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terça-feira, 10 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21531: Casos: a verdade sobre... (14): as razões da retirada de Madina do Boé em 6 de fevereiro de 1969... Já oito meses antes, em 8 de junho de 1968, havia saído uma Directiva do Comando-Chefe da Guiné para a transferência da unidade ali estacionada, a CCAÇ 1790, comandada pelo cap inf José Aparício


Fotigrama nº 1


Fotograma nº 2

 

Fotograma nº 3


Fotograma nº 4


Fotograma nº 5

Fotogramas do filme "Madina Boe" (Cuba, 1968, 38'), do realizador José Massip (1926-2014), obtidas a partir da função "print screening" do teclado do PC e da visualização de um vídeo. de menor duração (28' 22'') , disponibilizado no You Tube, na conta "José Massip Isalgué".  

O documentário (ou excertos) foi carregado no You Tube no dia da morte do cineasta (ocorrida em Havana, em 9/2/2014). 

O documentário chama-se "Amílcar Cabral" (e pode ser aqui visualizado): é narrado em espanhol, tem subtítulos em espanhol, mas também pequenos diálogos em crioulo e em português (por ex., com o médico dr. Mário Pádua, angolano branco, oficial do exército português, de que desertou, tendo saído de Angola para se juntar mais tarde ao PAIGC). 

Possivelmente o documentário do You Tube baseia-se em grande parte na média metragem "Madina Boé", mas parece estar amputado da parte final, incuindo a ficha técnica. (Faltam-lhe cerca de 10').

Esta média metragem, "Madina Boé" (1968),  foi  financiado pelo Instituto Cubano de Arte e Industria Cinematográficas, de que o José Massip foi cofundador, e pela Organização de Solidariedade com os Povos da Ásia, África e América Latina. O documentário retrata a organização do  PAIGC na região do Boé, e o quotidiano dos seus guerrilheiros. O Boé
é considerado como "área libertada". 
 
O cineasta José Massip e o operador de câmara Dervis Pastor Espinosa  estiveram no Boé em março e abril de 1967,  pelo que as imagens do  ataque ao quartel de Madina do Boé em 10 de novembro de 1966 (, trágico para o PAIGC, com a morte de Domingos Ramos e outros militantes) só podem ser de arquivo e, nessa medida, são (ou podem parecer) um embuste: a verdade sobre o que se passou nesse dia trágico foi pura e simplesmente ignorada ou escamoteada.

Sabe-se que em março-abril de 1967,  a equipa cubana não filmou nenhuma cena de guerra, alegadamente por razões de segurança. As imagens de guerra que foram incorporadas no filme terão sido obtidas por outra equipa cubana, que estava no terreno em 10 de novembro de 1966, o que ainda está por esclarecer. (Já fizemos referência à operadora de câmara argentina Isabel Larguia, que estava ao lado do guineense Domingos Ramos e do cubano Ulises Estrada) (**)

O filme foi estreado entre nós no doclisboa'16, em 24 de outubro e 2016, às  15h30, na Cinemateca Nacional, Sala M. F. Ribeiro.  Sinopse que vinha no programa, e que não deixa de ser reveladora de alguma ingenuidade dos organizadores.

"Filmado nas áreas libertadas [sic] da Guiné-Bissau, durante a sua guerra de libertação de Portugal, o filme segue o Exército Popular para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, documentando a educação política dos combatentes, as técnicas de guerrilha e o treino físico."  

De resto, tanto Cuba como  PAIGC mantiveram inicialmente em segredo a "ajuda estrangeira" em conselheiros, médicos e combatentes cubanos... No filme não aparecem combatentes estrangeiros, a não ser o médico Mário Pádua, de costas (que diz no filme: "eu sou um médico português antifascista e anticolonialista"... e acrescenta: a guerra que aqui se trava não é do povo guineense contra o povo português mas contra um regime político fascista...)

O filme do José Massip foi várias vezes premiado (. nomeadamente em países do chamado bloco soviético), passou na televisão cubana mas não obteve grande entusiasmo  da crítica interna. Há cenas no filme que não terão agradado ao regime de Fidel Castro, Em contrapartida, foi muito útil à propaganda do PAIGC. Amílcar Cabral era hábil, a explorar, no plano mediático e diplomático, testemunhos como este que devem ter seduzido, por exemplo, os suecos do partido de Olof Palme.

 Legendas: 

Fotograma nº 1 > Amícar Cabral cambando o rio Corubal,  acenando para uma das margens.

Fotograma nº 2 > As colinas do Boé

Fotograma nº 3 > Aspecto do aquartelamento de Madina do Boé (que José Massip chama "base"), vista seguramente obtida de teleobjetiva: vê-se um militar português, junto a duas dificações de alvenaria, abrigos e valas protegidoes por bidões cheios de terra.

Fotograma nº 4 >  Aspeto parcial de Madina, com algumas moranças da milícia ou guias locais ao serviço do exército potuguês. Imagem obtida seguramente por uma teleobjetiva, a partir de uma colina.

Fotograma nº 5 > Disparo de canhão s/r contra Madina do Boé [ possivelmente em 1o de novembro de 1966]

Reprodução, edição e legendagem, com a devida vénia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)



Foto nº 1 > O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança à travessia do Rio Corunal, em Cheche, que se fazia através de um  jangada. 



Foto nº 2 > O Manuel Coelho dentro da jangada com um guineense, que tanto pode ser milícia como militar do destacamento de Cheche... Ambos ajudam a segurar o cabo (ou a corda) ao longo do qual se desloca a jangada (que também tinha um pequeno motor auxiliar)...


Foto nº 3 > A jangada que se começa a deslocar da outra margem (Cheche), seguindo o cabo, esticado de um lado a outro... No ancoradouro, é visível uma segunda jangada.


Guiné > Região de Gabu > Sector de  Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68) > 1967 > 

 O Manuel Coelho, fur mil trms,  com uma secção, montando segurança à jangada que fazia a travessia do Rio Corubal em Cheche (Foro nº 1). Ou puxando a corda que ligava as duas margens e ajudava deslocar a jangada (que tinha um pequeno motor auxiliar) (Fotos nºs 2 e 3)... Uma operação rotineira, ao lomgo de anos, de permanência das NT em Madina do Boé, até ao fatídico dia 6 de fevereiro de 1969, o da retirada do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento de Cheche (Op Mabecos Bravios).

Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Junho, 8 [1968] - Directiva do Comando-Chefe da Guiné para a transferência da unidade estacionada em Madina do Boé

Devido à sua localização, cercada de elevações de terreno {, as famosas "colinas do Boé", contrafortes do Futa Jalom, na Guiné-Conacri], Madina do Boé era considerada a Dien-Bien-Phu portuguesa-

A guarnição militar, uma companhia do Exército, reforçada com artilharia, era frequentemente atacada e vivia dentro de abrigos, sem capacidade para outra actividade  operacional que não fosse garantir o seu reabastecimento.

Não existia qualquer interesse operacional em manter ali uma guarnição, não existiam populações locais que fosse necessário enquadrar ou proteger, pelo que a manutenção de uma unidade em Madina do Boé resultava apenas do preconceito que sair podia ser visto como uma derrota.

A ordem de Spínola para abandonar a guarnição resultava da sua visão pragmática de fazer a guerra  e era reveladora do seu conceito de manobra, decididamente orientada para a conquista das populações. Abandonava terreno  desabitado e  libertava uma unidade que podia colocar numa zona de maior interesse.

In: Carlos de Matos  Gomes e Aniceto Afonso - Os anos da guerra colonial, vol 9: 1968 - Continuar o regime e o império. Matosinhos, QuidNovi, 2009, pp. 52-53.

[Nota do editor LG: a última companhia a guarnecer Madina do Boé, a CCAÇ 1790, não dispunha de artilharia p.d., mas apenas de morteiro 81 e canhão s/r, que são armas pesadas de infantaria]


2. Era também essa a opinião do comandante da Op Mabecos Bravios, destinada a assegurar a retirada de Madina do Boé, o cor inf Hélio Felgas [, do Comando de Agrupamento nº 2957, Bafatá, 1968/70], reformado com o posto de major general, e falecido em 2008.
 

O Paulo Raposo, ex-alf mil da CCAÇ 2405 (Galomaro e Dulombi, 1968/70), membro da primeira hora da nossa Tabanca Grande, organizador do nosso I Encontro Nacional, na Ameira, Montemor-o-Novo, em 2006, mandou-me, em devido tempo, uma fotocópia de um depoimento do então Brigadeiro Hélio Felgas, sobre a trágica retirada de Madina do Boé.

Se não erro,  esse depoimento terá sido escrito em 1995, a pedido dos "baixinhos de Dulombi", os ex-alf mil Rui Felício, Paulo Raposo, Jorge Rijo, Victor David e , e demais pessoal da CCAÇ 2405, a unidade que perdeu 17 homens na travessia do Rio Corubal, em Cheche, 6 de Fevereiro de 1969. Só o Rui Felício perdeu 11 homens do seu Grupo de Combate. (As restantes vítimas mortais, 29,  foram da CCAÇ 1790.)

Desse documento  ("A retirada de Madina do Boé", até então inédito, publicado por nós em 2008)(*), retiramos alguns excertos em que o Hélio Felgas avança com as razões que levaram à retirada de Madina do Boé (e, consequentemente, ao lançamento da Op Mabecos Bravios). 

Enfim, são mais dois contributos para se esclarecer a verdade que está por detrás da retirada de Madina do Boé, rapidamente transformada pela propaganda do PAIGC em  grande vitória militar... e "trunfo diplomático"  (***)
 
2. A retirada de Madina do Boé (excertos)


pelo Brigadeiro Hélio Felgas  (1995)

[Digitalização, fixação e revisão do texto e subtítulos: L.G.]


Todo o sudeste da Guiné, ao sul do rio Corubal, era uma região praticamente despovoada onde só havia dois postos administrativos: Beli e Madina do Boé.


(i) Um ponto sem valor estratégico

Já antes de, em 1968, eu ter assumido o comando do sector Leste [, Agrupamento nº 2957, com sede em Bafatá], Beli fora abandonado [, em 15 de julho de 1968]. O pelotão que aí se encontrava fora transferido para Madina, completando a companhia aí instalada [, CCAÇ 1790, comandanda pelo cap inf José Aparício].

Madina fica a cerca de 5 quilómetros da República da Guiné-Conacri. Não tinha qualquer população civil e só dispunha de um ou dois pequenos edifícios. Nem ruas tinha. Havia sido apenas uma minúscula tabanca (aldeia nativa), sem importância de qualquer espécie.

À medida que o PAIGC aumentava o seu poder de fogo com morteiros pesados e artilharia, os bombardeamentos e flagelações a Madina, executados em geral a partir do lado de lá da fronteira, passaram a ser quase diários.

Por isso a guarnição dormia em abrigos, escavados 4 ou 5 metros abaixo do nível do solo. Muitas vezes os bombardeamentos nada destruíam, caindo os obuses e granadas fora do perímetro do aquartelamento. Mas outras vezes causavam estragos e baixas que, em caso de necessidade, eram evacuadas de helicóptero para o hospital militar de Bissau.


(ii) A rotina dos bombardeamentos e flagelações

Apesar desta situação certamente pouco agradável, o moral da guarnição era levado. Lembro-me da primeira vez em que fui pernoitar a Madina. Pouco antes do anoitecer comecei a ouvir os soldados à porta dos seus abrigos gritando “Está na hora! Está na hora!”. 

O comandante da Companhia elucidou-me que era a altura de o PAIGC começar o usual bombardeamento e os homens já tomavam aquilo como uma brincadeira, habituados como estavam ao estrondo do rebentamento das granadas. Por acaso nesse dia as granadas só de madrugada caíram e não causaram baixas nem prejuízos.

Claro que a nossa guarnição respondia com morteiros e com canhão sem recuo e toda a gente estava sempre preparada para disparar a curta distância do arame farpado. Que eu saiba, porém, nunca o adversário tentou assaltar o aquartelamento.

Na manhã seguinte um destacamento saía do recinto e percorria os arredores procurando descobrir o local de onde teria sido feita a flagelação. Umas vezes tinha êxito e o local era cuidadosamente assinalado nas nossas cartas de tiro. Mas outras vezes nada se descobria pela simples razão de o bombardeamento ter sido feito a partir do território da Guiné-Conacri e os nossos militares cumprirem escrupulosamente a ordem que tinham de não atravessar a fronteira.

As viaturas da Companhia encontravam-se dispersas pela área do aquartelamento, em especial junto às árvores para melhor protecção. E até ao princípio de 1969 havia algum gado para consumo do pessoal. O último boi foi porém abatido por uma granada do PAIGC e a isso se referia com certo humor o relatório-rádio do comando local, confirmando assim o bom moral da unidade.

