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terça-feira, 15 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23082: Antologia (84): Poema dedicado ao Tono d'Amelita, meu companheiro de carteira no velho colégio, morto em combate em Moçambique (Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3853, Aldeia Formosa, 1971/73)


Vale de Cambra. Brasão de armas.
 Fonte: Cortesia de Heraldry of World


Poema do Alberto Bastos  ao Toino d'Amelita





1. Poema do Alberto Bastos, a um amigo e conterrâneo que morreu, em combate, em Moçambique, o Tono d'Amelita (sic), "meu companheiro de carteira no velho colégio".  Escrito na Guiné, em 22 de fevereiro de 1973.  

Fonte: Alberto Bastos:  "Alguém".  Lisboa: Chiado Editora, 2008,  pp. 50-51. Seleção e digitalização: Joaquim Pinto Carvalho.  (*) 


Segundo pesquisa feita no portal Ultramar-TerraWeb, Mortos na Guerra do Ultramar, Concelho de Vale de Cambra, o infortunado amigo e camarada do Alberto Bastos, o "Tono d' Amelita",  deverá ser o António Augusto Soares Almeida, natural de Vila Chá, terra banhada pelo rio Caima, concelho de Vale de Cambra, fur mil at inf, CCAÇ 3474 / BCAÇ 3868, morto em combate no TO de Moçambique, em 30/10/1972.

Está sepultado na sua antiga freguesia natal, Vila Chã, hoje (depois da reforma administrativa de 2013) freguesia de Vila Chã, Codal e Vila Cova de Perrinho. Com ele morreram, no guerra do ultramar, mais 14 camaradas naturais de Vale de Cambra, segundo a mesma fonte.

O Alberto Bastos, natural também  de Vale de Cambra,  foi alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73). Morreu recentemente, de doença súbita,  logo no início  do ano de 2022. (**). 

Entrou para a Tabanca Grande, a título póstumo, no dia 11 de janeiro de 2022 (***). 

Já aqui publicámos mais alguns dos teus textos poéticos (****).
 
__________
 
Notas do editor:



(***) Vd. poste de 11 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22897: Tabanca Grande (529): Alberto Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73), natural de Vale Cambra, o primeiro grã-tabanqueiro do ano, o nº 856, embora infelizmente a título póstumo

(****)  Vd. postes de:

12 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22898: Antologia (81): A grande paródia da guerra... "Pessoal, bó berra, ir no guerra bó persiste?... Nega!... Cá miste!" [Poema de Alberto Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73), poeta, dramaturgo, encenador e ator, natural de Vale de Cambra]

17 de janeiro de  2022 > Guiné 61/74 - P22916: Antologia (82): Mariema, mãe-mártir... [Poema de Alberto Bastos (1948-2022), ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73), poeta, dramaturgo, encenador e ator, natural de Vale de Cambra]

Vd. também 16 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23003: Notas de leitura (1419): Prefácio do nosso camarada Adão Cruz, ex-alf mil médico, CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Caquelifá e Bigene, 1966/68) , ao livro "A Máscara (teatro)" (2015), de Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20249: Brasões, guiões ou crachás (8): A nossa bicharada de estimação ou o bestiário da nossa guerra... dava uma tese de doutoramento em antropologia!


































Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


1. Não sei se algum camarada, com espírito de colecionador, tem a lista completa com os "nomes de guerra" das nossas unidades e subunidades, nomeadamente as que passaram pelo TO da Guiné entre 1961 e 1974. (E também os seus lemas ou divisas...)

A mim, particularmente, interessava-me conhecer e analisar o "bestiário da Guiné": pelo breve apanhado que fiz (ver acima alguns brasões, crachás e/ou miniguiões,trata.se de  um amostra de conveniência...) , temos todos e mais alguns nomes da bicharada da arca de Noé, dos Tigres do Cumbijã (CAV 8351), aos Leões Negros (CCAÇ 13), passando pelos Falcões (CART 1525) e os Abutres (CCAÇ 3545) ... Os Lacraus (CART 11) também eram/são criaturas de Deus e temidos pela sua peçonha. E, para não parecermos racistas, é até criámos umas Águias Negras (BART 645), umas Onças Negras (CCAÇ 6) e uns Gatos Pretos (CCAÇ 5).

