segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 – P7392: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XII): Sobre a nova Série do nosso Blog “O fim do Império português na Guiné” do nosso camarigo Magalhães Ribeiro



1. Mensagem de Vasco da Gama* (ex-Cap Mil da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74) , com data de 6 de Dezembro de 2010:

Junto anexo mais uma Banalidade desta feita referente ao post do nosso camarada M.R.

Um abraço para todos.
Vasco da Gama



BANALIDADES DA FOZ DO MONDEGO - XII

Sobre a nova Série do nosso Blog “O fim do Império português na Guiné” do nosso camarigo Magalhães Ribeiro.

Estive na Guiné no período de Outubro de 1972 até finais de Agosto de 1974, a maior parte do tempo passado no Cumbijã, tabanca que havia sido abandonada julgo que em 1966 e que a minha companhia, a Companhia de Cavalaria 8351, companhia independente às ordens do Comando Chefe veio a reocupar nos princípios de 1973, então território de terra queimada sem o mínimo vestígio de gentes mas profusamente atulhado de minas que, pacientemente, fomos levantando até rapidamente termos ultrapassado o quarteirão, entre as antipessoal e as anticarro, simples ou recheadas com mais ou menos armadilha, tarefa que finda nos permitiu colocar duas fiadas de arame farpado para que pudéssemos erguer as nossas “moradias”, nem mais nem menos que as tendas de campanha, cavar umas valas e aguentar firme…

Entre o assalto a Nhacobá, a protecção diária à estrada Quebo-Nhacobá e à estrada Quebo-Buba num período posterior, vivíamos num perfeito isolamento, onde as notícias chegavam sempre atrasadas e onde, juro-vos, nunca ouvi falar de Migs nem de Cop’s nem nunca me deram conhecimento superior de Guidaje nem Gadamael e se o Guileje não nos passou despercebido foi porque os embrulhanços eram perfeitamente audíveis tanto no Cumbijã como em Nhacobá, tão perto e tão longe estávamos dos nossos camaradas da CCav 8350.

Ao chegar a este espaço que é o nosso Blog “Luís Graça e Camaradas da Guiné”, fi-lo sobretudo para aprender com camaradas que vivendo experiências diferentes da minha me completassem o pouco que sabia da Guiné, no seu conhecimento estrutural, também para emitir uma ou outra opinião que ajudasse a escrever a história da Guiné, homenagear os meus queridos camaradas para que os seus nomes não ficassem esquecidos, mesmo dos mármores que vão aparecendo aqui e acolá, se calhar mais em jeito de sossegar consciências de quem “ordena” do que propriamente homenagear os nossos mortos, os nossos feridos, os nossos camaradas que se vão suicidando ou estendendo a mão à caridadezinha.

Só o ler nos princípios orientadores do nosso espaço que aqui “não nos insultamos uns aos outros, que somos capazes de conviver civilizadamente com as nossas opiniões diferentes, sejam elas políticas, religiosas ou outras” encheu-me de alegria tal que de pronto me desinibi para escrevinhar aqui e acolá e comentar esta ou aquela opinião.

Faço-o agora, e de pronto, ao post 7388, não pretendendo beliscar minimamente o interesse documental das fotografias que o M.R. começou a publicar, iniciativa que aplaudo enquanto amante da aprendizagem sobre a Guiné.

Ao ler a introdução à nova série do nosso camarigo M.R. que hoje se inicia onde expressa em letras garrafais, cuja utilização a outros criticou, o conceito “de ultramar português”, para de seguida apelidar alguns camaradas ex-Combatentes de ignorantes, de ressabiados, de fantoches apalhaçados, de idiotas, de serventias lacaias, que deturpam factos e acontecimentos porventura fatais à lealdade e veracidade que se exige nos registos paginais”, temendo que esses “tipos” deturpem a História de Portugal se calhar, apenas e só, por não pensarem como ele.

Não, não gostei de ler esta introdução e entristeceu-me a linguagem utilizada, eventualmente porque serei ignorante no seu entendimento, e dizer ainda antes de tocar em meia dúzia de coisas, que o 25 de Abril (por extenso, para que todos entendam) é por mim considerado como o dia da Liberdade que devolveu aos portugueses a possibilidade de aqui, ou em outro qualquer lado, discutirem com todo o àvontade o que o regime salazarista nos impedia de fazer, trocando sem medos de espécie alguma os nossos argumentos.

Não foi o 25 de Abril que colocou nas rédeas da governação este ou aquele partido, deu apenas e só ao povo a possibilidade de o fazer, o que há muito lhe era vedado: ir às urnas expressar o dever sagrado do voto, de participar activamente na eleição dos seus governantes.

Escolhemos mal? Culpemo-nos a nós que os elegemos mas deixemos o 25 de Abril sossegado.

Caro Pira de Mansoa, ao teu conceito de ultramar português, faltam algumas coisas, em meu modesto entender, apesar de também conhecer, como tu, muitas famílias
simples e trabalhadoras que, obtido que fosse o passaporte salazarista, para lá, sobretudo Angola, se deslocavam trabalhando no pequeno comércio ou na função pública conseguindo melhor sustento que a pátria salazarista lhes negava.

