segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20382: In Memoriam (356): Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019): elegia fúnebre para um amigo e camarada: quando morre um de nós, também morremos todos um pouco (Luís Graça)



Eduardo Jorge Ferreira  (1952-2019)


Elegia fúnebre para um amigo e camarada:
quando morre um de nós,
também morremos todos um pouco



Querido Eduardo:


Hoje, em pleno Outono,
O barqueiro de Caronte
Levou-te para a outra margem
Desse rio que nos separa.


É sempre triste a despedida,
A separação,
Pior ainda quando não anunciada.
Mas um dia,
De um qualquer dia das Quatro Estações,
Todos tomaremos lugar
Nesse barco do barqueiro de Caronte.


Alguns dirão: é o fim, é o nada.
Mas, não, mesmo para quem não é crente,
Não é uma miragem,
Do lado de cá,
Continuaremos a ver-te
Com o teu sorriso luminoso,
Com a tua voz de comando,
Com a tua presença tranquila.
Os que te conheceram,
E tiveram o privilégio de lidar contigo,
A começar pela mulher da tua vida, a São,
E os teus filhos, João e Rui,
E os teus netos,
Para quem foste sempre um pai e um avô carinhoso,
  

A São, em Monte Real,
no XIV Encontro Nacional
da Tabanca Grande.
em 25 de maio de 2019.
Foto: Luís Graça (2019)

E aqui deixa-me destacar a tua São,
Discreta, mas magnânima,
Aparentando a fortaleza do rochedo,
A tua São, 
Que passou ontem o teu velório
A afagar o teu rosto, já roxo e frio,
E cujo amor e coragem
São uma referência para todos nós,
Seus amigos.



Se há um lugar, para os humanos,
No condomínio de luxo dos deuses,
Lá no Olimpo,
Ela já ganhou esse direito,
Quando também chegar a hora
Da sua partida no barco de Caronte,
Para ir ter contigo.


Haveremos então, todos juntos,
De reatar as conversas e convívios,
Que a tua morte, súbita,  interrompeu.
Não fiques triste, amigo,
Por ires à frente de todos nós.
A tua vida iluminou-nos
E a tua nobreza nesta terra da alegria
Engrandeceu-nos,
A todos nós,
Teus amigos e camaradas.
Temos muito orgulho em ti.


E, no entanto,
Quantos projetos não ficaram
Por concretizar, Eduardo!
E se tu tinhas ganas de viver,
De vivê-los,
Com os teus filhos e netos,
E com a tua São, que se ia reformar.
E, claro, com os teus amigos
Da Associação Memória da Batalha do Vimeiro!

Guardaremos connosco
As melhores recordações,
Do melhor de ti,
Tu que foste um dos melhores de todos nós,
Um homem inteligente
E bom
E generoso
E amigo do seu amigo,
Com um coração tão grande
Que não cabia no teu peito!
 

Quem fica do lado de cá,
Separado por um rio intransponível,
Fica sempre desolado
Pela perda irreparável
Que é a morte,
A tua morte,
A qual é também a nossa futura morte.


Quem fica do lado de cá,
Como nós,
Fica a dizer-te adeus,
Numa despedida
Que é sempre breve, porém dolorosa,
Tingida já da doce e triste saudade,
Que dizem ser tão típica dos portugueses.


Os teus amigos do seminário, da tropa, da guerra, 
Das nossas nossas tabancas e tertúlias, 
De Porto Dinheiro, de Ribamar, do Vimeiro, 
Da Lourinhã, de Almeida, de Lisboa, de Nova Iorque…
Enfim, de todos os lugares do mundo
Onde foste feliz e/ou onde tinhas amigos…
Ficam no planeta azul a dizer-te adeus,
Convencidos que partiste apenas
Para outro planeta de outra galáxia.


Leva contigo estas últimas palavras
Dos teus amigos,
Que elas te ajudem a atravessar o Caronte,
A fazer boa viagem.
E vela por todos nós.


De regresso a casa,
Vamos ajudar a tua São 
E os teus demais entes queridos
A suportar um pouco melhor
A tua partida,
A dulcificar as lágrimas de sal,
A fazer o luto,
A construir a ponte sobre o Rio de Caronte.
É por isso que aqui estamos,
É para isso que servem os amigos,
Os muitos que fizeste em vida.
Até um dia destes, Eduardo,
Um abraço, um alfabravo,
Um chicoração apertado.


Luís Graça, Alice & demais amigos e camaradas 
aqui presentes, na tua despedida, na igreja do Vimeiro.

Lourinhã, Vimeiro, 25 de Novembro de 2019, 14h00

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Nota do editor:

Postes anteriores:

Guiné 61/74 - P20381: Notas de leitura (1240): Mário Cláudio, nos cinquenta anos da sua obra literária (3): “Tiago Veiga”; Publicações Dom Quixote, 2011 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Novembro de 2019:

Queridos amigos,
Conclui-se a viagem de Tiago Veiga em terras guineenses. Curou-se do paludismo, acompanhou a missão da doença do sono até ao chão dos Felupes, deu-lhe asas à imaginação aquele povo e atirou-se a uma empreitada colossal, um canto heroico com reminiscências bíblicas, homéricas e talvez poemas mesopotâmicos, tudo em torno da criação do mundo até ao desfecho, bem clássico, da morte gloriosa do guerreiro.
Como tudo é fantasia, como Tiago Veiga não existiu e nunca se escreveu o Canto Felupe, diz o autor que restam uns versos dessa passagem por terras da Guiné.
E, de seguida, vamos para a última arremetida de Mário Cláudio na atmosfera guineense, pelo menos até agora.

Um abraço do
Mário

Mário Cláudio

Mário Cláudio, nos cinquenta anos da sua obra literária:
Um notável escritor que é nosso camarada da Guiné (3)

Beja Santos

Em “Tiago Veiga, uma biografia”, Publicações D. Quixote, 2011, Mário Cláudio arquiteta, em completa fantasia, o percurso de um pretenso bisneto de Camilo Castelo Branco que calcorreou Ceca e Meca e olivais de Santarém, conheceu meio mundo, em sucessivas gerações. Inventa-se mesmo um crítico que sobre ele dirá:  
“De facto, o que sabemos da biografia cultural de Tiago Veiga, dos interesses da sua inteligência e da formação do seu gosto, tem pontos de contato com o perfil e o trajeto de Fernando Pessoa e das suas tão variadas relações literárias […] No mentor da geração de Orpheu, conheceu Tiago Veiga o escritor que em Portugal corresponde a T. S. Eliot e que com este partilhava, entre o mais, a conceção intelectualista do processo de criação literária […] Faz sentido, em verdade, a atração que pela figura autoral e textual de Tiago Veiga sente Mário Cláudio”.

