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terça-feira, 7 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25488: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (23) : Camisa Mara, o guardião e guia deste projeto, votado ao abandono depois da morte do Pepito, em 2014... Aqui recordado numa peça da agência Lusa.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje > Chegada do Presidente da República, Malam Sanhá Bacai, com a esposa  (à sua esquerda) e o primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, atrás (à sua direita)... 

Embora esteja de perfil,  reconhecemos, de imediato,  de lado direito, cumprimentando o Presidente, o nosso amigo Domingos Fonseca, quadro técnico da AD, então responsável do Núcleo Museológico e membro da Tabanca Grande.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Inauguração do Núcleo Museológico Memória de Guiledje   > O Primeiro Ministro, Carlos Gomes Jr,  "Cadoco", entre a multidão.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 20 de Janeiro de 2010 > Inauguração do Núcleo Museológico Memória de de Guiledje > A nossa representante na cerimónia, Júlia Neto, viúva do nosso camarada José Neto (1929-2007), em conversa com a combatente do PAIGC Francisca Pereira, sob o olhar do nosso amigo Pepito.

Fotos (e legendas): © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010). Todos os direitos reservados (Legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine)


1. No passado dia 5 de maio, domingo,  o Patrício Ribeiro, o nosso "cônsul em Bissau", autor da série "Bom Dia desde Bissau", sempre atento e oportuno, mandou-nos um link do portal Sapo, com uma peça da Lusa sobre o antigo quartel de Guileje (ou o que resta dele), e onde se fala de um personagem curioso, o Camisa Mara (e não Cassima Mara, como grafou a jornalista).

O nome desse guardião (e guia local) do que foi "o mais fortificado quartel português nas ex-colónias" (sic), aparece, no programa do Simpósio Internacional de Guiledje, como "Camisa Mara (ex-milícia do Exército Português)" (*), tendo inclusive apresentado, na parte da manhã do dia 6 de março de 2008, uma comunicação oral sobre a vida quotidiana em Guileje, antes do seu abandono em 22 de maio de 1970 pela tropa portuguesa (CCAV 8350 e subunidades adidas).

O título da peça é "O guardião que sonha nova vida para o histórico quartel de Guiledge na Guiné-Bissau". A reportagem da Lusa é assinada por Helena Fidalgo (texto) e Júlio de Oliveira (vídeo). Não vamos, naturalmente, reproduzir na íntegra a peça (até porque tem erros factuais), mas resumi-la, e citar algumas declarações deste histórico guardião e guia local.

Esta história, de resto, interessa-nos, a nós, Tabanca Grande, por que demos muito apoio (incluindo material) à construção do Núcleo Museológico Memória de Guiledje (descritor que tem vinte e tal referências no nosso blogue).

Já suspeitávamos (e temíamos) há muito do desleixo e ruina a que a fora votado este projeto que era tão caro ao nosso Pepito, o engº agr. Carlos Schwarz da Silva (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), e onde colaborámos com muito entusiasmo. 

Diz a jornalista da Lusa, Helena Fidalgo: 

"Este guineense esteve na luta ao lado dos portugueses e agora está empenhado em fazer cumprir o propósito daquele a quem chamavam 'o fazedor de sonhos', conhecido por 'Pepito', e que sonhou para Guiledje o único espaço museológico na Guiné-Bissau sobre a luta de libertação nacional para a independência' ". 

A jornalista constata, catorze anos depois da sua inauguração (em 2010, com a presença do presidente da República e o primeiro ministro da Guiné-Bissau, Malan Sanhá Bacai e Carlos Gomes Jr, respetivamente) (**); que "o projeto parou com a morte do (seu) mentor, em 2014" e ficaram apenas dois pavilhões com algum espólio" (...)... O resto são ruinas. 

O Mara serviu de guia à equipa da Lusa, numa visita recente ao local. E esclareceu a jornalista que ele passou a frequentar o quartel quando tinha entre "15 e 16 anos". Terá, hoje, portanto, cerca de 65 anos (ou mais, não sabendo nós em que ano se tornou "milicia" ou passou a servir no quartel como "djubi", fazendo-nos lembrar a figura do Cherno Baldé, "menino e moço em Fajonquito"). 

O Mara, nascido em Guileje, tem consciência da importância histórica daquele lugar: "a história não se perde, a história valoriza um local". (...) "Sente orgulho quando fala de Guiledje"... E, exagerando um bocado, diz: 

"Aqui era o grande amparo dos portugueses, havia todo o tipo de materiais aqui, inclusive abrigos blindados. Só os militares portugueses eram um batalhão, também havia aqui milícias recrutadas, militares locais muito valentes para os portugueses". (...) 

"O Mara 'fazia alguns serviços para os portugueses, lavava pratos, trazia a comida, levava as roupas para a lavadeira e trazia água para os militares' ". (...) "Também fazia carregamento de munições de armas pesadas quando havia um ataque ao quartel".(...) 

Não saía para o mato, como saíam os milícias e os militares, "mas se houvesse guerra aqui no quartel eu era uma das pessoas que ajudava os portugueses a carregar as munições das armas"... 

