer.

Falar de responsabilidades não se pode considerar, de modo algum, uma perversão. Se assim for, então, já não valera a pena falar de justiça e de humanismo que foi, desde o período da Renascença na Europa e no mundo, a luz que ilumina o caminho da nossa humanidade.  Eu sei que,  aos portugueses e aos europeus em geral, causa um grande calafrio sempre que se levanta a questão de assumir responsabilidades históricas. ...Serão problemas da consciência?...
 
Cherno Baldé 

[ Revisão / fixação de texto , em conformidade com a Novo Acordo Ortográfico: L.G.]

_____________

Notas do editor:

 (*) Vd. último poste da série > 28 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8832: Filhos do vento (6): Os que ficaram por Canjadude (José Corceiro)


(**) Vd. poste de 20 de Setembro de 2011 >
Guiné 63/74 - P8799: (In)citações (36): Filhos do vento, ontem, brancu mpelélé, hoje (Cherno Baldé)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6762: Antropologia (19): Os muçulmanos face ao poder colonial português e ao PAIGC (Eduardo Costa Dias)










Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > Festa do  Ramadã... Imagens (belíssimas) do nosso saudoso camarada Zé Neto (1929-2007), convertidas de slides, muito usados na época.

Fotos: © Zé Neto / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados.


Simpósio Internacional de Guiledje (Guiné-Bissau, Bissau, 1-7 de Março de 2008)> Comunicação de Eduardo Costa Dias (ECD), novo membro da nossa Tabanca Grande (*)


Bissau > 4 de Março, 17h30/18h00 > Painel 1 > Guiledje e a Guerra Colonial/Guerra de Libertação. Moderador: João José Monteiro (Universidade Colinas de Boé)

Título da comunicação de ECD > Papel e influência das dinâmicas sócio-religiosas e políticas nos movimentos de libertação nacional na África Ocidental: o caso da Guiné-Bissau

Sinopse da comunicação

O assunto desta comunicação tem directamente a ver com as diferenças de peso, de dinâmica e de tempo de intervenção que muçulmanos (**) e seguidores das religiões ditas tradicionais tiveram no movimento de libertação nacional liderado pelo PAIGC na Guiné-Bissau.

Trata-se, do meu ponto de vista, de um tema de grande importância para a compreensão, por exemplo, das razões sócio-politicas e político-religiosas da, globalmente, menor presença dos muçulmanos durante todo o período da luta de libertação, nas fileiras da guerrilha.

Com efeito, embora muitos muçulmanos tivessem, a título individual, integrado a guerrilha e alguns nela desempenhado papéis político-militares de relevo, durante a luta de libertação, a larga maioria dos membros do establishment muçulmano guineense (dirigentes das vários ramos guineenses da confraria qadriyya e da tijâniyya, imãs, letrados, régulos, etc.) teve um papel pouco colaborante com o PAIGC e muitos mesmo de assumido colaboracionismo com o poder colonial.

Nesta comunicação procurarei, descrevendo o quadro sócio-religioso da Guiné-Bissau e enumerando alguns dos acontecimentos mais marcantes das relações tecidas, antes e durante a luta de libertação, pelos dignitários muçulmanos guineenses com o poder colonial, questionar globalmente o papel dos vários grupos religiosos não cristãos durante a luta de libertação nacional e, numa dimensão mais precisa, aduzir elementos para a compreensão das razões da manifesta hostilidade por parte da maioria do establishment muçulmano guineense para com a luta de libertação.

Na minha opinião, as razões desta hostilidade não se radicam, no fundamental, na eventual incompatibilidade entre o Islão e o ideário filosófico-político proclamado pelo PAIGC ou na simples discordância sobre os métodos seguidos por este movimento na luta pela independência da Guiné-Bissau, mas sim em questões fundadas na política de alianças com o Estado seguida pelos dignitários político-religiosos muçulmanos guineenses e de um modo geral pelos dos países vizinhos desde os anos 1880-1890. Entroncam, na política dita do muwalat (“acomodação sob reserva”/”coabitação” com o Estado) encetada pelos dignitários muçulmanos no 3º quartel do século XIX em toda a África Ocidental e que, como o atestam, no caso guineense, a antiga “tradição” de aliança com o Estado colonial, a oposição do establishment muçulmano à luta de libertação e a “reentrada” na área do poder de muitos dignitários passado pouco tempo sobre a independência da Guiné-Bissau, transitou, nos seus contornos fundamentais, da situação colonial para a pós-colonial.

