A apresentar mensagens correspondentes à consulta Atira-te ao Mar ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta Atira-te ao Mar ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

sábado, 3 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22340: Tabanca da Diáspora Lusófona (16): Eh, malta da Tabanca do Atira-te ao mar, quando é que é o próximo "círio" ao Santuário da Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche ? (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Lourinhã, 13 de dezembro de 2014. Comércio tradicional, animação de rua, promovida pela junta de freguesia local. Grupo de Gaiteiros da Freiria, Torres Vedras

Vídeo (1' 45''),alojado em You Tube / Luís Graça



1. Primeira parte de mensagem do João Crisóstomo, enviada no dia 1 do corrente:
 
Date: quinta, 1/07/2021 à(s) 12:10
Subject: "Atira-te ao mar" e aparece...
 
Meu  caríssimo mano, Luís Graça, meu  comandante, camarada,…

 "Atira-te ao mar" ou "pega o avião"… "E vai onde a gana te chama"…

Isto aplica-se da mesma maneira aos que estão aqui e esperam melhores ventos para ir a Portugal como aos que estão por aí e vêm há anos a adiar viagens aos USA e a outros  destinos...

Isto vem a propósito dos três "posts" sobre o Círio  ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal. (*)

Não conheço esse Santuário  mas este lugar que,  graças ao blogue,  vim a descobrir agora, como sucede com tantas coisas maravilhas por esse país fora, fez-me avivar ainda mais a minha gana de ir até Portugal. Para  com o auxílio e talvez mesmo a companhia  de alguém que me possa informar  e elucidar sobre estas coisas,  visitar este e tantos tesouros escondidos que precisam de ser redescobertos.

 Hoje, como  quase todos os dias, levantei-me cedo e depois duma chávena de café fui ver os emails e visitar a "minha Tabanca Grande ",  já  que as de Enxalé e Porto Gole e Missirá   são memórias queridas , mas que apenas aparecem quando algum camarada as chama nos seus posts de recordações.

Desta vez deparei-me com estes posts sobre o "Círio ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal", este lugar lindo que ainda não conheço, mas que vai ser das primeiras coisas a visitar quando voltar a Portugal. 

Aqueles azulejos fizeram-me abrir a boca de espanto, aquelas salas cheias de recordações e mensagens de fé de camaradas nossos emocionaram-me. E no meio deste deambular entre os posts apareceu um outro post do Beja Santos sobre a "Sociedade de Geografia de Lisboa" (**) que me fez parar também. 

Depois fui deparar com os meus queridos camaradas "quase em pessoa", tão vívidas são as imagens e momentos aí lembrados: As fotos da "Eugénia, Luís Graça, Jaime Silva. Alice Carneiro, Conceição Ferreira (viúva do Eduardo Jorge Ferreira, 1952-2019), Joaquim Pinto Carvalho, Esmeralda Costa e Maria do Céu Pinteus…" a mostrarem a alegria e satisfação do momento…

"O régulo, Joaquim Pinto de Carvalho, 62 anos depois, sentado no chão a guardar o tacho" ... que até parece pela sua postura e das suas mãos estar a chamar-me a mim e à Vilma:"cheguem-se , cheguem-se que há para todos!"
… 

A São ( a Conceição Ferreira, viúva do nosso saudoso Eduardo) e o Jaime Silva, a "fazerem negaças" para nos juntarmos ao próximo Círio à Senhora dos Remédios em Peniche.

Se este Círio no Carvalhal me era desconhecido,  o mesmo não sucede com o de Peniche que tenho visitado muitas vezes. Quando era miúdo,  meu pai falava muito dele e das "peregrinações a pé"  das gentes da Bombardeira,  dos Casais  do Cano, da  Póvoa de Penafirme, Casais  das Paradas, Sobreiro Curvo, A-dos-Cunhados e  outras terras vizinhas que  aí peregrinavam  todos os anos. Da alegria da partida e do cansaço do regresso...

 Puxa vida, que posts assim  até me fazem  sofrer . Quando é que este malvado vírus desaparece? A olhar e ver estes posts até parece que a normalidade voltou, mas logo leio outras informações, avisos  e não sei quantas coisas mais que me fazem conter o meu entusiasmo. E a decidir ter paciência  e esperar .

(...) Instrui-me para não esquecer ( como se fosse preciso lembrar-me !) de te  enviar ti, à Alice e demais amigos de quem tantas saudades temos   um grande abraço. (**)

João e Vilma 

2. Resposta do editor LG:

João, eu também sou daqui, do Oeste como tu, e nunca tinha ao Santuário do Senhor do Carvalhal, a 25 km da minha terra... Mas tenho a nostalgia dos círios (nomeadamente,  do Seixal) que passavam e paravam na Lourinhã, em carros engalanados, e com o gaiteiro, o tocador de gaita de foles, à frente!...

Música encantatória, a da gaita de foles. Havia um na Atalaia, mas o mais famoso era do teu concelho, Torres Vedras, o Joaquim Roque... Mas a tradição não vai morrer... Há gente, malta nova, aqui no Oeste, a manter viva a gaita de fole(s), como por exemplo o Grupo de Gaiteiros da Freiria.

Quanto ao que me perguntas... A próxima caminhada até ao Santuário da Senhora dos Remédios, junto ao  Cabo Carvoeiro (c. 20 km desde a Lourinhã, ao longo da costa: Praia da Areia Branca, Paimogo, São Bernardino, Consolação, Peniche...) deve ser daqui a duas semanas... Eu, infelizmente, só poderei ir de carro, depois da sessão de fisioterapia que acabá às 12h20... Vou juntar à devoção, o prazer do convívio...  e de uma sardinhada no restaurante Toca do Texugo, mesmo ali ao lado... com as Berlengas à vista!

Mas ainda não recebi convocatória do régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Joaquim Pinto Carvalho, e/ou do seu adjunto, Jaime Silva.  Haveremos de matar saudades, quando tu e a Vilma puderem cá voltar. Oxalá/Enxalé/Inshallah  seja em breve. Saúde e chicorações fraternos... E muito cuidado com a 4ª vaga da maldita Covid-19. Luís
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22331: Tabanca do Atira-te ao Mar (5): O "círio" ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal - Parte III: Os painéis de azulejos com os nomes dos círios

(**) Último poste da série > 1 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22333: Tabanca da Diáspora Lusófona (15): Convite do João Crisóstomo e da Vilma Kracun, aos seus vizinhos de rua, para se juntarem em convívio pós-Covid... no 14 de Julho, dia nacional da França... Um exemplo muito bonito de boa vizinhança e multiculturalismo!