Não sei se alguém já teve a ideia de fazer um apanhado desta bicharada, ou do nosso "bestiário"... Do céu à terra, e se calhar ao mar, há cá de tudo,dos Répteis de Contuboel (CCAÇ 3547), dos Jagudis (CCAÇ 3, ou pelo menos, de um grupo de combate da CCAÇ 3, comandado pelo nosso camarada e amigo A. Marques Lopes). Os camaradas da CCAÇ 3325, por sua vez, eram os Cobras de Guileje.

Temos muitos animais, dos felinos às aves de rapina, há cá tudo como no Jardim Zoológico, dos Gaviões (Pel Caç Nat 52, mas também  CCAÇ 2796) aos Leopardos (38ª CCmds), sem esquecer os Jacarés (CCAÇ 1586) e os Panteras, em duplicado (CCAÇ 3538 e CART 1742)., uns talvez mais "astutos e ferozes" do que outros.

Será que havia ratos, sapos, doninhas... ? Ninguém gosta de ratos...E símbolos de paz, como os pombos ou as aves do paraíso  ou as borboletas ? Não deveria haver. Até cães havia...Mas os Elefantes, ainda não os encontrei...em os Hipopótamos, os Tubarões ou as  Baleias...

Em boa verdade, seria ridículo as Baleias ou as Avezinhas do Paraíso iram para o mato...Os "nomes de guerra" são isso mesmo, são para impressionar e intimidar o inimigo... Ou servem tudo para reforçar a identidade e o espírito de corpo dos militares e do seu grupo ?

De qualquer modo, também aqui os bravos da Guiné não se mediam aos palmos: veja-se o caso  dos Lassas (CCAÇ 763), um formidável exército de formigas ("lassas"), guiadas por cães e comandadas por um "leão", o Leão de Cufar...

O Leão (mais o Milhafre ou o Açor ?) aparece no brasão da CCAÇ 2726, mobilizada pelo BII 18 (Açores). E quem também não podia faltar era o patriótico Galo de Barcelos, a "mascote" dos Magriços de Guileje (CCAÇ 2617). De igual modo,  a CCAÇ 4143 tem o Leão (Jubas) , o rei dos animais, no seu guião, leão que também  aparece no brasão dos bravos da CCP 121 / BCP 12.

Ah!, também os Vampiros (CCAÇ 2367) fizeram a guerra da Guiné... sem esquecer os veteranos da CCmds da Guiné (Brá, 1965/66): o alferes António Vilaça  comandava  o Gr Cmds Vampiros,  de que faziam parte entre o Jamanca e o Justo (, integrarão mais tarde  a 1ª Companhia de Comandos Africanos, tendo sido executados pelo PAIGC, já depois da independência).

Nessa época. a nossa imaginação era mais limitada, bem como o próprio bestiário: ainda não havia a mania dos Dinossauros nem o T. Rex, o Tyrannossaurus, tinha chegado às salas de cinema... Mas já era popular o King Kong, o Gorila Gigante, desde os anos 30...

De resto, na Guiné, não havia gorilas, só em Angola, em Cabinda, na floresta do Maiombe. O BCAÇ 11 (Cabind, Angola, 1970/72) foi buscar a figura do Gorila de Maiombe para sua mascote. Na Guiné havia o chimpanzé (o "dari", em crioulo), mas não creio que alguém tenha aproveitado a ideia de o meter num brasão militar...

2. Não tenho espírito de colecionador, mas admiro os colecionadores. Não sou persistente o suficiente (nem obsessivo, perfeccionista, metódico, muito menos rico...) para fazer uma colecção do que quer que seja (borboletas, caricas, notas e moedas, caixas de fósforo, livros raros, obras de arte, ...até às loiras e aos carros!).


Minto, tive em tempos uma colecção de recortes de jornais e revistas, devidamente tratada, com os artigos ou notícias recortados e colados em folhas de papel A4... Isto muito antes da era dos computadores e da Internet. 

Cheguei a ter, no "escritório" do meu sótão, .largas e largas dezenas de arquivadores, de A a Z, com alguns vinte mil recortes (incluindo coisas, poucas, da "guerra colonial",  já que naquele tempo, antes e depois do 25 de Abril,o tema era tabu) ...

