segunda-feira, 1 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21029: Notas de leitura (1287): “Guerra e política, em nome da verdade, os anos decisivos”, por Kaúlza de Arriaga; Edições Referendo, 1987 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Março de 2017:

Queridos amigos,
Motiva-me, de há muito, ajuntar o maio número possível de peças sobre a guerra colonial e o que depois se passou. Ao General Kaúlza de Arriaga gabe-se a franqueza: foi sempre um homem do regime, considerou-se um vanguardista em matérias de força aérea e energia nuclear. O que mais impressiona neste seu relato que tem a data de 1987 é a sua impossibilidade, à luz de documentação vinda ao lume posteriormente ao fim do Estado Novo, de poder equacionar em termos concretos as grandes determinantes da luta anticolonial e os apoios que colheu, muito longe de terem ficado confinados ao comunismo, como se fazia acreditar. E pasma-se como é possível escrever-se serenamente de que não tinha havido nenhum massacre em Wiriamu.

Um abraço do
Mário


Kaúlza de Arriaga, as suas queixas contra a descolonização

Beja Santos

“Guerra e política, em nome da verdade, os anos decisivos”, por Kaúlza de Arriaga, Edições Referendo, 1987, é uma compilação de textos em que uma das mais destacadas figuras militares ultranacionalistas apresenta a sua posição sobre a guerra no Ultramar, elenca aqueles que ele considera os casos fulcrais, expõe as doutrinas de guerra e a luta em Moçambique que na sua opinião caminhava para a vitória da posição portuguesa.

Segundo o antigo Comandante-Chefe das Forças Armadas de Moçambique as causas profundas da guerra foi a infiltração comunista no chamado terceiro mundo, a avidez de destroçar a posição de vanguarda em que se encontrava o Ultramar português, que nada tinha a ver com colonialismo opressores e exploradores, era naqueles territórios que se caminhava para a autodeterminações autênticas, que seriam atingidas provavelmente nos últimos anos da década de 1980 ou nos anos 1990. O nosso Ultramar, continua Kaúlza de Arriaga, estava dependente da confrontação Leste/Oeste, Moscovo queria passar para a sua órbita Angola e Moçambique, para poderem ser utilizadas como bases privilegiadas contra a Namíbia e a África do Sul. O 25 de Abril significou a apostasia e a traição, a posição portuguesa era legítima, no Ultramar agia-se mediante uma guerra construtiva e defensiva e diz explicitamente: “Outro aspeto importante da guerra contra-subversiva no Ultramar português foi a grande humanidade com que as operações, mesmo as especificamente militares, eram conduzidas e executadas (…) dificilmente se encontrará onde e quando se tenha ido mais longe em matéria de acolhimento de prisioneiros”. As forças armadas foram bem-sucedidas na contra-subversão, promoveram as populações, travaram o terrorismo, e culmina com a seguinte afirmação: “Pelo menos em Angola e Moçambique, a contra-subversão conduzida pelas forças armadas e pelas autoridades civis estava inequivocamente muito próxima da vitória final”.

Destas considerações, o general salta para o período pré-25 de Abril e para um célebre almoço que teve lugar em Lisboa, em 14 de Setembro de 1973, onde estiveram presentes os Generais Venâncio Deslandes, Fernando Resende, António de Spínola e Kaúlza. Escreve-se que ali se fez uma análise aprofundada do que ocorria na metrópole, muito com consequências perigosas para o Ultramar, tendo-se concluído da séria conjuntura que se vivia e da possível incapacidade do governo para a enfrentar. Segundo Kaúlza, Marcello Caetano tinha sido ultrapassado pelas organizações e por acontecimentos. E di-lo com a maior das clarezas: “Impunha-se que os generais, chefes das forças armadas em guerra e em operações activas, na sua qualidade de exemplo primeiro, assumissem as suas responsabilidades, fazendo sentir ao poder vigente, firme e decisivamente, as mudanças que se tornavam indispensáveis”. Spínola terá dito que não desejava trabalhar com os outros generais, ele faria sozinho, com a sua gente e quando o entendesse o seu 28 de Maio. O Major Carlos Fabião encarregou-se de estragar a festa, em 17 de Dezembro, no Instituto de Altos Estudos Militares terá alertado para um golpe de generais ultra em preparação. Kaúlza queixou-se de Fabião, ninguém lhe ligou. Apareceu o livro de Spínola, Kaúlza esteve três vezes no primeiro trimestre de 1974 com Américo Thomaz, este também não teve coragem de tomar as medidas consentâneas. Segundo Kaúlza chegara-se à movimentação dos capitães a partir de três casos e situações determinantes: a remodelação ministerial de 7 de Novembro de 1973, a publicação do livro de Spínola e a passividade ou cumplicidade do governo perante o MFA. Chegara o descalabro, também explicado pela marxização europeia, e assim se deu a colocação plena na órbita do imperialismo comunista das nossas parcelas africanas.