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22410: Tabanca do Atira-te Ao Mar (8): "Círio" à Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche, 13/7/2021 - Parte III: Quando o Menino Jesus, ao oitavo dia, foi levado ao templo para a festa da Circuncisão (ou "fanado", como se dizia em crioulo, no nosso tempo, no CTIG)


 

Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Circuncisão do Menino Jesus"... Na cartela pode ler-se: "Vocatum est nomem eius Iesus" ("Então era esse o nome de Jesus").

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem, com data de 18 do corrente, enviada pelo régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Joaquim Pinto Carvalho, a quem pedimos ajuda para identificar uma cena da vida da Virgem Maria, retratada nos painéis de azulejos da capela da Senhora dos Remédios, em Peniche (*)
 
 
Obrigado pela partilha!

Já regressámos do calor alentejano sem ver bácoro (exilaram para terras mais frescas, mas prometeram voltar!).

Agora na Artvilla [, no Cadaval,] já te posso responder e aproveito para dar uma dica sobre o retábulo de azulejo duvidoso.

Quer pela composição da cena quer pelo texto da legenda, tudo indica que se trate da "circuncisão" (também designada por festividade do "santo nome de Jesus" – sempre fica mais sagrado do que falar dessas coisas de pilinha!).

A frase é retirada do Evangelho de Lucas, 2:21 que assim reza, em tradução livre:

"E, cumpridos os oito dias para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido."

Pronto, já fiz a minha "oração" dominical!

Hoje vamos dormir ao mar 
[, Porto das Barcas, Lourinhã, sede da Tabanca do Atira-te ao Mar]. Se der para um pôr do sol no "Atira-te…", logo nos comunicaremos!

Até breve
Pinto Carvalho



Baião > Ancede > Mosteiro de Santo André de Ancede > Mosteiro, masculino, cuja origem remonta aos primórdios da nacionalidade,,, Vale a pena uma visita,,, Está em restauro, com projeto de Siza Vieira... São quase mil anos de história que nos contemplam e nos confrontam ...  Tem também uma capela, octognal, do séc. XVIII, chamada do "bom despacho" que merece uma visita especialmemte guiada...  Foi lá encontrámos outras  peças da arte barroca popular, sob a forma de cenas de teatro, relativas aos mistériso da vida de Cristo, esta delícia: a cena da circuncisão do menino Jesus...  Repare-se na figura do "cirurgião" (, em hebraico, o "mohel"), de "bisturi" na mão, e óculos (!).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Joaquim, é mais que óbvio, mas de início não me ocorreu, não me dei o trabalho sequer de ampliar a imagem, como costumo fazer. Há muito que não leio o Evangelho, e muito menos o de Lucas que, curiosamente, era um "asclepíades", médico grego, que será depois companheiro de Paulo, ou seja, um dos primeiros discípulos dos Apóstolos de Jesus Cristo..

Como bom judeu, ou filho de Judeus, também Jesus, sendo do género masculino,  foi submetido, oito dias depois de nascer,  ao "Brit milah", o ritual judaico que quer dizer, em hebraico, a  "aliança da circuncisão" (, inposta por Deus aos filhos de Abraão...).  E foi nesse dia que lhe foi dado o nome de Jesus. 

A "circuncisão" (do latim circumcisio, -onis, do verbo circumcidere), uma micro-operação cirúrgica que consiste na excisão do prepúcio)... 

A "circuncisão de  Jesus" começou a ser mais representada na arte cristã a partir do séc. XV, se bem que  o tema, logo nos primórdios do cristianismo, se tenha tornado polémico.  Os seguidores de Cristo abandonaram a prática do "Brit milah" judeu...

A circuncisão masculina, tanto entre muçulmanos como animistas, era prática corrente no nosso tempo, na Guiné.  Era a festa do "fanado". Temos vinte e tal referências a este descritor. E mais de trinta à "Mutilação Genital Feminina", prática hoje criminalizada pelo Direito Penal da Guiné-Bissau...

Calcula-se que um em cada três homens em todo o mundo é  "fanado", por razões religiosas, culturais ou profiláticas:  em Israel, na diáspora judia, na maior parte dos países muçulmanos, mas também nos Estados Unidos, etc. 

Os soldados da tua CCAÇ 6 (Bedanda) e os meus da CCAÇ 12 (Bambadinca)  eram "fanados". 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Guiné 61/74 - P21994: Manuscrito(s) (Luis Graça) (200): "A minha esperança mora / No vento e nas sereias / É o azul fantástico da aurora / E o lírio das areias" (Sophia)


Foto nº 1 > Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-Te Ao Mar > 6 de março de 2021 > O lírio-das-areias

 
Foto nº 2 > Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-Te Ao Mar >  6 de março de 2021 > 
 
Foto nº 3 > Lourinhã > Porto das Barcas > Tabanca do Atira-Te Ao Mar >  O lírio-das-areias em flor
 

Foto nº 4 > Lourinhã > Praia da Areia Branca  > Dunas >  11 de março de 2021 > 


 Foto nº 5 > Lourinhã > Praia da Areia Branca  > Dunas >  11 de março de 2021 >
 

Foto nº 6 > Lourinhã > Praia da Areia Branca  > Dunas >  11 de março de 2021 > O lírio-das-
areias cercado pelo chorão-das-praias (Carpobrotus edulis), 

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Que planta é esta, que cresce à beira-mar ?  Tem muitos nomes populares: lírio-das-areias, narciso-das-areias, lírio-das-praias, lírio-das-dunas, pancrácio marítimo... Nome científico Pancratium Maritimum...

É uma planta autóctone de Portugal continental ( , não existe por exemplo na Madeira), vive nas dunas e areais costeiros, geralmente na duna primária e nos vales entredunares, ao longo de toda a nossa costa, do Minho ao Algarve...

Cantada por poetas como Sophia de Mello Breyner Andresen: "A minha esperança mora / No vento e nas sereias / É o azul fantástico da aurora / E o lírio das areias." (in: Dia do Mar). 

