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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21954: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (23): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte II: Canja de garoupa e pimentos estufados em vinho do Porto


Portugal > Vila do Bispo > Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal > s/d > 

Canja de garoupa



Portugal > Vila do Bispo > Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal > s/d > 

Pimentos estufados em vinho do Porto

 
Fotos (e legendas): © António Levezinho (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação de sugestões gastronómicas, nacionais e internacionais, apropriadas ao reforço da nossa resiliência ao confinamento e à fadiga pandémica, sugestões que nos são  facultadas  pelos "vagomestres" e "chefs" da Tabanca Grande. (*)

Com 3 anos de tropa e de guerra em cima do lombo,  sabemos, de experiência própria, que não há um "bom moral na tropa" sem um bom rancho... Daí a razão de ser desta série "No céu não há disto... Comes & bebes"...

Como prometido, vamos hoje revelar-vos mais dois partos  do cardápio, até agora "secreto" (**), do nosso grande amigo e camarada dos bons e maus momentos da Guiné, o António Levezinho (Tony para os amigos, e aqui na Tabanca Grande, Tony Levezinho, com cerca de 7 dezenas de referências no blogue, desde 9 de maio de 2006,  ou seja, já velhinho cmo o caraças...).

Recorde-se que foi  fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio 69 / março 71). Está reformado da Petrogal. Perdeu recentemente a sua companheira de uma vida (50 anos!), a Isabel Levezinho. E amanhã, o seu filho mais velho, o Nuno Levezinho, faz anos. Parabéns para ele. Um grande abraço, extensivo ao resto da família. 

Sei que o "chef" Tony tem  estado confinado, com o neto de 14 anos,  na casa do Martinhal, em Sagres, ou melhor, na Tabanca da Ponte de Sagres - Martinhal de que ele é o régulo. E, infelizmente, ele agora tem de ser o homem grande e a mulher grande da casa. 

Sabendo nós que ele é, entre outros talentos, um cozinheiro de primeira água, desafiei-o a "dar um cheirinho" dos seus pratos. Sempre discreto, mas solidário, não quis deixar de colaborar nesta série. Mandou-me dúzia e meia de fotos "com inteira liberdade" para as selecionar e editar, e partilhá-las com os nossos leitores,  Selecionei uma meia dúzia.

Hoje saem uns Pimentos estufados com vinho do Porto e uma Canja de garoupa. Eu, que tenho estado a pão de farinha de trigo de barbela com mistura de alfarroba, chá e aguinha da torneira, já estou a salivar como o cãozinho do Pavlov!...  A dieta (oito dias) é por um,a boa causa, a saúde, ou melho,  umas "chapas" que tenho de tirar,  devendo levar a tripa vazia e a bexiga cheia... Há coisas piores, como apanhar a Covid-19 nesta altura do campeonato. 

Fiquem bem, caros/as leitores/as, não percam o gosto nem o olfacto e sobretudo a vontade de continuiar a saborear uns bons petiscos,antes da viagem para o céu... Que lá, no restaurante do São Pedro, dizem, não há disto, uma canjinha de garoupa, com espinafres e umas ameijoas algarvias... LG
 
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21887: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (19): O cardápio secreto do "chef" Tony (Levezinho) - Parte I: ainda não é verão (, mas um dia destes há de ser!), e já me está a apetecer uma saladinha de queixo fresco e uma paelha, com um bom branquinho...


 Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Portugal > Vila do Bispo > Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal  >  s/d >  O "chef" Tony, nas brasas (Foto nº 1); uma  salada de queijo fresco (foto nº 2); e uma paelha (foto nº 3)


Fotos (e legendas): © António Levezinho (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Ao longo destes 11  meses  de pandemia de Covid-19, com dois confinamentos gerais, temos aqui deixado algumas sugestões gastronómicas, nacionais e internacionais, apropriadas  para combater o "corno...vírus", e sobretudo para que os nossos "vagomestres" e os/as nossos/s cozinheiros/as não deem em doidos/as... 

Sabemos, de experiência própria, com 3 anos de tropa e de guerra, ao serviço da Pàtria, da Mátria e da Fátria, que não há um "bom moral na tropa" sem um bom rancho... 

Os tempos que correm, com longos períodos trancados em casa, e muitas incertezas para o futuro, são propícias à descoberta de talentos culinários que permitam diversificar a experiência de leitura do blogue e sobretudo nos ajudem a combater a tão falada "fadiga pandémica"... (Tmabém sabemos o que é isso, comvinte e tal meses de Guiné, passados no mato ou dentro do arame farapdo rodeado de mato, e níveis de temperatura e humidade brutais, seis meses de chuva,seis meses de seca...)

É o que temos feito, com esta série "No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande"...

Hoje, e em próximos postes, vamos revelar-nos alguns dos pratos do cardápio até agora "secreto", do nosso grande amigo do peito e excecional camarada dos bons e maus momentos da Guiné, o António Levezinho (Tony para os amigos, e aqui na Tabanca Grande, Tony Levezinho, com cerca de 7 dezenas de referências no blogue). 

Foi fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio 69 / março 71). Está reformado da Petrogal. Perdeu recentemente a sua companheira de uma vida (50 anos!), a Isabel Levezinho. Está a fazer o difícil processo de luto. E continua a ser um grande ser humano, e, neste momento, a tomar a conta do neto, o DI, que fez 14 anos. Têm passado as últimas semanas na casa do Martinhal, em Sagres, ou melhor, na Tabanca da Ponte de Sagres - Martinhal de que ele é o régulo, 

Sabendo que ele é, entre outros talentos, um cozinheiro de primeira água, desafiei-o a "dar um cheirinho" dos seus pratos. Sempre modesto, mas solidário, não quis deixar de colaborar nesta série. Mandou-me dúzia e meia de fotos "com inteira liberdade" para as selecionar e editar,  e partilhá-las com os nossos leitores,  

Escrevi-lhe a agradecer, nestes termos: 

"Mas que grande "Chef"!... No céu  nao há disto, como dizia o meu velhote.    Com um avô destes até  eu queria ser teu neto!....Isto são obras de arte, a comida também é  cultura,  poesia , música,  pintura, arte.... Nestes pratos estás tu por inteiro, no teu melhor... o teu charme, a tua sensibilidade, a tua criatividade, os teus talentos, a tua empatia, o teu amor, a tua amizade, Vais ter que me deixar publicar algumas fotos  no blogue... A Alice adorou. E disse à  moda de Candoz, dando - te a nota maxima: "Porra, porra...Que  ele sabe da poda!"... Chicoração dos dois."

E ele respondeu-me, bem humorado: 

"Tens toda a liberdade para dares a publicidade que entenderes. Tens é que avisar que, devido à pandemia, estamos encerrados. Beijinhos e Abraços do Sul".

