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domingo, 8 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23244: Manuscrito(s) (Luís Graça) (213): Memória dos lugares: a rua da tua infância...

 Luís Graça, Candoz, 13 de abril de 2022


Foto (e legenda): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição  : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1/100. Domingo à tarde!… Um dia, algures na tua infância, começaste a detestar os domingos à tarde: ou chovia ou fazia vento e um cão uivava na vinha vindimada do Senhor. Sobretudo nada acontecia, no domingo à tarde. E até o tempo parava no relógio, sonolento, da torre da igreja da tua terra, a que chamarás doravante a tua aldeia.

Só não sabes exatamente quando começaste a detestar os domingos à tarde. De manhã havia a missa, e à tarde jogava-se à bola no campo pelado do largo do convento. Talvez tenha sido num final de verão, depois das vindimas, quando a miudagem ia ao rabisco [1]… E passou a ser desoladora, descarnada, esquálida, a vinha do Senhor, depois da vindima e depois do rabisco 

Seguramente foi algures, no fim da tua infância. No campo pelado da bola. Três paus a servirem de baliza. Uma baliza sem rede. Daí a ideia, tão nostálgica quanto tardia,  desta “viagem na tua terra”,  desta “viagem ao fundo da rua da tua infância”, a rua dos Valados

A infância é, metaforicamente falando,  uma rua. Labiríntica. E, como todas as ruas, tem um começo e tem um fim. E é atravessada por ruelas e becos. E,  como todos os labirintos , tem um fio de Ariadne. Pode ser uma rua mais ou menos comprida, ou até ter uma praça, um largo, um chafariz. Com casas de um lado e do outro. Mas toda a rua tem um princípio e um fim,  tem um cabo, tem um fundo. E a infância também. Ou se calhar não tem, porque se prolonga sob a forma de saudade. Ou nostalgia. Ou memória. Ou do exercício da memória,  como lhe queiras chamar. Ou até da recusa em sair dela, da magia e da segurança da infância. Estás mais inclinado a pensar que as ruas da infância não têm cabo nem fundo nem  fim, são circulares. O que fica na memória é uma espécie de caleidoscópio ou um “puzzle” onde faltam peças. Ou  ainda mais exasperante, no fim, há peças que não encaixam. Há umas a mais, e outras a menos. E, pior, não encontras mais a ponta do fio de Ariadne.

Não sabias quantos números de polícia tinha a tua rua. Pouco mais de meia centena, sessenta e tal, confirmarás mais tarde. Ia do Castelo às Aravessas. Era comprida naquele tempo. A  tua casa era o nº 47. E, talvez por estranha coincidência ou não,  tu tinhas nascido em 1947, no pós-guerra de todas as guerras. A que deveria ser a última, ouvirás muito mais tarde ao teu pai. Não herdaste dele o seu saudável otimismo e a genuína crença na bondade humana. Afinal, nasceste e cresceste em plena guerra fria, dois anos depois de Hiroshima. Ouvirás falar de Hiroshima. Muito mais tarde. E perceber então todo o horror de Hiroshima. E o que era o “mal absoluto”.

Sabias lá tu o que se passava pelo mundo, largo e profundo… Nem muitos menos onde ficava Hiroshima. Não vinha no mapa-múndi da tua escola. O mundo era a tua rua e pouco mais. A tua aldeia. E tinha princípio, meio e fim. Mais tarde arrancar-se-ão vinhas e pomares, na periferia da tua aldeia. E abrir-se-ão novas ruas. E construir-se-ão prédios altos como na cidade grande. De cimento armado. Com elevador. E mais tarde rotundas. Para parecer a cidade grande. Tudo em nome da ordem e do progresso, e segundo um qualquer plano de urbanização.  Mas essa já não era a tua aldeia, quando a revisitaste.


2/100. Nada acontecia no domingo à tarde… Ao domingo folgavam os corpos, era o dia do Senhor. Por isso era bom que nada acontecesse no domingo à tarde. Nada que te tirasse da pasmaceira dos dias, semanas, meses e anos.