Kaúlza de Arriaga em cerimónias do 10 de Junho

Kaúlza foi detido por associação dos acontecimentos do 28 de Setembro de 1974. Acusa gente vingativa como Costa Gomes e Galvão de Melo. Juntou-se a um grupo de 18 cidadãos portugueses que apresentaram uma queixa, em finais de Dezembro de 1979 na secretaria da Polícia Judiciária contra Mário Soares, Almeida Santos, Melo Antunes, Costa Gomes, Rosa Coutinho, Vítor Crespo, Otelo Saraiva de Carvalho, Pires Veloso, Vicente de Almeida d’Eça e outros, como os membros do Conselho de Estado que deram pareceres favoráveis aos acordos que conduziram à descolonização. Fala do seu empenhamento na definição de doutrinas de Estratégia e descreve minuciosamente o programa da cadeira de Estratégia que ministrou no Instituto de Altos Estudos Militares, dá-nos conta da correspondência que travou com Salazar, das suas conferências alusivas à ação estratégica em África, teve, à semelhança de Spínola, boas relações iniciais com Marcello Caetano, acabou tudo em discórdia. As memórias amontoam-se, fala-se do 13 de Abril de 1961 em Angola, do desastre da Índia portuguesa, do conflito entre Adriano Moreira e Venâncio Deslandes, enfim, da degradação e desmoralização das forças armadas. De várias procedências, fizeram-lhe convites para se candidatar à presidência da República, inclusivamente para se confrontar com Américo Thomaz. Não perdoa a Costa Gomes, em 1973, não lhe ter dado mais meios efetivos, para combater o terrorismo em Moçambique.

Momentos há, enquanto se lê esta narrativa, em que questiona se Kaúlza só estava preocupado com Angola e Moçambique, tratava a Guiné como uma subalternidade, uma esquirola em confronto com duas províncias opulentas, e é nesse contexto que se pode ler o que ele pensa:  
“A questão começava em saber-se se a Guiné podia defender-se, sem prejuízo inaceitável para as lutas em Angola e Moçambique, em face da absorção desproporcionada de atenções e de meios contra-subversivos a que se dava lugar. Isto porque a importância da Guiné era, no Conjunto Português, mínima em contraste com a das grandes e prósperas províncias de Angola e Moçambique que, com a metrópole, constituíam a parte fundamental de tal conjunto. Punham-se duas hipóteses. A primeira, a da Guiné ser defensável sem prejuízo das lutas em Angola e Moçambique, havendo nesta hipótese, evidentemente que defendê-la. A segunda, a da defesa da Guiné se projectar, nas mesmas lutas de Angola e Moçambique, com significativo retardamento ou grande prejuízo do êxito português, havendo, nesta outra hipótese, que encontrar-lhe uma solução própria. Parece que, na opinião de Spínola, a guerra na Guiné não poderia vencer-se em termos militares, devendo, em consequência, procurar-se uma solução política. Creio que esta opinião não tinha muito sentido, porque, sendo a subversão/contra-subversão uma luta total, em que o factor militar não é o mais importante, a vitória contra-subversiva só podia, em regra, ser conseguida pelo conjunto de forças de um país lideradas pela Alta Política, e raramente apenas pelas suas Forças Armadas”.

Kaúlza de Arriaga anda num vaivém entre o seu presente e o seu passado, é muito repetitivo, como se disse, dava a luta em Moçambique como vitoriosa, estava mesmo tão vitoriosa que exigia muitíssimos mais efetivos para ficar em Moçambique, diz que houve pseudomassacres em Moçambique, nada aconteceu em Wiriamu. Suficientemente modesto e discreto, deixa na contracapa uma citação de Luc Beyer de Ryke, um jornalista belga que sobre ele escreveu em 25 de Setembro de 1973: “Kaúlza de Arriaga é um carácter e uma lenda. Para os seus adversários é tido como o Massu (célebre oficial paraquedista francês) português. Na verdade, este homem que cultiva com muita arte o sentido das relações públicas, pareceu-nos mais subtil, mais inteligente que Massu. General vitorioso no Norte, não tendo ainda forçado e selado a decisão em Tete, a Kaúlza de Arriaga poder-se-ia aplicar a frase de Barrès: tem sempre o cérebro no punho de um sabre”.