É que não te podes esquecer das famílias portuguesas que ascenderam a grandes patamares de riqueza à custa do controlo das matérias primas das colónias, não te podes esquecer da exploração da mão de obra indígena, do aproveitamento da escravatura, do absoluto desprezo pelos direitos dos trabalhadores, da inexistência de condições laborais com o mínimo de dignidade, da exploração da mão de obra infantil.

Administrámos territórios que foram “nossos” durante séculos a fio e estamos de mãos lavadas face à situação catastrófica em que a “nossa” Guiné se encontra?
A “nossa” Guiné, é por ela que o nosso Blog existe, ocupava o lugar n.º 175 entre 177 países no que ao índice de desenvolvimento humano diz respeito (é o terceiro pior país do mundo para se viver), tem uma mortalidade infantil de 200 por mil e um Produto Interno Bruto (P.I.B.) inferior à facturação anual de várias empresas portuguesas.

Só mais uma coisa, dizes que os portugueses procuravam uma terra que lhes desse o que não lhes era dado no Continente, justificando assim a sua ida para África…

É verdade.

E o que fazemos nós, os europeus, sim, além de Portugal também a Bélgica, a Inglaterra, a Alemanha, a França etc. foram potências colonizadoras, o que lhes damos em troca aos africanos que procuram aqui apenas e só o sustento que lhes mate a fome?
Impedimos a sua entrada, não com arcos e flechas, mas com armas mais mortais; as do racismo, da indiferença, da miséria, do desemprego ou fechando-os em guetos.

Escolherás o saco onde me catalogarás, mas deixa-me dizer-te que em minha opinião os maiores amigos da Guiné são os nossos camaradas combatentes, tenham feito a guerra por amor à pátria ou obrigados, como foi o meu caso.

Não os insultes!

Do meu Buarcos lindo, hoje carregado de nuvens cinzentas, com as paredes da minha casa brilhantes de humidade, a parecerem-se com a tristeza dos meus olhos, vos deixo, a todos, camarigos um abraço fraterno.

Vasco Augusto Rodrigues da Gama
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7130: (Ex)citações (101): Sensatez e rigor no Nosso Blogue (Vasco da Gama / José Brás)

Vd. último poste da série de 5 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 – P6675: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (XI): O escritor, o teatrólogo e o atrevido escrevinhador

Guiné 63/74 - P7391: Blogues da nossa blogosfera (40): Amadu Bailo Djaló, agora em Londres: Guineense, Comando, Português (Idriça Djaló)


O Blogue do nosso camarada Amadu Djaló

Há para já três comentários:

(i) Parabéns! É sempre estimulante ver que os Comandos,  que foram criados em Angola no ano de 1963 em Kibala Norte,  fizeram coisas extraordinárias e hoje no Afeganistão são  um exemplo a seguir! Congratulations! Atentamente, F.Gonçalves da Silva, Imigrante Português em Inglaterra.

(ii) I am so proud of my dad, he accomplished so much in life he been through alot. He is the best father in the whole world. Congratulations,  dad,  I love you. Love from your daugher, Assanato Djalo.

(iii)  Meu camarigo (camarada e amigo) Amadu:  Soube pelo teu mano Briote que estavas agora em Londres, ao pé dos teus filhos. Nós estamos bem onde estão os nossos entes queridos. Desejo-te boa estadia e boa saúde. Esse clima não é o melhor para os teus problemas respiratórios. Em contrapartida, tens o carinho e o amor da tua família. Na vida nunca temos tudo. Sei também do teu desejo de ainda voltar à tua terra, à nossa querida Guiné. Vamos manter acesa a chama da esperança. Isso vai concretizar-se, esse teu sonho. Até lá ficamos também a aguardar a publicação do teu 2º livro de memórias. É importante que o completes. Confia no Briote, que tem sido mais do que teu amigo e irmão. E confia em nós, os membros do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, onde tens muita gente que te estima, admira e leu o livro. Deixa-me referir que já tens no nosso blogue 33 referências, ou seja, postes que são sobre ti ou que te fazem referência. Parabéns por este blogue que te abriu o teu filho Adriça. Mas é preciso alimentá-lo... Prometemos vir cá de vez em quando... Um Alfa Bravo (ABraço). Mantenhas para toda a família. Luís Graça

1. Mensagem que o filho do nosso camarada Amadu Dajaló enviou ao nosso blogue através do Virgínio Briote:

Exmo. Sr. Briote,

Antes de mais um Bem Haja.

Sou Idriça Djaló, filho do Sr. Amadu Bailo Djaló [, foto à esquerda].

Gostaria de informar que já abri um email para o meu pai: ABDjaloguicomandoportugues@hotmail.co.uk

E por outro lado já abri um blogue onde pessoas podem deixar comentários. Quem quiser entrar em contacto, com privacidade,  envia um email.

Este é o endereço do blogue:  http://www.guineensecomandoportugues.blogspot.com

Os meus cumprimentos.

