quinta-feira, 25 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21110: Armamento (10): As novas Armas Ligeiras para o Exército (Conclusão) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)

1. Lembrando a mensagem de 22 de Junho de 2020 do nosso camarada Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74):

Caríssimo Luís Graça 
Junto remeto um trabalho de informação sobre as armas que irão substituir a velha pistola Walther P38, as velhas HK G3 e as ML MG42 e HK 21. 
Também uma referência para o novo tipo de camuflado. 
Se achares que é de interesse para a nossa "Tabanca Grande" podes publicar. 

Obrigado e um grande abraço. 
Luís Dias

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Nota do editor

Postes anteriores de:

23 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21103: Armamento (8): As novas Armas Ligeiras para o Exército (1) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)
e
24 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21106: Armamento (9): As novas Armas Ligeiras para o Exército (2) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21109: Manuscrito(s) (Luís Graça) (186): "Enquanto há saúde, quedos estão os santos"...Mas hoje nem o são João roga por nós... Afinal, "quando Deus não quer, os santos não podem"... E não houve santos populares para ninguém, nem na Tabanca de Candoz...





Tabanca de Candoz > 24 de junho de 2020 > Dia de São João... À mesa, só nove, que onze já é demais, e dá coima...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020) Todos os direitos reservados.
[Edição e legendagem comlementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Há um velho provérbio popular que diz: "Enquanto há saúde, quedos estão os santos"... Trocado por miúdos, o povo, interesseiro, só reza aos santos, quando está aflito...Ou, como ironiza o crítico do Zé Povinho: "Só se lembram de Santa Bárbara, quando troveja"... 


Afinal, ainda bem que a gente tem os santos para se agarrar... e para reinar. 


Mas este ano, devido à tal pandemia de COVID-19 que nos está a tramar, lá se foram os santos populares, o santo António, o são João, o são Pedro... Não há santos para ninguém, seja em Lisboa ou no Porto. E pior: não há santo que nos acuda.. 

Estranhamente, não temos saúde e eles estão quedos...Encontrei outra explicação, dentro da sabedoria popular, que no séc. XVII era capaz de dar fogueira da Santa Inquisição, por heresia, a quem a proferisse da boca para fora: "Quando Deus não quer os santos não podem" ou, noutra variante (, esta do séc. XVI,), "Quando Deus não quer,  santos não rogam"...

Não sou, confesso, muito dado aos arraiais juninos, seja em Lisboa, seja no Porto. Mas acho que o povo tem direito a folgar. Não sei se vem na Constituição o direito aos folguedos e, em última análise, o direito à preguiça, mas também não importa, aqui e agora.   Em muitas tabancas hoje foi dia de comer uma sardinha no pão. Há quem coma em honra do santo. Eu como porque sei que no céu não disto...

De qualquer modo, quem não comeu, não foi bom cristão. E não há a desculpa de que a sardinha está pela hora da morte... Este ano há fartura relativa.  Na Tabanca de Candoz, comi a meia-dúzia que me competia. (À mesa, éramos 9, costumam ser muitos mais...).

E, em boa verdade,  a sardinha já se come muito bem , desde que apanhe só um calorzinho, para não  ficar seca.  A sardinha é um peixe delicado... E, por esta altura, ainda tem pouca gordura, pelo menos a de Matosinhos. A da Lourinhã, a do Mar do Cerro (e que vai parar à lota de Peniche), já está mais cheiinha. Ou é impressão minha ? Se calhar,  estou a puxar a brasa à minha sardinha...

Em dia de são João, mesmo que o santo esteja quedo (, tanto ou mais que nós, que andamos um bocado em baixo, com medo do desconfinamento e da segunda vaga da pandemia... que há vir aí, vem/não vem...), nem por issso deixa de merecer um versinho. 

Afinal é o dia dele, do santo. E para o ano a gente não sabe se vai cá estar, nós e o santo. Camaradas e amigos/as  da Guiné, mantenhas para todos/as.  Animem-se. E não liguem ao provérbio, misógino: "A mulher e a sardinha,  quer-se pequenina"...LG


Em louvor do São João 

que este ano está murcho e quedo...


São João, pouco prazenteiro,
Não salta hoje à fogueira,
Não sei se é santo matreiro
Ou se lhe deu a lazeira.