Recorda depois o dia (o do abandono das instalações, na noite de 22 de maio de 1973), "em que fugiram juntos e o destino foi Bolama, depois de uma longa caminhada de militares, mulheres e crianças"... 

Há aqui um erro de registo ou de interpretação por parte da jornalista: os militares e civis de Guileje foram para o quartel mais próximo, Gadamael Porto. É possível, depois, que alguns civis, para fugir da ewscalada da guerra em Gadamael,  se tenham refugiado na ilha de Bolama.

(...) "Este guineense e outros conterrâneos decidiram voltar para a tabanca depois da independência, quase um ano passado e com o quartel já na posse do PAIGC e do novo Estado guineense." (...)

Mais tarde, por volta de 2006, o Pepito, diretor executivo da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, no bairro do Quelelé, começa a trabalhar a ideia de criar ali o "Núcleo Museológico Memória de Guiledje", com financiamemto externo (União Europeia). E o Camisa Mara foi um dos habitantes locais que deu o seu melhor para ajudar a levar o projeto para a frente (o que está muito bem documentado, aliás, no nosso blogue)..

(...) "No início da construção do museu, tivemos que desmatar o local, porque havia perigo para andar, tinha minas, tinha cobras, fui eu que fiz o caminho e contratei pessoas". (...).

No final o Pepito encarregou-o de gerir o museu (sic). E ele continua a guiar as ocasionais visitas. Mas o que foi feito, "está desprezado", votado ao abandono, por incúria de todos, a comunidade local, a ONG AD, a administração pública, o Governo...

(...) "Gostava que esta ideia, que sonharam juntos (ele e o Ppeito), se concretizasse e que a memória não se apague." (..:)

(...) "Nas memórias guarda o dia da abertura do quartel de Guiledge, em que 'veio um batalhão de artilharia' (sic) "(leia-se um Pelotão de Artilharia).

Lembra-se da visita do próprio António Spínola

(...) "Pepito", como recordou, "fez um grande esforço" para revitalizar este espaço, "mas a canoa ficou pelo caminho" porque "sem sucessor o trabalho não vai".

Ninguém lhe paga nada por esta tarefa, ele tem outras fontes de rendimento. Mas é o seu amor a este projeto que o leva a guiar os visitantes e a zelar pelo que resta. (***)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 7 de fevereiro de 2018 > Núcleo Museológico Memória de Guiledje >  Memorial à CCAV 8350 (1972/1974) e ao alf mil Lourenço, morto por acidente em 5/3/1973. De seu nome completo Victor Paulo Vasconcelos Lourenço, era natural de Torre de Moncorvo, está sepultado na Caparica. Foi uma das 9 baixas mortais da companhia também conhecida por "Piratas de Guileje" e um dos 75 alferes que perdeu a vida no CTIG..

Em segundo plano, vê-se o nicho que ao tempo da CCAÇ 3477 (1971/77), "Os Gringos de Guileje", abrigava a  imagem de Nossa Senhora de Fátima e do Santo Cristo dos Milagres. A CCAÇ 3477 era, na alturam, comandada pel cap mil Abílio Delgado, nosso grã-tabanqueiro.

Fotos: © Anabela Pires (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]




 Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje >  > Placa indicativa do local onde existiu um dos espaldões de artilharia. do obus 14.

Foto (e legenda);  © Carlos Afeitos (2013). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]





Guiné < Região de Tombali > Carta de Guileje (1956) > Escala 1/50 mil > Pormenor: posição relativa da povoação de Guileje, situada a cerca de 8 km da fronteira com a Guiné-Cronaki (a leste).

Infografia: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados.

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Notas do editor:

(*) Simposium Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008) > Quinta-Feira, 6 de Março, na Assembleia Nacional Popular

Painel 4 > Guiledje: Factos, Lições e Ilações

(depoimentos e testemunhos de elementos da população, dignitários, testemunhos presenciais, régulos, ex-combatentes do PAIGC e ex-milícias africanas do Exército português)

Moderadora: Isabel Buscardini (Ministra dos Combatentes da Liberdade da Pátria)

9h00 - 9h30: Úmaro Djaló (Comande Militar do PAIGC) – A minha experiência de guerrilheiro e de comandante no Sul da Guiné-Bissau: achegas para a História de Guiledje.

9h30 - 10h00: Buota Na N’ Batcha (Comandante Militar do PAIGC) – A acção dos bi-grupos e dos corpos de Exército do Sul na guerra de libertação nacional: o caso do assalto ao aquartelamento de Guiledje.

10h00 - 10h30: Joãozinho Ialá (ex-guerrilheiro do PAIGC) – Memórias do Assalto ao Quartel de Guiledje, Gandembel e Balanacinho.

10h30 - 11h00: Francisca Quessangue (Enfermeira do PAIGC) – Os aspectos sanitários-logisticos do PAIGC no assalto ao quartel de Guiledje

11h00 - 11h30: Pausa Café

11h30 - 11h50: Fefé Gomes Cofre (ex-guerrilheiro do PAIGC) – O meu testemunho sobre o assalto ao Quartel de Guiledje.

11h50 - 12h10: Salifo Camará (Régulo de Cadique) – O papel das populações civis na guerra de libertação no Sul e no assalto ao aquartelamento de Guiledje.

