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domingo, 23 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10851: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (6): Mensagens de Natal dos nossos tertulianos (1)

MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS TERTULIANOS






António Barbosa foi Alf Mil Op Esp/RANGER na 2.ª CART/BART 6523, em terras de Cabuca, nos anos de 1973 e 1974


Votos de Boas Festas



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Carlos Rios, Ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66


O natal é sempre que um homem/mulher quer!
Saudações amigas



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Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69


Feliz Natal 2012 





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Fernando Súcio, ex-Soldado Condutor do Pel Mort 4275, Bula, 1972/74

Boas Festas





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Tabanca Pequena (ONGD) - Feliz Natal

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Tabanca do Centro - Festas Felizes

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Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto da CCAÇ 84 Bambadinca, 1961/63

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Maria Arminda Santos (ex-Ten Enf.ª Paraquedista, 1961-1970)

Feliz Natal. 
Abraço, 
Mª Arminda



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Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67

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Hilário Peixeiro, ex-Cap Mil  da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70

Caros amigos
É mesmo com muita amizade que a Natércia e eu fazemos votos de que vivam um Santo Natal e tenham um Ano Novo de 2013 com muita saude e muita Felicidade juntamente com todos os vossos familiares e amigos.
Apesar de ser uma mensagem colectiva, ao percorrer a lista de endereços pensámos em cada um de vós.
Natércia e Hilário

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Dezembro de 2012 < Guiné 63/74 - P10850: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (5): Quem procura sempre alcança! Uma inusitada peça a tinta da China, a minha lembrança de Natal para todos os tertulianos (Mário Beja Santos)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10822: Mi querido blog, por qué no te callas?! (2): (i) A guerra também é capaz de revelar o que há de mais sublime nos seres humanos (Hilário Peixeiro); (ii) ... E eu estou nesta bela caravana há quase 9 anos (David Guimarães)...

1. Mensagem do Hilário Peixeiro, acabada de enviar (19h09), em comentário (off record) ao poste P10813 (*)

Caro Luis

Haverá várias razões para atitudes contra o que nos une no e ao blogue:

(i) uns porque "fugiram" à mobilização;

(ii)  outros porque fugiram depois dela;

(iii) outros ainda porque tiveram a sorte de nascer depois da nossa geração;

(iv) etc;

Já assisti a comentários, semelhantes aos por si referidos, de camaradas meus que só conheceram a paz (graças a Deus) como se as nossas vivências os incomodassem ou os responsabilizássemos por as não terem vivido.

Uma guerra nunca é boa e é sempre uma tragédia para muitos. Mas quanta solidariedade, quanto do mais sublime que tem o ser humano, se manifesta só (infelizmente) nestas situações de sacrifício que pode ir até ao extremo?

Por isso o blogue irá viver por uns bons anos, se Deus quiser

Um forte abraço

Hilário Peixeiro

[Dx-comandante da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70; atualmente, coronel na reforma]



2. Mensagem do grã-tabanqueiro nº 3, o David Guimarães, camarada da primeira hora, com data de 17 do corrente:

Caros amigos, caro Luís...

Tenho andado muito calado,  mas sempre atento - naturalmente que coisas que vejo escritas com umas concordo, com outras afirmo "eu fui ator" e noutras vejo escritos romanceados.

No entanto tenho visto sempre respeito e curiosamente vejo efectivas correcções a eventuais escritos com certas imprecisões... Ainda bem que assim é, sinal da atenção e qualquer rectificação a um escrito feito só entra em benefício para que a história na circunstância fique mais precisa...

Muitos mais comentários possivelmente seriam de se colocar por aí mas contudo nota-se o receio de alguns, e serão milhares que nos lêem, e não escrevem (sei que gostarias que escrevessem). Torna-se evidente que quem não escreve,  vai reparar na monopolização de artigos escritos,  e bem,  por outros nossos camaradas...

Certo é que há zonas, na circunstância, que são mais  referidas do que outras, mas que fazer? Escrevam, a Guiné não está toda contada, a proposta inicial finalmente continua a ser cumprida e sei que pelo sacrificio de uns mais que outros... Refiro-me a editores e co-editores que fazem o favor de verem milhares e milhares de escritos que depois colocam em devido sítio... NÃO INVEJO O SEU TRABALHO MAS ELOGIO-OS POR TAL

... E cumpre-nos a todos ser uma coisa - camaradas, amigos...

Mas há gente que vive constantemente no "bota abaixo",  coisa mais simples - e usando a adrenalina de quem não constrói nada e pouco sabe,  pelos vistos, escreve coisas como essas que escreveu esse dito cujo anónimo... Se desse a cara,  teria uma resposta,  não a dando acho que ignorá-lo totalmente seria o melhor, pois não tem relevância o que diz nem fere em nada gente de bem como nós que andamos por aqui há tanto tempo a cruzarmos dados e batalhas,  a contar a guerra que existiu e de que somos protagonistas. Esse às tantas nem lá andou ou às tantas, coitado, atingiu a senilidade antes de mim, paciência, isso é só de lamentar...

Assim passaria eu na minha opinião por cima disso, nem lhe teria dado resposta porque gente de boa fé não recorre ao anonimato.... Se estiver bem de saúde,  ótimo,  e então usaria o velho termo grosso popular: "Os cães ladram e a caravana passa"...  Pois eu estou nesta bela caravana com 9 anos de existência,  olha que bem... e vamos em frente!

Com um abraço,
David Guimarães

[Comentário de L.G.: Se a Tabanca Grande fosse uma empresa, e estivesse cotada na bolsa, o David Guimarães era um dos sócios fundadores, juntamente com o Sousa de Castro, o A. Marques Lopes, o Humberto Reis, e outros tertulianos da primeira hora, e hoje poderia estar... rico;  foi fur mil, c/ a especialidade de minas e armadilhas, CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72].
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Nota do editor:

domingo, 11 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10649: Memória dos lugares (195): Elvas, património mundial da humanidade, pelo seu conjunto de fortificações, o maior do mundo na tipologia de fortificações abaluartadas terrestres



1. Mensagem de Fernando Laureano, autor do blogue Elvas Militar, com data de 25 de julho último, dirigida ao nosso grã-tabanqueiro Hilário Peixeiro:


Exmo Srº Coronel Hilário Peixeiro

Iniciei recentemente um Blogue (http://elvasmilitar.blogspot.pt/) onde tento abordar temas sobre as Unidade Militares e os militares que estiveram nas fileiras em Elvas.

Infelizmente tenho-me deparado com poucas coisas sobre este tema, assim venho solicitar o favor (se assim o entender) que me facilite documentos, fotos e mesmos histórias por si vividas que possam fazer parte deste blogue.

Através de pesquisas no sitio (http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/) descobri que o senhor esteve em vários Quarteés em Elvas, venho pedir, alguns dos documentos acima referidos, mas mais importante de tudo são as suas histórias sobre o quartel.

