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domingo, 29 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20786: Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (4): parados no sudoeste da Austrália, em Fremantle-Perth, a mais de 14 mil km do porto de abrigo



MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Sudoeste da Austrália > Fremantle-Perth> 24-26  de março de 2020 > O comandante do navio decidiu seguir diretamente para o Mediterrâneo a mais de 14 mil km de distância, ou sejam, 3 semanas de viagem...

Constantino Ferreira d'Alva, ex-fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71), membro da nossa Tabanca Grande desde 16 de fevereiro de 2016,... Trabalhou 30 anos na TAP, como tripulante de cabine; começou a escrever o seu diário de bordo, em 23 de janeiro de 2020, na sua página do Facebook, Viagens no Tempo

Embarcou no MSC - Magnífica, em 6 de janeiro, em Marselha, numa viagem de volta ao mundo em 115 dias, seguindo a Rota de Fernão de Magalhães. O cruzeiro deve (ou devia) voltar ao ponto de partida no dia 1 de maio p.f.. Com ele e a esposa Elisa, vão mais dois "camaradas da Guiné", incluindo o António Graça de Abreu; num total de 2800 pessoas (2000 passageiros, 800 tripulantes). 300 já tima optado por regressar de avião, desistindo da viagem por mar... A boa notícia é que não há, a bordo, até à data, nenhum caso de infecção provocado pelo vírus SARS-CoV-2 (nome oficial dado pela OMS), e que orgina a COVID-19 (nome oficial da doença]

Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira. Fotos reeditadas pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


1. Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (4):  parados no sudoeste da Austrália,  em Fremantle-Perth, a mais de 14 mil km do porto de abrigo no "Mare Nostrum". (Excertos)

Quinta feira, 26 de março de 2020, 11h40

Hoje, foi o dia da grande decisão, tomada pela companhia MSC, do seu distinto proprietário; Signori Aponti,  e do comandante do MSC-Magnífica; Roberto Leotta.

Eram 18h00 aqui a bordo, quando o sistema áudio anunciou que o Comandante ia fazer um importante comunicado. De imediato, tudo parou a bordo. O Comandante anunciava a decisão de navegar directo, para o Mediterrâneo.

Era a alegria estampada em todas as caras!

O navio tinha que ser reabastecido, mas não tem autorização de reentrar no porto, de onde saiu ontem á noite, com destino ao Dubai, mas entretanto o Dubai fechou o seu porto. Pelo que temos andado aqui ás “voltinhas”, frente a Fremantle-Perth, até que chegou esta boa decisão:  Navegar para o Mediterrâneo!

Agora o navio tem que ser reabastecido, para fazer este trajeto. O governo da Austrália, entretanto proibiu todas entradas no portos. Assim iremos ser reabastecidos por batelão, mas fora do porto !

Entretanto, está provado que não temos nenhum “caso” de coronavirus a bordo. Mas a lei do governo, tem de ser cumprida, cegamente!?...

Se tudo correr bem, com o reabastecimento, dentro de 48 horas, já estaremos a navegar, para o "Mare Nostrum", o  Mediterrâneo !

(...) Para desanuviar, alguma tensão, que ainda subsiste, vou aqui colocar algumas fotografias, destes últimos dias !


Sábado, 28 de março de 2020, 11h53

Continuamos fundeados na baía de Fremantle-Perth, desde ontem ao fim da tarde. Ontem à noite ainda recebemos um batelão, com paletes de alimentos e bebidas. Hoje de manhã recebemos mais dois batelões de alimentos. Mas agora, da parte da tarde, ainda não recebemos mais nenhum batelão.

Agora mesmo, às 4 horas da tarde, está o Comandante a falar, pelo sistema áudio de todo o navio! Acaba de anunciar, que embora o carregamento de víveres, tivesse começado ontem à noite, tem sido muito mais moroso do que o esperado, pelo que o abastecimento, embora lento, vai continuar até amanhã ao meio-dia!

Assim, levantaremos âncora logo a seguir, assim que tenhamos autorização com o piloto da barra. A expectativa de reabastecimento, em poucas horas, foi gorada, mas é absolutamente indispensável este carregamento de víveres, pois o objetivo é navegar direto para o Mediterrâneo, que se espera vencer em cerca de três semanas!

Continuamos “todos” muito bem a bordo; passageiros e tripulantes! Estamos “todos” solidários com o nosso Comandante; Roberto Leotta. A administração da MSC merece toda a nossa solidariedade, nesta decisão, de não sermos “repatriados”, deste fim do mundo, por avião!

Onde não tivemos a solidariedade humana, foi do Senhor Primeiro Ministro do Governo da Austrália. Estamos já há quase três semanas na Austrália, onde demos entrada, saindo a terra no porto de Hobart, na Tasmânia, para vistoria dos passaportes.

Reentrámos de imediato para bordo do navio e nunca mais fomos autorizados a ir á terra, em nenhum porto da Austrália, onde estivemos atracados ao cais! Desde Hobart, Sidney, Melbourne e agora aqui, em Fremantle-Perth, onde já estivemos atracados ao cais, mas saímos do porto com destino ao Dubai, que entretanto também fechou o porto a toda a navegação e, nos obrigou a regressar a Fremantle-Perth.

Mas ao regressarmos, entretanto Governo da Austrália, também fechou todos os portos desta Ilha Continente, obrigando muitos navios a fundearem fora dos respectivos portos de abrigo !

As declarações do Senhor Primeiro Ministro, do Governo Australiano não terão sido as mais apropriadas, nestas circunstâncias, sem solidariedade humana e sem visão global deste problema, da proliferação e difusão do coronavirus, COVID-19.

 (... ) Amanhã, ao princípio da tarde, vai começar para nós, ainda cerca de 2.000 passageiros e 800 tripulantes, esta “Nova Odisseia” de chegarmos em uma única “etapa”, ao "Mare Nostrum"
Ao Mediterrâneo!

Estamos todos no mesmo barco ! Estamos todos solidários, com o nosso Comandante, Roberto Leotta. Para que esta grande viagem, de milhares e milhares de milhas náuticas por estes mares “acima”, decorra sempre o melhor possível !  E, que, ao chegarmos ao Mar Vermelho, o Canal Suez se abra para o Mediterrâneo que nos espera, mas ainda sem porto de abrigo, como destino, na nossa velha e jovem Europa.

[Revisão e fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]
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quarta-feira, 25 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20771: Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (3): No Sul da Austrália, rumando a oeste, para chegar o mais depressa possível ao "mare nostrum"...



MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo  (*) > Sul da Austrália, a caminho de Fremantle-Perth> 24 de março de 2020 >  Constantino Ferreira d'Alva, ex-fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71), membro da nossa Tabanca Grande desde 16 de fevereiro de 2016 (*)... Trabalhou 30 anos na TAP, como tripulante de cabine; começou a escrever o seu diário de bordo, em 23 de janeiro de 2020, na sua página do Facebook, Viagens no Tempo. (**)

Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira. Foto reeditada pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


1. Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (3): No Sul da Austrália, rumando a oeste, para chegar o mais depressa possível ao "mare nostrum"...


[Embarcou no  MSC - Magnífica, em 6 de janeiro, em Marselha, numa viagem de volta ao mundo em 115 dias, seguindo a Rota de Fernão de Magalhães.  O cruzeiro deve (ou devia) voltar ao ponto de partida no dia 1 de maio p.f.. Com ele e a esposa Elisa, vão mais dois "camaradas da Guiné", incluindo o António Graça de Abreu; num total de 3 mil passageiros, 10% já abandonaram o navio...que só toca em terra para se abastecer, estando canceladas todas as visitas programadas... A boa notícia é que não há, a bordo, até data, nenhum caso de infecção provocado pelo vírus SARS-CoV-2 (nome oficial dado pela OMS), e que orgina a COVID-19 (nome oficial da doença]


Interessante, o desenrolar dos nossos sentimentos.

Lembro-me de em 1975 ter tido uma atitude idêntica. Mas no meu caso foi com um ratito muito pequenito,  que me apareceu aflito dentro da banheira do meu pequeno apartamento no Jardim Constantino em Lisboa.

A aflição do ratito, era que escorregava, cada vez que tentava subir. Fiquei minutos a olhar para ele e a sentir a sua aflição.