Cabral, fino conhecedor do xadrez social e político-religioso da Guiné-Bissau (***), tinha, bem antes do início da luta de libertação, consciência da tendência “estrutural” do establishment muçulmano para acomodar-se ao “poder do momento”,  qualquer que ele seja! Disse-o nos seus escritos, teve-a em atenção no delinear da estratégia de mobilização das populações para a Luta. (****)

______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 18 de Julho de 2010 >  Guiné 63/74 - P6758: Tabanca Grande (231): Eduardo Costa Dias, antropólogo, CEA / ISCTE / IUL

(**) Alguns dos nossos marcadores/descritores, relacionados com esta problemática:

Animismo (2)
Antropologia (21)
Balantas (25)
Cherno Rachide (9)
Colaboracionismo (6)
Corão (2)
Fulas (45)
Historiografia da presença portuguesa (30)
Islamismo (17)
Islão (10)
Mandingas (38)
Mutilação Genital Feminina (13)
Ramadã (2)
Religião (14)
Tabaski (1)


(***) Vd., entre muitos outros, o poste de 30 de Junho de 2008  > Guiné 63/74 - P3000: Amílcar Cabral: nada mais prático do que uma boa teoria (Luís Graça)

 (...) Quanto aos fulas, o fundador, dirigente e teórico do PAIGC fala deles em termos de uma forte “estratificação social”. Em primeiro lugar, temos (i) os chefes, os nobres e os dignatários religiosos (por ex., o Cherno Rachid de Aldeia Formosa); vêm depois, (ii) os artesãos e os jilas ou comerciantes ambulantes (que circulam pela Guiné, Senegal e Guiné-Conacri); finalmente, e na base da pirâmide social , (iii) os camponeses.

Sobre o grupo dirigente, Amílcar Cabral diz o seguinte:

“Os chefes e a sua comitiva têm ainda, a despeito da conservação de certas tradições relativas à colectividade das terras, privilégios muitos importantes no quadro da propriedade da terra e da exploração do trabalho de outrem. Os camponeses que dependem dos chefes são obrigados a trabalhar para eles um certo período do ano”.

Daí chamar aos fulas, aliados históricos dos portugueses, um grupo semi-feudal.

Os artesãos desempenham um papel importante na sociedade fula, constituindo um núcleo embrionário de uma indústria de transformação da matéria-prima: do ferreiro, na base da escala, até ao artesão do couro. Os comerciantes ambulantes (jilas) são os que têm, na prática, a possibilidade de acumular dinheiro. Por fim, os camponeses: em geral desprovidos de direitos, seriam os “verdadeiros explorados da sociedade fula”.

A estratificação da sociedade fula também pode ser vista a partir da família, extensa, que é a sua célula: a família de um homem grande é constituída pela morança; um conjunto de moranças formam uma tabanca; um conjunto de tabancas um regulado; e por fim, os regulados fulas estão associados ao chão fula (Leste da Guiné, compreendendo hoje as regiões de Bafatá e de Gabu), uma entidade territorial e simbólica, ligada à conquista.

Aqui a mulher não goza de quaisquer direitos sociais: participa na produção sem quaisquer contrapartidas; por outro lado, a prática da poligamia significa que ela é, em grande parte, propriedade do marido.

Estranha-se, não haver aqui uma referência ao fanado feminino e sobretudo ao profundo significado sócio-antropológico que tinha (e tem) a Mutilação Genital Feminina entre os Fulas (mas também entre os Mandingas e os Biafadas). Será que Cabral tinha consciência das terríveis implicações, para a mulher, desta prática ancestral, e também aceitava tacitamente em nome do relativismo cultural, tal como os antropólogos colonialistas ? Não conheço nenhum texto em que o ideólogo do PAIGC tenha tomada posição sobre este delicado problema. (...)

domingo, 18 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6758: Tabanca Grande (231): Eduardo Costa Dias, antropólogo, CEA / ISCTE / IUL


Guiné-Bissau > Bissau > Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de Março de 2008) > 6 de Março > O Prof Eduardo Costa Dias (CEA / ISCTE), atento observador da realidade sócio-política da Guiné-Bissau.