2. Diz a Wikipedia

(i) Descrição:

(...) É uma espécie herbácea, as folhas erguidas sobressaem do solo formando um denso ramalhete; têm entre 5 e 20 mm de largura e são de cor verde azuladas. Têm um bolbo largo, esbranquiçado, com várias capas membranosas. A ingestão provoca uma grade toxicidade, visto conter heterósidos cardiotónicos. As raízes estão situadas a uma profundidade de até 0,8 m abaixo da superfície.

As flores são pediceladas, grandes, de cor branca, com semelhança aos narcisos, muito aromáticas e com um tamanho de até 15 cm de comprimento. A for apresenta 6 tépalas lanceaoladas abertas na periferia e com uma nervura esverdeada dorsal que nasce na base da umbela. A corola com forma de trompete, também branca, contém 12 dentes de forma triangular. Os 6 estames são de cor esbranquiçada, com anteras de cor amarela em forma de rim.

O ovário é trilocular e sobressai sobre o cálice. O fruto é uma cápsula grande e ovóide, em cujo interior se encontram as sementes, negras e de forma triangular, com picos. (...)

(ii) Etimologia:

Pancrácio provem do grego παν (pan, "tudo") e κρατυς (cratys, "potente") em alusão a supostas virtudes medicinais da planta. Maritimum vem do latim "mar", devido ao seu habitat costeiro.

3. Floração:

Já quanto à floração, há divergências nos registos: estas  imagens (Fotos nºs 1, 2 e 3) que fizemos, no Porto das Barcas, na "saída de emergência" da nossa "secreta" Tabanca do Atíra-Te ao Mar (, de que é régulo o nosso camarada Joaquim Pinto Carvalho),  têm a data de 6 de março de 2021... Estes lírios-das-areias aparecem no alto na arriba do Porto das Barcas e já estão a florir... 

Nas dunas da Praia da Areia Branca / Praia do Areal, costumamos vê-las florir mais tarde, a partir de fins de maio e princípios de junho... 

As dunas são ecossistemas muito sensíveis e correm o risco de desaparecer...  Infelizmente este passeio pedonal, ligando a foz do rio Grande à praia do Areal,  está muito degradado... É uma pena!... Mas quando for recuperado,  por favor, senhores autarcas, mandem arrancar os chorões que esmagam as nossas lindas plantas autóctones dunares!... Ofereço um dia ou meio-dia de trabalho voluntário, conforme o estado de saúde das minhas pernas,  para ajudar a arrancar os malditos chorões!

O chorão-das-praias é espécie invasora, proveniente da África do Sul, e como tal está listada no Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho.(Assegura a execução, na ordem jurídica nacional, do Regulamento (UE) n.º 1143/2014, estabelecendo o regime jurídico aplicável ao controlo, à detenção, à introdução na natureza e ao repovoamento de espécies exóticas da flora e da fauna.)
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de fevereiro de  2021 > Guiné 61/74 - P21918: Manuscrito(s) (Luís Graça) (199): Elegia para Isabel Mateus (Soure, 1950 - Lourinhã, 2021)

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21037: Manuscrito(s) (Luís Graça) (184): a magia do pôr do sol no Mar do Cerro, Porto das Barcas, Lourinhã, na casa "Atira-te ao Mar!", dos "Duques do Cadaval"










Lourinhã > Porto das Barcas > 2 de junho de 2020 > Casa do meu amigo, camarada e grã-tabanqueiro Joaquim António Pinto Carvalho, onde ele mais a sua Céu(zinha)  têm passado o "confinamento"... O casal, que habitualmente vive em Carnaxide, e tem um turismo no Cadaval, nunca passou tanto tempo nesta casa de férias como agora...

De vez em quando eu e a Alice damos lá um salto, para beber um copo ou ver o pôr do sol e dar dois dedos de conversa...Os "Duques do Cadaval" (, como eu lhes chamo com ternura,) são excelentes na arte de bem receber... Enfim, também gostamos de os receber na nossa casa e partilhar com eles os petiscos da "Chef" Alice Carneiro. E pertencemos os quatro à Tabanca do Porto Dinheiro / Lourinhã... que continua triste depois da morte do nosso querido régulo Eduardo Jorge Ferreira.

E hoje (, ontem, dia 2...) até fomos juntos comer um choco frito  e uns caracóis no "100 Pratus" (, passe a publicidade,) na Praia da Areia Branca... Andamos a praticar a ciência & a arte do desconfinamento progressivo... Foi quando soubémos que o Pinto Carvalho tinha feito anos, no passado sábado, dia 30... (Toma boa nota,  Carlos Vinhal, que para o ano ele gostava de ver o boneco dele no blogue...).

Ainda a tempo, vai aqui, sob a forma destas fotos tiradas na sua casa do "Atira-te ao Mar!", a nossa manifestação (tranquila) de regozijo... Que a sua "picada" da vida seja longa (pelo menos, até ao km 100), e sem minas nem armadilhas (, que é o mais difícil para os SEXAS... como nós; aliás, SEXA é a Céu; SEPTUAS, somos nós, o Joaquim, eu e a Alice).

Parabéns, Joaquim, chicorações, ainda meio confinados da malta da Tabanca Grande que te conhece e estima.


Lourinhã > Porto das Barcas > 3 de junho de 2020 > 16h00 > Casa dos "Duques do Cadaval"

Foi bonito ver e ouvir (os motores de) as traineiras de Peniche (ontem contei 10,  a pescar sardinha, no nosso mar do Cerro, (aqui em frnte da nossa costa...que é um grande viveiro de sardinha... não sei por que é, bairrismos à parte,   lhe chamam sardinha de Peniche)... Hoje voltei lá para o  café o digestivo, e "partir mantenhas" a outro camarada da Guiné, o João Rebelo (, é cliente da Tabanca da Linha mas ainda não se fez grã-tabanqueiro por falta de pachorra...). À tarde, frente ao "miradouro envidraçado" do "Atira-te ao Mar!", havia já meia dúzia de traneiras... Dizem que ainda é pequenina e magricela...Mss até aos Santos vai engordar... Mais improtante: os nossos pescadores aindam felizes por poderem voltar à sardinha, cuja pesca estava proibida desde outubro passado... Oxalá a Dona Covide os deixe trabalhar...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 28 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21017: Manuscrito(s) (Luís Graça) (183): Paimogo, poema para dizer em voz alta à janela ou à varanda, uma boa terapia contra os "irãs maus" que infestam agora os poilões das nossas tabancas, em tempos de COVID-19