Um dia deu-me uma fúria danada e fiz um "auto de fé" (neste caso, acabou tudo ingloriamente, anos de trabalho, não no "papelão" (ainda não havia o "papelão" nem "vidrão"),  mas no caixote do lixo indiferenciado... Tal como o Zé Manel, o nosso Josema, da Régua, fez com os poemas que ia compondo religiosamente, todos os dias, nas patrulhas de segurança, à nova estrada em construção Mampatá, Nhacobá, Colibuia, Salancaur, etc. O seu suplício de Sísifo!

Um dia o mesmo vai acontecer (ou já com aconteceu, infelizmente, acontece todos os dias, sempre que um ex-combatente morre) com as nossas fotos, álbuns, objectos, aerogramas, cartas, diários, poemas, agendas, rascunhos, segredos, fardamento, roncos, estatuetas, e por aí forma... 

Um dia vai acontecer o mesmo com o nosso corpinho (1 metro e 72, 75 quilos): sete palmas de terra, um caixão, umas pasadas de terra e cal... Ou então, crematório, com ele, que é para não ficar cá a feder...e a roubar espaço aos vivos...

Os vivos, em todas as culturas e em todas as épocas, apressam-se a queimar os pertences dos mortos, depois de queimarem ou enterrarem o seus corpos... Com uma única excepção: o ouro, a prata, o vil metal, as notas de banco e os títulos de propriedade dos bens imobiliários... Dizem que é para os "purificar" dos "pecados terrenos"...

Por isso eu só posso aplaudir a iniciativa dos nossos camaradas António J. Pereira da Costa (, o "Tó Zé"), do Eduardo MR, do Carlos Coutinho e dos demais coleccionadores da nossa Tabanca Grande e demais tabancas... Guardemos o que pudermos para um futuro museu da(s) Guerra(s) de África... Simplesmente por "dever de memória"!... Ou por respeito por nós!... Sobretudo por respeito por nós!...

Eu até já tenho, sem querer,  um pequeno núcleo, desde uma espada de régulo (mandinga, creio eu) que me ofereceu o Juvenal Amado até alguns emblemas e sobretudo livros, até as cartas e aerogramas (centenas) que o Beja Santos escreveu à Cristina e que eu estou incumbido de entregar, um dia, ao Arquivo Histórico-Militar...

Mas podemos pensar melhor: talvez um dia possamos mesmo ter um museu (ou núcleo museológico) dedicado à Guiné (1961/74)... Tem é que haver uns carolas com sentido de missão e capacidade organizativa para esta missão, se possível com alguma formação museológica...

Com a idade em que estamos e com os problemas de saúde que aí vêm, é difícil arranjar alguém que lidere esta iniciativa... Se calhar é preferível optar por soluções mais expeditas: doar o corpo ao departamento de anatomia de uma faculdade de medicina (, como fez recentemente um amigo que morreu de cancro) e os nossos pertences (de guerra) ao Arquivo-Histórico Militar...

A lista dos objectos pode ser publicada no nosso blogue, para saber onde param os itens, qual a a sua origem, significado, dono ou fiel depositário, etc.

Antes que tudo acabe, tristemente, na feira da Vandoma (no Porto) ou na Feira da Ladra (em, Lisboa)... E depois vá parar à estranja (Américas, Alemanhas, Inglaterras, China etc.) para estudo dos historiadores dos conflitos geo-estratégicos que nunca molharam o cu numa bolanha nem apanharam um balázio no ombro ou ficaram sem um pé numa mina ou tiritaram de frio com paldudismo...

Camaradas, amigos, camarigos: TUDO ISTO É PATRIMONIO e, embora imaterial, tem um valor incalculável... Porra, tenhamos orgulho nas nossas coisas, grandes, médias, pequenas ou micro... Até nas nossas ninharias!... A começar pelos brasões, crachas e guiões...

Um dia, estes gajos todos, dos pipis aos fanfarrões, que nos sucederem, ainda vão olhar para a nossa geração e dirão:

- Fogo!, gente do carago!

3. Esta matéria já foi abordada neste blogue pelo nosso camarada de armas Carlos Coutinho, que é um dos maiores coleccionadores nacionais desta temática. Muito dedicado, possui, segundo me disse, há uns anos atrás,  cerca de 2 mil emblemas e mini-guiões de Unidades que cumpriram as suas comissões no Ultramar (, não sei se em suporte físico ou em formato digital)... [Hoje são mais de 3 mil!).