Grato pela atenção dispensada
Atentamente

Fernando Laureano


2. Comentário de L.G.:


Fernando Laureano  vive em Lisboa e acompanha o nosso blogue. Natural de Elvas, tem  44 anos. De acordo com a sua apresentação, o seu pai foi militar em quase todas as Unidades de Elvas pelo que "passei muito tempo a brincar nesses quartéis quando era miúdo" e, mais tarde,  "estive no Regimento de Infantaria de Elvas como militar".

Recorde-se, por outro lado,  que Elvas possui um notável conjunto de fortificações cuja fundação remonta ao reinado de D. Sancho II, sendo considerado o maior do mundo na tipologia de fortificações abaluartadas terrestres. Possui um perímetro de oito a dez quilómetros e uma área de 300 hectares.

Este conjunto arquitetónico militar foi justamente classificado, em 30 de junho passado, como Património Mundial, na categoria de bens culturais, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Aliás, foram classificadas todas as fortificações da cidade, os dois fortes, o de Santa Luzia, do século XVII, e o da Graça, do século XVIII, três fortins do século XIX, as três muralhas medievais e a muralha do século XVII, além do Aqueduto da Amoreira.
 
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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10596: Memória dos lugares (194): Ilhavo, Costa Nova... a terra do meu amigo e irmão mais velho e, porque não ?, meu camarada, o arquitecto Zé António Paradela, que hoje celebra 3/4 de século de existência, antigo marinheiro da pesca do bacalhau, último representante de um povo que tem o mar no ADN!... (Luís Graça)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9370: (Ex)citações (172): Que riqueza este nosso blogue! (Hilário Peixeiro, ex-Cmdt da CCAÇ 2403, 1968/70)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Cananima > 9 de Dezembro de 20090 > 18h00 > Barco e pescador de Cananima, aldeia piscatória frente a Cacine, situada na margem direita do Rio Cacine... Não existia no tempo da guerra, não vinha no mapa...

Foto: ©
João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados .


1. Comentário, com data de 3 do corrente,  de Hilário Peixeiro, ao Poste P9296(*) (Recorde-se que este nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande, foi comandante da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70; é atualmente coronel na reforma):

 Caro Luís:

Como admiro quem, em meia dúzia de linhas, consegue exprimir os sentimentos e emoções vividos por tantos milhares dos que passaram por 13 longos anos de guerra,quando eu, em mil páginas, não o saberia fazer.

Que riqueza este nosso blogue onde nos encontramos de coração aberto ao que de melhor tem o ser humano.

Obrigado aos seus administradores com votos não só de um Feliz Ano Novo mas de longa vida para continuarem esta possibilidade de melhor nos recordarmos. (**)

Hilário Peixeiro
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 de dezembro de 2011 >
Guiné 63/74 - P9296: Blogpoesia (174): Dies irae! (Luís Graça)

(**) Último poste da série > 4 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9311: (Ex)citações (171): A propósito de citações e comentário do Mais Velho (José Manuel Matos Dinis)

sábado, 21 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8309: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (4): Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole




1. Quarta e última parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.






História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (4)

Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole


Olossato

Uma das personalidades mais conhecidas do Olossato era a lavadeira Rosa que aplicava uma tabela de preços pela sua actividade, baseada no princípio de que quem mais ganha mais paga e, assim, não interessando quem entregava mais ou menos roupa para lavar, o Capitão pagava mais que todos, depois vinham os Alferes, os Furriéis e Praças sucessivamente, não havendo argumentos que a convencessem de que devia cobrar de acordo com a roupa que cada um lhe entregava. Fazia-se acompanhar pela filha pequena sempre que ia buscar e entregar roupa e um dia levou consigo uma jovem já quase adulta para a apresentar ao Capitão, como a segunda mulher do seu marido, comprada recentemente.

Contacto com a população

A estadia da Companhia no Olossato, anunciada como última até ao fim da comissão, foi de pouca duração. Poucos dias após a chegada, Mansabá sofreu um dos seus maiores ataques*, com uma duração inusual de cerca de 40 minutos que provocou grandes estragos materiais e muitas vítimas entre a população e algumas entre os militares. Logo após este ataque, a CCaç 2403 recebeu ordem de transferência para aquele aquartelamento por troca com a CCaç 2402 que ali estava colocada.

Mansabá

Em Mansabá o BCaç 2851 era comandado pelo Major Borges em substituição do Ten Coronel Luz Mendes a quem o General Spínola retirou o Comando após o ataque ao quartel. O Major Bispo tinha sido transferido para Bissau para o Serviço de Justiça, o Major Martins tinha sido evacuado por, dias antes, ter pisado uma mina, mas continuavam o Capitão Bento e o Capitão Gamelas e os Alf Mil Pimentel, Sousa, Amaral e Bentes da CCS. Foi criado um Comando Operacional sob o Comando do Ten Cor Paraquedista Fausto Marques, constituído pela CCP 122 comandada pelo Tenente Silva Pinto, a CCaç 2403 e a CCaç (?) de pessoal madeirense sob o comando do Capitão Carvalho.

Foi atribuída às Companhias do Exército, reforçadas com o Pel Daimler do Alf Mil Belo, a missão de protecção próxima dos trabalhos da estrada, enquanto a CCP 122 faria a protecção afastada através de heli-assaltos onde fossem localizadas posições do In. O COP iniciou a sua acção com o assalto a uma posição do In no Morés com o GComb do Tenente Bação, que tinha ficado em Bissau, para o efeito. Depois da actuação dos Fiats sobre o objectivo e largado o Grupo no mesmo, os helis dirigiram-se a Mansabá para transporte do resto da Companhia. Quando regressaram para transportar o terceiro Grupo, entregaram 1 Metralhadora e 1 ou 2 armas ligeiras capturadas pelo Grupo ido de Bissau.

Seguiram-se outros assaltos sempre iniciados com o Grupo que estivesse em Bissau, Tenente Terras Marques ou Tenente Avelar de Sousa, mas já sem capturas de material. A CCaç 2403 com a do Capitão Carvalho estabeleceram o sistema de protecção com 2 GComb 24 horas por dia no exterior, junto ao desenrolar dos trabalhos e desde o primeiro dia, em que foram levantadas as minas anti-pessoal colocadas na noite anterior, nunca mais, uma só que fosse, foi colocada. Quando a Companhia chegou a Mansabá, as minas, colocadas em grande quantidade, era tanto o pavor do pessoal como uma grande fonte de rendimento, dado que cada uma levantada valia bom dinheiro.

Para além da protecção aos trabalhos a CCaç 2403 ainda fez duas Operações em conjunto com a de Páras sendo, na segunda, recolhida (pela primeira vez ) de helicóptero.