Junta-se o texto de uma notícia que vinha dentro deste livro que adquiri na Feira da Ladra, ao princípio da manhã de sábado, 11 de Março de 2017.

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Nota do editor

Último poste da série de 30 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21023: Notas de leitura (1286): "A batalha do Quitafine: a contraguerrilha antiaérea na Guiné e a fantasia das áreas libertadas", edição que acaba de sair do antigo ten pilav José Nico, BA 12, Bissalanca, 1968/70

Guiné 61/74 - P21028: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (20): Fotos do álbum do José Lino Oliveira (ex-fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 12jul74 - 15out74) - Parte II: O adeus a Mansoa: 9 de setembro de 1974: o fur mil op esp / ranger Eduardo Magalhães Ribeiro arria a bandeira verde-rubra, na presença dos representantes do MFA e do PAIGC












 Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) >  9 e setembro de 1974 > Cerimónia da entrega (simbólica) do território aos novos senhores da Guiné, o PAIGC,  e  da retirada, ordeira, digna e segura, das últimas tropas portuguesas. Mansoa, em pleno coração do território, na região do Oio, serviu perfeitamente para esse duplo propósito... São fotos históricas, em que se vê o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro, fur mil op esp / ranger, a arriar a bandeira verde-rubra. (O MR é membro da nossa Tabanca Grande, há mais de 15 anos, desde 1/11/2005 (*)...

Já agora, pergunta-se: de quem era o camião , de cor vermelha ou grená, que está estacionado frente ao pau da bandeira ? Devia ser do PAIGC ou ao serviço do PAIGC...


Fotos (e legenda): © José Lino Oliveira (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Mansoa > 1974 > José Lino Oliveira

1. C
ontinuação da publicação do álbum fotográficos do José Lino [Padrão de] Oliveira [ex-fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 12-7-1974 / 15-10-1974, a mesma unidade a que pertenceu o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro; membro da nossa Tabanca Grande desde 31/12/2012; vive em Paramos, Espinho] (**)

Parte II - Mansoa > 9 de setembro de 1974

Mas este, não seria ainda o último ato da soberania portuguesa...O BCAÇ 4612/74 seria colocado depois de 9/9/1974, no BENG 447, em Brá, Bissau, e,  conforme informação (e fotos, estas já de melhor qualidade,  do José Lino Oliveir, a publicar nos dois próximos postes), a útima bandeira portuguesa a ser arriada, no CTIG, seria no próprio "dia do  embarque", ou seja, mais de um mês depois, em 15/10/1974

E, "por coincidência, também foi o Magalhães Ribeiro a arriar a Bandeira", diz o José Lino Oliveira.. Será que o nosso "ranger" (e querido coeditor, anigo e camarada MR) confirma ?

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Notas do editor:

Mansoa > 9 de setembro de 1974 >
Comissário político do PAIGC,
Manuel Ndinga, prestando declarações
à imprensa. Foto: Eduardo Magalhães
Ribeiro (2005)
(*) Vd. poste de 1 de novembro de 2005 > Guiné 63/74 - P284: Tabanca Grande: Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp do BCAÇ 4612/74 - Eu estava lá, na entrega simbólica do território (Mansoa, 9 de Setembro de 1974)

(...) Eu estive na Guiné, em Mansoa, em 1974, na CCS do BCAÇ 4612/74 (o último batalhão que partiu para a Guiné e também o último que de lá saiu), e participei, ali, na entrega do aquartelamento ao PAIGC e na simbólica entrega do território, que incluiu uma muito concorrida cerimónia do último arriar de bandeira nacional, com cerimónia oficial, na Guiné, e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau.(...)

(...) "Estiveram presentes nessa cerimónia: a CCS do BCAÇ 4612/74, comandada pelo major Ramos de Campos; o comandante  do mesmo batalhão, ten cor Américo C. Varino; um grupo de combate, um grupo de pioneiros, Maria Cabral (viúva de Amilcar Cabral) e o comissário político Manuel Ndinga, do PAIGC [, foto à direita]; e, pelo CEME do CTIG, o major  Fonseca Cabrinha. (...)