Para começar, sai uma saladinha de queixo fresco [foto nº 2]e depois uma paelha, de se lhe tirar o chapéu [foto nº 3]!... E um bom branquinho para acompanhar... 

Eu sei que ainda não é verão, mas um dia há de ser!... E a gente há de comemorar a nossa vitória, idividual e colectiva,  contra a maldita pandemia de Covid-19 que já nos roubou amigos e familiares... LG

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Guné 61/74 - P21862: Fotos à procura de... uma legenda (143): "Macaco verde" [Chlorocebus sabaeus], dizem eles, depois do sueco Lineu (em 1766), que nunca esteve em Buruntuma ou em Bafatá e muito menos no Cantanhez... (António Marreiros / Fernando Gouveia / António Levezinho / Virgílio Teixeira)


Foto nº 1 


Foto nº 2

Foto nº 3

Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CCAÇ 3544, "Os Roncos de Buruntuma" > 1972 >  O nosso "macaco verde"... Nome científico: Chlorocebus sabaeus (Linnaeus, 1766)

Fotos (e legenda): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 4

Guiné > Região de Bafatá  > Bafatá  > Cmd Agr 2957 (1968/70) > O alf mil rec e info Fernando Gouveia com um juvenil de "macaco verde"


Fotos (e legenda): © Fernando Gouveia (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guis dos Mamíferos do Parque Nacional do Cantanhez, da autoria de Nicolas Bout e Andrea Ghiurghi (2018, 189 pp., AD - AIN - IBAP - IUCN, ISBN: 9788890894923).



1.  Os nossos camaradas e amigos estão "confinados", como os nossos editores e colaboradores permanentes estão "confinados" por causa do raio da pandemia de Covid-19... Mas não estão "tramados" e muito menos "finados"... 

Continuam, desde há 17 anos (tantos quantos existe o blogue) a ser generosos e a responder às nossas iniciativas... Por que afinal a "nossa guerra" não foi só de tiros: desconbrimos um país e um povo fantásticos... Descobrimos as suas paisagens deslumbrantes, a sua biodiversidade, a sua multicultura...E aprendemos, neste blogue, a partilhar as nossas memórias (e afetos) e até o transformámos numa fonte de informação e conhecimento. Sempre numa base de grande tolerância e respeito por tudo aquilo que nos une mas também por aquilo que nos pode separar...

Num espaço de horas, houve logo resposta ao nosso desafio (*). E eu tinha aproveitado, entretanto,  para mandar a alguns de nós que se interessam mais pela "Fauna e flora" da nossa Guiné-Bissau, um guia, em formato pdf, útil para  a observação de mamíferos do Parque Nacional do Cantanhez, na região de Tomboli, fortemente regada pelo sangue de muita gente, de um lado e do outro, nos tristes anos em que andámos lá aos tiros...


2. Mensagem para o Tony Levezinho, 

Data - 6 fev 2021, 21h10
Assunto - Material deestudo para o DI, agora "confinado"

Vê se o teu DI [, Diogo , o neto, com 14 anos]  me/nos ajuda a identificar esta espécie animal (*)...

 Como prenda de anos atrasada, segue um guia de observação de mamíferos da Guiné-Bissau, Parque Nacional do Cantanhez (que visitei em 2008; e o João em 2009)...

Pode ser que ele aprecie...embora agora seja mais ornitólogo do que primatólogo...

Grande abraço para os dois "guardiões da Ponta de Sagres".. Luís


3. Resposta do António Levezinho, meu camarada e amigo do peito, desde os tempos da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71):

Luis, 

Pede-me o Di que te agradeça o guia do parque do Cantanhez. Ao visualizá-lo disse logo que gostava de lá ir. Confesso que não lhe dei qualquer esperança em ajudá-lo a satisfazer o seu desejo.
 
Quanto à pergunta sobre a espécie do macaco,  ele disse desconhecer. A praia dele, neste momento, são mesmo as aves.
 
Um abraço cá do Sul.

4. Resposta de outros camaradas:

(i) Antonio Marreiros, 7 fev 2021, 00:26

Olá, camaradas,

Aproveitei uma aberta sem chuva para continuar a limpar o quintal porque há sinais de Primavera ...mas também uma frente ártica vem a caminho que pode ser má,  se descer a -7 C... Na pradaria Canadiana está mesmo frio, de -30 a -40 C para este fim de semana! Em Sagres são 14 positivos!!!

Encontrei duas fotos a cores do mesmo macaco que adorava dormir no meu peito quando tinha a camisa vestida e lhe abria dois botões (*).

Pelo que li no Guia, parece que é o "macaco verde"...

Coitado com certeza sentia falta do bando pois estava amarrado e só tinha um cão pequeno como companheiro...Um e outro davam-se bem e dormiam juntos,  normalmente o macaco em cima do cão!

Um abraço,
A. Marreiros

PS - Quando visitaram esse novo parque nacional conseguiram ver alguns animais ou não foi possível?


(ii) Fernando Gouveia, 7  fev 2021, 1h04  [ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, Cmd Agr 2957, 1968/70), autor de, entre outras séries notávais, "A Guerra Vista de Bafatá  (Fernando Gouveia)" de que se publicaram cerca de 9 dezenas depostes;arquitecto reformado, transmontano, vive no Porto; tem mais de 165 referências no nosso blogue]

Olá,  Luís, ai vai mais uma imagem do macaco que penso ser da mesma estirpe. Em anexo.

Abraço.
Fernando G.

 
(iii) Virgilio Teixeira, sábado, 6/02/2021,  22:40

Boa noite Luis,

Grande obra que tiveste a lembrança de me enviar. Sei muito pouco sobre fauna, quer na Guiné ou outro local qualquer. Dei uma vista de olhos e gostei, vou ler com atenção e curiosidade.

Onde estavam estes animais durante a Guerra de 61/74?

Obrigado pela lembrança, e espero que haja um bom titulo para estas curiosidades fantásticas.

Abraço, Virgilio Teixeira



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional de Cantanhez > Iemberém > 9 de dezembro de 2009 > 15h50 > Macaco fidalgo vermelho (ou fatango, em crioulo). Espécie, nome científico: Procolobus badius. Em inglês, western red colobus. 

É mais um primato em perigo,  está ameaçado de extinção, fundamentalmemte devido à caça,   à desflorestação, às mudanças climáticas, etc. No Cantanhez não haverá mais do que duas centenas de indivíduos. Vd. pp. 30/32, do "Guia  dos Mamíferos do Parque Nacional do Cantanhez". 

Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21833: In Memoriam (388): Aniceto Rodrigues da Silva (1947 - 2021), soldado condutor auto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971)




Aniceto Rodrigues da Silva (1947-2021), soldado condutor auto,
CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71),
 "Excelentes e Valorosos"

Fotos (e legenda): ©  Susana Almeida Novo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

1. Através do nosso querido GG, o Gabriel Gonçalves, o ex-1º cabo cripto, cantor e tocador de viola, tivemos a triste notícia da morte de mais um camarada nosso,  pertencente à minha / nossa CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971), o  soldado condutor autor Aniceto Rodrigues da Silva.