(iii) Missão: defender-se a si próprio!


De qualquer forma, tornou-se pouco a pouco evidente a inutilidade da presença de uma Companhia em Madina.

A tropa estava na Guiné para defender a população civil que nos era afecta, tentando suster o seu compulsivo aliciamento pelos guerrilheiros do PAIGC vindos do Senegal, a norte, ou da Guiné-Conacri, a sul e a leste. Procurava também evitar ou dificultar a penetração desses guerrilheiros em território então considerado nacional. E pretendia ainda impedir a destruição das estruturas económicas e administrativas: pontes, estradas, edifícios, etc.

Ora em Madina e em todo o sudeste guineense a sul do rio Corubal, não havia população alguma. Não havia estruturas de qualquer importância. E a fronteira era totalmente permeável em dezenas de quilómetros.

Então, se a tropa não estava a proteger qualquer ponte nem qualquer tabanca e não tinha a menor possibilidade de impedir penetrações territoriais, o que é que estava a fazer em Madina ?

A resposta era simples: a Companhia de Madina estava lá “para se defender a si própria”! Quando, afinal, fazia tanta falta em outros pontos da Guiné!

Por outro lado, ponderou-se também a possibilidade de o PAIGC aproveitar uma possível evacuação de Madina pelas nossas tropas, para declarar a região como “libertada”.

Mas isso podia o PAIGC fazer em qualquer outro ponto, do imenso sudeste guineense. Na zona de Beli, por exemplo, que nós abandonámos havia muito tempo e onde nunca íamos por falta de objectivo.

Aliás, mesmo com a Companhia em Madina, o PAIGC podia declarar o sudeste guineense uma “zona libertada” e até lá levar jornalistas estrangeiros, como parece que fez. (...) (*)




 
Major General Hélio Esteves Felgas (1920-2008): duas comissões na Guiné, um dos militares portugueses da sua geração mais condecorados, autor de dezenas de livros e artigos sobre a "luta contra o terrorismo", a guerra ultramarina... Comparou a Guiné ao Vietname. Também considerava que a solução para a Guiné não era militar mas política... Foi, todavia, um crítico de Spínola que lhe terá roubado, entretanto, a ideia dos reordenamentos (aldeias estratégicas). Um oficial intelectualmente brilhante mas controverso, dizem alguns dos seus pares, mais novos.

Condecorado com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, em 1970, foi passado compulsivamente à reserva, a seguir ao 25 de Abril de 1974. (Estava m Angola nessa altura; e sempre se considerou vítima de um saneamento político-militar.)

Foto gentilmente cedida pela filha, dra. Helena Felgas, advogada, colega e amiga do nosso camarada Jorge Cabral, e com quem estive no funeral do pai (*) (LG)

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

25 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2984: Op Mabecos Bravios: a retirada de Madina do Boé e o desastre de Cheche (Maj Gen Hélio Felgas † )

24 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2980: In Memoriam (5): Morreu ontem o Major General Hélio Felgas, antigo comandante do Agrupamento nº 2957, Bafatá (1968/69)

(**) Vd. poste de 3 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21510: FAP (122): A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustrada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - Parte I (José Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19506: Fotos à procura de... uma legenda (113): Onde é que estava o fotógrafo, há mais de 50 anos, num dia qualquer de novembro de 1967, a 30 km de Gabu-Sará (Nova Lamego),a 60 km de Piche, a 90 km de Canquelifá e a 55 km de Cabuca ?



Região de Gabu > Novembro de 1967 > Sinaliação de trânsito: placa de confirmação de localidades  e distâncias quilométricas. O autor (à direita) não sabe  o local onde foi tirada a foto.  à esquerda com o soldado condutor Pita, numa saída para algum sítio. Pelas distâncias indicadas, estes dois camaradas estavam s 30 km de Nova Lamego.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > c. set/out 1967 > Tabuleta com as indicações das distâncias, para Sul, Norte e Leste, localizada numa das saídas / entradas de Nova Lamego. Bafatá para sudoeste a mais longa, com 53 kms, e temos de juntar mais cerca de 60 dali até ao porto fluvial e depósito da Intendência em Bambadinca

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné- Bissau > Região de Gabu > Maio de 2016 > Piche, entre Gabu (a 30 km a oeste) e Buruntuma (a 37 km, a nordeste, na fronteira com a Guiné-Conacri. Canquelifá, mais a norte, fica a 30 km.

[Vd. poste de 31 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16151: Revisitando o "chão fula", e ligando o passado com o futuro (Patrício Ribeiro, Impar Lda) - Parte II: Piche]

Foto (e legena): © Patrício Ribeiro (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar]: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Contuboel > Centro de Instrução Militar de Contuboel > CCAÇ 2479 / CART 11 (1968/69) > Um instruendo, de etnia fula, cuja identificação se desconhece... A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Saré Bacar (39 km), Farim (96 km)...

Contuboel chegou a funcionar como importante centro de instrução militar, no início da política da africanização do Exército Português, no 1º semestre de 1969. Em data que não posso precisar, esse centro acabou por ser transferido para a ilha de Bolama, aparentemente mais segura. Em junho de 1969, Contuboel era descrita como um "oásis de paz", pelo nosso editor Luís Graça e nela dava-se formação às futuras CCAÇ 11 e 12 e a um grupo de combate da futura CCAÇ 14.

Foto ( e legeenda) © Renato Monteiro (2007).  Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1968 > Um periquito do coração da Guiné, o Alf Mil Raposo, da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (1968/70),  junto à placa toponímica que indivaca as localidades mais próximas: para oeste, Nhacra (a 28 km), Bissau (a 49 km)...; para leste, Enxalé (a 50 km), Bambadinca (a 65 km), Bafatá (a 93 km)...

Foto (e legenda) ©  Paulo Lage Raposo (2007).  Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCAÇ 413 (1963/65) >  Foto reproduzida com a devida vénia do livro "Nos celeiros da Guiné",  de Albano Dias Costa e José Sá-Chaves (Lisboa: Chiado Editioar, 2015)


Guiné > Região do Oio > Mansoa > Jugudul > 1969 > O alf Mil Aires Ferreira, em Jugudul, a 4 Km de Mansoa, na estrada Bissau-Bafatá. A placa quilométrica assinalava as distâncias para os principais povoações, a leste de Mansoa/Jugudul: Bindoro: 10 km; Porto Gole: 25 km; Enxalé: 47 km; Bambadinca: 62 km; Bafatá: 90km... O troço estava interdito, nessa altura, pelo menos até Porto Gole...e daqui até Bafatá. Um estrada, alcatroada, esteve em construção, até Bambadinca, nos últimos anos da guerra.