Quando os trabalhos se afastaram do quartel, dificultando o apoio de fogo à reacção a prováveis ataques ou flagelações do In, a Engenharia Militar empenhada nas obras e dirigida, inicialmente pelo Capitão Engº Veiga e depois pelo seu substituto, Alf Mil Engº, também de apelido Veiga, construiu uma posição para o Morteiro 10,7 existente no quartel, a cerca de 3Km deste, protegido por um GComb. Numa das primeiras noites, após a instalação desta arma, a posição foi atacada, provocando 2 feridos ao GComb da Companhia madeirense que nessa noite a ocupava. Ou pela reacção encontrada e acção dos Páras no dia seguinte ou por outra qualquer razão foi o último ataque aos trabalhos. A partir daí apenas se verificavam flagelações de 1 ou 2 granadas de Morteiro 82 a que sempre respondia o Morteiro 10,7.

A certa altura a estrada era completamente finalizada com pavimento asfaltado, à ordem de 100 metros por dia e assim continuou até serem interrompidos os trabalhos por motivo das chuvas intensas da época. Foram terminados cerca de 6 quilómetros, até à região de Birongue, até princípios de Agosto.

Em finais de Julho o Capitão baixou ao Hospital de Bissau e foi evacuado para Lisboa, por motivos de saúde.

Após o fim dos trabalhos o Comando do COP foi transferido para a região de Bafatá e o Comando do BCaç 2851 para Galomaro, ficando apenas a CCaç 2403 em Mansabá, integrada no Batalhão de Mansoa.

Quando se encontrava em Lisboa o Capitão foi informado pelo 1.º Sargento da Companhia que o Alf Mil Brandão, em acção de patrulhamento que lhe tinha sido imposta para poder entrar de licença dias depois, tinha falecido, em 18/09/69, com um tiro, disparado, por acidente pelo Tenente que o tinha substituído no comando da Companhia, da arma de um guerrilheiro, abatido. Foi o terceiro morto da Companhia.

Não teve capacidade para vencer o pavor que tinha de sair para o mato e o Capitão nunca soube lidar com essa situação. Encontrou a morte da forma mais inesperada e estúpida.

Teve a hombridade de não ter desertado o que, quem sabe, o poderia ter tornado num importante político. Paz à sua alma.

Quando em Janeiro o Capitão teve alta do HMP contactou o Capitão Carreto Maia, então Comandante da Companhia informando-o da chegada a Bissau no dia 20 e propondo-lhe a troca de funções com a que lhe viesse a ser atribuída. No dia 21 contactado o QG de Bissau a troca não se fez porque a colocação disponível era na Companhia do Jolmete e o Capitão Maia só aceitava ficar em Bissau ou numa Companhia do Batalhão de Mansoa a que, então, pertencia e de que gostava.

No regresso a Mansabá, em 23 de Janeiro de 1970, a Companhia sofreu uma emboscada e na reacção, um acidente com um dilagrama provocou dois mortos, o 1.º Cabo Rebelo e o Soldado Alexandre e um ferido de média gravidade, o Soldado “Caracol”. Foram o quarto e quinto mortos e o primeiro ferido da Companhia.

Entretanto o General Spínola requisitou para a Câmara Municipal de Bissau o Comandante da CCS/BCaç 2851 por ser arquitecto e determinou a sua substituição por um Capitão disponível o que levou o Capitão Peixeiro de volta ao seu Batalhão, em Galomaro. Comandava o Ten Coronel António José Ribeiro e os restantes Oficiais eram praticamente os anteriores.

Em meados de Maio, com a comissão terminada, o Batalhão reuniu-se novamente em Bissau onde, 22 meses antes, tinha sido desmantelado.

Na formatura de despedida do General Spínola às tropas que regressavam à Metrópole foi lido o louvor atribuído pelo Comandante-Chefe à CCaç 2403.

Não regressaram com a Companhia: o Capitão Peixeiro que ficou a aguardar despacho do seu auto por doença em serviço; o Capitão Maia, os Alf Mil Carias e Amaral por não terem ainda terminado as suas comissões; e o Alf Mil Tavares que ficou na comissão liquidatária.

Assim, embarcou em Bissau no Navio Carvalho Araújo, em 28 de Maio e desembarcou em Lisboa em 04 de Junho de 1970, comandada pelo Fur Mil Casimiro Santos, a CCaç 2403.

Navio Carvalho Araújo

(FIM)
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
e
19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8299: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (3): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

(*) Vd. poste de 24 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8299: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (3): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios




1. Terceira parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.






História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (3)

Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Lança Afiada

Com a chegada da CCaç 1790 a Nova Lamego a CCaç 2403 recebeu ordem de marcha para o Olossato com passagem por Fá Mandinga (onde Amílcar Cabral tinha trabalhado num projecto agrícola) e aí ficou mais de 1 mês, em missão de intervenção do Comando de Agrupamento de Bafatá. Era um local sem mosquitos, talvez único na Guiné, certamente devido a uma enorme colónia de morcegos instalada nos telhados dos edifícios existentes. Neste tempo de permanência em Fá, a Companhia foi ocupar o quartel de Fajonquito para libertar a CCaç local para uma Operação na respectiva área de acção. A seguir foi mandada efectuar uma Operação no Sara, conjuntamente com o Pel Caç Nat 52 do Alf Mil Beja Santos que tinha um prisioneiro que conhecia a localização de um objectivo.

Na noite de pernoita antes do objectivo o prisioneiro fugiu e de manhã foi accionada uma mina antipessoal que provocou ferimentos graves num Sargento de 2.ª linha do Alf Mil Beja Santos e no Soldado Pereira, da Companhia. Quebrada qualquer surpresa para abordar o objectivo e havendo necessidade de fazer a evacuação dos feridos, em perigo de vida, tentou-se, sem resultado durante algumas horas, contactar o Comandante do Batalhão para dar a Operação por finda e pedir as evacuações. Enquanto se procurava um local onde o Heli pudesse aterrar, o estado do Soldado Pereira, com as duas pernas arrancadas abaixo do joelho, ia piorando rapidamente. Finalmente e com a ajuda dos espelhos que cada militar transportava consigo, um DO localizou a Companhia e conseguiu-se pedir a evacuação para um local já encontrado.

Entretanto deu-se mais um ataque de abelhas e para as afastar alguém lançou uma granada de fumos que incendiou o capim, já o Heli se aproximava. Quando se preparava para aterrar o local estava em chamas mas não foi impedimento suficiente para o piloto, num gesto de extraordinária bravura e abnegação, poisar e uma Enfermeira Pára-quedista receber os feridos. Os seus nomes não são referidos por não se saberem.