Fui arranjar uma caixa de sapatos, peguei no ratito, coloquei-o dentro da caixa, fiz uns buraquinhos com uma esferográfica, saí de casa com a caixita na mão a pensar o que fazer ao ratito.

Decidi “abandonar” o meu ratito dentro da caixa, atrás da roda de trás, de um caro estacionado na Rua José Estêvão. Na convicção de que este ratito iria ter 90% de chances para ir viver no Jardim Constantino.

Pois deixei só meia caixa mesmo junto á roda de trás do velho automóvel ali estacionado. Assim, o automóvel podia só fazer marcha a trás por muito azar do ratito, ou até nem pegar à primeira nem à segunda! Então o “meu” ratito tinha mesmo muitas hipóteses de vir a viver naquele Jardim de um amante de flores ..... de papel !

Depois desta estória passada, tenho pensado na minha atitude, mas ainda não a decifrei neste emaranhado de pensamentos, sentimentos e .... atitudes ! (...)


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Constantino Ferreiram, em Aldeia Formosa
(c. 1969/71)
(**) Vd. poste de 16 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15756: Tabanca Grande (482): Constantino Ferreira D'Alva, ex-Fur Mil Art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71)

(...) Prestei serviço militar na Guiné, de Abril de 1969 a Junho de 1971. Fui Furriel Miliciano. Bissau, Buba, Aldeia-Formosa, foi o meu destino. A minha companhia foi a CART 2521.

A coluna que nos veio "buscar" a Buba, usou pela primeira vez a estrada nova, teve três mortos nessa famigerada "estrada nova". Regressou connosco a Aldeia Formosa pela estrada velha. Nunca mais foi usada a "estrada nova".

A TECNIL, que rasgou essa nova estrada, permaneceu em Aldeia Formosa a construir a nova pista alcatroada, para ser utilizada pelos caças Fiat.

Tudo para sul e para leste, tinha sido estrategicamente abandonado. Assim começou a minha "andança" por "estradas" e bolanhas da Guiné.

Escrevi no Jornal de Arganil, algumas "viagens no tempo" sobre esses tempos passados na Guiné, que poderei enviar para o blogue, se for considerado conveniente. (...) 

segunda-feira, 23 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20761: Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (2): No sul da Austrália, rumando a oeste, para chegar ao Dubai daqui a 12 dias... Uma "prisão de luxo", mas navegar é preciso!


MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Sul da Austrália, a caminho de Fremantle-Perth> 22  de março de 2020 >  A viagem começou em Marselha, em 6 de janeiro, com regresso ao mesmo porto, previsto para 1 de maio.



MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Sul da Austrália, a caminho de Fremantle-Perth> 22  de março de 2020 > Pôr do sol no hemisfério sul...


Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira. Foto reeditada pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


[, Constantino Ferreira d'Alva foi fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71); trabalhou 30 anos na TAP, como tripulante de cabine; é nosso grã-tabanqueiro desde 16 de fevereiro de 2016; começoi a escrever o seu diário de bordo, em 23 de janeiro de 2020, na sua página do Facebook, Viagens no Tempo.]


1. Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (2): No Sul da Austrália, rumando a oeste, para chegar ao Dubai daqui a 12 dias... Uma "prisão de luxo", mas navegar é preciso!


Aqui a bordo, do MSC-Magnifica, a navegar a Sul da Austrália, no Oceano Austral, rumo a West para Fremantle-Perth, onde devemos chegar dia 24, para reabastecimento de combustível e alimentos.

Sabemos que vamos permanecer a bordo, sem autorização para ir a terra.

Depois, ... esperamos,  com doze dias de navegação, conseguir chegar e ser bem recebidos, no Dubai. Onde alguns passageiros poderão (ou não!) ter hipótese de conseguir um bilhete com reserva para o seu país de destino final .

Mas a grande maioria, incluindo os franceses, que são cerca de 1.000 pessoas, gostaria de seguir neste navio (sem Coronavírus) até Marselha e, quando lá chegarmos, se chegarmos “límpidos”, decidir  em conformidade.

Agora, aqui a bordo, estamos muito bem, até posso dizer que estamos como que numa prisão de luxo. Temos tudo a funcionar, os bares os restaurantes, os ginásios, as aulas de dança, as lojas de bordo, os desportos de convés, e ainda o espetáculo noturno com artistas fantásticos, de que sempre procuro enviar umas imagens !

O que não temos e não queremos ter, é esse “malvado” portador-transmissor da “peste amarela” que “nasceu” na China e, parece,  que já chegou aos quatro cantos do mundo!

O que não queremos sequer pensar é que esta “peste amarela” possa ter o efeito da “peste negra” na Idade Média na Europa que eliminou 2/3 da população europeia, dizem os cronistas que cerca 60 milhões

Mas agora, vamos ter as vacinas, esperamos que muito brevemente. A esperança é que não vai morrer !

Em Melbourne estivemos atracados no mesmo cais em que estava um grande navio de cruzeiro, em quarentena com a bandeira vermelha içada. Sinal de grande gravidade.

Envio mais umas fotografias, para desanuviar esta tensão, ao mesmo tempo que vamos navegando, na esperança de um dia chegarmos ao “Mar Nostrum”, e podermos atracar num porto seguro, talvez Marselha ou Barcelona.

Será lá para o fim de Abril. Vamos continuar a navegar, porque... "navegar é preciso"! 

[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]

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sexta-feira, 20 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20753: Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia do COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (1): Sul da Austrália: Sidney e Melbourne





MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Austrália > Sidney > 16 de março de 2020 > Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira. Fotos reeditadas pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.





MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Austrália > Melbiourne > 19 de março de 2020 > Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira. Fotos reeditadas pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

[, Constantino Ferreira d'Alva foi fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71); trabalhou 30 anos na TAP, como tripulante de cabine; é nosso grã-tabanqueiro desde 16 de fevereiro de 2016.]



1. Os nossos camaradas Constantino Ferreira e António Graça de Abreu  estão a fazer, desde o início do ano de 2020, um cruzeiro de volta ao mundo, a bordo do MSC - Magnifica (*).

A primeira parte correu,como programado. Com o novo coronavírus COVID-19 a alastrar por todo o o mundo, as autoridades da Nova Zelândia e da Austrália, na Oceania, interditaram os seus portos aos navios de cruzeiro. O MSC -. Magnífica tenta agora chegar à Europa, via canal do Suez, quando ainda faltava mês e meio para completar a viagem de volta do mundo. O navio partiu com um total  3 mil passageiros  (e mil tripulantes):  já regressaram a casa, por via aérea, três centenas de passageiros.

Com o acordo (tácito) do nosso camarada Constantino Ferreira, que continua a bordo com a sua esposa, Elsa, vamos a partir de hoje acompanhar o seu regresso a casa, a partir de excertos e fotos que ele vai publicando diariamente na sua página do Facebook. 

Esperamos que os amigos e camaradas da Guiné, nomeadamente os que vivem em Portugal, também eles em "quarentena", na sequência da declaração do "estado de emergência", em vigor de 19 de março a 2 de abril de 2020, lhes mandem, a ele, à Elsa  e ao António Graça de Abreu, uma saudação amiga e solidária. Felizmente que não há até hoje nenhum caso de infeção pelo COVID-19, a bordo.


2. Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia do COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira) (1): Sul da Austrália: Sidney e Melbourne 

[Os locais e datas são os que constam da página do Facebook do Constantino Ferreira... Com a devida vénia, reproduzimos alguns excertos e fotos, reeditadas]


Sidney, quinta-feira, 19 de março de 2020, 7h12

Dois dias na Baía de Sidney!

Depois de entrarmos na barra, cada minuto conta, para aumentar a beleza da cidade, que se aproxima cada vez mais aos nossos olhos!

 (...) O primeiro dia, ficamos fundeados no meio desta enorme e bela baía, frente a uma das mais bonitas cidades do mundo. No segundo, atracamos no Cais dos Cruzeiros, mas só autorizados até ao fim da tarde.

Foi a saída que mais me fascinou!... A Ópera Hause mesmo ali a uns metros do convés. A ponte ali mesmo ao lado, era um fascínio para tirar fotografias sem parar! Tirei dúzias de fotografias a esta cidade, mesmo sem poder sair a terra.