Atentamente, Idriça Djaló
_______________

Nota de L.G.:

Vd. último poste desta série > 4 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7222: Blogues da nossa blogosfera (39): Vitor Mendes, marinheiro radiotelegrafista, N.R.P. Orion, 1970/1971

Guiné 63/74 - P7390: Blogpoesia (94): Pesadelo (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de  2 de Dezembro de 2010:

Carlos,
Desculpa que hoje é de rajada.
Aqui vão três sextilhas tituladas como "Pesadelo".

Abraço
Manuel Maia


Pesadelo

De um e outro lado da refrega,
em sofrimento atroz, ninguém o nega,
famílias "vivem" esta guerra horrenda...
P`ra história da Guiné, foi contributo
de esposas, pais, irmãos, pesado luto,
milhares em onze anos de contenda...


A vós, familiares dos contendores,
dum lado e d`outro todos sofredores,
pergunto como estais do vosso luto...
A vós a quem roubaram entes queridos,
na flor da idade, jovens destemidos,
perdidas vidas num fatal minuto...


Tamanho do vazio que sentis,
convosco, nós a quem destino quis
do inferno regressados, partilhamos...
Em quantas noites pesadelo empurra,
de volta à luta tuga versus turra,
e em sofrimento horrível acordamos?

__________

Nota de CV:

Vd. poste de 5 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7383: Blogpoesia (93): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (9) (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P7389: (Ex)citações (116): Ainda os Mig... e outras coisinhas (José Brás)

1. Mensagem de José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 5 de Dezembro de 2010:


Ainda os MIG
E outras coisinhas


Afinal, amigo Graça Abreu, não entendeste o essencial do que escrevi, e isso muito me surpreende, mesmo que admita a minha pouca competência na construção das imagens que quis construir no que disse.
Surpreende-me por te saber homem inteligente culto e sabedor, muito mais do que eu, dentro dos processos de construção da comunicação e, portanto capaz de destrinçar bem mesmo pelo meio do que terei dito com pouco talento.

E vendo bem, o que me parece é que apenas quiseste usar o que eu não disse para dizeres tu o que querias dizer. Quando se quer chegar aí, tu sabes, está sempre à mão o "ardil" do laboratório, bisturi para separar sentenças no meio de um texto, meter lupa para dentro do separado, dissecar e reconstruir de outra forma.

Não te acuso de nenhum crime e nem sequer de ofensa porque esta forma de fazer as coisas e de defender a nossa dama pode até ser positiva no aprofundar de um debate que pretenda entender as coisas, acima de tudo.

Mas vamos por partes, primeiro revendo o que eu quis dizer e o que eu disse; depois, revendo o que tu "pescaste" no meio, a fim de lhe encontrarmos o significado, a intenção e o seu valor objectivo, se isso é coisa que se consiga.

Vamos lá ver, então, ao que eu disse, querendo dizer.

No meu texto podemos descobrir quatro (4) partes que podem distinguir-se com clareza umas das outras:

1.º - O reconhecimento da qualidade do texto do camarigo Tenente General António Martins de Matos, tanto na vertente da análise tão objectiva quanto possível de uma realidade, como no escorreito da escrita usada;

2.º - A constatação de um espírito colectivo de camaradagem dentro da Tabanca Grande, que, sem matar as diferenças individuais, está a permitir um convívio saudável e mesmo um debate mais objectivo e criador, garantindo sempre a possibilidade do abraço;

3.º - A recusa de certas formas de afirmação das diferenças nesse debate incontornável e, mais ainda por afirmações que num curto texto de meia dúzia de palavras, introduzem sem qualquer dúvida conceitos ao reverso do social democrático no entendimento do ser humano na sociedade;

4.º - Uma deambulação pelos conceitos de vitória e derrota nesta caso objectivamente específico, destrinçando a realidade possível no terreno de operações de combate, e a realidade também possível da consequente solução política no caminhar da história dos povos.

E se no primeiro e no segundo casos nem vale a pena dissertar, porque havemos de estar de acordo pleno, já no terceiro e quarto, podendo ou não divergir, e divergindo, possa a divergência ser superficial e parcial ou profunda e total, devemos adiantar mais alguma coisa, pegando no texto do Luís Dias, porque no fundo, foi ele que originou o meu primeiro.

E como o texto/comentário dele é mínimo em palavras, têm, necessariamente de ressaltar duas ou três ideias/força que nele se contêm, não sendo, portanto, abusivo separá-las e comentá-las.

Não conheço o camarigo Luís Dias, não sei do seu pensamento mais profundo sobre a vida e o mundo em geral, nem sequer sobre a questão particular da Guiné.
Por isso e sem nenhum propósito redutor, admito até que tenha dito o que disse, com alguma ligeireza e sem outro objectivo do que o de manifestar apoio ao escrito de Martins de Matos e de renovar a sua convicção pessoal sobre o resultado na perspectiva militar.

Contudo, como sempre ouvi dizer que de boas intenções está o inferno cheio, não me contive sem tocar nas três questões que ressaltam do seu curto escrito.