Dizem que é da pandemia,
E, por mim, é de certeza,
A Invicta está vazia,
Um cemitério de tristeza.

Refugiei-me em Candoz,
Onde o vírus ainda não chega,
Mal será p’ra todos nós,
Se o bicho vem e nos pega.

As sardinhas são de Matosinhos,
No almoço, à varanda,
E, como não há cá vizinhos,
A disciplina é mais branda.

P'ró lanche há sapateira,
Com sabores da Lourinhã,
Hoje a festa é caseira,
Mas há mais santos amanhã.

Diz a Mi: "Ai que saudades
De dar beijos e abracinhos,
Aos meus filhos e netinhos,
Que o Covid é só maldades!" 


Deu-me um abracinho por detrás,
A minha querida cunhada,
Chora p'lo tempo de paz,
Detesta a cotovelada.

Quem de Lisboa chegar
Tem de ficar de quarentena,
Não nos venham infetar,
Não quer’mos cá essa cena.

Não se riam, que o Porto
Fica no mesmo planeta,
E, se isto der p’ró torto,
Vamos todos p’ro maneta.

E p'ra ficar p'ra história,
Da Tabanca de Candoz,
Mando-vos esta memória,
Mantenhas (*) p'ra todos vós.

Com saúde e os santos quedos,
Podem todos cá vir ao Norte,
Que p'ro ano e com sorte,
Teremos melhores folguedos.


Quinta de Candoz, São João,
24 de junho de 2020


(*) Mantenhas: saudações (em crioulo da Guiné-Bissau e de Cabo Verde)
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de junho de  2020 > Guiné 61/74 - P21075: Manuscrito(s) (Luís Graça) (185): por favor, não destruam o que resta da caixinha de Pandora, porque nela ainda está o segredo da nossa salvação, a Esperança, o veneno do mal que nos liberta do mal

Guiné 61/74 - P21108: Pré-publicação: "Odisseia 'Magnífica': Uma Volta ao Mundo com Magalhães e Covid 19", de António Graça de Abreu - Excertos, parte II: Relembrando a viagem de circum-navegação do NRP Sagres (5/1/2020 - 10/1/2021), de homenagem a Fernão de Magalhães (1480-1521)


NRP Sagres > Partiu de Lisboa a 5 de janeiro de 2020 para a sua volta ao mundo, com 142 militares a bordo... Por causa da pandemia de COVID 19, a missão teve de ser cancelada, e o navio-escola teve de regressar à base naval do Alfeite... (Acima, magnífica foto dos/as nossos/as bravos/as marinheiros/as!)

Era esperado que a NRP Sagres servisse de "casa de Portugal" nos Jogos Olímpicos de Tóquio (, também foram adiados para 2021).

Deveriam ter sido 371 dias de viagem, em homenagem à viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães (1480-1521). Um português, injustiçado e durante muito tempo esquecido. 

O magnífico veleiro da nossa armada acabou por voltar a Portugal 126 dias depois da partida, . A ordem de cancelamento da missão foi recebida quando a Sagres se aproximava já da África do Sul.  Deveria chegar a Lisboa em 10 de janeiro de 2021,

(Foto do grupo do Facebook Volta ao Mundo do Navio-Escola Sagres, com a devida vénia...)


1. São 137 páginas do diário de bordo do nosso amigo e camarada António Graça de Abreu, na sua última viagem de volta ao mundo (janeiro - abril de 2020). Trata-se de uma pré-publicação: haverá, no dia 11 de setembro +róximo, o lançamento do livro que já tem editor, a Guerra & Paz, com sede em Lisboa. 

O António Graça de Abreu [ ex-alf mil, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), membro sénior da Tabanca Grande, com cerca de 260 referências no nosso blogue] é poeta, escritor, tradutor, sinólogo, autor de livros de poesia (8), história (4), traduções (7), e viagens (3).

Por cortesia do autor,  vamos reproduzir aqui, nesta nova série, dois ou três dos momentos dessa viagem com mais interesse para os nossos leitores e para a história de Portugal no mundo. São excertos selecionados pelo nosso editor LG.(*).. A série será retomada depois do lançamento do livro, em 11 de setembro de 2020.


