Mostrar mensagens com a etiqueta patacão. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta patacão. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15492: Inquérito 'on line' (23): cerca de 57% dos respondentes, num total de 81, admitem que já caíram (ou foram tentados a cair) no 'conto do vigário', uma ou mais vezes, e sobretudo na vida civil...


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAV 8350 (1972/73) > O fur mil op esp José Casimiro Carvalho, contando o patacão... Não, não se pense que foi ganho ao jogo (vermelhinha, lerpa) ou através do "conto do vigário"... É dinheiro honesto (*), daquele que custava... "sangue, suor e lágrimas"... Mesmo assim, quem não conhecer o Zé Casimiro até pode (ou podia) ser levado  a pensar que   ele estava a contar o "conto do vigário" à sua querida mãezinha para justificar a guita gasta...  em Bissau & arredores:

"[Carta] Cumeré, 12/7/73: Querida mãezinha: São 400$00, porque não autorizam a mandar mais, e só ficamos aqui com 1000$. Ontem fui a Bissau, e almocei lá, comprei umas coisitas, ‘roncos’ assim como fios com uma figurinha para pôr ao pescoço, uma carteira de pele de jibóia (50$00, candonga); e tirei fotografias num fotógrafo, 3 x 100$00… Sem saber como foram co’ caraças 300$00, não se pode ir a Bissau, no mato ao menos o dinheiro chega." (...)

Foto: © José Casimiro Carvalho (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


I. INQUÉRITO DE OPINIÃO: "SIM, JÁ CAÍ (OU FUI TENTADO A CAIR) NO CONTO DO VIGÁRIO" (RESPOSTA MÚLTIPLA)


1/2. Sim, pelo menos uma vez, na vida civil (n=25) e/ou na vida militar (n=6) (Total: 34)
42,0%


3/4. Sim, mais do que uma vez, na vida civil (n=9) e/ou na vida militar (n=3)(Total: 12)
(14,8%)

 5. Não, nunca caí (ou fui tentado a cair) (n=28)
(34,6%)

6. Não sei / não me lembro (n=7)
(8,6%)

Votos apurados: 81
(100,0%)
Inquérito 'on line' fechado em  14/12/2015 | 6h39 (**)


II. Comentário do editor:

A peluda é mais propícia ao 'conto do vigário' do que a tropa: é o que se pode concluir desta breve inquirição junto dos nossos leitores... O que até se compreende: o controlo sobre os vigários é mais apertado, há o Regulamento de Disciplina Militar (RDM), etc., o que não quer dizer que dentro das quatro paredes de um caserna não possa haver otários e vigários ou vigários e otários (a ordem é perfeitamente arbitrária): um não existe sem o outro...Obrigado a todos/as que responderam.

_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de  28 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3370: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (6): O nosso querido patacão

sábado, 7 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15338: Inquérito 'on line' (16): Para 42% dos respondentes (num total de 69), "100 pesos" era de facto dinheiro, era bastante patacão... Segundo a Companhia Seguros Douro, que oferecia na época um "seguro militar", cobrindo o risco de morte ou de incapacidade (total ou parcial) em teatro de guerra, cem contos (pouco mais de 28 mil euros, hoje) era quanto podia valer a vida de um herói!

1. Inquérito de opinião que decorreu na semana que findou: 

"NO MEU TEMPO, CEM PESOS ERA MANGA DE PATACÃO"


1/2. Era muito  (n=3) ou bastante dinheiro (n=26) > 29 (42,0%)


3. Era assim-assim, nem muito nem pouco  > 19 (27,6%)


4/5. Era pouco (n=12) ou muito pouco dinheiro  (n=5) > 17  (24,6%)


6. Não sei / não tenho opinião  >  4 (5,8%)

Votos apurados: 69 (100,0%)

Votação fechada: 5/11/2015. 14h30

2. Comentário do editor:

Segundo o nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), havia no mercado um seguro militar, dos Seguros Douro, que cobria o risco de morte e invalidez nos TO da Guiné, Angola e Moçambique. O capital seguro era de cem contos (100 mil escudos), o que daria hoje qualquer coisa como pouco mais de 28 mil euros (, usando o conversor de escudos para euros, disponibilizado pelo portal Pordata - Base de Dados Portugal Contemporâneo).

Houve quem pagasse 200 contos para livrar um filho ou um neto da "subida honra" de servir a Pátria no ultramar... Em face disto, convenhamos que 100 pesos, para a generalidade dos nossos militares (os de 1ª e os de 2ª classe),  eram bastante patacão!... (**)
____________

Notas do editor:

(*) 4 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15328: Inquérito 'on line' (15): quatro em cada dez respondentes acha que uma nota de 100 pesos era muito ou bastante patacão... Votação termina 5ª feira, dia 5, às 14h30

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15328: Inquérito 'on line' (15): quatro em cada dez respondentes acha que uma nota de 100 pesos era muito ou bastante patacão... Votação termina 5ª feira, dia 5, às 14h30

1. INQUÉRITO DE OPINIÃO: 

"NO MEU TEMPO, CEM PESOS ERA MANGA DE PATACÃO"


1/2. Era muito ou bastante dinheiro  > 
26 (40,6%)

3. Era assim-assim, nem muito nem pouco > 17 (26,6%)
4/5.  Era pouco ou muito pouco dinheiro >  
 17 (26,6%)

 6. Não sei / não tenho opinião > 
4 (6,2%)


Votos apurados: 64 (100,0%)
A votação termina dia 5, 5ª feira, às 14h50


2. Comentário de Ernesto Ribeiro (ex-1.º cabo, CART 2339, Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69), com data de ontem:

Boa Tarde, Luís

O meu obrigado pelo teu trabalho com o Blog.

Lembrei-me de um episódio com o Patacão.

Tenho uma filha que nasceu em abril de 1968, ou seja,  passados cerca de 4 meses de ter chegado a Fá de Cima. Claro que logo se colocou a possibilidade de vir à Metrópole para a conhecer, vai daí,  e como o Capitão da minha companhia iria estar no Porto,  cidade onde também residia, pedi-lhe para que fosse portador do dinheiro para eu pagar as passagens aéreas. 

O senhor,  muito solícito,  acedeu ao meu pedido.  Vai daí, levou com Bruta Pescada Fresquinha, pois a minha sogra tinha uma banca de peixe, e o valor das passagens em escudos (da metrópole)... Já não lembro qual foi o quantitativo [, mas deve ter sido 6 contos e tal]. 

O mais engraçado foi que o senhor entregou-me o mesmo valor mas em pesos [escudos da Guiné, que valiam menos 10%...]. 

Enfim, teve um ganho de mais de 600 escudos, manga de patacão! Grande negociante!...

Mas haja alegria e algum... patacão.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15319: (Ex)citações (298): Um peso era manga de patacão... para a bajuda de Mansoa (César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, 1969/71)





Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 2885 (1969/71) > Bajuda no pilão...

