quarta-feira, 7 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2818: FLING, mito ou realidade ? (1) (Magalhães Ribeiro, Fur Mil Op Esp, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa)

F.L.I.N.G., Mito ou realidade?
1. Mensagem do nosso camarada E. J. Magalhães Ribeiro (1), do Porto:

Estive aqui a teclar o texto, que anexo ao presente mail, onde relato um episódio que faz parte da história da Guiné, sobre o qual, até hoje, nunca ouvi qualquer referência, e que penso seria interessante inserir no blogue. Veremos se aparece mais alguém a dizer algo sobre o mesmo assunto, o que eu gostava muito!

Eduardo José Magalhães RibeiroEx-Furriel Miliciano de Operações Especiais (RANGER)
da C.C.S. do Batalhão 4612/74
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Há alguns factos relativamente recentes da História de Portugal, que devem ser escritos quanto antes, sob pena de os seus protagonistas desaparecerem, mais dia menos dia, do mundo dos vivos e deixar que no futuro os interessados em conhecer alguns detalhes e histórias perdidos, ou menos conhecidos, sejam objecto das mais fantasiosas e distorcidas especulações.

Com a "revolução" de 25 de Abril de 1974, foi decidido, pelos revoltosos e a politicalhada de então, acabar com as guerras que decorriam em África, nas ex-Colónias portuguesas da Guiné, Moçambique e Angola.

No tocante à Guiné, com a pressa de "despachar" o poder governativo ao povo, a qualquer custo, terminando assim drástica, incompetente e irresponsavelmente, com todo o poder soberânico português naquele território, foi decidido fazer esta "entrega" oficial desse mesmo poder, em Setembro de 1974, ao P.A.I.G.C. (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).

Quem falava na guerra da Guiné sempre a aliou ao P.A.I.G.C., sem dúvida o movimento de libertação mais activo, quer no campo político, quer na sua bem conhecida componente militar.

No entanto, embora pouco falado, outro movimento de carácter basicamente político (de que desconheço tenha executado qualquer acção armada), com a sigla F.L.I.N.G. (Frente de Libertação para a Independência Nacional da Guiné), vinha ganhando nos anos 70 alguns adeptos (penso que nunca estimados em número), entre os habitantes que pululavam nos meandros da cidade de Bissau.

Porquê então entregar o poder apenas aos guerrilheiros do P.A.I.G.C.? Será que a F.L.I.N.G., pelo menos na prática, nunca existiu?

O último batalhão de tropas que cumpriu comissão na Guiné e que teve como primeiro destino substituir o BCaç 4612 (que perfazia em Agosto de 1974, 22 meses de sacrificada e exaustiva comissão em Mansoa, a cerca de 50 km de Bissau), e como missão final assegurar a evacuação integral do dispositivo militar, foi o 4612, onde eu fui Furriel Miliciano de Operações Especiais.


Quis a sorte, ou o azar, como queiram chamar-lhe, que no dia 9 de Setembro de 1974 fosse eu o sargento eleito pelas minhas hierarquias para ser o responsável pelo acto de arriar a última bandeira nacional naquele território.

Quando me comunicaram que este acto, com cerimónias oficiais dignas e apropriadas dessa honra, ia decorrer ali em Mansoa, coincidindo com a entrega do quartel ao P.A.I.G.C., tão longe de Bissau, logo estranhei porque é que tal não se fazia com mais pompa e circunstância no local que, aparentemente, seria o mais indicado: Bissau - a capital do país.


Cópia da Ordem de Serviço de 6 de Setembro de 1974, onde se sentenciava a entrega do quartel de Mansoa ao PAIGC.



9 de Setembro de 1974. O Furriel Mil Magalhães Ribeiro arreia a bandeira Portuguesa em Mansoa, o último local, que se saiba, onde ainda drapejava.
Foto: © Magalhães Ribeiro (2008). Direitos reservados.


Um Militar do PAIGC hasteia a bandeira da Guiné-Bissau. 9 de Setembro de 1974.
Foto: © Magalhães Ribeiro (2008). Direitos reservados.

Tentei então saber, quer entre as autoridades militares presentes, quer entre alguns dos milhares de populares, o motivo que originou a transferência destas cerimónias para Mansoa.

Pois o facto é que todos os rumores apontavam para uma ameaça, levada muito a sério, através de insistentes “boatos” em Bissau, de boicote às ditas cerimónias por parte da F.L.I.N.G.

Continuo, até aos dias de hoje, surpreendido por este assunto não ser mais esmiuçado e esclarecido, aliás nem sequer abordado.

Das cerimónias existe, pelo menos, um filme inserido num episódio do programa “Século XX Português”, do canal televisivo SIC Notícias-, sobre “A descolonização do ex-Ultramar”.

Também possuo 36 fotografias deste facto histórico, e dele escrevi um pequeno resumo para o nosso blogue (Post
CCCIV de 21 de Novembro de 2005) (2).

Resta dizer que o Batalhão 4612/74, foi também o último a embarcar em Novembro de 1974, da Guiné para o Continente, no navio UÍGE, tendo ficado, tanto quanto eu sei, na Guiné apenas um pequeno destacamento da Marinha de Guerra, segundo creio, para transmitir ao pessoal do P.A.I.G.C. o saber de assegurar o tráfego marítimo e fluvial na Guiné.

Eduardo José Magalhães Ribeiro.
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Fixação de texto de vb. Para melhor enquadramento transcreve-se parte da nota que a 2ª REP do QG/CTIG emitiu em 1967 (2):
Enquanto em Conakry eram concedidas ao PAIGC todas as facilidades, no Senegal, em especial em Dakar, foram surgindo movimentos que, fiéis ao princípio “A Guiné para os Guineenses”, se revelaram, na sua quase totalidade, como acérrimos adversários do PAIGC, a quem atribuíam o objectivo de querer manter na Guiné “a secular preponderância dos cabo-verdianos sobre os guineenses”. Entre os movimentos com sede em território senegalês, contavam-se:
- O Movimento de Libertação da Guiné e Cabo Verde (MLGC), dominado por cabo-verdianos que pretendiam a independência conjunta da Guiné e Cabo Verde. Este era um dos poucos movimentos que no Senegal tinham adoptado, na sua generalidade, a linha de acção do PAIGC;
- O Movimento de Libertação da Guiné (MLG), a que aderiram a maior parte dos manjacos guineenses residentes no Senegal, que não aceitavam qualquer associação com os cabo-verdianos. Com sede em Dakar, chegou a ter uma filial em Bissau. Era seu chefe François Mendy, um estudante de Direito de ascendência manjaca nascido no Senegal;
- A União Popular para a Libertação da Guiné (UPLG), que enquadrava alguns fulas residentes no Senegal;
- A União das Populações da Guiné (UPG), à qual estava filiada uma minoria de guineenses residentes em Koldá (Senegal);
- A União dos Naturais da Guiné Portuguesa (UNGP), movimento chefiado por Benjamim Pinto Bull que reclamava a autonomia da Guiné Portuguesa através do diálogo com o Governo Português;
- A Reunião Democrática Africana da Guiné (RDAG), constituída por elementos da RDA e que procurou integrar a colónia mandinga do Senegal. (...)
Em Maio de 1961, François Mendy conseguiu fundir, pelo menos transitoriamente, o RDAG com o seu MLG no seio da Frente da Libertação da Guiné (FLG). (...)
Na noite de 17/18 de Julho um pequeno grupo de elementos do MLG, por decisão de François Mendy que pretendeu passar à luta armada, possivelmente para chamar a si as atenções mundiais, cortou a linha telefónica entre S. Domingos e a tabanca de Beguingue e tentou incendiar a ponte de Campada.
Na noite de 20/21 de Julho um outro grupo mais numeroso atacou o aquartelamento de S. Domingos fazendo uso de terçados, armas de caça, espingardas, garrafas de gasolina e “cavadores” (paus com a ponta afiada em forma de trapézio). Na maioria envergavam camisas e calções pretos.
Em 25 de Julho um outro grupo provocou danos materiais na zona de turismo de Varela e em Suzana, fazendo depredações e pilhando a maioria dos edifícios públicos.
Em 3 de Agosto de 1962, François Mendy conseguiu finalmente a fusão do seu MLG com a UPG, o RDAG e a UPLG no seio da Frente da Luta pela Independência da Guiné (FLING) – “a autêntica emanação do povo da Guiné-Bissau e único instrumento revolucionário para a libertação nacional”. Nesta frente integrou-se a quase totalidade dos guineenses radicados no Senegal, com excepção dos Manjacos do MLG-Dakar, que recusaram a adesão. O PAIGC recusou o convite para fazer parte da FLING.
Em 1965, a República da Guiné-Conakry anunciou que a OUA reunida recentemente em Nairobi decidiu reconhecer o PAIGC como o único movimento de libertação da Guiné Portuguesa e que a FLING estava definitivamente riscada da lista dos movimentos nacionais a ajudar.
A partir dessa data, praticamente deixou de se ouvir falar da FLING.
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Notas do co-editor VB:
(1) Magalhães Ribeiro, o "pira de Mansoa", como ele na brincadeira se apresenta aos amigos e camaradas, é o autor do Cancioneiro de Mansoa, de que já publicámos a maior parte dos versos, na 1ª e 2ª série do nosso blogue:
1 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXVI: Cancioneiro de Mansoa (1): o esplendor de Portugal
1 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXVII: Cancioneiro de Mansoa (2): Guiné, do Cumeré a Brá
7 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLVI: Cancioneiro de Mansoa (3): um mosquiteiro barato para um pira...
10 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLIV: Cancioneiro de Mansoa (4): a arte de ser 'ranger'
1 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDIX: Cancioneiro de Mansoa (5): Para além do paludismo
19 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLIX: Cancioneiro de Mansoa (6): O pesadelo das minas
15 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVIII: Cancioneiro de Mansoa (7): Os periquitos do pós-guerra
31 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXXI: Cancioneiro de Mansoa (8): a amizade e a camaradagem ou o comando da 38ª
3 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P837: Cancioneiro de Mansoa (9): A mais alta de todas as traições
25 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1698: Cancioneiro de Mansoa (10): O 25 de Abril, a Barragem de Castelo de Bode e a descoberta da palavra solidariedade
(2) vd. post de 21 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCIV: Eu estava lá, na entrega simbólica do território (Mansoa, 9 de Setembro de 1974)
(3) Artigos relacionados:
7 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2247: Como a 2ª REP/CTIG via os acontecimentos em 1967 (III): Período de 1964 a 1967
24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2128: Bibliografia de uma guerra (18): Guiné-Bissau e Cabo Verde, uma luta, um partido, dois países (Parte II)