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22373: Tabanca do Atira-te Ao Mar (7): "Círio" à Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche, 13/7/2021 - Parte I: "Pagadores de promessas"

Foto nº 1 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Adro > 13 de julho de 2021 > O grupo de "romeiros" fotografaddos no adro, tendo ao fundo a achada principal da igreja: da esquerda para a direita (...e para "memória futura"), o Joaquim Pinto Carvalho (Porto das Barcas, Lourinhã) o António Pinto da Fonseca (Estrada, Peniche),o Joaquim Jorge (Ferrel, Peniche), a Esmeralda Silva Costa (irmã do Jaime) e o marido, Francisco Costa (Lourinhã), a Lurdinhas (a prima do Jaime e da Esmeralda) (Seixal, Lourinhã), a Alice Carneiro (Lourinhã), o Jaime Silva (Seixal, Lourinhã) e o José Carvalho (Roliça, Bombarral). O fotógrafo foi o nosso editor, Luís Graça.



Foto nº 2 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Adro > 13 de julho de 2021 > Os "quatro magníficos", os "romeiros" que vieram a pé desde a Praia da Areia Branca e chegaram à meta: da esquerda para a direita, Maria do Céu Pinteus, Joaquim Pinto Carvalho, Jaime Silva e Esmeralda Silva Costa.



Foto nº 3 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Adro > 13 de julho de 2021 > Painel de azulejos afixado na parede do lado sul, com listagem, por ordem alfabética, dos círios que aqui vêm (ou vinham) tradicionalmente.  O painel foi oferta da Misericórdia de Óbidos e remonta a 2008. Oito das povoações que realizam (ou realizavam) círios, num total de 33, são da Lourinhã (Atalaia, Areia Branca, Miragaia, Moledo, Reguengo Grande, Reguengo Pequeno, Toledo e Vimeiro)... Só um é da terra (Peniche), o que vem dar razão ao provérbio popular, "Santos da casa, não fazem milagres"...



Foto nº 4 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Terreiro >  13 de julho de 2021 >  Jaime Silva, um "pagador de promessas"...


Foto nº 5 > Peniche > Restaurante "Toca do Texugo" >  13 de julho de 2021 >   O José Carvalho, um "barão do K3", que veio expressamente do Bombarral, para se juntar, na parte final,  aos "caminheiros" da Tabanca do Atira-te ao Mar... Viu, a tempo, a notícia no nosso blogue (*)...  Aqui à conversa com o régulo Joaquim Pinto Carvalho, seu vizinho do Cadaval... Contemporâneos na Guiné , descobriram agora que andaram no mesmo colégio, pelo menos um ano...



Foto nº 6 > Peniche > Santuário de Nossa Sra dos Remédios > Terreiro >  13 de julho de 2021 > Sala de oferendas, onde se acendem velas à Virgem e se depositam ex-votos.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Os tabanqueiros da Tabanca do Atira-te ao Mar andam agora... "numa" de peregrinações, romarias, romagens, círios, caminhadas a pé até a um lugar de culto sacro-profano... desde que seja num raio de 20/30 km... 

Uns movidos pela fé, outros para pagar promessas antigas, outros ainda pela nostalgia da infância, e a maior parte... pela simples vontade de (con)viver!... Bolas, três anos de tropa e guerra e, agora, ano e meio de pandemia, não há cristão que aguente!... É caso para erguer as mãos aos céus e perguntar: "Que mal fiz eu a Deus ?!... Se foi o pecado original, bolas, já está mais que pago pago ao fim de tantas e tantas gerações!"...

Há dias foi o "círio" ao Senhor Jesus do Carvalhal (c. 26 km / cinco horas, da Lourinhã ao Carvalhal, no concelho vizinho de Bombarral). Anteontem, 13,  foi a "romaria" à Sra. dos Remédios, em Peniche, a caminho do Cabo Carvoeiro (c.18 km / 4 horas, pela orla costeira, partindo da Praia da Areia Branca, e seguindo por Paimogo, São Bernardino, Consolação. Peniche, Remédios).

A organização foi da parelha Joaquim Pinto de Carvalho / Jaime Silva, dois "antigos combatentes", o primeiro na Guiné (alf mil at inf, CCAÇ 3398, e CCAÇ 6, Bula e Bedanda, 1971/73) e o segundo em Angola (alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72), e ambos membros da nossa Tabanca Grande.

O Jaime contou-nos, em grupo, que foi pagar uma promessa, atrasada, de meio século. E ele não me levará a mal que eu partilhe aqui esse "pequeno segredo"...com a Tabanca Grande.

Quando ele regressou de Angola, "são e salvo", depois de uma dura comissão, sobretudo no Leste, que lhe deu direito a uma cruz de guerra, a mãe, naturalmente aliviada mas emocionada, confessou-lhe:
– Agora, meu filho, temos que ir a pé à Senhora dos Remédios, pagar a promessa...
– Ó senhora minha mãe, temos que ir ?!...Que história é essa ?... Eu não fiz nenhuma promessa!... E muito menos a de ir a pé à Senhora dos Remédios!
– Ó filho, fui eu que pensei por ti!...
– Então, vá a mãe, que eu estou cansado de andar a pé pelas chanas do leste de Angola...

Fez-se silêncio, criou-se um impasse... Mas a mana mais nova, a Esmeralda, que estava a assistir à conversa, veio salvar a honra da família:
– Ó mano, se não te importas, eu vou por ti!...

E foi, com a mãe, a pé, do Seixal da Lourinhã até aos Remédios, em Peniche,  pagar a promessa à santa, que era devida pelo facto de o Jaime ter regressado "são e salvo"... Enfim, uma "história bonita"...

Quase cinquenta anos depois, em homenagem ao gesto solidário da irmã mas também à grandeza de alma e coração da mãe (já falecida), o nosso camarada Jaime Silva planeou este "círio" (sem vela...). E liderou o grupo dos 4 magníficos que, partindo às 7h30  da Praia da Lourinhã, e seguindo pela costa, chegaram, frescos e felizes, à meta, por volta das 12h30, com uma "paragem técnica", pelo caminho... para "verter águas" e beber um café... (Fotos nº 1 e 2).