Fotos: © Sousa de Castro (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]



1. Mensagem, com data de ontem, 2/11/2015, às 19h13, do César Dias, ex-fur mil sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)



Luís, respondendo ao inquérito de opinião desta semana... cheguei á conclusão que 1 peso era manga de patacão (*).

Vagueando pela tabanca de Mansoa com a máquina em punho, vê a diferença das fotos.

(i) a foto nº 1 (uma bajuda a pilar) foi tirada por mim;

(ii)  depois chegou o alf Montezuma do meu pelotão, ofereceu-lhe 1 peso e olha a diferença... (**)

Um abraço

César



Moedas de 1 peso (escudo da Guiné)... Coleção do Joaquim Almeida, o Custóias

[O Joaquim, que esteve na CCAÇ 817, Porto Gole, 1965/67, guarda "religiosamente" estas duias moedas , recuperadas na sequência  do assalto a um acampamento do PAIGC na bolanha de Porto Gole, na zona de Mansoa, em 3 de julho de 1965, operação onde teve o baptismo de fogo. A moeda de baixo foi emitida, em 1946, por ocasião do V Centenário da Descoberta da Guiné].
______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 de outubro de  2015 > Guiné 63/74 - P15309: Historiografia da presença portuguesa em África (59): Cem pesos era "manga de patacão" para o camponês guineense, produtor de mancarra... Era por quanto venderia um saco de 100kg ao comerciante intermediário... Em finais de 1965 o governo de Lisboa garante a compra pela metrópole da totalidade da produção exportável da mancarra guineense e fixa o preço por quilo em 3$60 FOB (Free On Board)

(**) Último poste da série > 29 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15302: (Ex)citações (297): Quem disse que "100 pesos era manga de patacão" no nosso tempo? Em 1960, mil escudos (da metrópole) valiam hoje 428 euros; e em 1974, 161 euros, ou seja, uma desvalorização de c. 266 %... Recorde-se por outro lado que 100 pesos só valiam 90 escudos...

sábado, 31 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15309: Historiografia da presença portuguesa em África (64): Cem pesos era "manga de patacão" para o camponês guineense, produtor de mancarra... Era por quanto venderia um saco de 100kg ao comerciante intermediário... Em finais de 1965 o governo de Lisboa garante a compra pela metrópole da totalidade da produção exportável da mancarra guineense e fixa o preço por quilo em 3$60 FOB (Free On Board)



Foto nº 1 > Desenterrando a “mancarra”. Tarefa difícil com o sol a pique nas costas dobradas. Esta mulher tem a vida facilitada pois não tem o filho encavalitado.


Foto nº 2 > A muito custo e apenas com a ajuda de um longo pau endurecido na ponta este homem vai tratando do seu chão de mancarra.


Foto nº 3 > Levando os molhos enfiados num pau.


Foto nº 4 > E acumulando-os para posterior transporte.


Foto nº 5 > A debulha na eira. Aqui com ajuda de cestos (“balaios”) e do vento separam-se os grãos das cascas.

Fotos (e legendas): Henrique Cabral / César Dias (2007). Todos os direitos reservados. Edição: LG

Fotos do nosso grã-tabanqueiro César Dias, ex-furriel mil, CCS/ BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) e do Henrique Cabral.  Originalmente publicadas no sítio Entre Fogo Cruzado, numa entrada sobre Amendoim (mancarra), s/d. [2007?].

É uma magnífica página, esta,  concebida e mantida pelo Henrique Cabral, ex-fur mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857 (1965/67), também ele membro da nossa Tabanca Grande (desde 9/12/2007), e que andou por meia Guiné (.Fulacunda, Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10,Olossato, Cutia, K3 / Farim e Mansabá)...

Esta página (que merece uma visita!), Entre Fogo Cruzado,  "é dedicada à vida e costumes das  gentes [da Guiné]. Nela transmito aquilo que me foi dado observar, tentando chegar o mais próximo possível ao seu dia a dia, de uma vida tão difícil quanto a nossa, mas da qual a maioria de nós nem tinha tempo para ver, quanto mais pensar nisso. Sendo a nossa vida feita dentro do aquartelamento ou no mato, em guerra, o contacto com a população, para a grande maioria, restringia-se à nossa bajuda lavadeira - tendo em conta os muitos condicionalismos a que estávamos sujeitos e apesar da curiosidade que naturalmente tivéssemos".
 Alterámos a ordem das fotos, que documenta parte do processo da cultura da mancarra na Guiné na década de 1960. As legendas são do Henrique Cabral.


Ano
Mil toneladas
Mil
contos
Contos por tonelada
1960
24,0
78,8
3,27
1961
40,0
126,3
3,17
1962
38,7
133,3
3,44
1963
36,6
124,7
3,41
1964
34,0
119,2
3,50
1965
15,2
64,3
4,23

Quadro 1 - Exportação do amendoim (1960-1965)
Fonte - Adapt. de Dragomir Knapic - Geografia económica de Portugal: Guiné. Lisboa: Instituto Comercial de Lisboa, 1996, 44 pp., policopiado.


1. Recorde-se que o que já aqui escrevemos sobre a mancarra, o principal produto da Guiné até à independência (*):

(i)  em 1929,  a CUF - Companhia União Fabril obtém o reconhecimento alimentar do óleo de amendoim (ou mendubim, como então se dizia);

(ii)  esta decisão vai ter grande impacto não só na olivicultura nacional (, o "óleo fula" vai pressionar o preço do azeite) como na economia da Guiné, que passa a ser o principal fornecedor de matéria-prima, o amendoim; 

(iii) a CUF (, através da Casa Gouveia) detém o monopólio da exportação do amendoim  da Guiné, até à independência da Guiné-Bissau

(iv) entre 1930 e 1960 há um aumento gradual da produção e exportação: a. média de 1931-35 foi de c. 22,9 mil tonelafas e 15,2 mil  contos; a de 1955-60 de 34,2 mil toneladas   e 11,3 mil  contos;

(v) nos anos 60, é o principal produto de exportação da Guiné: representa 76% do total das exportações (em 1964), percentagem que vai decrescer para 61% em 1965;

 (vi) em meados da década de 1960, a área cultivada pelos produtores de mancarra atingia os 100 mil hectares, ou seja, um 1/4 do total da área cultivada da província!,,,.

(vii) a produção rondava as 65 mil toneladas; a produtividade era muito baixa: 600 kg / ha (2 mil kg /ha em casos excecionais);

(viii) em 1965, uma tonelada de amendoim exportado valia 4,2 contos   [ 1.589,91 €, a preços constantes de hoje] (Vd. Quadro 1, acima).

(ix) a cultura da mancarra era feita: (a) em regime de rotação; (b) sem seleção de sementes; (c) sem recurso a adubos ou estrume; (d) proporcionando fracos rendimentos aos produtores; e, por fim,  (e) exigindo grande esforço nas várias fases do ciclo de produção (sementeira, monda, protecção contra oso macaco-cão, colheita, armazenazem)...