12h10 - 12h30: Camisa Mara (ex-milicia do Exército português) – A vida no Quartel de Guiledje

12h30 - 12h50: Cadjali Cissé (ex-guerrilheiro do PAIGC) – A minha participação no Assalto a Guiledje

12h50 - 13h10: A designar (condutor) – A minha experiência no transporte de munições e mantimentos

13h30 - 15h00: Almoço (...)


(**) Vd. poste de 19 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6020: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (16): Um dia de ronco, um lugar de (re)encontros, uma janela de oportunidades (Parte I)

(***) Último poste da série > 8 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12127: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (23): A placa toponímica "Parada Alf Tavares Machado" estava afixada na parede da messe de sargentos (Luís Guerreiro, Montreal, Canadá, ex-fur mil, CART 2410, 1968/70)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25107: Memória dos lugares (452): Gadamael, 1971, comandando jovens desmotivados, desejosos de regressar inteiros e para quem África era apenas fonte de ansiedade e sofrimento (Morais da Silva, Cor Art Ref)


Gadamael, 1971 > "Matando saudades" - Foto e legenda: © Cor António Carlos Morais da Silva

1. Mensagem do nosso camarada, Coronel Art Ref, António Carlos Morais da Silva (ex-Instrutor da 1.ª CCmds Africanos em Fá Mandinga; Adjunto do COP 6 em Mansabá e Comandante da CCAÇ 2796 em Gadamael, 1970 e 1972), com data de 21 de Janeiro de 2024:

Caro Vinhal,

Estando o blog numa onda de “fotos” revivendo memórias, aqui vai a que sempre me suscita a seguinte reflexão:

1971 – Em Gadamael, comandando jovens desmotivados, desejosos de regressar inteiros e para quem África era apenas fonte de ansiedade e sofrimento.

Cumprimentos cordiais
Morais Silva


P.S. - A AM inaugurou há dias uma exposição lembrando os seus Oficiais envolvidos na preparação e execução do 25 de Abril. Está aberta ao público no aquartelamento de Gomes Freire.
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Nota do editor

Último post da série de 24 DE NOVEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24882: Memória dos lugares (451): Farim no ano de 1971 (José Carvalho, ex-Alf Mil da CCAÇ 2753)

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24882: Memória dos lugares (451): Farim no ano de 1971 (José Carvalho, ex-Alf Mil da CCAÇ 2753)

1. Mensagem do nosso camarada José Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72), com data de 22 de Novembro de 2023:

Caros Amigos,

Faço votos para que se encontrem bem.
Ao ver as excelentes fotos com que o Patrício Ribeiro nos presenteou, recordei-me que o dito monumento fazia parte das minhas reportagens fotográficas em Farim, durante o ano de 1971.

Envio então duas fotos: a primeira com o meu amigo Vitor Junqueira, aguardando o transporte para Farim e a segunda no referido monumento ainda completo.

Boa saúde e abraço do
José Carvalho



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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24498: Memória dos lugares (450): Quinta de Candoz

domingo, 23 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24498: Memória dos lugares (450): Quinta de Candoz




















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Marco de Canaveses  >  Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 15 de Julho de 2023 

A Nossa Quinta de Candoz

A casa, 
a loja,
as pedras, 
os muros, 
o chão, 
as minas, 
os carvalhos, 
os castanheiros, 
os socalcos,
as letras, 
os carreiros,
a levada,
as vinhas,
as ramadas,
os montes... 

A Quinta de Candoz,
na posse da família Ferreira Carneiro, 
há pelo menos dois séculos. 
Uma estória de loas e cantigas, 
mas também de trabalhos (es)forçados. 
De pão e vinho sobre a mesa. 
De amor e de amizade. 

Rosa, Chita, Nitas (1947-2023), Zé, 
quatro dos Ferreira Carneiro, da 5ª geração,
mais as respectivas caras-metade
 (Quim, Luís, Gusto e Teresa). 

Pais fundadores: 
José Carneiro (1911-1996) & Maria Ferreira (1912-1995), 4ª geração

(...) João Ferreira (1821-1897) & Mariana Soares (1822-1895), 1ª geração

Fotos (e texto): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor

terça-feira, 11 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24469: Memória dos lugares (449): "Chez Toi" / "Gato Negro", uma das referências da "noite de Bissau" (Nelson Herberto / Mário Serra de Oliveira / José Diniz de Sousa Faro)

Guiné > Bissau > s/d > "Aspecto parcial e Câmara Municipal"... Bilhete postal, nº 133, Edição "Foto Serra" (Colecção Guiné Portuguesa")... Ao fundo, do lado direito vè-se a ilha de Rei,

Colecção de postais ilustrados: Agostinho Gaspar / Digitalizações: Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).



Guiné- Bissau > Bissau > c. 1975 > Novo mapa, pós-colonial, da capital da nova república, já com as novas designações das ruas, avenidas e praças, que vieram substituir o roteiro português: av 3 de Agosto, av Pansau Na Isna, etc. Veja-se a localização do porto do Pidjiguiti (para os barcos de pesca e de cabotagem), à esquerda do porto de Bissau (para os navios da marinha mercante). (*)

A av da Unidade Africana separava a antiga Bissau Colonial dos bairros mais populosos como o Cupelon (de Cima e de Baixo), mais conhecfido pelas NT como "Pilão".

