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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11475: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (67): Hoje há festa no "sempre em festa" (Ritz Clube, R da Glória, 57, Lisboa), a partir das 23h, com Mamadu Baio / Super Camarinda, de Tabatô...



IndieLisboa'13 > Culturgest > 24 de abril de 2013 > Estreia (nacional) do filme "A batalha de Tabatô", do realizador português João Viana, produção Guiné-Bissau / Portugal, 2013. Mamadu Baio, múisico de Tabatô, e um dos três atores principais, fala da sua alegria por este filme sobre a sua terra e a sua gente e convida-nos para o "after-partty" no Ritz Clube, hoje, sexta-feira à noite.



IndieLisboa'13 > Culturgest > 24 de abril de 2013 > O Jorge Cabral, o Mamadu Baio e a Alice Carneiro, antes do início da projeção do filme.

Vídeo ('36'')  e foto: Luís Graça (2013).

1. Estreou-se. noa 4ª feira, 24, na Culturgest, no ambito do IndiLisboa'13, o filme "A batalha de Tabatô", realizado por João Viana, numa coprodução lusoguineense, e que tem no Mamadu Baio, líder do grupo musical Super Camarimba, um dos 3 atores principais,,,

O filme foi todo rodado na Guiné-Bissau, em Bissau, em Bolama, Bafatá e Tabatô, a cada vez mais célebre tabanca de didjius (contadores de histórias), e escola de grandes músicos  (cantores, tocadores de balafon, kora e  djambé).




O filme não se centra na guerra colonial: não houve nenhuma batalha de Tababô,  o título é uma metáfora, sugestão do escritor Pedro Rosa Mendes. A guerra está presente, e de que maneira, sob a forma de fantasmas  por exorcizar: o pai da noiva, antigo combatente, aliado das tropas portuguesas (interpretado por Imutar Djebaté) , e que vem, do estrangeiro, ao casamento da filha (Fatu Djebaté), mas ainda com contas por ajustar com o seu passado... O noivo, músico de Tabatô,  é interpretado, magnificamente, pelo nosso amigo Mamadu Baio, jovem e talentoso cantor e músico. Toda a aldeia (hoje com cerca de 300 pessoas, a 12 quilómetros, a nordeste de Bafatá) entra no filme... que é preto e branco (com o vermelho para as cenas de "flash back", associadas às memórias de guerra).

O filme, que vai entrar no circuito comercial, passa de novo no Indie Lisboa'13, às 19h15,  no Cinema City Classic Alvalade, Sala 3.



Mamadu Baio, foto da sua página pessoal no Facebook... Esteve em 26/12/2012 no B.Leza. É o fundador e líder dos Super Camarimba.  O João Graça conheceu-o em dezembro de 2009 em Bissau e a  sua gente em Tabatô.



Entretanto, fica aqui também um convite e um desafio à malta da Tabanca Grande: hoje há festa no "sempre em festa", como a gente chamava ao Ritz Clube no nosso tempo de meninos e moços...

A Batalha de Tabatô After-Party > Ritz Clube, Rua da Glória, 57, 1250-115 Lisboa
Telef . 212 417 604 (metro: Restauradores).

Super Camarimba + convidados [Concerto], 5€


[Fonte: Programa do IndieLisboa'13: "Depois da exibição do filme A Batalha de Tabatô de João Viana, na Competição Internacional de Longas-Metragens, a noite continua com ritmos quentes de África. Os Super Camarimba trazem as koras e os balafons. Uma festa com os sons de Tabatô, a mítica aldeia de músicos no centro da Guiné-Bissau"].

Eu vou lá estar, às 23h00, a Alice também. O João Graça, infelizmente, está fora de Lisboa. E o "nosso alfero Cabral" (que está a escrever um romance!, confidenciou-me ele) prometeu aparecer. Claro que lhe pago um copo!... 

Espero que mais camaradas e amigos da Guiné se juntem à festa. Afinal, estamos também a comemorar a nossa 5ª comissão da Guiné (9 anos a blogar!)...