É nesta pura fantasia que Tiago Veiga arriba em abril de 1932 à colónia da Guiné, vai desportivamente numa equipa habilitada para estudar a doença do sono, e é neste entremez que fica palúdico.
Como se escreve:  
“Logo a seguir sofreria Tiago Veiga uma forte investida de paludismo, experiência que retém não pouco do rito iniciático, e sem a qual se não realiza a completa aderência à africanidade. Atirado para a sua tarimba, o nosso poeta foi atravessando as intercadências de calor e frio, e feitos da febre quartã, as irregulares diarreias, e as variações respiratórias, tudo o que de súbito o tornava ansioso pelo cautério da morte, ou esperançado na exaltação da vida”.

Como o leitor recordará, entrou na vida de Tiago Veiga um pequerrucho, Baltasar, que não despegava da companhia daquele branco, “e fixava aqueles olhitos húmidos no homem que, arrendando com asco os lençóis, ou embrulhando-se avidamente neles, soprava e tiritava, estremecia e quedava-se imóvel”. Não há mal que sempre dure e “Na manhã em que recuperou a consciência viu Baltasar, sentado no chão da tenda, brincando com um sapo, coisa que simultaneamente lhe pareceu como execrável abominação, e sinal tranquilizador”. Um ajudante de Fontoura de Sequeira, o chefe da missão, explicou a Tiago Veiga a mezinha que o trouxera à vida: “foi o cozimento de folhas de quinquilibá que a avó do Baltasarzinho o obrigou a beber”.

Tiago Veiga irá embrenhar-se na cultura dos Felupes, cita-se um chefe do posto de Susana, António da Cunha Taborda, que os estudou em meados do século XX. “A recusa a cruzar-se com qualquer outra etnia, e bem assim a sua relutância a sair da área que, havia milhares de anos, lhes servia de solo, explicaria a ausência de indivíduos Felupes fora da sua região. Da independência de que dava mostras o povo Felupe, resulta que ‘só a força tinha conseguido impor-se-lhe, por vezes, tendo de vencer resistências teimosas e encarniçadas’”. Tiago Veiga chega a Varela e “Lançou os olhos àqueles homens altivos, e relapsos a conversas, e àquelas mulheres que sorriam sempre, mas que pareciam fazê-lo por estratégia de defesa de um segredo ancestral”. Sem nada que fazer no trabalho da missão conduzida por Fontoura de Sequeira, o poeta deu asas à sua imaginação e começou a escrever o seu Canto Felupe, uma espécie de epopeia de um povo sem registo literário. Familiarizou-se com a gente da região de Varela, estudou a figura do feiticeiro ou jambacós que o ajudou a esquematizar o poema, alinhou um conjunto de pontos em que se propunha tratar a marcha da existência humana e onde intervinham vários heróis, tudo começaria com a criação do mundo, a que se sucederia o dilúvio, com vários humanos de valor excecional, haveria mesmo casamento e morte, uma tragédia de arromba, com motivos bíblicos, outros que parecem tirados da Canção de Rolando, isto para já não falar na Ilíada e no teatro grego: guerreiros, danças rituais, jogos de sentido mágico, o cerimonial da circuncisão, enfim, Tiago Veiga versava entusiasmado, e apercebendo-se que a brigada estava de regresso à metrópole, meteu empenho para ficar mais uns tempos em Chão Felupe. Mergulhara na cultura africana mas sem desdenhar da matriz greco-latina, e daí o seu versejar meter tanto um Deus da Criação como uma estátua de Zeus da Olímpia.

Segundo o seu biógrafo, restam duzentos e trinta versos deste Canto Felupe, era um projeto imenso que se desdobrava em doze “Cantos”. O biógrafo dá explicação para esta organização poética, seria resultado do ataque palúdico, das beberragens ingeridas, pois tomara casca de bissilão. E o biógrafo desvela alguns versos do Canto VI e a seguir dá-nos conta que o poeta regressou em abril de 1933 a Lisboa, arrumada a bagagem no Hotel Bragança, desembocou numa tasca do Bairro Alto onde conheceu o poeta Carlos Queirós. Tomou conhecimento que Salazar proclamava a sua intenção de presidir ao primeiro governo constitucional, apercebeu-se que muita gente queria fazer chalaça com ele, perguntavam-lhe, caçoando, se tinha morto muitos elefantes lá na Guiné. O poeta não gostou. E depois tudo muda de agulha, parte para Londres, foi na companhia de António Ferro a uma certa conferência, Tiago Veiga divertiu-se à grande, a visita à National Gallery foi um deslumbramento.
Pingarão, ao longo destas oitocentas páginas, ainda algumas referências à Guiné, mas de pouco significado.

Falta-nos agora o último texto, ao que parece muitíssimo controverso, sobre o nefando Capitão Robles, na obra "Para o Livro de Oiro do Capitão Garcez".

(continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 18 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20361: Notas de leitura (1237): Mário Cláudio, nos cinquenta anos da sua obra literária (2): “Tiago Veiga”; Publicações Dom Quixote, 2011 (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20374: Notas de leitura (1239): "Um ranger na guerra colonial"..., de José Saúde, Edições Colibri, Lisboa, 2019. Prefácio de Luís Graça

Guiné 61/74 - P20380: In Memoriam (355): Um alfabravo (ABraço), Eduardo, até qualquer dia!


Leiria > Monte Real > 25 de maio de 2019 > XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Da esquerda para a direita, Carlos Camacho Lobo, médico (Maia), Jorge Pinto (Sintra) e Eduardo Jorge Ferreira (Lourinhã)... 


Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Soneto de Luís Graça: Os amigos e camaradas não te esquecem, Eduardo!

Que fazes aí, ó Eduardo, grande amigo,
Especado no frio e feio leito da morte ?
E, nós, que em vida sempre estivemos contigo,
Estamos agora, tristes, entregues à nossa sorte.

Quem nos dera ter o poder de te dizer:
Levanta-te e anda, volta a mostrar-nos o caminho,
Lá onde o azul de Montejunto se possa ver,
Levanta-te e anda, não fiques aí sozinho!

A vida é uma picada, cheia de minas e armadilhas,
Mas, para ti, esta era a terra da alegria,
Onde do pouco tu fazias maravilhas.

Foste um líder, davas o exemplo, ias à frente
Fazendo só bom uso da tua empatia.
Ninguém te esquece, nem no Vimeiro a tua gente.


Luís Graça,

Os amigos do seminário
e os camaradas e amigos da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã
25 de novembro de 2019


Seminário de Almada > Convívio de antigos alunos > 24 de junho de 2017 > Foto de grupo: na primeira fila,  o Eduardo Jorge Ferreira aparece ao centro, com um joelho no chão, tendo à sua direita o Joaquim Pinto Carvalho e o Luís Graça, e à direita o o Miguel Franco...(Todos os quatro passaram pela Guiné, durante a guerra colonial...).