Por exemplo, a rua Eduardo Mondlane (assiinalada com um traço a zul) era antiga rua Engenheiro Sá Carneiro:,  parte do Chão de Papel (av. do Brasil), atravessa a av. Amílcar Cabral, a artéria central ( a antiga av. da República,) e vai até ao Hospital Simão Mendes, ao cemitério municipal e à antiga zona industrial...

Era a rua dos Serviços Meteorológicos e da messe de sargentos da FAP (com a independência, foi a primeira chancelaria da embaixada da China.). Em frente aos Serviços Metereolgicos ficava o "Chez Toi" (restaurante, pensão, bar e "boite", mais tarde "Gato Negro").

 
Foto: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Segundo o nosso amigo guineense, de origem cabo-verdiana, Nelson Herbert,  jornalista que trabalhou na VOA - Voice of America, e viveu nos EUA, estando hoje reformado no Mindelo, São Vicente, a casa de duas moradias que se vê à direita  na primeira imagem acima,  foi a antiga "boite" ou "cabaret" "Chez Toi" (mais tarde "Gato Negro", como antes terá sido "O Nazareno", restaurante e casa de fados)... 

Em frente era a "Estação Meterológica de Bissau".. Antes da independência, esta rua, que era perpendicular à avenida da República (que partia da praça do Império até ao cais do Pidjiguiti) chamava-se rua do engº Sá Carneiro (antigo subsecretário de Estado das Colónias que visitou o território em 1947, sendo governador-geral Sarmento Rodrigues). (***)

2. Mário Serra de Oliveira é outro dos nossos amigos (e camaradas) que conheceu este e outros estabelecimentos da noite  da velha Bissau Colonial, quer como empregado quer depois como empresário do ramo da restauração coletiva.

[Foto à direita: Mário Serra de Oliveira, ex-1.º cabo escriturário, nº 262/66, BA 12, Bissalanca, 1967/68; esteve destacado na messe de oficiais em Bissau, entre maio de 1967 e dezembro de 1968; depois, já como civil, entre janeiro de 1968 e agosto de 1981, como empregado e como emtrsário passou por diversos estebelcimentos: Café Restaurante Solmar, Grande Hotel, Pelicano,  Ninho de Santa Luzia (uma casa sua, que abriu em 14/11/1972), Tabanca, Casa Santos, Abel Moreira, José D’Amura e Oásis; trabalharia ainda  na embaixada dos EUA; é autor, entre outros, do livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser"(Lisboa: Chiado Editora, 2012, 542 pp, preço de capa 16€]

 
Num extenso texto, reproduzido na Net,  ele fala da “boate” Gato Negro, que antes se chamava "Chez Toi" (**):

(...) "O dono era um locutor de rádio cujo nome creio que era Soares Duarte, uma figura avultada cuja mulher não sei se o suportaria em cima, na exclusividade!" (...)

Mudou de nome e de d0no:

(...) passou a chamar-se... "Gato Negro", cujo dono era o Chico Fernandes. E, aí, ele foi a Portugal de propósito a contratar gado novo – todas com um “Gato Negro” um pouco mais abaixo do umbigo... Algumas vinte, aptas para todo o serviço.

Recordo aqui, já eu com "O Ninho de Santa Luzia" aberto, principalmente às sextas- feiras, me telefonava – sim, tinha telefone naquela ocasião, podia era não trabalhar mas que tinha, tinha… para um almoço para 22 ou 23, depois das 3 da tarde. A ideia, era tentar afugentar os 'mirones'. (...)

(...) Que inocència, a do Chico!... O problema era que...havia tantos esfomeados de 'carne fresca' – mesmo que besuntada de outros  – que até parece que lhes dava o cheiro!...

Então, após já estarem a almoçar, vinham aqueles tipos que só faltava 'comerem-nas com os olhos'...  Ainda tive problemas com alguns, porque se sentavam mesmo em frente da registadora – local do meu trabalho mais assiduamente , e...a comentarem ' olha p’rá aquelas trancas,  caralho!'

 (...) Claro que eu não permitia provocações diretas! O respeitinho era muito bonito e eu tratava de fazer vingar o mesmo!... Enfim...longa estória." (...) (**)



3. Outro depoimento (há mais no blogue), este do nosso tabanqueiro José Diniz Carneiro de Souza e Faro, ex-fur mil art, 7.º Pel Art (Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70), em comentário ao poste P18910 (***)

(...) De facto no início de 1970 (março a  a junho) existia o Chez Toi onde eu e os meus camaradas da BAC 1 jnos untávamos para umas bebidas, era o tempo de partida para a Metrópole (17 de junho no C arvalhoAraújo).

 Nessa altura,  creio, foi quando mudou de nome e o gerente era um locutor da Emissora Nacional que esteve na Índia (Goa),  de nome Oliveira Duarte (?), ex-sargento.