Foi no passado dia 3 de janeiro. Não sabemos mais pormenores.

A triste notícia chegou ao GG através de um mail da filha do Aniceto, Susana Almeida Novo (que, presumivelmente, vive e trabalha no estrangeiro, utilizou um teclado sem os caracteres portugueses, para escrever a sua mensagem).

Pelo nome e pelas duas fotos que ela anexou. identifiquei logo  o nosso camarada, o soldado condutor auto Aniceto Rodrigues da Silva... O seu nome consta, de resto,  da composição orgânica da nossa CCAÇ 2590 / CCAÇ 12... 

A filha pede-nos, entretanto,  ajuda para decobrir o seu mecanográfico e outros dados, uma vez que o pai havia perdido há muitos anos, quando ainda era novo, todos os papéis da tropa, incluindo a caderneta militar.


2. Mensagem de Susana Almeida Novo, dirigida ao Gabriel Gonçalves:

Date: sex., 29 de jan. de 2021 às 21:07
Subject: Pedido de informação sobre o meu pai, ex-combatente na Guiné
 
Boa noite,

Espero que este email o encontre bem. Encontrei o seu email na seguinte página https://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial_tertulia.html,   enquanto procurava informação sobre o meu pai que foi ex-combatente na Guine. 

Eu sei que ele iniciou a recruta em Outubro de 1968 em Elvas e suspeito que ele depois tenha sido transferido para Abrantes e daí mobilizado para a Guiné. 

Ele infelizmente faleceu dia 3 de Janeiro do presente ano. Ainda novo,  poucos anos depois de regressar da guerra, perdeu todos os documentos militares. Não sabia o número militar e nós agora estamos a tentar encaixar as peças do que foi a história dele na guerra, inclusive tentar obter o número militar [mecanográfico] dele para tentar providenciar à minha mãe a pensao de viuvez correta.

Pelos dados que tenho até agora,  acho que ele terá feito parte do RI 2 Abrantes,  CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (1969-1971). Mas agradecia se me pudesse confirmar se conhecia o seu nome – Aniceto Rodrigues da Silva – ou me orientar na direcção de como obter mais informações. 

O meu pai sei que era condutor. 

Envio também abaixo  duas fotos que temos do tempo dele na Guiné.

Desde ja agradeço pelo seu tempo, os meus melhores cumprimentos,
Susana Almeida Novo




Crachá da CCAÇ 2590 ("Excelentes e Valorosos") e da CCAÇ 12 ("Sempre Mais Além") (CTIG, 1969/71). Design: Tony Levezinho. Cortesia do autor (2006).


3. Resposta do editor LG:

Já tive ocasião, ontem, de ter respondido à filha do nosso camarada Aniceto Rodrigues da Silva e dado conhecimento do seu falecimento a mais alguns camaradas da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, pedindo-lhes inclusive ajuda para recuperarem o seu antigo número mecanográfico.

O que transmiti à sua Susana foi o seguinte.

(i) Ele foi mobilizado pelo RI 2 (Abrantes), esteve a fazer connosco a  formar companhia (CCAÇ 2590)  e a fazer a IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional no Campo Militar de Santa Margarida, partiu connosco no T/T Niassa em 24/5/1969, e esteve connosco em Contuboel e depois em Bambadinca, tendo nós todos regressado (, exceto o GG), em 17/3/1971, no T/T Uíge... 

(ii) Em 18 de janeiro de 1970,  a CCAÇ 2590,  constituída com quadros e especialistas metropolitanos,  e praças  do recrutamento local, da etnia Fula, passou a designar-se CCaç 12, sendo considerada subunidade da guarnição normal, desde aquela data.

(iii) A CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 tem história da unidade, até fevereiro de 1971, podendo uma cópia do documentado,mimeografado,  ser consultada no Arquivo Histórico-Militar, em Lisboa. 

(iv) No nosso blogue, há uma série, disponível "on line": "A minha CCAÇ 122",  de que se publicaram 3 dezenas de postes (*)

 (v) Lembro-me bem dele, do nosso pacato, discreto, afável e diligente Aniceto Rodrigues da Silva. De resto conhecíamo-nos todos, mais ou menos bem, quando partímos éramos apenas umas escassas 6 dezenas de militares, entre quatro e especialistas, incluindo os seguintes condutores auto [, entre parênteses, a sua morada conhecida, em 2010]

1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro [Vila do Conde, mais tarde Porto];
Sold Cond Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares [, morto em, mina A/C, em Nhabijões, em 13/1/1971];
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga [Lisboa];
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro [Castro Daire];
Sold Cond Auto João Dias Vieira [Vila de Souto, Viseu];
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha [,Viseu, falecido em 6/12/2007;
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho [Brejos de Azeitão];
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto António C. Gomes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Fernando S. Curto [, Vagos];
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Diniz Giblot Dalot [Aljubarrota, Prazeres, Batalha];
Sold Cond Auto Manuel G. Reis [, morada actual desconhecida]

Na história da CCAÇ 12 vem o nº mecanográfico dele... Só que eu não tenho aqui, agora, à mão, o exemplar em papel da história da unidade (, de que de resto fui o autor) E no blogue não vem o nº mecanográfico dele, só do da malta dos 4 grupos de combate.
 
Lamento a a perda de mais um camarada nosso, em plena pandemia de Covid-19. E faço questão  transmitir à Susana, à mãe e demais família a nossa solidariedade na dor. (**)

Os condutores auto da CCAÇ 12 foram belíssimos e bravos condutores,  excelentes e valorosos camaradas. Só o nosso condutor auto António Manuel Soares, morto por mina anticarro em 13/1/1971, em Nhabijões, não regressou, vivo, connosco, nem teve a alegria de conhecer a sua filha pequena. 
 
Um alfabravo fraterno para todos. Luís Graça


 
Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadina > CCAÇ 12 (1969/71) > s/d> Dos dos nossos bravos condutores: em primeiro plano, o Adélio Monteiro, em segundo plano o Aniceto R. Rodrigues

Foto (e legenda): ©  Adélio Monteiro (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4. Ficha da unidade > CCAÇ 2590 / CCAÇ 12

Companhia de Caçadores nº 2590
Identificação:  CCaç 2590
Unidade Mob: RI2 - Abrantes
Cmdt: Cap Inf Carlos Alberto Machado de Brito
Divisa: Excelentes e Valorosos
Partida: Embarque em 24Mai69; desembarque em 30Mai69
Extinção em 18Jan70

Síntese da Actividade Operacional

A subunidade foi constituída com quadros e especialistas metropolitanos e
enquadrou pessoal natural da Guiné, da etnia Fula, tendo efectuado a 2ª  fase da
instrução de formação em Contuboel, de 2Jun69 a 12Ju169. 

