Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 28161 (1969/71) > Finais de outubro de 1970 > Receção aos "piras do BCAÇ 2927.
A equipa de reportagem da RadioTelevisão de Bissorã (RTB) registou o grande momento. Ao volante o Fur Mec Meneses, no lugar do realizador o Fur Trms Gesteiro, o operador de câmara é o 1.º Cabo Trms Carlos Senra. "A velhice saúda os piriquitos!"...Foto do álbum do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70) (*)
Fotos: © Armando Pires (2012). Todos os direitos reservados
1. Tudo começou aqui, com a entrada do João Ruivo Fernandes para Tabanca Grande, e a sua narrativa da "praxe" a que foi submetido no Xime, em dezembro de 1972. No fim, "paguei 2 garrafas de whisky e houve alegria" (sic)... Era um dos objetivos da praxe, nomeadamente aos piras, de rendição individual (**).
___________________
praxe |ch|
(grego prâksis, -eos, acção, transacção, negócio)
s. f.
1. Uso estabelecido. = COSTUME, ROTINA
2. Sistema ou conjunto de formalidades ou normas de conduta. = ETIQUETA, PRAGMÁTICA
3. O mesmo que praxe académica [: conjunto de regras e costumes que governam as relações académicas numa universidade, baseado numa relação hierárquica.
praxar |ch| - Conjugar
(praxe + -ar)
v. tr.
Submeter a praxe, nomeadamente a académica.
(grego prâksis, -eos, acção, transacção, negócio)
s. f.
1. Uso estabelecido. = COSTUME, ROTINA
2. Sistema ou conjunto de formalidades ou normas de conduta. = ETIQUETA, PRAGMÁTICA
3. O mesmo que praxe académica [: conjunto de regras e costumes que governam as relações académicas numa universidade, baseado numa relação hierárquica.
praxar |ch| - Conjugar
(praxe + -ar)
v. tr.
Submeter a praxe, nomeadamente a académica.
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(ii) O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a obra máxima de referência da nossa língua, que reune o trabalho de cerca de 150 especialistas do mundo lusófono, sob a liderança do Instituto Antônio Houaiss, diz o mesmo que o Priberam, só que com com mais detalhe:
praxe (vocábulo que entra na nossa língua por volta de 1652), s.f. > aquilo que habitualmente se faz; costuma, prática, rotina. Ser da praxe: 1. ser hábito, estar integrado nos costumes; 2. ser a norma, o procedimento correto... Sinónimo: costume. (...)
Etimologia: do grego prâksis, -eos, acção, execução, realização; empresa, condução de um caso (de guerra, de política); comércio, negócio, intriga; maneira de agir, de ser, conduta (...)
3. Luís Graça [, foto à esquerda, com o Renato Monteiro, o "homem da piroga"; Contuboel, junho/julho de 1969]:
(...) Quando cheguei ao BC 6, em Castelo Branco, em janeiro de 1969 fui "praxado", como 1º cabo
miliciano... Portanto, já há muito que a malta usava a praxe na tropa... Aliás,
a praxe é considerada como fundamental para criar "espírito de corpo"
e ajudar a "integrar" os novatos... Sempre ouvi os militares do
quadro a defender a praxe (e até a justificar os seus excessos...).
Mas depois da explicação dada pelo Serradas Pereia, fiquei mais descansado...Afinal, o "local do crime" foi Fá Mandinga, a leste de Bambadinca... Domínios do nosso alfero Cabral, poderoso régulo no meu tempo... Não estava a imaginar o Fernandes, logo á chegada, a ir dar um passeio pela antiga estrada Xime-Ponta do Inglês... De qualquer modo, o Fernandes, com dois meses de Xime, não deve ter ficado com grandes memórias... Espero ao menos que tenham sido boas... Ou, se calhar, não, porque dali foi para o hospital. Enfim, tens que desenvolver esta história... Por acaso, no blogue, não há praxes... mas se calhar devia haver! (...)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste 23 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10185: Humor de caserna (27): Recepção aospiras do BCAÇ 2927 em Bissorã, em fins de outubro de 1970 (Armando Pires)
(...) É destas praxes, destes momentos mais ou menos hilariantes, que cada um, no seu lugar e à sua maneira, preparava para receber condignamente aqueles que os vinham render, que quero dar testemunho nas fotos que se seguem. Peço desde já desculpa por algumas delas não serem “exclusivas”. De facto, algum tempo atrás, o Quim Santos, que pertenceu à CCAÇ 2781, que edita o blog “Guiné-Bissum” , pediu-me uma ou outra fotografia da sua chegada. Mas atrevo-me a oferecê-las ao nosso álbum por nele nunca ter visto semelhante tema retratado. Vamos a isso. (...)