A entrada são "cinco morteiradas"... Vão gostar de conhecer o Mamadu Baio /Super Camarimba, um dos próximos novos membros da Tabanca Grande, mais os seus convidados.
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11457: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (66): Cap Cmd Maurício Saraiva, aqui evocado pela sua sobrinha Luciana Saraiva Guerra (Florianópolis, Santa Catarina, Brasil) e pelo nosso coeditor Virgínio Briote

Guiné 63/74 - P11474: Recortes de imprensa (65): O filme lusoguineense "A batalha de Tabatô", de João Viana, veio pôr Tabató e a cultura da Guiné-Bissau no mapa das rotas do cinema internacional (Luís Graça)



1. Excerto de peça da Agência Lusa, da autoria de Paula Mourato, publicada no DN - Diário de Notícias, 23 de abril de 2013. Com a devida vénia, reproduzimos aqui a notícia:

O realizador João Viana filmou uma aldeia na Guiné-Bissau e agora espera que "A Batalha de Tabatô", em exibição no festival IndieLisboa, "limpe o olhar" dos espetadores e desencadeie um processo de "descolonização mental". Veja o vídeo.

Após ter sido distinguida com menção honrosa no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro, a longa-metragem "A Batalha de Tabatô" chega ao público português na quarta-feira, integrada na competição do festival de cinema IndieLisboa. (*)

O que João Viana encontrou em Tabatô, nome da tabanca (aldeia) de músicos mandingas da Guiné-Bissau para onde foi filmar, resultou numa curta e numa longa-metragem, ambas exibidas em Berlim.

A longa-metragem, que vai ser exibida no IndieLisboa, tem estreia marcada nas salas nacionais para "início de junho", adiantou à Lusa o cineasta luso-angolano.

Os habitantes de Tabatô vão ter oportunidade de se verem no grande ecrã, porque João Viana está a planear viajar com o filme pela Guiné-Bissau, durante o mês de julho. "É terrível estar cá, estou morto por ir para lá outra vez", confessa.

França, Bélgica e Alemanha serão outras das paragens do filme, mas João Viana faz questão de não iludir a realidade.

"Não é possível o que está a acontecer à cultura. São marcas gravíssimas que só se vão ver para o ano", alerta, recusando que o cinema até esteja a correr bem, "apesar da crise".

"Pensa o poder que os criadores arranjam sempre alternativas", critica, recordando que "mais de 300 pessoas" surgem no genérico de "A Batalha de Tabatô", porque o cinema é "uma arte coletiva" e "não é possível fazer um filme sozinho".

O cineasta nunca tinha estado antes na Guiné-Bissau, mas resolveu ir conhecer a aldeia que gira em torno da música. A princípio, o sítio não o surpreendeu, "as tabancas pareciam todas iguais" e "não via a riqueza" da floresta, recorda, confessando que foi "preciso peneirar a realidade" e "limpar o olhar ocidental".

Em Tabatô, deparou-se com olhares "sujos", de parte a parte. "Foi muito bom ver o olhar perante mim, enquanto branco, mudar. Da mesma maneira que nós temos um olhar viciado para com eles - olhamos sempre de cima do cavalo, (...) estamos com o olhar sujo (...) -, eles também nos olham de baixo para cima", compara.

Este processo de "nivelamento" de olhares "demorou alguns anos", mas funcionou. O seu está limpo e os habitantes de Tabatô conseguiram passar a vê-lo como "um contador de histórias como eles", descreve.

João Viana espera agora que os espetadores saiam do filme "com o olhar limpo". "O que eu sonho é que este seja um filme de descolonização mental", resume.

Ainda a braços com projetos sobre Tabatô (dois documentários), o cineasta já recebeu um convite para filmar na ilha da Reunião. "O cinema está muito ligado ao chão" e, por isso, admite que o seu esteja "ligado a África".

"A Batalha de Tabatô" - falado em mandinga, uma das línguas étnicas da Guiné, na qual João Viana aprendeu apenas a dizer "abarca" (obrigado) - é exibido na quarta-feira, às 21:30, na Culturgest. (**)


2. O filme fez anteontem, 24,  a sua estreia nacional, no grande auditório da Culturgest, no âmbito do festival IndieLisboa'13 (*). A nossa Tabanca Grande teve um simpático  convite por parte da produtora. Estivemos presentes, pelo menos eu, a Alice e o Jorge Cabral. Entre outros convidados, esteve também o embaixador da Guiné-Bissau. Um público, jovem e numeroso, viu um filme difícil de catalogar, entre o documentário e a ficção, que nos convida à desconstrução do nosso "olhar etnocêntrico sobre o outro"...