Seminário de Almada > Convívio de antigos alunos > 24 de junho de 2017 > O Eduardo Jorge Ferreira,recordando os bons tempos das partidas (a quatro) de "spiribol" (1)



Seminário de Almada > Convívio de antigos alunos > 24 de junho de 2017 > O Eduardo Jorge Ferreira,recordando os bons tempos das partidas (a quatro) de "spiribol" (2)

Foto (e legenda): © João Vinagre  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Ribamar > Festa de Nª Sra. de Monserrate > 14 de outubro de 2019 > 25º convívio dos antigos alunos de seminários, da região do Oeste: 

Este convívio era organizado pelo Eduardo Jorge Ferreira. O próximo, o  26º,  em 2020, já não será organizado por ele. Lá no céu, fará a supervisão. Mas há aqui um  lugar vago, aqui, difícil de preencher, porquanto o perfil do Eduardo era exigente. 

Na foto, o João Vinagre, à esquerda, um "rapaz" da Benedita, Alcobaça, que vive em Lisboa (engenheiro, empresário, reformado),  e o Forival Ferreira, da Lourinhã, que vive na Azambuja (, professor de história, reformado). Salvo melhor opinião, o João Vinagre reúne todas ou quase todas as condições  para integrar a comissão organizadora do 26º convívio,  que será em 12 de outubro de 2020, e onde faremos (,proposta minha, ) um singela homenagem ao nosso Eduardo. Outros nomes que me ocorrem para a comissão organizadora:

Carlos Silvério (Ribamar), Rui Chamusco (Lourinhã), Luís Manuel Silva (Estrada / Peniche, a viver em São Martinho do POrto / Alcobaça)), Jaime Bonifácio Marques da Silva  (Seixal / Lourinhã), Joaquim Pinto Carvalho (Vilar / Cadaval)...  Como se costuma dizer, o poder tem horror ao vazio... 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


2. Mensagem do engº João Vinagre,  um dos dinamizadores dos convívos dos antigos alunos dos seminários dioceses de Lisboa (Santarém, Almada e Olivais), dos anos de 50/60/70:

Com pesar transmito a notÍcia, recebida agora do Luís Graça a informar do falecimento do nosso colega Eduardo Jorge Pinto Ferreira,

Daqui para a frente as caldeiradas do Oeste, em Ribamar, organizadas pelo Eduardo, terão com certeza, se as houver , um sabor diferente.
Eduardo, não sou do teu tempo do seminário , mas recordo-te desde que colaboraste na organização do último encontro em Almada e ficámos amigos como se nos conhecêssemos há 50 anos...

Partiste muiti cedo... fazias-nos falta...

Recordo com saudades a entrega que punhas naquilo que fazias, a tua maneira de enfrentar as dificuldades sempre com sorriso e uma calma que se tornavam contagiantes.

Nas fotos que envio a própria bola de spiribol fez-me lembrar a tua vida ....caiu muito cedo.

Não cheguei a ver-te fardado a rigor como os militares das antigas guerras, que tinhas tanto gosto em representar, na tua terra, o Vimeiro.

um abraço, Edurado, até qualquer dia !!

João Vinagre

Lisboa, 24 de novembro de 2019



3. Mensagem, do João e Vilma Crisóstomo (Nova Iorque):

"Um abraço, Eduardo,  até qualquer dia !!”

Foi assim que o Vinagre se despediu do Eduardo, exprimindo, melhor do que eu sei fazer, a dor e os difíceis momentos que eu e todos os que conheceram o Eduardo estamos passando, depois de "recordar com saudades a entrega que Eduardo punha naquilo que fazia , a sua maneira de enfrentar as dificuldades sempre com um sorriso e uma calma que se tornavam contagiantes".  

Permito-me repetir as palavras do Vinagre porque não sei fazer melhor:" um abraço, Eduardo, até qualquer dia !!"

Por mais que a gente queira,  em ocasiões assim, não há palavras, apenas saudade, dor e tristeza; porque, de repente,ficamos sem jeito, sem saber o que dizer, sem saber o que fazer.

Tentar encostar a cabeça a um ombro amigo como eu tentei, não ajudou; no outro lado da linha,  deparei com dor e tristeza igual à minha, seres devastados também, também eles necessitando um ombro para repousar a sua cabeça cansada. 

Lembrado de ensinamentos de catecismo e ulterior educação religiosa , tentei refúgio e auxílio na fé, de que "a morte é o começo de uma nova vida". E, numa tentativa de respeito, evitando tentações de revolta que não podia deixar de sentir, obrigava-me e obrigo-me a aceitar o que não dá para compreender.

"Um abraço, Eduardo, até qualquer dia!"... Sentimos a tua falta!

Entretanto, meus caros Rui Chamusco, Luis Graça e demais caros camaradas,  ser fortes é o que nos resta, mesmo que cada um de nós tenha de controlar lágrimas e emoções. Que o contagiante sorriso (triste embora neste momento que não dá para melhor) e a calma do Eduardo permaneçam connosco e nos ajudem "até qualquer dia” também!

A Vilma junta-se a mim num grande e fraterno abraço para todos.
João e Vilma



Lourinhã > Ribamar > Festa de N. Sra. Monserrate > 14 de outubro de 2019 > Convívio anual dos antigos alunos de seminário, da região Oeste... Celebrando 25 convívios organizados pelo Eduardo Jorge Ferreira.. Infelizmente este seria último. Mas não iremos deixar morrer esta tradição, nem o Eduardo irá parar a "vala comum do esquecimento". [Na foto, à esquerda em primeiro plano, o Rui Chamusca, professor, da Malcata / Sabugal, que trabalhou com o Eduardo no Agrupamento de Escolas de Ribamar, e era um dos seus amigos do peito. Hoje reformado, vive entre a Lourinhã, a Malcata e Timor. Foi o Eduardo quem apresentou o Rui Chamusco ao João Crisóstomo]

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


4. O Eduardo era o grande dinamizador de, entre outros, do convívio dos antigos seminaristas do Oeste, que se realizava todos os anos em Ribamar, Lourinhã, na segunda feira da festa de N. Sra. Monserrate... O último foi em 14/10/2019. Aqui ficam os versinhos do Luís Graça que o organizador, Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) mandou a todos os convivas.

Ribamar, 10/10/1994 | 14/10/2019: 25 anos de Convívio dos ex-seminaristas do Oeste.


Tradicional caldeirada, organizada pelo Eduardo Jorge Ferreira,
na 2ª feira da 2º semana de outubro, no âmbito da festa anual de Ribamar, em honra de Nª Sra. de Monserrate.