Mas estes dois icones de Sidney, a Ópera e a ponte, não me cansaram o olhar e, o meu “Ifone” não se cansou de registar esse meu olhar, como que lamentando também, não ter saído a terra, para fotografar esta cidade, de dentro para fora.

Fiquei em escrever o que me faltava dizer, sobre a saída de Sidney. Pois a saída desta cidade, foi como que “forçada”! Saíram apenas cerca de 100 pessoas, do navio para o aeroporto, já com bilhetes de saída de voo marcados.

Quando saímos a barra de Sidney, era apenas para dar lugar a outros navios na baía, nós íamos para o alto mar, para que a companhia;MSC-Cruzeiros, com o nosso comandante, pudesse decidir o destino a dar-nos !

Pois durante a noite, sempre a navegar com rumo a Sul, tivemos apenas conhecimento pelo Diário de Bordo, colocado no camarote, que o nosso próximo destino seria; Melbourne!

Dois dias de navegação, rumo a Sul, entrámos hoje de madrugada, nesta Baía, onde tivemos lugar para atracar, mesmo aqui ao lado de um dos mais modernos navios de cruzeiros, o “Princess of the Seas”! Que não deixarei de publicar na crónica de amanhã, procurando descrever a nossa tristeza e, alegria também, por andarmos “quase” que como à deriva, por estes mares da Tasmânia e Sul da Austrália. (...)

 Melbourne, sexta-feira, 20 de março de 2020, 1h26


Melbourne foi uma escala imprevista, nestas andanças para conseguirmos chegar ao Mediterrâneo! Não sabemos quanto tempo iremos levar para lá chegar, mas a prevenção sanitária a bordo é absolutamente cumprida. Se lá chegarmos sem nenhum caso de Coronavírus, ganharemos esta “batalha” contra este vírus “amarelo”!

Aqui estamos nesta baía de Melbourne para reabastecimento, com o objetivo de se conseguir ir avançando umas boas milhas, de porto em porto, para reabastecimento, mas sem autorização para desembarque dos passageiros, enquanto esta situação se mantiver, de propagação do Coronavirus !

Aqui a bordo, não temos nenhum caso de Coronovirus! No entanto, nenhum porto nos permitiu o desembarque. Desde Hobart na Tasmânia que não nos é permitido sair a terra.

Depois de Hobart já estivemos em Sidney e agora aqui em Melbourne também não nos é permitido sair a terra. Foi uma determinação do governo da Austrália, como medida de prevenção e contenção da propagação desse vírus, que apareceu na China e, agora já se propagou pelos quatro cantos do mundo !

 (...) Ao entrarmos na baía de Melbourne, até esquecemos que estamos prisioneiros desta “nave” magnífica, que depois de fazer “meia” Volta ao Mundo espectacular, agora se encontra nesta situação, neste outro lado do mundo, a navegar de porto em porto, para se abastecer e, seguir para um outro porto até chegarmos ao Dubai ou, ao Mediterrâneo se for possível, os necessários e indispensáveis reabastecimentos, de combustível e alimentos, para cerca 2.700 pessoas a bordo, pois já saíram pelos aeroportos de Hobart, Sidney e hoje; Melbourne, cerca de trezentos passageiros.

Passámos este dia de 19 de Março, (dia do Pai !), aqui em Melbourne no Cais dos cruzeiros, todos a bordo, apenas saíram cerca de 200 pessoas diretamente para o aeroporto, com bilhetes com reservas para vários destinos na Europa, USA, Canadá e Brasil !

Depois do reabastecimento, pelas 18 horas, ouviram-se os tradicionais três apitos, mais parecidos com roncos profundos, saídos do alto do nave.

Mas a habitual música de saída, de André Bocelli, não foi lançada para nossa alegria. Tivemos sim muitos lenços brancos, dos passageiro do Golden Princess, que estava do outro lado do Cais, um dos mais modernos navios de cruzeiro do mundo. Mas, infelizmente, com a bandeira vermelha içada, aqui retido em Melbourne, em quarentena e higienização.

Largamos do cais, sem música e sem a alegria habitual, mas o fascínio das largadas e saídas manteve-se, com a habitual tomada de milhares de fotos, que no meu caso, já aqui estou a publicar, para vosso “regalo” de olhar esta linda baía e imponente cidade, com seus prédios modernos altíssimos, que lhe dão um perfil inconfundível, a esta que é a maior e mais bonita cidade, mais a Sul do Hemisfério Sul.

Navegamos agora rumo West, com destino a Fremantle-Perth, onde esperamos chegar dentro de cinco dias, a 24 deste mês Março, que está a marcar e a modificar todas as nossas expectativas, para esta volta ao mundo, tão bem programada e, agora alterada, por esta luta contra o Coronavirus, que está a levar o mundo inteiro, para uma luta “desigual”, mas da qual irá sair “vencedor”, mas com muitos mortos e, traumas também para muitos, dos milhões que iremos sobreviver.

A vida vai continuar, mas esta provação vai ser dramática. Nós, aqui a bordo ainda com cerca de 2.700 pessoas, sem nenhum caso de Coronovirus, temos que chegar ao Mediterrâneo, para isso termos que ter alguns reabastecimentos, pelo que esperamos que nem todos os portos nos fechem as “portas”!

Habitualmente, nesta “meia” volta ao mundo, tenho escrito apenas dos portos visitados, mas a partir de agora não sei como vai ser.

Mas quando chegar a Fremantle-Perth, já talvez tenha a rota decidida, pela Companhia MSC-Cruzeiros e, pelo nosso Comandante Roberto Leotta. Esperamos que o destino seja o Mediterrâneo e não o Dubai ou qualquer outro porto dos Emirados, ou por aquela região.

Vamos manter a esperança, que iremos chegar sãos e salvos !


[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição no blogue: LG]

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Nota do editor:

(*) Vd. postes de 


16 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20739: O que é feito de ti, camarada ? (10): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira d' Alva, a bordo do MSC Magnifica... Estão impedidos de desembarcar, em Hobart, capital da Tasmânia, e nos restantes portos da Austrália, devido à pandemia do Coronavírus COVID 19... Estão a um mês e meio de regressar a casa.

16 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20738: O que é feito de ti, camarada ? (8): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira D'Alva, andam a fazer a volta ao mundo num cruzeiro, no MSC Magnifica... E ainda falta metade do percurso, com o cenário da pandemia do coronavírus COVID 19 na linha do horizonte mais próximo... Boa continuação da viagem e melhor regresso a casa!

terça-feira, 17 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20743: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (116): A COVID-19 não passará!... Até maio ou junho, camaradas! (Constantino Ferreira, MSC - World Cruise, Austrália, Sidney, 16/3/2020)




MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Austrália > Sidney > 16 de março de 2020 > Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira

[, Constantino Ferreira d'Alva foi fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71);   trabalhou 30 anos na TAP, como tripulante de cabine; é nosso grã-tabanqueiro desde 16 de fevereiro de 2016.]

1. Mensagem, no Facebook do Constantino Ferreira,  que está na Austrália, a bordo do MSC- Magnífica, em cruzerio de volta ao mundo, juntamente com outros portugueses, incluindo o António Graça de Abreu

Obrigado, Luís, pelas boas palavras escritas com fé e determinação! (*)

Ainda estamos atracados no Cais de Sydney, mas só saíram uma centena de pessoas, esta manhã directamente para o aeroporto, com a obrigação de saírem nos voos de hoje !

Hau Yuan e o António. 
Foto: arquivo do Blogue Luís Graça
& Camaradas da Guiné
A Hai Yuan [, a esposa do António, médica,natural de Xangai, ]  também saiu para voar para Xangai. Eu a Elsa e o António Graça de Abreu, estamos bem, mas não podemos sair do navio desde Hobart na Tasmânia.

Mas procuramos manter o nosso bom humor !

Com muito gosto, nos iremos encontrar em Maio ou Junho !

Tenho pena de me ter descuidado de “escrever” na nosso blogue, na  Tabanca Grande. (**)

E vai um abraço!

2. Mensagens do nosso editor Luís Graça:

Confiança no capitão que vos há de levar a bom porto. Mas sejam proativos e nada de pânico. Vejam o que se passou noutros cruzeiros que estiveram de quarentena. Juntem os portugueses e animem-se. Nós também estamos trancados em casa para evitar o aumento exponencial de infetados. Ânimo!