João Viana, realizador português, de 46 anos ganhou, com esta filme, uma menção especial na categoria de Melhor Primeiro Filme (A Batalha de Tabatô é a sua primeira longa-metragem)., em fevereiro passado, no prestigiadíssimo Festival de Cinema de Berlim.  Entrevistado, em 18 de fevereiro passado, pela RTP Internacional, no programa "Repórter Africa (vd. minuto 15' 54''),  o realizador português, nascido em Angola, hoje com 46 anos, falou longamente do "making of"  deste filme e da grande e fascinante descoberta que foi para ele a Guiné, o seu povo, as suas etnias, a sua pasiagem,  a sua história, a sua cultura, o seu futuro. E obviamente das gentes de Tabatô, que ele tem no coração e  que,  com este filme,  ele veio pôr no mapa do cinema português e do cinema internacional...

Em declarações à Visão 'on line', em 290 de fevereiro de 2013, o realizador falou deste e de outros projetos na Guiné-Bissau

(...) "Há mais dois [filmes]. Um making of sobre a forma como a música entra no filme. O som é a coisa mais importante no cinema, como explica João César Monteiro. O filme tem uma grande componente sonora, que tem a ver com o trabalho do percussionista Pedro Carneiro, que trabalhou sobre a música Mandinga. O Paulo Carneiro, o meu assistente de realização, está a acabar um documentário sobre o naufrágio que a equipa sofreu durante a rodagem. Estavam 109 pessoas a bordo, incluindo crianças, perdemos o material de iluminação, morreram os animais mas, felizmente, não morreu nenhuma pessoa.

 (...) "A Guiné é um país culturalmente riquíssimo, com mais de 30 grupos étnicos, com os seus hábitos e costumes. Isto para um contador de histórias, como eu, é uma mina. Poderia fazer 300 filmes diferentes".


E respondendo à pergunta sobre se o filme está "na fronteira entre a ficção e o documentário", João Viana respondeu:


(...) "Sim. Porque a Guiné é uma terra de ficção. Fazendo-se um documentário sobre contadores de histórias, o resultado nunca é convencional. Numa simples conversa com um homem sábio vivemos vários tempos em simultâneo. É muito intenso em termos de ficção. Mas eu quis fazer um documentário, e foi para isso que ganhei um subsídio, e acho que, ao filmar assim, não enganei o Estado. Nós não ficámos em hotéis, antes em casas. Eles construíram-nos as paredes e nós os telhados. Com o filme foi exatamente o mesmo. O filme foi construído por eles, nós fizemos muito pouco" (...)

 O filme, falado em mandinga, interpretado por atores locais (entre eles o meu novo amigo, Mamadu Baio, líder da bamda musical Super Camarimba), começa com uma espécie de lembrete  e provocação:   


(...) Há 4500 anos, enquanto tu fazias a tua guerra, criámos a agricultura. 
Há 2000 anos, enquanto tu fazias a tua guerra, criámos a boa governação dos reinos.
Há 1000 anos,enquanto tu fazias a tua guerra, criámos as bases do reggae e do jazz.
Hoje, superando a tua guerra, construiremos contigo a tua paz. (...)


Os nomes de  Eduardo Costa Dias, consultor para a cultura dos mandingas (e membro da nossa Tabanca Grande, professor do ISCTE) ,  e de Luís Graça  e Carlos Matos Gomes, como consultores para as questões de história militar, aparecem no genérico do filme. No meu caso, por gentileza do realizador, que me lembrou, no batepapo depois do filme,  a importância que teve para ele a leitura do nosso blogue e uma conversa tida comigo há cerca de 5 anos atrás... (LG)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11449: Agenda cultural (264): Indie Lisboa 2013: A estreia, 4ª feira, na Culturgest, às 21h30, do filme de João Viana, "A batalha de Tabatô". O Jorge Cabral será o representante do nosso blogue, a convite da produtora... E 6ª feira, 26, às 23h00, há festa no Ritz Clube, com os "Super Camarimba" !