Foto: Luís Graça (2008). Direitos reservados


1. Ando há dois anos a ameaçar o Edu, o meu amigo e colega Eduardo Costa Dias, com a sua entrada, pela porta pequena, na Tabanca Grande (*). 

A verdade é que ele aceitou, há já largos meses, o meu convite expresso para integrar este grupo de amigos e camaradas da Guiné que se reune, há mais de seis anos,  sob o generoso e frondoso poilão da Tabanca Grande. (Só não a fez, a formalização do pedido, por falta da foto da praxe, problema que eu acabo de resolver, rapidamente, em véspera de férias, com o recurso à consulta  da minha base de dados...).

Ele vai entrar finalmente, e deveria sê-lo pela porta grande... (se a Tabanca Grande a tivesse: ora como é sabido, nós não temos portas nem janelas, isto é, barreiras, físicas, culturais ou simbólicas; ou melhor gostaríamos de não ter...). 

O Edu, ou ECD, entra como paisano, não sabendo eu nada da sua vida militar... Só sei que que já foi dezenas e dezenas de vezes à Guiné-Bissau, nestes últimos quinze a vinte anos. E é um dos portugueses mais bem informados e melhor conhecedores da realidade sócio-política deste país lusófono, e em particular da zona leste... 

Fez lá o trabalho de campo como investigador no âmbito da sua tese de doutoramento em Antropologia (que defendeu, em provas públicas, em 1996): O sistema agrário dos Mandinga de Contuboel (Guiné-Bissau) : memória, saber, poder e reprodução social.

Aqui fica uma pequena apresentação do novo membro  da nossa Tabanca Grande, que passa doravante a ser tratado sem mais salamaleques, como qualquer vulgaríssimo membro do nosso blogue.

Eduardo Costa Dias > Breve CV (Fonte: Simpósio Internacional de Guiledje, Bissau, 1-7 de Março de 2008 > Oradores > Eduardo Costa Dias)

(i) Professor de Sociologia e de Estudos Africanos,  coordenador científico dos Programas de Mestrado e de Doutoramento em Estudos Africanos do ISCTE e professor visitante no Institut d’Études Politiques (Sciences Po-Paris) e na Université de Laval (Canada).

(ii) Tem desenvolvido investigações sobre as relações entre o Estado e as Autoridades Tradicionais, o “Islão Politico” e o ensino muçulmano na África Ocidental, em especial na região senegambiana (Gâmbia, Guiné-Bissau, Senegal).

(iii) É autor de vários trabalhos sobre problemáticas sociais e políticas contemporâneas da Guiné-Bissau, estava a preparar, em 2008, a publicação de um livro sobre a islamização do antigo Kaabú e tinha no prelo uma recolha de artigos publicados e inéditos sobre a política colonial nas regiões islamizadas da antiga Guiné Portuguesa (1880-1930).

Vd. alguns dos títulos de que é autor (Fonte: Memória de África)

[2250]
Dias, Eduardo Costa
Espaço político africano, espaço político colonial : confrontos de entendimentos no antigo Kaabu (Guine-Bissau), 1900-1930 / Eduardo Costa Dias
In: África e a instalação do sistema colonial (c. 1885 - c. 1930) : III reunião internacional de história de África - actas / dir. Maria Emilia Madeira Santos. - Lisboa : IICT, Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga, 2000. - p. 301-310
Descritores: Guine-Bissau | Colonialismo | Política
Cota: COR/LA-2-4|UCILLP

[2413]
Dias, Eduardo Costa
Da'wa, politica, identidade religiosa e invenção de uma nação / Eduardo Costa Dias
In: Multiculturalismo, poderes e etnicidades na África subsariana / coord. António Custódio Gonçalves. - Porto : Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2001. - p. 45-68
Descritores: Africa Lusofona | Identidade cultural
Cota: COR/LA-2-6|UCILLP

[14002]
Dias, Eduardo Costa
Guiné-Bissau : dinâmicas sociais senegâmbianas, fronteiras e soberania nacional / Eduardo Costa Dias
In: Forum Sociológico / Instituto de Estudos e Divulgação Sociológica. - Nº 4 (1994), p. 113-123
Descritores: Guiné-Bissau | Sociedade | Etnologia | Sociologia | Soberania nacional
Cota: s/cota|UCDA|Diamang

[28531]
Dias, Eduardo Costa
Espaço político africano, espaço político colonial : confrontos de entendimentos no antigo Kaabú -Guiné Bissau, 1900-1930 / Eduardo Costa Dias
In: A África e a instalação do sistema colonial - c.1885- c.1930 : III reunião international de história de África : actas. - dir. Maria Emilia Madeira Santos. - Lisboa : Centro de estudos de História e cartografia antiga, 2001. - p. 301-310
Descritores: Guiné-Bissau | Usos e costumes | Grupo étnico
Cota: 135-D-81|Soc. Geog. Lx.