2. Os "círios" e os "pagadores de promessas"

Nos anos 60/70 do século passado, os nossos santuários (a começar, "naturalmente", pelo de Fátima) eram locais, muito concorridos, por peregrinos, muitos deles "pagadores de promessas", como os militares, regressados do Ultramar, e/ou suas famílias... (Isso está devidamente documentado nas reportagens da RTP antes e depois do 25 de Abril: Soldados em peregrinação a Fátima (11 de julho de 1965); Peregrinação a Fátima ( 13 de agosto de 1969); Silva Cunha recebe peregrinos da Guiné (22 de maio de 1972);  Assistência aos Peregrinos em Fátima (17 de novembro de 1975)...

"Manifestações de fé" do povo português, escreviam em títulos de caixa alta os jornais da época (, mais apolegéticos do que críticos, e sobretudo rigorosamente vigiados pelos "senhores coronéis da comissão de censura"), sobre as peregrinações a Fátima (Nossa Senhora do Rosário), que ocorriam ao dia 13 de cada mês, entre maio e outubro.

Fátima era então (e continua a ser) o mais "mediático" e "popular" santuário mariano do país. Mas havia (e há)  outros, inúmeros, alguns não  menos conhecidos do que Fátima, de Norte a Sul do país: São Bento da Porta Aberta (Terras de Bouro), Sameiro (Braga), Bom Jesus do Monte (Braga), Nossa Senhora dos Remédios (Lamego), Nossa Senhora da Abadia (Amares), Penha (Guimarães), etc.  todos no Norte, curiosamente...

Outros há, espalhados pelo país, que também eram (e continuam a ser) procurados pelos fiéis, embora a uma escala mais reduzida, local e regional... É o caso, por exemplo, do Senhor Jesus do Carvalhal (Bombarral) e da Senhora dos Remédios (Peniche) ou ainda o da Nossa Senhora da Misericórdia (Misericórdia, Moita dos Ferreiros, Lourinhã)...

O êxodo rural, a emigração (interna e externa), a guerra do ultramar / guerra colonial, a industrialização e urbanização do país, a par do aumento da escolaridade, tiveram reflexos na mudança de "usos e costumes", incluindo as normas e as práticas da religiosidade dos portugueses...

Com a emigração e a guerra do ultramar / guerra colonial, muitas terras ficaram  sem homens adultos... E a incerteza dos tempos terá ajudado a retomar e/ou a fomentar práticas mais tradicionais de religiosidadee como as "peregrinações" e o "pagamento de promessas"... Ia-se a Fátima ou à Senhora dos Remédios (tanto em Lamego como em Peniche) "pedir graças" e "pagar promessas", que a religi~so dos portugueses também era a do "deve e haver": dás-me isto (o "milagre" da cura ou do regresso de um filho da guerra, "são e salco") e eu pago-te (em orações, penitências, ex-votos, dinheiro, géneros...).

Numa época em que a mobilidade ainda era reduzida, e o poder de comnpra reduzido,  e ir a Fátima ficava longe e era caro, ia-se de preferência aos santuários da região, a pé, ou de carroça (só depois de motocultivador, tractor e carro...).

Em todo o lado, este culto é sacro-profano, realizando-se de preferência no verão, findo o essencial dos trabalhos agrícolas... Não é só uma "manifestação de fé", tem sempre uma componete lúdica e festiva. As romarias no Norte metem sempre muito fogo de artifício, música, comes & bebes...

Mas voltemos ao início da nossa conversa... ou ao ponto em que estávamos...

(Continua)
___________

Nota do editor:

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21252: Fotos à procura de... uma legenda (129): resta-nos, ao menos, a esperança de que amanhã é outro dia... (Luís Graça)





Lourinhã > Praia da Areia Branca, 13 de agosto de 2020 > O pôr do sol, com uma traineira da pesca de sardinhas a recolher ao porto de Peniche...


Lourinhã > Porto das Barcas > 7 de agosto de 202o > O sol por um fio... Visto da casa "Atira-te ao Mara". da Maria do Céu e do Joaquim Pinto Carvalho, "duques do Cadaval"


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Dizem que o mar é monótono. Tirando as tempestades, as marés vivas, as trovoadas, os naufrágios, as batalhas navais... Alô, Berlengas, Cabo Carvoeiro, Peniche, Paimogo, Montoito, Peralta, Atalaia, Porto das Barcas, Ribamar, Porto Dinheiro, Valmitão, Santa Cruz!... Corsários à vista!...

No verão do nosso deconfinamento, cumprimentamo-nos de cotovelo. Num de repente, as mãos impuras. Os rostos tapados. Passam, golfinhos ao largo. Sem sequer me dizerem adeus.

Há quem preferia a pata do dromedário. Ou o pé dos angulados. Eu aguardo pela osteotomia da tíbia. Mas nada resterá dos meus ossos se for incinerado a 900 graus centígrados. Que é a temperatura do fogo do inferno. Há quem prefira ser inumado. Com sorte ainda se salvará uma tíbia. Petrificada. 

Como os dinossauros da Lourinhã, que viveram no tempo em que se ia a pé, daqui a Nova Iorque. Alõ, João Crisóstomo, trago-te sardinhas do Mar do Cerro, do nosso mar. Alô, José Belo, anda daí beber um daiquiri, deixa lá as tuas renas ao cuidado do Estado Providência.  Alô, Jorge Araújo e Maria João, está na hora do chá, que Deus é Grande e o Mar Ainda é Maior.

Tiveram sorte, os dinossauros. A Lourinhã oferecia condições excecionais de fossilização. (Não sei se ainda oferece,  ou é publicidade enganosa ? Mudei de residência a pensar na minha fossilização futura.) Algumas espécies das centenas que existiram, chegaram até nós para contar a história, ou parte dela, deste planeto que eu amo. Uma omoplata, uma tíbia, uma pata.

Bom dia, João, bom dia, Joana, bom dia, Jorge, bom dia José, bom dia Cherno, bom dia Maria, bom dia Tony  & Isabel.  Bom dia, Lisboa, bom dia, Nova Iorque, bom dia Bissau, bom dia, Abu Dhabi, bom dia Macau, bom dia Key West, bom dia, Ponta de Sagres.  Bom dia amigos/as e camaradas. Nunca se sabe o tempo que fará amanhã. Mas resta-nos a esperança de que amanhã será outro dia...