1. Está a decorrer a 10ª edição do Indie Lisboa 2013, de 18 a 28 de abril.  No âmbito deste prestigiado festival do cinema independente, destaca-se a estreia nacional, a 24 do corrente, do filme:

A Batalha de Tabatô / The Battle of Tabato
João Viana

Exibições:

24 Abril, 21:30, Culturgest, Grande Auditório
26 Abril, 19:15, Cinema City Classic Alvalade, Sala 3

Secções: Competição Internacional, Competição Internacional, Competição Nacional
Ficção, Portugal 2013, 78', Dcp

Música: Pedro Carneiro
Som: Nuno Carvalho, António Pedro Figueiredo , Joaquim Pinto, Mário Dias
Montagem: José Edgar Feldman
Com: Fatu Djabaté, Mamadu Baio, Mutar Djebaté
Produtor: João Viana







Dois fotogramas do filme do João Viana (Fonte: Papaveronoir)

"A primeira vez que ouvi falar deste fenómeno foi na Alemanha. Um jovem violinista de formação clássica confessou-me que sonhava partir para uma aldeia mítica entre os jovens alemães, situada no centro de África, e constituída por músicos onde se aprendia djambé. De repente aquilo pareceu tão próximo de mim que se fez um clic. Quando era pequeno, em África, os pais mandavam as crianças para a Alemanha para aprender música. Agora estava tudo ao contrário. E ainda bem. Porque as coisas estão mesmo ao contrário. Nós, europeus, é que não as vemos. O mundo de facto mudou. E isto não é de agora. África não é como a pintamos. E a culpa toda é dos portugueses do século XV, que destruíram os documentos africanos para provar que a nossa cultura era superior à deles. (João Viana)". (Fonte: Indie Lisboa'13]


2. Paralelamente ao festival, há uma série de atividades a não perder. Uma dela, é o Indie by night. E em  especial:

26 Abril | 23h| Ritz Clube

A Batalha de Tabatô After-Party
Super Camarimba + convidados [Concerto]
5€

Depois da exibição do filme A Batalha de Tabatô de João Viana, na Competição Internacional de Longas-Metragens, a noite continua com ritmos quentes de África. Os Super Camarimba trazem as koras e os balafons. Uma festa com os sons de Tabatô, a mítica aldeia de músicos no centro da Guiné-Bissau.

3. A produtora,  Papaveronori, mandou-nos um duplo convite para assistir á estreia do filme que, este ano, já foi premiado com o Special Mention of the Jury Award no Festival de Berlim e integra agora a competição Nacional e Internacional de longas-metragens doIndie Lisboa, "sendo que gostaríamos de poder contar com a sua presença e apoio" (sic).

Na impossibilidade de estar cá amanhã, em Lisboa, nessa hora, o editor do blogue delegou no Jorge Cabral a representação da Tabanca Grande, incumbência que ele aceitou com  "galhardia e espírito de missão":

Mandei-lhe a seguinte mensagem:

"Aqui tens o convite, para a estreia, amanhã, 24, 21h30, na Culturgest, do filme "A batalha de Tabatô", do João Viana... . Se conseguires falar com o Mamadu Baio, o lider do grupo de música afromandinga Super Camarinda, e ator no filme, dá-lhe um abraço meu. 6*ª feira quero ir ver o filme (que passa na sala 3 do Cinema City Classic Alvalade, às 19h15) e  depois ir ao Ritz Clube, por volta das 23h00,  para vê-los e ouvi-los ao vivo. Espero poder um copo contigo... Um abração. Luis".