(x) as principais regiões de produção eram as do leste da Guiné (Farim, Bafatá, Gabu) onde os solos são mais leves e a precipitação menor;

(xi) esta cultura era já considerada na época como muito lesiva do ambiente, pelo uso intensivo dos solos, a redução do pousio, as queimadas;

(xii)  o sistema de comercialização era altamente penalizante para os produtores;

(xiii) a mancarra punha em risco a segurança alimentar da população local;

(xiv) com a escalada da guerra e a "militarização" da população fula, há um decréscimo da produção;

(xv) é nessa altura que o governo da metrópole intervem fdixando o preço da produção da mancarra da Guiné destinada à metrópole  em  3$60 por quilo (para a campanha de 1965/66), um aumento de §15 / kg;

(xvi) desconhecemos o efeito desta medida no rendimento real dos produtores de mancarra: para chegar a Lisboa a 3$60 o quilo, o produtor guineense não deveriar receber mais do que um 1 peso; por isso, na altura 100 pesos era mesmo "manga de patacão": era um saco de 100 quilos de mancarra!  (**); uma família inteira a cultivar um hectare, no final, poderia ter um rendimento bruto... de 600 pesos (!).



Em face das condições muito especiais em que se continua a processar a produção e comercialização da mancarra da Guiné e enquanto se não finalizam os estudos necessários para dar cumprimento ao previsto no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 44507, de 14 de Agosto de 1962, e que tudo indica conduzirão a uma substituição gradual da cultura do amendoim por outras mais apropriadas às condições geo-climáticas da província, foi entendido, em relação à próxima campanha, elevar o preço desta oleaginosa de $15/kg, a fim de atender aos excepcionais sacrifícios suportados pela agricultura da província. 

Dentro deste condicionalismo: 

O Ministro do Ultramar e o Secretário de Estado do Comércio determinam que na campanha de 1964-1965, sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei n.º 44507, de 14 de Agosto de 1962, sobre a circulação de oleaginosas alimentares do ultramar no espaço português - e em especial no referente à garantia de compra pela metrópole da totalidade da produção exportável da mancarra guineense -, o fornecimento das referidas oleaginosas se regule pelas regras seguintes: 

1.ª A produção da mancarra da Guiné destinada à metrópole será adquirida ao preço de 3$60 F. O. B. [Freee on Board]  por quilograma. Deste quantitativo será atribuída a quantidade necessária para abastecimento directo da indústria dos Açores. A província indicará a data a partir da qual é possível iniciar os fornecimentos; 

2.ª Não são fixados preços nem contingentes para as restantes oleaginosas alimentares de qualquer das províncias ultramarinas; 

3.ª Dentro destas regras, o Ministério do Ultramar e a Secretaria de Estado do Comércio diligenciarão, em toda a medida do possível, intensificar as correntes de comércio de oleaginosas alimentares entre a metrópole e as províncias ultramarinas, mantendo-se permanentemente informados, através de consulta recíproca, nomeadamente acerca de quaisquer operações que se projectem com o estrangeiro, por forma a harmonizar os interesses da exportação das províncias ultramarinas com as necessidades de abastecimento nacionais. 

Ministério do Ultramar e Secretaria de Estado do Comércio, 10 de Dezembro de 1965. - O Ministro do Ultramar, Joaquim Moreira da Silva Cunha. - O Secretário de Estado do Comércio, Fernando Manuel Alves Machado. 

Para ser publicado no Boletim Oficial da Guiné. - J. da Silva Cunha.

[Fonte: Diário do Governo - 1ª Série, n 282, de 14.12.1965, pág. 1661(***)
_______________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14126: (Ex)citações (258): A prosperidade de Bafatá não se deveu tanto ao "patacão da guerra" como ao negócio da mancarra (Cherno Baldé)


(***)  Último poste da série > 5 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15075: Historiografia da presença portuguesa em África (58): Casamansa, setembro de 1858: apoio das autoridades portuguesas aos interesses franceses, objeto de hostilidade pelo "gentio local": portaria, de 30/9/1858, do visconde Sá da Bandeira, secretário de estado dos negócios da Marinha e do ultramar

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15302: (Ex)citações (297): Quem disse que "100 pesos era manga de patacão" no nosso tempo? Em 1960, mil escudos (da metrópole) valiam hoje 428 euros; e em 1974, 161 euros, ou seja, uma desvalorização de c. 266 %... Recorde-se por outro lado que 100 pesos só valiam 90 escudos...


Guiné > Nota de 50 escudos (pesos), frente e verso. Banco emissor: BNU - Banco Nacional Ultramarino. No câmbio e no comércio, em relação ao escudo da metrópole, emitido pelo Banco de Portugal, havia uma quebra de 10%... Ou seja: 100 pesos (escudos do BNU) só valiam 90 escudos (do Banco de Portugal)... Recorde-se que o BNU foi criado em 1864 como Banco Emissor para as ex-colónias portuguesas (, tendo também exercido funções de banco de fomento e comercial no país e no estrangeiro; vd,. aqui a sua história).

Foto: © Sousa de Castro (2005). Todos os direitos reservados.



1. E se fosse hoje, em euros ? Quanto ganhávamos ? Quanto gastávamos ?  (*) Fui encontrar um conversor de escudos para euros, que nos permite fazer conversões desde o ano de 1960... Está disponível na página Pordata - Base Dados Portugal Contemporâneo:

"A funcionalidade permite converter um determinado montante (em euros ou em escudos) de um ano em preços de 2014, utilizando o deflator do Índice de Preços no Consumidor (IPC) 'base 2012'. Trata-se de transformar os valores a preços correntes (ou nominais, com inflação) de um determinado ano em valores a preços constantes (reais, sem inflação) de 2014."

Em matéria de comes & bebes, por exemplo, podemos ver quanto custaria hoje, em euros, os alguns dos artigos que consumíamos na Guiné por volta de 1969/70 (**):

(i) um quilo de camarões tigres ou lagostins, do rio Geba Estreito, comidos na tasca do  Zé Maria, em Bambadinca  custava 50 pesos ou escudos da Guiné, o quilo, cozidinhos)= 14,79 € (em 1969);

(ii) uma arrafa de whisky novo (J. Walker Juanito Camiñante de 5 anos, rótulo vermelho, JB): 48,50 pesos = 14,35 € (em 1969);

(iii) uísques mais caros: 12 anos, J. Walker rótulo preto, Dimple, Antiquary: 98,50 [=29,14 €]:  15 anos, Monkhs, Old Parr: 103,50 [=30,52 €] (estou a confiar na memória do Humberto Reis, acho que eram mais caros, os uísques velhos] (, em 1969);

(iv) um bife com batatas fritas e ovo a cavalo na Transmontana, em Bafatá, custava 25 pesos, vinho ou cerveja aparte = 7,40 € (em 1969);

(v) uma vaca raquítica, em Sonaco, comprava-se (quando fui gerente de messe, em 1970) 950 pesos = 269,36 €;

(vi) nas tabancas, fulas, por onde passávamos e onde ficávamos uma semana ou mais, de cada vez, em reforço do sistema de autodefesa, era costume comprar, mesmo a custo, galinhas e frangos, a sete pesos e meio por bico [= 2,22 €]:

(vii) um parto de ostras em Bissau, numa esplanada á beira rio,  em meados de 1970, custava 20 pesos [= 5,67 €];

(viii) um relógio da prestigiada marca suiça Longines, na loja libanesa Taufik Saad, Lda, em Bissau, custou ao Valdenar Queiroz, em 16/12/1970, 2950 pesos [=836,45 €].