(**) Vd. poste de 12 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11090: Tabanca Grande (396): João Ruivo Fernandes, ex-fur mil, de rendição individual, CART 3494 (Xime, dez 1972 / jan 1973), onde foi praxado... É agora o grã-tabanqueiro nº 605, apadrinhado pelo Sousa de Castro, grã-tabanqueiro nº 2
(ii) O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a obra máxima de referência da nossa língua, que reune o trabalho de cerca de 150 especialistas do mundo lusófono, sob a liderança do Instituto Antônio Houaiss, diz o mesmo que o Priberam, só que com com mais detalhe:
praxe (vocábulo que entra na nossa língua por volta de 1652), s.f. > aquilo que habitualmente se faz; costuma, prática, rotina. Ser da praxe: 1. ser hábito, estar integrado nos costumes; 2. ser a norma, o procedimento correto... Sinónimo: costume. (...)
Etimologia: do grego prâksis, -eos, acção, execução, realização; empresa, condução de um caso (de guerra, de política); comércio, negócio, intriga; maneira de agir, de ser, conduta (...)
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Havia praxes na tropa ? E na guerra ? Sim... Quem é que não foi praxado, da Academia Militar à Escola Naval, do Colégio Militar à Escola de Fuzileiros Navais ? Do COM (Curso de Oficiais Milicianos) ao CSM (Curso de Sargentos Milicianos) ? Da recruta à especialidade ? A caminho da Guiné, na travessia do trópico de Câncer, à chegada à Guiné ?... Em que é que consistiam ? Eram práticas violentas e sádicas ou eram só para reinar, para brincar, para desopilar ? Contribuem para "criar espírito de corpo" e ajudar a "integrar o indivíduo" no cenário de guerra ou noutras situações-limite, ou destinavam-se, no fundo, a "destruir a individualidade, o espírito crítico" e, em última análise, reforçar os valores do militarismo, da lógica do comando-controlo, da disciplina cega, etc. ?
Precisam-se, histórias, recordações, narrativas... de quem foi à guerra, deu e levou... "praxadas".- Entretanto, está a decorrer uma sondagem sobre o tema. Fecha no dia 19. Toda gente pode votar... uma evz. A frase, em relação à qual se pede a concordância ou a discordância é a seguinte: "As praxes aos piras, no meu tempo, só lhes fizeram bem"... Toda a gente foi pira, o início da comissão. E, portanto, tem autoridade para falar do assunto. Para já ficam aqui os primeiros pontos de vista sobre as "praxes militares" (**).
1. João Ruivo Fernandes:
(...) Desembarquei no Xime [, CART 3494, Xime e Mansambo, 1971/74] , no dia 7 de Dezembro de 1972, para substituir um Furriel que, segundo informação recebida, tinha falecido numa emboscada, penso que era o Manuel da Rocha Bento.
Havia praxes na tropa ? E na guerra ? Sim... Quem é que não foi praxado, da Academia Militar à Escola Naval, do Colégio Militar à Escola de Fuzileiros Navais ? Do COM (Curso de Oficiais Milicianos) ao CSM (Curso de Sargentos Milicianos) ? Da recruta à especialidade ? A caminho da Guiné, na travessia do trópico de Câncer, à chegada à Guiné ?... Em que é que consistiam ? Eram práticas violentas e sádicas ou eram só para reinar, para brincar, para desopilar ? Contribuem para "criar espírito de corpo" e ajudar a "integrar o indivíduo" no cenário de guerra ou noutras situações-limite, ou destinavam-se, no fundo, a "destruir a individualidade, o espírito crítico" e, em última análise, reforçar os valores do militarismo, da lógica do comando-controlo, da disciplina cega, etc. ?
Precisam-se, histórias, recordações, narrativas... de quem foi à guerra, deu e levou... "praxadas".- Entretanto, está a decorrer uma sondagem sobre o tema. Fecha no dia 19. Toda gente pode votar... uma evz. A frase, em relação à qual se pede a concordância ou a discordância é a seguinte: "As praxes aos piras, no meu tempo, só lhes fizeram bem"... Toda a gente foi pira, o início da comissão. E, portanto, tem autoridade para falar do assunto. Para já ficam aqui os primeiros pontos de vista sobre as "praxes militares" (**).