Aliás o Carlos Coutinho ofereceu-nos já, em tempos,  um CD com centenas desse emblemas, que temos vindo a usar em diversos postes no blogue.

O Carlos inclusivamente já solicitou, num anterior poste do blogue, que quem tivesse algum emblema (brasão, guião ou crachá)  em casa, e nunca os tivesse ainda visto no blogue, fizesse o especial favor de o mandar para nós, editores, para publicação. Assim, o Carlos, posteriormente, faria a respectiva recolha e juntaria as novas peças no dito CD.

Quanto à criação no blogue de um banco de dados sobre brasões, crachás e guiões (, sugestão do António. J. Pereira da Costa, no poste P7513, de 27 de dezembro de 2010), penso ser interessante e importante conhecer a experiente opinião do Carlos Coutinho, que já tem muito trabalho desenvolvido sobre esta matéria na Internet e nos poderá informar de tal viabilidade neste blogue e a quem vou enviar uma cópia deste poste.

Para eventuais contactos, aqui fica o e-mail do Carlos: ccbitton@gmail.com

Os "emblemas" acima reproduzidos são de várias fontes, a começar pela  coleção do incontornável Carlos Coutinho, grande parte da qual está publicada no portal UTW, Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, trabalho esse (do Coutinho e da valorosa equipa dos nossos camaradas do Ultramar TerraWeb) de se lhe tirar o chapéu (neste caso o boné, a boina ou o quico!)... Só da Guiné são mais de 900  fichas completas.

A todos, o nosso obrigado. E continuem alimentar esta série... que tem estado parada desde 2009 (*)

PS - Em suma, temos material para uma tese de doutoramento em antropologia, com a indispensável colaboração do... Carlos Coutinho 3 da equipa do UTW.. A coleção está feita, falta-nos são as histórias do "making of" de cada brasão, guião e crachá, a ideia, o design, a inspiração, a heráldica, etc. E, naturalmente, uma análise exaustiva por categorização temática, a começar pelo "bestiário"...
_______________

Nota do editor

(*) Vd. postes desta série:

10 de novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)

14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3580: Brasões, guiões ou crachás (5): BCAÇ 2893, CART 730 e 23339, CCAÇ 726, 1426, 2406, 2636, 2701 e 3477 (José Martins)

14 de dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

25 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3938: Brasões, guiões ou crachás (7): Pelotão Independente de Morteiros 912 (Santos Oliveira)

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18860: Os 81 alferes que tombaram no CTIG (1963-1974): lista aumentada e corrigida (Jorge Araújo)



Fotos de João Tavares Pinto > Álbum da Guerra Colonial: Guiné (1966/68). In: Vidas e Memórias de uma Comunidade > Vidas Contadas > Migrações (com a devida vénia).

[João Tavares Pinto nasceu em 3 de janeiro de 1946 em Vila Velha de Ródão. Combateu na Guiné entre novembro de 1966 e agosto de 1968. Entre julho de 1967 e janeiro de 1968, esteve em Portugal em convalescença, após ter sido ferido em combate. Tem 14 fotos no seu álbum. Estas duas fotos foram editadas e reproduzidas aqui, no nosso blogue, com a devida vénia...]



Jorge Alves Araújo, ex-fu mil, op esp / ranger, 

CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor


OS 81 ALFERES QUE TOMBARAM NO CTIG (1963-1974)  (ACIDENTE, COMBATE  OU DOENÇA): LISTA CORRIGIDA E AUMENTADA



1. INTRODUÇÃO

Ainda que a lista dos «Alferes» que tombaram no CTIG (1963-1974) tenha sido já divulgada no blogue, por iniciativa do nosso camarada Artur Conceição (ex-Sold Trms da CART 730, Bissorã, Farim e Jumbembem, 1965/67) - P6658 e P12124 (*) - os meus últimos trabalhos de investigação permitiram-me identificar algumas divergências.

Por exemplo: nessa primeira lista, no n.º 68 (ordem alfabética) é referido o nome de «Miguel J. S. Moreno (FAP), 24/9/72 C», como tendo falecido na Guiné. Na minha investigação encontrei uma outra referência ao mesmo nome, mas com o óbito a acontecer em Mueda (Moçambique), conforme se prova no quadro abaixo:




Aproveitando estes dados mais recentes, decidi corrigir esse primeiro levantamento, saudando o camarada Artur Conceição pelo seu labor inicial, apresentando agora ao Fórum uma nova lista actualizada (admitindo-se a hipótese de continuar incompleta).