2. Pré-publicação: "Odisseia 'Magnífica': Uma Volta ao Mundo com Magalhães e Covid 19", de António Graça de Abreu - Excertos: parte II  (pp. 7-12)

Marselha, França, 6 de Janeiro

Xilogravura: o rinoceronte, de Durer (1515).  Museu Britânico, Londres.
Cortesia de Wikimedia Commons
Marselha, mais uma vez.  Da Senhora da Guarda no alto abençoando as boas e más almas.

Marselha da ilha de If, lugar onde foi confinado o rinoceronte que o nosso rei D. Manuel ofereceu ao Papa Leão X, em 1516.

Marselha da mesma ilha de If com a terrífica prisão onde Alexandre Dumas colocou o conde de Monte Cristo apodrecendo aos poucos durante dez anos.

Marselha com Hector Berlioz, depois das sinfonias fantásticas, reorquestrando La Marseillesse, um hino à emancipação e à liberdade humana.

Marselha do Vieux Port, atulhado de barquinhos e os pescadores regressando do mar, com peixe fresco para grelhar ou preparar uma colorida e apaladada bouillabaise, a caldeirada francesa capaz de rivalizar com as nossas de Peniche ou de Sesimbra. (...)


Barcelona, Espanha, 7 de Janeiro

A minha ligação a Barcelona começou há 54 anos atrás, no Verão de 1966. Eu conto.

Como era comum entre muitos jovens da década de sessenta do século passado, aí desde os meus quinze anos correspondia-me com umas tantas donzelas espalhadas pela Europa e anexos, em inglês, trocando fotos, postais, selos, entendimentos, ideias e sonhos.

Num tempo quase sem televisão, quando a Net nem sequer como miragem existia, as cartas eram uma espécie de envio de curiosidades e afectos, em palavras simples que aproximavam os jovens de diferentes países.

Seria, no entanto, improvável chegar um dia a conhecer em pessoa, ao vivo, qualquer uma das penfriends, ou penpals, mas nada era impossível debaixo do céu. Entre as amigas da escrita, a menina de quem eu mais gostava,  tinha nacionalidade alemã, vivia em Hamburgo, loira, de olho azul, Inge Balk, dezoito anos, linda de morrer na fotografia. (...)


Lisboa, Portugal, 9 de Janeiro

Sábado passado deixei Lisboa rumo a Roma, de avião, sob o comando do piloto Miguel Rodrigues, especialista nos mistérios do céu. Hoje, quinta-feira da semana seguinte, regressei à nossa capital num enorme navio, o Magnífica, sob o comando do siciliano Roberto Leotta, antigo capitão de petroleiros, dono de mil segredos do mar, de há uns anos para cá à frente de barcos de cruzeiro.

Em Lisboa, uma ida rápida a casa, sobre quatro rodas, para abraçar os filhos e trazer mais umas bugigangas para completar o enxoval necessário para a Volta ao Mundo.

A entrada em Lisboa, por mar, é sempre altura para originais encantamentos. Alarga-se o tamanho dos olhos, sente-se o borbulhar do coração. Estamos no Inverno, com um dia cinzento aberto por rasgões de luz, com algum sol a escorrer sobre o cabo Espichel, caindo sobre a encosta nebulosa que desce da serra de Sintra para o Guincho e Cascais. O navio a deslizar a seu modo, imponente, afectuoso, em busca dos braços do Tejo.

Leio que o nosso veleiro Sagres se lançou ao mar domingo passado, dia 5, para empreender exactamente uma viagem de circum-navegação bem mais demorada e extensa do que a que nos está destinada.

Para os marinheiros lusitanos preveem-se 371 dias de mar, 41.258 milhas náuticas e 6.782 horas de navegação. Tocarão 22 portos de 19 países que incluirão doze cidades da rede mundial das Cidades Magalhânicas.

A nossa Volta ao Mundo, no Atlântico, no Pacífico e no Índico, como iremos ver, irá cumprir grande parte do itinerário levado a cabo por Fernão de Magalhães entre 1519 e 1521. Temos 43 portos de mar a visitar em 23 países diferentes ao longo de 117 dias, uma jornada mais curta do que a da Sagres, mas não menos interessante. (...)