A - Será desta que alguns deixam de nos impingir a estrondosa derrota militar, que nos estava preparada pelo PAIGC(?)

A esta questão, creio que respondi com objectividade mas, por causa de dúvidas, repito aqui o que disse antes: "devo confessar que nunca ouvi, aqui ou noutro sítio, alguém falar de estrondosas vitórias fosse de quem fosse, a não ser ao próprio PAIGC, coisa que compreendo e desculpo.", crendo que sobre esta questão fica tudo dito e que não vale a pena teimar em acusações apontadas seja a quem for.

B - "FORMA BEM MILITAR"

Que hei eu de dizer aqui, mais do que foi dito, na recusa de uma "forma" militar de estar na vida e outra "paisana". Bem sei que ainda persiste por aí, raro mas persistente aquela velha ideia de que o exército é uma reserva moral da nação, repleta de patriotismo e escola de virtudes. Contudo, todos nós descobrimos pela evidência de tantos exemplos que, não o é mais do que qualquer outra instância da organização da nação, espelho, aliás, da sociedade de onde provém e a que se obriga a servir, como qualquer outra vertente social e política, a educação, a saúde, etc..

Como vês, António, em nenhum lugar contestei a ideia do excelente e oportuno trabalho do camarigo António Martins de Matos, por trambolhões da vida Tenente General e Piloto, mas de tratamento absolutamente lhano e amistoso com todos, sejam soldados ou oficiais superiores, nesta Tabanca em que vivemos.

Antes pelo contrário, admiti e admito, que não sendo para o PAIGC a vida melhor do que para os nossos soldados; estando em minoria no que se refere ao número de homens envolvidos, divididos por etnias e crenças, cansados de anos de luta, morte e sacrifícios, que a luta podia resultar a nosso favor.

Contudo, contestei e contesto que isso significasse uma vitória que ultrapassasse o orgulho e a honra das companhias e dos batalhões em campo, e se pudesse considerar vitória total e definitiva, coisa necessariamente política e administrativa que as companhias e os batalhões têm de servir, porque não são um pais dentro do País.

Camarigo António Graça Abreu, não tinhas então grande material de apoio para o teu comentário, não fora agarrares a questão "Cada um assumindo que a verdade não é coisa só sua, nem necessariamente sua, porque é sempre feita de muitas verdades e de algumas mentiras.".

Achas tu que no caso da Guiné, não é assim porque a verdade histórica é coisa que exclui a mentira como a fundição exclui a escória. Cá por mim não me fiava muito nisso porque sei que a verdade histórica é sempre escrita pelos vencedores e se perdura no tempo, será sempre todo um povo a assumi-la, por mais inverdades que estejam nessa verdade escondidas.

Nem precisaria de ir muito longe e ficava-me pela verdade histórica deste meu e teu País que desde a sua fundação se encheu de mentiras e de verdades e que me enche de orgulho e amor por ela e por este povo que é a minha Pátria.

Um abraço
José Brás

OBS:- Negritos da responsabilidade do editor
__________

Nota de CV:

Vd. postes de :

4 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7381: (Ex)citações (114): Ainda os Mig... heróis e outras coisas (José Brás)
e
5 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7382: (Ex)citações (115): No caso da Guiné, interessa-me a verdade histórica, a verdade dos factos, o que realmente aconteceu (António Graça de Abreu)

Guiné 63/74 - P7388: Efemérides (55): Cerimónia da transição da soberania nacional na Guiné (1) (Magalhães Ribeiro)

