segunda-feira, 20 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19808: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXX: Viagem, de regresso, do Gabu a Bissau, em 26/2/1968: no 'barco turra', a partir de Bambadinca (I)


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 2



Foto nº 7


Foto nº 6


 Foto nº 5
Foto nº 5A


Foto nº 8

Guiné > Comando e CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 26 de fevereiro de 1968 > Viagem de regresso a Bissau, atravessando as Regiões de Gabu e de Bafatá, em coluna militar, e depois de barco, a partir de Bambadinca. Até ao Xime e foz do rio Corubal ainda era região do Bafatá.  Jabadá já ficava na região de Quínara, na margem esquerda do rio Geba.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); é economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde. (*)


CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:


T046 – A VIAGEM DE REGRESSO DO GABÚ A BISSAU

1 - DE COLUNA MILITAR TERRESTRE, DE NOVA LAMEGO A BAMBADINCA

2 - DE COLUNA FLUVIAL, DE BAMBADINCA ATÉ BISSAU, NOS BARCOS TURRAS



REGRESSO DAS TROPAS EM 26FEV68  - O BATALHÃO DE CAÇADORES 1933  NO RIO GEBA (1)


I - Introdução do tema:


Continuação da série de Temas para Postes, relativos à chegada do Batalhão à Guiné, as viagens para Gabu pelo Rio Geba acima, as colunas militares por estrada, as festas de despedida no Gabu com batuques e roncos à mistura, o regresso pelo mesmo caminho, Bambadinca, até Bissau, antes de partir novamente para o novo destino, São Domingos, Rio Cacheu acima, sem fotos.

Após as despedidas no Gabu, chegou o dia do regresso, em colunas militares, por terra, até Bambadinca, e por via fluvial, no Geba, até Bissau.
A viagem correu normal, nada havendo a assinalar, excepto as más condições da viagem, e juntos com a população civil, que precisava também de boleia. 


II - Legendas das fotos: 


F01 – Saída da coluna militar de Nova Lamego, rumo a Bambadinca.  A bordo da viatura, de chapéu de abas, comendo um pouco da ração de combate. Foto captada na saída de Nova Lamego – Gabú – no dia 26 de Fevereiro de 1968. [Não de reproduz, em formato grande, por falta de qualidade... LG]

F02 – No barco turra, já em plena viagem no Rio Geba, alguns militares do meu batalhão.  Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F03 – Passagem da coluna fluvial pelo Mata Cão (?), empoleirado no barco, como se estivesse a fazer um cruzeiro de férias.  Acho que estamos na zona do Rio Geba Estreito, pois as margens estão perto, mas não sei.  Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.  

[Trata-se de Bambadinca, porto fluvial no Rio Geba Estreito, donde saiu a embarcação...No Mato Cão, o rio ainda era mais estreito, e metia mais "respeitinho"... LG]

F04 – Em plena viagem pelo Rio Geba, uma imagem do mastro com a bandeira nacional, e eu posando para mais uma recordação.  Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968. [Deve trata-se de Bambadinca, porto fluvial no Rio Geba Estreito, donde saiu a embarcação...A avaliar pela postura descontraída do Virgílio Teixeira....LG]

F05 – Passagem da ‘coluna fluvial’ por um aquartelamento algures no caminho de Bissau, [, na margem esquerda do rio Geba].  Está escrito no verso da fotografia que se trata de ´Jabadá’. Foi alguém que o disse.  Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F06 – Continuação da viagem Rio Geba a baixo, aproveitando o tempo para ‘tocar viola’.  Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F07 – Na hora da refeição, tomando o petisco, as rações de combate, nada mau.  Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.

F08 – Mais uma foto do aquartelamento de Jabadá, algures no nas margens do Rio Geba.  Foto captada no Rio Geba, no regresso de Gabu para Bissau, no dia 26 de Fevereiro de 1968.


Direitos de Autor:

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM.  Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI 15, Tomar,  CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,».

Acabadas de legendar, em  2019-03-19

Virgílio Teixeira

[Continua]

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P19807: Notas de leitura (1179): “Colóquio sobre Educação e Ciências Humanas na África de Língua Portuguesa”, Fundação Calouste Gulbenkian (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Novembro de 2016:

Queridos amigos,
Foi uma reunião ímpar, pela qualidade dos intervenientes, pela substância dos depoimentos. Enquanto crescia a crispação política que abria caminho ao PREC, os cientistas permutavam ideias sobre o papel da língua, os manuais escolares, o uso do português fundamental, a reformulação das instituições científicas, o modelo colonial caducara. Fizeram-se sugestões pertinentes, e a Fundação Calouste Gulbenkian deu forma de livro ao encontro, hoje uma longínqua memória, agora é possível aquilatar do que se perdeu por não ter tido em conta diferentes sugestões sobre a lusofonia e investigação científica africana.