(...) "A bandeira foi arriada por mim, à data furriel miliciano de operações especiais, Eduardo José Magalhães Ribeiro. À cerimónia compareceram ainda 
uns largos milhares de nativos locais, de diversas etnias: 
papéis, balantas, fulas, futa-fulas, mandingas, manjacos, etc., 
e umas dezenas de jornalistas de todo o mundo. (...)

(...) Um guerrilheiro do PAIGC hasteia a bandeira da nova República da Guiné-Bissau. Os inimigos de ontem dão-se as mãos e prometem cooperar, no futuro, numa base igualitária, falando a mesma língua. Sob a bandeira do PAIGC os vários povos da Guiné lutaram pela indepência mas é através da língua portuguesa (oficial) que se entendem. (...)

domingo, 31 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P21027: Blogpoesia (678): "O mugido das vacas", "Amarelo e bolorento" e "Vamos voltar a sorrir", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana:


O mugido das vacas

Na hora suave da tarde se ouve e ressoa na aldeia o mugido lactente das vacas.
É a hora da ordenha.
Se põem de cócoras por debaixo e lhe espremem as tetas.
Escorre quente o leite.
Depressa, ficam cheios os potes.

Pela manhã, de cântaro à cabeça, a lavradeira corre as veredas da aldeia.
Aqui, um quartilho, ali uma canada, conforme as bocas.
É seu ganha-pão com a bênção dos pastos.
Bendita a sorte que a Natureza, de graça, nos dá.
Só é preciso semear e colher.
Louvado seja o Senhor…

Mafra, 24 de Maio de 2020
10h32m
Jlmg

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Amarelo e bolorento

Espalhado pelo chão, apodreceu amarelo e bolorento.
Restos duma vida mal vivida.
Repassada de angústia.
Crestada de desilusões.
Sonhos que se desfizeram no amanhecer.
Armas que derreteram na madrugada do combate.
Amarras que se desfizeram presas às muralhas do porto de abrigo.
Gaivotas amarguradas com o rigor das ventanias.
Restos da saliva amarga que amargou os sonhos de aventura.
Ocasos desfeitos num horizonte de promessas e de amargas desilusões.
Esperanças vãs que se desfizeram para sempre…

Mafra, 28 de Maio de 2020
12h35m
Jlmg

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Vamos voltar a sorrir

A onda vai passar.
Vamos voltar a sorrir.
Timidamente, primeiro.
Depois, às gargalhadas.
Vamos duvidar se, de facto, aconteceu o que passou.
Atordoados.
Nunca ninguém previu tal humilhação.
Tudo ficou remexido.
Ninguém escapou a este vendaval.
Como a água que chega a todo o lado,
Não há um palácio ou um castelo imune.
Os presidentes andam desvairados.
Fogem do vírus como o diabo foge da cruz.
Alguns já sucumbiram.
Os outros mudam de quarto de dormir em cada noite.
Oxalá aprendam com esta lição tão cara…

Mafra, 28 de Maio de 2020
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21005: Blogpoesia (677): "Nossas amarras", "O cesteiro das Idanhas" e "Disponibilidade das pétalas", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P21026: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (19): Fotos do álbum do José Lino Oliveira (ex-fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 12jul74 - 15out74) - Parte I: Mansoa


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) > Artilharia: espaldão do obus 14


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) > Aspeto da rua principal da vila.


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) > Instalações do quartel


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) > Aspeto de uma das tabancas


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) > O José Lino Oliveira, à direita, de óculos, com outros furrieis milicianos de diversas unidades.

Fotos (e legendas): © José Lino Oliveira (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de José Lino [Padrão de] Oliveira  [ex-Fur Mil Amanuense da CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 12-7-1974 / 15/10/1974, a mesma unidade a que pertenceu o nosso coeditor  Eduardo Magalhães Ribeiro; membro da nossa Tabanca Grande desde  31/12/2012 (*); vive em Paramos, Espinho]

Date: quinta, 28/05/2020 à(s) 16:12
Subject: Guiné 1974
Boa tarde

O último Batalhão a chegar e a sair da Guiné foi o 4612/74, a que eu pertenci. 