1. Em conversa com o nosso Camarada Luís Graça, eu havia-lhe dito que possuo no meu espólio documental da Guiné, de várias fotos e documentos alusivos à cerimónia da transição da soberania nacional na Guiné, onde como sabeis eu, Eduardo José Magalhães Ribeiro, fui Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré/Mansoa/Brá – 1974. Como só agora acabei de ordenar e identificar as fotografias, inicio hoje a sua publicação.
Camaradas,
Esta matéria sobre a cerimónia simbólica da transição da soberania nacional na Guiné, para o P.A.I.G.C., foi já aqui ligeiramente abordada no blogue e vou agora desenvolvê-la na totalidade.
Devido ao seu peso informático (40 fotografias e 2 documentos históricos) terá que ser dividida em 5 postes, que tentarei colocar durante a semana que vem para que, aquelas pessoas que acompanharem a leitura, não percam a sequência de factos e fotos.
Ao iniciar esta série não posso deixar de registar o meu pensamento sobre as origens da guerra, de modo apolítico pois além de não sentir qualquer simpatia, ou nostalgia, pelo regime que cessou em 25A74, também, infelizmente, não me revejo, minimamente, nas palavras, atitudes e procedimentos dos actuais líderes dos partidos políticos da nossa tão mal servida Pátria.
Assim, resumida e pessoalmente, penso que:
O ULTRAMAR PORTUGUÊS ERA UM LEGADO HISTÓRICO DA EXPANSÃO PORTUGUESA, ANCESTRAL, REGADA COM O SACRIFÍCIO, SUOR E SANGUE DE REIS, DESCOBRIDORES, AVENTUREIROS E GUERREIROS, DESTEMIDOS, OUSADOS E VALENTES, QUE PERCORRERAM O MUNDO, LÉS A LÉS, DESCOBRINDO NOVOS MUNDOS, NOVOS POVOS, NOVOS PRODUTOS, MATERIAIS, ETC. E QUE, AO LONGO DOS SÉCULOS, FOI SENDO POVOADO E DESENVOLVIDO POR MILHARES DE PORTUGUESES, OUSADOS E DESTEMIDOS TAMBÉM ELES, À PROCURA DE UMA TERRA QUE LHES DESSE O QUE NÃO ERA DADO NO CONTINENTE, PARA SI E SEUS FILHOS E, ACIMA DE TUDO, MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA.
Revolta-me, irrita-me e desgosta-me profundamente, ler e ouvir tanto dislate e tanta burrice em inúmeras declarações de ex-Combatentes, que, ou são ignorantes, ou são ressabiados e, ou, fantoches apalhaçados de certas filosofias partidário-políticas.
E se os idiotas estão perdoados por motivos óbvios, já o mesmo não se pode dizer dos ressabiados que com as suas serventias lacaias, deturpam factos e acontecimentos que, de algum modo, podem vir a ser fatais à honestidade, lealdade e veracidade que se exige nos registos paginais que a esta matéria são, e serão, dedicadas na História de Portugal.

O fim do Império português na Guiné
Pertenci à C.C.S. - Companhia de Comandos e Serviços -, do Batalhão de Caçadores 4612/74, que foi o último batalhão que partiu para a Guiné, e também o último que de lá saiu, em Novembro de 1974, no navio Uíge.
Um dos objectivos deste contingente foi substituir o BCAÇ 4612/72, que se encontrava a prestar serviço há 22 meses na região de Mansoa e a sua última missão consistiu em assegurar a evacuação do dispositivo militar, que se encontrava estacionado naquela ex-província ultramarina portuguesa (cerca de 27 mil homens), e testemunhar alguns factos históricos.
Entre eles vou narrar um, enriquecido com 40 fotografias, que aconteceu em 9 de Setembro de 1974 - a entrega do aquartelamento de Mansoa ao P.A.I.G.C., que incluiu uma muito concorrida cerimónia oficial do último arriar da bandeira nacional e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau (simbolizando o surgir de uma nova nação), facto este que, ao mesmo tempo, incluiu a oficialização da transferência da soberania neste território.
MANSOA, 9 de Setembro de 1974
Como é do conhecimento geral, principalmente para aqueles que acompanharam as notícias, após a revolução de 25 de Abril de 1974, sobre a evolução da situação dos conflitos em África, foram quase de imediato iniciadas negociações com os movimentos de libertação, que combatiam as tropas portuguesas e que tem vindo a ser designada, ao longo dos anos, por Guerra do Ultramar ou Colonial (nas frentes de Angola, Guiné e Moçambique).
Assim, após várias reuniões para o efeito foi decidido que na Guiné, o poder administrativo, político e económico, seria transferido para os guerrilheiros do P.A.I.G.C., incluindo-se a cerimónia oficial durante a entrega do aquartelamento de Mansoa, como foi referido no dia 9 de Setembro de 1974.
Estiveram presentes nessa cerimónia; os militares da C.C.S. do batalhão 4612/74 comandada pelo major Ramos de Campos, o CMDT do mesmo batalhão – ten cor Américo C. Varino -, um bi-grupo de combate do P.A.I.G.C., um grupo de pioneiros do mesmo partido, Amélia Araújo (Maria Turra), Ana Maria Cabral (viúva de Amílcar Cabral) e seu filho, vários comandantes dos sectores norte, centro e sul do P.A.I.G.C. e suas mulheres, o comissário político do P.A.I.G.C. - Manual Ndinga e - em representação do C.E.M.E. do C.T.I.G. -, o major Fonseca Cabrinha.
À cerimónia compareceram ainda uns largos milhares de nativos locais, de diversas etnias: papéis, balantas, fulas, futa-fulas, mandingas, manjacos, etc., e umas dezenas de jornalistas de todo o mundo.
A bandeira foi arriada por mim e desta cerimónia possuo 40 fotografias, que me foram oferecidas por um dos fotógrafos suecos.
Este acontecimento foi gravado em filme e pode ver-se inserido na série televisiva: Século XX Português, da SICnotícias – Episódio sobre a “Descolonização”, acompanhado de uma entrevista guiada pelo jornalista Mário Augusto, sobre diversos factos por mim vividos nesse tempo.
P.S.: Segundo vim a saber posteriormente, após a saída do BCAÇ 4612/74 ficaram ainda em Bissau, durante mais algum tempo, dois pequenos destacamentos de tropa portuguesa, um na já ex-BA 12 - em Bissalanca e outro nas instalações que eram da Marinha, colaborando na transição e transmissão de técnicas, conhecimentos e experiências de navegação aérea e marítima, com elementos do P.A.I.G.C.