O convite é extensível a todo a a Tabanca Grande, e em especial aos nossos amigos e camaradas da região de Lisboa. Sexta-feira lá estarei no sempre novo Ritz Clube que anima as noites de Lisboa desde 1908!.
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11432: Agenda cultural (263): Lançamento do livro A Mulher do Legionário, de Carlos Vale Ferraz, dia 30 de Abril de 2013, pelas 18h30, na Livraria Leya na Buchholz, Lisboa

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11036: Agenda cultural (254): "Tabatô" (curta) e "A Batalha de Tabatô" (longa metragem), dois filmes portugueses, do realizador João Viana, na seleção oficial do Festival de Cinema de Berlim, 7-17 de fevereiro de 2013 (Luís Graça)


Sitio, na Net, da produtora de cinema Papaveronoir, criada pelo realizador João Viana, que consegue cometer a proeza de pôr dois filmes na seleção oficial do Festival de Cinema de Berlim (Berlim, 7-17 de fevereiro de 2013), a curta Tabatô e a longa metragem A batalha de Tabatô...



1. Tabatô” e "A batalha de Tabatô",  do jovem realizador português João Viana,  fazem parte da seleção oficial  do Festival de Cinema de Berlim, um dos mais importantes a nível mundial, e que tem data marcada, de 7 a 17 de fevereiro deste ano.

(i) "Tabatô" integra a competição oficial de curtas-metragens. É a única película nacional a competir nesta categoria. Em  2011, “Rafa”,  de outro português, João Salaviza,  conquistou o Urso de Ouro em Berlim,  nesta categoria. Por sua vez, Miguel Gomes venceu, no mesmo festival, os prémios da crítica e da inovação com a longa-metragem Tabu.

Rodado na Guiné-Bissau, "Tabatô" e conta a história do regresso de Mutar, um antigo combatente da guerra colonial, à sua terra natal, Tabatô,  em que todos os habitantes são músicos. A mala que transporta consigo e a curiosidade da filha vão desencadear uma série de acontecimentos que culminam num final trágico.Pensada inicialmente como um documentário, a curta acabou por seguir o caminho da ficção.

João Viana,  realizador reconhecido internacionalmente, nasceu em Angola em 1966, de pais portugueses. estudou cinema no Porto e licenciou-se  em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.  Compete pela primeira vez em Berlim.  Trabalha em cinema, nas áreas de argumento, realização e produção. Escreveu o argumento de "Olhos Vermelhos“ para Paulo Rocha e trabalhou com prestigiados cineastas como João de César Monteiro, Manuel de Oliveira, Werner Schroeter, entre outros. Realizou „A piscina“ (2004) e a curta metragem "Alfama“ (2011).A sua primeira curta, “A Piscina”, atingiu a marca de 60 presenças em festivais de cinema nos cinco continentes, com destaque para o de Veneza, tendo sido premiada em Portugal, Espanha, França e Itália. Em 2009 criou a sua própria produtora, a Papaveronoir.
   Sobre Tabatô, João Viana explicou que “é um filme passado numa aldeia de músicos, no centro da Guiné-Bissau, uma aldeia assim mítica”, que ficou a conhecer através de um músico alemão.


(ii) "A Batalha de Tabatô"

Sinopse

 O pai de Fatu volta a casa, na Guiné-Bissau, vindo de  Portugal para assistir a seu casamento. A jovem ensina na universidade e seu futuro marido é um músico bem conhecido. O casamento deve realizar-se em Tabatô, uma aldeia onde todos são músicos. No caminho até lá, torna-se evidente que o pai  sofre de stresse pós-traumático de guerra,  na sequência da sua experiência como combatente, décadas atrás, da guerra colonial.

Narrativa pós-colonial a preto e branco e vermelha, este filme, visualmente fascinante,  incorpora muitos elementos documentais na sua história:  por exemplo, as referências às realizações   históricas e às tradições culturais dos mandingas, da  África Ocidental;  ou o enfoque na tabanca de Tabatô e na  vida real dos seus músicos;  as imagens do cinema, cemitério, porto e bolanhas. O homem, já de certa idade, transporta relíquias da guerra na sua mala. Os jovens estão cansados ​​dos frequentes golpes de Estado. Ambas as realidades  marcam a atualidade do país.  Quando o pai decide finalmente lutar contra os seus demónios e os músicos da aldeia acompanham o processo tocando os  seus balafons trava-se uma batalha entre guerra e a paz, o passado e o futuro. [Fonte: Berlinale.de. Adapt. por LG]




Cartaz de A Batalha de Tabatô; Argumento e realização: João Viana; Produção: Papaveronoir; Género: Documentário; Duração: 90'; Intérpretes: Fatu Djebaté, Mamadu Baio, Mutar Djebaté.