No dia seguinte, uma mensagem informava a Companhia do falecimento do Soldado Pereira, em 22 de Fevereiro de 1969, que chegara ao Hospital ainda com sinais de vida, muito débeis. Foi o 2.º morto da Companhia. À sua família foi escrita uma carta comunicando que morrera em paz com o pedido ao Capitão que lhe retirasse do bolso uma nota de cem escudos e a desse a Nossa Senhora pela sua alma o que não foi cumprido por se pensar que se chegasse vivo a Bissau estaria salvo.
Acompanhada do Comandante do Batalhão, Ten Cor Pimentel Bastos que se deslocou no Heli da evacuação, a tropa recolheu a quartéis.

Chegados a Fá começaram imediatamente os preparativos para a grande Operação “Lança Afiada”* na região do Fiofioli, onde nos últimos anos as NT não tinham intervindo e em que iriam participar 9 Companhias e importantes meios aéreos, com uma duração prevista de 12 dias. Para além do tradicional “matar, capturar ou, no mínimo correr com o IN”, a missão englobava também a destruição dos meios de subsistência dos guerrilheiros na posse das populações e retirar estas do seu controlo e deslocá-las para junto dos aquartelamentos militares. Cada Companhia deveria fazer-se acompanhar por cerca de 100 carregadores cada um com um pau, uma corda e um saco os quais transportariam um grande barco insuflável com remos, e 20 coletes de salvamento para travessia dos cursos de água da zona que, afinal, não existiam.

A 8 de Março a Companhia, como Destacamento D, iniciou a Operação com os 4 GComb a partir do Xime. Poucas horas depois o In começou a efectuar flagelações sobre os vários Destacamentos em acção mas sem oferecer resistência às reacções das NT. No 2.º dia o Alf Mil Brandão, psicologicamente incapacitado, foi evacuado e no 3.º ou 4.º dia foram recolhidos das Companhias os barcos e todos os seus acessórios, por desnecessários. As flagelações foram diminuindo em número e intensidade e ao 10.º dia, não havendo manifestações do In, com as populações refugiadas na margem oposta do Corubal e feito o esvaziamento dos celeiros de milho e arroz existentes, o General Spínola, recebido junto às tropas por mais um ataque de abelhas que o vento provocado pelo Heli abreviou, ordenou ao Coronel Felgas o fim da Operação, 2 dias antes do previsto, com o aproveitamento de uma lancha da Marinha para transportar as tropas para o Xime, porque a partir do dia seguinte não haveria qualquer apoio da Força Aérea, necessária para outras acções. Por razões de ordem técnica ou de navegação as tropas não foram embarcadas e regressaram ao Xime pelos próprios meios ou seja, a pé.

Nem o responsável pela Operação nem o responsável pela sua autorização perceberam que uma acção daquele tipo, com a retaguarda do In completamente livre de forças opositoras, apenas servia para o forçar a fazer o que fazia com regularidade e para o qual dispunha de meios, que era passar para a margem esquerda e aguardar o fim da Operação para voltar a passar para a margem direita. Se fosse uma Operação ao nível do Comando-Chefe, sem linhas limites de actuação, como acontecia quando se tratava de Operações de nível local, talvez o resultado tivesse sido outro, completamente diferente, para as NT. Operações ao nível do Comando Chefe (não consta que alguma tivesse sido realizada), em que todos os diferentes meios disponíveis fossem empenhados, é que podiam abater, no verdadeiro rigor do termo, um inimigo cada vez mais confiante na sua liberdade de acção.

Não era com companhias dispersas por todo o território, cuidando principalmente da própria segurança e subsistência em termos de água, lenha, verduras, etc, através da construção de abrigos, patrulhamentos e pequenas Operações com reduzidos efectivos na sua zona de acção que a situação geral podia, alguma vez, evoluir a favor das NT.

Com esta Operação a Companhia terminou a sua actividade no Sector Leste da Guiné e embarcou, dias depois, no Xime, com destino ao Olossato, via Bissau. O Comando com 3 GComb seguiu para o Olossato enquanto o 2.º Grupo, do Alf Mil Brandão, seguiu para Mansabá para reforçar aquela guarnição na protecção aos trabalhos da estrada em construção para o K3, junto a Farim. Mais de 8 meses depois da chegada à Guiné foi no Olossato que os soldados passaram a dispor de camas e de ventoinhas.

(Continua)
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Notas de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

(*) Além do marcador "Op Lança Afiada" para consultar os postes desta II Série, consultar ainda os seguintes Postes da I Série:

15 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLIII:Op Lança Afiada (1969): (i) À procura do hospital dos cubanos na mata do Fiofioli

9 de Novembro de 2005 >
Guiné 63/74 - CCLXXXI: Op Lança Afiada (1969) : (ii) Pior do que o IN, só a sede e as abelhas

9 de Novembro de 2005 >
Guiné 63/74 - CCLXXXIII: Op Lança Afiada (1969): (iii) O 'tigre de papel' da mata do Fiofioli

14 Novembro 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal (Luís Graça)"

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios




1. Segunda parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.





História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (2)

Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

Na sua missão de intervenção a Companhia foi ocupar o quartel de Canjadude para libertar as Companhias locais para uma Operação na respectiva zona de acção. Imediatamente a seguir ao regresso marchou para Piche para, juntamente com a CCav local, efectuar uma Operação junto ao rio Corubal, que ali fazia a fronteira com a República da Guiné, onde dias antes 2 GComb dessa Companhia tinham sido fortemente atacados e forçados a retroceder para o quartel.

A CCav participava com 3 GComb e a CCaç 2403 com os seus 4. Em termos de Oficiais deviam estar presentes 4 da CCav e 5 da CCaç: 2 Capitães e 7 Alferes. Ia ser, quase de certeza, o baptismo de fogo da CCaç. A CCav não tinha o Capitão por problemas de saúde e só levava 2 Alferes, o Tiago Mouzinho e o Ramos; a CCaç tinha o Capitão e o Alferes Tavares porque ainda não tinha recebido os substitutos dos que faltaram ao embarque e o Alferes Brandão manifestou-se psicologicamente incapaz de comandar o seu GComb.

Ao atingir o local, onde dias antes tinha sido o contacto com o IN, a CCav sofreu uma emboscada que lhe provocou 1 morto no primeiro tiro disparado com RPG. Imediatamente a seguir entraram em acção os morteiros 82, cujas saídas das granadas eram perfeitamente audíveis. A CCaç 2403, que pela primeira e última vez se fez acompanhar de um morteiro 81, abriu fogo sobre a posição bem referenciada dos do IN, o que, segundo informação do Aferes Mouzinho, acabou com o ataque dos morteiros IN. No entanto o combate com armas ligeiras ainda se manteve por bastante tempo. Apesar da utilidade do morteiro 81 nesta acção, revelou-se impraticável sobrecarregar o pessoal com esta arma quando já estava bem carregado com a sua arma, mais munições, água, ração de combate e as granadas para as bazucas e morteiro 60. Foi o maior contacto da Companhia com o IN.