(ix) coisas miúdas do dia a dia: um maço de SG Filtro 2,5 pesos [=0,74 €];  um uísque, no bar da messe, eram 2,50 pesos sem água de sifão [= 0,74 €]  e com água eram 3,00 pesos [= 0,89]; era mais barato que a cervejola...

(x) quanto à lerpa, ou ramim, uma noite boa, ou má, poderia dar (valor médio) 200 a 300 pesos para a lerpa e 50 a 100 para o ramim (, garantia um jogador como o Humberto Reis);

(xi) uma queca, dependia: 50, 100, 150 pesos... "Quando em Bissau, no Pilão, frequentei várias vezes a Fátima, que não era caboverdiana mas sim fula, e dava-lhe 50 pesos de cada vez" (, confessa o nosso camarada A.Marques Lopes, que é de 1967/68)...

2. O Sousa de Castro, por seu turno, diz-nos que "no meu tempo (1972/74) não era muito diferente: os preços que se praticavam eram mais ou menos os mesmos"... 

Quanto ao que o exército nos pagava... "Puxando um pouco pela memória, eu como 1º cabo radiotelegrafista ganhava 1.500$00, sendo 1.200$00 por ser 1º cabo e mais 300$00, de prémio de especialidade." [, tudo somado, 1500§00 em 1973  =305,10 €].

Segundo a mesma fonte, o Sousa de Castro, "a dita queca, se a memória não me trai, creio que era assim: para os soldados cinquenta pesos; para os cabos sessenta pesos; a partir daqui não me lembro quanto pagavam os mais graduados... Quanto às cabo-verdianas, a coisa era de facto mais cara, em final de comissão paguei cento e cinquenta ou duzentos pesos, isto em Fevereiro de 1974" [mais ou menos 24 ou 32 euros]...

"Por lavar a roupa, como cabo pagava 60 pesos [, em 1973]", informa o Sousa de Castro.[=12,20 ]

Em 1969, recordo-me que os soldados da CCAÇ 12 (que eram praças de 2ª classe, oriundos do recrutamento local), recebiam de pré 600 pesos/mês [=177, 51 €], além de mais uma diária de 24$50  [=7,25€] por  serem desarranchados. 600 pesos deviam dar para comprar duas sacas de arroz de 100 kg cada...

3. E um capitão miliciano, comandante de companhia, quanto é que recebia ao fim do mês? (Sabemos que um parte dos nossos vencimentos era depositado na metrópole)...

Temos as memórias (e os papéis) do Jorge Picado:

 (...) "Apontamento que resistiu ao tempo, referente ao mês de junho [de 1970]: Total abonos:13900$00; total descontos; 8967$00; a receber 4932$00. Nos abonos estão incluidos 4000$00, relativos aos abonos de família (já tinha os 4 filhos), de março, abril, maio e junho. [de 1970]". (...)

(...) "Vencimentos a receber em agosto em virtude do aumento: março-julho [1970]: 10500$00;
 Fev 1326$00; total 11826$00; descontos Cx Geral Aposentações; 710$00; Imposto de selo -12$00; a receber (líquido): 11104$00 [=3148,45€]...

4. E a viagem de férias à metrópole, na nossa querida TAP ?  

O António Tavares pagou, em meados de 1971,  à Agência Correia, em Bissau, um total de 6 430$80 [ = 1643,21 €]  pela viagem "Bissau- Lisboa.- Porto -Lisboa -Bissau "... Diz que pagou em três prestações "a importância total, que não ganhava, como explico: 4.430$80 em 03-08-71; 500$00 em 22-09-71 e finalmente 1.500$00 em 21-10-1971"... Na cópia do bilhete (que ele juntou, no poste  P15216] consta uma taxa de 110$80.... O pagamento foi em pesos. "O Escudo era trocado com uma agiotagem de 10%."...

É difícil fazer comparações com os preços dos bens e serviços que se pagavam nessa época, na metrópole, para não falar dos salários médios nos diferentes ramos de atividade...  No blogue A Nossa Quinta de Candoz tenho um pequeno apontamento sobre a estrutura e a evolução dos salários, num ramo muito específicio, a "construção civil de ramadas", nas décadas de 1950 e 1960, no Douro Litoral...

Numa pequena empresa que podia empregar em média meia dúzia de homens, pagos ao dia, o patrão, o "ramadeiro", podia ganhar no máximo 50 escudos (=21,41 €), o oficial mais qualificado 30 escudos (=12,84 €) e os serventes 20 escudos (=8,56 €). Fizemos esta conversão para os valores nominais de 1960.. Uma década depois (em 1970), com a inflação, estes valores (a preços constantes de 2014) seriam 14,18 €, 8,51 € e 5,67 €, respetivamente...

Vinte escudos (!) era quanto um assalariado agrícola, jornaleiro, não qualificado, podia ganhar no norte do país, durante os anos 50/60... Claro que os salários na agricultura vão começar a subir com a rarefação da mão de obra rural, devido ao êxodo do interior (industrialização e urbanização, emigração, guerra colonial)...

Enfim, e para acabar por hoje, lembro-me que em 1972, cá na metrópole, um carrinho Fiat 127 custava 62 contos [= 14.256,05  €], o que era muita massa...(1972 foi antes da grande crise de 1973, em que os salários levaram uma machadada de 25%!)...

 Mais massa ainda eram 200 contos, que dava para comprar um apartamento no final da década de 1960 (, arredondando, cerca e 60 mil euros, hoje): alguém me contou que foi quanto pagou uma avozinha,  a um oficial general médico,  para livrar o querido netinho da obrigação de ir defender a Pátria, "lá longe onde o sol castiga(va) mais"... Éramos todos iguais, todos os portugueses (menos as portuguesas...), mas havia uns mais iguais do que outros!... (Sempre foi assim, e sempre será assim, dizem os mais cínicos ou os mais realistas...).