Podias escutar a boa nova do padre vigário, no largo do Convento, ora sombrio ora soalheiro, mas a vida ia, sem alarde, no sentido inexorável dos ponteiros do relógio: “dextrorsum” (que “palavra cara”, aprendê-la-ás, mais tarde,  na escola).

Ou, por palavras,  mais simples, “do berço à cova, donde ninguém escapava”, os novos sucedendo-se aos velhos na fila da morte. “E quem acabava, sua cova tapava”.

Não podias queixar-te do destino (se é que ele já existia nesse tempo, mas já devia existir). E  muito menos dizer que “mais valia a morte que tal sorte”… Felizardo, não sabias ainda o que era a morte. A morte dos  que te eram próximos. A morte à tua volta.  A morte dos corpos, que das almas ainda sabias muito pouco ou nada. Muito menos a morte em massa. Dos alinhados contra os muros, e fuzilados de olhos vendados. Dos esmagados sob os escombros dos bombardeamentos das cidades. Dos empilhados nas carroças da morte nos campos de concentração. Eras filho do pós-guerra. E essa, a guerra, não chegara, felizmente, à tua aldeia. "Da peste, da fome e da guerra... e do bispo da nossa terra, libera nos, Domine".

Quanto à tua morte, essa,  também não a podias vivenciar. Nem sequer a imaginar. Não tinhas consciência da morte. Não te lembravas sequer de fingir de morto, nem por brincadeira,  dentro de um caixão, a tampa aberta, num velório, com toda a família e vizinhos à tua volta, uns a rir, outros a chorar, outros a contar anedotas ou a comer pevides e tremoços. Ou um pires de arroz doce com delicados desenhos feitos, a dedo, por um fio de canela em pó. Ou a abrir a boca de sono e de enfado. Ou uma velha desdentada, carpideira, a enxotar as moscas da tua cara esverdeada, picada das bexigas, da varíola. Ou o Brutamontes de sobrepeliz branca e cornos negros como os do diabo, a encomendar a tua alma.

Não, não se brincava com a morte, quando eras menino. A não ser nas brincadeiras de guerra (não se dizia brincar mas reinar), no alto do Castelo, nas escadinhas da rua do Cemitério ou no largo do Convento. Nunca querias ser índio, porque tinhas que fingir de morto, um olho aberto, outro fechado. E usar arco e flecha. Os cobóis, esses,  nunca morriam. Eram os heróis gregos dos tempos modernos. Mas nenhum se chamava Ulisses. E tinham revólveres e espingardas. E todos queriam ser o xerife. Tu querias imitar  o Cary Cooper ou o John Wayne que chegarás a ver  no cinema do Clube, um casarão que começava na tua rua e ia até à outra  rua abaixo da tua. (Infelizmente, nada resta do edifício, nem sequer uma placa, foi mais uma vítima do camartelo camarário, e do tsunami que varreu a memória coletiva da tua aldeia.)

Enfim, essa era a vantagem de seres menino e moço e de ainda não teres uma imaginação mórbida nem seres masoquista. Sê-lo-ás mais tarde, ao desejares ser órfão!... Aos onze ou doze anos, quando já fores um ser híbrido, um púbere, uma amostra de gente, mas eleito de Deus. Enfim, tudo fruto das dores do crescimento, dir-te-ão mais tarde, prosaicamente. Mas é quando se deseja ser órfão, que acaba a infância e desaparece a rua onde foste menino. A rua da tua infância. Até então os teus pais eram os teus heróis. E a tua rua era o teu palco de brincadeiras, a extensão da tua casa, o centro do teu pequeno mundo.

Se algum bebé morria na vizinhança, era logo metido num pequeno caixão branco, com pegas de latão amarelo. A morte vestia-se de branco, naquele tempo. Da cor das asas e dos fatos dos anjinhos e das colchas das procissões, das noivas e das flores da laranjeira. Não havia grandes choros. “Deus o deu, Deus o levou”. Tão simples quanto isso.