 Era um local simpático, com bailarinas recrutadas nas "boites" de Lisboa. Um dos fadistas era o Marco Paulo, já com muito sucesso. Uma das bailarinas era a Luísa,  uma mocinha atraente que encontrei em Lisboa,  na "Cova da Onça" (Av da Liberdade). 

Como estávamos no fim da comissão (com 27 meses), não ficávamos muito tempo nesses locais de risco, passando o resto da noite no Bar do Biafra (QG-Stª Luzia) ouvindo as aventuras e desventuras dos 'Piriquitos' (era só cheiro a pólvora) em trânsito de e para o mato. (...)  (****)

_____________

Notas do editor:

(**) Blogue A Guerra Nunca Acaba Para Quem Se Bateu em Combate > segunda-feira, 21 de novembro de 2011 > Guiné, Bissau, Pelicano, Solmar, Nino de Santa Luzia, Tabanca, Meta, Chez Toi (Gato Negro) e a longa e atribulada missão de serviço do 'camarada' Mário de Oliveira, de 1967 a 1981

(***) Vd. poste de 10 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18910: Memória dos lugares (378): Restaurante, pensão e "boite", o Chez Toi fazia parte do roteiro de "Bissau, by night"... O estabelecimento situava-se na rua engº Sá Carneiro... Desdobrável publicitário: cortesia de Carlos Vinhal.

(****) Último poste da série  > 25 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24009: Memória dos lugares (448): a "Esnoga", a sinagoga portuguesa de Amesterdão (séc. XVII) e a história incrível da sua comunidade

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24009: Memória dos lugares (448): a "Esnoga", a sinagoga portuguesa de Amesterdão (séc. XVII) e a história incrível da sua comunidade

 


Amsterdão > Interior da Esnoga / Sinagoga Portuguesa. Gravura do séc. XVII. (Cortesia de:

https://www.esnoga.com/en/history-of-the-community/ )

 1. Visitei a Esnoga (ou Sinagoga) Portuguesa de Amesterdão, no início dos anos 90. E fiquei deveras impressionado com a monumentalidade do edifício, em especial o seu interior e sobretudo a história da comunidade judaica, de origem portuguesa, que a construiu e manteve até aos nossos dias. Aliás, foi um "milagre" ter escapado à destruição, durante a II Guerra Mundial, bem como todo o preciosíssimo recheio (incluindo a fabulosa biblioteca Ets Haim - Livraria Montesinos, considerada a biblioteca judaica mais antiga do mundo, em funcionamento). 

A Esnoga é de há muito monumento nacional neerlandês Vale a pena visitá-la (bem como conhecer o histórico bairro  judeu, onde também se situa  a casa de Anne Frank). 


Roel Coutinho, 2016, foto de
Patrick Sternfeld / capa da revista "Benjamin",
junho 2016, ano 28, nº 104.
Com a devida vénia...

Já aqui  falámos, no nosso blogue, do médico neerlandês Roel Coutinho, de origem judaico-portuguesa, que em 1973/74 esteve no Senegal (nomeadamente em Ziguinchor)  e nalgumas bases do PAIGC,  da região Norte (como Sara). O seu espólio fotográfico dessa visita está disponível, por doação,  na Internet (Wikimedia Commons > Guinea-Bissau and Senegal_1973-1974 (Coutinho Collection)

 A família de Roel Coutinho, embora não pertencesse à comunidade religiosa de Amsterdão, a congregação Talmud Tora, foi igualmente vítima das perseguição aos judeus nos Países Baixos durante a II Guerra Mundial. 

Roel Coutinho, nascido em 1946  (em Laren, a sudeste de Amesterdão) e hoje reformado, é uma figura mediática no seu país, com grande prestígio científico e profissional, tendo-se destacado na luta e prevenção do HIV/SIDA, mas também na pandemia  de gripe A (H1N1) em 2009 e mais recentemente 
na pandemia de Covid-19.

O texto que se segue é uma condensação, feita pelo nosso editor LG, a partir de várias fontes.


História da comunidade judaico-portuguesa

 de Amesterdão  (*)


Kahal Kados Talmud Tora, a comunidade judaica portuguesa, é a comunidade judaica mais antiga dos Países Baixos. 

A comunidade foi fundada em 1639 por judeus espanhóis e portugueses que foram forçados a deixar Antuérpia, na Flandres (hoje Bélgica) depois que a cidade ficou sob o domínio espanhol (em 1585) (**). 

Eles já haviam fugido da Espanha e de Portugal para escapar à sanha da Santa Inquisição. Esses sefarditas encontraram um refúgio seguro na tolerante cidade de Amesterdão.

Num curto período de tempo, três comunidades sefarditas foram estabelecidas emAmesterdão: Bet Jacob em 1610, ou 1602, Neve Salom entre 1608 e 1612 e Bet Israel em 1618. As comunidades fundiram-se em 1639 no Talmud Tora, mais tarde conhecido como comunidade judaica portuguesa. (Talmud Tora quer dizer "o estudo da Lei".)

Na época, a Holanda estava a lutar para sair do domínio  espanhol, a razão pela qual  muito provavelmente os sefarditas (e nomedamente os de origem espanhola) abandonaram a designação 'espanhola'.