[Seleção, revisão e fixação de texto, para efeitos de reprodução neste blogue: LG]

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Guiné 61/74 - P21107: Historiografia da presença portuguesa em África (214): A imprensa na Guiné, numa tese de doutoramento de Isadora de Ataíde Fonseca, denominada “A Imprensa e o Império na África Portuguesa, 1842-1974" (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Dezembro de 2019:

Queridos amigos,
Impossível ignorar a grande qualidade da investigação desta tese de doutoramento de Isadora de Ataíde Fonseca. Ao interligar história, sociologia, economia e ciência política para analisar as dinâmicas da imprensa e do jornalismo nos territórios da África Portuguesa, nos séculos XIX e XX, produziu, tanto quanto me é dado saber, pela primeira vez uma leitura abrangente dos contextos sociopolíticos a par da evolução da natureza da imprensa existente. O contexto guineense é observado a fundo.
Tudo começou com o Boletim Oficial, foi a única fonte de imprensa até 1920, suceder-se-ão depois vários jornais, de vida efémera ou muitíssimo contingente. Com Sarmento Rodrigues terá aparecimento aquela publicação que ainda hoje é obrigatória para quem investiga ou sente paixão pelos assuntos guineenses: o Boletim Cultural da Guiné Portuguesa.
Estando acessível o texto integral, é leitura recomendada, sem qualquer hesitação.

Um abraço do
Mário


A imprensa na Guiné, numa tese de doutoramento do Instituto de Ciências Sociais (1)

Beja Santos

A tese de doutoramento de Isadora de Ataíde Fonseca, denominada “A Imprensa e o Império na África Portuguesa, 1842-1974" (acessível pelo link https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/15605/1/ulsd069555_td_Isadora_Fonseca.pdf), é um documento que revela estudo e tratamento seguro de uma temática que tem vindo a ser abordada fragmentariamente. A Guiné e a sua imprensa, pelo rigor de análise da autora, merecem aqui o devido realce. Isadora Fonseca adverte-nos no resumo que “no estudo das relações entre a imprensa e o império adota-se uma perspetiva multidisciplinar, na qual dialogam a História, a Sociologia e a Ciência Política, permitindo uma compreensão aprofundada das interações e interdependências entre a imprensa, o império colonial e os regimes políticos. O estudo de caso da África Portuguesa demonstra que a imprensa e o jornalismo nos cinco territórios apresentaram dinâmicas e caraterísticas similares no período colonial”.

Falando da situação portuguesa na Guiné no século XIX, a autora refere dois períodos, o que se estende até 1859 e que se caracterizou pelas tentativas de reconversão económica do comércio negreiro e o segundo que se identificou pela busca de um espaço colonial que afirmasse a soberania portuguesa, fase que só terminou com as campanhas militares de 1912-1915. Faz uma breve resenha da presença portuguesa desde meados do século XV, releva as praças de Cacheu e Bissau, as mais importantes no século XIX, observando que o grupo dominante era formado pelos grandes negociantes e negreiros, representantes comerciais e funcionários superiores; a classe média incluía os pequenos comerciantes, os proprietários das embarcações, os oficiais militares e os membros da Igreja; na base estavam os soldados, degredados e os grumetes (estes descendiam de escravos alforriados e africanos cristianizados) e mesmo, mesmo no último escalão social estavam os escravos. Adianta elementos que deixam bem nítida a fragilidade da soberania portuguesa:
“A incapacidade do governo metropolitano em suprir os encargos dos funcionários e militares instalados na Guiné levou ao arrendamento do rendimento das alfândegas, a partir de 1840. Deste modo, consolidou-se a posição económica da elite afro-lusa, pois esta apropriou-se do único rendimento da região, responsabilizando-se pelos salários dos funcionários com o argumento de defender o império português. Embora exportasse amendoim desde os anos de 1830, a agricultura era quase inexistente. No campo económico, preponderou o tráfico ilícito de escravos na maior parte do século XIX e a ele articularam-se as trocas comerciais, com o domínio dos navios franceses e americanos. Ressalve-se que o transporte marítimo e o comércio com Portugal eram quase inexistentes nesta época”.

A autora chama igualmente a atenção para outro fenómeno que acabou por gerar grande instabilidade e tumulto migratório: a desagregação do império do Gabú, e a pressão conflitual dos Fulas contra os Beafadas, que levou a um quase despovoamento colonial do Forreá.

A imprensa nacional instalou-se em 1880 e com ela iniciou-se a publicação do Boletim Oficial. Semanário e com quatro páginas, o Boletim Oficial da Guiné seguia o padrão das demais colónias, dividido entre ‘Parte Oficial’ e ‘Não Oficial’. Este boletim oficial também incluía o relatório dos concelhos de Bolama e Bissau. A autora avança com saborosas e ilustrativas situações retiradas do Boletim Oficial.