Em 18Ju169, foi dada como operacional, sendo colocada em Bambadinca, como força de intervenção e reserva do Agr 2957 [, com sede em Bafatá], na zona Leste, ficando adida ao BCaç 2852 [Bambadinca, 1968/70].

Por períodos variáveis, destacou forças para guarnecerem diversos destacamentos
em Sinchã Mamajã, Sare Gana, Sare Banda e ponte do rio Udunduma,
colaborando ainda, de Nov69 a Jul70, na construção do reordenamento de
Nhabijões.

Tomou também parte em reacções a ataques a tabancas da região e
em várias acções sobre grupos inimigos infiltrados; parte dos seus efectivos
foram temporariamente integrados no COP 7, de 21Jul69 a meados de Ag069,
para operacções na região de Madina Xaquili.

Em 18Jan70, a subunidade passou a designar-se CCaç 12, sendo considerada
subunidade da guarnição normal, desde aquela data.

Observações

Tem História da Unidade, CCaç 2590 / CCaç 12 (Caixa n." 124 - 2ª Div/4ª
Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 380.

Ficha de unidade > CCAÇ 12 (1970/74)

Companhia de Caçadores nº 12
Identificação : CCaç 12

Cmdt: 

Cap Inf Carlos Alberto Machado de Brito
Cap Inf Celestino Ferreira da Costa
Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
Cap Mil Inf José António de Campos Simão
Cap Mil Inf Celestino Marques de Jesus

Início: 18Jun70 (por alteração da anterior designação de CCaç 2590)
Divisa: Sempre Mais Além
Extinção: 18Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Em 18Jan70, foi criada por alteração da sua designação anterior, integrando
os quadros e praças especialistas metropolitanos, que constituíam anteriormente
a CCaç 2590, e pessoal natural da Guiné, da etnia Fula.

Continuou instalada em Bambadinca, como subunidade de intervenção e
reserva do CAOP 2, sendo particularmente orientada para a realização de
patrulhamentos, escoltas a colunas de reabastecimento e segurança, protecção
dos trabalhos de construção da estrada Bambadinca-Xime e acções sobre grupos
e bases inimigas, estas efectuadas nas regiões de Enxalé, Ponta do Inglês, Ponta
Varela, Satecuta e Madina-Belel, em reforço do sector de Bambadinca. 

Destacou ainda pelotões para aldeamentos da zona por períodos variáveis, nomeadamente para Missirã, ponte do rio Undunduna e Nhabijões entre outras, com vista a garantir a segurança e protecção das populações.

Em finais de Mar73, rendendo a CArt 3494, assumiu a responsabilidade do
subsector de Xime, onde se instalou, ficando integrada no dispositivo e manobra
do BArt 3873 e depois do BCaç 4616/73.

Em 18Ag074, foi desactivada e extinta.

Observações:
Tem História da Unidade até Fev71 - CCaç 2590/CCaç 12 (Caixa n.º 124 - 2ª
Div/4ª Sec, do AHM).


Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 632.
__________


(**) Último poste da série > 28  de janeiro de  2021 > Guiné 61/74 - P21818: In Memoriam (387): José Eduardo Oliveira (JERO) (1940-2021), que eu conheci em 2010, na Tabanca do Centro, em 27/1/2010... Na formatura do recolher de hoje, respondo "Presente!", com o meu poema "Reencontros" (José Belo, Suécia)

domingo, 24 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21802: In Memoriam (382): Isabel Levezinho (1952-2020): (e)terna lembrança, um mês depois da sua partida para a última viagem, sem regresso, que um dia todos teremos de fazer (Luís Graça)


 



Vila do Bispo > Cabo de São Vicente, a 4 km da ponta de Sagres >  "A foto que junto, foi tirada no Cabo de São Vicente em 8 de janeiro de 2014. [Estou confinado, em Paço d'Arcos,]. Se estivesse em Sagres, teria mais escolha, mas gostei desta pelo enquadramento".

Foto (e legenda): © António Levezinho  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Ainda "embrulhado" com a penosa burocracia decorrente da morte da sua companheira de uma vida, o António Levezinho (Tony, para os amigos, "meu amigo do peito e mano", desde os tempos duros da Guiné), deu "luz verde" à minha intenção de, um mês depois da sua morte, fazer aqui um pequena homenagem pública à Isabel Levezinho (1952-2020).

Manifestei-lhe o meu desejo de lhe dedicar um soneto. E ele respondeu-me de imediato:

(...) "Onde ela agora estiver, a nossa Isabelinha vai sentir-se muito honrada e feliz por merecer o teu desejo de lhe escreveres um soneto. Sobre ela o que de mais marcante no seu carácter me atrevo a referir era uma certa tendência natural para evitar ser 'o centro da sala' "(...)

Do que ele me confidenciou (e de que me pediu a natural reserva), destaco apenas a carreira da Isabel na Galp:

 (...) "Profissionalmente, foi diligente e também fez carreira a pulso. A área financeira foi sempre o seu campo de atuação (adorava números) e do que me foi dado a perceber, sentia-se como peixe na água a fazer gestão diária de tesouraria, tendo deixado na banca, com quem tinha que negociar saldos, uma boa imagem. " (...)

Casaram-se cedo, em 1970, ela 18 anos, e o Tony na Guiné... Ainda tentou, em vão, ir com ele nas férias... Teria sido penoso, para todos, ela acompanhá-lo, para mais numa zona de guerra. O Tony voltou em março de 1971. E ela foi mãe antes dos 20. 

O Tony tem dois filhos e um neto, o Di, que hoje faz 14 aninhos (, um grande alfabravo de parabéns, para ele, que os netos dos nossos camaradas nossos netos são!).

(... ) "Em Sagres [, na casa do Martinhal], já fora da vida ativa, dedicou-se à aprendizagem de algumas artes  decorativas.  Dessa experiência ficaram, nomeadamente, alguns tapetes de Arraiolos os quais ainda hoje decoram as nossas casas.  Contudo 'a menina dos seus olhos' era o jardim onde passava muito do seu tempo, sempre a 'inventar' algo mais para só de lá sair agarrada às costas.

"Já tenho muitas saudades daqueles fins de tarde em que lhe 'gritava': ainda não achas que já são horas de parar?" (...)

O coração deixou de bater no dia 24 de dezembro último, logo pela manhã (*)... 

As palavras que o Tony me escreveu anteontem, e que me tocaram, serviram para inspiração do meu soneto. Disse-lhe, em resposta: 

(...) "Vou-me esforçar por lhe (e te) escrever um soneto bonito...Na realidade, não posso evocá-la sem ti....sem a tua cumplicidae, o teu compareinhismo e o teu amor... Chegar aos 50 anos, como casal, foi muito bonito,e deixar esse testemunho de vida, para os teus filhos e para o teu neto e para os teus amigos, é muito tocante, e faz-nos muito bem a todos, é a forma mais saudável de fazermos o luto pela perda (sempre irreparável e absurda) de quem amamos"...