O Eduardo é um dos professores-fundadores da Escola C + S de Ribamar (mais tarde, Escola Básica de Ribamar) no ano letivo de 1992/93…

Com início em 1994, por ocasião da Festa Anual de Ribamar iniciou-se o nosso convívio… A iniciativa foi dele. No princípio era uma escassa meia dúzia de ex-seminaristas, do seu curso…Vinte e cinco anos depois temos já cerca de 7 a 8 dezenas convivas, tudo malta do Oeste Estremenho e arredores…

A efeméride merece ser recordada. Para lembrar essa iniciativa pioneira e em homenagem ao nosso conterrâneo, amigo, condiscípulo e camarada de armas (O Eduardo, voluntárioo da Força Aérea Portuguesa, entre 1971 e 1977, esteve na Guiné em 1973/74, como alferes miliciano, na BA 12, Bissalanca), o poeta de serviço, Luís Graça (n. Lourinhã, 1947; Santarém e Almada, 1958/64; Guiné, 1969/71), escreveu, para todos os participantes do convívio de 2019, e para os mordomos e voluntários da festa de Ribamar que o tornararm possível, os seguintes versinhos (26 quadras populares encadeadas):

Se és ex-seminarista,
E o passado queres recordar,
Vem daí, simples turista,
Até nós, em Ribamar.

Até nós, em Ribamar,
Da Lourinhã, bela terra,
Mesmo se não foste ao ultramar,
E te livraste da guerra.

E te livraste da guerra,
Dando às balas o teu peito,
Nas contas é que não erra,
Eduardo Jorge, o prefeito,

Eduardo Jorge, o prefeito,
Que te chama a capítulo,
Só tens que vir a preceito,
Orgulhoso do teu título.

Orgulhoso do teu título,
Ex-aluno do seminário,
Foste nosso condiscípulo,
Agora septuagenário.

Agora septuagenário,
Mente sã em corpo são,
Não foste padre nem vigário,
Mas é mano de coração.

Mas é mano de coração,
E nessa exata medida,
O seminário de então
Foi uma escola de vida.


Foi uma escola de vida,
Esquece agora a santidade,
Que há muito te é devida,
Com essa proveta idade.

Com essa proveta idade,
Nem jejum nem a abstinência,
Seria até crueldade,
Passares fome, que indecência!


Passares fome, que indecência!
“Carpe diem”, camarada,
Vive, sim, com sapiência,
E ataca-me a caldeirada.


E ataca-me a caldeirada,
Da Senhora de Monserrate,
Cozinheira bem esmerada,
Até no bife de espadarte.

Até no bife de espadarte,
Iguaria desta festa,
Hás de comer a melhor parte,
E rapar o que ainda resta.

E rapar o que ainda resta,
Que já nada é pecado,
Dormes depois uma sesta,
E vais daqui perdoado.

E vais daqui perdoado,
Ó cabeçorra grisalha,
E p’la santa abençoado,
Garante o padre Batalha,

Garante o padre Batalha,
Nosso vizinho e amigo,
Nunca o ouvimos chamar canalha,
Nem ao seu pior inimigo.

Nem ao seu pior inimigo,
Diz o Alexandre Rato,
Patrão desta terra-abrigo,
Veio da Holanda, tem bom trato-

Veio da Holanda, tem bom trato,
O freguês-mor da freguesia,
Vamos com ele tirar um retrato,
E agradecer a companhia.

E agradecer a companhia
De todos vós, afinal,
Danados para a folia,
Mas sem a bula papal.

Mas sem a bula papal,
Excessos não cometemos,
Adeus, não levem a mal,
Já comemos e bebemos.

Já comemos e bebemos
Com esta gente de Ribamar,
P’ró ano cá voltaremos,
Se o Eduardo nos convidar.

Se o Eduardo nos convidar,
E se Deus Nosso senhor quiser,
Cá haveremos de estar,
P’ra comer o que ele nos der.

P’ra comer o que ele nos der,
Um manjar digno de Cristo,
Cá na terra enquanto houver,
Já que no céu não há disto.

Já que no céu não há disto,
A todos, muito obrigado,
Fica o Eduardo bem visto,
E o poeta emocionado.

E o poeta emocionado,
Por ser do clã Maçarico,
De exemplos de vida, rico,
Tem cá muito antepassado,

Tem cá muito antepassado,
Até frade e missionário,
Vai daqui bem confortado
C’o as memória do seminário.

C’o as memórias do seminário,
Termina esta oração,
E, como fraterno corolário,
Deixa-vos um chicoração.

Luís Graça, em seu nome pessoal,
e em nome da organização,
Eduardo Jorge Ferreira & Companhia Limitada.
Ribamar, festa de N. Sra. Monserrate, 14/10/2019
Contacto do organizador:
Eduardo Jorge > telemóvel > 964 485 269
email > ejp.ferreira@googlemail.com

Contacto do poeta:
email > luis.graca.prof@gmail.com
Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com

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domingo, 24 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20379: In Memoriam (354): Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952 - 2019), ex-alf mil, Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, 1972/74, régulo da Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã: o funeral é amanhã, 2ª feira, no Vimeiro, às 14h00


Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > A chegada do régulo, Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019). O Eduardo era uma "festa" onde e quando chegava. TInha uma invulgar capacidade de empatia, simpatia, altruísmo... Além de ser um "proativo", um agregador, um organizador, um líder nato..

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]


1. A notícia chegou-nos ontem, no sábado, ao fim da tarde. Brutal... Pela voz da Maria do Céu Pinto de Carvalho, do outro lado da linha. E o primeiro a quem eu a retransmiti, depois de confirmada, foi  ao nosso João Crisóstomo, com conhecimento a alguns dos nossos amigos comuns, ligados à Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã:


Data - sábado, 23/11/2019, 20:29

Assunto - Terrível notícia



João: assim de chofre...Acabo de saber e confirmar que morreu o nosso querido Eduardo Jorge... Não tenho grandes pormenores: terá sido no hospital, no bloco operatório, na sequência de uma cirurgia de rotina (extração de uma pedra no rim)

Estamos destroçados: era um dos melhores de todos nós: um grande coração, generoso, solidário, afável, prestável, voluntarioso, amigo do seu amigo...

Um chicoração fraterno... Luis


2. Fui de imediato repescar alguns dos dados que constam na base de dados da Tabanca Grande sobre o nosso querido e já saudoso Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952-2019), para editar  este primeiro In Memoriam (*)

O nosso amigo, vizinho e camarada Eduardo Jorge Ferreira, que morre agora aos 67 anos...