E assim chegamos ao quadro da imprensa na Guiné na Monarquia Constitucional. Não houve imprensa privada e tem que se saber porquê. “A inexistência de autoridade portuguesa sobre as populações nativas, o regime de administração indireta e a multiplicidade de unidades políticas nativas, e a inexequibilidade das reformas administrativas são os fatores que caraterizam o estatuto político da Guiné no século XIX”, e a autora invoca a perspetiva dada pelo investigador António Duarte Silva. Não havia elites, acresce, como é óbvio, que a emergência da imprensa requer factos sociais, políticos e económicos que exijam circulação de informação, o que não acontecia naquele local chamado Senegâmbia. “Ao longo da Monarquia Constitucional, o Boletim Oficial foi o único meio de informação na Guiné e exerceu sobretudo o papel colaborador, apoiando o governo na execução dos seus planos. Contudo, não fosse o boletim oficial e não existiria o mínimo de informação sobre as decisões políticas, administrativas, económicas e militares do que se passou na Guiné entre 1880 e 1920, quando apareceu o primeiro jornal privado no território”.

E passamos para o regime republicano, chegou novo Governador, Carlos de Almeida Pereira, o seu nome fica ligado ao derrube dos muros que protegiam S. José de Bissau das arremetidas das populações limítrofes. Constituíram-se comissões do Centro Republicano de Bissau e Cacheu, do Partido Republicano Português em Bolama e das comissões municipais do mesmo partido em Bolama e Bissau. É referida a importância e o enigma que continua a cercar a Liga Guineense, criada em 1910, e posteriormente dissolvida, em 1915, os estudiosos invocam por vezes razões altamente discutíveis. É um dossiê em aberto. Certo e seguro é que surge em 1920 o Ecos da Guiné, Quinzenário Independente Defensor dos Interesses da Província, dirigido por José Joaquim Curvo Semedo, era uma iniciativa de funcionários públicos europeus, reproduzido na Tipografia do Estado, não sobreviveu ao primeiro trimestre de 1920. A Voz da Guiné, em 1922, escrevia que o Ecos da Guiné “quase que morreu à nascença porque a verdade é que, para viver, teria de se sujeitar a imposições do Governo”. A Voz da Guiné espelha aspirações que têm a ver não só com o desenvolvimento económico como as noções primárias de um Estado de direito. Logo no número um é referida a sua aspiração de levar longe o conhecimento do mercado guineense e de combater as infrações, defendendo a justiça e realçando o papel do direito. E promovia causas: denunciar o nepotismo, criticar a falta de higiene e de saneamento. A Voz da Guiné, Quinzenário Republicano Independente, tinha como editor Rui Carrington S. da Costa, e também era reproduzido na imprensa nacional. Teve vida efémera, foram publicados apenas onze números.




(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21084: Historiografia da presença portuguesa em África (213): Para Luciano Cordeiro, de um oficial da Armada que definiu as fronteiras da Guiné - Carta do Capitão-de-Fragata da Armada Real, Eduardo João da Costa Oliveira, publicada no Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21106: Armamento (9): As novas Armas Ligeiras para o Exército (2) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)

1. Lembrando a mensagem de 22 de Junho de 2020 do nosso camarada Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74):

Caríssimo Luís Graça 
Junto remeto um trabalho de informação sobre as armas que irão substituir a velha pistola Walther P38, as velhas HK G3 e as ML MG42 e HK 21. 
Também uma referência para o novo tipo de camuflado. 
Se achares que é de interesse para a nossa "Tabanca Grande" podes publicar. 