3. Resposta do Constantino Ferreira:

Estamos a organizar e a criar um grupo de comunicação com todos os portugueses a bordo: “Tugas a bordo do MSC-World Cruise” !

Obrigado, pelo incentivo ao bom humor !

Abraços

4. Cruzeiro de volta ao mundo: diário de bordo (Constantino Ferreira)

Austrália, Sidney > Segund feira, 16 de março de 2020, 7h45:

Entrámos na Baía de Sidney pelas seis horas da manhã. Tivemos que aguardar cerca de duas horas, para avançar e fundear frente á Opera Hause e da ponte de ferro em arco por cima, também chamada de ponte cabide.

São os dois símbolos emblemáticos da cidade, mas devemos acrescentar-lhe um terceiro “ícone”, que é a moderna Sky Tower, de Sydney!

O nosso primeiro olhar, na aproximação, ao navegarmos já na Baía, é realmente esta silhueta inconfundível. Ficamos deslumbrados ao fixar esta silhueta inconfundível.

Estamos aqui ancorados com as próprias âncoras do navio, desde as 8 horas da manhã. Mas pelas 18 joras, já teremos local de acostagem, no Cais dos Cruzeiros. Logo que saia o navio, que está nessa posição, vai o nosso MSC-Magnifica ocupar esse lugar para poder ser abastecido de tudo o que necessita, fundamentalmente alimentos para os cerca de 3.000 passageiros e tripulantes.

Quanto á combustível, já foi abastecido aqui no meio da Baía, por um minipetroleiro que aqui se encostou durante seis horas, para reabastecer cerca de 14 toneladas de fiel, para os seus cinco geradores elétricos de bordo. Toda a restante maquinaria de bordo funciona a electricidade produzida ir estes geradores, inclusive os quatro motores elétricos de propulsão para vante e para ré. Assim como os três motores laterais á ré e os dois de vante.

Esta manhã, pelas 8 Horas, a maioria das pessoas estava nos nos três convés superiores, para ver a a aproximação até ao meio da Baía.

Agora pelas seis da tarde vai ser o mesmo, milhares de pessoas de câmaras fotográficas e telemóveis na mão, para registar imagens únicas, na vida de cada um!

Como já são 17Horas, interrompo aqui esta crónica, vou tomar um chá com dois ou três scones e, vou para o convés superior, para assistir a esta manobra de atracar ao Cais de Cruzeiros e, certamente tirar mais umas fotos para aqui publicar ainda hoje.

Acabei de tirar mais umas fotografias, que já acrescentei ás anteriores, inevitavelmente ao edifício da Ópera, á ponte do arco por cima e á silhueta dos prédios, com a Sky Tower.

Como a mudança do navio para o Cais dos Cruzeiros está demorada e, o dia de amanhã também vai ser a bordo, exceção feita aos passageiros que voluntariamente querem abandonar o navio, que vão sair amanhã, “escoltados” diretamente para o aeroporto, já com os respectivos voos marcados, alguns poucos para Xangai - China, mas a maioria dos sessenta, irão em voos para a Europa, por sua vontade e conta própria.

A tarde está a escurecer, mas o Sol quando rompe por de traz das nuvens, cria um efeito de raios de luz raramente visto, criando uma beleza misteriosa na silhueta desta cidade belíssima.

Amanhã irei enviar estas fotos.

(Reproduzido com a devida vénia)

5. Mensagem de incentivo para os nossos dois grã-tabanqueiros, Constantino Ferreira e António Graça de Abreu:

Bom dia, Constantino e António. Vocês são homens com vasta experiência de viagens pelo mundo. E tu, Constantino, como tripulante de bordo na TAP, sabes bem como é viver em espaços confinados. Aprendeste a lidar com o leque variado de comportamentos humanos dos viajantes aéreos, desde os fumadores compulsivos aos claustrofóbicos... Num avião, são algumas horas de viagem, mais ou menos suportáveis. Num navio, que é um autêntica cidade flutuante, e nas atuais circunstâncias, em que vocês estão a fazer a vossa tão sonhada volta ao mundo em cento e tal dias (, mas agora. com severas restrições devido à situação emergente da pandemia de COVID-19 , provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2),  mais difícil manter, individualmente e em grupo, a serenidade, a presença de espírito, o bom humor...

Há seguramente frustração e medo do que possa vir a acontecer,,,. As emoções vão estar mais à flor da pele...Em todo o caso, vocês estão em segurança, mesmo longe de casa... A vossa casa agora é (ou continua a ser) o MSC Magnífica... Como foi, para ti, Constantino, Aldeia Formosa,em 1969/71...São duas situações-limite. Aproveita-as. 

Esta não se vai repetir. Aproveita para ir escrevendo e fotografando. E comunicando com nós, que também estamos em quarentena social...No final teremos um livro de um camarada da Tabanca Grande que fez a volta ao mundo e, contrariamente ao "tuga" Fernão Magalhães (que tinha um "escriba", mas "sem rede"...), foi contando. dia a dia, aos amigos as peripécias da viagem... 

Ofereço-me, desde já, para te escrever o prefácio...Até lá, até ao vosso regresso, com saúde e em segurança, aumentem a vossa resiliência, apoiem.se uns aos outros, não desanimem, tirem partido das circunstâncias... No séc XVI ir à India e voltar eram quase dois anos... Como dizia o provérbio antigo: "À Índia mais vão do que tornam"...Só gente "louca", como nós... Bem diziam os espanhóis, desconfiados dos "vizinhos": "Portugueses, pocos. pero...locos"!...

Um chicoração para vocês três, Elsa, Constantino e António. E também para a esposa do António que vos deixou, na Austrália, para dar um salto à sua China... que está a sair, ao que parece e felizmente, de uma grande provação: foi lá que tudo começou....



MSC - Magnífica > Cruzeiro de Volta ao Mundo > Austrália > Taiti > Papeete >  6 de março de 2020 > Foto de grupo: da esquerda para a direita, Hai Yuan, António Graça de Abreu, um casal português, o Constantino Ferreira e a Elsa, tapada pelo rosto da guia local, aqui em primeiro plano). Cortesia da página do faceboook de Constantino Ferreira.

[, Constantino Ferreira d'Alva foi fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71); trabalhou 30 anos na TAP, como tripulante de cabine; é nosso grã-tabanqueiro desde 16 de fevereiro de 2016.]
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Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 16 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20739: O que é feito de ti, camarada ? (10): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira d' Alva, a bordo do MSC Magnifica... Estão impedidos de desembarcar, em Hobart, capital da Tasmânia, e nos restantes portos da Austrália, devido à pandemia de Coronavírus COVID 19... Estão a um mês e meio de regressar a casa.

(...) Um alfabravo fraterno e emocionado para ti, Constantino, e para o António, e respetivas esposas!... Que regressem a casa com saúde e em segurança... Por aqui estamos a "aguentar o barco", mas já se grita às janelas das nossas ruas: "Viva o SNS!", "O Covid 19 não passará!"... Haveremos de beber um copo, os três, em maio ou junho, na próximo almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, quando este pesadelo acabar para todos nós!.. Vai escrevendo e mantendo o teu bom humor! (...)

Vd. também poste anterior > 16 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20738: O que é feito de ti, camarada ? (8): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira D'Alva, andam a fazer a volta ao mundo num cruzeiro, no MSC Magnifica... E ainda falta metade do percurso, com o cenário da pandemia de coronavírus COVID 19 na linha do horizonte mais próximo... Boa continuação da viagem e melhor regresso a casa!

segunda-feira, 16 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20739: O que é feito de ti, camarada ? (10): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira d' Alva, a bordo do MSC Magnifica... Estão impedidos de desembarcar, em Hobart, capital da Tasmânia, e nos restantes portos da Austrália, devido à pandemia do Coronavírus COVID 19... Estão a um mês e meio de regressar a casa.