Muitos dos recém-chegados eram descendentes de judeus que haviam sido batizados à força. Eles eram conhecidos como “marranos” ou “conversos”. Os sefarditas usavam o português para a sua conversação do dia-a-dia, enquanto o espanhol (estamos no séc. XVII)  era usado para publicações científicas, prosa e poesia. 

Inicialmente, os rabinos permitiram o uso do português no culto para facilitar o retorno. à sinagoga, dos "cristãos novos". Quando a maioria dos membros aprendeu o hebraico, o culto foi novamente realizado inteiramente em hebraico. Até hoje os anúncios sobre assuntos profanos são feitos em português.

Rabinos e Hazanim foram inicialmente trazidos da Itália e, às vezes, de Salónica (então parte do império otomano) e Marrocos. 

Mais tarde Amesterdão tornou-se um centro de aprendizagem, e estudos judaicos. Yesiba Ets Haim (escola "Árvore da Vida") foi fundada e logo adquiriu uma extensa biblioteca. A Ets Haim-Livraria Montezinos existe até hoje e é uma das mais importantes bibliotecas judaicas do mundo. Um dos bibliotecários foi David Montezinos (1828-1916) que doou a sua já de si valiossíma biblioteca particular à comunidade, com a condição de que estivesse aberta ao público duas vezes por semana. Sucedeu-lhe Jacob da Silva Rosa (1886-1943) que, infelizmente, iria morrer num campo de concentração. A biblioteca foi levada em 1943 pelos nazis para a Alemanha para guarnecer o "Alfred Rosenberg Institut zur Erforchung der Judenfrage", em Frankurt. As tropas americanas acabaram por resgatar a biblioteca Ets Haim em Offenbach e devolvê-la à comunidade judaico-portuguesa de Amsterdão.

Durante séculos, Amesterdão foi o centro do mundo sefardita ocidental, gerando muitos rabinos, cientistas, filósofos, artistas, comerciantes e banqueiros, que fizeram uma enorme contribuição para a prosperidade da Holanda a partir do Século de Ouro.

Essa proeminência e riqueza encontraram a sua expressão máxima na Esnoga, também conhecido como Snoge, no coração do antigo bairro judeu. ("Esnoga", é um termo arcaico, corruptela de sinagoga, tempo ou assembleia de judeus).

Até hoje, a Esnoga está no coração desta comunidade. A Esnoga, juntamente com a Antiga-Nova Sinagoga em Praga, é a sinagoga em funcionamento mais antiga do mundo.

A construção foi iniciada em 1671 no que era, na altura,  a periferia da cidade. Foi construída em estilo classicista, popular entre a elite da cidade. A sinagoga foi projetada por Elias Boumanque também construiu a Casa De Pinto,  na vizinha Sint Antoniebreestraat.

A comunidade portuguesa inspirou a fundação de comunidades semelhantes em Nova Amesterdão (atual Nova York), Londres e Curaçao. Isso pode ser visto claramente na sinagoga Mikvé Israel-Emanuel em Willemstad, cujo interior é quase uma cópia exata da Esnoga.

Até à Segunda Guerra Mundial existiam também comunidades portuguesas em Den Haag, Naarden, Roterdão e Middelburg.

A perseguição aos judeus naquela época sombria, da ocupação nazi, foi um duro golpe para a comunidade: 3.700 dos 4.300 judeus portugueses (mais de 85%) pereceram. 

No entanto, em 9 de maio de 1945, quatro dias após a libertação da Holanda, os serviços foram retomados na Esnoga, como pode ser visto claramente numa famosa fotografia tirada por Boris Kowadlo. Mostra o parnassino,  o diretor da sinagoga, carregando um rolo de Tora, quase como se nada tivesse acontecido. A Esnoga e seus objetos cerimoniais permaneceram intocados. (Vd. foto à esquerda: reabertura ao cuto da "Esnoga", em 9 de maio de 1945, foto de Boris Kowadlo, cortesia de https://www.esnoga.com/en/history-of-the-community/

Os sobreviventes e seus descendentes trabalharam duramente para reconstruir a comunidade. Hoje, o seu número está a crescer, embora lentamente. Cerca de 250 famílias estão inscritas na comunidade e há cerca de 630 membros.

Os valiosos bens da comunidade, o magnífico edifício, os riquíssimos objetos cerimoniais e a biblioteca Ets Haim-Livraria Montezinos, foram transferidos para uma fundação separada, chamada CEPIG, em 2003. Isso facilitou a arrecadação de fundos e a obtenção de subsídios para a restauração e a manutenção da sinagoga e dos bens da comunidade. Desde janeiro de 2009, o CEPIG é administrado e operado pelo Museu Histórico Judaico, permitindo que a comunidade se concentre nas suas tarefas religiosas e sociais.

Sobre alguns líderes históricos da comunidade, vd. aqui:

(i) Menasseh Ben Israel (1604-1657), também conhecido como Manoel Dias Soeiro, nasceu em 1604 na ilha da Madeira. A família refugiou-se em Amesterdão em 1610. Fundou a primeira tipografia hebraica de Amsterdão. Convivia com a elite cultural da cidade. (...)