Um abraço do
Mário


O papel da lusofonia na aurora da descolonização (1)

Beja Santos

Entre 20 e 22 de Janeiro de 1975, enquanto a classe política entrava ao rubro com a questão da unicidade sindical, na Fundação Calouste Gulbenkian reuniam-se pesos pesados da investigação africana para debater o futuro da lusofonia no ensino, o que se iria passar no sistema educativo nos novos países de língua portuguesa, quais as contribuições portuguesas para as ciências humanas em África, quais as perspetivas que se rasgavam para cooperar no campo do ensino com a África lusófona. A Fundação Gulbenkian convocara um grupo seleto para o debate. Por parte da Fundação estavam Victor de Sá Machado, José Blanco, Luís de Matos, Mário António, Fernandes de Oliveira, o Embaixador Fernando Reino representava o Ministério da Coordenação Interterritorial. Os participantes eram, entre outros, Orlando Ribeiro, Ilídio do Amaral, Teixeira da Mota, René Pélissier, Douglas Wheeler, Albert Tévoédjrè e Gerard Bender. Daí resultou um livro editado em 1979 “Colóquio sobre Educação e Ciências Humanas na África de Língua Portuguesa”.

Nos cumprimentos de boas vindas, Sá Machado justificou um encontro pelo facto da Fundação pretender trazer ao processo de descolonização um debate no quadro da construção das novas nações africanas. “Pretendemos que este encontro fosse o mais restrito possível para lhe conferir o máximo de eficácia”. Orlando Ribeiro lançou o repto aos investigadores dos territórios ultramarinos: “Nós só desejamos uma coisa: poder continuar; mais do que continuar poder intensificar esses estudos e fazê-los em proveito da ciência em primeiro lugar”. Referiu as dificuldades da investigação em Portugal e a necessidade de saber criar uma boa articulação com as universidades existentes em Angola e Moçambique e outras que possam vir a surgir. A discussão passou imediatamente para a problemática de que português se iria ensinar, como os Estados africanos iriam viver ou não o bilinguismo e a multiculturalidade, aí alguns participantes referiam casos concretos de experiências em curso.

Teixeira da Mota interrogou-se sobre o crioulo, tanto de Cabo Verde como da Guiné-Bissau: “Durante muito tempo, na esteira do que lia e ouvia dizer, considerei o crioulo como um dialecto do português. É o que está escrito, por exemplo, num estudo que fez sobre o crioulo de Cabo Verde o Professor Baltazar Lopes. Há uns anos, tive oportunidade de ler dois trabalhos, independentes um do outro, feitos quase na mesma altura por dois autores, Chataigner e Wilson. Ambos estudam o crioulo da Guiné, e mostram que ele não é uma língua europeia, antes uma língua africana, na medida em que a sua estrutura gramatical é predominantemente africana, ainda que pelo léxico seja sobretudo uma língua românica. Portanto o crioulo, pelo menos o crioulo da Guiné é uma língua africana, na sua estrutura gramatical. O crioulo apareceu na zona da Guiné, de Cabo Verde, porque havia aí uma grande pulverização linguística. As populações, no período da escravatura, em que houve grandes deslocações de indivíduos e consequentemente múltiplos contactos novos, tinham necessidade de se entender e criar uma língua franca, utilizando estruturas gramaticais africanas com um vocabulário em que há muito do português”.

Mais adiante, Teixeira da Mota falou do Instituto de Línguas Africanas e Orientais, instalado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, que antigamente era a Escola Superior Colonial, a atravessar uma crise gravíssima. Mário António Fernandes de Oliveira referiu que tinha havido alterações depois do 25 de Abril, tinham sido eliminadas todas as matérias que diziam respeito às colónias. Nesse instituto, continuou o interveniente, nunca houve qualquer pesquisa que se pudesse considerar científica. A pessoa mais qualificada era o Professor Sá Nogueira que preparou um dicionário de ronga, uma gramática de ronga e uma sintaxe de ronga. Impunha-se, em seu entender alterar o conhecimento das línguas ali ensinadas. Deslocou-se o debate para a questão do bilinguismo e da necessidade de ter em conta os idiomas falados nos Estados fronteiriços, havendo ainda que ter em consideração se é pertinente pôr enfâse numa segunda língua europeia no ensino africano.