Mandei-lhe esta manhã o soneto, acabado de ultimar, e ele deu-me o OK para o publicar no blogue, partilhando-o com as bons camaradas e amigos que ele aqui tem e que privaram, alguns, com a Isabel:

(...) "Ainda hoje parece ter sido um pesadelo, mas a verdade é que levaram-nos a Isabel faz já um mês. As saudades não param de aumentar e apenas as recordações mitigam esta dor que nos tomou a todos. O teu bonito soneto envolve a imagem da Isabel em amor e saudade, na medida certa das palavras que lhe dedicas." (...)

O Tony é membro da nossa Tabanca Grande desde 9 de maio de 2006. (**)

2. In Memoriam: Isabel Levezinho (1952-2020): 

uma (e)terna lembrança


Querida Isabel, há um mês que partiste, 

Em viagem sem regresso, deixando os teus

Devastados, crendo porém que lá nos céus,

Das almas boas, tens lugar, e que ele existe.

 

Sabem que não desistirás dos teus amores,

Mantendo para eles um jardim secreto,

E, por isso mesmo, sem acesso direto,

Mas que transforma dor e saudades em flores.

 

Haverá momentos difíceis, fins de tarde,

Em Paço d’Arcos, em Sagres, no Martinhal,

Em que o corpo sangra, em que a alma arde.

 

Mas também, por certo, um canteiro florido,

E nele verão teu sorriso matinal,

Como se, p’ra eles, nunca tivesses morrido.


Luís Graça, 
Lourinhã, 24 de janeiro de 2021, 6h00

____________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 25 de dezembro de  2020 > Guiné 61/74 - P21692: In Memoriam (378): Isabel Levezinho (Lisboa, 1952 - Oeiras, 2020), esposa do Tony Levezinho (ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... A sua memória fica inscrita, a título póstumo, no lugar nº 824, sob o fraterno e simbólico poilão da Tabanca Grande (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 9 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - P735: Tabanca Grande: António Eugénio da Silva Levezinho (Tony Levezinho) da CCAÇ 12

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21692: In Memoriam (378): Isabel Levezinho (Lisboa, 1952 - Oeiras, 2020), esposa do Tony Levezinho (ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... A sua memória fica inscrita, a título póstumo, no lugar nº 824, sob o fraterno e simbólico poilão da Tabanca Grande (Luís Graça)



Vila do Bispo > Sagres > Martinhal > 25 de abril de 2020 > O Tony e a Isabel Levezinho comemorando uma data que lhes era muito querida, na companhia do neto Diogo, filho da Rita (, por ser menor, não o incluimos na fotografia).


Foto: © Tony Levezinho  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 



1. Na véspera de Natal, às 14h25, liguei para o meu amigo e camarada Tony Levezinho, com um estranho pressentimento... Queria tanto desejar que ele e a sua querida Isabel pudessem ainda passar juntos o mais que provável último Natal das suas vidas em comum, numa história de amor de mais de meio século... 

Do outro lado da linha, ele respondeu-me com a voz calma e amável que sempre que lhe conheci: "Estava justamente a escrever-te para vos comunicar que nossa querida Isabel deixou de sofrer, acaba de fechar os olhos esta manhã"..

A nossa primeira reação, humaníssima, é uma mistura de sentimentos contraditórios, que vai da incredubilidade à raiva face ao triunfo da morte...Ficamos sem jeito, do outro lado da "linha", face à amarga e tristíssima notícia da morte (mesmo que "anunciada") de alguém do nosso círcuço de amizades... 

Mas a verdade, brutal,  é que a nossa querida Isabel Levezinho sucumbia, ao fim de uns meses, no combate desigual contra a doença que a atingira...  Debalde foram mobilizados todos recursos de que o nosso sistema de saúde possui. Face ao inevitável, a Isabel, num gesto enorme de dignidade e lucidez, optou por recusar a medicina paliativa e morrer em casa, ao lado do seu companheiro de uma vida. Não lhe faltaram, nestas últimas semanos, cuidados domiciliários, médicos e de enfermagem que ajudaram a humanizar os últimos monentos da sua vida. Morreu em casa ao lado daqueles que ela amava rpofundamente.

A Isabel era esposa do meu "mano" Tony Levezinho, mãe da Rita e do Nuno, avó do Diogo. 

Tinha ainda há poucos meses,  neste ano da desgraça de 2020, acabado de celebrar  as suas bodas de ouro de casada. Contou-nos, a mim e à Alice, (quando a fomos visitar, já doente, na casa no Tagus Park, em Oeiras, em 28 de setembro passado) que se tinha sentido tão feliz pela "escapadinha" que a levara, a ela e ao marido,  a Viseu, à magnífica Pousada de Viseu, uma prendinha dos seus filhos Rita e Nuno.

Lembro-me de ela ter casado, ainda muito novinha, aos 18 anos (feitos em 30/7/1970),  com o Tony quando ele veio de férias à "metrópole", no verão de 1970. Era então uma jovem (e promissora) ginasta do Académico da Amadora. 

Soube, e isso recordá-lo ainda há pouco tempo, que ela queria ir para a Guiné com o amor da sua vida. Felizmente que não chegou a poder concretizar essa generosa (mas romântica e nada aconselhável) intenção: a segunda metade do ano de 1970 foi também muito dura para os homens da CCAÇ 12. 

Somos, de longa data, eu, a Alice, a Joana e o João, amigos da família e durante anos vizinhos da Amadora. O Tony e a Isabel deram-nos o prazer da sua companhia e a prova da sua amizade em vários momentos das nossas vidas, Tenho pena de não ter aqui, à mão, nenhuma foto da sua participação na festa dos meus 70 anos, em 2017, organizada, de surpresa, pela Alice, no Hotel do Vimeiro, em 2017.  Foi o único casal, dos meus camaradas da Guiné, que a Alice convidou, por sua iniciativa própria. Também não tenho nenhuma da sua participação num ou noutro dos convívios da malta de Bambadinca (1968/71).

2. A notícia da sua morte deixa-nos devastados. Escrevi ao Tony, há poucas horas, o seguinte: 

"Tony, meu mano. O luto é um processo duro e difícil que todos temos de fazer quando perdemos alguém que nos é muito querido. Acabar de perder a tua companheira de uma vida, mãe dos teus filhos Rita e Nuno, avó do teu neto Diogo.