Obrigado e um grande abraço. 
Luís Dias

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(Continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 23 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21103: Armamento (8): As novas Armas Ligeiras para o Exército (1) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)

Guiné 61/74 - P21105: Parabéns a você (1828): António Branco, ex-1.º Cabo Reab Material da CCAÇ 6 (Guiné, 1972/74) e Vasco Joaquim, ex-1.º Cabo Escriturário do BCAÇ 2912 (Guiné, 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21101: Parabéns a você (1827): João Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 5 (Guiné, 1973/74)

terça-feira, 23 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21104: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (12): Álbum fotográfico - Parte V

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70) com data de 17 de Junho de 2020:

Bom Dia Carlos Vinhal
Aqui está o  Albino Silva a enviar mais trabalho para ti e para a Tabanca.
Agora é o número 5 do meu Álbum de Fotos e só espero não estar a desiludir.
Chegando ao 9 termina e passarei a enviar outros temas. Tudo isto para compensar o tempo em que estive ausente da Tabanca.
Para os Chefes de Tabanca e Homem Grande, os meus sinceros cumprimentos, estendendo os mesmos a todos os Tertulianos
Albino Silva


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21081: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (11): Álbum fotográfico - Parte IV

Guiné 61/74 - P21103: Armamento (8): As novas Armas Ligeiras para o Exército (1) (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf)

1. Em mensagem de 22 de Junho de 2020, o nosso camarada Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74),  enviou-nos um extenso trabalho sobre as armas que irão substituir algumas das do nosso tempo.

Caríssimo Luís Graça 
Junto remeto um trabalho de informação sobre as armas que irão substituir a velha pistola Walther P38, as velhas HK G3 e as ML MG42 e HK 21. 
Também uma referência para o novo tipo de camuflado. 
Se achares que é de interesse para a nossa "Tabanca Grande" podes publicar. 

Obrigado e um grande abraço. 
Luís Dias

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(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE ABRIL DE 2019 > Guiné 61/74 - P19715: Armamento (7): Granada de mão e dilagrama (Luís Dias)

Guiné 61/74 - P21102: Pré-publicação: "Odisseia 'Magnífica': Uma Volta ao Mundo com Magalhães e Covid 19", de António Graça de Abreu - Excertos, parte I: Civitavecchia, Itália, 4 de janeiro de 2020...


Três camaradas da Guiné, a bordo do MSC - Magnifica: da esquerda, para a direita, António Graça de Abreu, José Vinhas e Constantino Ferreira. Já convidámos o Vinhas a integrar a nossa Tabanca Grande...

Foto (e legenda): ©  Constantino Ferreira  (2020) Todos os direitos reservados.
[Edição e legendagem comlementar: Blogue Lu+is Graça & Camaradas da Guiné]


MCS - World Cruise > Itália, Genova> 5 de janeiro de 2020 > Uma réplica de um galeão espanhol do séc. XVII.

Foto (e legenda): © António Graça de Abreu (2020) Todos os direitos reservados.
[Edição e legendagem comlementar: Blogue Lu+is Graça & Camaradas da Guiné]


1. São 137 páginas do diário de bordo do nosso amigo e camarada António Graça de Abreu, na sua última viagem de volta ao mundo (2020).

 O António Graça de Abreu [ ex-alf mil, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), membro sénior da Tabanca Grande, com cerca de 260 referências no nosso blogue] é poeta, escritor, tradutor, sinólogo: autor de livros de poesia (8), história (4), traduções (7), e viagens (3).

Recorde-se que ele andou recentemente a fazer o MSC - World Cruise. Teve de regressar a  casa mais  cedo do que o previsto, por causa da pandemia de COVID-19.  Mas chegou,  são e salvo,  das peripécias da viagem de volta ao mundo, no MSC Magnifica.

Já aqui reproduzimos  alguns dos seus apontamentos dessa viagem, em que participou também outro nosso camarada, o  Constantino Ferreira d'Alva, ex-fur mil art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala Mampatá, 1969/71) (*).

Por cortesia do António Graça de Abreu, vamos reproduzir aqui, nesta nova série, alguns dos  momentos dessa viagem  com mais interesse para os nossos leitores. São excertos selecionados pelo nosso editor.

Haverá um lançamento do livro, em data oportunamente a anunciar... Não sabemos, entretanto, se o autor já tem editor (LG).


2. Pré-publicação: "Odisseia 'Magnífica': Uma Volta ao Mundo com Magalhães e Covid 19", de António Graça de Abreu  -  Excertos,  parte I (pp. 4-8)


Civitavecchia, Itália, 4 de Janeiro  (pp. 4-5)

Esta manhã em Lisboa, a jornada marítima, a minha segunda Volta ao Mundo, começou num Airbus 319, um avião rumo a Fiumicino, Roma. A aeronave subiu no céu baptizada com o emérito nome de Camilo Castelo Branco, engenhoso tecelão de inesquecíveis romances, fazedor de painéis de depuradas vidas, há dois séculos à solta pela pátria lusitana. (,,,)

O voo Lisboa-Roma, duas horas e quarenta e cinco minutos, é hoje tão simples de fazer como, no século XVI, seria zarpar numa falua do Cais do Sodré para Alcochete. Se os tempos mudam e as viagens também, permanece o gosto de cada um descobrir o mundo já descoberto, continua o prazer de nos desvendarmos.