Mas, tu, por que não te calas ? É insuportável o silêncio para a maior parte de nós. Perdemos a arte da meditação e contemplatação. Está tudo nas esplanadas a tirar chapas ao pôr do sol. E a comer choco frito. Ou batatas fritas. 

É como um orgasmo. Os dez minutos de felicidade passam depressa. Como o pôr do sol. Ruidosos, com o mundo todo à sua frente, os adolescentes não têm tempo para "curtir" o pôr do sol. Onde vamos logo à noite ? 

Acho que o mundo devia parar todos os dias para saudar o sol que se despede de nós. Dez minutos de puro silêncio faziam-te bem. De incomunicação total. Os telemóveis e as redes sociais em "black out" total...  Como se fossem os últimos dez minutos que te restassem para respirar. À superfície da terra. 

Luís Graça

PS - Gosto de ver o pôr do sol, daqui, da esplanada do Vigia, na Praia da Areia Branca, ou do "Atira-te ao Mar", a casa dos  "Duques do Cadaval", no Porto das Barcas... Gosto dos amigos que me dizem simplesmente: anda daí ver o pôr do sol, tenho um espumante geladinho no frigorífico.  Não se pode pedir mais aos amigos, neste mês de agosto do nosso desconfinamento,.

______________


quarta-feira, 2 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22248: (In)citações (185): A escrita da vida, poema breve (Joaquim Pinto de Carvalho, régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Lourinhã / Cadaval)


Cinfães > 22 de maio de 2021 > Joaquim Pinto de Carvalho e Maria do Céu Pienteus (Tabanca do Atira-te ao Mar, Lourinhã / Cadaval), no parque de Lazer de Pias, junto ao rio Bestança,afluente do rio Douro, que nasce a mais de 1200 metros de altitude, na serra de Montemuro, e desagua em Porto Antigo, 13,5 km e meio depois. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Joaquim Pinto Carvalho, Cadaval, 30 de maio de 2021, em dia de aniversário (*) 

 [Natural do Cadaval, vive na Lourinhã, foi alf mil, CCAÇ 3398, Buba, e CCAÇ 6, Bedanda, 1971/73. Tem mais de 4 dezenas de referências no blogue] (**).
_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de :

30 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22238: Manuscrito(s) (Luís Graça) (202): Parabéns, régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Joaquim Pinto Carvalho, muita saúde e longa vida porque tu mereces tudo!

terça-feira, 13 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22368: Tabanca do Atira-te ao Mar (6): Já os romeiros partem, às 7h30, da Praia da Areia Branca a caminho da Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche. Almoço (sardinhada), na "Toca do Texugo", por volta das 13h00 (aberto a quem quiser lá aparecer, não há inscrições nem reservas)...


Peniche > Santuário de Nossa Senhora dos Remédios > Fachada lateral direita (muro do adro). Cortesia de Património Cultural  (República Portuguesa, Direção Geral do Património Cultural)


1. A organização é da dupla Joaquim Pinto Carvalho - Jaime Silva, da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo), tabanca da nossa Tabanca Grande, aquartelada no Porto das Barcas, Lourinhã,  que já está toda vacinada contra a maldita Covid-19, e que agora anda a celebrar a vida, a amizade e a camaradagem, sempre que pode ou sempre que haja um pretexto. Porque, amigos e camaradas da Guiné,  a morte é certa e a fé, e sobretudo as forças, vão vacilando...

Depois do Senhor Jesus do Carvalhal (Bombarra) (*), os romeiros vão hoje à Senhora dos Remédios, não em Lamego, mas aqui mais perto, Largo dos Remédios, Peniche, a caminho do Cabo Carvoeiro. 

São cerca de 18 quilómetros, ao longo da costa (via Praia de Paimogo, Praia das Pombas, Geraldes, Praia da Consolação, Peniche...). Nada que  qualquer bom cristão não faça, em cerca de 4 horas...

Haverá carros de apoio para o regresso (à Praia da Areia Branca). A ideia é ir almoçar ao restaurante "Toca do Texugo" (ali nas imediações), por volta das 13h00, e depois visitar à tarde a capela da Senhora dos Remédios (que está aberta das 10h00 às 17h30, todos os dias, exceto às sextas-feiras). 

É um programa aberto a todos os tabanqueiros da Tabanca Grande...No restaurante, há excelentes grelhados (a carvão)  de peixe fresco, a começar pela nossa bela sardinha do Mar do Cerro...

Às 7h30 partem hoje, da Praia da Areia Branca, os caminheiros. Um pequeno grupo. Outros, como eu, irão lá ter de carro, ( Local de encontri: o restaurante "Toca do Texugo", aberto, das 12h00 às 15h00). No meu caso, idepois da sessão de fisioterapia que acaba às 12h20. (LG)

2. Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, também denominada «Ermida de Nossa Senhora dos Remédios» ou «Santuário da Senhora dos Remédios» > Nota Histórico-Artistica


(...) "Situada junto à costa, a ermida de Nossa Senhora dos Remédios é um santuário de romaria implantado num nível mais baixo em relação aos edifícios que o circundam, antecedido por um átrio e por um amplo adro murado.

Não se sabe, ao certo, em que época foi edificado, muito embora a estrutura actual deva remontar ao século XVII, com uma campanha decorativa da centúria seguinte. A tradição revela, no entanto, que a primitiva ermida corresponderia a uma capela talhada na rocha, e que hoje se encontra integrada na nave, do lado do Evangelho, sendo dedicada ao Senhor Morto (Calado, 1991, p. 272).

O muro que delimita o adro apresenta cunhais em cantaria e é aberto por um portal encimado por frontão de aletas, flanqueado por duas janelas. No mesmo eixo, mas na outra extremidade, um arco de volta perfeita, encimado por frontão semicircular, permite o acesso ao átrio que antecede a capela, num patamar inferior. A torre sineira, de planta hexagonal e cúpula bolbosa, encontra-se adossada num dos ângulos do adro.