Guiné 63/74 - P2817: Blogoterapia (51): O Alentejo do Casadinho e do Cascalheira, o Tura Baldé, a Op Gavião... (Torcato Mendonça / Beja Santos)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 > 1968 > Fotos Falantes II > O Casadinho, bazuqueiro, do Grupo de Combate do Alf Mil Torcato Mendonça, morto estupidamente num acidente de viação na estrada Bissau-Bissalanca... Está sepultado no cemitério da sua terra natal, São Matias, concelho de Beja.

Foto: © Torcato Mendonça (2006). Direitos reservados.

1. Mensagem do Torcato Mendonça (ex-Alf Mil, CART 2339, Mansambo, 1968/69):

 Meus Caros Editores: Há cerca de duas semanas segui o voo contrário ao das aves nesta época do ano. Ou seja, rumei ao Sul até onde a terra acaba e o oceano começa... Por lá andei a coscuvilhar, a trabalhar e a sentir terras que amo. Apresentei-me hoje ao serviço, lendo ao correr da rodinha do rato os escritos, os e-mail e entrando em rotinas de vida… Ontem atravessei o Alentejo. A partir da zona de Castro Verde abandonei a Auto Estrada, rumei a Beja, parei no cemitério de S. Matias e visitei o Casadinho (1)... 

Falei, esqueci-me do tempo, com gentes de lá, um oficial do exército no activo, um ex-combatente de Guileje e Gadamael, uma mulher espantada com um regador na mão… Saí e já me vinham chamar, senti um aperto até Évora. Passei o volante à mulher e vim deixando o Alentejo para trás; o Algarve há muito que abalara… D cante alentejano: …Abalei do Alentejo, / olhei para trás chorando, /Alentejo da minha alma, / tão longe me vais ficando… 

Coisas da vida e segue que há muito a fazer aqui na Beira… Li o escrito do Beja Santos (2) e lembrei-me: 

 (i) O Cascalheira não era um Sargento Miliciano de Beja? 

 (ii) Ao Poidom [ou Poindom, como vem na carta do Xime ? A gente dizia Poidão, L.G.] fui várias vezes. Bonita a paisagem e os arredores. Na picada haviam uns cajueiros com minas por baixo… diziam as más-línguas. Certamente para algum, mais esperto, se ir servir ou abastecer, o melhor era passar de lado… 

 (iii) Em Abril de 68, com a CART 2339 [ e não com CART 2338, como certamente por lapso menciona o TM; era uma irmã gémea, que esteve também também na Zona Leste, mas em Nova Lamego] e os Pel Caç Nat 52 e 53, saímos do Enxalé e partimos [em direcção a ] Madina, Belel, Sinchã Camisa... 

O IN teve baixas confirmadas, apanharam-se umas armadilhazinhas, nada de especial. O Saiegh ia lá e um Alferes que tu, Beja Santos, foste substituir (Ou era do outro Pelotão? Mário, põe a tua segunda memória a funcionar. Dou uma pequena achega, morreu o milícia do Xime, Tura Baldé – conversou com o IN pensando serem das NT e levou um tiro)... As abelhas atacaram e a fuga de alguns deu assalto a casa de mato, qual?... 

Não me lembro. Mas foi um assalto giro, tivemos várias flagelações e, na última, vítima de susto faleceu o Guia… Sem tecto arrastámos gente sã, feridos e vítimas de abelhas até S. Belchior. Aí as viaturas do Enxalé transportaram os incapacitados. Operação Gavião. Não vou ver as Cartas e, menos ainda o Historial da CART 2339, fico-me pela minúscula agenda e meninges… mais acertadas? … Parece-me que sim! 

 Nem vou ler o que escrevi. Tudo para dizer – estou vivo (não se recomenda); fazer uma ou duas perguntas ao Beja Santos e a todos dar um forte abraço do, Torcato Mendonça Apartado 43, 6230-909 Fundão 

 2. Resposta do Beja Santos (ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70): 

 Minha Mendonçal e Torcatal figura: Vens do Algarve e do Alentejo e resolves atirar-me uma curta rajada, não és peco a pedir esclarecimentos. 

 (i) O Manuel das Dores Tecedeiro Cascalheira era sargento de infantaria (do quadro permanente ou miliciano, não sei) e dos arredores de Beja. Militar destemido mas de muito mau vinho (pelo menos na altura). Deu-me dores de cabeça com uma zaragata no Gabu, algumas arruaças em Bambadinca, guardo no coração a forma destemida como me ajudou em diferentes operações, colunas e patrulhamentos. 

 (ii) Mudando de assunto, é o que dizes, o Poidom tem uma lindíssima paisagem. Estava cultivada, ali nas barbas do Xime, com bons trilhos para ir foguear, junto a Ponta Varela, embarcações civis ou militares. Ao certo, as minas estavam mesmo na estrada para a Ponta do Inglês ou no acesso a alguns dos acampamentos. 

 (iii) Tempos depois a Operação Gavião, em Abril de 1968. Participaram a companhia do Enxalé (capitão Pires, Zagalo Matos e outros), a tua companhia [, a CART 2339,] e os Pel Caç Nat 52 e 53. Inicialmente, estava destinado a ser uma operação de 5 dias, ficou-se em menos de três. 

Vocês saíram do Enxalé, numa lala perto de Madina, Tura Baldé, um milícia de Demba Taco, ao beber água numa fonte encontrou-se com um soldado do PAIGC que lhe deu um tiro, desacasos da fortuna. Na operação Gavião, o guia era Quebá Soncó, o filho primogénito do régulo Malã, que foi atingido por um tiro numa rótula, foi-lhe amputada a perna. Não ia o Saiegh mas os furriéis Vaz, Altino e Monteiro (o Saiegh chegou em finais de Maio de 1968, o alferes Azevedo já estava em Bissau, eu só cheguei em 4 de Agosto). 

Falas em que "partiram" Madina, Belel e Sinchã Camisa, para Queta Baldé e Cherno Suane, não foi bem assim. Com o tiroteio para tentar liquidar o executor de Tura Baldé, Madina esvaziou-se, o que vocês encontraram foi milho, roupas, esteiras, pilões e coisas parecidas. Para os meus informadores, não havia rasto de gente ferida ou morta. Quanto a Belel, a única vez que se lá entrou pelas picadas e com tropa do Exército foi no Tigre Vadio, em finais de Março de 1970 (3).

 Podes perguntar ao Luís Graça como tivemos sorte e como foi muito doloroso. 

Despeço-me com a esperança de te ver em Monte Real, tenho um projecto para debater contigo, para aproveitarmos as tuas belíssimas fotografias. E vê lá se acabas com essa conversa mórbida em que andas a dizer que não se recomenda que não estejas vivo, precisamos do teu azedume, da tua indignação, da tua heterodoxia. Um abração de estima, Mário.

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Notas dos editores: 


 "Faço aqui um parêntese para contar breve história deste militar [, o Casadinho]: "Era o Bazuqueiro do grupo. Alentejano de S. Matias, aldeola quase encostada a Beja. Cerca de dois ou três meses, após a chegada à Guiné, soube do nascimento da filha. Os meses passaram, o desgaste era grande e, como era necessário um militar da Companhia ir para Bissau – serviços de apoio logístico – foi indicado o Casadinho. Pouco tempo lá esteve. No dia 3 de Outubro, a dois meses do embarque, faleceu vítima de um desastre de viação na estrada para Bissalanca. Depois de quase dois anos de mato, muitas horas debaixo de fogo, morre, estupidamente, num acidente. Repousa no cemitério da sua terra natal. Nunca conheceu a filha. "Quando lá passo, no IP2, o carro, todos os carros que, ao longo destes anos tenho tido, abrandam sempre, aceleram e travam um pouco, num engasgar de soluço, de modo a que eu me possa voltar na direcção dele e o cumprimente. Nunca tive coragem de procurar a viúva ou a filha. Um dia..." (...).


Guiné 63/74 - P2816: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (5): Água, fonte de vida para as gentes de Cabedu

Estas fotografias do Zé Teixeira foram tiradas em Cabedu, no dia da inauguração da rede de distribuição de água potável à população. Cabedu fica em pleno Cantanhez, no sector de Bedanda. Tem a sul, a Ilha de Melo. É uma região muito rica em bolanhas, e ainda hoje considerado o celeiro da Guiné-Bissau, para um elemento essencial da alimentação dos guineenses, que é o arroz.