Trouxe comigo, além da companheira chinesa de muitos anos, trouxe nos esconsos do bolso direito um senhor velhinho chamado Fernão de Magalhães. Vou navegar em mares e estreitos por ele desbravados, vamos entabular grandes conversas sulcando oceanos tempestuosos e pacíficos.

A Volta ao Mundo começa aqui, na noite de Civittavechia, cidade conhecida sobretudo como terminal ou escala de navios de cruzeiros que avançam pelo Mediterrâneo, de oeste para leste, de norte para sul, transportando turistas que usufruem de um vasto pacote de prazeres da vida, em barcos alindados, repletos de mordomias e conforto. (...)


Génova, Itália, 5 de Janeiro (pp. 6- 8)

Umas tantas passagens, há uns bons pares de anos, pelas margens de Génova, de automóvel, por túneis e viadutos encostados às montanhas da Ligúria, com a cidade lá em baixo, em rota para outros destinos italianos, jamais haviam dado para parar e assentar o pé no âmago do burgo.

Agora, vindo do mar, até foi possível encontrar a casa-museu de Cristóvão Colombo, junto ás portas Soprana, do sec. XIII, infelizmente fechada. Génova deu o nome de Colombo ao seu aeroporto e será que o navegador nasceu mesmo aqui, como quer quase toda a História, ou abriu pela primeira vez os olhos para o mundo, portuguesmente, na saudável e ensolarada vila alentejana de Cuba?

Até que ponto foi Fernão de Magalhães, 35 anos mais novo do que Colombo, beber informações às viagens do descobridor das américas? Ambos queriam chegar ao Oriente viajando para Ocidente, o que só Magalhães conseguiu.

 Em termos de prática da arte de marear, quer Colombo, quer Magalhães utilizaram o Almanaque coligido pelo judeu Abraão Zacuto (1450-1515), que eram, de algum modo, as tábuas de navegação da época. Certo, certo é que ao sair de Sanlucar de Barrameda, a 20 de Setembro de 1519, as cinco naus de Magalhães levavam 237 homens, 18 dos quais eram genoveses, gente bem habilitada para o domínio e exercício das coisas da navegação e do mar. (...)

Em 1298 e 1299, na sequência da guerra entre Veneza e Génova, aqui esteve preso o veneziano Marco Polo que, na cadeia, foi ditando as suas recordações e memórias ao mais ilustrado Rusticello de Pisa, companheiro de cela. Passadas ao papel, são o famoso Livro de Marco Polo que Cristóvão Colombo, leu, anotou e levou consigo na primeira viagem de descoberta da América, quando acreditou que ia ao encontro do Oriente e da China. (...)

Num cais, na zona baixa da cidade, surpreendeu-me a réplica impecável de um impressionante galeão espanhol do século XVII. Foi usado por Roman Polanski na rodagem do filme Os Piratas, de 1986, e impressiona o gigantismo da nau chamada Neptuno, o barroquismo da decoração, os canhões a espreitar por tudo quanto é sítio.

No entanto, o galeão é mais do que fake, uma imitação recente, e não me parece ser capaz de navegar mais de duzentos metros no porto da baía de Génova. Verdade é que os genoveses são excelentes construtores de navios. O Costa Luminosa, o barcalhão que em 2016 me levou na primeira viagem de Volta ao Mundo, foi parcialmente construído aqui perto, em 2009, nos estaleiros Fincatieri. (...)

(Continua)

[Seleção / revisão e fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]
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Nota do editor:

(*) Vd, último poste da série > 21 de abril de  2020 > Guiné 61/74 - P20883: Viagem de volta ao mundo: em plena pandemia de COVID 19, tentando regressar a casa (Constantino Ferreira & António Graça de Abreu) (12): os sítios que ficaram por visitar...