Na capela, a nave única, coberta por abóbada de berço, articula-se com a capela-mor através de um arco de volta perfeita em cantaria. Do lado do Evangelho, a referida capela do Senhor Morto, talhada na rocha e abre-se para a nave por arco de pilastras com capitéis coríntios, em mármore.

As paredes da nave são totalmente revestidas por azulejos azuis e brancos, que representam episódios da vida da Virgem, sobre um rodapé com cartelas de emblemas marianos. Do lado do Evangelho encontramos o Nascimento da Virgem, Apresentação do Templo e o Casamento. Da parte da Epístola, a Anunciação foi interrompida pelo púlpito, que é, por isso mesmo, posterior aos azulejos, seguindo-se a e a Adoração dos pastores . Na abóbada, também azulejada, a Assunção da Virgem é o tema principal, envolto pela figuração das virtudes.

Na capela-mor, os azulejos de figura avulsa enquadram o Trânsito de Nossa Senhora. Assinados, na nave, por António de Oliveira Bernardes, estes azulejos constituem um importante testemunho da fortuna que este género de decoração alcançou no nosso país, e em particular em Peniche, onde pela mesma época (década de 1720), encontramos mais duas igrejas totalmente revestidas por painéis cerâmicos - Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Uma diferença, no entanto, isola a ermida dos Remédios neste contexto, e que é a ausência de talha dourada, aqui substituída por talha a imitar mármore, no retábulo-mor, denotando um certo afastamento dos modelos nacionais e reflectindo um gosto mais erudito e "joanino". (Rosário Carvalho)

Fonte: Património Cultural (com a devida vénia).

Vd. também Ficha em www.monumentos.gov.pt)

3. Em páginas eternas (Os Pescadores, 1923), o grande (mas injustamente esquecido) Raul Brandão (Porto, 1867 - Lisboa, 1930), escreveu o seguinte sobre este lugar, em agosto de 1919 (quando visitou as Berlengas):

(...) A Senhora dos Remédios és escavada na rocha subterrânea, junto a fragas enormes que mal  se sustentam de pé e que os vagalhões assaltam formidavelmente. Que voz lá no fundo, e que esplendor de luz nesta mole negra e cenográfica que se esboroa na extremidade, tomando o aspecto estranho de torres medievais, que ficam a cinquenta metros de profundidade e que repercutem ecos, ameaças, uivos e lamentos de desespero, súplicas dramáticas! É o Castelo do Diabo!... E no fundo do horizonte sempre aquelas três nuvens pousadas sobre o mar, chamando por mim. Atraem-me e fascinam-me" (...) (pág. 108).

Fonte: A vida e o sonho : inéditos, antologia e guia de leitura / Raul Brandão ; org. de Vasco Rosa. - 1ª ed. - Silveira : E-Primatur, 2017. - 619, [2] p. ; 25 cm. - ISBN 978-989-99715-3-0

4.   Círios ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios

(...) Este Santuário de âmbito regional, próximo do Cabo Carvoeiro, recebe círios de vários concelhos vizinhos tais como Mafra, Torres Vedras, Lourinhã, Peniche, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha e Nazaré, a par dos muitos peregrinos a título individual, contabilizando milhares de romeiros. O culto a Nossa Senhora dos Remédios verifica-se essencialmente de julho a novembro, mas tem especial incidência no mês de outubro (3º Domingo). Os círios ao Santuário terão a sua origem provavelmente do século XVII.

Embora com algumas alterações ao longo das décadas, são diversos os atos de culto praticados pelos romeiros dos quais destacamos, a par da cerimónia eucarística, da procissão em honra de Nossa Senhora dos Remédios e da oferta de círios, ou velas, para “pagar promessas”, as três voltas ao Santuário e as loas (hinos de louvor a Maria), cantadas pelos anjos (crianças) que acompanham os diversos círios.

Nos dias em que o Santuário recebe os romeiros, uma feira é montada, na qual, às tradicionais bancas de frutos secos, se juntam mais recentemente o vestuário e material variado. (,,,)

Fonte: Oeste, comunidade intermunicipal, com a devida vénia


5. A lenda da Sra. dos Remédios

(...) Conta esta lenda que, tendo os muçulmanos ocupado este território no séc. VIII, os cristãos aqui instalados receosos que a imagem da Virgem, muito venerada, fosse profanada pelos ditos infiéis, a procuraram esconder numa gruta junto ao actual Cabo Carvoeiro, tendo esta aí ficado guardada durante muitos anos.

Entretanto, durante o séc. XII, no reinado de D. Afonso Henriques, um criminoso, fugido à justiça, procurava refúgio nas cavidades rochosas da vertente ocidental da então ilha de Peniche, quando de forma providencial encontra numa pequena gruta a imagem da Virgem, que havia sido escondida quase quinhentos anos antes.

Maravilhado com a descoberta, não se atreveu porém de imediato a dela dar notícia aos habitantes locais, devido à sua situação de foragido.

Todavia não se conseguindo conter revela este segredo a um grupo de crianças, que brincavam junto aos rochedos vizinhos, e que surpreendidas correram para casa informando do magnífico achado. Em breve, toda a povoação se deslocou à dita gruta para admirar a imagem da Virgem.

Receando que naquele sítio a imagem estivesse sujeita a roubo ou profanação, trataram os habitantes de a levar para a então existente igreja de S. Vicente, em Peniche de Cima.

Porém, de todas as vezes que o tentaram a imagem misteriosamente desaparecia do seu altar, voltando a ser encontrada na mesma gruta onde havia sido descoberta.

Certos de que tal fenómeno correspondia à vontade da Santa, ergueram sobre a dita cavidade uma pequena capelinha, antecessora da actual Capela de Nossa Senhora dos Remédios, onde ainda hoje se conserva a sagrada imagem. (Texto adaptado de "Peniche na História e na Lenda", de Mariano Calado)

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22374: Tabanca do Atira-te Ao Mar (8): "Círio" à Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche, 13/7/2021 - Parte II: uma capela, que merece uma visita, totalmente revestida por painéis cerâmicos, a azul e branco, do séc. XVIII, representando cenas da Virgem Maria



Foto nº 1 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remedios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor:   "Nascimento da Virgem"  



Foto nº  2 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Apresentação da Virgem no Templo"



Foto nº 3 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Nave: painel de azulejos na parede fundeira (do lado do Evangelho) (i)



Foto nº 4 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Nave: painel de azulejos na parede fundeira (do lado do Evangelho) (ii)


Foto nº 5 >  Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 >  Painel de azulejos no lado da Epístola > Pormenor: "Adoração dos Pastores"


Foto nº  6 > Peniche > Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 >  Painel de azulejos no lado da Epístola > Pormenor: "Adoração dos Pastores" e  cartela com a inscrição, em latim, "C(h)ristum Canamus Principem Natum Maria Virginae": Cantemos a Cristo, nosso príncipe, nascido da Virgem Maria


Foto nº  7 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Apresentação do Menino no Templo"  ou será a  "Adoração dos Reis Magos" ? Ficamos na dúvida...
  > Na cartela pode ler-se: "Vocatum est nomem eius Iesus" ("Então era esse o nome de Jesus").