"Nestas ocasiões, tudo o que os amigos pode,m dizer e fazer é pouco para preencher o vazio que estás a sentir. Mas vais superar esta perda como superaste outras na vida. És um homem forte e racional. Como teu amogo do peito, e amigo da família, gostaria de poder estar aí contigo, eu e a Alice,  neste momento fifícil por que estás a passar. Tens o nosso 'ombro amigo'. Sei que já estavas, com tempo, a preprar-te para o pior. Infelizmente não poderei estar aí contigo este fim de semana  a derradeira homenagem à nossa querida e doce Isabel. Falei com o Humberto e sei que a cremação é no próximo domingo. Como já sabes, aqui no Norte, a barra também está pesada e estamos a dar o apoio possível a um familiar que também está doente (...).

"Sei que a Isabel era uma mulher discreta e avessas às luzes da ribalta, mas o mínimo que eu lhe posso fazer, como teu camarada, amigo e mano, é editar-lhe este poste de homenagem póstuma e propor a sua entrada na nossa Tabanca Grande, ficando a sua memória inscrita no lugar nº 834, à sombra do nosso poilão (*)... Já estão lá, há tempos, outras companheiras de camaradas nossos como a Teresa Reis (1947-2011). do Humberto Reis, de resto outra boa amiga da Isabel.

"A Isabel era uma pessoa discreta, serena, doce e afável cujo sorriso, bondade e amizade vamos guardar, nas nossas memórias, para o resto das nossas vidas. Mas agora é preciso reconfortar (e ser solidário na dor com) os vivos. Tony, Rita, Nuno, Diogo...mesmo à distância, estamos aí convosco no pior Natal das vossas vidas!".. Vê se descansas um pouco, Tony. Um chicoração fraterno, meu, da Alice, da Joana e do João,  para ti, a Rita, o Nuno e o Diogo."

PS1 - Citando um dos meus poetas preferidos, Ruy Belo, que ainda teve tempo e lucidez para se despedir da "terra da alegria", "é triste ir pela vida como quem / regressa e entrar humildemente por engano / pela morte dentro".

PS2 - O Tony tem página no Facebook e mais de 6 dezenas de referências no nosso blogue. Foi fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Ele e a Isabel estavam reformados da Petrogal. E possuíam, em Vila do Bispo, Sagres, Martinhal, uma casa adorável onde recebiam os amigos, sempre de coração aberto.




Vila do Bispo > Sagres > Martinhal > Julho de 2014 > Da esquerda para a direita, o Humberto Reis, o José Manuel Rosado Piça, a Isabel Leveziuho, a Leonor, a esposa do Piça, e a Joana, na altura companheira do Humberto.  (**)

Foto: © Tony Levezinho (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


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Notas do editor:


Guiné 61/74 - P21689: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (29): O Natal agridoce de 2020... (E um "In Memoriam" à Isabel Levezinho que acaba de deixar a "Terra da Alegria") (Luís Graça)






Tabanca de Candoz, 19 de dezembro de 2020 > O solstício do inverno faz parte do ciclo da vida. (O inverno, no hemisfério norte, começa a 21 de dezembro.) 

Foto (e legenda): ©  Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


O Natal agridoce de 2020

por Luís Graça



Nos nossos lares, este ano, o Natal

Vai ter quase tudo o que manda a tradição,

Mas vai, de certo, faltar o essencial:

Não o bom bacalhau, mas o... chicoração!


Vai ser agridoce o Natal da pandemia,

Sem a presença da família alargada:

Pode a mesa ser farta, mas estará vazia,

Em faltando a alegria da criançada.


Companheiros, que raio de tempo é este!,

Estamos vivos, é certo, mas ameaçados,

P’la Covid, o nome moderno da Peste.



Feitos para, na terra, viver e amar,

Há nove meses confinados e mascarados,

Também desta haveremos de... nos safar!
 

Tabanca da Madalena, Vila Nova de Gaia, 

24 de dezembro de 2020, 8h00


PS - Na véspera de Natal, depois de ultimar este soneto, tive a amarga e  tristíssima  notícia da morte (se bem que "anunciada") da nossa querida Isabel Levezinho, vítima de doença prolongada. Era esposa do meu "mano" Tony Levezinho, mãe da Rita e do Nuno, avó do Diogo. 

Tinha ainda celebrado neste ano da desgraça de 2020 as suas bodas de ouro de casada. Lembro-me de ter ela casado, ainda muito novinha, aos 17 ou 18, com o Tony quando ele veio de férias à "metrópole", em meados de 1970. Era então uma jovem (e promissora) ginasta do Académico da Amadora. Soube, só há pouco tempo (quando a fomos visitar, já doente, na casa no Tagus Park, em Oeiras, em 28 de setembro passado), que ela queria ir para a Guiné com o amor da sua vida. Felizmente que não chegou a poder concretizar essa generosa (mas romântica e não aconselhável)  intenção: a segunda metade do ano de 1970 foi também muito dura para os homens da CCAÇ 12. 

Somos, de longa data, eu,  a Alice, a Joana e o João, amigos da família e durante anos vizinhos da Amadora. O Tony e a Isabel deram-nos o prazer da sua companhia e a prova da sua amziade em vários momentos das nossas vidas. A notícia deixa-nos devastados. O nosso pensamento está com ela e com os nossos amigos neste Natal que mais do que "agridoce", é amargo. 

A Isabel era uma pessoa discreta, serena, doce e afável cujo sorriso, bondade e amizade vamos guardar, nas nossas memórias,  para o resto das nossas vidas. Mas agora é preciso reconfortar (e ser solidário na dor com) os vivos. Tony, Rita, Nuno, Diogo...mesmo à distância, estamos aí convosco no pior Natal das vossas vidas!

Citando um dos meus poetas preferidos, Ruy Belo, que ainda teve tempo e lucidez para se despedir da "terra da alegria",  "é triste ir pela vida como quem / regressa e entrar humildemente por engano / pela morte dentro".

[O Tony tem página no Facebook e mais de 6 dezenas de referências no nosso blogue.]

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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20952: (In)citações (147): Homenagem ao ex-alf mil capelão, Arsénio Puim, CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), no seu 84º aniversário - Parte II: Mais um de nós (Tony Levezinho); Parte III: O único santo que conheci em Bambadinca (Luís Graça)

Arsénio Chaves Puim, ex-alf mil capelão,
CCS/BART 2917 (maio 1970 / maio 1971)
1. Depoimento do Tony Levezinho, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971). 

Tem 60 referências no nosso blogue. Conviveu, ele e outros militares da CCAÇ 12,    com o Arsénio Puim  durante cerca de 10 meses...

Está reformado da Petrogal, onde foi quadro superior. É casado, tem 2 filhos, 1 neto... Vive em  Martinhal, Sagres,Vila do Bispo, barlavento algarvio.



ARSÉNIO PUIM – MAIS UM DE NÓS


Não sendo eu muito dado à convivência com as memórias do período da minha vida consumido em terras da Guiné, durante a guerra colonial, recordo, no entanto, com alguma facilidade a figura do nosso alferes capelão, o Arsénio Puim.