Esta cerimónia decorreu (ou coincidiu) com a visita ao sul dos participantes do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1 a 7 de Março de 2008). O Zé Teixeira (1) integrou um grupo (mais pequeno) de participantes que se deslocou a Cabedu.

Após 35 anos de interrupção, a distribuição de água canalizada foi restabelecida, o que representa para a gente de Cabedu, de maioria nalu, uma melhoria na sua qualidade de vida.

Aos portugueses presentes, os nalus, agora que já têm um poço com água, o que mais pediram foi sementes (!) para agora poderem cultivar as suas terras. Porque não, amigos e camaradas, fazer aqui uma campanha de recolha de sementes para mandar, no próximo verão, através do Pepito, para os nalus de Cabedu? Co-editor CV.


Foto 1 > A felicidade por, ao fim de 35 anos, se passar a dispor de um bem essencial, a água corrente


Foto 2> Houve festa em Cabedu. Chegou o Pepito, o director executivo da AD- Acção para o Desenvolvimento e alguns ex-combatentes brancos... As mulheres nalus puseram os seus melhores trajes


Foto 3> Eu bebi água fresca da torneira... E que bem me soube!


Foto 4> Nota-se a falta de água... e a magia que é um painel solar que alimenta um motor que puxa a água de um poço e que vai abastecer uma aldeia... Vocês não imaginam quanto isto pode representar para estas populações que estão a quase 300 quilómetros de Bissau...


Foto 5> Mulher Nalu em dia de festa


Foto 6> Mais mulheres nalus, uma etnia que, juntamente com os balantas, foi um dos grandes esteios no apoio à luta armada do PAIGC no Cantanhez

Foto 7> O Pepito e a Francisca Quessangue (a ex-enfermeira guerrilheira do PAIGC) em dia de festa para as gentes de Cabedu.


Foto 8> Com água potável, corrente, esta criança do Cabedu tem mais chances de sobreviver e de crescer saudável


Foto 9> Rostos de Cabedu


Foto 10> Restos do Quartel de Cabedu... (2)


Fotos e legendas: © José Teixeira (2008). Direitos reservados.
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Notas do co-editor CV:

(1) Vd. último poste da série>
Guiné 63/74 - P2814: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (4):Carta ao Idálio Reis, ao Hugo Guerra e aos seus camaradas de Gandembel

(2) Referências a Cabedu no nosso blogue:

15 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2763: Bibliografia de uma guerra (27): A geração do fim e a CCAÇ 555, Cabedu, Cantanhez, 1963/65, do Cap António Ritto (Miguel Ritto)

(...) O Capitão António Ritto esteve a comandar a CCaç 555 em Cabedú, Cantanhez, entre 1963 e 1965. Relata essa experiência num dos capítulos do livro Infantaria - A Geração do Fim (...)

26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2688: Construtores de Gandembel/Balana (1): Op Bola de Bogo, em que participou a CART 1689, a engenharia e outros (Alberto Branquinho)

(...) O nosso camarada Alberto Branquinho foi alferes miliciano na CART 1689 (1967/69), tendo passado por Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá. Ajudou a construir o quartel de Gandembel (...).

12 de Março de 2008 >Guiné 63/74 - P2626: Fórum Guileje (1): E Cameconde ? Cabedu ? E a nossa Marinha ? (Manuel Lema Santos / Jorge Teixeira / Virgínio Briote)

19 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1535: Subsídios para a história da CART 1689, a que pertencia o Belmiro dos Santos João (Vitor Condeço)

(...) "A CART 1689 permaneceu em Catió em actividade de intervenção até ao dia 10 de Junho de 1968, data em que é transferida para Cabedu, onde permanece até 30 de Julho. Nesta data inicia a sua deslocação para Canquelifá, Sector de Nova Lamego, que prossegue em 31 e onde chega às 22h30 do dia 1 de Agosto de 1968" (...).

16 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2443: Pami Na Dono, a Guerrilheira, de Mário Vicente (8) - Parte VII: O prisioneiro Malan é usado como guia (Mário Fitas)

(...) Os três homens riram efusivamente. Mas o alferes baralhou tudo, quando solicitou a Quêba para perguntar se conhecia Caboxanque. Pami, sempre atenta, disse que sim. E aqui começou uma autêntica caça nas perguntas e respostas:
- Quantas vezes esteve no Cafal?
- Diz que passou uma vez lá, quando foi a Cabedu, mas não conhece.
- O que é que os militares fizeram em Flaque Injã?
- Não sabe! Mas ouviu falar que tropa queimou morança e escola. E matou pessoal.
- Ela fazia conversa giro só com militar ou com outro pessoal!? (...)


terça-feira, 6 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2815: Tabanca Grande (67): Abílio Delgado, Zé Carioca e Sérgio Sousa (Os Gringos de Guileje) (CCAÇ 3477, Nov 1971/ Dez 1972)

Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008) > 2 de Março > Intervenção, emocionado, do português Abílio Delgado, que foi comandante da penúltima unidade de quadrícula de Guileje, a CCAÇ 3477 (Nov 1971/Dez 1972), que foi substituída pela CCAV 8350, os Piratas de Guileje (Dez 1972/Mai 1973). Foi, aos 21 anos, o mais jovem capitão, miliciano, do Exército Português. Vive na Ericeira. Passa a integrar a nossa Tabanca Grande.

Vídeo (1' 49''): ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojado em: You Tube >Nhabijoes


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > Simpósio Internacional de Guileje > Visita ao sul > 2 de Março de 2008 > Três homens com um ar de felicidade... Ei-los aqui fotografados com um tesouro, a estatueta, em metal, da santa protectora dos Gringos de Guileje, encontrada nas escavações arqueológicas do antigo aquartelamento de Guileje... Da esquerda para a direita os valorosos representantes da penúltima unidade quadrícula de Guileje, a CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972): José Carioca, Abílio Delgado e Sérgio Sousa... O Zé Carioca é actor de teatro (amador ?) e sei que vive em Cascais.


Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > O Pepito ficou visivelmente feliz, ao receber de braços abertos, os três Gringos de Guileje, que vieram propositadamente para participar no Simpósio Internacional de Guileje. Em primeiro plano, de costas, o Sérgio Sousa.

Guiné-Bissau >Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008) > Sessão inaugural, 3 de Março de 2008 > Em primeiro plano, o José Rocha e os três Gringos.

Fotos e legendas: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Acampamento Osvaldo Vieira > 2 de Março de 2008 > O editor Luís Graça, de joelhos, fotografando um antigo guerrilheiro do PAIGC, dando explicações sobre a organização militar do PAIGC. Foto enviada pelo Zé Carioca.

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Acampamento Osvaldo Vieira > 2 de Março de 2008 > No primeiro plano, ao centro, o Zé Carioca, ladeado à sua direita pela esposa do Pepito, Cristina, e à sua esquerda pela Sra. Ministra dos Combatentes da Liberdade da Pátria... Na foto, vê-se ainda a Maria Alice Carneira, esposa do editor Luís Graçpa, bem como o Prof Luís Moita, de óculos escuros.

Fotos: ©
José António Carioca (2008). Direitos reservados.


1. Mensagem de José António Carioca, com data de 2 de Maio:

Caro Camarada Luís

Nós, os Gringos de Guileje, vamos fazer o nosso almoço no dia 31 de Maio. Eu gostaria que o meu amigo estivesse presente (com a sua esposa, se assim o desejar obviamente). Entretanto, como também tirou imensas fotos, gostaria de saber se tem algumas onde possam estar os representantes dos Gringos e me possas enviar. Eu gostaria de fazer uma apresentação aos meus camaradas no dia do almoço.

Pela foto que lhe envio, já é mais fácil de me identificar porque na foto onde aparece a sua esposa, eu estou ao lado da Sra. Ministra e da esposa do Pepito.

Eu gostaria de poder colaborar também no seu blogue, Luís Graça e Camaradas da Guiné, mas não sei como o fazer por não dominar muito bem a informática.

Tenho algumas notícias que talvez possam interessar, que é mais propriamente um projecto de intercâmbio cultural com a Guiné Bissau. Numa reunião que já houve aqui em Cascais, com o Pepito e o meu grupo [de teatro], estamos neste momento numa fase avançada desse projecto, penssamos que vai ser possível irmos a Bissau em Setembro deste ano.

Fico então à espera duma resposta sua, tanto para a sua comparência no almoço como a possível troca de fotos.

Um abraço,

José Carioca,
ex-Fur Mil Trms e Cripto,
CCAÇ 3477,
Gringos de Guileje
Guileje (1971/72)

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Zé Carioca, amigo e camarada:

(i) Fico feliz por me teres contactado e enviado 2 fotos destes dias maravilhosos que passámos juntos no sul da Guiné-Bissau e em Bissau, entre 29 de Fevereiro e 7 de Março de 008;

(ii) Fico encantado por pedires guarida na nossa Tabanca Grande: como te disse na altura, era minha intenção propor e apadrinhar a tua candidatura a membro (activo) do nosso blogue... A ti, ao Abílio Delgado e ao Sérgio Sousa... Podes confirmar que te fiz ou vos fiz a proposta e a promessa. E que tive a anuência dos três.