Envio algumas fotos desse tempo, do quartel e da vila de Mansoa; da cerimónia, em Mansoa, da entrega do quartel ao PAIGC, em 8/9/1974, com o Magalhães Ribeiro a arrear a bandeira; e ainda do Batalhão de Engenharia em Bissau: (i) parte do que lá ficou abandonado, viaturas, artilharia, etc.; (ii) arrear da bandeira no dia do embarque, por coincidência essa"honra" também coube ao Magalhães Ribeiro).

O nosso batalhão, em Bissau, ficou colocado no BENG 447 até virmos todos embora no T/T Uíge,  em 15/10/74, nós,  os últimos soldados do império... Estivemos no CTIG apenas 3 meses, desde 12/7/74... (**)

Se vires que tem interesse,  podes editar.

Legendas da Parte I:

Fotografia de Mansoa nº 0 - furriéis milicianos de diversas  unidades jantando no exterior.
Fotografias de Mansoa nºs 1 a 4 - aspectos de Mansoa, quartel e tabanca.

Um abraço
José Lino
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Notas do editior:

(*) Vd. poste de 31 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10886: Tabanca Grande (377): José Lino Padrão de Oliveira, ex-Fur Mil Amanuense da CCS/BCAÇ 4612/74 (Guiné, 1974)

(**) Último poste da série > 10 de maio de  2014 > Guiné 63/74 - P13122: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (13): No caos de Bissau, sou destacado, como médico, para uma missão nos Bijagós, Ilha Caravela: um aeródromo de recurso, para uma eventual evacuação de emergência das NT... (Rui Vieira Coelho, ex-alf mil med, 1972/74)

Guiné 61/74 - P21025: Parabéns a você (1812): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 30 de Maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21021: Parabéns a você (1811): Fernando Andrade Sousa, ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)

sábado, 30 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P21024: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (12): Feliz em África - II (e sem filmes)

Foto de Belarusangola


1. Em mensagem do dia 18 de Maio de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta Boa memória da sua paz, a segunda relembrando os seus bons tempos vividos em Angola.[1]


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 11

Feliz em África (e sem filmes)

Quando o meu filho Ze-tó fez 2 anos (Out1973), fizemos uma festa. Foi um sucesso! Ele era muito querido em toda a cidade e nós também gozávamos de muita simpatia. Ao fim da tarde cruzei-me com um furriel meu vizinho de Lourosa (Isaías da “Faroleira”), a quem “obriguei” a juntar-se à festa. Ele, relutante, afirmava que tinha de ir na coluna militar, lá para os lados de Buco Zau, junto à fronteira de Sangamongo (?) com o Congo-Brazaville. Meti-lhe na cabeça que, depois, o iria levar lá. Ele ficou, mas muito preocupado como havia de justificar-se no quartel. E, já “meio-embriagado", foi ficando até ao fim.

Um triciclo imposto antecipadamente pelo aniversariante

Eram cerca das 4 da madrugada quando o fui levar. Quando estávamos a chegar, já com raios do amanhecer, ele despertou para a realidade. Ainda lhe custava acreditar na aventura de o ter ido levar, àquela hora e sem coluna militar, para “um dos lugares mais perigosos da guerrilha no enclave de Cabinda”. Para lá, não cruzámos com qualquer carro, mesmo militar, ao longo de mais de 200 Kms.


Durante essa festa do 2.º aniversário do Ze-tó, o amigo Vinagre (Topógrafo da Câmara), estava eufórico. Tinha conseguido recentemente, o Brevet de Piloto Aviador e não falava noutra coisa. Precisava de fazer horas de voo e procurava companhia (sempre recusada) para essa missão. Eram já umas 3h30, perante as insistências da sua mulher em levá-lo para casa (pois não queria que ele conduzisse “naquele estado”), que me vejo, descontraidamente, a selar um acordo com o Isaías (o furriel meu vizinho que eu retive para a festa) de que no Sábado seguinte, iríamos, de avião, visitá-lo ao quartel, a norte de Buco Zau, para tomar um whisky no bar da messe.

No cimo da península do Malembo, onde viria a possuir terreno e projecto (em elaboração) para moradia balnear

Mesmo sem influências do álcool, o Vinagre tinha uma personalidade controversa. Vivia intensamente à sua maneira e pouco ou nada ligava ao considerado política ou socialmente correcto. Apaixonado pela vida nocturna, onde muitas vezes se descontrolava, montou uma suite em sua casa à semelhança da boite “Oásis do amor”.