Foto (e legenda) ©  Aires Ferreira  (2006).  Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Onde é que estava o fotógrafo, no caso da primeira foto de cima, da autoria do Virgílio Teixeira ? 

Ele já não se lembra da localização exata...  Vamos ajudá-lo a melhor legendar a foto... Sabemos que foi em novembro de 1967, na região de Gabu... Nesse ponto exato, ele e o seu companheiro, o condutor da viatura, extavam a:

30 km de Gabu Sará (mais tarde, passou a chamar-se Nova Lamego);
60 km de Piche;
90 km de Canquelifá;
97 km de Buruntuma;
55 km de Cabuca;
(?) km de Madina do Boé [, o carregador da G3 parece ter tapado essa informação; de qualquer modo de Nova Lamego a Madina do Boé eram 65 km]

Ver aqui o mapa da província da Guiné (1957), à escala de 1/500 mil...

De qualquer modo, este "sinal de confirmação" das localidades mais próximas e da sua distância quilométrica, devia estar, não no meio do mato, mas numa locadalidade relativamente importante (sede de circunscrição, posto administrativo, etc.).

Contamos com mais pistas a fornecer pelos nossos queridos leitores...


2. Já agora voltam a reproduzir-se mais algumas fotos, do nosso blogue, semelhantes, de diferentes regiões: Gabu, Bafatá, Oio...

Não tenho a certeza, mas não deverá haver imagens com  sinais destes no sul da Guiné, no nosso tempo: região de Quínara e região de Tombali... Talvez por causa da guerra... Devem ter sido destruídos logo no início, tal como os postes de telefone e de telegrafia, as pontes, os pontões...

Não é preciso lembrar que a "nossa Guiné", até ao "consulado" do Spínola (1968-1973), tinha uma muito rudimentar rede rodoviária... As estradas eram "picadas", e o sistema de sinalização do trânsito  estava em conformidade com a rede rodoviária... Boa parte dos transportes (de Bissau, para o interior, o Norte, o Centro e o Sul) fazia-se de barco... As estradas ficavam intransitáveis na época das chuvas, de maio a outubro...

No nosso sistema de sinalização rodoviária, estes sinais (que não podem ser confundidos com "narcos quilométricos" ou "placas toponomicas") parece que se chamam "sinais de confirmação", (art. 40º do regulamento de sinalização do trânsito, Decreto Regulamentar n.o 22-A/98 de 1 de Outubro):

(...) L1 — sinal de confirmação: este sinal deve conter a identificação da estrada em que está colocado, bem como a indicação dos destinos e respectivas distâncias servidos directa ou indirectamente pelo itinerário, inscritos de cima para baixo, por ordem crescente das mesmas distâncias. Os destinos não directamente servidos pelo itinerário, bem como a distância a que se situam, devem ser inscritos entre parêntesis. (...) 

Um exemplo de um sinal de confirmação
________________

Nota do editor:

Último poste da série > 13 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19493: Fotos à procura de... uma legenda (112) : Messe improvisada numa ponte em 26 de janeiro de 1968... Foto do Arquivo Mário Soares... Serão fuzileiros ? Que ponte seria esta ? (Jorge Araújo)

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

uiné 61/74 - P18287: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIV: o dia em que eu queria ir de motorizada, de Bissau a Mansoa... e a Mansabá!



Foto nº 3 A > Guiné 61/74  > Região de Bissau > Bissau >  CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > O alf mil SAM Virgílio Teixeira,  de motorizada às portas de Bissau, na estrada para o aeroporo de Bissalanca


Foto nº 3 > Guiné 61/74  > Região de Bissau > Bissau >  CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > O alf mil SAM Virgíluio Teixeira,  de motorizada às portas de Bissau, na estrada para o aeroporo de Bissalanca


Foto nº 1 A > Guiné 61/74  > Região de Bissau >  CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > Safim > O alf mil SAM Virgílio Teixeira de motorizada, em Safim, a caminmho de Nhracra e Mansoa.


Foto nº 1  > Guiné 61/74  > Região de Bissau >  CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > Safim >  O alf mil SAM Virgílio Teixeira de motorizada, em Safim, a caminmho de Nhracra e Mansoa.



 Foto nº 2 A   > Guiné 61/74  > Região de Bissau >  CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > Safim > O alf mil SAM Virgílio Teixeira, na esplanada.


Foto nº 2  > Guiné 61/74  > Região de Bissau > CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > Safim > O alf mil SAM Virgílio Teixeira na esplanada.


 Foto nº 21  > Guiné 61/74  > Região de Bissau > CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > O alf mil SAM Virgílio Teixeira de motorizada, em Safim, a caminho de Nhacra.


Foto nº 21 A  > Guiné 61/74  > Região de Bissau > Bissau >  CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > O alf mil SAM Virgílio, Teixeira de motorizada, em Safim, a caminmho de Nhacra.


 Foto nº 4  > Guiné 61/74  > Região de Bissau > CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 >  Safim > O alf mil SAM Virgílio, Teixeira de motorizada,  na estrada de Safim-Nhacra-Bula.



Foto nº 4A>  > Guiné 61/74  > Região de Bissau > CCS/BCAÇ 1933 ( Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > Safim > O alf mil SAM Virgílio, Teixeira de motorizada,  na estrada de Nhacra-Bula. Placas à esquerda indicando: (i) Bula; e (ii) Poto João Landim.

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Carta geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Bissau e povoaçõs a norte: Safim, Landinm, Bula; Nhacra, Mansoa, Mansabá...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)



I. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado [, foto atual à direita].


Mensagem de 29 de janeiro último:

Caros amigos Luís Graça e Carlos Vinhal:

Agora lembrei-me, após ver que vocês andaram por Mansabá {, io Carlos Vinhal,] e Bambadinca ], o Luís Graça,] , e aproveitando este dia de sol, fui pesquisar nas muitas fotos que tenho já digitalizadas, mas faltam a maioria delas ainda. Saquei algumas das viagens que queria fazer até Mansoa e Mansabá, que são estas o objectivo destes postes, e vou enviar já algumas, para recordar essas datas.