Para que não fiquem na "vala comum do esquecimento", como costumamos afirmar, eis os quadros estatísticos dos 81 (oitenta e um) alferes, nossos camaradas, que tombaram durante as suas Comissões de Serviço na Guerra no CTIG, 69% dos quais em combate (Vd. Gráfico a seguir).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)



2.  QUADROS POR CATEGORIAS E ORDEM CRONOLÓGICA




















Fontes consultadas [com cruzamento]:

http://www.apvg.pt/
http://ultramar.terraweb.biz/

(com a devida vénia)

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

18JUL2018.

________________

Nota do editor:

(*) Vd. postes de

29 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6658: Lista alfabética dos 75 alferes mortos no CTIG, 54 (72%) dos quais em combate (Artur Conceição)

7 de outubro de  2013 > Guiné 63/74 - P12124: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (22): Onde e como estava afixada, na parada, a placa toponímica com o nome do Alf Tavares Machado [, da CART 1613, morto em combate, em 28/12/1967] ? (Pepito)

segunda-feira, 19 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18435: In Memoriam (311): Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (Funchal, 1938 - Lisboa, 2012): foi comandante da CCAÇ 727 (1964/66) e da CCAÇ 2316 (1968/69)...Foi também poeta e escritor.




Academia Militar > "O meu instrutor de educação física no 3º ano... Era um atleta e desportista completo... Voltaríamos a encontrarmo-nos na Guiné"...

Fotos(e legenda): © António J. Pereira da Costa (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem, com data de ontem,  do nosso grã-tabanqueiro, cor art ref António J. Pereira da Costa, cor art ref (ex-alf art, CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt, CART 3494/BART 3873, Xime eMansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74):

Olá, Camaradas

Aqui vão duas fotos do atleta Ivónio Vasconcelos.

Creio que poderão interesse para "neta" do blog  [Adelise Azevedo, filha de Isabel Pereira, neta de José Alves Pereira, ex-militar da CCAÇ 727, família que vive no norte de França, em Wattrelos]

O Cap Ivónio Vasconcelos foi meu instrutor de educação física na 3º ano da Academia Militar.

Era um atleta e um desportista completo. De uma resistência física muito acima da média.

Voltei a encontrá-lo em Cacine em março de 1968 quando passou com a sua companhia para Mejo. Depois pisou uma mina A/P [em 28 de agosto de 1968]  e ficou inapto para a vida militar e fez-se poeta. (*)

Um Ab.

António Costa

2. Comentário do nosso editor LG:

Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos (Funchal, 1938- Lisboa, 2012): antigo comandante da CCAÇ 727 (Canquelifá, out 1964/ ago 66), subunidade que teve 18 baixas em campanha.

Seria gravemente ferido em combate em 1968, na área de Mejo/Guileje, quando comandava a CCaç 2316, então responsável pelo subsetor de Guileje.

Na sequência do seu ferimento em combate, dedicou-se à poesia e à escrita. Era um grande cultor da língua portuguesa.  Em 1 de junho de 1972, foi agraciado com a Medalha de Prata de Serviços Distuntos com Palma, passando à situação de reserva extraordinária.

Reformou-se como coronel de infantaria. (**)

Imagem, à direita, da sua página pessoal, www.joaquimevonio.com, alojada no Sapo, e que já não está disponível. 

Sobre estas duas subunidades, mobilizadas para o CTIG, e comandandas pelo cap inf Joaquim Evónio Vascocnelhos, recorde-se  seguinte:

(i)  CCaç 727 (1964/66): foi mobilizada pelo RI 16, partiu para o TO da Guiné em 6/10/1964 e  regressou em 7/8/66; passou por Bissau, Nova Lamego. Canquelifá, Piche; só teve um comandante, o Cap Inf Joaquim Evónio Rodrigues de Vasconcelos

(ii) CCaç 2316 / BCAÇ 2835 (Bissau, Nova Lamego, 1968/69). Unidade de mobilização: RI 15. Partida: 17/1/68. Regresso: 4/12/69. Localização: Bissau, Bula, Mejo, Guileje, Gadamael, Bissau.