Mas podemos fazer um apelo à memória dos nossos leitores; quanto custava, na época da guerra colonial, cá na metrópole, uma bica ("cimbalino" no Porto), o jornal "A  Bola", um maço de cigarros SG, um bilhete de cinema, uma imperial ou um fino, um uísque marado numa "boite" da  Reboleira,   o aluguer de um quarto em Lisboa ou Coimbra, um quilo de bacalhau e por aí fora  ?... E quanto é que a malta ganhava, em média, nas fábricas e nos escritórios, antes de ir conhecer os "resorts" turísticos, as rias, os rios, as matas e as bolanhas da Guiné ?...  LG














Fonte: Cortesia de Pordata - Base Dados Portugal Contemporâneo... O conversor é interativo... Brinquem um bocadinho com ele,,, e façam as vossas comparações entre o hoje e o antigamente... 

___________________

Notas do editor:



12 de setembro de  2011 > Guiné 63/74 - P8767: O que se comprava em Bissau com o patacão da guerra? Os produtos e as marcas que não havia em Lisboa... ou eram "proibitivos" (3) (Augusto Silva Santos / Hélder Sousa / Juvenal Amado / Luís Borrega / Luís Dias / Rui Santos)

15 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8780: O que se comprava em Bissau com o patacão da guerra ? Os produtos e as marcas que não havia em Lisboa ou eram "proibitivos" (4) (Joaquim Peixoto / Beja Santos)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13947: Fotos à procura de... uma legenda (45): o obus 10,5 (ou 105 mm, Krupp), de Mansambo, onde, em 1968, o Torcato Mendonça posou para a posteridade... com o seu relógio Rolls Royce Breitling, comprado no libanês de Bafatá!





Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O alf mil Torcato Mendonça junto a obus 10,5 ou 105 mm.


Foto: © Torcato Mendonça  (2007). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

1. Um leitor nosso, Luís Laranjeira, militar da marinha  que se interessa pela temática da artilharia de campanha (usada na guerra de África) (*), mandou-nos o seguinte pedido:


Boa tarde,

Vi no seu blog [, no poste P6929] (**), a foto que anexo [, vd, acima,], pode dizer o que o obus tem escrito no cano?

Com os meus melhores cumprimentos,

Luis Laranjeira

PS - foto de Torcato Mendonça. Legenda: "Fotos Falantes II > Sem título > Mansambo > Junto do obus 10,5"

2. Reeditei a foto, a partir do original, que guardo em arquivo e remeti ao seu autor, com o seguinmte pedido:

Torcato: O obus 10.5 era de origem alemã, marca Krupp... No cano parece ler-se N(M)agul 1895(6)... Magul 1895 ou 6 ? Nagul ? Magol ?... Ampliei o mais que podia... Tens alguma ideia ?

Boa noite... Luis

3. Resposta pronta do meu amigo e camarada Torcato Mendonça:

Não sei,  Luís e também ampliei. O relógio é um Royce (Breitling - linha branca), vendido por um Libanês de Bafatá.  Para me convencer um Unimog (grandes?) com malta passou por cima de um... Preço ? Menos que uma mina anti-carro, 2000 pesos, mas lá perto,  se bem me lembro.  Está ali a funcionar bem, com cronómetro e tudo. 

A foto é de 68 e eu vim em Dezembro de 69,  dia 10.
Tenho que escrever ou contar algo sempre...feitios de caca...
Ab,T.

4. Comentário de L.G.:

Pode ser que algum artilheiro da Tabanca Grande possa ajudar o pobre  infante do editor a dar a competente resposta ao pedido de esclarecimento feito pelo o nosso 1º sargento da Marinha, Luís Laranjeira,  que nas horas vagas se dedica, como "hobby", à construção de modelos de peças de artilharia e carros de combate...

O dono da foto, Torcato Mendonça, era atirador... de artilharia. Nunca percebi que raio de especialidade era essa, tal como a minha (armas pesadas de infantaria... a única que me deram no TO da Guiné foi a G3 que pesava, diziam os manuais, 4,4 kg, descarregada...).

Lembro-me de ver no Xime a inscrição do fabricante alemão, Krupp, num obus 105 mm. Mas não sei o significado da inscrição que está no cano deste obus de Mansambo... Magul 1895 ? Temos de perguntar á malta do BAC 1. Ou a quem saiba responder (***).

Ouvia-se bem em Bambadinca, quando ele começava trabalhar, no meu tempo (1969/71)... Havia mais dois, se não erro, deste calibre. Nunca houve obus 14 no setor L1,  pelo menos no meu tempo. O 10.5  do Xime era curto para bater algumas zonas da margem direitra do Rio Corubal  onde fazíamos operações, como o Poindom / Ponta do Inglês...

Quanto ao nosso amigo Luís Laranjeiro, teremos muito gosto em ajudá-lo, cedendo-lhe cópias de imagens com melhor resolução do que as publicadas no blogue (e que em geral  tem  resolução *a volta de 0,5 MB). Ele que nos volte a contactar.

_________________

Notas do editor:

(*)  O nosso leitor já há tempos nos tinha contactado há uns tempos atrás:

De: Luis Laranjeira
Data: 24 de Março de 2014 às 18:33
Assunto: Artilharia em África

Boa tarde, Chamo-me Luis Laranjeira, tenho 44 anos e sou militar, 1º Sargento Artilheiro, na Marinha.

Como hobby, construo modelo à escala (1/35) de carros de combate e especialmente peças de Artilharia na mesma escala.

Quando faço pesquisas no Google, sobre Artilharia Portuguesa durante a guerra em Africa, encontro sempre o Vosso blog fotografias de peças de artilharia. O único problema é que estão com pouca definição e dificilmente se conseguem ver pormenores, que preciso para a construção dos modelos terem o rigor que desejo.

Deste modo, pergunto se me podem facultar fotografias, de peças de Artilharia Portuguesas com melhor definição, comprometendo-me em nunca as publicar, seja lá onde for.

Com os meus melhores cumprimentos, Luis Laranjeira.

(**) Vd. poste de 4 de setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6929: Parabéns a você (147): Torcato Mendonça, 66 anos, uma referência do nosso blogue, um português pré-esforçado, um orgulhoso ex-combatente (Luís Graça)

(***)  Último poste da série > 25 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13939: Foto à procura... de uma legenda (44): na Tasca do Zé Maria, na Bambadinca ribeirinha, comendo lagostins do Rio Geba Estreito... Na foto, Humberto Reis, Tony Levezinho e José António Rodrigues (já falecido)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13939: Fotos à procura... de uma legenda (44): na Tasca do Zé Maria, na Bambadinca ribeirinha, comendo lagostins do Rio Geba Estreito... Na foto, Humberto Reis, Tony Levezinho e José António Rodrigues (já falecido)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > Tasca do Zé Maria >  Um  dos nossos poucos luxos no mato... Os famosos lagostins do Rio Geba Estreito... Da direita para a esquerda, três camaradas da CCAÇ 12 (1969/71) Humberto Reis, Tony Levezinho (que ontem fez aninhos...) e o José António G. Rodrigues.. Penso que fui quem tirou esta foto com a máquina do Humberto Reis...