Vou ver se consigo ainda enviar as viagens, ou seja, 'os cruzeiros azuis do Douro' , uma no Rio Geba acima em 4 de outubro de 1967 quando fomos para Nova Lamego e fizemos o transbordo dos barcos para os camiões da coluna militar que nos levou até ao destino, depois tenho outras em 26 de fevereiro de 1968 no regresso e pelos mesmos caminhos, e mais tarde, finais de março de 68, Rio Cacheu acima até São Domingos. Foram também o meu Baptismo de andar de barco fluvial, depois nunca mais parei.

Vai junto a este email uma descrição sintética, e algumas fotos, falta a maioria que a seu tempo enviarei para publicação.

Um abraço,

Ab,

Virgilio


Guiné > Região do Òio > Mansoa > 1968 > CCAÇ 2405 (1968/70) > O Alf Mil Inf Paulo Raposo, membro sénior da nossa Tabanca Grande, junto à placa toponímica que indicava as localidades mais próximas: para oeste e sudoeste, Encheia (a 18 km), Nhacra (a 28 km), Bissau (a 49 km)...; para leste sudeste e nordeste:  Porto Gole ( a 28 km), Enxalé (a 50 km), Bambadinca (a 65 km), Bafatá (a 93 km)...

Foto (e legenda): © Paulo Raposo (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


II. Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira >  O dia em que queria ir a Mansoa e Mansabá de motorizada

Anotações:

Um dia de Domingo estava em Bissau, e como muitas vezes fazia era ir até Safim, havia lá uma esplanada que servia bom camarão e ostras, depois seguia para Nhacra para ir até à Piscina, tinha lá uma Companhia de Cavalaria, não me lembro o número.

Umas vezes ia acompanhado na mesma motorizada, outras vezes fomos dois, cada um na sua motorizada, ambas minhas, mas em geral ia sozinho, quando não havia mais ninguém.

Assim foi um dia, talvez em 11-03-68, tinha uma obsessão por Mansoa e Mansaba, então vou feito tolo sozinho, depósito cheio, na minha motorizada, ou Honda ou Peugeot, ambas só de dar gás, não havia mudanças.

Saia de Bissau, em direcção a Bissalanca, depois continuava até Safim, ainda se viam alguns veículos civis ou militares, mas poucos, a estrada era asfaltada, mas só Tabanca de um lado e de outro. Após o petisco em Safim, lá fui em direcção a Nhacra, dei uns saltos, tenho imensas fotos destas aventuras, mas estão no lote de mais umas 500 fotos a digitalizar, mais tarde faço essa reportagem, depois de as numerar e legendar, para já tenho apenas estas disponíveis.

Mas como devia estar com níveis alcoólicos elevados, resolvi que tinha de ir até Mansoa, o meu objectivo era Mansaba, tinha isso na mente, era o nome que me chamava a atenção.

Meti-me à estrada até à Ponte sobre o Rio Mansoa, João Landim salvo erro. Para passar na jangada, porque a ponte estava inoperacional, tive de dizer à tropa para onde ia, quem era e o que ia fazer. Expliquei-lhes, estava à civil e sem documentação, não valeu nada explicar, porque me mandaram para trás, dali para a frente só com segurança ou em coluna militar.

Ainda tentei mais tarde, mas só após voltar a ver as fotos vou saber ao certo, por agora não me lembro, e não vou inventar.

Mas nunca cheguei até Mansabá, nem Mansoa, fiquei perto, porque fui interceptado na estrada e mandado regressar a Bissau.

Diziam,  e com razão, que eu devia estar pirado da cabeça.

As fotos, poucas, não dizem muito. Umas em Safim, outras em Nhacra e outra em Bissau.

Virgílio Teixeira

Em, 29-01-2018

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15138: O nosso querido mês de férias (1): Maio de 1969: nessa altura o bilhete de ida e volta, na TAP, custava 4 mil escudos (Paulo Raposo, ex-alf mil Inf, MA, CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, Galomaro e Dulombi, 1968/70)

1. Testemunho de Paulo Raposo (ex-alf mil inf, com a especialidade de minas e armadilhas, da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, Galomaro e Dulombi, 1968/70) (*)

Extractos de: Raposo, P. E. L. (1997) - O meu testemunho e visão da guerra de África.[Montemor-o-Novo, Herdade da Ameira]. Documento policopiado. Dezembro de 1997, pp. 31-35.(*)

[O Paulo Raposo com o pai, no Grande Hotel, em Bissau, numas miniférias; em maio de 1969, foi a vez do filho ir a Lisboa gozar sua licença de 30 dias]



FÉRIAS EM MAIO DE 1969

por Paulo Raposo


E chegou a altura das minhas férias. Eu recebia ao todo 6.600$00, dos quais ficava na Guiné com 2.200$00, e ainda me sobrava dinheiro pois não havia onde gastar. Os restantes 4.400$00 ficavam em Lisboa e o meu pai ia levantá-los à Estefânia. Nessa altura, o bilhete de ida e volta a Lisboa, na TAP custava 4.000$00 (**).

Pedi dinheiro ao meu pai, fiz a marcação das passagens, no Sr. Palma, o representante da TAP, em Bissau. De Bafatá para Lisboa fui na TAG [Transportes Aéreos da Guiné]. Ainda na pista e antes de embarcarmos no Heron, diz-me um rapaz que também seguia para Bissau, que aquele avião embora de alta segurança e usado para transporte do Eisenhower durante a guerra, tinha grande turbulência, mesmo com céu limpo. Julguei que ele brincava. Disse-me depois que era da PIDE. Mas era verdade. De Bafatá para Bissau, aquele avião parecia um canguru.

Chegado a Bissau, instalei-me no Grande Hotel para no dia seguinte, de madrugada, apanhar o avião para Lisboa. Com a excitação das férias, nada dormi naquela noite. De madrugada, levantei-me e tomei um táxi para o aeroporto de Biassalanca.

Conforme disse atrás, a TAP só ia a Bissau duas vezes por semana. Quando ia, era o dia do São Boeing. Toda a gente que prestava serviço em Bissau ia ver o avião, para ver quem chegava e quem partia, e encher os olhos com as meninas da TAP.

Já sentadinhos no Boeing 727, voámos para Lisboa. O voo durou 4 horas que nunca mais passavam. A alegria e a excitação eram tantas, que a bordo fechavam o bar. Vim a saber depois que isto era hábito especialmente nos voos da Guiné.

Curiosamente, depois do bar ter fechado, nós que já estávamos um bocado apanhados pelo clima, continuávamos a tocar nas campainhas do avião, mas sem sucesso.