Sinopse > Há 4500 anos,enquanto tu fazias a tua guerra, criámos a agricultura.  Há 2000 anos, enquanto tu fazias a tua guerra, criámos a boa governação dos reinos.  Há 1000 anos, enquanto tu fazias a tua guerra, criámos o chão do reggae e do jazz.  Hoje,perante a tua guerra,criaremos contigo a tua paz.

Fonte: Papaveronoir

 2. Comentário de L.G..

No meu dia de aniversário, 29 de janeiro transato, passei um serão agradável, com a família... O meu filho  João Graça, médico, músico e nosso grã-tabanqueiro, fez-me uma deliciosa surpresa: imaginem que me trouxe um músico guineense, Mamadu Baio, da famosa tabanca de Tabatô, líder dos Super Camarimba, de que sou fã (, aliás, somos,. toda a família...).

Estivemos até à 1 da noite na conversa e a ouvir música afromandinga... Foi aí que soube da existência dos filmes do João Viana sobre Tabatô. O Mamadu Baio casou com uma jovem cooperante portuguesa, a Sílvia, professora, de Évora, que também veio jantar connosco. O João conheceu o Mamadu Baio  em Bissau, em dezembro de 2009. É um jovem músico, talentoso, que precisa do nosso apoio, ajuda, carinho...

Está há um ano em Portugal, e a preparar o seu próximo CD. A sua tabanca, única na Guiné, de trovadores e músicos, chamava-se Dando, no nosso tempo, na antiga estrada Bafatá -Nova Lamego, a cerca de 12 km, a leste de Bafatá (vd. carta de Bafatá). Hoje é Tabatô. É seguramente a mais "internacional" das tabancas da Guiné-Bissau...

Do Mamadu Baio, vamos seguramente ouvir falar mais vezes. Dele e da Sílvia, os nossos dois próximos grã-tabanqueiros. Já aceitaram o meu convite para integrar a nossa Tabanca Grande. São ambos fãs do nosso blogue. A Silvia viveu cinco anos na Guiné-Bissau, como cooperante. E o Mamadu já fala razoavelmente bem o português: nunca foi à escola, como muitos jovens guineenses...
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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11025: Agenda cultural (253): Mesa redonda: reflexões sobre o devir guineense. Auditório CIUL, Picoas Plaza, 17h45, Lisboa, 30 de Janeiro de 2013


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6720: Álbum fotográfico de João Graça (4): Uma noite memorável na terra de Kimi Djabaté, a tabanca jacanca de Tabatô


















Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Tabatô > 15/16 de Dezembro de 2009 > Músicos, homens e mulheres, da etnia minoritária jacanca (leia-se, djacanca), da famíla de Kimi Djabaté (*), tocando os seus instrumentos (balafón, kora...), experimentando os instrumentos (violino) do outro, mostrando  a sua música, oferecendo a sua hospitalidade... Uma noite memorável que emocionou o João Graça (**), médico e músico, em viagem  pelo Leste (Bambadina, Bafatá, Contuboel, Gabu...). 

O João ficou, nessa noite, na casa dos Super Camarimba,  o conhecido grupo de música afromandinga da aldeia de Tabatô, liderado por Mamadu Baio. No seu bloco de notas, o João registou (e a foto documenta...) que na casa havia uma pele de cascavel [?], de mais ou menos 7 metros, morta um mês antes. O João irá encontrar (e tocar com) os Super Camarimba, em Bissau, dois dias depois (haveremos também de publicar as fotos desse encontro)... Eles tinham acabado de participar num festival de música... 

Esperemos que o João arranje tempo para publicar aqui as suas prometidas notas de viagem, e transmitir-nos as emoções que sentiu ao ver reunir-se à sua volta 20 músicos que tocaram e cantaram, para ele,  nessa noite... Ele retribuiu essa magnífica hospitalidade tocando também, no seu violino, música do seu reportório "world music"... 