Foto nº 8 > Peniche >Largo dos Remédios > Santuário da Senhora dos Remédios > Fachada lateral direita (muro do adro), lado Norte, com o mar em frente. Está situada junto à costa o num nível mais baixo em relação aos edifícios que o circundam.



Foto nº 9 > Peniche >Largo dos Remédios > Santuário da Senhora dos Remédios > Entrada, virada para nascente.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  A capela da Senhora dos Remédios está classificada como imóvel de interesse público desde 1996. Confesso que já só tinha uma vaga ideia do seu interior, devo ter cá vindo  na segunda metade da década de 1970. E lembrava-me, não tanto dos fabulosos azulejos que revestem toda a nave da capela, como sobretudo da sala dos ex-votos, alguns deles ofertados por antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial, e que me causaram alguma impressão por serem moldes em cera de certas partes do corpo, com destaque para pernas e braços. Mas desta vez a sala de oferenas  e a tribuna não estavam acessíveis... (São revestidos, as paredes e o tecto, a azulejos polícromos seiscentistas, que não pude observar nem fotografar.)

Há sempre uma "lenda" por detrás destes locais de culto cristão, em geral mariano. No caso da Senhora dos Remédios, tudo remonta à ocupação da península ibérica pelos "inféis" (sic), vindos do Norte África, a partir de 711...

Segundo a lenda, os cristãos da região da Atouguia, atemorizados, teriam escondido uma imagem de Nossa Senhora, numa pequena gruta ou caverna junto ao mar, a norte do Cabo Carvoeiro, com as Berlengas ao fundo... "Milagrosamente", a imagem é encontrada no séc. XII, por um foragido...que calhou entrar na gruta... Nessa altura, Peniche era um ilha e a Atouguia da Baleia... um dos portos mais importantes do novo reino. (A "descoberta" da imagem da Virgem seria mais ou menos contemporânea da da Senhora da Nazaré, por volta de 1179, ou seja, 3 dezenas de anos depois da "reconquista" da região que é hoje o oeste estremenho. Diz a tradição a capela-mor terá sido construida na tal gruta onde terá "aparecido" a pequena imagem da Virgém com o Menino Jesus nos braços...e foi a partir deste local que se desenvolveu o santuário,)

O culto da Sra dos Remédios estará, pois, associado à "Reconquista Cristã"... Com o tempo tornou-se importante, à escala regional. E mantém-se até aos nossos dias, cm peregrinações anuais, os "círios", que vêm das redondezas (, desde Mafra à Nazaré, de Torres Vedras a Alcobaça, da Lourinhã a Óbidos), mas também até, imaginem!, da vizinha Espanha (Valladolid)...

 2. A capela, que chegou aos nossos dias,  é  de pequenas dimensões, e de estilo maneirista e barroco, e tem planta retangular, sendo  composta por: (i) capela-mor (onde se venera a imagem da Virgem com o Menino Jesus nos braços) e nave, abobadadas; (ii) com espaço de culto prolongado por um grande alpendre (que  estabelece a comunicação com a zona exterior e sala de oferendas );  e (iii) adro e pátio envolventes. (O extenso pátio ou terreiro fronteiriço é orlada das casas destinadas ao ermitão, aos mordomos e aos romeiros, incluindo as indispensáveis cocheiras ou  cavalariças; hoje é local de feira, em dias de romaria).

No adro, que é vedado, ergue-se, do lado poente, a fachada do santuário e a torre sineira,

A  criação do atual  santuário remonta ao séc. XVII (, embora a sua origem seja mais antiga). As paredes da nave são totalmente revestidas por azulejos azuis e brancos, setecentistas, que representam episódios da vida da Virgem, sobre um rodapé com cartelas de emblemas marianos. Esta exuberância de painéis cerâmicos significava que, na altura, o santuário era rico ou tinha benfeitores ricos.

Do lado do Evangelho, os painéis de azulejos representam cenas do Nascimento da Virgem (Foto nº 1), da Apresentação do Templo  (Foto nº 2) e o Casamento. 

Da parte da Epístola, a Anunciação foi interrompida pelo púlpito, sendo, por isso mesmo, posterior aos azulejos, e seguindo-se  a "Adoração dos Pastores"  (Foto nº 5). 
 
A cobertura da nave é também revestida a azulejos. A Assunção da Virgem é o tema principal,envolto pela figuração das virtudes. 

Lê-se no sítio Património Cultural:

(...) Assinados, na nave, por António de Oliveira Bernardes, estes azulejos constituem um importante testemunho da fortuna que este género de decoração alcançou no nosso país, e em particular em Peniche, onde pela mesma época (década de 1720), encontramos mais duas igrejas totalmente revestidas por painéis cerâmicos - Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Uma diferença, no entanto, isola a ermida dos Remédios neste contexto, e que é a ausência de talha dourada, aqui substituída por talha a imitar mármore, no retábulo-mor, denotando um certo afastamento dos modelos nacionais e reflectindo um gosto mais erudito e "joanino". (Rosário Carvalho) (..:)

Horário de culto e visitas: todos os dias, exceto à sexta-feira, das 10h00 às 17h30. O santuário pertence à freguesia da Ajuda, Peniche. Pároco: padre Diogo Correia.

Fico com vontade de, um dia destes, visitar as duas referidas igrejas, Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Confesso que sou fã da nossa azulejaria, uma arte única que nos veio dos árabes, e tem 500 anos de produção. "O azulejo português é uma das marcas que representa a cultura de Portugal", diz o National Geographic. E devemos ter orgulho nisso!