Nesta altura dirijo-me ao que eu julgava ser um comissário, e digo-lhe que não são formas de tratar o pessoal que estava no buraco. Era o co-piloto, o Ricardo Silva Pires, e caímos nos braços um do outro. Hoje é um prestigiado comandante da TAP. Eu vivi até aos meus 10 anos na Rua João Penha, em Lisboa, e ele vivia mesmo do outro lado da rua. Chegava-se a casa dele através de umas escadinhas, onde julgo que hoje há um bar. Todos os dias o pai dele, que trabalhava na Papelaria Fernandes, nos levava para o Liceu Pedro Nunes.

Depois de dormitar um pouco para pôr em ordem o equilíbrio, chegámos por fim a Lisboa. Passada a alfândega, depois de termos escondido as garrafas de whisky, que custavam 75$00 na Guiné, lá estava toda a família e os amigos. Naquele tempo era assim. Menciono apenas alguns, a família Albarraque, Cardoso de Oliveira, Campos Rodrigues e Palma Carlos.

Meu pai mostrou-me o relógio dele. Desde a sua estada na Guiné ainda não tinha mudado as horas do relógio. Ainda não se tinha desligado da sua estadia em Bissau. Foi uma grande alegria ir para casa, tomar banho, dormir na minha cama, comprar o jornal, que subira de preço, para 1$50, e poder sair à rua sem perigo. Foram quatro semanas estupendas passadas no mês de Maio.

A 5.ª e última semana já não sabia ao mesmo. Comecei a contar os dias e novamente recomeçava a ansiedade. No princípio de Junho, à 1 da manhã, regressei no mesmo avião da TAP.

Durante estas férias morre a minha avó Ana, que vivia connosco. Parece que esteve à minha espera. Era uma Senhora muito especial, não sabia dizer mal de ninguém. Embora tivesse ficado privada de sair por efeito de uma trombose que tinha tido, tinha o quarto sempre repleto de visitas. Sempre foi assim toda a vida.

No aeroporto outra vez as despedidas, mas já não íamos para o desconhecido, já sabíamos o que nos esperava. De novo a família e os amigos de sempre a despedirem-se de nós. Vim a saber que depois de eu entrar para o avião, pois naquela altura assistia-se a tudo do varandim do 1.º andar do aeroporto, o meu pai ficou agarrado a uma coluna, a chorar como uma criança.

A viagem de regresso nada tinha de alegre. Dormi até chegarmos a Cabo Verde, de madrugada, para uma escala do avião. Comandava o avião o comandante Simões, visita de sempre da família amiga Simões de Almeida e Palma Carlos, relações que já vinham do tempo dos meus avós.
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Notas do editor:

(*) Excerto do poste de 21 de junho de 2006 > Guiné 63/74 - P889: O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 1968/70) (11): Férias em Portugal

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14516: Os nossos encontros e desencontros (1): Ameira, 14 de outubro de 2006: (i) um belo momento de fraternidade que me foi dado viver (Jorge Cabral); (ii) não conhecia ninguém mas senti-me como se todos me fossem familiares (J. Casimiro Carvalho); (iii) o reencontro de um geração valorosa (Rui Felício); (iv) fez-me bem à alma (Fernando Franco)



Montemor-O-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de Outubro de 2006 > Um momento de fraternidade, pensa (e sente) o Jorge Cabral, em primeiro plano, tendo à sua direita o nosso baladeiro de Bambadinca (1969/71), e hoje fadista amador, o Zé Luís Vacas de Carvalho, comandante do Pel Rec Daimler 2206. 

De pé, afinando as gargantas ou cantando ao desafio, outras duas grandes aves canoras: o Fernando Calado e o Manuel Lema Santos, o exército e a marinha de braço dado... O fotógrafo que estava de serviço apanhou o flagrante, era o David Guimarães, radiante, felicíssimo...

Foto: © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados.


1. E sobre este momento, o nosso I Encontro Nacional, escreveu o "alfero Cabral": 

(...) "Também eu quero testemunhar o quanto me senti feliz, no nosso almoço na Ameira, o qual consubstanciou o mais belo momento de Fraternidade, que me foi dado viver. Sim, estamos todos unidos pela fortíssima corrente da Solidariedade. Aprendemos na Guerra a partilhar alegrias e tristezas e a compreender o Outro. Nunca estivemos sós porque contámos sempre com o ombro do Camarada Amigo. É disso que sentimos saudades!" (...)

O nosso "ranger" J. Casimiro Carvalho, "herói de Gadamael",  escreveu o seguinte (**): 

(...) "Não conhecia ninguém mas senti-me como se todos me fossem familiares... Que sensação tão boa, indescritível, senti-me como peixe na água e as senhoras então... sempre interessadas e atentas... Fiquei muito comovido quando uma delas leu o meu texto que pus à disposição, na mesa, e a seguir as lágrimas lhe correram pela cara, como se a história fosse de um seu familiar muito próximo... Bonito !!!" (...) 

Por sua vez, o Rui Felício (ex-alf mil, CCAÇ 2405, Mansoa, Galomaro e Dulombi, 1968/70, tal como o Paulo Raposo e o Victor David), referiu-se ao nosso econtro nestes termos (***): 

(...) uma jornada inesquecível, [que] só foi possível porque existe o blogue que tu criaste e que, com tanto trabalho e mérito, vais gerindo, coordenando e engrandecendo. (...) Sou dos que naquela época era contra a guerra, mas nunca confundi isso com o dever de a fazer o melhor e mais profissionalmente que me fosse possível, quanto mais não fosse para garantir aos soldados à minha responsabilidade o regresso a casa, sãos e salvos. (...).

Refira-se por fim mais um depoimento, a título ilustrativo, o do Fernando Franco (****)

(...) Andava mesmo a precisar deste encontro, em que muitos dos meus companheiros em meu redor sentissem o mesmo que eu. Mais uma vez obrigado, pois vim de peito cheio. (..:)


Foto: © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados.


Foto nº 1

Montemor-o-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de Outubro de 2006 > O grupo de camaradas fotografados, por volta das 13 horas, antes do almoço no Restaurante Café do Monte, na Herdade da Ameira. Ainda não tinham chegado todos... De qualquer foi o ano em que ainda "cabiam todos" na fotografia...