A questão dos manuais escolares à luz das novas realidades dos países independentes entrou no debate. O PAIGC, o MPLA e a FRELIMO dispunham de manuais impregnados de uma ideologia libertadora, havia que refletir a realidade profunda desses países num contexto em que já e ultrapassar o colonialismo e saber qual a colaboração concreta e ajuda técnica desinteressada que deve ser concedida à produção desses livros. Nesta altura havia na Faculdade de Letras de Lisboa uma equipa liderada pelo professor Lindley Cintra para definir o português fundamental, assim encarado como um instrumento utilíssimo para a alfabetização das massas.

Os participantes deram novo rumo à conversa, o que fazer da investigação científica. Teixeira da Mota tinha distribuído um documento sobre algumas atividades de organismos de investigação existentes em Portugal no domínio das ciências humanas e sociais de âmbito africano, com destaque para os organismos da Junta de Investigações do Ultramar. Esta Junta nascera em 1936, resultara do alargamento e da transformação de uma Comissão de Cartografia, tinha a ver com a delimitação das fronteiras políticas em África. Não se pode esquecer a Sociedade de Geografia de Lisboa que conseguiu nas primeiras dezenas de anos da sua vida fazer bastantes trabalhos de interesse no âmbito dos estudos africanos. A Junta apareceu pois em 1936 com um pequeno número de setores: zoologia, botânica, geologia e antropologia e depois alargou-se o campo de atividade. É crucial a reestruturação deste organismo, convinha não o fragmentar espalhar os seus vários organismos por outros departamentos do Estado é contribuir para a delapidação de recursos. No seu depoimento, Teixeira da Mota foi fazendo propostas de reestruturação e referiu que existia mesmo um documento que já estava entregue ao governo. Nesta fase da discussão, Ilídio do Amaral sugeriu um debate sobre as realizações e as experiências de outros países quando, pela independência de territórios que detinham, enveredaram pelos caminhos da cooperação e do apoio científico.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19797: Notas de leitura (1178): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (6) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19806: Álbum fotográfico de João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) - Parte II: a vida no Enxalé


Foto nº B2 > O João Crisóstomo, de óculos, em primeiro plano


Foto nº B5 > Chegada ao Enxalé, depois de uma operação de dois dias; à frente o cap mil Pires, e à sua direita, o "chinés"


Foto nº B3 > João Crisóstomo, à esquerda


Fotpo nº B4 >  Mais uma cena no mato

 ~
Foto nº B1 > Atravesando uma bolanha...


Foto nº B6 > Dia de ronxo, João Crisóstomo à esquerda...


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Enxalé  >  1965 > CCAÇ 1439 >  


Recorde-se que a madeirense CCAÇ 1439 teve como unidade mobilizadora o BII 19 (Funchal), partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga. O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires, já falecido. Alferes (milicianos): Freitas (Funchal), Crisóstomo (, Torres Vedras, hoje a viver em Nova Iorque), Sousa (Vila Nova de Famalicão),  Zagalo (Lisboa, ator de teatro, já  falecido)

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico de João Crisóstomo:

[Camarada da diáspora, a viver nos EUA desde 1975, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), casado com a a eslovena Vilma; destacado ativista social luso-americano (de causas célebres como As Gravuras de Foz Coa, Memória de Aristides Sousa Mendes, e Timor Leste); tem cerca de 80 referências no nosso blogue; o casal veio expressaente, de Nova Iorque, ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, que se vai realizar em Monte Real, em 25 de maio; veio também ao encontro da CCAÇ 1439, e subunidades adidas, que passaram pelo Enxalé: Pel Mort 1928, Pel Caç Nat 52, Pela Caç Nat 54]

Lembro aqui alguns momentos da nossa "vida no mato", no Enxalé [Insha'Allah (em árabe: إن شاء الله, In šāʾ Allāh, [in ʃæʔ ʔɑlˤˈlˤɑːh]), muitas vezes romanizado como Inshallah é uma expressão árabe para "se Deus quiser" ou "se Alá quiser", em suma, o nosso "oxalá"]

B1 a B5: um dia de ação, atravessando bolanhas;
B4: depois de dois dias, a chegada / regresso ao “quartel”…
B6: não me lembro o porquê da festa; sei que era gente de fora de visita. E eu associei-me também à “batucada”; mas a minha memória não vai além disso.