1. João Ruivo Fernandes:
(...) Desembarquei no Xime [, CART 3494, Xime e Mansambo, 1971/74] , no dia 7 de Dezembro de 1972, para substituir um Furriel que, segundo informação recebida, tinha falecido numa emboscada, penso que era o Manuel da Rocha Bento.
No próprio dia em que cheguei ao Xime, sem que me
apercebesse, fui sujeito a uma "praxe" que, inicialmente, foi
violenta mas no final tornou-se engraçada. Puseram-me a comandar o meu pelotão
e mandaram-me fazer uma operação no mato, a uma zona muito perigosa. Enfrentei
vários problemas, soldados completamente "pirados", outros a não
quererem continuar na missão, outros a não obedecerem às minhas ordens, etc.
etc. Quando cheguei ao Quartel é que me informaram que tinha sido tudo a
fingir. Paguei 2 garrafas de whisky e houve alegria.
(...) O Fernandes fez parte do meu grupo de combate, como ele diz,
durante dois ou três meses
Foi "praxado" num dia que fomos a Fá Mandiga
buscar pedras, não me recordo para quê, onde eu e o Sousa Pinto faziamos de
soldados "muito reguilas". (...)
Mas mandar um "pira" para fora do arame farpado no
Xime, tem que se lhe diga... Eu tenho as piores recordações do Xime, que foi no
meu tempo (1969/71) um autêntico matadouro... No caso do Fernandes, acabou tudo em bem,
mas podia ter dado para o torto. Releio a tua descrição:
Mas depois da explicação dada pelo Serradas Pereia, fiquei mais descansado...Afinal, o "local do crime" foi Fá Mandinga, a leste de Bambadinca... Domínios do nosso alfero Cabral, poderoso régulo no meu tempo... Não estava a imaginar o Fernandes, logo á chegada, a ir dar um passeio pela antiga estrada Xime-Ponta do Inglês... De qualquer modo, o Fernandes, com dois meses de Xime, não deve ter ficado com grandes memórias... Espero ao menos que tenham sido boas... Ou, se calhar, não, porque dali foi para o hospital. Enfim, tens que desenvolver esta história... Por acaso, no blogue, não há praxes... mas se calhar devia haver! (...)
4. Henrique Cerqueira [, (ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74), cfoto à direita]:
As praxes na tropa??? Quanto a mim, e foi sempre essa a minha opinião, mesmo quando
estudante, as praxes na maior das vezes serviram para "rebaixar"o
praxado. Na tropa e em especial em Tavira fui de tal maneira e
violentamente "praxado" que no miínimo ainda hoje só desejo aos
antigos "praxadores", que se já morreram, que a terra lhes seja
pesada; se ainda não morreram, que alguém se lembre deles e lhes abrevie o
tempo...
Caros camaradas da Guiné, até pode parecer violento o que
digo ,mas quanto ao tema praxes, ainda hoje sinto uma raiva que jamais perdoarei
esses individuos. (...)
5. Jorge Cabral [, foto à esquerda, Pel Caç Nat 63, Fá e Missirá, 1969/71]:
5. Jorge Cabral [, foto à esquerda, Pel Caç Nat 63, Fá e Missirá, 1969/71]:
Há Praxes e Praxes! Todo o Periquito chegado ao meu Pelotão, era fraternalmente praxado.
Penso que todos alinharam e assim se integraram na Família.
Penso que todos alinharam e assim se integraram na Família.
Alfero-Praxante-Mor, J.Cabral
(*) Vd. poste 23 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10185: Humor de caserna (27): Recepção aospiras do BCAÇ 2927 em Bissorã, em fins de outubro de 1970 (Armando Pires)
(...) É destas praxes, destes momentos mais ou menos hilariantes, que cada um, no seu lugar e à sua maneira, preparava para receber condignamente aqueles que os vinham render, que quero dar testemunho nas fotos que se seguem. Peço desde já desculpa por algumas delas não serem “exclusivas”. De facto, algum tempo atrás, o Quim Santos, que pertenceu à CCAÇ 2781, que edita o blog “Guiné-Bissum” , pediu-me uma ou outra fotografia da sua chegada. Mas atrevo-me a oferecê-las ao nosso álbum por nele nunca ter visto semelhante tema retratado. Vamos a isso. (...)
(**) Vd. poste de 12 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11090: Tabanca Grande (396): João Ruivo Fernandes, ex-fur mil, de rendição individual, CART 3494 (Xime, dez 1972 / jan 1973), onde foi praxado... É agora o grã-tabanqueiro nº 605, apadrinhado pelo Sousa de Castro, grã-tabanqueiro nº 2