Anexo à Ordem de Serviço da CCS do BCAÇ 4612/74, do dia 6 de Setembro de 1974, assinado pelo Comandante da Companhia - Capitão António Marques Fontes -, que determinava a distribuição do pessoal de serviço, na entrega do aquartelamento e as respectivas competências de cada um. A mim, um Operações Especiais, tocou-me entregar: a cantina, a arrecadação de géneros e o refeitório, por o vaguemestre ter sido evacuado devido a doença (cirrose).


Eu a dirigir-me para o meu posto e ao fundo pode ver-se a porta-de-armas e a massiva afluência de populares que queria ser os primeiros a testemunhar in locco os factos

O Fur Mil Mec Armamento Fernandes, distribuindo entre os guerrilheiros do PAIGC, várias metralhadoras portuguesas HK-21, para eles montarem a segurança dos seus homens, no quartel, durante a cerimónia

A chegada de uma viatura, proveniente de Bissau, com um grupo de pioneiros do PAIGC


Abertura da cancela da porta-de-armas ao povo


Muitos populares foram contidos à distância e em respeito por alguns guerrrilheiros do PAIGC, podem ver-se à frente os djubis locais


A formação ordenada dos pioneiros (juventude educada e doutrinada) do PAIGC

Dois jovens pioneiros

Duas jovens pioneiras


As mulheres dos comandantes dos sectores operacionais norte, centro e sul do dispositivo militar territorial do PAIGC


Outro aspecto das mulheres dos comandantes dos sectores operacionais norte, centro e sul do dispositivo militar territorial do PAIGC
(continua)
Um abraço,
Magalhães Ribeiro
ex-Fur Mil OpEsp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74

Documentos e fotos: © Eduardo José Magalhães Ribeiro (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Guiné 63/74 - P7387: Os Anos da Guerra Colonial (1961-1975), de Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes (1): Um obra enciclopédica, de 838 pp.


Título: Os Anos da Guerra Colonial (1961 - 1975) (*)
Autores: Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes
Editora: Quidnovi
Local: Matosinhos
Ano: 2010
Formato: Brochado
Nº pp.: 838
Preço de cappa: c. 45€

Infelizmente não pude estar presente, por razões profissionais,  na sessão de lançamento do livro dos nossos camaradas Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, no passado dia 29  de Novembro (*). Gostaria de ter podido lá estar, para dar um abraço a estes dois autores, e manifestar-lhes o meu apreço e o meu respeito pelo seu labor enciclopédico e historiográfico.

Já conheço o essencial da obra, através dos 16 volumes que foram lançados em 2009 pelo Correio da Manhã, sob a chancela da QuidNovi. Mas sei que o livro, de 838 pp.,  traz algumas melhorias (e correcções) em relação à edição anterior,  distribuída em fascículos. De qualquer modo, ficam aqui os nossos votos de sucesso para mais esta obra monumental  de historiografia da guerra colonial que passa a ser de incontornável referência.

O livro conta ainda com a colaboração do historiador catão Joseph Sánchez Cervelló (que conheci em Bissau, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje, 1-7 de Março de 2008, foto à esquerda, na Amura, com o Matos Gomes; fez o seu doutoramento com uma tese sobre a Revolução Portuguesa e sua Influência na Transição Espanhola, 1961-1976, de que há um livro, em português, editado pela Assírio e Alvim, 1993).A colaboração é ainda extensiva aos portugueses David Martelo, Nuno Santa Clara Gomes, João Moreira Tavares, Sandra Araújo e Dulce Afonso. 

Sinopse

Saber o que aconteceu durante os anos de 1961 a 1975, os anos em que a Guerra Colonial esteve no centro da nossa História, das nossas vidas. Saber o que aconteceu em cada um dos locais onde a guerra foi travada, nas “picadas” mais perigosas, nas “matas” do Norte de Angola e de Moçambique, nas “chanas” do Leste, nas “bolanhas” da Guiné, a bordo de navios e lanchas, de aviões e de helicópteros. Saber o que pensaram os homens que decidiram a guerra, que a conduziram, que a fizeram de ambos os lados. Mas pretendemos também Compreender. Compreender por que foi assim que os factos aconteceram, por que foram escolhidas estas soluções e não outras. Compreender as dúvidas dos homens que tiveram de decidir num momento o caminho a seguir e ajudar a perceber as consequências dessas decisões. É, pois, sobre o Saber mais e o Compreender melhor os anos da Guerra Colonial que trata esta obra.