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


 1. Em matéria de comes & bebes..., quanto custava um quilo de camarões tigres, ou lagostins,  do Rio Geba Estreito, comidos na tasca do tuga Zé Maria a quem a malta chamava turra (por alegadamente  vender e comprar vacas aos turras), em Bambadinca, com uma linda vista para o rio.... ?

(i) custava cinquenta pesos um quilo de lagostins (, caríssimo, por ser arriscado o sítio onde os apanhavam);

(ii) com uma nota de 100 pesos, o tuga comprava duas garrafas de uísque novo e ainda lhe sobravam uns trocos;

(iii) o Old Parr (uísque velho, muito apreciado pelo tuga) já custava mais: 130 ou até 150 pesos, se não me engano:

(iv) um bife com batatas fritas e ovo a cavalo (supremo luxo de um operacional  da CCAÇ 12, preto de 1ª, como eu, o Tony Levezinho ou o Humberto Reis) na Transmontana, em Bafatá,  custava vinte a vinte e cinco pesos, com bebidas incluídas;

 (v) uma vaca raquítica, em Sonaco, comprava-se por 950 pesos;

(vi) nas tabancas, fulas, por onde passávamos e onde ficávamos uma semana ou mais, de cada vez, em reforço do sistema de autodefesa, era costume comprar, mesmo a custo, galinhas e frangos, a sete pesos e meio por bico;

(vii) um parto de  ostras em Bissau custava 20 pesos... 

...Legendas, aceitam-se!

Tudo isto um pretexto para homenagear o meu "amigo para a vida" e camarada da CCAÇ 12, o Tony Levezinho, que aparece ali na foto, na Tasca do Zé Maria, a banquetear-se com os famosos lagostins do Rio Geba estreitto... Tem à sua frente o alf mil Rordirguies, do 4º Gr Comb, já falecido... E à direita, da foto, o Humberto Reis.

Para os dois que ainda estão vivos da costa, vai um xicoração fraterno. LG

__________________

Nota do editor:

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

uiné 63/74 - P13647: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (2): "Párti um peso" e "Canção de Mamã Negra", de Albano de Matos, pp. 6/7







Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCS/BART (1979/72) > Fotos do álbum do fur mil op esp. Pel Rec Info, Bemjamin Durães: tributo à beleza das crianças. bajudas, muheres e  mães fulas.

Fotos: © Benjamim Durães (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]



Elementos da capa do documento policopiado do Caderno de Poesias Poilão", editada em dezembro de 1973 pelo Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (O GDC dos Empregados do BNU foi criado em 1924).











1. O nosso camarada Albano Mendes de Matos [, ten cor art ref, que esteve no GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74, e foi o "último soldado do império"; é natural de Castelo Branco, vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo], mandou-nos uma cópia, em pdf, do Caderno de Poesias "Poilão"...

Temos a sua autorização para reproduzir aqui, para conhecimento de um público lusófono mais vasto, este livrinho, de que se fizeram apenas 700 exemplares, policopiados, distribuídos em fevereiro de 1974, em Bissau. A iniciativa foi do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, cuja origem remonta a 1924.

Reproduzimos hoje mais dois dos três dos poema de Albano de Matos (pp. 5/7), que abrem o pequeno livro, de 35 pp. O Albano de Matos, editor literário, juntou nesta primeira antologia da poesia guineense, 24 poemas, de 11 poetas lusófonos (4 da Guiné, 3 de Cabo Verde e 4 de Portugal). Dos poetas guineenses o destaque vai para Pascoal D’Artagnan Aurigema (1938-1991), com três poemas que apresentaremos no próximo poste. (LG)

PS - Para os nossos leitores mais jovens, e os demais que não conheceram o território da Guiné no tempo dos portugueses: "parte peso" (crioulo) = dar dinheiro ("patacão)", dar um tostão... O peso era a unidade da moeda local. o escudo guineense (no tempo colonial). Esta cena aqui evocada no poema "parti un peso, patrão" era frequente, num país em guerra,  nomeadamente em Bissau, pejada de soldados, nas ruas e nas esplanadas, geralmente em trânsito (uns a partir, outros a chegar)...Muitos miúdos mascaravam a mendicidade, vendendo "mancarra" (amendoim)... Já o termo "patrão", como sinónimo de branco, seria mais usado em Angola (, território por onde também passou o Albano de Matos, camarada de grande sensibilidade sociocultural)...

Quantao ao poema "Canção de Mamã Negra" tem evidentes ressonâncias angolanas...Vem-me à memória poetas angolanos como: (i) o Viriato da Cruz (Porto Amboim, 1928- Pequim, China, 1973), autor do magistral poema "Mamã negra: canto de esperança"; ou como  (oo) Alda Lara (Benguela, 1930-Cambambe, 1962) e o seu poema "Prelúdio"  (que é datado de Lisboa, 1951) e onde se encontram as famosas estrofes da Mãe Negra, cantadas por angolanos e portugueses (com destaque para o Paulo de Carvalho). 

sábado, 30 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13546: Blogoterapia (261): Esses sons de heli que ainda mexem connosco... (Luís Graça, en férias na Tabanca de Candoz)


Vídeo 1: 0' 50''


Vídeo 2: 1' 23"


Vídeo 3. 0' 20"

Marco de Canaveses, Paredes de Viadires, Quinta de Candoz, 29/8/2014... Heli usado no combate a um incêndio florestal, na freguesia de Paredes de Viadores, concelho de Marco de Canaveses... O abastecimento é feito na viznha albufeira da barragem do Carrapatelo.

Vídeos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.


1.  Estava na hora do almoço quando ao fim de uma manhã soalheirenta, ouvi, lá fora, um som que me era familiar,  o som caraterístico e inconfundível de um helicóptero... Saío logo de casa, a correr, levando a máquina fotográfica, e vou ao nosso miradouro da quinta, contíguo à casa, para  ver o que se passava...

 A noroeste, a escassos dois quilómetros de Candoz,  em linha reta, havia um incêncio nos "montes", em pleno coração do território  da nossa freguesia, para os lados da ermida de Nossa Senhora do Socorro.  É o primeiro incêndio, felizmente, que sinalizo este ano por estas bandas... (Noutros anos já tenho aqui filmado os impressionantes Kamov em ação).

Um heli dirigia-se ao Rio Douro, que fica a escassos cinco quilómetreos em linha reta, para se abastecer de água... Foi e veio três vezes. Daqui vejo uma parte da albufeira, síta em Porto Antigo,,, Estou a 250/300 metros do nivel do mar,,, e rodeado de floresta.