Foto  nº 1A

(i) Da esquerda para a direita, na primeira fila, António Baia (de óculos escuros, 1.º cabo aux enf, pertenceu também ao BIG – Batalhão de Intendência da Guiné, tendo estado integrado num Pelotão de Intendência, o PINT 9288, Cufar, 1973/74), José Bastos, Pedro Lauret, Lema Santos, (dois imediatos da LFG Orion, embora em épocas diferentes), Sampedro (foi capitão em Fajonquito, veio com o Manuel Pereira), Manuel Pereira;

(iii) na segunda fila,  Carlos Vinhal (nosso coeditor), Fernando Franco, Fernando Chapouto, Magalhães Ribeiro, Zé Luís Vacas de Carvalho (na ponta).


 Foto nº 1B

Da esquerda para a  direita: (i) na primeira fila, Aires Ferreira (de óculos escuros), Vitor Junqueira (também de óculos escuros, mas de perfil), David Guimarães, José Casimiro Carvalho (de joelhos), Fernando Calado (ex-alf mil, CCS do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), Tino Neves, Jorge Cabral e, por fim, Luís Graça;

(ii) na segunda fila, Neves (um empresário que veio com outro empresário, de quem é amigo,  o Martins Julião, da CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72), Humberto Reis (de óculos escuros), Virgínio Briote (nosso coeditor, de perfil), e  Raul Albino...

Aqui estão só 23... Faltavam outros camaradas que foram pioneiros nestas lides, e que por uma razão ou outra não estão na foto: lembramo-nos de mais 12:
Paulo Santiago, Carlos Fortunato, Carlos Santos, de Coimbra  (que trouxe notícias do Rui Alexandrino Ferreira), António Pimentel, Paulo Raposo e Carlos Marques dos Santos (os dois organizadores do encontro), António Santos (que veio com a esposa Graciela Santos), Hernâni Figueiredo, José Martins, Rui Felício, Victor David, Sérgio Pereira...

Nesse primeiro encontro do nosso blogue, éramos um pouco mais de 50, contando com as nossas companheiras... No último encontro, o X, em Monte Real, no passado 18 de abril de 2015,  juntámos 4 vezes mais... No grupo de homens, os únicos totalistas dos 10 encontros são: o António Santos, o Carlos Vinhal, o David Guimarães, o Jorge Cabral, o Luís Graça e o Raul Albino.


Foto nº 2

Montemor-o-Novo > Ameira > Hotel da Ameira > I Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de Outubro de 2006 > O grupo das nossas esposas... Aqui estão 13, mas eram mais...



Foto nº 2 A  > Com a devida salvaguarda por qualquer lapso de memória, o nossos editores reconhecem na primeira fila, a partir da esquerda: Lígia Guimarães, Dina Vinhal, Alice Carneiro, Celeste Baia...


Foto nº 2 B

Na primeira fila, a partir da esquerda: Graciela Santos, Irene Briote, Teresa Reis (, esposa, já falecida, em 2011, do Humberto Reis) e uma quarta senhora que não identificamos...[ Atrás delas, à esquerda, reconhece-se o Fernando Chapouto e o pira de Mansoa, o nosso ranger e coeditor Magalhães Ribeiro, ]...


Foto nº 2 C

Nesta ponta direita, só reconhecemos a  Margarida Franco e a Judite Neves... Totalistas dos 10 encontros são a Lígia Guimarães, a Dina Vinhal e a Graciela Santos

Fotos: © Luís Graça (2006) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem de LG e CV]
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Notas do editor:



quinta-feira, 3 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13361: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (30); Mafra, a EPI, 1967: "Aquele Convento de Mafra era sem dúvida uma fábrica de oficiais"...(Paulo Raposo, ex-alf mil inf, CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, Mansoa e Dulombi, 1968/70)


Mafra > EPI (Escola Prática de Infantaria) > 2º incorporação de 1967 > Cerimónia do Juramento de Bandeira > Desfile dos novos militares onde se integrava o Paulo Raposo, frente ao Convento de Mafra, "a garande fábrica de oficiais"
Foto ( e legenda) : © Paulo Raposo (2006). Todos os direitos reservados [Edição:_ LG]


1. O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 
1968/70) - I Parte: Mafra (*)



[ Foto à direita: Paulo Enes Lage Raposo, Alferes Miliciano de Infantaria, com a especialidade de Minas e Armadilhas, CCAÇ 2405, pertencente ao BCAÇ 2852 (Guiné, Zona Leste, Setor L1, Bambadinca, 1968/70); a CCAÇ 2405 passou por Mansoa, sendo depois colocada em  Galomaro e Dulombi; perdeu 17 militares na travessia do Rio Corubal, na sequência da retirada de Madina do Boé, Op Mabecos Bravios, 6 de fevereiro de 1969; o Paulo Raposo foi o organizador do nosso  I Encontro Nacional, em 15 de outubro de 2006, na Quinta da Ameira, Ameira, Montemor-O-Novo.]



Entrei para a E.P.I, no Convento de Mafra,  como soldado cadete, na 2ª incorporação do ano de 1967, mais precisamente no dia 10 de Abril. Escolhi esta incorporação para não apanhar os rigores do inverno dentro daquele grande Convento.

O choque da entrada foi grande, passar de civil a militar não é fácil. Após a entrada, só podiamos sair depois de saber marchar, conhecer as patentes e saber fazer a continência.

Aquela primeira semana parecia que nunca mais acabava.

Na parte de trás do Convento, na grande parada, formava-se o Batalhão de Instrução. O seu comandante era o major Rocha, que passava o tempo a dizer:
– Comigo não há figos.

 Devia estar apanhado pelo clima de África nalguma Comissão de serviço que lá devia ter feito. Encontrei-o mais tarde na Messe de Bissau e logo Ihe perguntei:
–  Então, meu major, não há figos?
–  Comigo não há – respondeu ele de seguida.

O comandante da companhia era o capitão Ferro, com quem nunca mais me cruzei. O adjunto do comandante era o irrequieto  ten Garcia Lopes, a quemn voltei a encontrar na Guiné a comandar uma companhia de Comandos. O nosso instrutor era um rapaz da nossa idade, o alferes Leonel de Carvalho, sempre muito aprumado. Vi-o na televisão já como coronel, a comandar as forças militares que estavam na ponte 25 de Abril, aquando do grande bloqueio de 1994. Coitado, deve ter passado por situações muito desagradáveis.

Uma vez passada a primeira impressão entramos na rotina de um quartel. Há horas para tudo, no fundo também nos educa e auto-disciplina.

Recordo aqui alguns momentos que me custaram bastante.

O primeiro foi a dor que me causou, nos tímpanos, o estampido que a G3 dava quando fazia fogo. Até nos habituarmos, aqueles primeiros momentos passados na carreira de tiro eram dolorosos.