Sobre os autores:


ANICETO AFONSO

(i)  Coronel do Exército na situação de Reforma; 
(ii) Nasceu em Vinhais em 1942;
(iii)  Fez os estudos secundários em Bragança;
(iv) Concluiu o curso de Artilharia da Academia Militar em 1963;
(v) Cumpriu comissões em Angola (1969-71) e em Moçambique (1973-75);
(vi) Fez a licenciatura em História pela Faculdade de Letras de Lisboa em 1980 e o Mestrado em História Contemporânea de Portugal pela mesma Faculdade em 1990;
(vii) Foi professor de História na Academia Militar de 1982 a 1985 e de 1999 a 2005;
(viii) Foi director do Arquivo Histórico Militar (Lisboa) de 1993 a 2007, integrando vários grupos de trabalho e comissões relacionadas com os arquivos militares, a documentação e a História;
(ix) Foi responsável pelo Arquivo da Defesa Nacional de 1996 a 2007;
(x) É membro da Comissão Portuguesa de História Militar e do Comité dos Arquivos da Comissão Internacional de História Militar, desde 1998; 
(xi) É investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa e autor de várias obras, incluindo O Meu Avô Africano, editado pela Casa das Letras (2009).

CARLOS DE MATOS GOMES  [, foto à esquerda, Guiné-Bissau, Bissau, Amura, 7 de Março de 2008. Foto de L.G.]

(i) Coronel do Exército, na situação de reserva;
(ii) Nasceu a 24 de Julho de 1946 em Vila Nova da Barquinha;
(iii) Fez os estudos secundários no Colégio Nun’Álvares, de Tomar e o curso de Cavalaria da Academia Militar;
(iv) Durante a guerra colonial cumpriu três comissões, em Moçambique, Angola e Guiné, nas tropas “Comando”;
(v) Foi ferido e condecorado;
(vi) Foi auditor do Curso de Defesa Nacional, do Instituto de Defesa Nacional;
(vii) Paralelamente à carreira militar desenvolveu desde 1983 uma continuada actividade literária, tendo escrito argumentos, romances e várias obras de cariz histórico; como ficcionista usa o pseudónimo Carlos Vale Ferraz, entre eles o Nó Cego, considerado já um clássico não só da literatura da guerra colonial, como da literatura lusófona.


Fonte: Adapt. parcialmente de Quidnovi



Lisboa > Centro Comercial Plaza, nas Picoas > Livraria Bertrand  > 30 de Novembro de 2010 > 18,30 h > Sessão de lançamento do  livro “Os Anos da Guerra Colonial, 1961-75”, da autoria dos nossos camaradas Aniceto Afonso e Carlos Matos, editado pela QuidNovi. Na mesa,  da esquerda para a direita: Joaquim Furtado (apresentador da obra), Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso (autores)

Foto: Cortesia de QuidNovi (página no Facebook) (**)
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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 25 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7332: Agenda Cultural (91): Lançamento do livro Os Anos da Guerra Colonial, de Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, dia 30 de Novembro de 2010 na Bertrand Picoas Plaza, Lisboa (Carlos Matos Gomes)
 
(**) A QuidNovi, com sede em Matosinhos, é  "uma editora especializada na produção de livros e outros conteúdos para venda associada a jornais". Desde a sua fundação, em 1995, a editora tem colaborado regularmente com todos os principais jornais e revistas portugueses.


O sucesso deste projecto  levou a empresa A dar um novo passo, criando paralelamente uma "editora tradicional", orientada para o mercado livreiro. A  QuidNovi surge assim, em 2005, "com esta nova faceta, marcando presença no mercado editorial português, com um catálogo diversificado, onde se tem destacado sobretudo pela colecção de autores portugueses, com vários títulos premiados e muito elogiados pela crítica".




domingo, 5 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7386: Convívios (286): Novo Encontro da Tabanca da Linha (2) (Benjamim Durães/Luis R. Moreira/António Marques)


1. O nosso Camarada Luís Rodrigues Cardoso Moreira (ex-Alf Mil Sap da CCS/BART 2917, Bambadinca e BENG - 1970/71), em sintonia com os nossos camaradas Benjamim Durães (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca - 1970/72), e o António Marques (ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 12 – Bambadinca - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem em 4 de Dezembro de 2010:

Novo Encontro da Tabanca da Linha

Boa tarde,  Guinéus de Portugal,

Estou a contactar-vos para divulgar mais este encontro de parte da malta que milita na Tabanca Grande, em boa hora fundada pelo Luís Graça, e que reside na zona de Lisboa e arredores.
Para os que não sabem,  já existem várias filiais da Tabanca Grande como sejam a Tabanca de Matosinhos e a Tabanca dos Melros no Grande Porto, a Tabanca do Centro com sede em Monte Real, a Tabanca da Lapónia na dita e esta a Tabanca da Linha com sede em Cascais.
Já fui a um convívio à de Matosinhos e a 2 à do Centro sempre na companhia do António Marques, agora mais conhecido por Fernando, e também já estive em Cascais.
Portanto convido-vos a inscreverem-se neste repasto. Afinal 20 aéreos não custam muito a dar, e sempre se passam algumas horas de sã camaradagem e sempre dá para nos vermos mais vezes já que os almoços das companhias são apenas 1 por ano.
As inscrições podem ser feitas para mim, para o Marques ou para o Zé Dinis.
A todos que têm contactos do pessoal de Bambadinca peço que divulguem pelos camarigos que residam na zona e possam estar interessados neste ou em próximos convívios.
Um abraço,
Luís Moreira
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Nota de M.R.:

Guiné 63/74 - P7385: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (4): "A História, tal como a ficção, não pode ficar em suspenso sem um epílogo que a justifique e lhe dê um sentido" (António-Pedro de Vasconcelos)



Amadora > Aquartelamento da Academia Militar > Grande Auditório > 29 de Novembro de 2010 > Intervenção do realizador de cinema António-Pedro de Vasconcelos, a quem coube a apresentação  do livro, A Última Missão, de José Moura Calheiros, Cor Pára Ref (*). 