MSC Magnifica > 16 de março de 2020 > Austrália > Hobart, capital da Tasmânia

Cortesia de Constantino Ferreira (2020)


1. Último poste  do Constantino Ferreira d'Alva, publicado na sua página do Facebook, há quatro horas. O Constantino, tal como o António Graça de Abreu (*),  segue num cruzeiro de volta ao mundo,  a bordo do MSC Magnifica (, MSC é a sigla da multinacional Mediterranean Shipping Company, com sede na Suiça)...

A frota da MSC Cruzeiros está praticamente parada devido à pandemia do Coronavírus COVID 19... O MSC Magnifica deve ser  o único navio que ainda está a operar, segundo nos informa o Constantino, devendo chegar à Europa daqui a mês e meio...

Esta volta ao mundo, que era pressuposto ser uma viagem de sonho, pra muitos dos seus passageiros,  está a tornar-se um pesadelo, devido á pandemia do Coronavírus COVID 19, ... Deve levar a bordo muitos mais portugueses, além dos nossos camaradas Constantino Ferreira d'Alva e António Graça de Abreu, e suas esposas.

A todos desejamos o melhor regresso possível a casa, com saúde e em segurança.

Facebook > Constantino Ferreira > segunda-feira, 16 de março de 2020, 1:52:

Isto foi o Diabo 👿!

Pois foi! ..... Mas não o Diabo da Tasmânia, que nós muito carinhosamente pretendíamos ir conseguir ver, na nossa visita de hoje !

Não! ..... Aqui o Diabo 👿 foi outro ! Foi o “coronavirus” que já apareceu em cinco casos na Tasmânia, que nos impediu a visita programada.


A notícia, foi-nos dada pelo Comandante no Royal Theatre esta manhã, acompanhado pelo segundo comandante, pelo médico-chefe de bordo e o director de comunicação a bordo. (Conforme fotografias que publico!)

As autoridades de fronteiras da Austrália, fecharam todos os portos, por razões de segurança pública! Foi assim, que recebemos a notícia.

No entanto, teríamos que descer a terra para a formalidade de controlo de vistos e passaportes! Uma vez que iríamos passar por mais três portos na Austrália; Sydney, Cairns e Darwin! Podendo a situação modificar-se, para melhor ou ... para pior !

Pois foi para pior, porque também já têm mais casos dentro da Austrália.

Estivemos atracados no cais, durante todo o dia, a cidade e as montanhas lá estavam à nossa frente, fomos tirando umas fotografias, ouvindo as notícias da Europa, tomando consciência da gravidade a nível Mundial, lamentando esta situação, mas sempre com alguma esperança de melhores dias !

A vida a bordo continua, não temos nenhum caso de “coronavirus”, lagarto,... lagarto,.... lagaaarto! Mantemos todas as regras e disciplina de segurança, para que isso não aconteça !

A boa disposição também se mantém, até com algum humor, (é o meu caso!). Mas a “Volta ao Mundo”...... já não vai ser como até aqui !

Tem sido verdadeiramente uma maravilha, em todos os aspectos ! Pelo menos, esta “meia-volta”, foi um espetáculo!
Agora, temos que concluir o que falta, com a máxima segurança, procurando mesmo assim, usufrui o melhor possível!

De toda a frota da MSC-Cruzeiros, este “nosso” navio, MSC-Magnífica, é o único a navegar, toda a frota parou ! Na Europa, América, Caraíbas, China, Japão, ..... tudo parou e “encostou”!

Mas a decisão da companhia, de não nos desembarcar, foi bem acolhida, pelos cerca de três mil passageiros e tripulantes!

Assim, a decisão da MSC e do nosso comandante, é seguirmos nesta “nave”, até á Europa, onde esperamos chegar dentro de um mês e meio, com paragens para reabastecimento de combustível e alimentos.

Se a situação, entretanto melhorar, até podemos manter a esperança de ir ver o Dragão de Cômoro, como estava planeado, mas as belezas de Bali, ainda na Indonésia, ficam para outra oportunidade, assim como todos os outros portos planeados, “nesta” nossa Volta ao Mundo”!

A ver vamos! Como vai ser este mês e meio, aqui a bordo !

Na “nossa” Carreira da Índia, nos Séculos XVI, XVII  e .... XVIII, .... não tinham este conforto a bordo e, ... faziam muito mais tempo em mar alto !

Se pensarmos “assim”, isto vai ser uma festa a bordo ! A “fé”... é que nos salva! ..... Não è o pau da barca !

Até sempre!

(Com a devida vénia ao nosso camarada Constantino Ferreira, tripulante da TAP,  reformado)
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 16 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20738: O que é feito de ti, camarada ? (8): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira D'Alva, andam a fazer a volta ao mundo num cruzeiro, no MSC Magnifica... E ainda falta metade do percurso, com o cenário da pandemia do coronavírus COVID 19 na linha do horizonte mais próximo... Boa continuação da viagem e melhor regresso a casa!

Guiné 61/74 - P20738: O que é feito de ti, camarada ? (9): António Graça de Abreu e Constantino Ferreira D'Alva, andam a fazer a volta ao mundo num cruzeiro, no MSC Magnifica... E ainda falta metade do percurso, com o cenário da pandemia do coronavírus COVID 19 na linha do horizonte mais próximo... Boa continuação da viagem e melhor regresso a casa!



Oeiras >Algés > Restaurante Caravela de Ouro > Tabanca da Linha > 42º Convívio > 21 de março de 2019 > À mesa, o Constantino Ferreira d'Alva e o António Graça de Abreu. Na altura soubemos que iam os dois fazer um cruzeiro de volta ao mundo, no princípio do novo ano de 2020, com regresso em finais de abril (*)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. O António Graça de Abreu, ex-alf mil,  CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), nosso camarada e amigo, membro da nossa Tabanca Grande de longa data, com mais de 240 referências no blogue,  cofundador, em 14/10/2010, da Magnífica Tabanca da Linha, já não nos dá notícias desde o fim do ano passado... 

O último poste que li dele, da sua autoria, na página do Facebook, é de 31 de dezembro passado. É um excerto do seu "diário secreto de Pequim" dos anos 80... Sabemos, pelo Constantino, que ele vai a bordo do MSC Magnifica, mas que não escreve para o Facebook, até porque a ligação à Net, a bordo, é lenta e cara.

Pequim, 1 de Setembro de 1981

Um dos meus grandes prazeres, nestes últimos tempos, é atravessar meia Pequim ou perder-me deliberadamente pelos milhentos atalhos e recantos dos arredores da cidade, aos comandos da minha mota, a pequena Peugeot 102 que fura com facilidade por dentro destes imensos pelotões de ciclistas que pedalam, pedalam e eu acelero, acelero levado pelo motorzinho do meu extraordinário velocípede.


No fim do ano passado, trouxe de Macau algo que, tal como a moto, é diferente de quase tudo o que os chineses possuem, um Walkman, marca Toshiba, azul, maneirinho que prendo no cinto das calças, meto a cassete, coloco os auscultadores, ligo e aí vou eu, singrando na minha Peugeot 102, por tudo quanto é avenida, rua ou caminho de terra batida, ultrapassando todos os ciclistas (as motas são raríssimas, estão ainda quase proibidas para os chineses), circundando carroças, autocarros, furando entre as gentes. 

Tenho estereofonia, som total a cantar-me aos ouvidos e toda a imensa cidade de Pequim a perpassar diante dos meus olhos. Tenho os cinco concertos para piano, de Beethoven, e que prazer a grande música na minha cabeça, ressoando em mim, atravessando Pequim. 

Tenho a batida fantástica do álbum The Wall, dos Pink Floyd, com palavras sábias do Roger Waters e do David Gilmour que bem podem ser adaptadas às realidades chinesas que me enchem os olhos e que a minha costela, meia anarca, hoje já acaricia:

We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teacher leave the kids alone,
Hey, teacher! Leave the kids alone!
All in all it's just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall.



Nova Zelândia, Napier, 14 de março de 2020 > O Constantino Ferreira d'Alva, desembarcando do MCS Magnifica. 

Fonte: página do Facebook do nosso camarada.



2. O Constantino Ferreira d'Alva foi fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71), é um camarada do meu tempo (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12): viajámos juntos, no T/T Niassa, em 24 de maio de 1969.... e penso que regressámos juntos, no T/T Uíge, em 17/3/1971. A CART 2521, mobilizada pelo GACA 2, esteve em Aldeia Formosa.