(**) Último poste da série > 5 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18177: In Memoriam (310): Álvaro Andrade de Carvalho (Lourinhã, 14/8/1948 - Lisboa, 4/1/2018): médico, psiquiatra, gestor de saúde, meu conterrâneo, meu condiscípulo, meu amigo de infância, meu amigo para sempre... O funeral é no sábado, às 14h00, na sua terra natal (Luís Graça)

quarta-feira, 7 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18387: (D)o outro lado do combate (21): "Plano de operações na Frente Sul" (Out - dez 1969) > Ataque a Bedanda em 25 de outubro de 1969 (ao tempo da CCAÇ 6, 1967-1974) - Parte I (Jorge Araújo)


Citação: (1963-1973), "Combatente do PAIGC com um grupo de jovens carregadores", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43743 (2018-2-11) 

Fonte: Portal Casa Comum > Fundação Mário Soartes > Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia)



Infografia: Jorge Araújo (2018)



Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue, desde março de 2018



GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > "PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" [OUT-DEZ'69] - ATAQUE A BEDANDA EM 25 DE OUTUBRO DE 1969 (AO TEMPO DA CCAÇ 6, 1967/1974) 

(Parte I)

1. INTRODUÇÃO

Nas duas anteriores narrativas [P18346 e P18350], tivemos a oportunidade de partilhar com o colectivo da «Tabanca» o calendário do "plano de acções militares" do PAIGC, aprovado para ser operacionalizado durante o último trimestre de 1969 nas regiões do Quinara e do Tombali, situadas na zona Sul da Guiné, envolvendo a mobilização de um numeroso contingente de guerrilheiros de infantaria apoiados por uma quantidade considerável de equipamentos de artilharia pesada, incluindo peças anti-aéreas DCK.

Aos oito ataques a diferentes aquartelamentos previstos nesse "plano", os seus responsáveis militares, nomeadamente Nino Vieira (1939-2009), decidiram acrescentar mais um, exactamente ao mesmo local com que abriram as hostilidades – Buba, em 12OUT1969 – com o objectivo de corrigir os fracos desempenhos registados durante a primeira missão do seu "exército" neste "programa", depois de ela ter sido considerada de "enormes fracassos". Esta nova acção/missão, classificada como sendo um segundo ataque a Buba, ficou agendada para o dia 10 de Dezembro de 1969, com a qual se daria por encerrada esta "campanha".

Recorda-se que a elaboração desta narrativa, como de todas as outras que fazem parte deste dossier, tem na sua génese o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem nome do seu autor [mas que seguiremos em frente na busca da sua identificação], localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares. A esse documento base foram, ainda, adicionadas outras informações de diferentes fontes bibliográficas tendentes a ampliar a compreensão/explicação de cada ocorrência, gravadas nos dois lados do combate, instrumentos indespensáveis para o seu aprofundamento histórico.




2. AS ORIGENS DA CCAÇ 6 (COMPANHIA DE CAÇADORES N.º 6) – SUBSÍDIO HISTÓRICO

A CCAÇ 6 é a herdeira da estrutura orgânica da 4.ª CCAÇ (Companhia de Caçadores Nativos [ou Indígenas], esta criada e instalada primeiramente em Bolama em finais de 1959. Quatro anos e meio depois, em Julho de 1964, mudou-se para Bedanda, por necessidades operacionais, como resposta ao pedido de intervenção dos africanos no esforço da guerra. Foi aí, em Bedanda, que em 1 de Abril de 1967, decorridos três anos após a instalação dos seus primeiros efectivos, esta Unidade foi renomeada, passando a designa-ser por Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6 - "Onças Negras"].

Esta companhia de caçadores, constituída por praças africanas de Recrutamento Local, era enquadrada por oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole, tal como as restantes que foram organizadas nessa época no CTIG, cumprindo os últimos o período da Comissão de Serviço obrigatório previsto na Lei. Quanto aos primeiros, estes mantinham-se, marioritariamente, ligados à sua Unidade de base, uma vez que um dos objectivos emergentes para a sua criação foi/era a segurança e/ou defesa das suas populações, estando implicita neste conceito a actividade operacional na luta contra os grupos da/de guerrilha armados.