(Continua)
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Nota do editor:



Guiné 61/74 - P19805: Parabéns a você (1622): Mário Pinto, ex-Fur Mil Art da CART 2519 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19801: Parabéns a você (1621): Joaquim Martins, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4142 (Guiné, 1972/74) e Xico Allen, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 3566 (Guiné, 1972/74)

domingo, 19 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19804: Agenda cultural (684): Rescaldo do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio, na Quinta Choupal dos Melros, Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar (Parte 2)

Reportagem do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio na Quinta do Choupal dos Melros, Fânzeres - Gondomar, enviada ao Blogue pelo José Ferreira


"Memórias Boas da Minha Guerra"

Lançamento do vol. III


Acabada a sessão de apresentação da obra, seguiu-se o Almoço que decorreu no Salão antigo, com 8x10+1, onde não houve lugares marcados, conforme tradição, onde não há distinção de amigos e sim o hábito destes “Melros Bandalhos”

Segue-se a reportagem fotográfica:


Antes do almoço propriamente dito, foram servidas umas excelentes entradas no exterior, como é hábito

 Vista panorâmica da Sala de Almoço




 Uma mesa particularmente "abandalhada".






 Um homem feliz, o nosso José Ferreira porque rodeado de uma bela família.

Aqui, o momento em que se cantavam os parabéns à Gilda, esposa do Zé Ferreira, que neste dia completava "27" anos.
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Nota do editor

Vd. poste de 18 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19800: Agenda cultural (683): Rescaldo do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio, na Quinta Choupal dos Melros, Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar (Parte 1)

Guiné 61/74 - P19803: Blogpoesia (620): "Cordas e laços", "Princesa do mar" e "Aspirar sempre ao melhor...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Cordas e laços

Desatar cordas e laços nas sendas da vida.
Apertar nossos braços nos espaços vazios.
Abraçar as verdades como se fossem quimeras.
Desfazer as distâncias nas asas do sonho.
Vencer as indiferenças que nos surgem na rua.
Afastar as pelejas com sorrisos e beijos.
Alcançar o infinito vivendo o presente.
Dar voz de prisão aos nossos impulsos vadios.
Lançar sementes de paz e justiça.
Dar pronta a mão a quem nos bate à porta aflito.
Esquecer a ofensa se te pedem perdão.
Só vence na vida quem sabe perder.
Isto não é utopia...

Berlim, 17 de Maio de 2019
8h25m
Dia de sol
Jlmg

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Princesa do mar

Albas vestes lhe escorrem desde os ombros.
Fulgente diadema lhe coroa a cabeça iluminada.
Infindável coro celeste lhe entoa incessante seu hino de glória.
Sentada no seu trono alvinitente.
Rainha-mãe da noite da opulência.

Acompanha de longe as almas sonhadoras.
Dá a volta ao mundo até que nasça o sol e se faça o dia.
Mas nunca abandona o céu donde contempla o mar azul que, logo, vestirá de prata.

Berlim, 12 de Maio de 2019
12h47m
Jlmg

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Aspirar sempre ao melhor...

Pauto a minha vida por aspirar sempre ao melhor.
Sem atropelos nem desvios.
Minha meta é a perfeição.
Meus defeitos espicaçam meus passos.
Uso a borracha para apagar os erros.
Tiro deles a lição.
Somos imperfeitos por natureza.
Mas temos a capacidade de o reconhecer e emendar.
O progresso assenta em tentativas.
Por vezes, é preciso refazer tudo do começo.
Nunca desenvolvemos totalmente nossas capacidades.
Cada um tem seus talentos.
Tanta vez ficam por desabrochar.
Nossa culpa ou da sociedade onde crescemos.

Ouvindo Beethoven: Symphony no. 3 Eroica - Philippe Herreweghe - Full concert in HD
Berlim, 13 de Maio de 2019
16h47m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19778: Blogpoesia (619): "Princesa do mar", "Deserto da existência..." e "Fogão de ferro a lenha", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P19802: Álbum fotográfico de João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) - Parte I: Madeira, embarque para o CTIG em 2/8/1965


Foto nº A1


Foto nº A2


Foto nº A3


Foto nº A4


Foto nº A5

Madeira > Funchal > 1965 > CCAÇ 1439 > Dia do embarque para a Guiné  [Fotos A1, A2, A3], depois da IAO [fotos nºs A4 e A5]

A madeirense CCAÇ 1439 teve como unidade mobilizadora o BII 19, partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga. O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires, já falecido. Alferes (milicianos): Freitas, Crisóstomo, Sousa,  Zagalo (, este último já também falecido)

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


I. Mensagem de João Crisóstomo, com dat de 30 de abril último: 

[Camarada da diáspora, a viver nos EUA desde 1975, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), casado com a a eslovena Vilma; destacado ativista social luso-americano (de causas célebres como As Gravuras de Foz Coa, Memória de Aristides Sousa Mendes, e Timor Leste); tem cerca de 80 referências no nosso blogue; o casal veio expressaente, de Nova Iorque,  ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, que se vai realizar em Monte Real, em 25 de maio; veio também ao encontro da CCAÇ 1439, e subunidades adidas, que passaram pelo Enxalé:  Pel Mort 1928, Pel Caç Nat 52, Pela Caç Nat 54]