Desta vez, o  incêndio foi rapidamenmte extinto. Mas o raio do som do heli ficou a mexer comigo até agora... Velhas recordações da Guiné, dos anos de 1969/71... Daí ter feito, "a quente", este poste...  que vai sair com data de amanhã, porque não sei se no sábado terei Net,,,

2. O heli era uma "máquina de terror" para os homens que combatíamos na Guiné, sobretudo o helicanhão (ou "lobo mau", na gíria da malta da FAP). Para nós, estava associado a cobertura aérea das NT, helioperações (com os páras),  mortos e feridos, evacuações Y (ipsilon) ou, na melhor das hipóteses, uma visita de um "cão grande"... Ainda hoje, para mim, o som do heli é como o tinonim do ambulância do 112: ambos pressagiam desgraça... emboira eu saiba que o heli hoje têm múltiplas aplicações civis (desde
passear turistas a transportar executivios) e militares (para além da guerra)...

Falando agora de "cães grandes" (que eram os nossos "executivos", sem ofensa para ninguém)...Em boa verdade, quem andava de heli, no meu tempo, quem se podia dar o luxo de andar de heli (e fazia gala disso) era o gen Spínola, governador-geral e comandante-chefe...

O heli era tembém o terror dos comandantes de batalhão... O seu custo era de 12 contos por hora  (lia-se nos relatórios)... Doze contos (hoje 60 euros...) era  "manga de patacão":  dava para comprar cerca de 250 garrafas de uísque novo... ou para ir ao restaurante cerca de 500 vezes... ou para ir ao Pilão ou ao Bataclã todas semanas durante uma comissão... (LG)
__________________

Nota do editor:

terça-feira, 20 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13169: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte XIIV): De regresso a casa, no avião da TAP. e, 18/1271970,. com um relógio Longines no pulso, comprado no Taufik Saad, com os últimos pesos...



Factura de compra de um relógio, da prestigiada marca suiça Longines, na loja libanesa Taufik Saad, Lda, no valor de 2950 escudos guineenses



Bilhete de avião de regresso a Lisboa, em 18 de dezembro de 1970


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Publicação das últimas imagens de uma seleção do álbum fotográfico do Valdemar Queiroz [, foto atual à esquerda].

Treminada a comissão, o nosso camarada Valdemar Queiroz, que era de rendição individual como todos os outros graduados e praças esepcialistas da CART 11, passou por Bissau, onde gastou os últimos pesos e tomou o avião da TAP de regresso a casa, 18/12/1970, como se pode comprovar no documento acima reproduzido.  Tão quanto sei, nunca mais voltou à Guiné, agora República ds Guiné-Bissau.

PS - Sobre o comércio de Bissau e o que os militares compravam, no regresso a casa, veja-se aqui o marcador Patacão.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12188: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (26): Como se faz acabar o vício de cravar cigarros aos outros

1. Mensagem do nosso camarada Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 14 de Outubro de 2013:

Olá amigos Luís e Vinhal!
Vai tudo bem no reino do Blogue?
Bem me parece que sim!
Para além de vocês Luís e Vinhal, aproveito também para saudar o meu amigo (nosso) Magalhães Ribeiro.

Em anexo aí vai mais um “salpico”.
Rui Silva


Como sempre as minhas primeiras palavras são de saudação para todos os camaradas ex-Combatentes da Guiné, mais ainda para aqueles que de algum modo ainda sofrem de sequelas daquela maldita guerra.


Do meu livro de memórias “Páginas Negras com Salpicos cor-de-rosa”

26 - Como se faz acabar o vício de cravar cigarros aos outros e aproveita-se até para lhe dar a alcunha duma marca de cigarros muito em voga na Guiné, na altura, e que veio mesmo a calhar: “CRAVEN A”

Na Guiné, mais propriamente em Bissau, fomos encontrar coisas boas no comércio. Uma surpresa! Logo ali na rua paralela à marginal, na Casa Pintosinho, haviam as últimas novidades eletrónicas. Os melhores rádios, transistors, pick-ups, aparelhagens de som, máquinas de barbear e todo o mais. Akai e Pioneer era do mais reclamado e moderno. Estavam na moda.
Um rádio para pôr na mesinha de cabeceira era o que se pretendia mais. No mato, já a ventoinha, a 5 dedos da cara, ganhava bem aos rádios. Alguns compraram autênticos rádios de sala e andavam com eles debaixo do braço, como que a dizer que o meu é maior do que o teu, e os donos da música fossem eles; outros ficavam pelos mais pequenos (vulgo transístor) que se levava no bolso e para qualquer lado.

Um camarada comprou um rádio que se transformava em pick-up após uma ligeira articulação. Foi de abrir a boca. Na Casa Pintosinho comprei ali mais tarde um “Mitsubishi”. Este transístor andava em propaganda radiofónica local e assim andou durante bastante tempo. Seduzido por tanta propaganda fui lá buscar um mais tarde, quando passei por Bissau em trânsito para férias na metrópole. Boa compra, durou muitos anos e tocava dentro do carro como se fosse um auto-rádio. Uma relíquia, mesmo depois de deixar de tocar (os tombos foram muitos), posta fora inadvertidamente, para desespero meu.
A Casa Pintosinho era uma casa atualizada e a tropa era lá muito bem recebida e atendida.
Pudera! Sargentos e Oficiais tinham manga de patacão.

Na mesma rua e mais para o lado da Amura, na loja Taufik Saad comprava-se, principalmente, entre outras, louças decorativas, vulgo bibelots, louças de servir à mesa, faianças e porcelanas, louça fina, entre esta bonitos Serviços de chá e café que vinham da China. Louça “casca d’ovo “, louça de fina espessura para não fugir aquele nome, onde no fundo se podia ver recortada na própria louça o rosto de uma linda chinesa. Ainda hoje guardo um serviço destes. Era uma casa requintada ao nível das melhores de Lisboa.



Vendo uma das montras do Taufik Saad. Muita cabeçada ali no vidro. As grades, no lado de dentro do vidro enganavam e a curiosidade levava a bater com a cabeça no vidro. Foram muitos os cabeçudos, daí a curiosidade de incluir isto no texto. Ah(!), o rapazinho a ver a montra sou eu! Turista? Se calhar ao outro dia já estava a atirar-me para o chão, lá bem para dentro do Oio. Engraçado (!) ali vivia-se as duas faces da moeda.

Mais à frente e já virada para a Avenida principal, o Café Bento. Mesas cá fora, em jeito de esplanada e sob árvores bem frondosas. O ponto de encontro da malta da tropa, com boas bebidas e para todos os paladares e com boa vista para a avenida principal.

Em Bissau vendiam-se também Whiskies das melhores marcas, algumas nunca vistas na metrópole, quando muito só faladas: Vat 69, Black and White, o Johnnie o preto e o vermelho, Dimple, o Ballantines, etc, etc. Bons Scotches, bons Licores. O Licor Drambuie que era muito procurado pela malta.