(i) era natural do Vimeiro, Lourinhã, onde nascera em 1/10/1952 (, no Dia Mundial da Música, diz o Ruii Chamusco, seu colega de profissão, seu amigo do peito);

(ii) a família reside na Rua Nova, 16, Pinheiro Manso,  Sobreiro Curvo, 2560 A dos Cunhados;

(iii) passou pelos seminários diocesanos de Lisboa (Penafirme, Santarém e Almada)

(iv) ofereceu-se para a Força Aérea, em 1971, como voluntário, por um período de 6 anos;

(v) foi alf mil da Polícia Aérea, na BA 12, Bissalanca, de 20 de janeiro de 1973 a 2 de setembro de 1974, colocado na EDT (Esquadra de Defesa Terrestre);

(vi) passou ainda, em Lisboa, pela Comissão de Extinção da PIDE/DGS (Gabinete de Imprensa) e pelo Estado Maior General das Forças Armadas (1ª Divisão);

(vii)  passou à disponibilidade em junho de 1977;

(viii) tirou entretanto o curso de Instrutores de Educação Física e,  mais tarde, a licenciatura em Administração Escolar, realizando o percurso normal de professor até uma determinada altura a que se seguiram 15 anos de ligação à gestão escolar, no Agrupamento de Escolas de Ribamar, Lourinhã dos quais 12 como presidente;

(ix) voltou a ser unicamente professor nos 9  últimos anos lectivos,  acabando a sua  carreira profissional em abril de 2011;



(x) era destacado membro da  Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro (AMBV), de que cujos órgãos sociais fez parte, tendo dedicado os últimos anos da sua vida a esta causa;

Esta Associação deixou na sua página do Facebook as seguintes palavras de homenagem: 

"Hoje perdemos um amigo, um companheiro que pertencia à categoria rara das pessoas que irradiam simpatia, dedicação e generosidade.
"A AMBV apresenta a toda a família as mais sentidas condolências e o nosso abraço apertado! Obrigado, Eduardo, por tudo o que nos deste...Até sempre,  Comandante!"

(xi) entrou para a nossa Tabanca Grande em 31/8/2011 (**);

(xii) tem cerca de meia centenas referências no nosso blogue;

 (xiii) era casado com a São, inspetora do trabalho, na ACT - Autoridade das Condições de Trabalho; deixa dois filhos, João e Rui, e 4 netos;

 (xiv) noutra encarnação  sabemos que foi sargento, integrado no exército luso-britânico que derrotou o exército napoleónico na batalha do Vimeiro, Lourinhã, em 21 de agosto de 1808;

(xv) repousa agora no Olimpo dos nossos Heróis, aqueles que são mais doque homens, e menos do que deuses;  e contamos com a sua proteção, enquanto a vida nos deixar andar por cá, por esta Terra da Alegria, que ele tanto amava.


3. Algumas das primeiras homenagens que nos chegaram,  da autoria de amigos, condiscípulos e camaradas:

João Crisóstomo (Nova Iorque), sábado, 23/11/2019, 21h30

Não sei o que dizer…

Juntamo-nos e estamos com vocês neste momento de dor. Entregamo-lo nas mãos do Senhor . Como há uma missa agora vou assistir e pedir ao Celebrante que o lembre também. Grande abraço, 
João e Vilma




À
BOA MEMÓRIA
DO
EDUARDO




Quem foi? quem te abateu tão de traição,
Meu bravo e generoso companheiro?!
Na última batalha do Vimeiro
Tombaste, já não és mais "sargentão"

Foste mestre do bem e do amor,
Ensinaste os caminhos da concórdia;
Se aonde foste, houver misericórdia,
Ela te sirva glória e louvor!

Que a tua eternidade agora seja
O prémio dessas lutas que travaste,
E tenhas paz onde quer que estejas!...

Não foste tu que nos abandonaste…
Foi Deus que te recrutou, com inveja
Daqueles que te amam e que amaste.
















Joaquim Pinto Carvalho (Vila Nova / Vilar / Cadaval)


Rui Chamusco (Lourinhã, Malcata / Sabugal, Timor)

Guiné 61/74 - P20378: Blogues da nossa blogosfera (116): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (31): Palavras e poesia


Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos esta publicação da sua autoria.

SE EU FOSSE UM AVIÃO

ADÃO CRUZ

© ADÃO CRUZ


Se eu fosse um avião
tinha um motor em cada mão
e voava…
Não sei para onde
mas voava para fora deste mundo…
Não há nada como um cabritinho assado
à beira da pista
com dois copos de tinto ali à mão
a força que levanta do solo
a alma de qualquer artista.
Ah! Ah! Ah!
Aquele avião amarelo
do lado de lá
mesmo á vista de quem está
do lado de cá…
Ai se eu fosse um avião
com um copo em cada mão
não esperava por malinhas de rodas
e voava…
não sei para onde
mas voava…
para fora da ilusão.
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20357: Blogues da nossa blogosfera (114): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (30): Palavras e poesia

Guiné 61/74 - P20377: Blogpoesia (647): "O corvo negro", "O encanto da vitória" e "Abram clareiras!...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:


O corvo negro

Sobre o alto daquele prédio em frente, está poisado um corvo negro.
Astuto. Atento a tudo.
Na sua vida.
Eu aqui a vê-lo.
Nada de mim ele sabe. Nem sequer se existo.
E eu dele. Senão que ele ali está.
Domina o mundo. Voa livre e poisa onde quer.
Pega e vai.
Que ideia fará de nós, mortais?
Caminhamos lentos sobre terra firme.
uns latagões.
Não imagina como vão cheios pelo ar acima aqueles passarões gigantes, tão estranhos.
Não batem as asas e, num instante, desaparecem no infinito dos céus.
Ainda lá está o corvo negro. Sua cabeça não pára.
Afinal, é o mesmo de ontem…

Berlim, 17 de Novembro de 2019
8h37m
Jlmg

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O encanto da vitória

Vencer é conseguir alcançar o bom.
Sempre e em todo lugar.
Aprender com as falhas.
Da próxima será melhor.
Tem seu preço.
O esforço que faz doer o corpo.
Não a alma, onde se guardam todas as vitórias.
A paz e a tranquilidade, o motor do nosso viver, só se ganham à força dos nossos braços.
Que sabor teria a vida se tudo nos fosse ofertado?
Não tem preço a alegria que nos dá um diploma.
A simples carta de conduzir.
Ou o duma licenciatura em qualquer ramo do saber.
Chegar à meta à frente e olhar de pé o pelotão que ainda vem subindo…

Ouvindo Músicas Clássicas Lindas
Berlim, 18 de Novembro de 2019
10h14m
Jlmg

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Abram clareiras!...

Faça-se silêncio. Vai passar o concerto para piano e orquestra, nº 3 de Rachmaninoff.
Vai arrasar todo o passado de harmonia e exaltação.
Chegam ao céu seus trinados comoventes.
Derretem os corações empedernidos seus acordes vigorosos.
Descem vagabundos seus andamentos como corcéis pela serra abaixo até ao rio.
Como vagas enfurecidas sobre a praia, cavalgam os dedos da pianista transfigurada.
O piano se transforma num vulcão efervescente de sons arrepiantes.
Receia mesmo não resistir ao que lhe pede a artista galvanizada por uma melodia incandescente nunca ouvida.
Que duelo aterrador entre um piano tão sentido com os ademanes duma orquestra titubeante!
Ficou para a história a vitória retumbante do piano preto de cauda aberta pelas mãos divinas da pianista.