Desde logo pelas suas qualidades humanas, as quais faziam dele, aos nossos olhos, não a figura do Capelão Militar cuja missão era encomendar a Deus almas daqueles que iam tombando em combate mas antes, a de ser apenas mais um de nós na partilha dos momentos livres (não muitos) em que a sã confraternização não tinha restrições nem tabus de qualquer ordem, nem mesmo aqueles que eram ditados pela Disciplina Militar.

A média de idades dos milicianos, alferes ou furriéis, distanciavam-nos, nesses termos, alguns anitos do Arsénio. Contudo, ele soube sempre fazer por esbater esse potencial obstáculo e nunca a convivência entre nós foi minimamente afetada por tal facto.

Resumindo, o Arsénio Puim era mesmo mais um de nós.

Via o meu querido Luís Graça, peço ao filho Miguel Puim que aproveito para também saudar, que no próximo dia 8 de Maio dê, em meu nome, um Abraço muito forte a seu pai pela celebração do seu 84º Aniversário.

Saudações fraternas.

António Levezinho

( Ex-Furriel Miliciano da CCAÇ 12, Bambadina, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > c. 1970 > Em frente ao edifício do comando do BART 2917 (1970/72) >  Furriéis milicianos António Levezinho e Luís Graça Henriques, à civil... "enquanto a guerra seguia dentro de momentos"... Ficaram "dois amigos para sempre"...

Foto (e legenda): © António Levezinho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Versos do nosso editor Luís Graça, que noutra encarnação era o Henriques e foi amigo do único capelão, para mais açoriano de Santa Maria,  que conheceu no TO da Guiné:


Para o único santo que conheci em Bambadinca
o  nosso bom amigo e camarada Puim


Arsénio Puim, camarada, parabéns,
Por mais um aninho de vida, pá,
E oxalá, enxalé, inshallah!,
Seja a saúde o melhor dos teus bens.

Só nos serve p’ra sermos livres e felizes,
Enquanto andamos cá por esta terra,
Com lembranças de uma antiga guerra,
Em que do mal fomos maus aprendizes.

Ah!, já não és mais o bom ‘padre-capilon’, 
Em Bambadinca, cova do lagarto,
E dos ‘cães grandes’ ficaste bem farto,
Nunca auguraram nada de bom.

Da Guiné, a todos nós, a ti e a mim, 
Uma certa memória nos ficou,
Sítios onde Cristo nunca parou,
E outros qu’ amaste, meu santo Puim.

Nhabijões, Samba Silate, Mero ou Xime,
São geografias, são emoções,
Não há rancor nos nossos corações, 
Mesmo sabendo que toda a guerra é crime.

Enterraste os mortos, e dos vivos cuidaste,
Ajudaste-nos a fazer o luto,
Exorcizaste o mal absoluto,
Mas sabemos o preço que pagaste.

Têm um preço a justiça e a liberdade,
Que nem todos nós queremos pagar,
Teu bom exemplo é de recordar,
P’la camaradagem e amizade.


Luís Graça, na Lourinhã, 
na ponta mais acidental do continente europeu,
(,aqui donde se ia a Nova Iorque a pé,
há 150 milhões de anos,)
e hoje confinado, na sequência da pandemia de COVID-19 
(de que Deus nos livre!),

domingo, 7 de julho de 2019

Guine 61/74 - P19953: O Cancioneiro da Nossa Guerra (11): o fado "Brito, que és militar" (Bambadinca, 1970, ao tempo da CCS/BART 2917 e CCAÇ 12) (recolha de Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > Convívio no bar de sargentos, em meados 1970, ou em 30 de novemhro de 1970, no 38º aniversário do 1º sargento Fernando Brito; ou ainda, festa de Natal de 1970?

Inicialmente inclinava-me para a hipótese de ter sido em "meados de 1970", ainda estávamos em "lua de mel", os "velhinhos" da CCAÇ 12, e os "piras" do BART 2917, aqui representados, à direita,  pelo 2º Comandante, maj art José António Anjos de Carvalho, sempre fardado, hoje cor art ref, e à esquerda, pelo  1º srgt art Fernando Brito (1932-2014)...

As senhoras: à direita do Brito, a Helena, mulher do alf mil at inf António Manuel Carlão, do 2º Gr Comb da CCAÇ 12 (o casal vive hoje em Fão, Esposende); à direita do Anjos de Carvalho, a esposa do major art, Jorge Vieira de Barros e Bastos (mais familiarmente conhecido por Bê Bê, era o major de operações do comando do BART 2917; hoje cor art ref); e à sua direita, Isabel, a esposa do José Alberto Coelho, o fur mil enf da CCS/BART 2917 ) (o casal vive hoje em Beja).

Mas tudo indica que se trata da festa de aniversário do 1º Brito, em 30/11/1970, apesar de, nessa altura, as relações com o major art Anjos de Carvalho, a três meses de acabar a nossa comissão, serem  muito crispadas e tensas... Dias antes, tínhamos sofrido em brutal revés, no subsetor do Xime, com 6 mortos e 9 feridos graves (Op Abencerragem Candente)...

A CCAÇ 12, como companhia de intervenção, africana, estava adida ao comando do setor L1. Inclino-me mais para a festa de anos do 1º Brito, que era de facto um "senhor 1º sargento", e que mantinha com a malta da CCAÇ 12 uma "relação muito especial"... Se se reparar bem na imagem, o Brito  ostenta uma chucha, ao pescoço, sinal de que fazia anos...  38 anos!... A festa não poderá, pois, ter ocorrido nos primeiros tempos, após a chegada do BART 2917 a Bambadinca, que veio render o BCAÇ 2852 (1968/70), em finais de maio de 1970...

Na altura, estas eram as três senhoras, brancas, que existiam no quartel de Bambadinca (, não contando com a senhora professora do ensino primário, cabo-verdiana, que raramente era vista, mas que vivia dentro das nossas instalações militares, no edifício da escola, a dona Violete da Silva Aires). E não havia miúdos, a não ser os da escola e da população local... Os militares guineenses (da CCAÇ 12 e outras subunidades, como os Pel Caç Nat que estiveram connosco) em geral eram casados e tinham consigo as famílias mas fora do arame farpado, vivendo em Bambadinca ou em Bambadincazinho.

Foto (e legenda): © Vitor Raposeiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Coimbra > 2012 > O Fernando Brito, major art ref, (1932-2014) e o neto, Claúdio Brito,   finalista da Universidade de Coimbra, ano letivo de 2011/2012 (Cortesia do Cláudio Brito, da sua página no Facebook).