E lá fomos. Foi o avião mais pequeno em que andei em toda a minha vida. Já não me lembro se atrás podia levar mais uma ou duas pessoas. O certo é que “aquilo” subiu e se manteve lá no alto, a planar sobre o mar, para além das praias do Malembo e de Landana. Logo de seguida, alinhados pela foz do Rio Chiloango, virámos na direcção do Maiombe.

Baía do Malembo

Praia de Landana

Rio Chiloango. Foto de Cabinda Buala Buitu

Durante a viagem, recebi aulas contínuas sobre aquela arte de navegar.

Pelas coordenadas, já devíamos estar sobre o objectivo, bastante a norte de Buco Zau, zona de Sangamongo. A transmissão via rádio foi difícil, mas deu para perceber que a pista estava entre o aquartelamento e uns coqueiros, no seu horizonte. Demos umas voltas e notámos um espaço sem árvores, paralelo a um rodado de viaturas. Mas tudo verde, sem terraplanagem de pista.

Entretanto, fomos avisados de que a pista era paralela à fronteira e que não devíamos atravessar esta. Pior! Já o tínhamos feito por duas ou três vezes à procura da pista. Avistámos movimentação das tropas a montarem a segurança ao longo do trilho. À terceira tentativa, lá conseguimos aterrar no capim sem embater nos coqueiros.

Conduzidos ao aquartelamento, demos a informação ao Furriel Isaías da Faroleira de que os pais me haviam telefonado dizendo que “a sua irmã havia fugido de casa com o namorado, à revelia dos pais. Mas para ele não se afligir”.

Ainda tenho presente a preocupação do Oficial de Dia que explicava ao Vinagre o perigo de termos atravessado o espaço aéreo do IN, enquanto ordenava que se atrasasse o almoço, por mais 30 minutos. Entretanto, eu manifestava a minha solidariedade, compatível com a cara triste do Isaías, encostado ao balcão do Bar, ao mesmo tempo que bebíamos o tal whisky prometido.

À caça, a norte de Cabinda, como acompanhante. No centro, o empreiteiro senhor Claudino, o tal que, já com 40 anos de África, não voltou ao “puto” (Portugal) – “porque não se havia esquecido de nada”.

Uns anos mais tarde, fomos ao casamento do Isaías. Ele procurou-nos em Crestuma e fez questão que nós fossemos. Conforme me tinha pedido, filmei todos os detalhes desse evento, desde a saída da casa dos noivos até à foto geral, na porta principal da Capela da Srª. da Saúde dos Carvalhos. Prometi preparar o filme com música e tudo o mais, próprio de cineasta amador, especializado em… Áfricas.

Na boda, tive a oportunidade de ouvir, de um seu familiar, a narração de um acto heróico, em que o Isaías numa noite, atacado pelo IN que quase havia invadido o aquartelamento. O pequeno grupo do Isaías, ao contrário dos outros, não fugiu, e, quase sozinho, conseguira ripostar ao IN.

Recentemente, num contacto de interesse comercial, estive com um filho dele, que me falou do pai e dos seus problemas de saúde. Fiquei a saber que ele ficara muito afectado psicologicamente devido às torturas que sofrera nos meses em que esteve prisioneiro no IN, antes de ter conseguido fugir.

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Notas:

1 – Confirma-se que todos os combatentes da Guerra do Ultramar se consideravam mal em tempos de guerra; tenha sido no mato ou na cidade, em combate ou no melhor bar de zona citadina. Do que não havia necessidade era de se criarem tantos filmes, especialmente os da excessiva e ridícula valentia.

2 -Não sei o que se passou que perdi o filme do casamento. Disso, senti sempre algum desconforto nas nossas raras relações. Mas, depois de saber doutros filmes, aliviei, pensando: - Com tanta imaginação, nem é preciso qualquer registo de imagens

José Ferreira
(Silva da Cart 1689)
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Notas do editor

[1] - Vd. poste de 16 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20980: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (10): Feliz em África - I (em jeito de biografia)

Último poste da série de 23 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21002: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (11): O Bando festejou mais um ano

Guiné 61/74 - P21023: Notas de leitura (1286): "A batalha do Quitafine: a contraguerrilha antiaérea na Guiné e a fantasia das áreas libertadas", edição que acaba de sair do antigo ten pilav José Nico, BA 12, Bissalanca, 1968/70

Capa do livro do ten gen pilav ref José Francisco Nico, "A batalha do Quitafaine" (Lisboa, edição de autor, 2020, 384 pp) (*).  Profusamente ilustrado, com 88 fotografias e 42 infografias / mapas. O livro pode ser adquirido através do seguinte endereço de email: batalhadoquitafine@sapo.pt . Preço de capa: 20 € (portes de correio registado: 5 €).