Que pena não poder estar presente na plateia o seu autor!...

Ouvindo Rachmaninoff: Piano Concerto No. 3 - Anna Fedorova
Berlin, 19 de Novembro de 2019
19h54m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de Novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20355: Blogpoesia (646): "Pé-ante-pé sobre o mar...", "Páginas inúteis" e "Brincando com as formas", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P20376: Parabéns a você (1714): Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69) e António Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)



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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20372: Parabéns a você (1112): José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74)

sábado, 23 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20375: Lições de artilharia para os infantes (8): Algumas características técnicas do obus 14 e da peça 11.4 (C. Martins, ex-cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1973/74; João Martins, ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69)


Guiné > Região de Gabu > Coluna Bafatá - Nova Lamego - Piche > Setembro de 1968 > Picada a caminho de Nova Lamego, com três peças 11.4.  As peças foram desembarcadas em Bambadinca, vindas de Bissau, na LDG 101. Seguiram depois em estrada alcatroada, até Bafatá. Só mais tarde é que foi construída uma estrada alcatroada entre Bafatá e Nova Lamego, com seguimento até Piche. Estas peças participaram na Acção Mabecos, 22-24 de fevereiro de 1971.

Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (*)


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 135/199 > O temível obus 14... mais um elemento da guarnição africana do  Pel Art ali destacado.

Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012).   Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].(**)


VI Encontro Nacional da Tabanca Grande, 4 de junho de 2011.
Uma das  raras fotos do C. Martins, aqui de óculos escuros,
ao lado do J. Casimiro de Carvalho,
dois heróis de Gadamael.
Foto: Luís Graça (2011)
1. Comentário ao poste P20370 (***), por parte do nosso C. Caria , ex-alf mil art, cmdt do 23º Pel Art, Gadamael, 1973/74


O C. Martins - nosso leitor e camarada, mais conhecido por ter sido o "último artilheiro de Gadamael" , comandante do Pel Art 23, que acabará por (con)fundir-se com o 15, mas também médico, reformado,  a viver no Portugal profundo, - não faz parte formalmente da nossa Tabanca Grande (TG), por razões que ele invocou, de natureza  deontológica, éticas e profissional, razões que sempre  entendemos e respeitámos. . Isto quer dizer que: (i) nunca pediu para aderir à TG; (ii) nunca aceitou o nosso convite para ingressar na TG; (iii) nunca se apresentou ao "pessoal da caserna", como mandam as NEP do blogue; (iv) nem nunca enviou as duas fotos da praxe. Tem cerca de 3 dezenas de referências no blogue, foi em tempos presença assídua nos Encontros Nacionais da Tabanca Grande, em Monte Real

Alcance do obus 14...16 km. E da peça 11,4...18 km
Peso de ambos sensivelmente 7 toneladas

Para pôr a peça ou obus em posição de tiro,(abrir sapatas,colocar espoleta na granada e introduzi-la no tubo, colocar carga,fechar culatra principal,introduzir escorva na culatra auxiliar, puxar cordel para accionar disparo) levava no mínimo 1 minuto para artilheiros experientes.

Após o obus estar pronto para disparar,  o comandante introduzia os dados de tiro no aparelho de pontaria,  verificava níveis e fazia a respectiva rectificação com a cruzeta colocada normalmente atrás do obus.

Convém referir que em situação normal de estacionamento em quartel, o obus estava em posição de tiro e as granadas estavam já com a respectiva espoleta e as cargas à disposição.

A espoleta era armada pela rotação da granada após a saída do tubo.

A velocidade da granada à saída era de 600 m /s

A elevação do tubo ía de -5º a 45º-

Se se fizessem vários tiros directos com uma elevação baixa corria-se o risco de rebentar os hidráulicos.

O grande perigo que todos os artilheiros temiam era o rebentamento da granada à boca do tubo..Invocava-se Santa Bárbara e vai disto!...

Se bem que a dotação de cada obus 14 fosse de 10 serventes,  fazia-se tiro com menos, dependia da experiência de cada um.

Havia um Pel Art  algures na guiné que conseguia fazer tiro de 20 em 20 segundos e,  para gáudio dos infantes,  terminava-se sempre com 3 tiros em simultâneo,  era um "mini ronco".

Ah!, já me esquecia,  a granada do 14 pesava 45 kg e da peça 11,4 25 kg. (**)

Saudações artilheiras

C.Martins

2. Informação do João Martins (ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69; vive em Lisboa: tem 55 referências no nosso blogue]


Sobre o obus 14 (cm e não mm...), ele já nos deu, em tempos,  as seguintes explicações técnicas (**)::

(...) "14 cm é o diâmetro da alma do canhão. Recordo que um obus é constituído por "reparo", a parte que assenta no chão e que tem duas "flechas" à retaguarda para que não recue, o "canhão" que começa na "culatra" que é a parte onde se colocam as "granadas" e os "cartuchos" com diferentes dimensões e cargas, conforme a força impulsionadora que se pretende, e que está relacionada com a distância, e, finalmente, a "massa recuante" que é o sistema hidro-pneumática que, após o tiro, leva o "canhão" à posição inicial.

Quando estive em Bedanda, e antes de rumar a Gadamael-Porto, com destino a Guileje, os 3 obuses estavam dirigidos para 3 direções bem distintas porque os ataques eram provenientes de 3 lados bem diferenciados, pelo que, regra geral, não disparavam simultâneamente, além de que estavam em extremos do aquartelamento.

Recordo-me que um dia, alguém vestido de modo "estranho" me perguntou se os obuses disparavam só para longe, ou, também, para perto. Respondi que só para longe. É claro que, naquela noite, perceberam quando queriam entrar no aquartelamento, que também disparava para perto. Os africanos que se encontravam no interior da moranças é que não gostaram do "festival" porque as granadas, que pesam 45 kg, passaram-lhes a rasar, eu diria que entre 1 metro e 2 metros. Numa das fotografias das minhas memórias, vê-se um furriel a acimentar o chão, onde o obus rodava... 


Enfim, algumas das minhas muitas recordações...que não esquecerei facilmente.. (...) (**)

Portanto, , no  essencial, pode dizer-se o seguinte:

(i) a peça de 11.4 cm e o obus 14 cm eram parecidos (mesmo reparo );

(ii) a peça 11. 4 era de menor calibre mas tinha o tubo mais comprido que o obus 14.(****)
____________

Notas do editor:


(**) Vd. poste de 26 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9947: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte VI: Bedanda, com o obus 14: um dos locais que me deixou mais saudades...