(ii) Jacob ben Aaron Sasportas (1610-1698): nasceu em 1610 em Oran (que hoje faz parte da Argélia). Chegou a Amesterdão em 1646...Foi rabi, diplomata, fez oponente do falso Messias (Shabtai Tzvi) (...)

(iii) Irmãos De Pinto:

Isaac, Aron e Jacob nasceram no séc. XVIII, no seio de uma das famílias mais ricas, de comerciantes e banqueiros, de origem judaico-portuguesa. O pai, David de Pinto, figurava na lista dos dez mais ricos portugueses de Amesterdão. A família possuia uma casa senhorial nas margens do rio Amstel, Tulpenburg, e outra em Sint Antoniesbreestraat, conhecida com a Casa De Pinto, desenhada pelo mesmo arquitecto da Esnoga.

Até 1760, os três irmãos alternaram no papel de líderes da comunidade. Jacob de Pinto foi também um conhecido filósofo das Luzes, tendo-se correspondido com Diderot e entrado em polémica com Voltaire (na defesa dos judeus pobres expulsos de Bordéus). (...)

(iv) Samuel Sarphati (1813-1866)

Nasceu no seio de uma família de comerciantes de tabaco. Frequentou a escola médica de Leiden. Doutorou-se em 1839. Estabeleceu-se em Amesterdão como médico de clínica geral. Em contacto com os graves problemas de saúde do emergente proletariado industrial , desenvolveu uma série de projetos que contribuiram em muito para a melhoria da saúde pública e o planeamento urbano de Amesterdão (...)


(v) Num foto dos líderes da comunidade, em 1925, por ocasião do 250º aniversário da Esnoga, podem ver-se 8 personalidades, todas com apelidos bem portugueses

  • A. J. Mendes da Costa (secretário);
  • N. de Beneditty;
  • Dr. E.H. Vaz Nunes;
  • M. Rodrigues de Miranda;
  • M. Álvares Vega;
  • M. Vaz Dias;
  • J. Milhado; e
  • M. Cortissos 

(Fonte:  Judith C. E. Belinfante et al. - The Esnoga: a monument to Portuguese-Jewish culture. Amsterdam, D'Arts, 1991, il, pág. 61). (Capa à direita)

2. Informação adicional sobre a Esnoga (***)

Fica situada próxima do centro histórico de Amesterdão, em frente ao Museu da História Judaica. Endereço: Mr. Visserplein 3, 1011 RD Amsterdam. Horário: segunda e quarta-feira, das 10h00 às 15h00; sexta-feira. das 10h00 às 13h00.
 
O imponente edifício escapou milagrosamente à destruição pelos nazis (a maioria das sinagogas alemãs foram incendiadas). Diz-se que o regime nazi queria fazer naquele local o museu da "raça judaica",  cuja extinção estava planeada com o  Holocausto ou Solução Final...

Em finais do séc. XVI, haveria apenas uma  centena de portugueses em Amesterdão. Em 1610 seriam perto de 200. Por volta de 1725 seriam já 2 500Os sefarditas, os judeus ibéricos,  em breve se tornariam uma minoria, com o afluxo de judeus dos territórios da Europa de Leste (os chamados asquenazes), mais numerosos mas normalmente mais pobres. Os portugueses eram considerados gente culta e bem sucedida, com  dinheiro e influência política. Ainda hoje, os nomes de família portugueses na Holanda   detêm um aura de prestígio.

 A comunidade judaica portuguesa produziu muitas figuras de renome nacional e internacional, como rabinos, escritores, filósofos, banqueiros, médicos, comerciantes, empresários, tais como  Gracia NasiIsaac de PintoDavid RicardoMenasseh ben IsraelIsaac Aboab da FonsecaUriel AcostaBaruch de Espinoza, etc. (****)

[Seleção / Adaptação / Revisão e fixação de texto / Negritos / Notas / Subítulos: LG]
___________

Notas do editor:

(*) Adaptação de Portugees-Israëlietische Gemeente - Amsterdam (https://www.esnoga.com/en/



(**) Sobre Antuérpia > Wikipedia (excerto):

(...) "Quando os portugueses abriram a rota marítima para a Índia, Antuérpia se tornou um centro de comércio ainda mais proeminente, porque o rei de Portugal para lá enviava quase tudo que chegava a Lisboa, vindo da Ásia; as corporações da cidade compravam carregamentos inteiros que daí seguiam para o resto do mundo ofuscando o brilho comercial de Veneza. Transferiram dessa forma a feitoria que na Idade Média mantinham em Bruges. Este facto revelou-se da maior importância para a cidade.

"Com os portugueses, instalou-se igualmente forte colónia mercantil espanhola, passando os negócios das coroas ibéricas a fazer-se maioritariamente por aqui. Assim, ao longo do século XVI, Antuérpia tornou-se um centro da 'economia do mundo'. O volume de negócios financeiros era de tal monta que em 1519 a sucursal alemã, a empresa Fugger, emprestou mais de meio milhão de florins de ouro a Carlos V para patrocinar sua campanha a Imperador do Sacro Império Romano Germânico.