O Comando-Chefe resolveu repetir novamente a Operação no mesmo local, uma semana depois, com a CCaç 2403, a CCaç 2401, a CCaç de Cabuca e a CCav (esta em protecção do Pel Artª de Piche instalado a distância apropriada para apoiar a Operação. Para comandante da Operação ( “Relâmpago”) foi nomeado o Major Fabião, de todos conhecido, que se deslocou junto da 2403.

A CCaç 2401 foi atacada por armas pesadas localizadas na República da Guiné sofrendo 2 mortos. A aviação (T6) atacou a zona de actuação do IN e a Artilharia disparou dezenas de granadas de apoio às Companhias e sobre as posições do IN no outro lado da fronteira, causando, segundo informações posteriores da população, grande numero de baixas quer de guerrilheiros quer de civis da Guiné Conacry. A Companhia participou com os mesmos 2 oficiais, pelos mesmos motivos.

O Cmdt da Companhia com três Alferes, da direita para a esquerda: Amaral e Caria (acabados de chegar) e Tavares

Após regresso a Nova Lamego apresentaram-se os 2 Alferes em falta, o Amaral e o Caria, o primeiro muito alto e o segundo baixote. Mais tarde, o Fur Mil Enfº Viriato, requisitado para o Hospital Militar de Bissau, foi substituído pelo Fur Mil Enfº Diamantino, natural da Guiné.

O Capitão recebeu ordem para se deslocar para Piche para coordenar a actividade operacional da CCav, mantendo-se a 2403 em Nova Lamego. Nessa situação, apesar de ter sido promovido apenas 4 meses antes e estar na sua primeira comissão, ficou com cerca de 600 homens sob o seu comando: as 2 Companhias, 1 Pel  Art, 1 Pel Rec Fox, 1 Sec de Mort Med, 1 Sec Can S/R e dois Pelotões de Milicias.

Como estava em Piche e a Companhia estava em Nova Lamego, tinha que se deslocar 2/3 vezes por semana entre as duas localidades. Num dos regressos a Piche a coluna, composta por uma dúzia de viaturas, escoltada pelo Pel Fox (1 Auto Met Daimler (Fur Mil Caldas), 1 GMC com 1 Sec de Atir e 1 Auto Metr Fox) comandado pelo Alf Mil Gordo, sofreu a primeira emboscada montada naquele itinerário. A Fox que seguia na frente, foi incendiada por uma granada de RPG7 morrendo os dois elementos da guarnição que iam no seu interior. O Alf Mil Gordo que ia na torre, no exterior, caiu no capim que lhe deu cobertura para não ser encontrado pelos guerrilheiros.

Dias depois o Cap. e alguns Furriéis entraram de licença e quando regressaram, nas vésperas de Natal, já a CCav de Piche tinha sido rendida por um BArt, recém-chegado. O Natal foi passado em Nova Lamego com toda a Companhia reunida. No dia 25 um grupo de “homens grandes” das tabancas vizinhas, foi desejar um bom Natal à Companhia, tocando o Hino Nacional com os seus instrumentos, em que se destacava a Cora.


Natal de 1968 em Nova Lamego (Gabú)

Durante o mês de Janeiro tiveram lugar os preparativos e reconhecimentos na zona do Boé, com vista à Operação de evacuação de Madina do Boé, denominada “Mabecos Bravios”. Para além da CCaç 1790, local, comandada pelo Cap Aparício participaram na operação outras 6 Companhias. A 2 de Fevereiro a CCaç 2403, com 3 GComb (o do Alf Mil Brandão não participou por decisão do Cmdt do Batalhão de Nova Lamego a quem pediu para não interromper os trabalhos de reordenamento em que estava empenhado), deslocou-se para Canjadude e depois para o Cheche onde chegou já no final do dia, transportada nas viaturas destinadas ao transporte, no regresso, dos materiais da CCaç 1790 e da população de Madina. Desta vez todos os GComb eram comandados pelos respectivos Alferes.


Em Canjadude onde as tropas se reuniram para o início, propriamente dito, da Operação. À esquerda os pilotos da FAP Cap. Nico (filmando) e o Sarg. Honório e o Cmdt da Operação Cor Felgas.

Juntamente com a CCaç 2405, do Cap Jerónimo, atravessou o Corubal numa das jangadas, recém-construídas para o efeito, indo cada uma ocupar as colinas que flanqueavam a estrada para Madina, á esquerda e á direita. Quando as Companhias se separaram, já noite fechada, o IN lançou 2 granadas de morteiro sobre a estrada, sem consequências o que, 15/20 minutos antes, poderia ter tido resultados bem diferentes. Na manhã seguinte as Companhias seguiram, apeadas, rumo a Madina, sempre sobrevoadas por 1 T6 ou 1 DO até ao final do dia.


Com o Sarg. Honório (cabo-verdiano) sempre presente

A meio da manhã houve um reabastecimento de água, planeado e, mais à frente, não planeado, um fortíssimo ataque de abelhas à CCaç 2405 que deu origem à evacuação de alguns homens no heli do Comandante da Operação, Cor Felgas, que aterrara entretanto.

A evacuação com protecção do Heli-canhão

Este contratempo provocou grande atraso na coluna e a certa altura o efeito do calor e das abelhas fez-se sentir mais acentuadamente sobre a CCaç 2405, tendo a CCaç 2403, que ia na retaguarda, passado para a frente com o intuito de pedir a Madina reabastecimento de água para o pessoal mais atrasado que estivesse em dificuldades. Quando, cerca de 10 minutos depois, um GComb se preparava para sair do quartel, chegou a outra Companhia.

Reparação de GMC (rebocada) e sem paragem da coluna



Viaturas destruídas por minas ou em emboscadas, encontradas durante o deslocamento

Enquanto o pessoal foi instalado os Capitães receberam do Comandante a missão para o dia seguinte que consistia na ocupação dos morros que se estendiam a sul de Madina entre esta e a República da Guiné.

Quando se fez dia o pessoal ficou surpreendido com o cabeço a que Madina estava encostada e os que a rodeavam. Eram autênticas “montanhas” na Guiné, onde tudo era plano. As Companhias ocuparam as elevações que lhes foram indicadas e aí permaneceram nesse dia enquanto as viaturas chegaram e no dia seguinte enquanto se procedeu ao seu carregamento com os materiais da guarnição e da população civil que ia ser deslocada para Nova Lamego. No dia 6, logo que se fez dia, deslocaram-se para a coluna que já se encontrava em movimento a caminho do Cheche, assumindo a segurança dos flancos e retaguarda. Antes de atingir o rio Corubal a coluna ainda foi alvo de mais um feroz ataque de abelhas que só provocou, como vítimas, a morte de dois cães da população.