Marcas que nunca tinha ouvido, e eu que não tinha chegado propriamente de um colégio de freiras. Brandies, tabacos, tudo da melhor marca. Terra pobre, muito pobre, mas onde as bebidas espirituosas os apetrechos eletrónicos, os melhores tabacos, os melhores chocolates belgas e holandeses, se viam em algumas casas comerciais. Camisas muito bonitas e adequadas para aquele clima. Dizia-se que vinham da China (ou Taiwan?). Muito contrabando se calhar….
Deu para ver com algum espanto que a Guiné tinha mesmo do melhor para a malta dos vinte anos. Se calhar foi esta que fez trazer as coisas. Sobretudo boas bebidas, do melhor tabaco, e outras coisas, outras coisas.

E na Avenida, também passavam bajudas bonitas e formosas. Mais as cabo-verdianas, de olhos grandes claros e expressivos, mas havia nativas que não ficavam atrás, pelo menos nas três medidas standard para a harmonia feminina. Os bifes na casa de uma senhora mulata que me esqueci do nome, o frango assado no Tropical, etc, etc.

Se lhe juntarmos o bom e diversificado marisco, isto já produto do domínio e captura doméstica, não era preciso mais nada. A guerra, essa podia esperar… Na altura era preciso sair 20 ou 30 Km. de Bissau para entrarmos em contenda. No meu tempo e para o norte, esta só andava para lá de Mansoa. No Sul não seria preciso andar tanto depois de atravessar o Geba. Para Este e Oeste havia já alguns arrufos e não muito longe.

Bom, eu estou a dizer isto do bom de Bissau mas, cuidado, estávamos em trânsito para o mato. Ali em Bissau, melhor, em Brá, estivemos apenas 13 dias. O nosso destino estava traçado: Alancar para o OIO, pois a Ópera era para esses lados. Houve quem fizesse a comissão inteira em Bissau e que nunca tenha ouvido um tiro, mas convém dizer que não faziam nem mais nem menos do que cumprir ali a sua missão porque fora essa a destinada. Sortes!!...

Ainda me lembro e pegando na moda de uma cantiga na altura, que, e quando chegamos ao mato (Bissorã), cantávamos : “beijinhos com beijinhos pra cá… bazocadas e granadas pra lá”. Deixem que digam (!), que pensem(!), que falem (!)… deixa lá”…

Ainda em Bissau começava-se pelas ostras e acabava-se, se é que percebo, isso mesmo, em perceves (!) passando por outros mariscos de nomeada. Nisto de marisco a barriga desligou-se de misérias. O Tropical ali tão perto. E isto a pensar que marisco, na metrópole, só um camarão escanzelado ali pr’as Portas de Santo Antão em Lisboa. Salvo a Solmar, mas aí era preciso mais dinheiro. Aí,“cá tem”.


Na esplanada (passeio na rua) do Tropical. No verso desta foto descobri agora que a tinha enviado na altura aos meus pais em correio. Curioso como escrevio ano (MIL 966)

No café Bento pedi uma cerveja, um pão partido ao meio e o chocolate tal.

O empregado pensou que estava a gozar com ele. Perante a cara dele perguntei-lhe se podia ser ou não e ele meio desconfiado foi para dentro e apareceu-me pouco depois com o que lhe pedi. Vá lá… Sabia bem uma sandes de chocolate a puxar pela cerveja. Essa mania trouxe-a do bar do Niassa. Seria pancada? Julgo que não…

Neste bar também se adquiriam coisas curiosas. Comprei ali uma máquina de barbear “Philips” que trabalhava com pilhas. Ainda hoje a tenho.

Falando dos bons tabacos. Os Três Vintes,  o CT, o Português Suave, etc. tinham ficado na viagem. Os últimos foram queimados no Niassa.

Ali na Guiné a fumaça era feita através de tabacos mais finos e requintados, entre eles o “Craven A” (novidade) que é afinal o protagonista desta história e que eu passo a contar:

À mesa no Olossato, ao serão, jogava-se às cartas e começava-se com a sueca (jogo). Lá por o andar da noite passava-se então à lerpa e acabava-se inevitavelmente no abafa e onde de vez em quando saía um ou outro bem (des)abafado.

A história que eu quero contar era ainda à mesa da sueca. Parceiros habituais na minha mesa, eu, o Carneiro, o Piedade e outro que é o centro do episódio e que passo a chamar-lhe o “nosso amigo” (por razões óbvias omito o nome real).
Portanto parceiros certos ali e acolá nas mesas.

Depois (só) de alguns dias é que nos apercebemos que um dos jogadores da minha mesa fumava os nossos - dos outros - cigarros e à vez:
- Dá-me um cigarro se faz favor.

Ao outro:
- Posso?
- Posso fumar um destes? - ao terceiro.

Dava a volta, pelo menos havia o bom senso (e o cuidado) de não cravar o mesmo duas vezes seguidas. Também a tática era logo ali detetada mais facilmente.

Bem, isto não podia ser assim alvitramos nós os três após a constatação, o que ainda levou tempo.

Sentávamo-nos à mesa e cada um punha à sua frente o seu maço e o isqueiro em cima. Primeiro os isqueiros que tinham vindo connosco da metrópole, mais tarde já usávamos os que as senhoras do Movimento Nacional Feminino, que por ali passaram fugazmente, nos ofereceram.
Isqueiros de pedra a fazer faísca e mecha embebida em benzina impregnada numa espécie de algodão e em depósito para o efeito.

Então teríamos de fazer alguma coisa para que os cigarros não fossem assim tão mal repartidos. O tabaco predominante ali era então o “Craven A”.

Pegamos numa embalagem de cigarros vazia e colamos num rótulo que se podia ver, logo mal abríssemos a caixa, com o dizer. "Vai cravar o car(v)alho". Ver, tal e qual, a figura seguinte.



Tinha no meu pelotão um soldado que se chamava Carvalho (que se calhar até nem fumava), mas não era esse o que queríamos apontar. Era o outro, o mais popular, o do léxico portuga, o que até ficou bem explicado na caixa, claro.

O maço ficou dissimulado em cima da mesa e à frente como era habitual de um dos contendores.
- Posso tirar um? - agora já apontando para o maço armadilhado.
- Podes…

Quando calhou de cravar no maço dito cujo, então o nosso amigo abriu, leu, e discretamente fechou. Como nada tivesse acontecido. Também não havia cigarros. Não sei se o maço tivesse cigarros o rótulo passava ao lado.

Bom, acabou ali o cravanço do nosso amigo e começou a risota, dissimulada, ao mesmo tempo que o nosso ilustre camarada logo “ganhou”, (perdeu nos cigarros) dali para a frente, a alcunha do “Craven A”, visto isso, e para memória futura.

Rui Silva
____________

Nota do editor

Último poste da série de 31 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11658: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (25): Os três Hospitais Militares que conheci