Caro Luís Graça,

Este primeiro parágrafo é um PS - Post Scriptum….Espero que não leves a mal este "longo arrazoado”. Nem tinha intenção de escrever nada, mas tinha de dar uma explicação para as fotos que seguem. E comecei a falar e … olha o que aqui vai…

Pelo que compreendo é provável que este convívio [,na   Ericeira, Mafra, no dia 18 de maio de 2019,] seja para a CCAÇ 1439 o último encontro de "formatura geral/completa”. Vamos-nos continuar a encontrar com certeza, mas dificilmente conseguiremos encontros de "formatura completa”. 

Estive a imprimir tudo o que de mais perto diz respeito à CCAÇ  1439 ( e associados, Pel Mort 1028, CCAÇ 52, CCAÇ 54...), desde que tive conhecimento destes encontros em 2009. Evidentemente que continuarei a seguir e ler o nosso querido blogue, mas vai-me custar não estar à espera de saber quando é próximo encontro da CCAÇ 1439 , mesmo que nem sempre me tenha sido possível estar presente. 

 Fi-lo para ficar com tudo mesmo em papel, um dossiê que eu possa desfolhar com calma sempre que bem me apetecer. Tabancas, grandes e pequenas... “Encontros", convívios, tantas vivências extraordinárias que tenho experimentado e vivido. Nao foi uma nem duas vezes que tive de limpar os olhos em momentos revividos num misto de saudade, alegria e dor tudo à mistura, pela memória de momentos que me dizem/diziam pessoalmente respeito e pelo relatos de outros camaradas,   a maioria dos quais nem conheço pessoalmente, mas cujos momentos foram iguais ou parecidos aos que eu vivi, porque ao fim e ao cabo, mesmo sem nos conhecermos,  a Guiné fez de nós todos irmãos. 

Tem sido uma grande experiência desde então: não só reatei com os que comigo passaram as ruas da amargura (e bons tempos também) na Guiné, como vim a conhecer tanta gente boa de outras unidades que compartilham da mesma experiência. E com isto acabei por fazer grandes amizades. Até de indivíduos que, me parece, "nunca chegaram a fazer a tropa” mas que o destino,  servindo-se deste blogue, me proporcionou conhecer e a quem hoje eu tenho o privilégio e alegria de incluir agora entre os meus irmãos.

Se “reconhecimentos” dependessem de mim— e não digo isto levianamente ou com alguma intenção estupidamente idiota só para elogiar ou para ficar bem visto na opinião de quem quer que seja—,  eu daria de coração meia dúzia de medalhas… especialmente aos criadores/fundadores deste blogue que ao longo de vários anos nele têm andado envolvidos. Acredito que , embora conscientes de que estavam a fazer algo bom para muita gente, estes não imaginam o que fizeram e o bem,— o muito muito de bom,—que a tantos proporcionaram. 

 Foi através deste blogue, logo no início, que vim a encontrar de novo o Zagalo, a quem tive ainda a possibilidade de abraçar antes que ele nos deixasse. Depois encontrei os meus camaradas próximos ( da minha companhia, a  CCAÇ 1439, e alguns outros) de quem há dezenas de anos —literalmente— não sabia nada… E, meu Deus, que jorrada de emoções sempre que eu podia abraçar de novo estes meus irmãos! 

O mesmo que eu senti um dia, há muitos anos atrás com um amigo— e depois tornei-o a perder e nem sei onde se encontra. De nome Luís Filipe, do Algarve; Tavira?   Alguém sabe dele? Se alguém souber algo dele... PLEASE! Digam-me ! Foi alferes miliciano; esteve em Mafra comigo como cadete e depois, cada um para seu lado, nunca mais soube dele, como de tantos outros em casos semelhantes. 