À  conversa com ele,  à mesa,  no 42º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, em 21 de março de 2019 (*), disse-me que era natural de Arganil, e trabalhara na TAP como tripulante de cabine, estando reformado há uns largos anos... Naturalmente que conhecia (e era amigo de) o José Brás e de outros amigos meus da TAP, como é o caso do Jorge Mateus... Confidenciou-me, na altura, que tinha intenção de fazer uma "cruzeiro de volta ao mundo", no princípio do ano de 2020, juntamente com o António Graça de Abreu, que acabara de conhecer num outro cruzeiro.

Eu não tinha a certeza se esses planos se tinha concretizado, e se tinham chegado a  partir juntos, no mesmo navio, até em dezembro passado começaram a surgir notícias de mai agoiro, provenientes da China... Nas a MSC manteve os seus cruzeiros para aquelas bandas...

Pela consulta que fiz à sua página do Facebook, verifiquei que  o Constantino deve estar hoje no hemisfério sul, na Oceania, já na Austrália, a bordo do MSC Magnífica, depois de terem parado na Nova Zelânida. E, com ele, ficamos a saber que está... o António Graça de Abreu.

Escreveu o Constantino anteontem, às 5h45:

(...) Cá estamos a entrar na Baía de Napier! Hoje a entrada faz-se já com o luz do Sol a iluminar esta Baía, larga e profunda, com a cidade lá ao fundo, já bem visível com a luz do Sol.

Logo que atracamos ao cais dos cruzeiros, o grupo que vai na excursão de visita com recepção pela chefe indígena, de uma aldeia do povo Maori, está pronto para seguir no autocarro. (...)


(...) Assistimos a todo o cerimonial de aproximação de um povo estranho. A recepção dos indígenas era feita com aproximações e afastamentos, até que se realizava o contacto, mas com os Maoris sempre à defesa e desconfiados !

De seguida, as demonstrações guerreiras, os seus cantares e danças rituais. A demonstração num lago ou ribeira, da pesca ás enguias, como sobrevivência deste povo na sua alimentação, foi tema de uma palestra à beira do lago. A visita termina com a venda de alguns produtos de seu artesanato. (...)


(...) Ficamos com uma ideia bem formada, da vida e cultura deste povo guerreiro, que quase foi apagada pelas políticas britânicas, nos últimos duzentos anos ! Agora em tentativa de recuperação, por pessoas como a nossa guia, mas também com o apoia do Parlamento da Nova Zelândia.

Regressamos a Napier, novamente por montanhas e vales, em que pastam milhares de ovelhas e carneiros, mas nos vales e terras chãs, lá estão as plantações de kiwis e maçãs, a perder de vista.(...) Foi um dia de vistas largas, de cultura e de reflexão sobre a destruição da cultura Maori , pela Europa colonizadora do Mundo, nos séculos de descobrimentos e encobrimentos !

Embarcamos no MSC-Magnífica, e assistimos á saída lenta do navio, ao som da magnífica voz de Andrea Bocelli.(...), 
O nosso próximo encontro, será na Baía de Wellington. Já amanhã de manhã ! (...)

Por uma rápida visita ao último poste,  de ontem, às 15h. Confirmo, pela leitura, que o MCS Magnífica está a dar a volta ao mundo... e ainda falta metade do percurso (com mês e meio para voltar à Europa) , mas já com o fantasma da pandemia do coronavírus  COVID 19 na "agenda de bordo"... O Constantino, bem humiorado, bem disposto,  tem escrito uma espécie de "diário de bordo" que partilha com os seus amigos do Facebook

(...) Largámos de Wellington  [, capital da Nova Zelândia,] ao fim do dia, navegamos pelo Canal Cook rumo West, durante toda noite. Mas pela madrugada já levamos o rumo Sul, tendo a ilha a bombordo, lado esquerdo.

Pelas 3 horas da tarde, damos entrada no Fiorde Milford Sound. Um outro navio de cruzeiro, navega lentamente à nossa frente. Mas outros pequenos barcos e lanchas, passam por nós nos dois sentidos. São turistas amantes da natureza, que viajam em pequenos aviões, que aterram numa pista lá ao fundo, onde o Fiorde acaba e tem uma pequena planície antes das montanhas.

As margens apresentam algumas cascatas e, lá nos cumes das montanhas algumas têm neve outras não. Os pequenos aviões passam por cima de nós, o som com a ressonância das montanhas, multiplica-se com os ecos repetidos e multiplica-se, criando um ambiente de guerra “pacífica” !

Lá está o pequeno aeroporto, com alguns aviões estacionados, anunciando o fim do Fiorde. Inverter o rumo para a saída é uma manobra delicada, pois o navio tem mais de 300 metros e este fiorde tem pouco mais de 700 metros de largura neste local da manobra! Esta pequena localidade de apoio ao aeroporto, está absolutamente isolada por ausência de estradas, só se tem acesso a esta localidade de barco ou de avião pequeno.

Navegamos agora rumo West e, ao sairmos do fiorde, tomamos o rumo Noroeste, navegando no mar da Tasmânia, rum
o a Hobart [, a capital e a maior cidade do estado australiano da Tasmânia], a nossa próxima escala, onde chegaremos com dois dias de navegação. 

Quando lá chegarmos, é que veremos o Diabo da Tasmânia, ou será que o Coronavírus é que vai ser o nosso Diabo?!

Teremos que enfrentar os dois “bichos”, com muita calma, disciplina, saber e segurança sanitária. Consta que o coronavírus já se manifestou em cinco pessoas na cidade de Hobart. A confirmar-se estes casos, não sabemos se seremos autorizados a desembarcar!

Daqui a dois dias, saberemos a confirmação ou não, destes cinco casos de coronavirus, que aguardamos com alguma ansiedade, mas com calma e esperança, nestes próximos dias e, da Volta ao Mundo,  apenas temos metade realizada.

Aqui a bordo, não temos, felizmente, nenhum caso de coronovirus. Quando chegarmos á Tasmânia, a ver vamos que “Diabo” iremos ver. Esperamos que seja o Diabo  da Tasmânia! (...)


Há dias, a 10 de março, o Constantino tinha respondido ao Manuel Resende, régulo da Tabanca da Linha, nestes termos, tranquilizando-o sobre a saúde do pessoal a bordo e dando notícias do António Graça de Abreu:

(...) Depois, vamos ver o Diabo na Tasmânia e os cangurus na Austrália! Mesmo agora estive com o António Graça de Abreu, que está muito bem, a escrever um novo livro !... Aqui a bordo não tivemos nada de Coronavírus! (...)

Desejamos, a estes nossos amigos e camaradas  boa continuação da viagem de volta oa mundo e bom regresso a casa!... Ficamos mais tranquilos por saber notícias deles!...

Mas quando chegarem, à Europa [, a Génova ? a Marselha ?],  deve estar a pandemia, aqui em Portugal,  no seu pico e a nossa vida feita... num pandemónio... (Esperemos que não, e que saibamos todos dizer, em voz alta, com determinação e coragem: O COVID 19 não passará!... Mesmo à custa de sangue, suor e lágrimas.)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19612: Tabanca da Linha (1): 42º convívio, Algés, 21 de março de 2019: Caras novas: o Constantino Ferreira d'Alva, nosso grã-tabanqueiro nº 711, desde 16 de fevereiro de 2016Último poste da série > 

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19177: Notas de leitura (1118): O último livro do nosso camarada António Graça de Abreu, um viajante compulsivo e um escritor multifacetado: "Notícias (extravagantes) de uma volta ao mundo em 98 dias" (Lisboa, Nova Vega, 2018, 126 pp.) (Luís Graça)



Capa e contracapa do último livro do nosso camarada e grã-tabanqueiro António Graça de Abreu, "Notícias (extravagantes) de uma volta ao mundo em 98 dias" (Lisboa: Nova Vega, 2018, 126 pp, il.)



Dedicatória do autor, com admiração e amizade,  à Alice e Luís, "meus bons e velhos amigos desde as viagens estranhas pela Guiné e pelo nosso mundo"... Datado de Estoril, out 2018.