As viaturas e pessoal foram atravessando o rio até só restarem as 2 Companhias e parte da CCaç 1790 de Madina. Comandava a Operação de carregamento da jangada o Cap. Aparício. Na penúltima travessia foram transportadas a CCaç 2403 e parte da CCaç 2405, tendo a primeira recebido imediatamente ordem do Cor Felgas para montar a segurança do flanco esquerdo da coluna que partiria, logo que pronta, rumo a Canjadude.



Imagens das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia

Para a última travessia, seria embarcado o pessoal que restava das CCaç 2405 e CCaç 1790, muito menos de 100 homens. Enquanto se aguardava a chegada do pessoal que faltava para a coluna se pôr em marcha foram disparadas 1 ou 2 granadas das armas pesadas do Destacamento do Cheche. Pouco depois surgiu um soldado a correr em direcção ao rio, a chorar, dizendo que a jangada se havia virado e que muita gente tinha caído à água no meio do rio. Através do rádio do Capitão foi ouvido o Cor Felgas em comunicação com o General Spínola, que não esteve no local, dizendo que havia muitos homens desaparecidos no rio. Com grande atraso em relação à hora prevista, a coluna iniciou o deslocamento para Canjadude onde pernoitou.

No dia seguinte chegou a Nova Lamego, onde o Comandante-Chefe falou às tropas participantes na Operação.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

sábado, 14 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego




1. Início da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.





História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (1)

Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

O BCaç 2851, constituído por Cmd e CCS e pelas CCaç 2401 - 2402 e 2403, foi formado e preparado no RI1, sediado na Amadora, com os seguintes Oficiais Superiores e Capitães:

- Cmd
- Cmdt – Ten Cor César da Luz Mendes
- Of Info - Maj Bispo
- Of Op - Maj Martins
- Of Pes e Reab – Cap Bento
- CCS - Cap Gamelas
- CCaç 2401 - Cap Mil Maduro (Juiz de profissão)
- CCaç 2402 - Cap Vargas Cardoso
- CCaç 2403 – Cap Peixeiro


Paquete Uige


CCaç 2403 no Leste da Guiné

A 24 de Julho de 1968, aquando do embarque no Paquete Uige, a situação da CCaç 2403, em Oficiais, Sargentos e Praças era a seguinte:

- Oficiais: - o Cmdt, recém-promovido a Capitão, o Alf Mil Brandão, Cmdt do 2.º GComb, e o Alf Mil Tavares, Cmdt do 3.º GComb (este já em Bissau, a receber os materiais da Companhia).
Os Cmdts, nomeados, dos outros dois GComb, não embarcaram, um por motivos de saúde e o outro, Carvalho, natural de Angola, por deserção;

- Sargentos: 2.º Sarg Melo e 2.º Sarg Andrade (este último já em Bissau na recepção dos materiais); Vaguemestre, Transmissões, Enfermeiro e Mecânico, respectivamente, Furriéis Milºs Nelson Rodrigues, Oliveira, Viriato dos Santos e Eusébio Pires; e comandantes de Secção, por ordem alfabética, Furriéis Milºs Almeida, Braga, Brito, Lareiro, Lousada, Marques, Pereira, Rosa, Santos, Silva e Soares.

- Praças: 36 Cabos e 106 Soldados.

A viagem decorreu com mar calmo, sem acontecimentos dignos de registo e com chegada, cinco dias depois, 29 de Julho, a Bissau.


Último jantar a bordo. Na mesa do Imediato os Cmdts da CCaç 2401, CCaç2403 e CCaç 2405. Na outra mesa, de costas, o Cmdt da CCaç 2402

Logo que desembarcou, o BCaç 2851 foi completamente desmembrado: Cmd e CCS foram destinados a Mansabá; CCaç 2401 a Pirada; CCaç 2402 a Có e CCaç 2403 a Nova Lamego.

A CCaç 2403, sem camas, sem colchões e sem mosquiteiros ficou cerca de 10 dias em Bissau a receber materiais e instruções e a aguardar embarque para o destino.

Durante estes dias foi testar-se o armamento para a região de Prabis, um pouco a norte de Bissau e ai a Companhia teve a sua primeira baixa, temporária, devido a um fortíssimo ataque de abelhas. Vá lá saber-se porquê, investiram quase exclusivamente sobre o soldado Maneiras que teve de ser evacuado para o hospital onde permaneceu 4/5 dias.

Depois destes dias a alimentar os biliões de mosquitos de Bissau, a Companhia embarcou numa LDG, rumo a Bambadinca através do rio Geba. Da foz até à Ponta do Inglês, onde recebe o Corubal, o rio é tão largo que as suas margens mal se avistam uma da outra. Da ponta do Inglês à nascente transforma-se em gigantesca serpente em perpétuo movimento ziguezagueante. De doze em doze horas, ou seja duas vezes por dia, ingere tanta água e com tal sofreguidão que arrasta para o seu interior tudo o que nela flutua, incluindo embarcações e outras duas vezes por dia expele, em prolongado vómito, toda essa água ingerida nas seis horas anteriores. Por isso neste rio as embarcações só conseguem navegar em perfeita sincronia com estas fortes correntes, originadas pelo fluxo e refluxo das marés.

A forte corrente da enchente, cria uma onda que se desloca para montante como um enorme tapete rolante, chamado “Macaréu”, que se desenrola ao longo do rio, provocando um aumento instantâneo do caudal de muitos metros e contra o qual não é possível navegar.

Os militares da Companhia sentados no fundo da Lancha não colaboravam na respectiva segurança nem tinham autorização para espreitar para o exterior. Assim o In, quando via passar a Lancha, não sabia, naquele momento, que tipo de carga transportava. Na passagem por locais considerados mais perigosos eram os marinheiros da tripulação que ocupavam os postos de combate para sua defesa.

Cavalgando o “Macaréu”, a Lancha atracou em Bambadinca onde se procedeu ao desembarque do pessoal e descarga do respectivo material, no tempo estabelecido pelo Comandante, sem um minuto de tolerância, porque a navegação para juzante tinha que ser iniciada ao mesmo tempo da corrente da vazante.

Organizada a coluna com as viaturas disponíveis, iniciou-se a marcha para Nova Lamego onde se chegou já noite dentro.


Nova Lamego (Gabú)

Em Nova Lamego a Companhia ficou em instalações precárias, cedidas pela Administração, sem camas para as praças, que receberam colchões insufláveis os quais, algumas semanas depois, já não retinham o ar; estavam todos rotos. Ventoinhas não havia para ninguém.

A Companhia ficou de Intervenção ao Batalhão local, começando a efectuar patrulhamentos de 24 horas na zona, sempre com 2 GComb.

No dia 14 de Setembro quando o Fur Mec Eusébio procedia à reparação de uma máquina de fazer gelo, da Administração, o compressor desta rebentou, causando-lhe ferimentos de tal gravidade que não chegou a ser evacuado no avião que, mesmo de noite, se deslocou de Bissau para o efeito. Não tinham passado 2 meses desde que embarcara em Lisboa. Foi o primeiro morto da Companhia.

Ainda em Setembro a sua vaga foi preenchida pelo Fur Mec Pinto Mendes que, por sua vez, foi rendido em Maio de 69, quando terminou a comissão, pelo Fur Mec Fernandes.

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8252: Tabanca Grande (281): Hilário Peixoto, Coronel Reformado, ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851 (Guiné 1968/70)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8252: Tabanca Grande (281): Hilário Peixeiro, Coronel Reformado, ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851 (Guiné 1968/70)

1. Mensagem de Hilário Peixeiro, Coronel na situação de Reforma (ex-Capitão e Comandante da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), com data de 7 de Maio de 2011:

Caros amigos da Tabanca
Cumprindo o pedido do Carlos junto envio as duas fotos que me pediu.

Sou Coronel reformado e, como complemento à minha vida militar, contida na história da CCaç 2403 que vos enviei, acrescento que depois da primeira comissão na Guiné iniciei a segunda em Maio de 1972 em Moçambique.

Ofereci-me para os Comandos donde saí a meu pedido e ingressei nos GEP (Grupos Especiais Pára-quedistas) depois de fazer o respectivo curso, regressando em Junho de 1974.

Fui colocado no Forte da Graça em Elvas onde estive até Setembro de 1977. Seguiu-se Santa Margarida, 2 anos, Casa de Reclusão de Elvas, Curso de Estado Maior e colocação no Estado Maior do Exército, Regimento de Elvas, Quartel General de Évora e Tribunal Militar de Elvas onde, aproveitando a chamada lei dos Coronéis, passei à situação de Reforma.

Um grande abraço, parabéns e obrigado pelo blogue e muitas felicidades
Hilário Peixeiro


2. Apresenta-se agora a série de contactos estabelecidos entre o Cor Hilário Peixeiro e o nosso Blogue:

i - No dia 30 de Novembro de 2011, Hilário deixou este comentário no Poste 857:

Caro Luís Graça
Permita-me passar a tratá-lo assim. Diga-me como entrar na Tabanca e lá estarei com todo o prazer.
Vou comunicar com outros elementos da CCaç 2403 para virem ter connosco.
Um forte abraço
Hilário Peixeiro


ii - No dia 1 de Dezembro de 2010, Hilário Peixeiro enviou esta mensagem ao Blogue:

Caro Luís
Quero entrar na Tabanca e necessito que me indique os procedimentos porque sou pouco mais que principiante nestas coisas de Internet e computadores.
Um abraço
Hilário Peixeiro


iii - No dia 2 de Dezembro de 2010 era enviada menagem de resposta ao nosso novo camarada:

Caro Cap Hilário Peixeiro
Incumbiu-me o Luís Graça de vir junto de si fazer o convite para aderir à nossa Tabanca Grande, Blogue onde os ex-combatentes da Guiné podem e devem deixar as suas memórias escritas e em imagens.
Porquê eu? Porque temos em comum o facto de termos passado por Mansabá e de, até certo ponto, me caber a missão de receber os camaradas que nos chegam.
Não sei se afirmou que esteve em Mansabá, mas presumi (inventei?) pelo facto de a CCAÇ 2403 ali ter terminado a sua comissão de serviço. Poderá ter deixado a Companhia antes. Vai esclarecer este ponto.

O que queremos do Cap Peixeiro?
Que aceite entrar para o nosso convívio, que nos envie uma foto actual e outra dos tempos de CCAÇ 2403, que nos diga algo sobre si, tal como quando foi para a Guiné, quando regressou, por onde andou nos entretantos, se acabou a sua carreira com posto superior, e tudo o que achar conveniente sabermos desde que não viole o seu limite de privacidade.
Se tiver uma pequena história de apresentação que nos queira contar, será óptimo, assim como uma ou outra foto daquelas que pareciam nunca mais irem ver a luz do dia.

Sou particularmente "guloso" por fotos de Mansabá, que vou publicando com a devida vénia aos seus autores, no Blogue da CART 2732 (http://cart2732.blogspot.com/), pelo que se tiver por aí alguma coisa, não se esqueça de mim. Pareço atrevido, mas não sou. Sem dúvida que 22 meses de permanência no mesmo sítio, marcam para sempre.

Voltando ao assunto principal, deve ver o lado esquerdo da nossa página, onde poderá ler as nossas normas de conduta e de convívio, o que pretendemos com o nosso Blogue, além de outras informações úteis.
Tem também os marcadores/descritores que o levará às pesquisas que pretenda fazer, por exemplo relacionadas com as CCAÇs do seu BCAÇ 2851.

Ficamos a aguardar as suas notícias e a sua integração na Tabanca.
Receba um abraço dos editores Luís Graça e Eduardo Magalhães.

Um especial abraço de camarada mansabense
Carlos Vinhal


iv - No dia 4 de Dezembro de 2010, o Coronel Hilário Peixeiro mandava-nos esta mensagem:

Caro Carlos
Muito em breve conto mandar para o Blogue a historia, naturalmente resumida, que a minha memória permitir reconstituir, dado que não tenho qualquer documento de consulta, da CCaç 2403.
Um abraço
H Peixeiro


v - Mais recentemente, em 5 de Maio de 2011, nova mensagem de Hilário Peixeiro:

Caro Luis
Quero entrar na Tabanca e necessito que me indique os procedimentos porque sou pouco mais que principiante nestas coisas de Internet e computadores.
Um abraço
Hilario Peixeiro


vi - Finalmente a última mensagem mandada ao ex-Cap Mil Hilário Peixeiro, ex-CMDT da CCAÇ 2403 em 6 de Maio de 2011:

Caro camarada Hilário Peixeiro
Há muito que esperávamos notícias suas.
Estou a responder-lhe em vez do Luís porque no Blogue sou uma espécie de relações públicas, tendo como missão receber os camaradas que se nos dirigem ou querem fazer parte da nossa Tabanca.

Tenho um prazer especial em recebê-lo, porque a minha Companhia, a CART 2732, foi substituir a sua a Mansabá, embora na altura que comandava a CCAÇ 2403 fosse o Cap Carreto Maia que acabou a comissão a comandar a CART 2732.

Como forma de se apresentar, enviará por favor uma foto actual e outra militar (talvez do tempo da Guiné), de preferência tipo passe em formato JPEG. Ao que suponho será militar de carreira pelo que fará como melhor entender. Estas fotos encimarão os seus trabalhos a publicar no Blogue.
Poderá fazer um resumo do seu percurso militar, falar da 2403 e dos locais por onde andou. Gostávamos de saber o seu posto actual e se fez outras comissões. Tudo o que nos disser que não interfira com a sua privacidade e com o facto de ser militar do QP, poderá ser útil para o conhecermos melhor.

No lado esquerdo da nossa página poderá inteirar-se dos nossos objectivos e das nossas normas de conduta que são seguidas quase religiosamente para mantermos o blogue inalterável quanto ao fim para que foi criado.

Agradeço-lhe o facto de se querer juntar a nós.

A sua correspondência deve ser enviada para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com e para mim, seu eventual editor, carlos.vinhal@gmail.com

Fico disponível para qualquer esclarecimento adicional.

Deixo-lhe um abraço fraterno
O camarada e amigo
Carlos Vinhal


2. Comentário de CV:

Caro Coronel
Muito obrigado por se juntar a nós.
Depois desta troca de correspondência está finalmente apresentado à tertúlia.
Não me disse se ainda comandou a sua Companhia em Mansabá, terra quente em clima e fogo IN.
Conheci o Capitão Carreto Maia que "herdámos" da "2403" e nos comandou até ao fim da sua comissão.

Diz a determinada altura da sua correspondência ter enviado para o Blogue a história da "2403". Não sei se esta afirmação é literal pois não me apercebi de que o tivesse feito. Se puder confirmar, agradecemos, porque eu pessoalmente gostaria de conhecer melhor as peripécias da Unidade que substituímos em Mansabá.

Fazendo parte da nossa Tabanca, tem a possibilidade de, rebuscando as suas memórias, escrever sobre a sua experiência enquanto combatente na Guiné, que tinha ainda por cima a responsabilidade de comandar uma Companhia operacional. Claro que compreendemos os condicionalismos a que está sujeito como Oficial do QP, mas há sempre histórias que não comprometem.
Felizmente temos entre a tertúlia alguns camaradas do QP dos três Ramos das Forças Armadas, Oficiais Superiores, e até um Oficial General, que nos deliciam com as suas histórias, quando não sérias, bem humoradas. Como eu costumo dizer, o Blogue não vive só da pólvora, porque na Guiné, fizemos a guerra, praticámos o bem junto das populações, tivemos muitos momentos bons e deixámos inúmeros amigos que hoje nos recebem como irmãos.

Caro Coronel Hilário Peixeiro, a terminar quero deixar-lhe um abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores, e esperar que se sinta na Tabanca como em casa.

Um abraço especial de quem ainda conviveu com a sua CCAÇ
Carlos Vinhal

OBS:- Não se esqueça da sua promessa. Traga-nos esses valentes da CCAÇ 2403.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7356: O Nosso Livro de Visitas (104): Hilário Peixeiro, ex-Cap Inf da CCAÇ 2403 (Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato, Mansabá e Bissau)

Vd. último poste da série de 8 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8244: Tabanca Grande (280): Armandino José de Jesus Oliveira, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1897 (Mansoa, Mansabá, Olossato, 1966/68)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7356: O Nosso Livro de Visitas (104): Hilário Peixeiro, ex-Cap Inf da CCAÇ 2403 (Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato, Mansabá e Bissau)

Guiné > Região do Oio > Mansabá > CART 2732 (1970/72) > 12 de Novembro de 1970 Ataque do PAIGC... Enfermaria militar atingida por munição de canhão sem recuo. A CART 2732 foi render a CCAÇ 2403.

Foto: © Carlos Vinhal (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas. Todos os direitos reservados


1. Comentário de Hilário Peixeiro ao poste P3769:

Caro amigo (julgo poder tratá-lo por amigo) Raul Albino, ex-Alferes da CCAÇ 2402

Comecei, infelizmente há pouco tempo, a frequentar o Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné com muito agrado,  apesar de muitas incorrecções que encontro nos acontecimentos que vivi,  como por exemplo o desastre do Cheche [, em 6 de Fevereiro de 1969]. 

Comandei a CCaç 2403 de que não tenho conhecimento que haja história escrita e interessei-me por ler o que encontrei sobre a CCaç 2402. Como o senhor refere um possível ataque no Olossato à CCaç 2403,  resolvi contribuir com o esclarecimento de que só chegámos ao Olossato em finais de Março [de 1969] depois da Operação Lança Afiada [, no Sector L1, Bambadinca] e, ao fim de pouco tempo, ou seja a seguir ao grande ataque a Mansabá que vocês sofreram, nós fomos para Mansabá e vocês foram para o Olossato. 
É apenas um contributo e uma maneira de comunicar com os companheiros de tempos difíceis.

Um abraço com a garantia de que vou acompanhar as vossas trocas de recordações. Hilário Peixeiro
Então Capitão

 

2. Comentário de L.G.:

Meu caro capitão da CCAÇ 2403, se nos quer "acompanhar" nesta "troca de recordações" , então porque não ingressar na Tabanca Grande e passar a conviver, de pleno direito, com os 460 membros registados, sob o secular e frondoso poilão que nos inspira e protege?

Todos temos um "dever de memória" uns para com os outros, de nós connosco, e nós com os nossos descendentes... Nenhum de nós tem a versão definitiva, acabada, da história da guerra da Guiné, até porque cada um viveu no seu Bu...rako!... Só o nosso ilustre camarada António Lobo Antunes é que faz edições ne varietur (daquelas que são para ser lidas daqui a 5 mil anos, sem mais nenhuma alteração, nem de ponto nem de vírgula)... O nosso projecto é bem mais modesto e sobretudo colectivo: escrevemos a muitas mãos, centenas e centenas de mãos, e às vezes, a pontapé (sobretudo na gramática...).

Será uma honra para nós ter o 1º comandante da CCAÇ 2403 a representá-la no nosso blogue. Para já não temos ninguém que represente essa unidade. Por outro lado, dá-se a coincidência do nosso co-editor Carlos Vinhal ser da CART 2732 (madeirense) que foi render a CCAÇ 2403, justamente em Mansabá... Mas desses tempos ele, como bom "mansabense", poderá falar melhor do que eu... E que espero que possa ser, no futuro, o seu interlocutor privilegiado, aqui no nosso blogue.

Para os nossos leitores, direi apenas que o comandante da CCAÇ 2403 era Cap Inf, de seu nome completo Hilário Manuel Pólvora Peixeiro. Esta companhia foi mobilizada pelo RI 1. Embarcou para a Guiné em 24/7/1968 e regressou a casa em  20/6/1970. Esteve em Nova Lamego, Piche. Fá Mandinga, Olossato,  Mansabá e Bissau. Pertencia ao  BCAÇ 2851 (Mansabá, Galomaro).
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Nota de L.G.:

Último poste desta série 17 de Novembro de 2010 Guiné 63/74 - P7299: O Nosso Livro de Visitas (103): A Tabanca Grande não é para todos? (Eduardo G. Silva / José Marcelino Martins)