"Eles agradeceram que um músico europeu tenha vindo a Tabatô", escreveu o João no seu bloco de notas.
De facto, "o momento da viagem [à região de Bafatá] foi a recepção em Tabatô. Inicialmente o Homem Grande (o tio do Kimi Djabaté) estava a ver TV, mas o Demba [, primo do Mamadu Baio e do Kimi,]  lá o convenceu a mostrar o estaminé, à entrada da sua casa.  Era preciso meter gasolina no gerador, mais ou menos 1000 francos (cerca de 1,5 €) para amplificar as vozes. Chegaram os balafons, o kora, os djambés,  o coro feminino"...

Na sua biografia oficiosa, na sua página pessoal, em My Space / Kimi Djabaté, diz-se que Tabatô foi uma prenda do poder reinante na região, há muitos, muitos anos atrás,  aos seus antepassados, músicos ambulantes,  que vieram do Mali...e que encantaram os seus hóspedes com a sua música... Mais obscura parece ser a história da aldeia durante o período colonial... Kimi nasceu já depois da independência, em 1975, e como muitos outros meninos africanos (e portugueses...)  conheceu a dura experiência de ter um "pai e patrão"...

Kimi Djabaté, o filho mais ilustre de Tabató, viveu aqui até aos 21 anos. Na última foto, aqui publicada (a contar de cima para baixo), vê-se o chefe da aldeia, que é tio do Kimi...

(... )Kimi Djabaté was raised in Tabato, Guinea-Bissau, a village known for its griots, hereditary singer-poets whose songs of praise and tales of history and legends play an essential role in Africa's musical life.

Centuries ago, Djabaté's ancestors, a wandering troupe of musicians from Mali, traveled to the region and the king of Guinea so loved their songs he invited them to stay and offered them the territory of Tabato.

Ever since, the area has been a recognized center for music, dance, handcrafts and other creative arts. Djabaté was born into a poor but musically accomplished family in Tabato on January 20, 1975.

His parents, two brothers and his sister were all professional musicians. Recognized as a prodigy, Djabaté began playing the balafón, the African xylophone, when he was just three years old and soon after learned to play many other traditional instruments. As a pre-teen he was sent to the neighboring village of Sonako to study the kora, which provided a foundation for subsequent accomplishments as a guitarist.

As his musicianship developed, Djabaté also mastered a wide variety of traditional drums and other percussion instruments. Music was not a past time or a hobby for the young Djabaté, however, and from a very young age he was obliged to contribute to the family's income by performing at weddings and baptism ceremonies.

Djabaté's early talents proved both a gift and a burden, as his family often forced him to sing and dance against his will, and he had little time to partake in the carefree fun and games of other children his age.

Djabaté's parents as well as his uncle, provided the young phenom with excellent training in traditional Mandingo music, but Djabaté was also interested in popular African genres such as the local dance music style gumbé, Nigerian Afrobeat, Cape Verdean morna, not to mention western jazz and blues.

In 1994, Djabaté toured Europe as a member of the national music and dance ensemble of Guinea-Bissau, and he decided to settle in Lisbon, Portugal. Djabaté's move to Europe proved to be one of the most difficult experiences of his life, and he faced many personal challenges adapting to a different culture and society. (...)



O cantor, guitarrista e exímio tocador de balafón [xilofone africano), vive em Portugal desde 1994. Próximos concertos do Kimi Djabaté (façam o favor de divulgar):

16 de Julho de 2010, 21h00 > Tom de Festa, ACERT, Tondela
30 de Jullho de 2010, 18h00 > Sines - Festival de Músicas do Mundo, Castelo de Sines, Sines
5 de Agosto de 2010, 21h30 > Festival Sons do Atlântico, Lagoa, Algarve
4 de Setembro de 2010, 21h30 > Festa do Avante, Seixal

Fonte: http://www.myspace.com/kimidjabate

Comprem o último álbum dele, saído em Julho de 2009, Karam (Educação, em mandinga), sob a prestigiada etiqueta norte-americana Cumbancha. É obrigatório comprar e ouvir muitas vezes... Um cheirinho (da sua música e da nossa querida Guiné...) pode ser sentido aqui:


Um dos músicos que toca com ele, é o Braima Galissá, o mestre do kora, já diversas vezes referido no nosso blogue. São dois grandes nomes da música e da cultura da Guiné-Bissau de hoje. (LG)

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