1. Mensagem de José Matos, com data de hoje, às 3:20:


Olá, Luís

Mando-te um pequeno review do livro do Nico que saiu esta semana e que já tenho em mãos. Quando puderes publica.
Ab


2. Nota de leitura, por José Matos:

A Batalha do Quitafine

O livro que o TGen José Nico  [José Francisco Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70] (**) acabou de lançar sobre a batalha do Quitafine na Guiné é uma obra de grande interesse para quem quiser conhecer de viva voz o relato de um operacional que esteve diretamente envolvido na guerra
contra as antiaéreas que se travou naquela região da Guiné entre 1967 e 1970.

Antigo piloto de Fiat G.91 participou em várias das operações que a Força Aérea levou a cabo para desarticular o dispositivo antiaéreo que o PAIGC instalou naquela zona. Lendo o livro podemos perceber as táticas que foram usadas, os meios aéreos e as dificuldades enfrentadas.

O livro é ricamente ilustrado não só por fotos, como também por mapas e esquemas e outras ilustrações elaboradas por Paulo Alegria, um ilustrador conhecido na área, que tornam o livro muito mais interessante e permitem perceber como as operações eram executadas. 

Em suma, o autor relata como é que os pilotos portugueses conseguiram eliminar sistematicamente o armamento antiaéreo do PAIGC, tornando os guerrilheiros incapazes de restringir a liberdade de acção dos meios aéreos portugueses e esse foi o resultado final da batalha do Quitafine. 

Parece-me evidente que este livro vai tornar-se numa referência para quem quiser analisar o papel da Força Aérea no combate à guerrilha do PAIGC no período em que o autor esteve na Guiné. (***)

Como se trata de uma edição de autor os pedidos para a compra desta obra devem ser feitos diretamente para o seguinte mail:

batalhadoquitafine@sapo.pt
José Matos

[Investigador independente em História Militar, tem feito pesquisas sobre as operações da Força Aérea na Guerra Colonial portuguesa, principalmente na Guiné. É colaborador regular em revistas europeias de aviação militar e de temas navais. Colaborou nos livros “A Força Aérea no Fim do Império” (Lisboa, Âncora Editora, 2018) e "A Guerra e as Guerras Coloniais na África Subsariana" (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019). É autor, com Luís Barroso, do livro, a sair brevemente, "Nos meandros da guerra: o Estado Novo e a África do Sul na defesa da Guiné" (Lisboa, Editora Caleidoscópio, 2020). É membro da nossa Tabanca Grande desde 7 de setembro de 2015, tendo cerca de 3 dezenas e meia de referências no nosso blogue]

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Notas do editor:

(**) Embora não sendo formalmente membro da nossa Tabanca Grande (, embora se mantenha de pé o convite do nosso editor), o ten gen ref José Nico tem cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue, e temos convivido, com alguma regularidade,  no âmbito da Tabanca da Linha... Vd. aqui alguns postes, da sua autoria:

Guiné 61/74 - P21022: Os nossos seres, saberes e lazeres (395): Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (6) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Novembro de 2019:

Queridos amigos,
Dois dias inteiros na costa amalfitana, que na Idade Média foi uma próspera república. É um dos locais mais procurados pelos turistas que se aventuram a sul de Roma e que vêm à procura do esplendor napolitano. Estes penhascos abruptos que se precipitam sobre o mar que parece uma folha de papel impressiona pela versatilidade de panoramas e mesmo pelo património construído que conserva. Logo a catedral de Amalfi, e depois apanha-se um autocarro para Ravello, que tem festivais de música, aqui acorrem a toda a hora excursões de autocarros, turistas de vários continentes exclamam em voz alta as belezas paisagísticas, as panorâmicas que cortam o fôlego, percorrem as ruas estreitas, pejadas de quinquilharia alusiva, e há mesmo grupos interessados em entrar nos dois pontos altos da arquitetura de Ravello, é o caso da Villa Rufolo e da Villa Cimbrone.
Daqui as homenageamos, foram dois dias inesquecíveis.

Um abraço do
Mário


Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (6)

Beja Santos

Pode percorrer-se a costa amalfitana partindo de Salerno, visitando, pelo caminho, Nerano, Positano, Praiano, Amalfi, Ravello, há barcos que chegam a Ischia e Capri, demorando-se em Sorrento. O mesmo percurso, na via inversa, se pode fazer a partir de Nápoles. E porquê, perguntará quem não tem um mapa em frente do nariz? Há um extenso espinhaço que separa as duas baías e que permite nas enseadas e nas encostas posições panorâmicas ímpares. E o percurso, obviamente, também se faz por terra, mesmo que haja momentos verdadeiramente assustadores em que os autocarros deslizam em cima de uma falésia que se despenha lá bem no fundo do golfo. Bem curioso é o que se encontra num guia, a propósito da costa amalfitana: “Suspenso entre o mar, o céu e a terra, a estrada nacional 163, com curvas e contracurvas ao longo de toda a costa de Amalfi, oferece vistas fantásticas, inexcedíveis”.


O viandante vai aportar num cume paradisíaco, dá pelo nome de Ravello. Segundo o guia, Ravello tem a sua vida entrelaçada com a de Amalfi, pertencia ao mesmo Ducado. O seu esplendor foi no século XIII, quando o comércio com a Sicília e o Oriente estava no seu auge. É um ponto turístico muito disputado, pela paz e o sossego e pelos panoramas que possibilita. O viandante chega à varanda e dispara, este é o troço costeiro que lhe coube, impressiona a quietude das águas e o recorte daquela cordilheira tão penhascosa, aqui é Ravello, vão ser dois dias a cirandar entre os monumentos e a paisagem.




O viandante já cirandou pelo local, tem igreja do século XII, com as alterações do costume, detalhes mouriscos, caso dos pátios interiores e dos jardins. Ruas bem apertadas, para proteger do sol e do vento. E no Turismo informaram: não pode sair daqui sem visitar Villa Rufolo e a Villa Cimbrone. É uma noite plácida, jantou-se risoto com cogumelos e um gelato para sobremesa, um regalo. Na varanda, colhe-se esta imagem da quietude do Mar Tirreno, e o pipilar na escuridão da noite.



A manhã é reservada a Villa Rufolo, melhor escolha não podia ter acontecido. A arte greco-romana é omnipresente, veja-se esta coluna bem perto da entrada da Villa. O que se vai visitar é um complexo monumental, um cocktail de vários séculos e estilos, um industrial escocês, de nome Francis Nevile Reid, comprou a propriedade em degradação no século XIX e preservou a área original que é uma perfeita síntese das artes árabe, siciliana e românica, não há nenhuma adição que deslustre a preocupação romântica do proprietário, que preservou as ruínas de muros, claustros e mandou edificar os jardins que permitem belíssimos panoramas. Vamos adiante.



O viandante voltaria amanhã para rever este claustro com o seu estilo mourisco, com as suas colunas e os seus arcos. Nunca viu nada igual, é deslumbrante.


Consta que quando Richard Wagner aqui arribou, passou por um sítio chamado Pozzo, rico em ruínas, plantas exóticas, pinheiros e ciprestes, e terá exclamado: “Acabo de encontrar o jardim mágico de Klingsor”. E na verdade, quando se visitar o museu na torre da Villa, ouvir-se-á em permanência o trecho fabuloso do Parsifal, um dos momentos dessa música mágica, a sua última ópera completa, estreada em 1882. Veja-se a panorâmica que aqui se desfruta, quem pode ficar insensível a este diálogo entre a terra, o mar e os céus?


Percorre-se a área residencial onde viveu o proprietário escocês, há pouco recheio mas os corredores são lindos, bem mantidos. O viandante não resistiu a este alongamento da vista, foi até ao fundo e deu com uma exposição fotográfica, encontrou duas senhoras que ele tanto admira, dois talentos únicos da arte cinematográfica, Sophia Loren e Monica Vitti, e agradeceu-lhes muito a sua participação em obras-primas como La Ciociara (Duas Mulheres), realização de Vittorio De Sica e Il Deserto Rosso (O Deserto Vermelho) de Antonioni. Obrigado, minhas queridas amigas, pelo vosso talento inconfundível. Ainda há muito para ver em Villa Rufolo. Siga a dança.




(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21001: Os nossos seres, saberes e lazeres (394): Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (5) (Mário Beja Santos)