O segundo foi o lançamento de uma granada de mão, também na carreira de tiro. Só olhar para a granada me metia medo, quanto mais agarrá-la, tirar-lhe a cavilha e lancá-la.

Foi o ten Garcia Lopes que me acompanhou. Disse-me:
– Agarra a granada com a mão direita, tira a cavilha de segurança com a esquerda e lança-a; vê onde a granada cai e depois é que te metes no buraco.

Assim foi, mas não foi fácil.

O terceiro foi o campo de obstáculos que havia na Tapada Real, a que chamávamos a Aldeia dos Macacos. Havia dois obstáculos que eram difíceis de vencer. No fundo, o propósito era o de nos libertar dos medos e de nos vencermos a nós próprios.

Um deles era o salto ao galho. Este obstáculo era constituído por uma plataforma que ficava elevada a uns três metres do chão. À frente da plataforma, a uma distância de um ou dois metros, estava um poste que tinha no topo um galho. Tínhamos, portanto, de nos lançarmos para o galho. Se falhássemos, caíamos, agarrados ou não, ao poste.

O outro obstáculo era o pórtico. Era constituído por uma vigas que faziam um quadrado, que tinha uma largura de 40 cm e estava a uma altura do chão de 6 metros. Tínhamos de subir por uma corda, trepar para a viga, fazer o perímetro e descer pela mesma e única via.

Outro era o trabalho de estrada. Uma vez por semana fazíamos este exercício: íamos a correr de Mafra ao João Franco, no Sobreiro, e regressávamos. As subidas eram feitas em passo rápido, o resto do percurso a correr, com as belas botas que nos enchiam os pés de bolhas, mais os 3,9 kg da G3 que levávamos às costas.

O dia da Infantaria é o dia 15 de Agosto. Este dia representa a vitória da Infantaria (rainha de todas as batalhas) no célebre quadrado da Batalha de Aljubarrota, em 1385, realizado por D. Nuno Alvares Pereira. Naquele momento, D. Nuno implorou a protecção de Nossa Senhora. Em seu louvor foi construído o Mosteiro da Batalha.

Durante a batalha, D. Nuno e os soldados passaram tanta sede naqueles dias de Agosto, que, simbolicamente, D. Nuno mandou lá colocar uma bilha com água que está junto a uma pequena capela, para mais ninguém ter sede naquele local.

Esta vitória representa também e acima de tudo a força de vontade popular (Infantaria) contra a aristocracia espanhola (Cavalaria) e, de um certo modo, também contra a aristocracia portuguesa vendida aos espanhóis.

Foi feito um convite aos cadetes para irem até Fátima pelo dia 13 de Agosto. Fomos alguns. Fardados como cadetes, acompanhámos o andor de Nossa Senhora. Terminada a cerimónia fomos todos dormir para casa de um rapaz, nosso colega, que tinha a sua quinta perto de Ourém. Uns dormiram em camas e outros no chão.

Foi uma noite passada cheia de alegria, com o José Megre a animar o serão, a contar as suas histórias das corridas de automóvel, por que tinha passado em Inglaterra. É um excelente contador de histórias.

Tudo se passou. Aquele Convento de Mafra era sem dúvida uma fábrica de Oficiais. (**)

Paulo Raposo
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Notas do editor:

(*) Extratos de: Raposo, P. E. L. (1997) - O meu testemunho e visão da guerra de África.[Montemor-o-Novo, Herdade da Ameira]. Documento policopiado. Dezembro de 1997. pp. 4-7. Reproduzido na I Série do blogue, em poste de 12 de abril de 2006.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Guiné 63774 - P13041: Mafra, EPI, COM: Instruções para os instruendos (Mário Vasconcelos): Parte II: Averbamentos; Serviço interno; (...); Salas de estudo; Comportamento; Saídas do quartel; Passaporte de dispensas ou licenças; Cartas de recomendação, pedidos feitos por interpostas pessoas, etc.. etc., [vulgo, "cunhas"].




Planta do EPI, Mafra


(Faltam páginas, correspondentes à continuação do ponto VI, e aos pontos VII, VIII e  IX (no todo) e ainda parte do ponto X)












Reprodução da segunda parte do guia do instruendo do COM (Curso de Oficiais Milicianos), usado na EPI - Escola Prática de Infantaria, em Mafra (*):  V- Averbamentos; VI - Serviço interno; (...) XI - Salas de estudo; XII - Comportamento; XIII - Saídas do quartel; XIV - Passaporte de dispensas ou licenças; XV - Cartas de recomendação, pedidos feitos por interpostas pessoas, etc.. etc., [vulgo, "cunhas"].

Imagens: © Mário Vasconcelos (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. O documento original, sem data, chegou-nos, devidamente digitalizado, por mão do nosso camarada Mário Vasconcelos [ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72. Mansoa, e Cumeré, 1973/74; foto atual à direita].

Recorde-se que já publicámos o guia do instruendo do CSM - Curso de Sargentos Milicianos, documento que nos chegou por mão da parelha Fernando Hipólito / César Dias, e que é claramente mais "ideológico" do que o guia que  estamos agora a publicar.  Comparando os dois guias, há claramente um tratamento mais "classista", de maior deferência, em relação ao instruendo do COM, futuro "oficial e cavalheiro"...

Não encontro este documento na Biblioteca do Exército nem sei de que data será.

Estas "indicações" ( e não "instruções") dadas aos instruendos dos COM remetem, por sua vez, para o Regulamento Geral de Instrução do Exército (RGIE). É pena que nos faltem algumas páginas, lapso que o Mário Vasconcelos poderá eventualmente corrigir.


Mafra  (ou "Máfrica") > Escola Prática de Infantaria (EPI) > 1968 > COM > Cerimónia do Juramento de Bandeira > Desfile dos cadetes,  onde se integrava o Paulo Raposo, frente ao Convento de Mafra.

O Paulo Enes Lage Raposo foi al mil inf,  com a especialidade de Minas e Armadilhas, na CCAÇ 2405, pertencente ao BCAÇ 2852 (Guiné, Zona Leste, Setor L1, Bambadinca, 1968/70).

Durante a sua comissão, passou esteve em Mansoa e sobretudo na zona leste (Galomaro e Dulombi), a sul de Bafatá. A sua companhia perdeu 17 militares na travessia do Rio Corubal, na sequência da retirada de Madina do Boé, em 6 de fevereiro de 1969 (Op Mabecos Bravios).

Foto: © Paulo Raposo (2006). Todos os direitos reservados
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