(iii) Sobre o teu amável convite para participar na festa de convívio dos Gringos, tenho a dizer o seguinte: fico-te grato pela ideia e pela intenção; mas acontece que tenho convite parecido, anterior ao teu, de uma outra unidade; por razões de calendário e compromissos familiares, não posso dizer, desde já, o que vou fazer no dia 31 de Maio; infelizmente, não tenho o dom da ubiquidade; se não for este ano, poderá ser numa próxima; de resto, temos, nós próprios, a malta do nosso blogue, o nosso III Encontro Nacional, em Monte Real, já no dia 17 de Março para o qual tu, o Abílio e o Sérgio, ficam automaticamente convidados.

(iv) Por uma razão ou outra, só hoje, ao ler o teu mail, é que dei conta de que estou em falta contigo e com os teus camaradas Gringos, o Abílio e o Sérgio... O que é prometido é devido... A partir de hoje, podes, com todo o mérito, considerar-te membro da nossa tertúlia. Tu e os teus dois camaradas. Ir a Guileje é como ir a Meca. E ter vivido em Guileje um ano, já é obra. Se fosses general, dava-te logo mais uam estrela...

(v) Infelizmente, não tive tanto tempo quanto desejaria para falarmos, com profundidade, calma e cumplicidade, do teu tempo passado, presente e futuro. Sei que estás ligado ao teatro. É uma expressão de arte de que gosto muito. Fico contente por saber que já tens ideias e projectos concretos no domínio do intercâmbio cultural entre o teu grupo de Cascais e a malta de Bissau (presumo que se trate do Grupo de Teatro Os Fidalgos, que eu também gostaria de poder ajudar).

(vi) Para já, vamos manter-nos em contacto, pelo mail do blogue. Algumas fotos tuas e dos teus camaradas têm vindo a ser publicadas no nosso blogue. Preciso agora de fotas vossas, de Guileje, de 1972. Sejam bem-vindos à nossa Tabanca Grande, tu, o Abílio e o Sérgio. Vamos pôr-vos na lista do nosso correio electrónico.

Um Alfa Bravo. Luís Graça

___________

Nota de L.G.:

(1) Sobre os Gringos de Guileje:

14 de Dezembro de 2005 >
Guiné 63/74 - CCCLXVII: Guileje, terra de fé e de coragem (Luís Graça)

11 de Junho de 2006 >
Guiné 63/74 - P864: Unidades aquarteladas em Guileje até 1973 (Nuno Rubim / Pepito)

28 de Junho de 2007 >
Guiné 63/74 - P1894: Louvores e punições (2): CCAÇ 3477, Os Gringos de Guileje (Amaro Samúdio)

10 de Outubro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1162: Guileje: CCAÇ 3477, os Gringos Açorianos (Amaro Munhoz Samúdio)

18 de Novembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1293: Guileje: do chimpanzé-bébé aos abrigos à prova do 122 mm (Amaro Munhoz Samúdio, CCAÇ 3477)

22 de Junho de 2007 >
Guiné 63/74 - P1869: Convívios (19): Os Gringos de Guileje, a açoriana CCAÇ 3477, encontram-se ao fim de 33 anos! (Amaro Samúdio).

23 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2674: Recortes de imprensa (3): José Carlos Marques, do Correio da Manhã, em Gandembel e Guileje, embeded nas NT


(...) " O regresso a Guiledje é um momento sentido por outros três ex-combatentes. Abílio Delgado, Sérgio Sousa e José Carioca cumpriram ali serviço militar entre Setembro de 1971 e Julho de 1973. Com 21 anos, Abílio Delgado, o mais jovem capitão do Exército português, comandava a companhia dos Gringos de Guiledje. 150 homens habituaram-se a viver sob ameaça permanente:

"-O período mais longo que estivemos sem ser bombardeados não passou de 15 dias. Havia sempre morteiros a cair e passávamos a vida escondidos nos abrigos - lembra.

"A companhia teve duas baixas em combate, mas conseguiu aguentar o quartel até ao fim da comissão. Foram a última companhia a consegui-lo. Os militares que os substituíram, os Piratas de Guiledje, comandados por Coutinho e Lima, abandonaram" (...).


Guiné 63/74 - P2814: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (4):Carta ao Idálio Reis, ao Hugo Guerra e aos seus camaradas de Gandembel


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 1 de Março de 2008 > Gandembel, terra maldita que os próprios guineenses não quiseram ocupar, depois da guerra...



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana > 1 de Março de 2008

Fotos: © José Teixeira (2008). Direitos reservados.


1. Texto enviado pelo Zé Teixeira, em 11 de Abril último. Recorde-se queo nosso Zé Teixeira foi 1.º Cabo Enfermeiro, na CCAÇ 2381( Buba, Quebo, Mampatá e Empada ,1968/70). E deixou-nos um notável documento, escrito, com as notas do seu diário, já publicadas na 1ª Série do nosso blogue: vd. poste de 14 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVI: O meu diário (Zé Teixeira) (fim): Confesso que vi e vivi.


Uma Carta para o Idálio Reis, Hugo Guerra e seus camaradas de Gandembel

Bons amigos e camaradas.

Após este meu regresso à Guiné (1), aquela, que vós conhecestes tão bem, desde Aldeia Formosa a Guileje, tenho passado um tempo em reflexão e a saborear os belos e excelentes momentos que lá vivi, revivendo outros que em tempos idos foram bem dolorosos.

Claro que durante a minha estadia, por aquelas paragens, todos vós, meus companheiros de algumas jornadas, quer a caminho de Gandembel, quer em Buba na construção da nova estrada para Aldeia Formosa, estiveram bem presentes na minha memória. Recordei também a Companhia dos lenços azuis que connosco partilhou momentos bem difíceis na aventura que nos foi comum.

De Aldeia Formosa em diante até Gandembel, parece que nada mudou. Até algumas árvores ainda lá estavam, apesar da picada ter sido deslocada em alguns sítios, sobretudo a partir do cruzamento de Mampatá, agora um pouco mais atrás, em Bacar Dado e na Chamarra.

A seguir a Chamarra, a recta que nos leva a Changue Laia, lugar de tão tristes recordações, lá estava, agora cheia de moranças com gentes e terrenos de cultivo. Depois vem uma pequena subida e uma ligeira curva. A curva fatídica onde estavam os buracos dos fornilhos e o campo de minas. Agora gente e mais gente sorridente a dizer-nos adeus. As crianças a correrem atrás da viatura sem medo das minas que lá foram outrora semeadas.

Ponte Balana lá no fundo, a dar-nos passagem, sobre o rio de água límpida. Seguiu-se Gamdembel. Lá estava o pequeno desvio da picada e a porta de armas.

Em cima dos restos dessa caserna, eu recordei, com carinho, todos os que ali viveram, por ali passaram, ali sofreram e sobretudo os que deixaram o seu sangue regar aquelas terras. Das poucas terras, onde ainda ninguém da Guiné ousou voltar e transformar num espaço de vida humana.

Ali deixei uma pequena planta que me acompanhou desde o Porto (2) e por lá ficará, espero eu, por tempos sem fim a relembrar aos vindouros que ali se travaram duras lutas de sobrevivência. Ali, muita gente viu a morte à sua frente, muitos de vós pensaram, quantas vezes ,que não sairiam de lá vivos.

Acto simples, extremamente simbólico. Tal como prometera um dia Tabanca Grande ao escrever sobre a vossa aventura.

Devo dizer-vos que este meu desejo foi acarinhado por todos os que de algum modo estavam envolvidos na dinâmica do Simpósio, a quem devo um profundo agradecimento.

Como compreenderão, não consigo passar ao papel o que senti. A emoção tomou posse de mim. As pernas tremiam-me, a boca recusava a emitir as palavras que saíam do coração.

Pude, pela primeira vez, pisar sem medo, aquele espaço, andar por cima das pedras que vocês arrastaram e levantaram umas em cima de outras para construírem os abrigos da vossa salvação.

Seguiu-se a picada para Guiledje. Com muita alegria vi, umas centenas de metros adiante a primeira tabanca de gente que acabada a guerra se instalou naquelas terras. Dali até Guileje, tal como da Chamarra a Ponte Balana, um e outro lado da picada – O carreiro da morte ou o Caminho da liberdade – está cheia de tabancas, de vida (3). Caminho que em tempos ainda vivos na nossa memória, cheirava a pólvora e a morte e só ao pensar que por imperativos de ordem superior se tinha de pisar, era suficiente para se encomendar a alma a Deus e pedir a sua protecção.

A picada levou-nos até Guileje, terra que também foi vosso abrigo e daí a Imberém, até às margens do rio Cacine, mais propriamente Canamine. Antes pudemos visitar no interior da mata do Cantanhez o local onde esteve sediado uma base inimiga, comandada pelo Oswaldo Vieira (4). Através de pequenos jogos cénicos foi-nos dada a possibilidade de apreender algumas das técnicas e estratégias dos guerrilheiros na sua luta pela independência.






Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gandembel > 1 de Março de 2008 > Restos do nosso aquartelamento...

Fotos: ©
José Teixeira (2008). Direitos reservados.


Por fim, com alguns companheiros de jornada fui visitar Cabedú [vd. próximas notas soltas] e participar na inauguração de um fontenário de água límpida, tirada de um poço através de um motor alimentado a energia solar, numa tabanca que desde há trinta e cinco anos, ou seja desde que a tropa branca os abandonou, não tinham água corrente própria para beber. Uma população, como se lembram com certeza do tempo das vossas andanças pela Guiné, comunicativa e expansiva, dava largas à sua alegria, cantando, e dançando por todas as terras por onde passamos.