Para além da CCAÇ 6, o Aquartelemanto de Bedanda dispunha também de um Pelotão de Canhões sem Recuo [PCS/R], de um Pelotão de Artilharia «obus 14 mm» [Pel Art] e de um Pelotão de Milícias [Pel Mil n.º 143] da etnia fula.

Devido à sua intensa e porfícua acção operacional realizada ao longo dos anos, com importantes resultados obtidos nas múltiplas missões que lhe foram confiadas, a Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6] viria a ser merecedora de uma condecoração atribuída pelo Governo Central ao seu Estandarte [Cruz de Guerra de 1.ª Classe], em cerimónia pública presidida pelo Chefe de Estado, Almirante Américo Thomaz (1894-1987), de homenagem às Forças Armadas Portuguesas, realizada no Terreiro do Paço, em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1968, data que até ao «25 de Abril de 1974» era também conhecida como "Dia de Camões, de Portugal e da Raça".

Para que conste, eis a transcrição do texto que originou a condecoração tornado público na comunicação social [ex.: Diário de Lisboa, em 11 de Junho de 1968, p11; e Diário de Notícias, em 12 de Junho de 1968].





Fonte: Ultramar TerraWeb - Portal dos Veteranos dao Ultramat: Angola, Guiné, Moçambique, 1959-1975 [http://ultramar.terraweb.biz/10Jun1968_Lisboa.htm (com a devida vénia)]


3. O ATAQUE A BEDANDA EM 24OUT1969… QUE PASSOU PARA 25OUT1969 DEVIDO A SUCESSIVAS FALHAS NA SUA ORGANIZAÇÃO


Desenvolvimento da acção:

No dia 24 de Outubro [de 1969], às 17h15, as forças do Corpo Especial de Exército deviam atacar as instalações militares do campo de Bedanda com as seguintes forças, assim constituídas [apresentamos um quadro comparativo entre o 1.º ataque a Buba, em 12OUT1969, e este 2.º a Bedanda]:

Contavamos com a ajuda de 80 "povo" no transporte das munições até à posição de fogo. Devido ao número insuficiente de transportadores não pudemos concentrar no local toda a quantidade de munições necessária e muito menos distribui-la a tempo para as 3 posições de fogo, razão principal porque tivemos que adiar a missão.

Por acaso, as forças de infantaria tinham tido muitas dificuldades e atrasado bastante a sua chegada ao local e a tomada de posição no trerreno, não se verificando portanto qualquer desajuste. 


No dia seguinte, e com a aprovação do camarada Nino [Vieira], Comandante do Corpo Especial de Exército, nos prontificamos (as forças de Artilharia) a realizar a operação e a iniciá-la à mesma hora indicada para o dia anterior [17h15].

Realmente, às 15h30 inciamos a colocação das peças e a instalação das ligações telefónicas. Às 17h00 todas as peças estavam prontas para o tiro, quando descobrimos avaria na comunicação, devido a esse imprevisto só às 17h30 iniciamos o fogo de enquadramento com uma peça de canhão 75, desde a posição de fogo do GRAD. O inimigo [NT] respondeu imediatamente, cortando a instalação em dois pontos. Só 15 minutos depois retomamos a direcção de tiro e demos por terminado o enquadramento para as [peças] GRAD.

Imediatamente as peças de canhão abriram fogo, realizando tiro indirecto desde a distância de 2.000 metros. Do posto de observação, pareceu-nos (a visibilidade, dada a hora já avançada da tarde, era deficiente) ser um tiro efectivo, cobrindo a zona indicada. 





Citação: (1966-1970), "Guerrilheiros do PAIGC transportando as peças de um canhão sem recuo [B-10]", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/ fms_dc_44172 (2018-2-11) (com a devida vénia).

Fonte: Portal Casa Comum > Fundação Mário Soartes > Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia)

Final da Parte I.

Na Parte II desta narrativa, serão abordados os seguintes pontos:

1 – Conclusão do desenvolvimento da acção e respectivos resultados.

2 – Análise crítica à actuação da artilharia.

3 – Correcção das informações obtidas posteriormente pelo PAIGC.

4 – Quadro de baixas militares da CCAÇ 6 (de 1Abr1967 a 27Abr1974).

5 – Quadro de baixas militares da 4.ª CCAÇ (de Jul1963 a Fev1967).

Obrigado pela atenção.

Com forte abraço de amizade,

Jorge Araújo.

26FEV2018.
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