Guiné 61/74 - P21101: Parabéns a você (1827): João Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 5 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21098: Parabéns a você (1826): Cor Art Ref António José Pereira da Costa, ex-Alf Mil Art da CART 1692 (Guiné, 1968/69) e ex-Cap Art, CMDT das CARTs 3494 e 3567 (Guiné, 1972/74); João Crisóstomo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1439 (Guiné, 1965/67) e Júlio Martins Pereira, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 1439 (Guiné, 1965/67)

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21100: Convívios (917): Homenagem ao combatente e lutador pelo Estatuto dos Combatentes Portugueses, Joaquim Coelho - Organização do Grupo Cantinho do Combatente e Associação MAC (Abel Santos)

Homenagem ao combatente e lutador pelo Estatuto dos Combatentes Portugueses, Joaquim Coelho
Organização do Grupo Cantinho do Combatente e Associação MAC

Nogueira da Regedoura

13 de junho de 2020

1. Mensagem do dia 18 de Junho de 2020, o nosso camarada Abel Santos, (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), enviou-nos uma reportagem da homenagem ao Combatente Joaquim Coelho, levada a efeito no passado dia 13 de Junho em Nogueira da Regedoura.

Foi uma jornada na qual ficou mais uma vez demonstrado todo o fervor castrense daqueles antigos militares que outrora foram enviados contra sua vontade para uma guerra que não era a deles, (nossa) mas que nunca rejeitaram a sua bandeira antes pelo contrário, defendendo-a com sangue suor e lágrimas, e se dúvidas existiam foram dissipadas aquando do canto do Hino Nacional.

Do programa muito bem elaborado, e que foi cumprido com todo o rigor conforme o estabelecido, e apresentado pelo profissional destas andanças, Aventino Ferreira, e que constava o seguinte.

12h00 - Receção às individualidades convidadas.
12h20 - O hastear da bandeira Nacional com toque de clarim, o canto do Hino Nacional, seguido pelo toque de silêncio executado pelo camarada combatente Manuel Inácio.
12h45 - Apresentação das Entidades, seguido do discurso do homenageado e presidente do MAC, Joaquim Coelho, palestras pelas várias entidades presentes, e declamação de poemas pelo combatente Abel Santos.
13h15 - Início do almoço.
14h15 - Sessão de fados de Coimbra pelo Dr. José Lacerda E Megre acompanhado pela conceituada fadista Maria da Luz, assim como David Lota, que apresentaram vários fados do seu vastíssimo reportório, seguido de cantigas à desgarrada pelo camarada Manuel Sameiro que se fez acompanhar pela artista Catarina Campos, que proporcionaram aos convivas momentos de boa disposição, seguindo-se uma sessão de música variada portuguesa.

Apresento algumas fotos do evento.

 Poema estrada da vida

Abel Santos declamando um poema de autoria do homenageado

Mesa de Honra, na qual se vê, em primeiro plano, o amigo José Ferreira, nosso camarada da tertúlia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Joaquim Coelho sendo agraciado

António Silva administrador do Cantinho do Combatente, e o homenageado Joaquim Coelho Presidente do MAC, e Manuel Inácio, o trompetista que em Madina do Boé tocava o trompete em cima do abrigo, quando a guarnição era atacada

Abel Santos, e Manuel Sameiro

Abel Santos, Manuel Sameiro, Arnaldo Ferreira, e Catarina Campos

Da esquerda para a direita, Abel Santos, Abel Ferreira, José Nunes, Luís Pinto, e Arnaldo Ferreira.

O conceituado fadista David Lota em plena actuação

Poema Jazem Além

Presidente da Associação Sargentos Portugueses, também esteve presente

Abel Santos ofertando a moldura da sua CART 1742 ao homenageado

A fadista Maria da Luz

Dr. José Lacerda E Megre, fado de Coimbra

Dr.José Megre, e Maria da Luz

Manuel Sameiro e o seu grupo em plena actuação

Joaquim Coelho recebendo a placa comemorativa

José Marques, António Moreira, e Joaquim Marques três camaradas sempre presentes.

Um aspecto da sala

 Gravura da Associação

Mais outro aspecto da sala.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20667: Convívios (916): Almoço/Convivio do pessoal do BCav 3846 que esteve na Guiné, em Ingoré, São Domingos, Sedengal, Suzana, Varela e Antotinha de 1971 a 1973, 15 de Março de 2020, Matos da Ranha, Pombal (Delfim Rodrigues)