Antigos combatentes, que ao nosso lado expuseram a sua vida tal como nós, numa guerra que hoje põe muita gente a interrogar-se: Para quê!?

Esses, como o Sóri Bari, o Mamadu Djaló e outro camarada, actualmente a viverem em Catió, donde partiram no dia anterior para participar na festa e localizar antigos companheiros brancos que a seu lado lutaram e também os filhos dos que perderam a vida, casos do Alfa Baldé, filho do Aliu Baldé de Mampatá e a Cadidjatu Candé, filha do Davo Candé de Quebo (este, assassinado no pós-guerra, por se ter batido pelo lado errado) (4).

O Sóri Bari, foi meu conterrâneo em Mampatá e o Mamadu Djaló mais o seu outro companheiro (Este andou trinta e dois anos fugido no Senegal) cruzaram-se comigo e convosco em Buba nos trabalhos da estrada.

Será que conseguis imaginar a alegria que estes homens deixaram transparecer no seu rosto, quando descobriram gente que palmilhou aquelas terras com eles! Eles que vieram de tão longe a pé à procura de dgenti amiga! E eu como me senti! Foi mais um grande momento de alegria e emoção indiscritível.

Mas havia também outro tipo de combatentes, muitos mesmo, que do outro lado da barricada se bateram contra nós, atacaram Guiledge, Gandembel e Balana, como o Maunde Baldê que em Agosto de 1968 me atacou em Mampatá em plena hora do almoço, com vontade de nos apanhar à mão, conforme escrevi no meu diário.

Novembro, 1968 / Mampatá /3

O dia 3 de Novembro não será esquecido pelos "Amarelos de Mampatá" pois tivemos de travar uma luta de vida ou de morte com o IN que aproveitou a hora do almoço em que os militares se afastaram do seu posto de defesa para buscar na cozinha alimentação, para tentar entrar em Mampatá.

De algum modo eu fui o responsável pela situação criada, pois incentivei um sentinela durante a noite a mandar um tiro na direcção de uma vaca que estava entre as duas faixas de arame farpado e tocava neste, provocando o tilintar das garrafas que lá tínhamos colocado para não sermos surpreendidos pelo IN a tentar entrar pela calada da noite cortando o arame. Esta minha atitude passou-se durante a minha hora de ronda e o sentinela assim fez pouco depois, aparecendo de manhã uma vaca com um buraco numa coxa. Claro que o proprietário o Régulo Alfero Aliu (Alferes da Milícia) vendeu a vaca à tropa.

Há mais de um mês que não comemos carne, porque os Africanos se recusam a vender qualquer animal. Assim foi fácil convencer o proprietário a vender a vaca ferida, mas ficou-nos caro.

Praticamente todos os postos de sentinela ficaram abandonados à hora do almoço o que não é habitual, mas o estranho foi o turra saber exactamente o que se estava a passar e atacou.

Quase todos os soldados tiveram de correr para as suas posições debaixo de fogo e durante quinze minutos a luta foi terrível com eles junto ao arame com fogo cerrado. Chegamos a ter a sensação que estavam cá dentro o que não se verificou graças à nossa capacidade de resistência e por sorte também. Ao tentarem entrar pelo lado de Buba, o Silva Algarvio que não tinha vindo buscar a comida ao refeitório por estar doente, aguentou-os até chegarem reforços e obrigou-os a retirar. Aliás foi ele que deu o sinal. Ao ver um grupo de africanos com armas que não eram a velha mauser a tentarem forçarem a porta em rede de arame farpado, estranhou e abriu fogo, depois... foi, cantinas de comida pelo ar e umas loucas correrias para os abrigos de protecção. Segui-se o chocolate do costume. Os assaltantes recuaram para selva e o fogo continuou

Onze tabancas ficaram destruídas pelo fogo, pois utilizaram balas incendiárias e também destruiram o paiol. Fiquei assustado e desorientado porque dada a intensidade do fogo e a estratégia adoptada pelo IN contava ter muito que fazer com os feridos talvez mortos, atendendo a que ninguém contava com tal surpresa e os postos estavam desguarnecidos e sobretudo porque tinha pouco material de socorro (apenas 2 sacos de soro). Ainda debaixo de fogo saí do abrigo onde me protegera e corri pela Tabanca à procura de feridos, junto dos abrigos subterrâneos onde se abrigara a população. Felizmente nada aconteceu, foi só fogo de vista susto e prejuízos materiais. Graças a Deus.

Pergunto-me como que a população não foi atingida e as suas casas foram queimadas? Ataque combinado?

Notamos que o catequista muçulmano saiu de manhã cedo para bolhanha, o que é estranho pois costuma estar sempre na tabanca a ensinar os putos e só voltou muito depois do ataque. Temos de o trazer debaixo de olho, como disse o Alferes Belo depois de saber a sua ausência.

O Maiunde Baldê, ao aperceber-se que eu estivera em Mampatá, perguntou-me se em Novembro de 1968 estaria lá. Ao confirmar que sim, ele retorquiu: -Eu estive lá e fui dos que entrei para dentro do arame farpado, mas tive de fugir para não morrer. Vocês estavam cercados, mas não nos deixaram entrar...

Seguiu-se um abraço apertado de agradecimento a Deus por termos escapado e estarmos os dois vivos.

Muito interessante, no mínimo, foi o diálogo que mantive com um grupo de fulas, que fizeram a sua luta pela independência, na mata do Cantanhez e se encontraram comigo em Bissau durante as Conferências do Simpósio. Cruzaram-se convosco em muitos ataques a Gandembel e nas emboscadas que fizeram a vocês e a nós na estrada de Quebo/Gandembel.

Um deles, o Braima Camará, mostrou-se muito interessado em saber se eu tinha ida na coluna em que tivemos de levantar muitas minas, entre Chamarra e Ponte Balana, junto a uma bolanha (Changue Laia) em Agosto de 1968.

Felizmente não fui nessa coluna, mas foi muito grave o que se lá passou e o que aconteceu uns dias antes com a Companhia estacionada em Gandembel, que ao cair no campo de minas teve de retirar, levando creio que cinco mortos, retorqui.
- Pois... eu era sapador e recebi ordens para colocar essas minas! - disse-me, com um ar misto de culpado e de alegria por saber que eu não estivera lá.

O regresso de Imberém para Bissau ficou marcado pelas despedidas afectuosas daquelas gentes simples. Abraços e beijos não faltaram, pedidos para voltarmos, corridas atrás da viatura, Enfim. Pelo caminho – carreiro da morte – agora cheio de vida, com tabancas por toda a margem. Crianças e adultos, na berma gritavam portu, portu e acenavam dizendo adeus.

Imaginem, em pleno interior da Mata do Cantanhez, um missão de fransciscanos italianos com uma pequena fábrica de descasque de castanha caju!

Passamos Gandembel em silêncio e deparamos com Balana cheio de vida. Naquele bucólico lugar, o silêncio imperava. Duas jovens mulheres, vestidas estranhamente como era seu costume há quarenta anos atrás, lavavam a roupa de seus filhinhos debaixo da ponte. Desci até lá, fui recebido com sorrisos. Uma deles correu para mim, deu-me um beijo e disse: - Anda ver o poço. Uns metros ao lado estava o poço que suponho foram vocês que o construíram. Postou-se junto ao mesmo e ficou à espera que eu tirasse uma fotografia. Com um grande sorriso deixou-se abraçar, como que a dizer, vai em paz. A vida voltou a esta terra...

Muito mais há para dizer, mas não quero abusar da vossa paciência.

Um fraternal abraço deste camarada e de algum modo partilhou um pouco da vossa aventura na Guiné e teve a graça de lá poder voltar para rever terras e gentes, re(viver) cenas marcantes para a sua vida em plena juventude e viver grandes momentos que me acompanharão até ao fim da vida.

Podeis crer que nada do passado foi esquecido, bem pelo contrário, foi reavivado, mas esta visita permitiu-me afastar os fantasmas que me perseguiam. Agora tenho a visão de uma Guiné diferente, sem medos ou fantasmas, com vida pujante.

Continua pobre como era, talvez mais ainda, mas rica, muito rica nas pessoas com valores humanos, alegres, expansivos, solidários e sobretudo amorosos.

Zé Teixeira
_________

Notas dos editores:

(1) Vd. postes anteriores:

21 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2669: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (1): Desta vez fui voluntário e estou em paz comigo próprio

23 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2676: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (2): Um abraço de ermons e (más) recordações do Comandante Manecas

29 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2698: Simpósio de Guileje: Notas Soltas (José Teixeira) (3): O Abdulai Djaló

(2) Vd. poste de 14 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2640: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (5): Um momento de grande emoção em Gandembel

(3) Vd. postes de:

16 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2650: Uma semana involvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (6): No coração do mítico corredor de Guiledje

17 de Março de 2008 >
Guine 63/74 - P2655: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (7): No corredor de Guiledje, com o Dauda Cassamá (I)

17 de Março de 2008 >
Guiné 63/74 - P2656: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (8): No corredor de Guiledje, com Dauda Cassamá (II)

(4) Vd. poste de 23 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2790: Quem pode ajudar a filha do nosso camarada Aliu Sada Candé? (José Teixeira)

Guiné 63/74 - P2813: Convívios (55): CCAÇ 4150, em Fátima no passado dia 27 de Abril

CCAÇ 4150, Cumeré, Bigene e Guidaje, 1973/74



Foto de família dos ex-militares da CCAÇ 4150, presentes em Fátima no dia 27 de Abril de 2008.