(***) Vd. poste de 22 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20370: Fotos à procura de uma... legenda (113): Camaradas artilheiros, quando media, em comprimento, o conjunto Berliet ou Mercedes ou Matador + reboque + obus 14 ou peça 11,4 ?.. 15 metros!... E quanto pesava ? 15 toneladas!... Façam lá o TPC: 9 bocas de fogo, mais 9 rebocadores, mais 9 Unimogs e Whites, mais 300 homens em armas... mais 500 granadas... Qual o comprimento (e o peso= de uma coluna destas, a progredir numa picada, no mato, de Piche, a caminho da fronteira, "Acção Mabecos", 22-24 de fevereiro do século passado, numa guerra do outro mundo ?!..

(****) Último poste da série > 30 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20107: Lições de artilharia para os infantes (7): Tal como o Strela reduziu a liberdade do nosso movimento aéreo, o radar de localização de armas (vulgo contra-morteiro) teria congelado a artilharia do PAIGC... (Morais da Silva / António J. Pereira da Costa / Luís Graça / Manuel Luís Lomba)

Postes anteriores:

10 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10019: Lições de artilharia para os infantes (6): O obus 14 de Bedanda em tiro direto... (C. Martins / Rui Santos)

17 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9915: Lições de artilharia para os infantes (5): Quando o oficial de dia fez um levantamento de rancho... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)

4 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9852: Lições de artilharia para os infantes (4): O que era uma bateria (ou bataria)... (C. Martins, Cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)

16 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9496: Lições de artilharia para os infantes (3): Fazer a rotação, de 180º, do obus 14, para apoiar Jemberém (C. Martins, CMDT do Pel Art, Gadamael, 1973/74)

15 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7791: Lições de artilharia para os infantes (2): O artilheiro Doutor, Mansambo, CART 2339, 1968/69 (Torcato Mendonça)

14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7782: Lições de artilharia para os infantes (1): Como era feito o tiro de obus 14 (C. Martins, ex-Alf Mil, Pel Art, Gamadael)

Guiné 61/74 - P20374: Notas de leitura (1239): "Um ranger na guerra colonial"..., de José Saúde, Edições Colibri, Lisboa, 2019. Prefácio de Luís Graça.


Capa do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial: Guiné-Bissau, 1973/74: memórias de Gabu". Lisboa: Edições Colibri, 2019, (Coleção "Memórias de Guerra e Revolução", 20).

O lançamento do livro já está agendado para o dia 10 de dezembro de 2019, em Beja, na Biblioteca Municipal, às 21h30. E no dia 8 de fevereiro de 2020 será apresentado, com pompa,  circunstância e... "cante alentejano", na Casa do Alentejo, em Lisboa, com apresentação a cargo do nosso editor Luís Graça.


Prefácio

A guerra colonial (1961/75) terá sido possivelmente o acontecimento mais marcante da sociedade portuguesa do Séc. XX. Foi-o, pelo menos, para a nossa geração, a minha e a do José Saúde. Estamos a falar de mais de um milhão de combatentes, portugueses, mas também guineenses, angolanos e moçambicanos (que estiveram de um lado e do outro da “barricada”…). O seu desfecho levou não só à restauração da democracia em Portugal, com o 25 de Abril de 1974, mas também ao desmantelamento dum império colonial que verdadeiramente nunca chegou a sê-lo, e ao nascimento de novos estados lusófonos, a começar pela Guiné-Bissau, mais de cento e cinquenta anos depois da independência do Brasil (em 1822).

Em contrapartida, não creio que Portugal, meio século depois, tenha feito ainda o balanço (global) de uma guerra que, contrariamente a outras (por ex., invasões napoleónicas e guerras civis no Séc. XIX) se passou a muitos milhares de quilómetros de distância da Pátria, na África tropical. 

Portugal nunca fez o luto da guerra colonial (ou está agora a fazê-lo, lenta, tardia e patologicamente). E, no entanto, tem vindo, sobretudo depois da descolonização, a aumentar o interesse por esta guerra (que alguns preferem continuar a chamar “guerra do ultramar” ou “guerra de África”): veja-se a literatura de memórias, a produção ficcional e poética, a animação nas redes sociais de que o nosso blogue foi pioneiro, a investigação historiográfica e científica, a comunicação social, escrita e falada, etc.

É neste contexto que podemos situar este livro de memórias do José Saúde, o testemunho privilegiado de um português e militar que soube fazer tanto a guerra como a paz… Foi Furriel Miliciano de Operações Especiais (Ranger) na Companhia de Comandos e Serviços (CCS) do Batalhão de Artilharia (BART) n.º 6523 (Guiné, Região de Gabu, Nova Lamego, agosto de 1973/setembro de 1974)… 

Na realidade não chegou a cumprir os esperados 21 meses de comissão de serviço, porquanto nove meses depois sua chegada começou a desenhar-se, a partir de abril de 1974, a tão ansiada solução política para aquele interminável conflito armado que opunha as autoridades portugueses ao PAIGC, mas que também tinha muitos outros “stakeholders”, dada o seu contexto geoestratégico (estava-se em plena "guerra fria") e os interesses em jogo (a nível local, regional, nacional e internacional).

Não é de jogos de guerra de que aqui se fala, nem sequer de grandes batalhas, mas de simples memórias vividas e contadas na primeira pessoa do singular e do plural… Não é História com H grande, mas “petite histoire” sem a qual não se poderá perceber o que foi aquele conflito… 

De que é que trata, afinal, este livro de mais de 200 páginas ? O autor não poderia fazer melhor síntese ao dizer que são “histórias que nos conduzem a uma viagem onde a Guerra se cruzou com a Paz”. E justamente numa região da Guiné, o leste, o Gabu, o “chão fula”, onde se tinha verificado uma escalada da guerra, desde pelo menos o meu tempo (Bambadinca, 1969/71), mas onde o PAIGC estava longe de ter conseguido conquistar o “coração” das gentes… e muito menos o seu território.

O presente volume reúne uma seleção de pequenas crónicas de um lote de cerca de 90, que o autor foi publicando, desde 2011, no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Tudo poderia começar pela clássica frase “Menino e moço, abalei da casa dos meus pais"... Aldeia Nova de S. Bento, Beja, Tavira, Lamego, Bissau, Nova Lamego (Gabu)… 