"A prosperidade desta cidade prosseguiu ao longo desse século, atraindo assim inúmeros judeus, expulsos de Portugal, - na sequência da implementação de política antissemita desencadeada pelo governo português, - que buscavam nessa cidade livre grandes oportunidades de enriquecimento. Essa comunidade de exímios mercadores e artesãos enriqueceu o negócio da indústria dos diamantes e, consequentemente, a própria cidade, que passou a contar com a colaboração de artífices especializados no trato comercial.

"Para além de ser um centro económico, Antuérpia era igualmente centro cultural e intelectual. Por exemplo, ali nasceu em 1599 o pintor Anthony van Dyck. No entanto, a sua pujança foi irremediavelmente abalada por problemas religiosos depois de 1567, data em que tropas espanholas saquearam a cidade. Antuérpia foi de novo atacada em 1584, sendo, dessa feita, forçada a render-se aos espanhóis em 1585.

No século XVII, mais precisamente em 1648, foi mais uma vez lesada na sequência da Guerra dos Trinta Anos. Em questão estava o Tratado de Paz de Vestefália, que determinou o encerramento do rio Escalda à navegação, o qual foi reaberto somente em 1795 
pelos franceses" (...)

(***) Vd. Wikipedia > Sinagoga Portuguesa de Amesterdão
 
(****) Último poste da série > 14 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23980: Memória dos lugares (447): Poortugaal, antigo município de origem portuguesa, nos arredores de Roterdão (Valdemar Queiroz)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24006: Blogues da nossa blogosfera (173): CART 1525, "Os Falcões" (1965/67): postais ilustrados de Bissau, 1993, e fotos de Bissorã, 1997

Guiné-Bissau > Bissau > 1993 > Postal ilustrado:  (i) A "Baiana" é uma esplanada defronte do desaparecido Café Portugal (ao fundo da Av Principal); (ii) Mercado de Bandim. Mercado tradicional que se estende pela nova estrada que liga Bissau ao aeroporto e que segue mais ou menos a antiga estrada que conhecemos; (iii) Uma rua de Bissau


Guiné-Bissau > Bissau > 1993 > Postal ilustrado: (i) em cima, várias paisagens do país; (ii) em baixo:  o edifício onde era o antigo Café Portugal (à direita).


Guiné-Bissau > Bissau > 1993 > Postal ilustrado > Piscina do Hotel 24 de Setembro: Antigas instalações da Messe de Oficiais do Quartel General do CITG / Exército Português


Guiné-Bissau > Bissau > 1993 > Postal ilustrado >   Hala Hotel  - HOTEL & Aqua  Park, sito na Avenida Combatentes Liberdade da Pátria
 

Guiné-Bissau > 1993 > Postal ilustrado > Mulheres Bijagós

Fotos (e legendas): ©  António J. P. Magalhães (1993). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Região do Oio > Bissorã >  1997 > Da esquerda para a direita: 2º Comandante do Batalhão de Mansoa do Exército da Guiné Bissau, dois Adidos Militares Portugueses, 1º Comandante do Batalhão de Mansoa do Exército da Guiné Bissau, Coronel Mourão e um membro civil da comitiva da Fundação Bissaia Barreto de Coimbra


Guiné-Bissau > Região do Oio > Bissorã >  1997 > O monumento aos mortos em combate da CArt 1525


Guiné-Bissau > Região do Oio > Bissorã >  1997 > 1997 O monumento aos descobrimentos portugueses na praça principal

Fotos (e legendas): © Jorge Manuel Piçarra Mourão (1997). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 
1. Por ter feito ontem anos o Rogério Freire, não podemos deixar de lembrar, mais uma vez, a sua página,  CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67), não só por ter sido criada por ele (e que  também a continua a editar e a manter),  mas igualmente por ser um das mais antigas da nossa blogosfera, centrada numa só companhia e, ainda por cima, das mais completas em termos de informação (*). 

O Rogério Freire, que foi alf mil daquela companhia, e profissionalmente foi delegado de propaganda médica e esteve ligado  à área da informática, é também um dos históricos do nosso blogue (entrou em 13/10/2005), e é um dos que se tem preocupado com o futuro dos nossos blogues e páginas na Net (**)

Infelizmente, ele é também o único representante dos "Falcões" na Tabanca Grande... De qualquer modo, em sua homenagem e à página que criou e vai mantendo, com tenacidade e paixão, aqui se reproduzem algumas das colaborações fotográficas dos seus camaradas, com a devida vénia: 

(i)  cinco "postais ilustrados", da Guiné-Bissau, enviados pelo ex-furriel mil Magalhães durante a sua estada naquele país em 1993;  o fur mil António J. P. Magalhães, infelizmente já falecido, pertencia ao 1º Gr Comb da CART 1525,  comandado pelo alf mil  Rui César S. Chouriço, e terá sido dos nossos primeiros camaradas a fazer uma "viagem de saudade" à Guiné-Bissau, depois do fim da guerra;

(ii) três fotos da visita, a Bissorã,  do cor art ref  Jorge Manuel Piçarra Mourão, ex-comandante da CART 1525 (Bissorã, 1965/67) (tem 7 referências no nosso bogue).
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Notas do editor: