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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13571: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (28): Guileje?!... Outra vez?!... (António Martins de Matos, TGen Pilav )

1. Mensagem do nosso camarada António Martins de Matos, TGen Pilav Ref (ex-Tenente Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74), com data de 2 de Setembro de 2014:


Guileje, outra vez!

Após alguns eventuais estudos de EM, as Altas Chefias tinham chegado à conclusão que a melhor maneira de prepararem os jovens militares acabados de sair da Academia para uma vida de “futuras comissões no Ultramar” era dar-lhes uma primeira “experiência ao vivo” por terras da Guiné.
E qual o melhor local para “sentirem a coisa”? Guileje!!!

Não sei quantos Aspirantes eram, mais de 4 e menos de 8, alguém os terá levado até ao Guileje, visita e pernoita no quartel, devem ter aguentado uma manga de briefings, mosquitos, pius e … blá blá….
Até arrisco a dizer (especulação, alguém pode vir a confirmar ou negar tal pensamento) que terão visto e ouvido uns tiros de obus.
Depois havia que os trazer de novo à civilização, a missão da FAP consistia em ir recolhe-los e transportá-los de novo para Bissau.

20 Junho 72, já tinha um mês de Guiné e 11 horas de DO-27, completado o treino operacional (aterrar em Bula, Binar e Biambe), feito a minha primeira missão e, para além das do treino operacional já conhecia outras duas pistas, Tite e Fulacunda.
Coube-me ser o n.º 2 de uma formação de dois DO-27, o meu era o 3329, o piloto que liderava a operação parece que era daqueles que já tinha barbas, eu ainda era um imberbe periquito, nada de importante, não fazia a mínima ideia onde era o Guileje mas também não era importante, bastava-me seguir o chefe, havia de chegar ao destino.
Como ultimo conselho alguém amigo tinha-me dito para ter atenção à travagem já que a pista acabava na porta do quartel (que era de cimento).

 Posições relativas de Bula, Binar e Biambe

Posições relativas de Tite e Fulacunda

Ao fim da tarde lá descolámos de Bissau rumo Sul, apontados a Guileje, só que….

Época das chuvas, trovoadas, cumulo-nimbos, dilúvios à frente, ao lado, por detrás, nunca tinha visto chover tão grosso e por tanto tempo, lá me fui aguentando sem perder de vista o outro avião, mas com aquela sensação estranha de, em vez de avançarmos para o destino, andarmos às voltas.
Uma hora depois deste bailado vi algo que me fez disparar a adrenalina, um raio passou perto de mim a acertou lá em baixo no capim que, apesar de tanta chuva, logo começou a arder.
Devo ter dito algo pelo radio do tipo “Ó Janeca, olha lá o pingo da solda” de modo que o vetusto chefe da missão resolveu deixar-se de voltas e voltinhas e aterrar na pista mais próxima, esperando que aquele mau tempo acabasse por passar.
Depois de mais umas voltas finalmente lá encontrámos uma pista e aterrámos, só então me apercebi que, apesar de estarmos a voar há mais de uma hora, ainda só estávamos em … Bolama.
Os aviões apenas estacionados na placa, ao olharmos para Sul ia-me dando uma “travadinha”, vimos uma enorme mancha de “borrasca”, ali mesmo ao pé e a avançar para nós.
“Vamos embora JÁ”… e o grande chefe abalou.

 Localização de Bolama

Vide Carta da Provícia da Guiné 1:500.000

Sozinho, triste e abandonado, 40 dias de Guiné, lá me tentei desenvencilhar o mais rápido que podia e sabia, uma coisa era certa, tinha de descolar antes daquele mau tempo chegar, se ficasse no chão de certo que o vento me partia o avião.
Procedimentos a correr e muito atabalhoados, o inicio da descolagem acabou por coincidir com a ventania a chegar à pista, durante algum tempo ainda consegui manter o avião direito, depois as rajadas de vento tornaram o controlo da direcção difícil, o avião ficou tipo cata-vento, vi-me apontado a um dos embondeiros que ladeavam a pista.
Abortar a descolagem era má opção, continuei com o motor aos copos, em direcção à árvore.
Aqui um parêntesis, era periquito e com poucas horas no DO-27 mas tinha tido um grande instrutor.

Ao chegar perto do obstáculo… manche à barriga e flaps (todos) , o DO-27 parecia um elevador, logo passei por cima do embondeiro, como os pilotos costumam dizer… “na cagadinha”.

O regresso a Bissau demorou uns 15 minutos, os Aspirantes acabaram por ficar mais uma noite no Guileje, eu conheci mais uma pista (Bolama) e, com a ajuda do “Joãozinho Caminhante” … dormi que nem um justo!

Amigo José Almeida Brito [, foto de jornal, à direita], tenho saudades tuas, obrigado pelos teus ensinamentos, onde estiveres, este texto é para ti.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13415: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (27): De visita, com o seu neto, ao Museu do Ar, em Sintra, o Vitor Oliveira reencontra o T6, nº 1737, no qual voou no CTIG

sábado, 19 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13415: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (27): De visita, com o seu neto, ao Museu do Ar, em Sintra, o Vitor Oliveira reencontra o T6, nº 1737, no qual voou no CTIG


O Vitor Oliveira mais o seu neto Alexandre de visita ao Museu do Mar, na Granja do Marquês (Base Aérea nº 1, Sintra) (*)... O T6 era uma bombardeiro monomotor, equipado com lança-roquetes. A sua origem remontava à II Guerra Mundial.

Foto: © Vitor Oliveira  (2014). Todos os direitos reservados

1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Vitor Oliveira, ex-1º cabo, melec, BA 12, Bissalanca, 1967/68, residente em Caneças, Odivelas:

Data: 17 de Julho de 2014 às 05:16

Assunto: T6 no Museu do Ar Sintra


Ao visitar o Museu do Ar na base de Sintra com o meu neto Alexandre,  deparei com o T6 nº 1737,  no voei!

De facto,. tenho registado na minha caderneta de voo um voo em 17de Maio 1968 e outro a 7 de Janeiro 1969,   todos em Nova Lamego.

O meu neto  ficou muito curioso e lá estive a  explicar -lhe o armamento que o avião levava e tudo o resto.

Víctor [Barata],  já agora quando é que vamos á Guiné ?

Um grande abraço.

Melhores cumprimentos

Vitor Oliveira (**)
CTR, Lda.
Loteamento Industrial da Murteira, Lotes 23/24.
2135-301 Samora Correia – Portugal
Contactos:  +351 263 659 666; 7: +351 263 650 766)

__________________

Notas do editor:


(*) Museu do Ar:

Com a reorganização do Museu do Ar, foi aberto ao público um novo Museu na Base Aérea nº 1 (Sintra),  no final de Janeiro de 2010. A missão  do Museu do Ar  é a de  conservar, restaurar e expor o Património Aeronáutico Nacional. Tem presentemente 3 polos - Sintra, Alverca e Ovar. Em Sintra, conta  com o apoio da Câmara Municipal  e da ANA e acolhe os acervos da TAP e da ANA, "enriquecendo uma colecção que já contava com mais de 100 aeronaves e 9500 peças inventariadas".

A FAP e o seu Museu oferecem agora ao público uma exposição enriquecida com peças raramente vistas, recentemente restauradas e algumas novas incorporações. Fica aqui a sugestão e o convite para uma visita (com filhos e netos), ao Museu do Ar, "o único que salvaguarda a herança aeronáutica Portuguesa".

Contactos
Museu do Ar Granja do Marquês
2715-021 Pêro Pinheiro
museudoar@emfa.pt
www.emfa.pt/www/po/musar/index.php

Telefones:
Director - 219678992 | Subdirector - 219270775
 Conservador - 219678941
Secretaria/ Recepção - 219678984
FAX: 219678938

Horário:
10.00h - 17.00h
Admissão de visitantes até ás 16.30h
Encerra à 2ª feira
Preço: 3€ €

(**) Último poste da série > 14 de julho de 2014 Guiné 63/74 - P13397: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (26): O Honório que eu conheci em Angola e em Cabo Verde (Albertino da Silva, West Palm Beach, Florida, USA, antigo piloto dos TACV, em 1979/80)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13397: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (26): O Honório que eu conheci em Angola e em Cabo Verde (Albertino da Silva, West Palm Beach, Florida, USA, antigo piloto dos TACV, em 1979/80)

1. Mensagem do nosso leitor, residente em WestPalm Beach, Florida, EUA, Albertino Dasilva

Data: 13 de Julho de 2014 às 07:14

Assunto: O Piloto Honorio...

Hoje li um boletim no www.barrosbrito.com, acerca do Piloto Honório [Brito da Costa, nascido na Praia, Cabo Verde, em 28/8/1941; foto à direita, cortesia da página do da família Barros Brito ](*).

O Honório era mulato. Filho de um advogado preto de Cabo Verde. A sua mãe era branca, não sei se nascida na cidade da Praia.

Eu conheci a mãe do Honório.

Eu fui Piloto dos TACV [, Transportes Aéreos de Cabo Verde,] cerca de dois anos (em 1979 e1980). Eu tenho agora 68 anos. Vim de Angola e foi em Luanda que conheci o Honório quando ele saiu da Força Aérea. O Honório fez pulverização aérea nas fazendas de Malange... e depois trabalhou nos Táxis Aéreos em Luanda até à  Independência; tendo regressado a Cabo Verde com medo do MPLA.

Quando chegou a Cabo Verde, o Governo inicial da Independência que tinha um ramo associado aos cubanos, mandou prender o Honório. Pois era um Governo do PAIGC contra o qual o Honório bombardeou na Guiné.

Depois de largos meses na prisão, a sua mãe que por acaso era amiga do Presidente Aristides Pereira (PAIGC),  lá conseguiu que o Honório fosse libertado e depois de uma recuperação de longos meses ele foi admitido nos TACV.

O piloto Alexandre Pina Ferreira, que foi colega do Honório na Força Aérea (neste caso,  em Angola) deu-lhe a mão e ajudou o Honório a entrar na companhia.

Em Luanda éramos todos amigos e sempre prontos aos copos... lá no Baleizão... e uns valentes churrascos com bom vinho e cerveja,  não esquecendo as mulatas bonitas que por lá andavam...
Pois eu também era piloto em Angola e o Alexandre Ferreira também me chamou para trabalhar nos TACV, onde estive 2 anos.

Depois disso vim para os EUA e aqui estou há 32 anos, agora reformado na Flórida.

Tenho um filho (Paulo da Silva) que agora voa nos 777 da US Airways (International).

Soube que o Honório teria morrido antes de 1990. E também o Alexandre Ferreira se passou [...].

Claro que o Honório ainda era meio maluco lá na cidade da Praia. Eu fui co-piloto de alguns voos onde ele era comandante. Confesso que não era nada fácil entendê-lo [...].

Na Praia, quando eu lá estive, assisti a várias palhaçadas...
O Honorio tinha um cão Pastor Alemão... como ele se esquecia de dar comida ao cão, o bicho ia definhando lentamente... E um dia o cão morreu mesmo. O Honório sai-se com esta: 
- Então agora que ele se habituou a não comer é que morre ?!... Tenho que treinar outro cão...

Havia muitas histórias do Honorio lá na Praia.

Ele tinha um feitio que não se explica muito bem... Foi o único filho e muito mimado. Depois deixou Cabo Verde para ir para a Escola Agrícola. Como sabemos, la há bom vinho e presunto... Pois também se contam muitas histórias da sua estadia lá em Santarém...

Pois se esta informação pode ser acrescentada lá na sua página,  pode elucidar alguma gente do tempo da guerra. Mas não ponha lá esta história toda...

Albertino da Silva
West Palm Beach, Florida, USA
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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12306: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (25): O Honório e a minha cabeçada no painel de instrumentos, no T6, que fazia a proteção à coluna logística que ia para Beli... (Vítor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)

sábado, 16 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12306: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (25): O Honório e a minha cabeçada no painel de instrumentos, no T6, que fazia a proteção à coluna logística que ia para Beli... (Vítor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)

1. Mais uma história da dupla Vitor & Honório, 
que fazia, em 1968, no T6, a proteção às colunas logísticas que iam de Nova Lamego, via Cheche, até Beli (destacamento, entretanto, abandonado pelas NT em meados de 1968):

[Foto à direita: Victor Oliveira, 1º cabo, melec, BA 12, Bissalanca, 1967/68; mora atulamente em Caneças, Odivelas]

Aqui vai mais uma do meu grande amigo Honório.

Estávamos a fazer num T6 protecção a uma coluna que levava mantimentos para Béli [, na região do Boé, sudeste da Guiné]. A meio do caminho, entre o Cheche e Béli, havia uma zona onde existia arvoredo e, antes da coluna passar, mandava-se umas bombas de 15 kg.

Eis que o meu amigo Honório, sabendo que eu não tinha os cintos apertados. porque, como andávamos para cima de 2 horas a sobrevoar a coluna, desapertávamos os cintos, não me avisou que ia largar as bombas e faz, zás!", o passe...

Escusado será dizer que fiquei com a cabeça encostada ao painel... Ele ria-se que nem um perdido e, com uma grande lata, pergunto-me então, depois de fazer a recuperação:
- Pichas, que é que se passou ai atrás ?

Só ele é fazia estas brincadeiras.

Já agora um pormenor: o Honório quando voava nos T 6G, só queria voar com bombas, para depois de as largar, ter o avião leve e fazer as suas acrobacias.

Sem mais um abraço.
Vitor Oliveira (Pichas)
1.º Cabo Melec
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Nota do editor:

sábado, 26 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12206: FAP (78): Nunca tão poucos fizeram tanto com tão pouco... (António Martins Matos / Helder Sousa / Luís Graça)... Fotos do Artlindo Roda


Guiné > Zona leste > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério (1)... 

Uma DO 27, onde se presume que o Arlindo Roda tenha apanhado boleia até Bafatá, onde foi apanhar o Dakota para Bissau... Também é possível ter ido diretamente para Bissau.. Em dia de sorte... Outros, como o Humberto Reis, tinham amigos pilotos na FAP... Eu cheguei a ter o cu sentado numa DO 27 ou num heli AL-III para um "desenfianço" até Bissau.. Acabei por ir barco da "Casa Gouveia", rio Geba abaixo...  Apareceu, à última hora, alguma mulher grávida, ou algum doente civil  ou algum militar "mais estrelado" do que eu, que apanhou a minha boleia... Perdi, nessa altura, a minha (única) oportunidade de "andar de cu tremido" em DO 27 ou em heli AL III. 




Guiné > Zona leste > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério (2)...






Guiné > Zona leste > Batatá (?) > Aeródromo  > c. 1970 > Viagem do fur mil Arlindo T. Roda, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), de Bambadinca, de DO 27, até Bafatá, e de Bafatá, em Dakota, até Bissalanca, Bissau, onde foi apanhar o avião da TAP, no seu mês de férias... Não sei se a sequência está correta... Nem sei se as fotos, com o Dakota, são de Bafatá ou de Bissalanca... Peço a ajuda da malta da FAP...


Guiné > Zona leste > Batatá > Aeródromo  > c. 1970 >  Dois T6 G na pista, prontos a descolar. O fotógrafo está de camuflado, deve ter ido de Bambadinca a Bafatá, em serviço... Presumo, portanto, que o aeródromo seja o de Bafatá... onde não tenho ideia de alguma vez ter posto os pés... (E eu ia com frequência a Bafatá City!).



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > 1970 > CCAÇ 12 (1969/71) > 1970 > Um helievacuação de feridos em combate, no decurso da Op Boga Destemida (7 de fevereiro de 1970).


Fotos do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]



1. Comentário de António Martins Matos (ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74; hoje ten gen ref) [, foto à esquerda, junto a uma DO 27, embora fosse sobretudo piloto do caça-bombardeiro, Fiat G-91] (*)


Caros amigos

Analisando o tema com atenção verifica-se que há dois tipos de "[gloriosos] malucos das máquinas voadoras", os que só são "malucos" por terem escolhido a profissão de piloto e que sempre a encararam com rigor e profissionalismo ( ainda que até possam fazer parte de patrulhas acrobáticas) e ... "alguns outros ".

Esses "outros",  quando longe das vistas e do enquadramento hierárquico,  por vezes têm tendência a "apardalar".

Não sei do Honório, penso que metade do que dizem dele é apenas lenda, mas sei de, no meu tempo de Guiné e no Leste, dois  "gloriosos malucos" perderam a vida em demonstrações pró pessoal terrestre, arriscaram e ...morreram.

Dir-me-ão, eram "gloriosos malucos das máquinas voadoras", o risco era a sua profissão. Pena foi que levassem com eles o José Valoura e o António Madeira, não tinham que morrer, só queriam participar na "maluqueira".... para mais tarde recordar.

Para alguns o Honório (paz à sua alma) pode ter sido uma lenda... mas está longe de "valorizar a memória dos nossos camaradas da FAP".

Querem valorizar a FAP? Escrevam sobre o Tcor Almeida Brito, Maj Mantovani Filipe, Fur Baltasar da Silva, Fur Carvalho Ferreira, a Enfermeira Paraquedista Celeste Costa ...
Abraços
AMM


2. Comentário de Hélder de Sousa  (fur mil trms TST, Piche eBissau, nov 1970 / nov 1972) [, foto à direita, em Piche] (*):

Parece-me que a expressão "gloriosos malucos das máquinas voadoras", que é o título em português de um filme que presta homenagem a todos aqueles que dedicaram a sua vida (em muitos casos,  literalmente) à aviação, talvez não tenha sido muito bem compreendido.

Digo isto por via do comentário de AMMatos.

É claro que, como em todas as situações, é preciso que tudo se faça com o maior profissionalismo e que sempre, ou quase sempre, que se pretende 'inventar', podem suceder percalços ou situações lamentáveis.
Não me parece que esta 'chamada à ribalta' do Honório possa ser usada para fazer clivagem entre uns 'pilotos malucos' que faziam exibicionismos e outros 'malucos pilotos' por terem seguido uma actividade tão cheia de riscos.

Não, nada disso. Acho que o Honório (que não conheci, de que não fui contemporâneo, logo não tenho nada 'empatado') foi credor de alguma fama que também creio ser algo romanceada mas não deixa de ser verdade que essa sua fama atravessou os tempos já que ouvi (não vi) histórias dele, mais ou menos no teor daquelas que já por aqui foram referidas. E sabe-se como o 'povo comum', desde tempos bem antigos, se pela por 'pão e circo'.

Não vejo que possa 'vir mal ao mundo' respigar esses 'pequenos' apontamentos.

Agora, também concordo que seria bom dar mais visibilidade, mais protagonismo, a outros valorosos elementos da FAP, como os que AMMatos cita mas acho que isso não pode vir assim, do "nada".

Se as suas histórias não aparecerem, se não as referirem, aqueles que com eles privaram, conviveram, etc., como irão elas chegar aqui? Inventadas? Mais ou menos no 'parece que', 'ouvi dizer que', etc.,? Logo a seguir aparecem os 'correctores' a dizer que "não falem do que não sabem, não estiveram lá", o costume.

Por exemplo, sobre as nossas valorosas enfermeiras paraquedistas não tem sido já por aqui referido quão importante foi o seu trabalho? A importância, tantas vezes decisiva, das suas intervenções? Desde as meramente 'curativas' às psicológicas? Claro que sim! Referidas em artigos próprios, em grande 'culpa' por causa da Giselda, mas não só, e em referências em artigos de memória de vários protagonistas.

E quanto a Pilotos? É verdade que foram mais salientados o Miguel Pessoa, o António Matos, o Jorge Félix (e talvez mais algum de que agora, neste momento, não me ocorre) porque estão vivos (e recomendam-se, felizmente!) mas também porque são interventivos.

Quanto a outros apenas aparecem nas referências às ocorrências que os vitimaram mas quem pode adiantar mais? Se houver, venham elas!

Abraços

Hélder S.

3. Comentário de L.G. (*)

No último ano da guerra, havia,  no TO da Guiné,  46 aeronaves operacionais, menos 12 do que em 1971: seis  TG6, doze  D0 27, três C47 (Dakota), oito G91 (Fiat), quinze Al III (heli) e dois Nord-Atlas.

Havia, por outro lado,  cerca de 60 pistas, 1 base aérea, 2 ou 3 aeródromos dignos desse nome... E, o mais importantes, havia sobretudo gente, preparada e qualificada (dos pilotos aos caçadores paraquedistas, dos melec às enfermeiras paraquedistas)...

Numa guerra, prolongada, de onze anos, travada em condições extremamente adversas para "homens e máquinas", pode dizer-se da FAP, com verdade... que nunca tão poucos fizeram tanto com tão pouco (**)...

Saibamos honrar a memória de camaradas, da FAP, que morreram no TO da Guiné, nos últimos anos da guerra, e aqui tão justa e oportunamente evocados pelo António Martins Matos: ten-cor Almeida Brito, maj Mantovani Filipe, fur mil Baltasar da Silva, fur mil Carvalho Ferreira, enf paraquedista Celeste Costa... Faço votos para que surjam mais postes sobre estes camaradas de quem, de facto, temos falado tão pouco, no nosso blogue.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de outubro de 2013 > Guiné 634/74 - P12198: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (24): Voando com o srgt mil pil Honório, no apoio a colunas logísticas para Beli e Madina do Boé (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)

(**) Último poste da série > 25 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12201: FAP (77): Fotos do destacamento de Nova Lamego (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Guiné 634/74 - P12198: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (24): Voando com o srgt mil pil Honório, no apoio a colunas logísticas para Beli e Madina do Boé (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)




Guiné > Bissau > c. 1968 > "O T6G [Harvard] 1756 que caiu ao pé do colégio das freiras que ficava por de trás do hospital em Bissau. Da rapaziada so me lembro do Oliveira, de  t-shirt branca".


Foto (e legenda): © Vitor Oliveira (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]

1. Mensagem do Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec
 (BA 12, Bissalanca, 1967/69)  [, Foto à direita: é membro da nossa Tabanca Grande  desde 13/5/2009]:


Data: 22 de Outubro de 2013 às 15:20
Assunto: Voos com Honório

Camarada Luís,  posso dizer que 70% das dezenas e dezenas de horas de voo na Guiné foram com o meu grande amigo Honório que infelizmente já não está entre nós. (*)

Foram voos em DO27 e T6G, Nestes andávamos entre 2h30 e 3h30,  sobre as colunas que iam para Béli e Madina de Boé, Começávamos a sobrevoálas ao nascer dia até ao sol se pôr.  Ele, o Honório,  queria sempre companhia porque dava para ele descansar, Estás a ver o que era andar estas horas todas às voltas sobre as colunas!... Levávamos no mínimo duas garrafas de água Perrier. (**)

A protecção a essas colunas era feita por 6 T6G e sempre dois,  que se iam revezando.

Já agora quero dizer que,  além do meu amigo Honório,  havia mais pilotos com os quais voei e  que eu admirava:  Cap Sarmento, Alf Pavão (Açoriano) e Furriel Gomes.

Aqui vai [, foto em cima,] o T6G 1756 que caiu ao pé do colégio das freiras que ficava por de trás do hospital em Bissau. Da rapaziada so me lembro do Oliveira, de  t-shirt branca.

Sem mais um grande abraço.

Vitor Oliveira(Pichas)
1º Cabo Melec

[BA12, Bissalanca, 1967/69]

________________

Notas do editor:

(*) Dados biográficos:

(i) Honório Brito da Costa [Praia, Santiago, Cabo Verde, 28 de agosto de 1941; Praia, Santiago, Cabo Verde, (?]];

(ii) era filho de Honório Domingos da Costa [n. 1901; f. ?] e de Silvia Pinto de Brito [Santiago, 1914; Lisboa, 2004];

(iii) tem, pelo menos, uma filha, Tatiana Costa] [ Fonte: sítio GeneAll.,

(iv) entrou como actor, juntemente com o nosso camarada Leão Lopes, no filme "O Recado das Ilhas" (1989), de Ruy Duarte de Carvalho (Santarém, 1941;  Swakopmund, Namíbia, 2010)]

[São raras as fotos do Honório, srgt mil piloto da FAP, que na sua terra natal  também era conhecido por Honoriozinho. Sabemos que nasceu em 1941, na cidade da Praia, e já morreu, em data desconhecida., mas posterior a 1989. Depois de servir na FAP, na Guiné, onde terá feito duas comissões, regressou á sua terra. Foi piloto comercial nos TACV - Transportes Aéreos de Cabo Verde, onde terá chegado a comandante. Foto acima,  à direita, reproduzida com a devida vénia da página da família Barros Brito: Antepassados e parentes da família criada por Jorge e Garda Brito.]



Postes da série sobre (ou com referências a) o Honório:

13 de outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7121: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (22): Fotograma do Honório com o Cap Neto (Jorge Félix)

15 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6397: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (21): Fotogramas de um vídeo com o Honório (Jorge Félix)

4 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5935: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (20): O Honório e o 2º Sarg que dizia que se aguentava (Vítor Oliveira)

22 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6210: Os gloriosos malucos das máquinas voadoras (21): Meu tenente, eu e o Tomás Camará não vamos com o Honório! (Amadu Djaló)

28 de fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5912: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (19): O Honório e o major que lhe chamou maluco (Vítor Oliveira)

19 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5840: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (18): Mais uma história do Grande Honório (Vítor Oliveira)

29 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5559: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (17): Mais uma história do Sargento Pilav Honório (Rogério Cardoso)

21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4396: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (16): Uma história do Honório (Vítor Oliveira)

11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3604: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (15): Eu, o Duarte, o Coelho, o Nico... mais o Jubilé do Honório (Jorge Félix)

6 de novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3412: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (11): Ainda o Honório, o Jagudi... ou o puro gozo de voar (Jorge Félix)



26 de Setembro de 2008 Guiné 63/74 - P3245: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (4): Honório, o cow-boy dos ares (José Nunes)


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11737: FAP (74): A instrução do AL III no meu tempo: em Janeiro de 68, eu e mais cinco pilotos do P1 de 67, juntamente com quatro pilotos da Academia Militar e o Senhor Dom Duarte de Bragança, iniciamos com o Al II o curso de helis... Saí de Tancos com um total de 291 horas de voo, e no dia 1 de Outubro de 68 fazia uma evacuação (TEVS) em Cabuca.... (Jorge Félix)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III, que nos era mais familiar, sobretudo para aqueles que chegaram à Guiné a partir de 1968). Foto do Alberto Pires, editada pelo Jorge Félix.

Fotos: © Alberto Pires (Teco) / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Jorge Félix (2009). Direitos reservados.



Tancos > Base Aérea nº3 > 1967 > 1º Curso de Pilotos de Helicópteros, onde pela 1ª vez também foram incorporados milicianos, segundo informação do Jorge Félix, aqui, junto a um Allouette II, no meio dos seus camaradas, onde se inclui o Duarte Nuno de Bragança.

Os primeiros pilotos milicianos de helicópetros da FAP > 14 de Março de 2008 > "Éramos oito milicianos (Eu, Antolin, Cavadas, Melo, Baeta, Pinto e Duarte) e três da Academia Militar (Braga, Afonso e Costa). O Pinto faleceu em Outubro de 2007, em Lisboa, vítima de doença. O Oliveira faleceu no acidente de aviação em Tancos, em 72 ou 73. Estes dois companheiros estiveram comigo na Guiné. O Melo anda em sítio incerto na Venezuela (vou saber pormenores da 'chatice' que foi a vida dele por lhe terem roubado um Allouette III da FAP). O Baeta faleceu em Gago Coutinho, Angola, Março de 1969, num acidente, voo nocturno, Heli. O Cavadas também já faleceu em acidente de Heli, andava nas pulverizações, no Alentejo. O Antolin está de perfeita saúde, Comandante da TAP reformado, a viver em Lisboa. O Duarte é... Sua Alteza D. Duarte Nuno de Bragança, esteve em Moçambique [ou Angola ?]  e vive em Lisboa. O Pinto, também reformado da TAP, faleceu há quatro meses. Do Braga, Afonso e Costa, sei muito pouco (...). Jorge Félix".

Foto (e legenda): © Jorge Félix. Todos os direitos reservados  [Cortesia de: Blogue do Victor Barata > Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74.]



Guiné > Algures > Jorge Félix, allf mil pil heli Al III (BA 12, BA 12, Bissalanca, 1968/70) e António Spínola (Com-Chefe e Governador Geral, CTIG, 1968/73)... O tratamento por "pilav" era reservado aos pilotos-aviadores que vinham da Academia Militar.

Foto: © Jorge Félix (2010). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do Jorge Félix [, ex-alf mil pil, AL III, Esq 122, BA 12, Bissalanca, 1968/70,], com data de ontem, em resposta ao nosso convite para nos contar como se tornou um valoroso e glorioso "maluco" do heli AL III que faz agora 50 anos na nossa querida FAP (*)


Meu Caro Luis Graça: 

já tinha respondido a este mail, quando me apercebi que seria para os "50 anos do AL III", e como isso aconteceu no dia 20 de Abril, em Beja, onde eu estive, apaguei tudo, por pensar estar fora de tempo. Como voltas "à carga", vou tentar ser útil.

Desde já um abraço ao Pardete Ferreira pelas simpatiquissimas palavras.

Caro Fernando Leitão:

Aproveito para contar algo que será desconhecido da maioria. No ínicio da FAP, os primeiros pilotos vieram da arma de Cavalaria, razão existirem tantos termo da sua gíria:

(i) O "pilão", par de coices - afocinhamento do avião; 

(ii) "borrego", nega ao saltar um obstaculo - aterragem não conseguida; 

(iii) "cavalo de pau",  instrumento que dá o equilibrio do avião - ...

No meu tempo, as idades para concorrer, eram os 17 e 21 anos. Fazia parte das condições ser solteiro, ter autorização do pai.... Centenas de "mancebos" concorriam, uns para "andarem mais perto de Deus", outros para fugirem do "diabo"...

Depois de apertados exames medicos aparecem em São Jacinto (Fevereiro 67), BA7, meia centena de alunos para iniciar as "voadelas". Recordo que  havia um Alferes, um Aspirante e um Cabo, portanto ,recrutados das FT.

O avião de inicio de instrução foi o CHIPMUNK, onde aprendíamos os pequenos segredos de voo.
Fui largado depois de 15 horas,  no dia 21 de Abril de 67 no 1635.[ não sentir o instrutor a corrigir, a emendar, a ajudar ... (o silencio dos Deuses) foi a alegria plena]. 

 Depois da aterragem, na placa, o instrutor esperava-nos para o "caldaço no pescoço e o pontapé no traseiro". Quem estivesse por perto e já fosse Pilav também "molhava a sopa". 

O banho na Ria,  ao fim da tarde,  fazia parte da praxe dos "recém-largados". Fazia-se coincidir com a partida da lancha da Marinha, assim, os que estivessem sobre a ponte de atracagem também poderiam ir ao banho .

Era também tradição oferecer uma garrafa de "whisky" ao instrutor e fazia~se um jantar de confraternização, alunos e instrutores.

Depois desta fase, passava-se para o T-6...

No dia 28 de Junho fui largado no T-6 (1656) com 13 horas de voo. Com 170 horas de voo, acabei em São Jacinto e obtimha  o tão desejado Brevet, "as asas no peito". (Das centenas de recrutas, restaram 20 pilotos;  a seleção natural diminuiu para metade este número).

Nas 150 horas de T-6, Maio de 67 a Dezembro de 67, aprendeu-se tudo que o avião "deve "fazer": o rolar, descolar, voltas de pista, formação, navegação, voo por instrumentos, acrobacia, voo noturno, "rapadelas", tiro , ... e crescia~se ou não, no Bar dos especialistas, dos "marinheiros, nas escapadelas a Aveiro, no "Gato Preto" ....

Aqui chegados era a partida para o Ultramar.

Nesse ano a FAP abriu o primeiro curso de Helicópeteros para pilotos que não eram do quadro. Ofereci-me como voluntário e ao mesmo tempo ofereci-me para a Guiné. (a razão de me oferecer para a Guiné, teve a ver com o tempo da comissão).

Consta na minha caderneta: (Dezembro de 67) Encerra-se a presente caderneta em virtude do seu titular marchar para a Base Aérea nº 3, a fim de frequentar o Curso complementar de Helicópeteros nos termos do rádio BP...

Em Janeiro de 68, eu e mais cinco pilotos do P1 de 67, juntamente com quatro pilotos da Academia Militar e um  Sr Duarte de Bragança, iniciamos com o Al II ,o curso de helis.

Tenho registado 60 horas de AL II até junho de 68, quando comecei com o AL III. Fiz 30 horas de AL III antes de embarcar para a Guiné.

Sobre as modalidades de voo que  "referem" no questionário, naquele tempo, estou convencido que fizemos tudo. Salvamento de guincho e voo de montanha, na altura, forma para mim estranha por pensar que não iria usar isso na "Guerra ", o que veio a acontecer. O Guincho foi utilizado por mim só para manutenção ...

O voo noturno, com os instrumentos que à época existiam, seria o modo de voo a que requeria mais atenção.

Estou convencido que no final do curso que me foi ministrado, estava bem preparado para seguir para o "teatro das operações".

Saí de Tancos com 291 horas, na totalidade, e no dia 1 de Outubro de 68, fazia uma evacuação (TEVS) em Cabuca.

O meu nº da FAP era (é ?) o 114/66.

Estou a perder-me a ficar longo e maçador...
Se mais houver em que possa ajudar, ficarei ao dispor.

Abraço, Luís Graça e Fernado Leitão.

Jorge Félix

2.  Troca de mensagens com o ten cor pilav F. Leitão, com data de ontem:

(i) Caro camarada da FAP, ten cor F. pilav Leitão:

Aqui vai, em primeira mão, mais um contribuição, a do nosso querido amigo, Jorge Félix, experimentado alf mil pil, que voou, como poucos,  aos comandos do AL III no TO da Guiné, em 1968/70... Um Alfa Bravo. Luis Graça

(ii) Luís Graça, Jorge Félix:

Muito obrigado por este testemunho valioso! Vou incorporar a informação transmitida.

Um respeitoso abraço,

Fernando Leitão
Tenente-Coronel Piloto Aviador
Área de Ensino Específico da Força Aérea
Instituto de Estudos Superiores Militares
Rua de Pedrouços 1449-027 LISBOA
Tel: 213002143 / Tel mil: 226140

sábado, 28 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9824: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (23): Recordando um momento de muita sorte (António Manuel Salvador)

1. Mensagem do nosso camarada António Manuel Salvador* (ex-1.º Cabo Enfermeiro, CCAÇ 4740, Os Leões de Cufar, Cufar , 1972/74), com data de 19 de Abril de 2012:

Amigo Luís e todos aqueles que fazem parte do blog,
Eu, o Salvador que esteve em Cufar 72/74 na 4740 os tais Leões de Cufar, venho mais uma vez ao vosso contato para vos contar uma história que por acaso foi verdade e tudo isto aconteceu no dia 18/4/73.

António Manuel Salvador


Recordando um momento de muita sorte

Muito se tem falado nos gloriosos malucos das maquinas voadoras, mas este caso que aconteceu comigo e nunca vi isso escrito no blog por alguém que ia comigo.

Éramos quatro enfermeiros e calhava à vez irmos fazer evacuações de helicóptero.
Nesse dia calhou-me ir a Cacine buscar um soldado doente e uma senhora africana com problemas de parto. Como naquela altura os hélis tinham de voar muito baixo ou irem para a altura de segurança para não serem atingidos pelos mísseis terra ar, o nosso alferes piloto e o alferes do héli canhão optaram por ir a rasar as bolanhas e as copas das árvores.
Estávamos na parte da tarde e já não tínhamos muito tempo. Só vos digo uma coisa amigos, a mim meteram-me umas coisas nos ouvidos por causa do barulho do motor enquanto o mecânico do héli e o alferes iam em comunicação. Éramos três dentro da tal máquina voadora. O voo foi feito sempre rente ao chão, quando se chegava à mata lá tínhamos de levantar o que é óbvio, e assim fomos andando, mas o pior era quando se descia bruscamente da copa da mata para a bolanha, e o Salvador atrás aflito sem poder fazer nada.

Até que veio o azar, o nosso amigo piloto, ao sair da copa das árvores desceu demais sobre o rio Cumbijã ou Cacine, já não tenho a certeza qual, a roda da frente do héli bateu na água e fez com que a parte frontal deste se descolasse e a circulação do vento dentro do aparelho fosse maior. O piloto lá puxou o héli ao jeito dele e lá fomos até Cacine, mas a parte da frente do aparelho parecia a sola de um sapato descolada de frente. Ao nosso lado direito ia o héli canhão não fosse o diabo tece-las.

Chegados a Cacine desci para ir buscar os doentes enquanto o piloto fez pairar o héli a fim de o mecânico atar o que estava descolado, não sei se seria com arame farpado ou coisa no género.

De regresso a Cufar não houve mais problemas, mas jamais esquecerei este dia 18/4/73, uma quarta-feira.

Se por acaso o piloto ou o mecânico de serviço nesse dia ler esta mensagem, lá ia o Salvador o tal que dava injeções sem dor.

A minha companhia era a CCAÇ 4740, açoriana, que esteve em Cufar de 21/6/72 a 3/8/74, que se vai encontrar no próximo dia 16 de Junho de2012 em Fátima.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2313: Estórias de Cufar (2): A marmelada também curava (ex-1º Cabo Enf Salvador, CCAÇ 4740, 1972/74)

Vd. último poste da série de 13 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7121: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (22): Fotograma do Honório com o Cap Neto (Jorge Félix)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7121: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (22): Fotograma do Honório com o Cap Neto (Jorge Félix)



1. Mensagem do Jorge Félix, com data de 13 de Maio p.p.:

Assunto: Foto/frame do Honório

Caro Luís,

Sempre atento e leitor dos "nossos" postes, diariamente lá vou espreitando, pondo assim o tratamento das maleitas africanas no seu devido lugar.

Tenho na lembrança que pedias uma foto do Honório, figura lendária da "Guerra" da Guiné.

Não é uma foto, são uns fotogramas de um video que "rola" por aí. Não te envio uma lenda mas sim duas. Junto está o Cap Neto, que o pessoal de Nova Lamego, Bafatá, Bambadinca,  dos idos de 68/69, devem recordar.

Uma foto que cheira a Gin, mesmo sem tónica.

Abraço

Jorge Félix [, foto à esquerda].

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Nota de L.G.:

Último poste da série > 29 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6276: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (21): Fotografias de pilotos em Cufar, Dezembro 73/Janeiro 1974 (António Graça de Abreu)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6472: Parabéns a você (116): Jorge Narciso, ex-1.º Cabo MMA, Guiné, 1969/70 e João Santiago, Guiné, Fevereiro de 2005 (Editores)

1. Estamos a festejar o aniversário do nosso camarada Jorge Narciso, ex-1.º Cabo Especialista de MMA, Guiné, 1969/70.

Este nosso camarada, um dos representantes da Força Aérea no nosso Blogue, faz hoje, dia 26 de Maio de 2010, 61 anos.

São os nossos desejos mais fervorosos que comemore esta data por muitos e bons anos, junto de sua família que entretanto se vai multiplicando, aumentado assim o número daqueles que o amam e o querem junto de si.

Nós, seus amigos e camaradas, estaremos por aqui tentando acompanhá-lo nos festejos.


Jorge Narciso está connosco desde Novembro de 2009 (vd. poste 5305), altura em que resolveu juntar-se aos seus camaradas da FAP já aqui atabancados.

Podem ver os seus postes no marcador Jorge Narciso.

Jorge Narciso, um dos nossos gloriosos malucos das máquinas voadoras, junto de um Alouette III, aparelho que conhece como a palma das suas mãos.

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2. Quem também está de parabéns, hoje dia 26 de Maio de 2010, é o nosso jovem amigo João Santiago.

Neste caso não temos a veleidade de o querer acompanhar nesta corrida terrena durante muitos anos, mas faremos um pequeno esforço para lhe conhecermos os netos.

Caro João, estes teus amigos, camaradas de teu pai, vêm deste modo associar-se à comemoração da força da vida, da juventude e do futuro que te está reservado enquanto cidadão de Portugal. Às tantas estamos já para aqui a desfiar conselhos e conceitos, desculpa, coisa de cotas.


Para os menos avisados, informamos que o João não está aqui por cunha do pai, claro que não, está por mérito próprio, porque ganhou esse direito.

O João já cheirou a Guiné, já calcou aquele chão vermelho e teve a oportunidade de ver com os seus olhos os sinais de um dos momentos mais sangrentos da guerra da Guiné, conhecido pela tragédia do Quirafo.

São dele as tristemente célebres fotos dos restos de uma GMC ainda visíveis, testemunha muda dos acontecimentos daquele dia 17 de Abril de 1972.

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Picada de Quirafo > Fevereiro de 2005 > Restos da GMC da CCAÇ 3490 que transportava um grupo de combate comandado pelo Alf Mil Armandino, e que sofreu uma das mais terríveis emboscadas de que houve memória na guerra da Guiné (1963/74)... Houve 11 militares mortos, 1 desaparecido... Houve ainda 5 milícias mortos mais um número indeterminado de baixas, entre os civis, afectos à construção da picada Quirafo-Foz do Cantoro. A brutal violência da emboscada ainda hoje é visível, mais de três décadas, nas imagens dramáticas obtidas pelo Paulo Santiago e seu filho João, na viagem de todas as emoções que eles fizeram em Fevereiro de 2005.
Fotos: ©
João Santiago (2006)

Desculpa João de neste teu dia de aniversário publicar estas fotos, mas estamos convencidos que perante este triste espectáculo, ficaste a admirar e a reconhecer ainda mais, se possível, o esforço que o teu pai e estes teus amigos fizeram enquanto combatentes daquela guerra que felizmente já não atingiu a tua geração.

Para desanubiar, vamos ver três fotos tuas que os nossos serviços scretos conseguiram desencantar.

Quem sai aos seus... João Santiago também pratica desportos radicais, não é só o seu sempre jovem pai.

João Santiago algures em busca de aventura.

João Santiago aquando do encontro da mimi-Tertúlia de Matosinhos em casa do nosso camarada Paulo Santiago

E pronto, caro João, esta foi a nossa singela homenagem neste teu dia de anos.

Tudo de bom para ti junto de teus pais, demais família e amigos.

Recebe um abraço de felicitações da tertúlia.
CV
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6433: Parabéns a você (115): Completa hoje 65 anos o nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto (ex-Fur Mil da CART 2519)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6276: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (21): Fotografias de pilotos em Cufar, Dezembro 73/Janeiro 1974 (António Graça de Abreu)

1. Mensagem de António Graça de Abreu* (ex-Alf Mil, no CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), com data de 16 de Janeiro de 2010:

O furriel miliciano piloto Luís Inácio dos Santos enviou-me há tempos estas raras fotografias de pilotos de hélis e DOs em Cufar, em Dezembro 73/ Janeiro de 1974.
O Luís Santos continua hoje a voar e é piloto de um Falcon 7X privado.
Pedi-lhe autorização para publicar as fotos no blogue e entretanto reencaminhei-as para o nosso Miguel Pessoa.
O Luís autorizou e o Miguel, que não sabia da existência destas fotografias mas conhecia os pilotos, apontadores de héli-canhão e mecânicos, legendou-as, colocando em cima o nome dos camaradas da Força Aérea.
Deixo-as agora ao cuidado do Carlos Vinhal para publicação no blogue.
São importantes porque dão uma ideia da acção da Força Aérea em Dezembro/ Janeiro de 74, em operações e apoio aéreo a partir de Cufar.
É que subsiste a ideia entre muito boa gente e até menos boa gente de que, depois dos Strela em Abril de 1973 a Força Aérea deixou de voar, a guerra acabou, não saíamos dos aquartelamentos e fomos praticamente derrotados militarmente pelo PAIGC.
Nada mais falso.
Eu tenho um respeito imenso por esses pilotos com quem convivi de perto em Cufar, até Abril de 1974.

Abraço,
António Graça de Abreu


Clicar nas fotos para as ampliar
Fotos © Luís Inácio dos Santos (2010). Direitos reservados
Legendas de Miguel Pessoa


2. No meu Diário, escrevi a 26 de Dezembro de 1973

"Os Fiats a bombardear e os helicanhões a metralhar não têm tido descanso.
Na pista de Cufar regista-se um movimento de causar calafrios. Hoje temos cá dez helicópteros, dois pequenos bombardeiros T-6, três DOs, dois Nordatlas e o Dakota. A aviação está a voar quase como nos velhos tempos. Os helis saem daqui numa formação de oito aparelhos, cada um com um grupo constituído por cinco ou seis homens, largam a tropa especial directamente no mato, se necessário os helicanhões dão a protecção necessária disparando sobre as florestas onde se escondem os guerrilheiros, depois regressam a Cufar e ficam aqui à espera que a operação se desenrole. Se há contacto com o IN e se existem feridos, os helicópteros voltam para as evacuações e ao entardecer vão buscar os grupos de combate novamente ao mato. Ontem, alguns guerrilheiros tentaram alvejar um heli com morteiros, à distância, o que nunca costuma dar resultado.

Sem a aviação, este tipo de operações era impossível. Durante estes dias os pilotos dormem em Cufar e andam relativamente confiantes, há muito tempo que não têm amargos de boca. Os mísseis terra-ar do IN devem estar gripados porque senão, apesar dos cuidados com que se continua a voar, seria muito fácil acertar numa aeronave, com tanto movimento de aviões e hélis pelos céus do sul da Guiné.

Cufar fica a uns quinze, vinte quilómetros da zona onde as operações se desenrolam. Todos os dias, às vezes durante horas seguidas, ouvimos os rebentamentos e os tiros dos “embrulhanços”, das flagelações. É impressionante o potencial de fogo, de parte a parte. Os guerrilheiros montam também emboscadas nos trilhos à entrada das matas onde se situam as suas aldeias. Aí as NT começam a levar e a dar porrada, e não têm conseguido entrar nas povoações controladas pelo IN.

Natal, sul da Guiné, ano de 1973, operação “Estrela Telúrica.”
Tudo menos paz na terra aos homens de boa vontade".


Abraço,
António Graça de Abreu
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6190: Os nossos seres, saberes e lazeres (19): Nas Caraíbas, em Castries, capital da ilha de Santa Lúcia, encontrei um amigo negro da Guiné e depois fui almoçar com uns americanos ricos (António Graça de Abreu)

Vd. último poste da série de 4 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5935: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (20): O Honório e o 2º Sarg que dizia que se aguentava (Vítor Oliveira)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6164: O Spínola que eu conheci (13): Os ananases que não chegaram à mesa do Palácio do Governador-Geral (Jorge Félix)


Guiné > Algures > O Alf Mil Pil Heli Al III (BA 12, Bissalanca, 1968/70) e o Spínola (Com-Chefe e Governador Geral, CTIG, 1968/73)
Foto: © Jorge Félix (2010). Direitos reservados

1. Mensagem do Jorge Félix, com data de hoje

Assunto: Aniversário meu e do Spinola

Caro Luís Graça,

Não sei como te agradecer os momentos que vivi com as mensagens que recebi nos dia dos meus anos, algumas de "gente" que eu nem conheço.

Como sabes, era nesse dia 11 de Abril que também comemorava o Gen António  de Spinola [n. em Estremoz, em 1910, de pais madeirenses, e do lado do pai,  aspirante de finanças, de ascendência italiana].

Tem aparecido histórias e saíram vários livros a recordá-lo (*). A minha especialidade não é a escrita, ou não ando com paciência para grandes relatos, mas não podia passar este momento sem homenagear o homem que tanto admirei.

Junto uma foto do Caco, com a minha pessoa nos comandos do Heli Al III, podendo ver-se no banco  uma arca que variadas vezes o Cap Almeida Bruno [, o ajudante de campo,]  transportava, e que continha alimentação para o nosso Chefe.

Segue uma mensagem que recebi, [em 14 do corrente, no Facebook,] do José Ramos, piloto que já foi falado no nosso Blog e que julgo também devem conhecer:
Está bonito o filme, parabéns. Sempre que me lembro de ti, não posso esquecer um bombardeamento de ananases em Galomaro que ficaram a faltar na mesa do Spinola.
Um abração

O Ramos recorda-me que um dia, no regresso a Bissau levando uns ananases que deveriam chegar à mesa do Spínola, eu resolvi, numa passagem por Galomaro, "oferecê-los" à D. Maria, esposa do comerciante Regala, num estacionário "perfeito", dando liberdade ao mecânico para atirar um a um os "ananases".

Mais tarde informaram-me que a loja esteve uma semana semi-fechada para limpar o pó que o heli levantou e foi parar dentro da casa. Dos ananases nada se aproveitou, nem a D Maria os saboreou, nem o Gen Spinola os recebeu algum dia.

Foi o Ramos que ma recordou, se achares que vale a pena contar, "posta-a".
Abraço
Jorge Félix


2. Comentário de L.G.:

Jorge, ainda não te agradeci, pessoalmente o magnífico vídeo (mais um!) com que brindaste a comemoração do nosso blogue, que também vai fazer aninhos (seis!) no dia 23 de Abril próximo. O teu trabalho, que me sensibilizou, já teve perto de 800 visualizações no You Tube.

O Carlos Vinhal já  fez os devidos agradecimentos. Mas também me fica bem reforçar aquilo que tenho escrito sobre ti e os trabalhos audiovisuais... Tu és o nosso mago,  dás o tal  toque de magia às imagens que publicamos no nosso blogue (e às outras, do teu arquivo). Uma imagem pode valer mais do que mil palavras, mas tu ascrescenta-lhes  vida, ritmo, emoção, poesia...
 
Obrigado também, meu glorioso maluco das máquinas voadoras,  pela tua deliciosa história dos ananases (ou não seriam abacaxis, variedade guineense do ananás ?) que não chegaram à mesa do Bispo (alcunha por que era também conhecido o Spínola, em linguagem cifrada)...  As deliciosas maluqueiras que um homem (não) faz aos vinte anos para chamar a atenção de uma mulher... E, a propósito,  o Regala não te apresentou a conta dos estragos no estaminé ?  LG

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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 15 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6160: O Spínola que eu conheci (12): Missirá, Dezembro de 1970, vésperas de Natal: Quando Sexa, o Caco, ia perdendo o dito... (Jorge Cabral)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5935: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (20): O Honório e o 2º Sarg que dizia que se aguentava (Vítor Oliveira)

1. O nosso Camarada Vitor Oliveira (ex-1.º Cabo Melec da FAP - BA 12, 1967/69), enviou-nos em 2 de Março de 2010, a seguinte mensagem:

O Honório e o 2º Sarg que dizia que se aguentava

Havia um 2º Sarg. do exército, em Nova Lamego, que quando nós íamos para lá se nos juntava depois do jantar, connosco a beber os nossos whiskies no café Mar Verde, ou no outro que também lá existia de que não me lembro do nome.

Então, uma noite em conversa, este nosso amigo diz que já tinha andado muito de avião e que não gritava ao “Gregório” (termo usado na gíria para vomitar).

O Honório vira-se para ele e diz-lhe:
- Amanhã apareces lá na pista que eu trato de ti!

Na altura, ele Honório, estava a voar nos T6G.

Assim, logo de manhã, apareceu o nosso amigo com a sua farda verde todo bonito. Colocamos-lhe o pára-quedas e aí vai ele para dentro do T6.

Dizia-lhe eu:
- Nem sabes onde te meteste ele.

Respondeu-me:
- Não há problema.

Claro que o Honório quando o apanhou dentro do T6, deu o seu festival do costume.

Quando aterrou, o nosso amigo parecia que vinha da piscina, com a farda toda encharcada, de tal modo que tivemos que o tirar de dentro do avião, pois o nosso 2º Sargento, neste passeio aéreo, tinha-se esquecido de como era andar a pé.

Um grande abraço,
Vítor Oliveira
1º Cabo Melec 1ª66 (Pichas)

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

28 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5912: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (19): O Honório e o major que lhe chamou maluco (Vítor Oliveira)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5912: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (19): O Honório e o major que lhe chamou maluco (Vítor Oliveira)


1. O nosso Camarada Vitor Oliveira (ex-1.º Cabo Melec da FAP - BA 12, 1967/69), enviou-nos em 25 de Fevereiro de 2010, a seguinte mensagem:
O Honório e o major que lhe chamou malucoEstávamos já com os sacos da roupa para irmos passar mais uma noite em Bafatá ao fim da tarde do dia 5 de Fevereiro de 69, véspera daquele dia fatídico no Cheche, quando recebemos uma mensagem para irmos buscar um major do exército a um quartel, que ficava entre Nova Lamego e o Cheche, que eu penso ser Canjadude.

O major ia dar instruções há coluna que vinha de Madina, quando do seu abandono.

Diz-me o Honório Pichas: “Este artista já nos tramou a noite em Bafatá. Anda daí ele vai pagar isto.”

Arrancámos numa DO 3447 para esse quartel e parámos no fim da pista à espera dele. O major entrou para o lado do Honório e eu vim para trás.

Ele piscou-me o olho e vi logo que ia sair uma das dele.

Fez uma subida a 45º, de flepes, o major começou logo a mudar de cor, a seguir apanhou a coluna em campo limpo, que havia em frente ao Cheche, e picou a DO, direito há coluna.

Começou a “rapar” e a fazer as piruetas do costume, que o pessoal do exército tanto gostava de ver.

O major gritava: “Suba… suba… assim não consigo dizer nada. Era para ir para a Força Aérea, mas ainda bem que não fui porque é tudo gente maluca.”

O Honório respondeu-lhe: “Maluco é você. E mais lhe digo, que não tinha nível para pertencer há Força Aérea.”

O major calou-se e lá deu as instruções.

Fomos levá-lo no quartel e o Honório deixou-o no fim da pista. A entrada para o quartel situava-se ao meio da pista.

Moral da história: O major estragou-nos a noite, mas de certeza que não vai esquecer o susto que passou.

Uma fotocópia da caderneta de voo.
Um grande abraço,
Vítor Oliveira
1º Cabo Melec da FAP/BA 12

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
Foto: © Mário Bravo (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

19 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5840: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (18): Mais uma história do Grande Honório (Vítor Oliveira)