São memórias de pessoas e de lugares, que correm o risco de desaparecer no limbo do esquecimento: a evocação da incontornável viagem de LDG (Lancha de Desembarque Grande), Rio Geba acima, de Bissau ao Xime, com o fantasma do inimigo em Ponta Varela, antes da chegada ao destino; a bela e acolhedora cidadezinha colonial, que dava pelo nome de Bafatá, a capital do leste, conhecida no meu tempo como a “Princesa do Geba”; os “piras” e os seus rituais de iniciação e adaptação (ao clima, à guerra, às duras condições de vida nos quartéis e destacamentos lá no fim do mundo onde, de repente, se podia imaginar uma 5ª Avenida; a perda da inocência (o mesmo é dizer, da juventude) com a primeira morte de uma camarada; as colunas de reabastecimentos até a Bafatá, onde se ia buscar o pão para a boca e as "bazucas" (garrafas de 0,6 l de cerveja) do nosso contentamento… mas também a necessário provisão de caixões para os mortos; o privilégio de se ter um rádio que nos traz notícias do outro lado do mundo; o “batismo de fogo”, mesmo que atabalhoado; os dias de folga da guerra, em que o camuflado se trocava pela roupa civil, as tardes passadas nas tabancas com os seus frondosos e sagrados poilões, aprendendo com a sabedoria dos mais velhos, e deliciando-se com a alegria e a inocência dos mais novos, as encantadoras mas desprotegidas crianças da Guiné; o conhecimento, mesmo que superficial, de usos e costumes ancestrais como o batuque, o "fanado", o trabalho no campo, a família, o patriarcado, a condição da mulher, entre os fulas ; e sobretudo a ternura para com a “menina do Gabu”, loira e de olhos negros, “filha do vento”, de amores em tempo de guerra.… 

É um impressionante desfiar de memórias, fragmentadas, que não segue uma sequência rigorosamente lógica nem cronológica. Enfim, há outros tópicos “incontornáveis” como o comércio do sexo, num país em guerra e num chão que era dos fulas, “nossos aliados”; as nossas afáveis e alegres lavadeiras e a fonte do Alecrim ou a “aldeia da roupa branca” (neste caso, verde e castanha); a “mascote”, o Alberto, o benjamim da Companhia, como o havia em quase todas as companhias, o “djubi” que era protegido e acarinhado pelos “tugas”; o primeiro e único Natal passado no mato, em 1973; figuras locais como Jau, o guia, o milícia Jaló, o Seidi, o magarefe, ou o Mário, antigo guerrilheiro e depois impedido do comandante…

Mas onde se fala ainda de notícias de deserção (o amigo desde Tavira e Lamego, “ranger”, cabo-verdiano que se pira para o PAIGC); a rotina da atividade operacional (incluindo a segurança à pista de aviação de Nova Lamego); a terrível experiência da sede e a importância vital da água; as alegrias da mesa e do convívio, à volta de um cabrito assado no forno; a continuação da “militarização” dos fulas, com a formação de novas companhias de milícias; as alegrias, as expectativas eas perplexidades do 25 de Abril de 1974 (vividas em plenas férias, no Alentejo, ainda só com nove meses de Guiné); o regresso ao Gabu em maio de 1974, os primeiros contactos com o inimigo de ontem, a apreensão da população  fula face aos seus “libertadores”…

Amante do futebol, o autor não podia deixar de evocar as tardes de domingo, as futeboladas, a alegria de ir visitar, desarmado, os camaradas de Madina Mandinga em tempo de paz ainda precária (mas já sem o temor das minas e das emboscadas)… E, “last but not the least”, a transferência de soberania (na noite de 3 para 4 de Setembro de 1974, “um momento inesquecível”), a despedida, o regresso a casa, o segundo regresso ao Gabu, 25 anos depois, através de fotos de 1999, a catarse vivida com “lágrimas (…) de saudade e de ternura”…

O José Saúde, desportista e jornalista, é também o exemplo de um  "coraçºão grande", de um grande lutador, de um grande sobrevivente e de um grande comunicador. Bastaria ler a sua história de vida e os seus livros “AVC – Acidente Vascular Cerebral na Primeira Pessoa” (Estarreja: Mel Editores, 2009, 162 pp.), ou AVC Recuperação do Guerreiro da Liberdade (Chiado Editora, 2017, 179 pp). Com o seu nono livro, agora dado à estampa e complementado com novas narrativas, ele não vem (nem precisa de) provar nada a si próprio nem aos outros: vem apenas confessar que viveu, que viveu momentos difíceis mas também bonitos e solidários no seu Gabu, na sua Guiné, naquela terra verde e vermelha, por cuja sorte o seu bom coração, de alentejano e português, ainda continua a bater.

Luís Graça, fundador e editor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (desde 2004) (**)


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Notas do editor:

(*) Colecção: Memórias de Guerra e Revolução Direcção: Carlos de Almada Contreiras:

1 – O 25 de Abril e o Conselho de Estado. A Questão das Actas Maria José Tíscar
2 – A Viagem da Corveta. Uma Década de Episódios Navais Manuel Begonha
3 – Diplomacia Peninsular e Operações Secretas na Guerra Colonial, 2.ª edição Maria José Tíscar
4 – Terra-Mar-e-Guerra. Cogitações de um Marinheiro Alentejano José Faustino Ferreira Júnior
5 – Revolução de Abril. As Praças da Armada José Boto, Cabo C; José Brinquete, Marinheiro L; José Bruno, Cabo C, Vítor Lambert, Cabo L (coordenadores)
6 – A Contra-Revolução do 25 de Abril. Os “Relatórios António Graça” sobre o ELP e AGINTER PRESSE Maria José Tíscar
7 – 5.ª Divisão – MFA – Revolução e Cultura Manuel Begonha
8 – A Última História de Goa 2.ª edição revista e aumentada do livro N.R.P. Sirius – Índia 18 de Dezembro de 1961 – Três Casos de Marinha Manuel José Marques da Silva
9 – Retalhos de Vidas de Marinheiros Geraldo S. Lourenço
10 – A Descolonização da Guiné-Bissau e o Movimento dos Capitães, 2.ª edição Jorge Sales Golias
11 – A Guerra nos Balcãs. Jihadismo, Geopolítica e Desinformação. Vivências de um Oficial do Exército Português no Serviço da ONU Carlos Branco
12 – Operação Viragem Histórica – 25 de Abril de 1974, 2.ª edição Organização de Carlos de Almada Contreiras
13 – A PIDE no Xadrez Africano. Conversas com o Inspetor Fragoso Allas, 2.ª edição María José Tíscar
14 – A Guerra na Antiga Jugoslávia Vivida na Primeira Pessoa. Testemunhos de Militares Portugueses ao Serviço das Nações Unidas Coordenação de Carlos Branco, Henrique Santos e Luís Eduardo Saraiva
15 – A Noite que Mudou a Revolução de Abril – A Assembleia Militar de 11 de Março de 1975 Coordenação de Carlos de Almada Contreiras
16 – Todos ou Nenhum. A libertação dos presos de Caxias João Menino Vargas
17 – O MFA em Moçambique – Do 25 de Abril à Independência Aniceto Afonso
18 – A Verdade Escondida – O 25 de Novembro e as Praças da Armada José Boto, José Brinquete, Fernando Marques, Florindo Paliotes (Coordenação)
19 – Kosovo – A Incoerência de uma Independência Raul Cunha
20 – Um Ranger na Guerra Colonial – Guiné-Bissau (1973-74) José Saúde