Foto : © Albano Costa (2008) . Direitos reservados.

Recebemos no dia 3 de Maio de 2008 uma mensagem do camarada Albano Costa a dar conta do Encontro anual da CCAÇ 4150.

Caro Editor e co-editores

Foi no passado domingo, em Fátima, mais um convívio da CCAÇ 4150, só agora estou a dar a notícia um pouco atrasado, mas mais vale tarde do que nunca.
Estiveram reunidos no convívio trinta ex-combatentes e as suas respectivas famílias.

Não sei se é da crise ou não, só sei que somos muitos mais, e que faltaram, desculpando os que infelizmente já partiram e parece praga, agora cada ano que passa lá vem a má notícia de mais um colega que nos deixa.

O resto correu num ambiente de franca camaradagem, e com saúde para continuar, afinal ficou logo ali marcado o local para o próximo almoço, que irá ser na bonita cidade de Felgueiras, no norte de Portugal, terra de bom vinho e o celebre pão de ló.

Passe a publicidade, a organização do nosso convívio: o Ary e o Frade, antes de irmos para o restaurante deram-nos a conhecer uma aldeia recuperada, que fica na zona de S. Mamede (Fátima), que tem o nome de Pia do Urso, que eu irei lá voltar para ver melhor, porque no dia não deu tempo para muito.

Albano Costa
_________________

Nota dos editores:

(1) - Vd. poste de 10 de Abril de 2008> Guiné 63/74 - P2740: Convívios (49): CCAÇ 4150 em Fátima no dia 27 de Abril de 2008 (Albano Costa)

Guiné 63/74 - P2812: Tabanca Grande (66): João Dias da Silva, ex-Alf Mil Op Esp da CCAÇ 4150 (Guiné 1973/74)




João Dias da Silva
Ex-Alf Mil Op Esp
CCAÇ 4150
Cumeré, Bigene e Guidaje
1973/74


1. Em 21 de Abril de 2008, o nosso novo camarada João Dias da Silva enviava esta mensagem a Luís Graça:

Meu caro e amigo,
desculpe-me a familiaridade, Luís Graça.

Já há algum tempo que tive conhecimento deste blogue através de um amigo comum – o Albano Costa (CCAÇ 4150) –, mas, por esta ou aquela razão, que nem sei apontar, nunca me tinha predisposto a "fazer-lhe uma visita".

Antes de mais, uma apresentação muito sumária: chamo-me João Dias da Silva e fui alferes miliciano da CCAÇ 4150 (Cumeré, Bigene, Guidaje e Combis-Bissau), que nos finais de 1973 rumou a Guidaje e aí se manteve até meados do ano seguinte.

Em segundo lugar, quero manifestar, na sua pessoa, os meus sinceros e sentidos parabéns a todos quantos contribuem(ram) para esta página que é simplesmente fantástica (pelos conteúdos, pela apresentação, pela organização, pelo cuidado, enfim… pelo amor com que se fazem as coisas de que muito se gosta).
Muito obrigado.

Por último, a razão que, ao fim de tanto tempo, me levou a procurar-vos: é óbvio que a mola, que espoletou o impulso para quebrar a inércia, radica na Grande Reportagem sobre as exumações de Guidaje, que a SIC passou ontem no final do Jornal da Noite.

E porquê? Foi pena não ter sabido atempadamente, culpa minha por certo, de todo este movimento encabeçado pela Liga dos Combatentes, pois poderia, talvez, ter dado um pequeno contributo para complementar o croquis da zona das sepulturas.
É que, pouco depois de ter chegado a Guidaje fotografei o "Cemitério Militar de Guidaje", segundo a designação do citado documento, ou seja, pouco mais de meio ano sobre os enterros.

Embora tenha feito vários slydes nas áreas militar e civil, apenas um mostra especificamente o sítio das campas sinalizadas por cruzes de madeira.
Se, apesar de tudo, entender que poderá servir para algo, disponha.

Um abraço
João Dias da Silva


2. Em 24 de Abril de 2008 nova mensagem endereçada ao Blogue

Caros amigos

Com as visitas que tenho feito nos últimos dias ao blogue (o bichinho começa a corroer!) começo a aperceber-me do seu funcionamento e das normas de conduta e, a cada ida, mais visível se torna o trabalho hercúleo que ele representa, pelo que renovo os meus parabéns aos seus responsáveis directos, pois estão a prestar um grande serviço à comunidade em geral (acho que ninguém renega, ou pelo menos não deveria, renegar o seu passado) e, muito particularmente, a todos os que passaram pela Guiné.

Tal como já fiz em anterior contacto, repito a minha identificação João Dias da Silva, ex-Alferes Miliciano (Op. Esp.), n.º mecanográfico 11953971, CCAÇ 4150, Guiné, 1973/1974 e anexo as fotografias da praxe:

(1) Fotografia aposta na minha Carta de Identificação Militar, tirada no início do COM, em Mafra, e
(2) Actualmente.

Devo confessar que não sou um bom contador de factos/ocorrências passadas, não tanto porque não sou escritor, mas porque desenvolvo com muita facilidade mecanismos inconscientes de defesa que fazem com que facilmente se apague da memória tudo aquilo que provoca(ou) sofrimento. Aliás, no caso concreto, de quando em vez, há como que uns cliks sobre certos factos, mas que não sei bem se não terão mais a ver com narrações ouvidas aquando dos almoços da Companhia que vamos fazendo com alguma regularidade (não fora o empenho e o entusiasmo do Albano Costa e certamente que não seria tanto assim!) – o próximo, o XX Encontro-Convívio da CCAÇ 4150, será na zona de Fátima, já no domingo que vem, dia 27Abril –, em que situações vão-se clarificando ao jeito dum puzzle que se vai construindo.

Contudo, tenho algumas notas soltas, algumas fotografias e documentos, que irei retirar do fundo do baú (por certo que muitas delas já terão sido disponibilizadas/referidas pelo Albano Costa, sempre muito interessado em recolher tudo o que à nossa Companhia diga respeito – honra lhe seja feita! –, mas daqui também não vem mal ao mundo), e que porei à disposição de todos, dando mais um contributo, o meu, para a História que se está a escrever, para além de achar, pelo que tenho observado, que este blogue é um magnífico arquivo, na melhor acepção do termo.

Um forte abraço
João Dias da Silva


3. Em 29 de Abril de 2008, nova mensagem

Caros amigos
Em 23 de Abril de 2008, no "Guiné 63/74 – P2790: Quem pode ajudar a filha do nosso camarada Aliu Sada Candé?", o José Teixeira pedia informações sobre este comando africano.

Embora não tenha tido qualquer contacto ou relacionamento com qualquer destas pessoas, o facto é que estou a ler um livro que recentemente me ofereceram – referência bibliográfica: Bernardo, Manuel Amaro (2007) – Guerra, Paz e… Fuzilamentos dos Guerreiros. Guiné 1970-1980. Col. História Militar, Série Estudos e Documentos. Prefácio-Edição de Livros e Revistas, L.da. Lisboa. 402 pp. –, onde encontrei duas referências:

1.ª – pág. 80 - No Cap. V GRANDE ESFORÇO DE GUERRA EM 1973, ANEXO III Militares "Comandos" condecorados em combate na Guiné (Lista Provisória), ponto 3. Medalha de Cruz de Guerra (80+14/anter. refe.s aos das Torre Esp.), surge no 14.º lugar: "- Soldado Aliu Sada Candé – 1966.4"
A nota de rodapé 4 diz: "Fora graduado em Alferes e colocado na C.Caç. 21. Fuzilado em Bambadinca depois da independência."

2.ª – pág. 144 No Cap. VIII FUZILAMENTOS CLANDESTINOS NAS MATAS DA GUINÉ…, ANEXO III Lista dos Comandos Africanos Fuzilados na Guiné (Provisória), aparece na 22.ª posição: Nome, Posto / Colocação, Data/local fuzilamento Aliu Sada Candé 1, 4, 6 Inc. 6-5-1966 Alferes "Cmd" CCaç 21 (2.ª CCmds Af/74) n. 8-5-1944/Aldeia Formosa, Bambadinca.

As notas de rodapé indicam as fontes:
1 – Queda Sambú (quadro superior/dissidente do PAIGC, em 1987). "Ordem para Matar (…)". Lisboa, Ed. Referendo, 1989.
4 – Informação da Ass. Cmds.
6 – Em Junho/73 fora nomeado para a CCaç 21, extinta em AGO74, tendo regressado à CCmds onde pertencia (relação de documentos de matrícula em arquivo/ex-RCmds).

Que estas migalhitas possam ajudar o Zé Teixeira, lembrando-lhe que a esperança é a última a morrer (o povo é quem mais sabe!...).

Um grande abraço
João Dias da Silva


4. Em 3 de Maio o nosso Editor Luís Graça rtespondia ao João nos seguintes termos:

Meu caro João:
O Albano já me tinha falado em ti (tratamo-nos todos por tu aqui na nosa Tabanca Grande), como velhos camaradas que fomos e continuamos a ser... O teu texto e as tuas duas fotos chegaram em boas condições.
O Carlos Vinhal, meu co-editor, fará a gentileza de te apresentar, no blogue, ao resto do pessoal.