Um dia, estava eu então na Inglaterra, vim de férias a Portugal - foi mais ou menos há cinquenta anos -, e apanhei o combóio do Porto para Lisboa . Nao me recordo já das circunstancias, mas sei que estava a a passar perto de Vila franca de Xira ; estava no corredor e de repente vejo o Luís Filipe , muito alto, à minha frente... e ao ver-me ele de repente agarra-se a mim e começa a chorar…apertando-me como um louco…. 
- Eh pá, disseram-me que tu tinhas morrido!… Sei que foste para a Guiné; e disseram-me que o Capitão Cera (que tinha sido um dos nossos alferes “treinadores/professores" em Mafra...) tinha perdido as pernas esmagadas e que tu tinhas morrido!…

Desculpem mencionar aqui este relembrar, que pouco tem a ver com a Guiné… excepto que me faz vir as lágrimas sempre que o lembro. Mas estava a falar de memórias e de emoções e foi este o que me veio de repente. Podiam ter sido outros, como o momento em que em Enxalé fizémos um caixão de tamanho normal para levar os restos mortais do Manuel Acoreano, ( que foi pulverizado numa mina quando fomos socorrer a coluna do Zagalo em que — ainda não sabíamos  —  o furriel Mano tinha falecido.)... Nas palavras do nosso camarada Henrique Matos; "quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontrámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos…. Tem a sua campa em Bambadinca"...

São momentos difíceis , mas que por razões muitas, quanto mais não seja como maneira de na nossa mente honrar estes nossos irmãos, não devemos nunca esquecer. E para que estas estas vivências , más ou boas , difíceis ou gradáveis, não passem ao esquecimento… abençoada a hora em que este blogue apareceu.

Bom, eu por mim falo, mas creio não estar só quando digo: Obrigado,  meus caros!. Muito muito obrigado!

E agora vamos às fotos que seguem...  Lembrei-me que, sendo este o último encontro/assembleia geral da CCAÇ  1439, era o momento de partilhar mais algumas velhas fotos/memos que tenho comigo.

E começo com a página A:

Legendas:

Fotos na Madeira, no dia da partida para Guiné [2 de agosto de 1965]: Na A1,   e fáceis de discernir, o Sargento Bicho, já falecido, eu e o furriel António Lopes no momento em que o governador [da Madeira] passava a sua revista.

Na segunda foto, A2,  o alferes Freitas [, madeirense,]  à frente do destacamento a desfilar directo ao barco. Com uma simple lupa podem-se reconhecer alguns outros rostos…

Foto A3: por razões burocráticas fui eu que assumi o comando da companhia durante e até chegarmos à Guiné, onde o capitão  miliciano Armando Pires nos esperava. O Governador [da Madeira], na presença do comandante [do navio]  foi  desejar à Companhia, na minha pessoa, boa viagem. 

Fotos  A4 e A5: nas montanhas onde estávamos a fazer a preparação final [, IAO,]  estava quase na hora de cada um dos "aspirantes a alferes” assumir o comando do seu pelotão; o Zagalo  [, Luís Zagallo,] porém não tinha pressas e mostrava a sua independência mantendo o pijama até ao último minuto [A4]...

(Continua)
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Guiné 61/74 - P19801: Parabéns a você (1621): Joaquim Martins, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4142 (Guiné, 1972/74) e Xico Allen, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 3566 (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19798: Parabéns a você (1620): Joaquim Fernandes Alves, ex-Fur Mil Art da CART 1659 (Guiné, 1967/68)

sábado, 18 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19800: Agenda cultural (683): Rescaldo do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio, na Quinta Choupal dos Melros, Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar (Parte 1)



Reportagem do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio na Quinta do Choupal dos Melros, Fânzeres - Gondomar, enviada ao Blogue pelo José Ferreira

"Memórias Boas da Minha Guerra"

Lançamento do vol. III

O lançamento do III volume das “Memórias boas da minha guerra”, de José Ferreira da Silva [na foto à direita] teve lugar, no passado dia 11, em Fânzeres, Gondomar, na Quinta do Choupal dos Melros, onde, em Bando, a “passarada grisalha” poisa todos os meses em excelentes convívios, cheios de camaradagem e amizade. O que une esses “Melros” é um forte denominador comum: o facto de terem sido Combatentes da Guerra do Ultramar.
Já pouco falam da guerra. E se o fazem, já não se assemelha aos tempos imediatamente a seguir ao “feliz regresso”. Parece que já fizeram a catarse e, agora, aproveitam para acentuar um convívio mais saudável que o dos tempos de forçado guerreiro regressado.
Nesta fase, talvez despertados pelas modernas redes sociais, se reaproximam e se identificam como menos guerreiros, mais pacíficos, mais tolerantes e, afinal… mais camaradas.
Por coincidência, ou não, é o período em que surge um outro tipo, inédito, de histórias, através de “memórias boas da minha guerra”.