Foto (e legenda): © Cláudio Brito (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fado "Brito... que és militar!"(*)

Letra: Tony Levezinho

[Adapt: Fado "Povo que lavas no rio"

[Música: Fado Victória, composição original de Joaquim Campos (1911-1981)


Letra:
Pedro Homem de Melo 


Criação de Amália Rodrigues, 1961] [Uma interpretação de Amália
pode ser aqui ouvida, no YouTube -ficheio apenas áudio]

Refrão

Brito, que és militar,
Que vieste p'rá Guiné,
Em mais uma comissão.
Na CCS ficaste,
Para aturar o Baldé,
A pedir-te patacão.


Fui ver à secretaria,
Por ouvir a gritaria
Que fazia confusão:
- Mim quer saco de bianda!
- Põe-te nas putas, desanda,
Que a mim cá têm patacão!

Filho da puta e sacana,
É o que eles te chamam,
Tenho a mesma condição:
- Mamadús, eu vos adoro,

Se for preciso eu choro,
Mas Patacão... é que não!

Refrão

Brito, que és militar,
Que vieste p'rá Guiné,
Em mais uma comissão.
Na CCS ficaste,
Para aturar o Baldé,
A pedir-te patacão.


[Recolha: Gabriel Gonçalves / Revisão, fixação de texto: LG]



1. Este fado faz parte do Cancioneiro de Bambadinca, logo, deve integrar o Cancioneiro da Nossa Guerra (**). 

Quem o salvou, do limbo do esquecimento, foi o Gabriel Gonçalves, o 1º Cabo Cripto da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Eu reconheci a letra e o autor da letra, o nosso querido amigo Tony Levezinho.

Quanto ao homenageado, era o Fernando Brito, o 1º Sargento da CCS/BART 2917, que chegou a Bambadinca, para tomar conta do Sector L1, em finais de maio de 1970, quando a malta da CCAÇ 12 já pertencia à velhice, com um ano de porrada e outro batalhão em cima (CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)..

O Fernando Brito (1932-2014) era um senhor, que se impunha não só pelo seu físico e pelo verbo fácil como pela tarimba e pela autoridade... Naturalmente, suscitava amores e ódios, devido à sua personalidade excessiva... Era sobretudo um grande sedutor... 

Tinha uma cultura acima da média, se considerarmos o meio social de origem dos sargentos do quadro. Fazia gala de referir-se à esposa, de ascendência ou de apelido russo, Natacha.

Fazia questão de sublinhar, perante os reles infantes, que pertencia à orgulhosa arma de artilharia. Quando ouvíamos um disparo de obus, no Xime ou em Mansambo, comentava ele:
- Lá se foi mais um fato completo, com gravata se seda e tudo!... (Era o preço de uma granada de obus 10.5; em Bambadinca, nesse tempo, não havia artilharia)...

Não sei porquê, criámos - os furriéis da CCAÇ 12, já velhinhos - uma relação de empatia com o nosso Primeiro Brito, o chefão dos periquitos da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

A nossa CCAÇ 2590/CCAÇ 12 tinha deixado cedo de ter 1º sargento (O Fragata, de cavalaria, foi tirar o curso de oficial, na Escola Central de Sargentos, em Águeda), sendo essas funções desempenhadas interionamente pelo nosso querido 2º sargento inf José Manuel Rosado Piça, alentejano dos quatro costados, grande cúmplice, grande camarada, grande compincha, grande amigo... [Tinha 37 ou 38 anos mas não se foi embora da Guiné sem levar o seu baptismo de fogo... Já no final, nos princípios de 1971, obrigámo-lo a ir ao Poindon, desenfurrejar as pernas e a G-3]...

Qualquer deles, o Brito e o Piça, alinhavam nas nossas noitadas, loucas, de Bambadinca. O Brito tinha, além disso, um "tabanca" (leia-se: uma morança, dentro do perímetro de arame farpado do quartel, mas na parte civil, junto aos correios, escola, casa do chefe de posto)... Era um refúgio, para nós... Íamos lá beber uns copos... Ele e o 2º comandante, o Anjos de Carvalho, não se coziam lá muito bem (, segundo ele me confirmou, mais tarde, ainda em vida)... Nós, por nosso lado, detestávamos o "militarista" do 2º comandante, o senhor professor da Academia Militar Anjos de Carvalho... Mas a "tabanca do Brito" provocava algumas ciumeiras, já que nem todos tinham acesso ao "sítio"... Só os amigos ou os que ele considerava como tais...

Há 43 anos, desde março de 1971, que deixei de ter notícias dele, do nosso "primeiro Brito"... Acabei por ter a felicidade de ainda o apanhar com vida, a um mês de ele morrer, subitamente, antes de completar os 82 anos... Falámos longamente ao telefone... Vivia em Coimbra, já viúvo. Era major, reformado. Fez ainda uma segunda comissão no CTIG, como 1º sargento [1ª CCAÇ / BART 6523 (Madina Mandinga, 1972/74)], antes de frequentar a extinta Escola Central de Sargentos, em Águeda.

Morreu em 19 de fevereiro de 2014. Era (é) o nosso grã-tabanqueiro nº 641. O seu neto Cláudio Brito honra-nos também com a sua presença na Tabanca Grande, com o nº 697.   
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9144: O nosso fad...ário (5): Fado Brito que és militar (Letra de Tony Levezinho, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

(**) Postes anteriores da série:

16 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19020: O Cancioneiro da Nossa Guerra (10): O fado "Tudo isto é tropa" (recolha de Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)

14 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18921: O Cancioneiro da Nossa Guerra (9): Os bravos de Bambadinca

29 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18692: O Cancioneiro da Nossa Guerra (8): A Balada de Béli (recolha de José Loureiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 1790 / BCAÇ 1933, Madina do Boé e Béli, 1967/69)

19 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18537: O Cancioneiro da Nossa Guerra (7): "Marcha de Regresso" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)

16 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18528: O Cancioneiro da Nossa Guerra (6): "Os Homens não Morrem" (Recolha de Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/ 68)

28 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O Cancioneiro da Nossa Guerra (5): O hino dos "Unidos de Mampatá", a CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18261: O cancioneiro da nossa guerra (4): "o tango dos periquitos" ou o hino da revolta da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) (Silvino Oliveira / José Colaço)

27 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18259: O cancioneiro da nossa guerra (3): mais quatro letras, ao gosto popular alentejano, do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71)

8 de novembro de 2017> Guiné 61/74 - P17944: O cancioneiro da nossa guerra (2): três letras do Edmundo Santos, ex-fur mil, CART 2519, Os Morcegos de Mampatá (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71): (i) Os Morcegos; (ii) Estou farto deles, tirem-me daqui; (iii) Fado da Metralha

30 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17811: O cancioneiro da nossa guerra (1): "Asssim fui tendo fé, pedindo a Deus que me ajude"... 4 dezenas de quadras populares, do açoriano Eduardo Manuel Simas, ex-sold at inf, CCAÇ 4740, Cufar