Obrigado pelo teu interesse, as tuas palavras amigas e amáveis, e o teu desejo de te juntares ao grupo, já extenso, de amigos e camaradas da Guiné.

Vamos fazer um III Encontro Nacional no dia 17´de Maio, em Monte Real, Leiria. Se quiseres e puderes, aparece. (Já agora, onde moras?).

Um Alfa Bravo
Luís Graça


5. Em 4 de Maio vinha a resposta

Luís e restantes co-editores
Obrigado pelo mail.
Folgo em saber que consegui atravessar com êxito esta "bolanha", já que os meus textos chegaram finalmente.
A apresentação na Tabanca Grande acontecerá quando tiver que acontecer, pois, imagino eu, terão muito material para ver e publicar.
Conforme as minhas disponibilidades e disposição irei mandando alguns contributos mais.

E, porque me perguntavas, moro em Coimbra.

E já agora, para vosso governo, acrescento que me aposentei em 31 de Julho de 2006, após 30 e tal anos de trabalho na Polícia Judiciária – em Lisboa, Coimbra, Açores/Ponta Delgada (Responsável pelo Departamento local) e Porto (Subdirector Nacional Adjunto) – e sou Licenciado em Geografia–Ordenamento do Território e Desenvolvimento.

Um forte abraço
João Dias da Silva


6. Comentário de C.V.

Caro Dias da Silva, chamo a isto uma entrada em grande.
Vamos aos elogios.
Tudo o que dizes sobre o nosso Blogue dá-nos uma certa vaidade pois a nossa ideia é que ele seja um arquivo histórico com narrativas e testemunhos na primeira pessoa e não o vulgar diz que disse que viu.

Pessoalmente não me revejo nos teus elogios, pois a minha colaboração passa despercebida. Grande homenagem temos que prestar ao Comandante Luís Graça que tomou em ombros tamanha tarefa.

Todos os membros da tertúlia estão igualmente de parabéns, porque cada um à sua maneira, contribui com as sua narrativas, avivando a memória colectiva e não deixando que se apaguem as páginas de um passado que não pode ser ignorado.

Portugal, como tantos países à época, era uma potência colonial e, o seu erro foi não programar a retirada dessas colónias, a tempo de evitar uma esperada guerra de libertação que iria custar milhares de vidas em ambos os lados das barricadas.

Obrigado pela tua colaboração em relação ao nosso ex-camarada Aliu Sada Candé. Faremos chegar estas informações ao Zé Teixeira.

Em nome da Tertúlia envio-te um abraço de amizade e boas vindas.
Não esqueças que assumiste implicitamente a obrigação de aumentares espólio do nosso Blogue.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2811: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (3): De 1966 a 1967 (A. Marques Lopes)

Quadro 5 - Guiné 1963/74: Militares portugueses metropolitanos, mortos por ferimentos em combate, doença, acidente ou outros motivos, e cujos corpos ficaram em cemitérios locais. Parte III: 1963/65 e 1966/67, por trimestre. No final de 1967, somavam 187. Mas nesta lista não se incluem os guineenses, ao serviço do Exército Português.

Quadro 6 – Guiné 1963/74: Distribuição, por cemitério, dos corpos dos militares portugueses metropolitanos, mortos por ferimentos em combate, doença, acidente ou outros motivos, e cujos corpos foram enterrados em cemitérios locais. Parte III: 1963/1967 (n=187).

O cemitério de Bissau (n=103) representava 55% do total (n=187), seguido à distância pelo cemitérios de Nova Lamego (n=17), Bafatá (n=15), Bolama (n=11), Farim (n=4), Bambadinca (n=3), Fulacunda (n=2) e Catió (n=2).

Cerca de 13,4% dos corpos (n=25) não tinham sido recuperados. Outros locais de enterramento (n=5), com um sepultura cada: Aldeia Formosa, Bedanda, Binta, Buba e Cacine.


Imagens e legendas: ©
Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados.



Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > O Cor Art na situação de reforma Nuno Rubim, participante do Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), junto à campa nº 383, do António Gonçalves Santos, Soldado, da CCaç 1424, morto em 04.03.66, segundo o livro da CECA, em "Guilege, junto da fronteira", em resultado de "ferimentos em combate". Era natural de Erada, Covilhã. Segundo o nosso querido amigo Nuno Rubim, que comandou a CCAÇ 1424, o Santos morreu "muito perto do cruzamento do corredor de Guileje".

Foto : ©
Nuno Rubim (2008) . Direitos reservados.

Aqueles que nem no caixão regressaram - Parte III

(Organização por ordem cronológica da data de morte: A. Marques Lopes, Cor DFA, Ref) (*)(Continuação) (1)
NOME e POSTO / UNIDADE / DATA da MORTE / LOCAL da MORTE / CAUSA da MORTE NATURALIDADE / LOCAL DA SEPULTURA


1966


Nome: António da Purificação Marques,
Posto: 1.º Cabo
Unidade: CCaç 1423
Data da morte: 03.01.66
Local da morte: Darsalame
Causa da morte: Ferimentos em combate
Naturalidade: Povolide, Viseu
Local de sepultura: Cemitério de Bissau, Campa 33, Guiné.


Avelino do Patrocínio Lage, Soldado / CCaç 1427 / 03.01.66 / Cafal / Ferimentos em combate / Paranhos, Porto / Corpo não recuperado.

Abel Pereira da Silva, Soldado / CCaç 1419 / 05.01.66 / Itin. Ponte do rio Blassar-Matar / Ferimentos em combate / Cristelo, Barcelos / Cemitério de Bissau, Campa 35, Guiné.

António Novais Esteves, 1.º Cabo / CCaç 1419 / 05.01.66 / Itin. Ponte do rio Blassar-Matar / Ferimentos em combate / Vale de Anta, Chaves / Cemitério de Bissau, Campa 35, Guiné .

Aires Jesus Moreira, Soldado / CCS BCav 757 / 11.01.66 / Sare Dicó, na estrada Fajonquito-Canjambari / Ferimentos em combate / Calendário, Vila Nova de Famalicão / Cemitério de Bafatá, Campa 24, Guiné.

Artur Mário Ferreira Duque, Soldado / CCS BCav 757 / 11.01.66 / Sare Dicó, na estrada Fajonquito-Canjambari / Ferimentos em combate / Carnaxide, Oeiras / Cemitério de Bafatá, Campa 29, Guiné.

José Mota Brás, Soldado / CCS BCav 757 / 11.01.66 / Sare Dicó, na estrada Fajonquito-Canjambari / Ferimentos em combate / Casével, Santarém / Cemitério de Bafatá, Campa 31, Guiné.

José Salvado Dias Raposo, Soldado / CCS BCav 757 / 11.01.66 / Sare Dicó, na estrada Fajonquito-Canjambari / Ferimentos em combate / Fundão (**) / Cemitério de Bafatá, Campa 23, Guiné.

Américo Mateus Jorge, Soldado / CCav 1482 / 16.01.66 / Estrada Amedalai-Taibata / Ferimentos em combate / Sobral da Lagoa, Óbidos / Cemitério de Bambadinca, Campa 8, Guiné.

António Ramos Leal, Soldado / Pel Rec 963 / 18.01.66 / Guilege, junto à fronteira / Ferimentos em combate / Capinha, Fundão / Cemitério de Bissau, Campa 89, Guiné.

Augusto Figueira Caria, 1.º Cabo / Pel Rec 963 / 18.01.66 / Guilege, junto à fronteira / Ferimentos em combate / Penamacor / Cemitério de Bissau, Campa 90, Guiné.

José Luís Duarte, Soldado / Pel Rec 963 / 18.01.66 / Guilege, junto à fronteira / Ferimentos em combate / Ferreira do Zêzere / Cemitério de Bissau, Campa 88, Guiné.

José Rodrigues Vicente, Soldado / CCS BCav 757 / 01.02.66 / Bafatá / Acidente de viação / São Bartolomeu de Messines, Silves / Cemitério de Bafatá, Guiné.

Manuel Fonseca Afonso, 2.º Sargento Pel Rec 1077 / 07.02.66 / Cacine / Acidente de viação / Castelo Branco / Cemitério de Bissau, Campa 222, Guiné.

Alberto Simões Crespo, 1.º Cabo / CCav 1483 / 13.02.66 / Cassum / Ferimentos em combate / Benavente / Corpo não recuperado.

Júlio Manuel de Jesus Joaquim, Soldado / CCav 1485 / 13.02.66 / Cassum / Ferimentos em combate / Alcanede, Santarém/ Cemitério de Bissau, Campa 148, Guiné.

Juvenal Gonçalves, Soldado / CCaç 1439 / 28.02.66 / Bambadinca / Afogamento / São Vicente, Madeira / Cemitério de Bambadinca, Fila 1, Campa, 9, Guiné.

António Gonçalves Santos, Soldado / CCaç 1424 / 04.03.66 / Guilege, junto da fronteira / Ferimentos em combate / Erada, Covilhã / Cemitério de Bissau, Campa 383, Guiné.

António Alves Maria da Silva, Soldado / CCaç 674 / 06.03.66 / Jabadá / Ferimentos em combate / Erada, Covilhã / Cemitério de Bissau, Campa 247, Guiné.

Manuel Silveira Reis, 1.º Cabo / CCaç 1438 / 10.03.66 / Salancaur / Ferimentos em combate / Feteira, Horta, Açores / Cemitério de Bissau, Campa 277, Guiné.

Manuel Vieira Ferreira, Soldado / CCaç 1438 / 11.03.66 / Salancaur / Ferimentos em combate / Praia da Vitória, Açores Cemitério de Bissau, Campa 276, Guiné.

Alberto Tibúrcio da Silva, Soldado / CCaç 797 / 18.03.66 / Tite / Ferimentos em combate /Edrosa, Vinhais / Cemitério de Bissau, Guiné.

Adolfo do Nascimento Piçarra, Soldado / CCaç 1427 / 20.03.66 / Catesse / Ferimentos em combate / Ferradosa, Alfândega da Fé / Cemitério de Catió, Guiné.

Albino Teixeira Martins, Soldado / CCaç 1427 / 20.03.66 / Catesse / Ferimentos em combate / Cachopo, Tavira / Corpo não recuperado.

Domingos Ramos Rodrigues, Soldado / Pel Morteiros 1041 / 24.03.66 / Banjor / Ferimentos em combate / Penamacor / Cemitério de Bafatá, Campa 35, Guiné.

Libânio Pires, Soldado / CCaç 1422 / 20.04.66 / Farim / Acidente de viação / Troviscal, Sertã / Cemitério de Farim, Campa 12, Guiné.

António da Silva Monteiro, Soldado / CArt 1526 / 21.04.66 / Estrada Binar-Taura / Ferimentos em combate / Livração, Marco de Canavezes / Cemitério de Bissau, Campa 286, Guiné.

Carlos José da Costa, Soldado / CArt 731 / 23.04.66 / Binta / Afogamento / Ferreira do Alentejo / Corpo não recuperado.

Dionísio Rocha Lourenço, 1.º Cabo / CCav 1485 / 26.04.66 / Biambe / Ferimentos em combate / Santa Iria de Azóia, Loures / Cemitério de Bissau, Campa 284, Guiné.

José Gomes Rodrigues, Soldado / CCaç 1423 / 27.04.66 / Ingué / Ferimentos em combate / Castelo, Sertã Corpo não recuperado.

José António Leonor, 1.º Cabo / CCaç 1501/ 30.04.66 / HM241, Bissau / Ferimentos em combate / Estrada-Mansoa-Cutia a 29.04.66 / Coelhoso, Bragança / Cemitério de Bissau, Campa 285, Guiné.

Joaquim dos Santos, Soldado / CCav 787 / 23.05.66 / Teixeira Pinto / Ferimentos em combate / Carvalhal Benfeito, Caldas da Rainha / Cemitério de Bissau, Campa 516, Guiné.

Aurélio da Silva Barbosa, Soldado / CCav 789 / 24.06.66 / Itinerário Binar-Bula / Ferimentos em combate / Buarcos, Figueira da Foz / Cemitério de Bissau, Campa 466, Guiné.

Francisco António Fernandes Lopes, Soldado / CCaç 1566 / 25.08.66 / Estrada S. João-Nova Sintra / Ferimentos em combate / Estômbar, Lagoa / Cemitério de Bolama, Campa 24, Guiné.

José Maria Fernandes Carvalho, Soldado / CCaç 1566 / 25.08.66 / S. João Doença Aião, Felgueiras / Cemitério de Bolama, Campa 25, Guiné.

Manuel Pacheco Pereira Junior, Soldado / CCaç 1439 / 06.10.66 / Mato Cão / Ferimentos em combate / São Miguel, Açores / Cemitério de Bambadinca, Talhão Militar, Fileira 2, Campa 1 .

Alberto Teixeira Santos, Soldado / Pel Rec 1077 / 28.10.66 / Cacine-Cameconde / Ferimentos em combate / Vidago, Chaves / Cemitério de Bissau, Guiné.

Almiro Celeste, Soldado / CCaç 1588 / 08.11.66 / HM241, Bissau / Ferimentos em combate / Estrada Cutia-Mansoa / Travancas, Cinfães / Cemitério de Bissau, Talhão Militar, Talhão 10, Fileira 7, Campa 1, Guiné.

Manuel Augusto Carteira, 1.º Cabo / CCaç 1588 / 08.11.66 / HM241, Bissau / Ferimentos em combate / Estrada Cutia-Mansoa / Lagoaça, Freixo de Espada à Cinta / Cemitério de Bissau, Talhão Militar, Talhão 9, Fileira 8, Campa 7, Guiné.

José Pedro Correia, Soldado / CCS BCaç 1858 / 25.11.66 / Estrada Cufar-Cantone / Ferimentos em combate / Bagueixe, Macedo de Cavaleiros / Cemitério de Bissau, Guiné.

Martinho da Costa Moreira, Soldado / CCav 1485 / 16.12.66 / Encheia / Afogamento / Santa Maria do Avioso, Maia / Cemitério de Bissau, Guiné.

1967

Joaquim Cordeiro da Silva Monteiro, Soldado / CArt 1648 / 18.03.67 / Tel / Ferimentos em combate / Macieira, Leiria / Corpo não recuperado.

Miguel Ferreira da Costa, Soldado / CArt 1648 / 18.03.67 / Tel / Ferimentos em combate / Torrados, Felgueiras / Corpo não recuperado.

António Reis Vieira, Soldado / CCaç 1588 / 15.06.67 / Itinerário Caium-Piche / Ferimentos em combate / Santo António da Serra, Machico, Madeira / Cemitério de Bissau, Guiné.

João David Oliveira, Soldado / CCaç 1588 / 15.06.67 / Itinerário Caium-Piche / Ferimentos em combate / Fornelos, Fafe / Cemitério de Bissau, Guiné.

Artur Furtados Medeiros, Soldado / Pel Morteiros 1065 / 19.06.67 / Farim / Ferimentos em combate / Nordeste, S. Miguel, Açores / Cemitério de Bissau, Guiné.

António da Silva Domingos, 1.º Cabo / CCav 1693 / 21.06.67 / Estrada CheChe –Nova Lamego / Ferimentos em combate / Vaqueiros-Alcoutim / Cemitério de Bissau, Guiné.

Armando Bernardo Barbosa, 1.º Cabo / CArt 1647 / 09.08.67 / Bula / Ferimentos em combate / Massarelos, Porto / Corpo não recuperado.

Manuel da Costa Sacramento, Soldado / CCav 1649 / 16.08.67 / HM241, Bissau / Ferimentos em combate / Estrada Cacheu-Ponte Alferes Nunes / Montalvão, Nisa / Cemitério de Bissau, Guiné.

António Manuel Cabeçana, Soldado / CCaç 1686 / 07.10.67 / Tenha-Locher / Ferimentos em combate / Sé, Évora / Corpo não recuperado.

Manuel Joaquim Várzea do Sado, Soldado / CCaç 1686 / 07.10.67 / Tenha-Locher / Ferimentos em combate / Vendas Novas / Corpo não recuperado.

José Ferreira de Oliveira, Soldado / CCaç 1551 / 15.10.67 / Saltinho / Afogamento / Antas, Vila Nova de Famalicão / Corpo não recuperado.

António Pires Correia, Soldado / CArt 1691 / 11.12.67 / Cumbamori (Senegal) / Ferimentos em combate / Favaios, Alijó / Corpo não recuperado.

José Miranda, Soldado / CCS BCaç 1887 / 11.12.67 / Cumbamori (Senegal ) / Ferimentos em combate / São Martinho de Moura, Resende / Corpo não recuperado.

Joaquim Pinto de Sousa, 1.º Cabo / CArt 1742 / 19.12.67 / Canhagina / Ferimentos em combate / Verride, Montemor-o-Velho Corpo não recuperado (2).

_____________

Notas de AML:


(*) Fonte: Tomo II, Guiné - Livro 2, do 8º Volume, Mortos em Campanha, da autoria de CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África. Editado em 2001 pelo Estado Maior do Exército. Desta lista estão excluídos os naturais da Guiné.

(**) Na Ficha da Unidade não consta nada desta situação. Houve mais 6 mortos, 4 deles guineenses e 2 sepultados na metrópole.

(***) Houve mais 3 mortos, um deles guineense (não recuperado). Nenhuma das companhias fala disto.

(****) Companhia formada nos Açores.

(*****) Caminho para Sinchã Jobel, subsector de Geba, Zona Leste

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Nota dos editores:


(1) Vd. postes anteriores desta série:

28 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2799: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (1): De 1963 a 1964 (A. Marques Lopes)

30 de Abril de 2008 >
Guiné 63/74 - P2802: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (2): 1965 (A. Marques Lopes)

(2) Esta lista enferma de algumas falhas: por exemplo, não consta a presumível morte, em 10 de Setembro de 1966, por afogamento, do soldado da CCAV 1484, José Henriques Mateus, natural da Areia Branca, Lourinhã, no decurso da Op Pirilampo, numa das matas do Cantanhez, na região de Tombali, sector de Bedanda.

Vd. poste de 19 de Abril de 2007 >
Guiné 63/74 - P1676: Vivo ou morto, procura-se o Soldado Mateus, da CCAV 1484, natural da Lourinhã (Benito Neves)



(...) "Quando as NT atravessavam o rio TOMPAR [, afluente do Rio Cumbijã, a sudoeste de Bedanda], afogou-se o soldado nº 711/65, José Henriques Mateus, da CCAV 1484, não tendo sido possível recuperar o seu corpo, apesar de todas as buscas efectuadas" (...)