A obra tem a chancela da Editora Caminhos Romanos, com sede no Porto. O texto do discurso do cineasta chegou-nos às mãos, enviado pelo Moura Calheiros  [, foto à direita, ] com a seguinte nota: "Talvez tenha interese para o blogue, segue em anexo a intervenção de António-Pedro Vasconcelos, que é uma brilhante peça literária".


Com a devida autorização do próprio, queremos também partilhar aqui, no nosso blogue, as quatro páginas do discurso de um dos nomes mais conhecidos do moderno cinema português (**) para quem "a História,  tal como a ficção, não pode ficar em suspensa sem um epílogo que a justifique e lhe dê um sentido"... É esse também o sentido do livro deste militar que honrou a sua Pátria e as forças pára-quedistas que comandou nos três teatros de operações, em África, de 1961 a 1974. (LG)




Capa do livro de José Moura Calheiros (Porto: Editora Caminhos Romanos, 2010)




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Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 3 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7375: A última missão, de José Moura Calheiros, antigo comandante pára-quedista: apresentação do livro (3): Sítio promocional



(**) António-Pedro de Vasconcelos (nascido em Leiria, em 1939), um dos realizadores que impulsionaram o movimento do chamado Cinema Novo, em Portugal. Foi autor, entre outros filmes,  do documentário Adeus até ao Meu  Regresso, de 1974.


«Filme para televisão, Adeus até ao Meu Regresso é um dos testemunhos da viragem no interior da RTP que o 25 de Abril provocou. Parafraseando, no título, a frase feita com que inúmeros soldados portugueses davam as suas 'mensagens de Natal' (na televisão) durante o período da guerra colonial, Adeus até ao Meu Regresso faz-se e estreia-se precisamente quando, pela primeira vez, a guerra dava lugar à paz e os soldados regressavam enfim: em Dezembro de 1974.


"Através do testemunho de soldados que haviam vivido a guerra na Guiné (a primeira colónia portuguesa a obter a independência após o 25 de Abril), António Pedro Vasconcelos dá-nos a dimensão de um conflito armado mas sobretudo o que dele restava na consciência do povo. Da revolta à resignaçâo, dos traumas às dúvidas, das afirmações às interrogações. Documento agarrado ao vivo, em cima da dor e do regresso, este filme é bem o retrato da retaguarda e da memória da guerra colonial, o único que, curiosamente, o cinema português ousou fazer.»  Fonte: Jorge Leitão Ramos, in  Dicionário do Cinema Português 1962-1988, Lisboa: Caminho, 1989.

Guiné 63/74 - P7384: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (1): Dias 18 e 19 de Novembro de 2010

OPERAÇÃO TANGOMAU - ÁLBUM FOTOGRÁFICO (1)

Dias 18 e 19 de Novembro de 2010

Beja Santos

Átrio do Palácio Presidencial, na actualidade: fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

Interior do Palácio Presidencial II, na actualidade: fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

Morcegos instalados no tecto do átrio do Palácio Presidencial: fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

A linda fonte em pedra do jardim em completa degradação do Palácio Presidencial: fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

Fachada da UDIB na actualidade: fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

Não há ninguém que não faça louvores à Avó Berta: fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

A Avó Berta e eu depois da choradeira: fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

Parede da sala de jantar da Pensão Central: são só homenagens à Avó Berta. Fotografia tirada na manhã de 18 de Novembro

A Maria Fausta, a mulher do Abudo Soncó, à porta de uma cantinha do Bairro Militar: fotografia tirada na tarde de 18 de Novembro

Tumblo Soncó à porta de uma cantina do Bairro Militar: fotografia tirada na tarde de 18 de Novembro

Barbearia Chiado, no Bissau Velho. Aqui cortei o cabelo por 2€. É por estas e por outras que eu quero voltar à Guiné: fotografia tirada na tarde de 18 de Novembro

Fachada da Pensão Lobato: quem vê fachadas não vê interiores. Fotografia tirada na manhã de 19 de Novembro

Fachada do Centro de Medicina Tropical, que foi uma entidade de referência da cooperação portuguesa. No conflito político-militar o Centro foi duramente atingido. Fotografia tirada na manhã de 19 de Novembro

O que resta do grande Hotel de Bissau: Fotografia tirada na manhã de 19 de Novembro

Fotos: © Mário Beja Santos (2010). Direitos reservados.
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Nota de CV:

Vd. poste de 4 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7379: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (2): O primeiro dia em Bissau