Virada para a enorme eira de uma grande casa de lavoura, via-se uma grande mesa de granito, sob a ramada de videiras “americanas”. Estava ornamentada com toalha de linho bordada e um pedaço de rede de camuflagem militar. A um canto, junto do “Presidente Bandalho”, em posição activa, estava disponível um bruto aparelho militar de Rádio-Transmissões – o ANGRC9. Na frente salientavam-se a Bandeira Nacional e a Bandeira da CART 1689 (“Os ciganos”). Por cima estavam espalhadas rosas caseiras, lindíssimas, oferecidas pelo anfitrião e proprietário Gil Neves, ex-Piloto da FAP, na Guerra da Guiné.

Mesa da Presidência com: o autor, José Ferreira; Carlos Silva, Régulo da Tabanca dos Melros; Ricardo Figueiredo; Francisco Baptista e Jorge Teixeira (Jotex), Presidente dos Bandalhos

O Régulo da Tabanca dos Melros, Carlos Silva, a abrir a Sessão

Abriu a sessão, o Gondomarense Carlos Silva, chefe da Tabanca dos Melros, que tem ali, também, o seu pequeno Museu sobre a Guerra do Ultramar. Apresentou as saudações da praxe, alguns agradecimentos e endereçou a palavra para o Ricardo Figueiredo, já preparado para coordenar os trabalhos e, também, apresentar a obra.

O Ricardo Figueiredo no uso da palavra

O Ricardo, talvez beneficiando do seu estatuto de “Tarimbeiro dos Tribunais”, versou facilmente os seus pontos de vista sobre a escrita do Zé Ferreira, prendendo a atenção dos camaradas presentes. Falou também sobre as origens (geográficas) que influenciaram o autor, com a respectiva cronologia desde os tempos do Estado Novo, bem como o seu retrato social e político. Afirmou ser evidente que o autor escreve “fugindo” da guerra cada vez mais, salientando a evolução temática dos 3 volumes publicados.

Francisco Baptista, já que fazia parte da Mesa de Honra, teve que deitar faladura. Se bem escreve, bem fala

De seguida, falou o Francisco Baptista que referiu o autor do prefácio, Alberto Branquinho, e do posfácio, Luís Graça.
Prosseguiu lendo um texto escrito e nele ficou bem demonstrada a sua qualidade literária, já bastante conhecida e que muito brevemente ficará eternizada num livro de sucesso.

O Presidente Bandalho, sem pulga atrás da orelha, prepara-se para, como de costume, dizer mal do livro do José Ferreira.

Foi, então, o momento de Jotex, o apelidado “Presidente do Bando”, botar faladura. E, como vem sendo seu hábito, despejou a habitual ironia cáustica sobre as qualidades do livro. Para ele, o livro não vale nada e não é mais do que um “bónus” dado a quem comprar a garrafa de Porto Reserva, alusiva ao acontecimento, que é entregue com o livro. E, referindo-se ao autor, disse que ele é bastante conhecido somente porque usa um chapéu vistoso.
Entretanto, ouviu-se algum sururu orientado na direcção de José Manuel Cancela, conhecido por Zé Manel dos cabritos, acusando-o de roubo dos cabritos e da sua quase extinção na zona de Mampatá. Ele defendeu-se acusando de Peteiros o Poeta Régua, o Carvalho e o próprio autor do livro. Salvou-o, em parte, o Antero Santos que informou que estivera, depois, em Mampatá e que ainda lá havia um ou outro cabrito de estimação. Quanto à acusação de ter criado a primeira mula transexual de Trás-os-Montes, confessou a pouca “habilidade” para tratar de assuntos de sexo, mas que o nome de “Lola” não fora sua autoria.



O Ricardo Figueiredo lembrou que também em Penafiel havia a Festa do Cordeirinho e que está referida uma confissão do querido e saudoso Joaquim Carlos Peixoto, a quem o pai do seu pior aluno oferecera o melhor cordeiro da festa. Houve um momento de grande emoção e foi guardado um minuto de silêncio em sua memória, ao qual se juntou a saudade sentida pelo Jorge “Portojo” e por outros falecidos.

Inconfundível, com o seu inseparável boné, o Zé Manel da Régua faz a sua entrada triunfal no Choupal dos Melros

O Poeta da Régua acabara de chegar. E, entrando de mansinho, trazia uma caixa de cerejas da sua Quinta Sra. da Graça, apresentando-a como o verdadeiro motivo porque chegava atrasado. Teve o cuidado de pedir às pessoas que guardassem os caroços para serem entregues ao Cancela, que os levaria para os cabritos. Falou um pouco da sua/nossa guerra e agradeceu a homenagem que lhe é prestada neste livro.