Índice da obra



Um dos cerca de meia centenas de poemas (bizarros) dedicados aos topónimos por onde passou este cruzeiro da volta ao mundo. Neste caso, a Goa, na Índia (pp.122/123)


Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. O nosso  prezado camarada António Graça de Abreu não precisa de apresentação... Mas relembre-se  aqui alguns tópicos da sua história de vida:

(i) nasceu no Porto, em 1947; escritor, poeta, sinólogo,  com mais de duas dezenas de livros publicados, professor universitário; licenciou-se em Filologia Germânica e é Mestre em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa;

(ii) foi alf mil SGE, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74);  e da sua experiência militar escreveu um pessoalíssimo e original Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (Lisboa: Guerra e Paz, Editores, 2007), de que já publicámos inúmeros
excertos no nosso blogue;

(iii) entre 1977 e 1983 leccionou Língua e Cultura Portuguesa nas Universidades de Pequim e Shanghai;

(iv)  é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro;

(v) é membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de 220 referências;

(vi) vive no Estoril, concelho de Cascais, Portugal, quando... não está em viagem, de lazer ou de trabalho.

Dele se pode dizer que é um viajante "compulsivo", como ele proprio o reconhece: "Com sete décadas de complexa vida, tive a sorte de viver quase nove anos fora de Portugal, derramando-me por quatro continentes. Sou dono de coisa nenhuma, mas o mundo não me é estranho." (*)...

Mas é também um escritor, um grande escritor, de múltiplos talentos e géneros, e de férrea disciplina, atento ao passado, ao presente e ao futuro dos lugares por onde viaja ou onde vive(u) e das gentes com quem interage (ou interagiu).

2. Reuniu agora em livro o seu diário da volta ao mundo...em 98 dias. Tivemos o privilégio de publicar, em primeira mão, o seu "manuscrito", incluindo muitas das fotos que foi tirando. Para o livro, ele selecionou 60, parte das quais podem ser apreciadas no nosso blogue, na série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu)".

Publicámos 40 postes da série num espaço de mais de ano e meio, entre fevereiro de 2017 (*) e outubro de 2018 (**).

Recorde-se que, neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016. Durante três meses e 8 dias [, o que,  nas nossas contas, perfaz 100 dias e não 98], a casa do casal vai ser o gigantesco  navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento e mais de 90 mil toneladas.

Oficialmente o cruzeiro foi  de 98 dias, contados a partir de 2 de setembro de 2016 (partida do porto de Savona, Itália) até 9 de dezembro desse ano, com a chegada  ao ponto de partida.  O António e a esposa ficaram, no dia anterior, em Civitavecchia, que é o porto de Roma, e aqui  apanharam o avião para Lisboa.

(...) Amanhã [, 9 de dezembro de 2016,] o Costa conclui a jornada de volta ao mundo, segue de Civitavecchia para Savona, pedaços de mar Mediterrâneo que conhece de cór. Depois, um avião para Lisboa e regressaremos a casa, ao dulcíssimo lar. Foram três meses e oito dias de viagem por oceanos infindos, terras de todos os assombros e magias. Começo a ter saudades da ditosa pátria, do conforto da minha casa, de respirar Portugal. (...)

De qualquer modo, tomámos a iniciativa de arredondar o nº de dias para 100. Adoramos os números redondos, e 100 é muito mais fascinante do que 98... E 1001 mais sugestivo do que 1000... Em euros, esta vaigem de uma vida deve ter ficado, para o casal, em mais de 30 mil. Recorde-se que um camarote, exterior, com varanda, custava mais 5 mil euros.  Convenhamos que não era um cruzeiro para todas as bolsas...

Curiosamente, no seu diário, o autor não usa datas... Nem no livro, com pena nossa, há um gráfcio com a rota do navio e as diversas escalas, com as respetivas datas.. Tivemos que recuperar as datas a partir fotos inseridas no "manuscrito" (que nos chegou às mãos em formato pdf) bem como das referências, nas crónicas, relativamente à duração, em dias, das viagens, entre uma escala e outra, num total de 34 escalas.

Foi-nos possível assim saber que, ao fim de três semanas , depois de cruzar do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, o navio já estava no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017). O "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo.

Um mês e meio do início do cruzeiro, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016; seguem-se depois as ilhas Tonga; visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016; volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016).

O navio  chega, pela manhã de 29/10/2016, à cidade de Melbourne, Austrália; visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e a esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

De 8 a 10 de novembro, o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro); Phuket, Tailândia (12-13 de novembro); Colombo, capital do Sri Lanka ou Ceilão ou Trapobana (segundo os "Lusíadas", de Luís de Camões. I, 1), em 15-16 de novembro. de 2016;

Na última parte da viagem, Graça de Abreu e a esposa estão, a 17 de novembro de 2016, em Cochim, na Índia, e descobrem a cada passo vestígios da presença portuguesa; a 18, visitam  Goa, seguindo depois para Bombaím (20 e 21 de novembro de 2016).

Com 2 meses e 20 dias, depois da Índia, os nossos viajantes estão no Dubai, Emiratos Árabes Unidos, passando por Muscat, e Salah, dois sultanatos de Omã, em datas que já não podemos precisar (, as fotos deixam de ter data e hora...), de qualquer modo já estamos em finais de novembro /  princípios de dezembro de 2016. É tempo ainda para visitar Petra, na Jordânia, e atravessar os 170 km do canal do Suez (Egito), antes de o "Costa Luminosa" entrar no Mediterrâneo, com a viagem a terminar em Civitavecchia, porto de Roma, para o casal Abreu, e em Savona, para os restantes passageiros...  (Por lapso, no último poste indicámos o final de dezembro de 2016 como terminus da viagem; hoje sabemos que o cruzeiro de volta ao mundo terminou em Savona, no dia 9 de dezembro). (**)

O livro, de 126 pp. (fora as inumeradas, com um total de 60 fotos), é enriquecido, na última parte, com um conjunto de pequenos poemas ("bizarros", chama-lhes o autor), relativos aos principais lugares visitados nesta algo insólita viagem de volta ao mundo: ver, acima, um excerto com um belíssimo poema dedicado a Goa. Da página de citações,  a seguir ao índice (ver acima), destaco duas de que gostei muito especialmente:

(i) O bom viajante não sabe para onde vai, o viajante perfeito não sabe de onde vem (Lin Yutang, 1883-1976);

(ii) Sou o descendente infeliz de uma raça heróica e absurda, que senhoreou o mundo, e anda agora por ele a cabo a matar saudades (Miguel Torga, 1907-1995).

O nosso editor agradece a gentileza do envio, pelo correio, de um  exemplar autografado. (***)
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 25 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17082: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte I: "O bom viajante não sabe para onde vai, o viajante perfeito não sabe de onde vem" (Lin Yutang 1895-1976)

(**) Vd. poste de  20 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19121: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - XL (e última) Parte: Canal do Suez, Roma e regresso ... "A vida é o que fazemos dela, / As viagens são os viajantes. / O que vemos não é o que vemos / Senão o que somos" (Bernardo Soares / Fernando Pessoa)

(***) Último poste da série > 5 de novembro de  2018   Guiné 61/74 - P19169: Notas de leitura (1117): “Racismo em português, o lado esquecido do colonialismo”, por Joana Gorjão Henriques; Tinta-da-China, 2016 (Mário Beja Santos)

sábado, 20 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19121: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - XL (e última) Parte: Canal do Suez, Roma e regresso ... "A vida é o que fazemos dela, / As viagens são os viajantes. / O que vemos não é o que vemos / Senão o que somos" (Bernardo Soares / Fernando Pessoa)



Foto nº 4


Foto nº 3


Foto nº 5


Foto nº 1


Foto nº  2


Foto nº  6


Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1.  Úlltimas duas rrónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias" [3 meses e oito dias], do nosso camarada António Graça de Abreu.

Escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com cerca de 220 referências, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.

[Foto à direita: Hai Yuan e António Graça de Abreu]



2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias" (*)

(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, no mínimo, estimamos nós];

(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);

(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;

(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;

(v) seguem-se depois as ilhas Tonga; visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016; volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);

(vi) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29/10/2016, à cidade de Melbourne, Austrália; visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e a esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

(vii) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro); Phuket, Tailândia (12-13 de novembro); Colombo, capital do Sri Lanka ou Ceilão ou Trapobana (segundo os "Lusíadas", de Luís de Camões. I, 1), em 15-16 de novembro. de 2016;

(viii) na III (e última) parte da viagem, Graça de Abreu e a esposa estão, a 17 de novembro de 2016, em Cochim, na Índia, e descobrem a cada passo vestígios da presença portuguesa; a 18, estão em Goa, seguindo depois para Bombaím (20 e 21 de novembro de 2016);

(ix) com 2 meses e 20 dias, depois da Índia, os nossos viajantes estão no Dubai, Emiratos Árabes Unidos, passando por Muscat, e Salah, dois sultanatos de Omã, em datas que já não podemos precisar (, as fotos deixam de ter data e hora...), de qualquer modo já estamos em finais de novembro/ princípios de em dezembro de 2016;

(x) tempo ainda para visitar Petra, na Jordânia, e atravessar os 170 km do canal do Suez (Egito), antes de o "Costa Luminosa" entrar no Mediterrâneo; a viagem irá terminar em Civitavecchia, porto de Roma, antes da chegada do novo ano, 2017.


3. Fim da Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Canal do Suezs e Roma > s/d, c. final de dezembro de 2016] (pp. 25-29], da terceira e última Parte, que nos foi enviada em formato pdf]


Canal do Suez, Egipto

Desde Aqaba, o navio enviesou e caiu no mar Vermelho, na imparável subida para o Mediterrâneo e a Europa. Passamos ao lado de Sharm-el-Sheik, situada a estibordo, navegamos junto a Hurghada, escondida a bombordo, lugares de excepção no Egipto turístico agora afectados pelo terrorismo que lhes despovoa as centenas de hotéis onde se alojavam aos milhares as gentes vindas de múltiplas paragens da Europa, em busca do sol, das águas tépidas do mar, da história do Egipto, dos faraós e dos árabes. [Foto nº 1]

Chegado à noite à cidade de Suez para a travessia do Canal, o Costa estaciona atrás de um cruzador norte-americano que, creio, regressa aos States após missão no Golfo Pérsico. Assim que raiar a manhã, avançaremos num comboio de navios durante os 168 quilómetros de águas do Canal do Suez. [Foto nº 2]

O dia começa com nevoeiro, os horizontes estão curtos, envoltos na bruma. Aí vamos no início da travessia que durará até às três da tarde. A névoa levanta e temos este extraordinário Canal para ver e cruzar. Com muito trânsito de navios, em ambas as margens há filas e filas de camiões, e automóveis egípcios, que esperam que a navegação dos grandes barcos diminua para, em pequenos ferries, poderem passar de um lado para o outro do canal.

O Costa segue viagem lentamente como que tacteando as águas. Avançamos de sul para norte e, na margem direita, espraiam-se quase só terras desérticas, num perder de vista por pequenos montes e areais imensos. A margem esquerda foi mais bafejada pela sorte. As águas do rio Nilo, que corre quase paralelo ao Canal, a uns oitenta quilómetros de distância, a poente, foram domadas, encaminhadas e trazidas até estes lugares. Em vários troços são visíveis grandes extensões de terreno verde e fértil. Aqui o camponês, o felah, abre canais de irrigação, trabalha a terra, conta com as águas sagradas do Nilo. E há trigo e legumes, várzeas e pomares, e é necessário dar de comer a milhões e milhões de pessoas. O Egipto tem hoje 83 milhões de habitantes para alimentar, e um vasto território quase todo desértico.  [Foto nº 3]

Impressionante é a segurança montada em ambos os lados do Canal. Ao longo de todas as duas correntezas das margen -- quase 170 quilómetros vezes dois --, foi construído um muro aí com 5 metros de altura, que separa e delimita o curso das águas, com guaritas, soldados e pequenos destacamentos militares. Tudo activo e vigilante diante da quase permanente passagem de navios. Imaginem o que seria um enorme petroleiro ou um navio de cruzeiros como o nosso, ser atacado e incendiado por radicais islâmicos, a partir das margens do Canal do Suez!

Estamos a chegar a Port Said, a cidade junto à saída para o Mediterrâneo, burgo fundamental que nasceu e cresceu quando da construção do Canal. Quem por aqui andou, em Novembro de 1869, foi o nosso Eça de Queirós, então com apenas 24 anos, que escreveu para o Diário de Notícias quatro extensas crónicas publicadas em Janeiro de 1870 sobre as “festas” de inauguração do Canal do Suez. Considerou os seus textos “uma narração trivial, um relatório chato” e fala assim da cidade:

“Por uma bela manhã, entrámos em Port Said por entre os dois grandes molhes que se adiantam paralelamente pelo mar, feitos de poderosos blocos de pedra solta. Port Said é uma cidade de indústria e de operários: isto dá-lhe uma especialidade de fisionomia: estaleiros, forjas, serralharias, armazéns de materiais, aparelhos destilatórios. (…) nem edifícios, nem monumentos, nem construções sólidas e sérias: tudo é ligeiro, barato, provisório. A igreja católica é como uma grande barraca: vê-se o céu azul através do seu tecto feito de grandes traves mal unidas. Tudo isto dá a Port Said um aspecto triste.”

Não desembarcámos em Port Said, passámos ao lado do porto e da baía, mas deu para ver que, cento e cinquenta anos após a visita de Eça de Queirós, a cidade cresceu exponencialmente, hoje tem 600 mil habitantes contra os 12 mil existentes na altura da viagem do autor de A Relíquia. 

Em breve, depois de entrar na noite dos séculos, cá regressarei para tomar um chá de menta com o nosso Eça de Queirós, para falarmos do Egipto, dos atribulados tempos actuais e para conversarmos longamente sobre uma das nossas grandes paixões, a China e os Chineses. Não foi Eça quem escreveu no capítulo XVIII de Os Maias: “Os anos vão passando (…) E com os anos, a não ser a China, tudo na terra passa.”


Roma, Itália

Aí está a nossa Europa!

O estreito de Messina, com a ponta da bota da Itália calabresa a dar o pontapé na Sicília e nós a navegar entre.


Mais duas horas ao sabor da ondulação e passamos mesmo ao lado do vulcão Stromboli, um cone perfeitinho a sair do mar e, do lado norte, o fumo permanente das erupções. A ilha e o vulcão, em 1949, foram cenário de filme “Stromboli terra di Dio”, com a Ingrid Bergman, realizado por Roberto Rossellini, então marido da diva sueca. [Foto nº 4]

Chegada a Civitavecchia, porto de Roma. Viagem de uma hora até à “cidade eterna”, por uma auto-estrada a ondular pelos campos do velho Lácio. Chego, saúdo Rómulo e Remo, e não esqueço a mãe loba, estou no coração da Roma dos santos papas, de Júlio César e Constantino, de gentes como Sofia Loren e Federico Fellini. Revisitar Roma, a basílica de São Pedro, a excelência perfeita da Pietá do Miguel Ângelo, logo à entrada, à direita, o esplendor na imensa nave da maior igreja do globo. [Foto nº 5]

Como das outras visitas, não vi o Papa, mas deambular ao acaso por Roma após uma volta ao mundo, após tanto mar e infindáveis terras, tudo criado pelo engenho de Deus e alguma loucura dos homens, concede-nos a excelência de sermos criaturas inventadas pelos deuses, de sermos os homens que ergueram maravilhas como São Pedro, o Museu do Vaticano, com bem menor dimensão, a nossa igreja de Santo António dos Portugueses.[Foto nº 6]

Roma é uma cidade que levo, há muitos anos, suspensa nas pregas do coração, onde regressarei, de certeza, logo no início de uma próxima reencarnação.

Amanhã o Costa conclui a jornada de volta ao mundo, segue de Civitavecchia para Savona, pedaços de mar Mediterrâneo que conhece de cór. Depois, um avião para Lisboa e regressaremos a casa, ao dulcíssimo lar. Foram três meses e oito dias de viagem por oceanos infindos, terras de todos os assombros e magias. Começo a ter saudades da ditosa pátria, do conforto da minha casa, de respirar Portugal.

Recordo palavras de Bernardo Soares, aliás Fernando Pessoa:

A vida é o que fazemos dela,
As viagens são os viajantes.
O que vemos não é o que vemos
Senão o que somos.

António Graça de Abreu

FIM

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