[108886]
Dias, Eduardo Costa
A Guiné-Bissau e as dinâmicas sociais da sub-região / Eduardo Costa Dias
In: / / coord. Carlos Cardoso, Johanes Augel. - Bissau : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, 1993. - p. 215-228
Descritores: Guiné-Bissau | Independência Nacional | Desenvolvimento social
Cota: GBS - 40|Espólio Prof. Dr. Laranjeira

[119413]
Dias, Eduardo Costa
O sistema agrário dos Mandinga de Contuboel (Guiné-Bissau) : memória, saber, poder e reprodução social / Eduardo Costa Dias. - Lisboa : ISCTE, 1996. - 2 v.
Descritores: Sector agrícola | Etnicidade | Guine-Bissau
Cota: T. 38 A-B|CIDAC

[122495]
Dias, Eduardo Costa
Da escola corânica tradicional à escola arabi : um simples aumento de qualificação do ensino muçulmano na Senegâmbia? / Eduardo Costa Dias. - Lisboa : ISCTE, Centro de Estudos Africanos, [2005 ?]. - p. 125-155. - Contém: bibliografia
Descritores: História | Religião | Etnicidade | Educação | Guiné-Bissau | Senegâmbia
Cota: PP228/7-8/04-05|CIDAC

[147153]
Dias, Eduardo Costa
Espaço político africano, espaço político colonial : confrontos de entendimentos no antigo Kaabú : 1900-1930 / Eduardo Costa Dias
In: Estudos sobre as campanhas de África / Adriano Moreira ... [et al.]. - Ranholas : [s.n.], 2000 . - pp. 301-310
Descritores: Colonialismo | Política interna | Guiné-Bissau
Cota: K-29-26|BCM

[148373]
Dias, Eduardo Costa
Espaço político africano, espaço político colonial : confrontos de entendimentos no antigo Kaabú -Guiné Bissau, 1900-1930 / Eduardo Costa Dias
In: A África e a instalação do sistema colonial - c.1885- c.1930 : III reunião international de história de África : actas. - dir. Maria Emilia Madeira Santos. - Lisboa : Centro de estudos de História e cartografia antiga, 2000. - p. 301-310
Descritores: Guiné-Bissau | Usos e costumes | Grupo étnico
Cota: K-32-02|BCM

[246018]
Dias, Eduardo Costa
Guiné-Bissau : dinâmicas sociais senegâmbianas, fronteiras e soberania nacional / Eduardo Costa Dias. - Lisboa : IEDS, 1994. - 11 p.. - Contém: bibliografia
Descritores: Estado | Guiné-Bissau | Senegâmbia
Cota: PP158/4/94|CIDAC

[246684]
Dias, Eduardo Costa
Estado, política e dignitários político-religiosos : o caso senegâmbiano / Eduardo Costa Dias. - Lisboa : ISCTE, 2001. - p. 27-51. - Contém: bibliografia
Descritores: Estado | Etnicidade | Religião | Senegâmbia | Guiné-Bissau
Cota: PP228/1/01|CIDAC

[247159]
Dias, Eduardo Costa
Da escola corânica tradicional à escola arabi : um simples aumento de qualificação do ensino muçulmano na Senegâmbia? / Eduardo Costa Dias. - Lisboa : ISCTE, Centro de Estudos Africanos, [2005]. - p. 125-155. - Contém: bibliografia
Descritores: História | Religião | Etnicidade | Educação | Guiné-Bissau | Senegâmbia
Cota: PP228/7-8/04-05|CIDAC


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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 16 de Julho de 2010  > Guiné 63/74 - P6746: Tabanca Grande (230): Felismina Costa, madrinha de guerra de Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64