Falando aos presentes, a Margarida Peixoto, viúva do nosso malogrado camarada Joaquim Carlos Peixoto

Antes de terminar, Margarida Peixoto quis usar da palavra. Agradeceu o carinho e a amizade que lhe temos demonstrado e aproveitou para enaltecer a boa camaradagem reinante entre os ex-Combatentes e, ainda, tecer alguns elogios ao autor.
Como é costume, o autor encerrou o convívio, referindo logo de entrada:
- É com enorme alegria e satisfação que vos vejo aqui a comungar desta minha felicidade. Por favor, não me chamem de escritor. Sou apenas um pobre diabo que quis registar para a posteridade as “Memórias boas da minha guerra” que, na verdade, são as memórias de todos nós.
Aproveitou para os agradecimentos habituais, onde destaca Alberto Branquinho, Luís Graça, Carlos Vinhal, responsáveis por este produto e ainda a todos os amigos que lhe alimentam o sorriso de cada dia.

Visita ao Museu da Tabanca dos Melros

Seguiu-se a visita ao Museu, que está cada vez mais recheado, enquanto já decorria no alpendre a degustação das entradas.

(Continua)

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Texto lido na apresentação do livro “Memórias Boas da Minha Guerra, (da Guiné) Volume III” do meu camarada e amigo José Ferreira.

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=649470568826873&id=100012918072029

Por Francisco Baptista

Minhas Senhoras e meus Senhores, Amigos e Camaradas

Depois do prefácio e do posfácio, escritos pelo Alberto Branquinho e pelo Luís Graça, dois bons críticos literários e das palavras sábias do Ricardo Figueiredo, um grande tribuno, amigo José Ferreira, podias-me ter dispensado deste sacrifício. Sei que em compensação já me deste o livro, mas não te esqueças de me dar também o vinho do Porto, que deste aos outros.

Sobre o livro direi, como os outros, que tem belas histórias, está muito bem escrito como é timbre do autor. Pessoalmente acho que tem um aspecto mais cuidado do que os dois anteriores e tem algumas fotografias a cores que lhe dão outra beleza.
Gosto particularmente da fotografia da Joan Collins, nas formas perfeitas da sua juventude, das pernas arqueadas com as coxas num conjunto harmónico, dos peitos rosados, brancos e salientes, do rosto onde sobressai um olhar intenso que nos toca, dos lábios vermelhos e carnudos, tão bela, tão sensual que parece fazer-nos aquele convite que nós homens esperamos, embora geralmente não passe de uma ilusão.

Os soldados americanos no Vietname visitados por esta estrela, pela Raquel Welch. e por muitas outras tinham sonhos quentes e cor-de-rosa, nós em África éramos por vezes visitados pela D. Cecília Supico Pinto, um Salazar de saias, e outras tias do Movimento Nacional Feminino que em vez de sonhos nos levavam tabaco e pouco mais.
Quando havia azar no mato ou no quartel, vindas do céu, como se fossem anjos, apareciam as enfermeiras paraquedistas, raparigas do nosso tempo, para socorrer os feridos, mas que nos faziam sonhar com elas ou com outras brancas que viviam longe, a milhares de quilómetros.

O José Ferreira, como já vem sendo hábito, apimentou este livro com histórias pícaras. reais e fictícias, sobre amigos ou conhecidos e histórias picantes sobre sexo, que nos dão muito gozo ao lê-las e que já lhe deram a ele ao escrevê-las. Falando de sexo usa um português vernáculo de calão que era o falado entre os camaradas de guerra.
Hoje já mais libertos das leis severas da Santa Madre Igreja sobre o uso desses termos e sobre a vida sexual, já todos ou pelo menos a maioria admitem isso com naturalidade. Como natural é o sexo como fonte de prazer e de vida.
Deus, depois de criar o Mundo, criou o homem e a mulher, deu-lhes o sexo e disse-lhes:
Usai-o e multiplicai-vos.
Isabel Allende, uma grande escritora chilena disse um dia: "Escrever é como fazer amor. Não te preocupes com o orgasmo, preocupa-te com o processo".
José Ferreira continua a escrever.
Muito obrigado. Sejam felizes, façam amor ou escrevam.
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Notas do editor

Vd. poste de 3 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19741: Agenda cultural (680): "Memórias Boas da Minha Guerra", vol III, de José Ferreira. Lançamento do livro, dia 11 de maio, às 11 h, seguido de almoço, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar

Último poste da série de 12 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19779: Agenda cultural (682): Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa, IndieLisboa 2019: "De los nombres de las cabras", de Silvia Navarro e Miguel H. Morales, Espanha, 2019, 62': um documentário sobre a extinção dos Gaunches, o povo nativo das Canárias... Pode ser visto no cinema Ideal, Lisboa, quarta-feira, dia 15, às 22h00