Não podes hoje jurar que te lembravas de algum  anjinho, na tua rua. Aliás, era feio jurar, dizia a tua mãe. A memória hoje prega-te partidas, é seletiva, tantos anos depois. Por certo deves ter apanhado no ar bocados de  conversas da tua mãe ou das vizinhas, a bichanar entre elas para que as crianças não ouvissem e não se perturbassem e não fizessem xixi na cama à noite.  A morte perturbava os vivos, que se vestiam de preto quando morria algum adulto. Nunca se falava da morte e dos mortos à mesa. Muito menos dos que lançavam uma corda por cima do barrote da adega e se enforcavam. Nunca se falava da morte e dos mortos à  frente das crianças. Nem da morte nem do sexo. Eram tabu, o sexo, a morte, Deus, a Pátria e a Família.

Mas, se não foi na tua rua, terá sido  na rua abaixo. Ou no largo da Bica. Anjinho não tinha nome próprio,  muito menos sexo, nem morada. Tinha direito apenas a uma cova, pouco funda. E um número em chapa de ferro. Era apenas isso, um  anjinho.  A não ser que a parteira ainda fosse a tempo de o batizar, “in extremis”, e na ausência do padre… Davam-lhe então nome, cristão, que seria o mesmo da próxima criança a nascer, no seio da mesma família, se fosse do mesmo sexo.  Mas deve ter havido algum anjinho na tua rua, que a mortalidade infantil era alta nos anos quarenta e tal do pós-guerra em que nasceste[2].   

Se algum bebé morria,  ou nascia já morto, na tua rua ou na rua abaixo, ou ruelas e travessas perpendiculares, metiam-no logo no caixão branco, de tábuas de pinho,  e levavam-no para o talhão dos anjinhos no cemitério que ficava logo ali, a 100, 200 ou 500 metros. Acompanhado de meninos de sobrepeliz branca.  Não tinha direito a padre, como os suicidas ou os infiéis ou as mulheres públicas. Nem caldeirinha de água benta.  E muito menos a uma lápide tumular com o RIP dos romanos,  o requiescat in pace. E lá ia direitinho, coitadinho, para o “limbo”. Nunca te explicaram o que era o “limbo”: uma nuvem muito grande que funcionava como depósito dos “anjinhos” que não tiveram tempo de ser batizados como cristãos. Por quanto tempo ficavam lá ? Não sabias, nunca te souberam explicar isso, direito. Mas a tua curiosidade também era limitada, naquele tempo.

A rua dos Valados era também a rua do Cemitério. Para ti era a mesma rua, com o mesmo empedrado, não fazias distinção. E era comprida. Ia do Castelo às Aravessas. Para os enterros poderem levar muita gente. Sobretudo os enterros dos ricos. Isto é, dos importantes. Na tua terra confundia-se por vezes os ricos com os que mandavam e eram importantes. Os ricos não precisavam de mandar. Tinham os criados e os feitores que mandavam por eles, em nome deles. E as demais “forças vivas”, que estavam sempre do seu lado. E tinham charretes e cavalos e galgos e podengos para correr atrás nas lebres e das perdizes no Cercal do Alentejo. E mastins para açular os amigos do alheio.  

Aliás,  mandar era uma chatice, um incómodo, uma boldreguice.  Às vezes era precisar calçar as botas de cano alto e  afogar em sangue os que não queriam ser mandados e alçavam a cabeça, como os burros, os machos e os cavalos, quando se lhe punha o cabresto. Era para isso que servia o chicote que deixava o corpo do recalcitrante em carne viva no tempo em que ainda havia escravos. Já não te lembras desses tempos, só dos criados de lavoura e das criadas de servir. 

Que a importância social do habitante da tua aldeia,  media-se,  quando morto, pelo número de acompanhantes do seu féretro e pela riqueza ou grandeza do jazigo da família. Ou pelo número de padres de fora que abrilhantavam as cerimónias fúnebres… E pelo número de vozes no coro que cantavam  o Requiem. Havia vozes lindas no coro da igreja da tua aldeia. E uma delas era a da Branca de Neve, a tua catequista.

Ao longo da ruela principal do cemitério velho, alinhavam-se os jazigos de família, em estilos revivalistas. Cobertos de  musgo e líquenes, os jazigos das famílias importantes datavam do virar do século XIX e da 1ª primeira metade do século XX. Parte da história recente da tua aldeia estava lá inscrita nas lápides dos jazigos, desde que se construíra o cemitério na segunda metade do século XIX [3]. E, depois, havia o talhão dos Anjinhos e o dos Combatentes da Grande Guerra, de quem já ninguém se lembrava nada, a não ser o nome de rua de algum coronel de bigode façanhudo, sobrevivente das "campanhas de pacificação" em África ou das trincheiras na Flandres. Anjinhos e antigos combatentes não se misturavam com o povo das catacumbas. Nunca vistes ninguém rezar por eles. Ninguém rezava aos heróis que tinham morrido pela Pátria, e muito menos aos anjinhos que iam parar ao limbo.

Se algum velho morria, os putos da tua rua não davam conta. Os putos só queriam era reinação.  Os filhos, sim, esses é que se preocupavam com os velhos que morriam. Porque passavam, os filhos, a dar um passo em frente na fila da morte. E depois dos filhos, eram os netos. 

Era tudo muito mais simples aos teus  olhos de menino e moço. Simplesmente, deixavam, os velhos,  de estar à janela, o nariz esborrachado contra o vidro embaciado, o olhar vidrado, a respiração rouca. Horas a fio, como as múmias do Egito que nunca viste. Ou então como os bonecos de palha que se punham nos campos de trigo, a servir de espanta-pardais.

Era uma terra, então, de searas de trigo e de vinhas e de moinhos, a tua aldeia, estendendo-se por montes e vales, até às arribas do mar. E todas tinham dono, até as arribas. Só mar, não, porque era livre e selvagem com um potro. Estava tudo cadastrado. Até as Berlengas tinham dono. Com nome registado nas finanças e na conservatória do registo predial.

Ou então ficavam sentados à porta da tasca, os velhos, a fumar a sua beata, entre dedos enrugados, trémulos e amarelecidos. Como o teu avô paterno, Domingos Henriques, natural do Mont’oito. Casou três vezes, teve três famílias, contava-te o teu pai. E “tinha três pinhais e sete fazendas”…

Não te lembras da sua morte. Nem da sua vida. Só das suas muletas de pau, almofadadas na extremidade superior,  e do seu barrete preto onde guardava as beatas e os tostões para o “copo de três”.  E da sua farfalheira. A última vez que o viste, coitado, foi sentado à porta da taberna do Macaco (ou ainda era a do Maneta ?).

Não te lembras de ir ao funeral do teu avô. Nem de alguma vez de ele te ter afagado o rosto. “Ficou entrevado dos resfriados do mar”, dizia o teu pai. Delapidou o património com a “filharada” e os “amigos do petisco”, contar-te-á mais tarde, quando fores mais crescido e tiveres o entendimento das coisas comezinhas da vida. O teu pai resumia muito bem, e com humor negro, a história de vida do seu pai, e teu avô, que do segundo e terceiro casamentos “tivera 11 filhos e um suplente", ou seja, "uma equipa de futebol”.

Aliás, havia poucos velhos na tua aldeia. “Na era de trinta e um, poucos moços, velhos nenhum”. O teu pai nunca esqueceria a morte da mãe, tinha ele dois anos. Morreria jovem,  aos vinte e tal anos, a tua avó. Tuberculosa. “Tísica”, como  então se dizia. Nunca lhe deu um beijo, ao teu pai. Punha-lhe a mão em cima da cabeça, num gesto derradeiro de despedida,  sabendo que iria partir em breve para  a viagem sem retorno. Depois de ter cumprido o seu curto papel na terra, que era parir.

Essa imagem ficou gravada a ferro e fogo na pele da memória do teu pai. De todo improvável, aos dois anos de idade, dirão todavia os psicólogos. Mas tu acreditavas mais no teu pai do que nos psicólogos. Nesse tempo ainda não existiam. Ou, se existiam,  tu nunca tinhas visto nenhum.

Sabias lá tu o que era a doença, a pneumónica, a tuberculose,  a tísica, a morte, a dor lancinante da perda de uma mãe ou de um pai. Ou a tragédia da perda de um filho. E muito menos sabias o que era a sorte. “Até  à morte, dura a sorte”,  assegurava-te o teu pai, sempre com uma “fezada” (o termo era dele)  na “sorte grande”, a lotaria em que ele jogava (ainda não havia o totoloto) e que lhe saía sempre “em branco”… Pelo menos, foi feliz, em vida, o teu pai, contrariando o rifão: “A felicidade é como a sorte grande: só sai aos outros”. (...)

(Excertos)

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[1] Noutras terras, diz-se rebusco, respigo…

sábado, 7 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23238: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (23): Bafatá... e as nossas "geografias emocionais"


Fot0 nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 > 7h42... Nascer do sol, tapado pelo que resta do monumento, sito no antigo Parque da cidade, ao Oliveira Muzanty (governador geral, 1907/09), defronte à Casa Gouveia, dois símbolos do "colonialismo português"... A estátua  foi apeada (e provavelmente destruída)...


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41> Os célebres pombais de Bafatá... Hoje ainda existem alguns. Este está onde hoje é o tribunal.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 7h41>  O que resta (a fachada...) do antigo mercado quando Bafatá era a doce princesa do Geba... Um belo exemplar da arquitetura colonial revivalista, que um dia destes cai de vez...


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41 > Rua para a 
Ponte Nova, diz o autor da foto. Na esquina, uma típica casa colonial, de sobrado. O Cherno Baldé diz-nos que era a antiga casa Ultramarina em Bafatá,  que controlava e abastecia toda a rede da zona Leste (Bafatá/Gabú). Pertencia ao BNU e era rival da Gouveia.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h33 > A sé catedral... Um exemplar de arquitetura colonial religiosa (de mau gosto, acrescento eu, tal como  a de Bissau, que me perdoem os cristãos da Guiné -Bissau) (LG)


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h32 > O antigo edifício principal da administração do concelho de Bafatá, hoje direcção regional de educação de Bafatá... Fica na rua principal que vai dar ao rio Geba.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h36 > A avenida principal... Ao fundo, o rio Geba... Do lado direiro, a casa de sobrado das "manas libanesas" (que têm um mano, que foi nosso camarada, hoje coronel paraquedista reformado, e empresário na Guiné-Bissau, 
o Chauki Danif. Era alferes no nosso tempo, e tem aqui, no blogue, alguns amigos). A matriarca do clã era a Dona Rosa, cpmo bem dos recorda o Humberto Reis, amigo da família.  (LG).


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31 > Outra vista da artéria principal da antiga cidadezinha colonial... Há 6 anos o Patrício ainda apanhou algum alcatrão...


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34 >  Na avenida principal, do lado esquerdo de quem desce, antigas instalacões da administração colonial, incluindo a residência do administrador da concelho (o mais célebre nos anos 60 foi o Guerra Ribeiro). Depois da independência, passou a ser chamado "palácio do Governador"... Na ponta direita, a estação dos correios (não sabemos se continua a funcionar como tal)...


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34> Antiga residência do administrador do concelho e, por detrás, a torre que seria da polícia administrativa (cipaios).


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31> Mais uma vista da avenida principal...  Alguns dos nossos camaradas fizeram aqui as suas provas de perícia... no exame de condução auto.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 27 de abril de 2022, 9h49  > Outra rua (... esta é para o arquiteto e autor do melhor roteiro de Bafatá, o nosso camarada Fernando Gouveia, identificar... TPC de fim de semana).

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, "retornado", a viver na Guiné-Bissau desde 1884,  fundador,  sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 120 referências no blogue; autor da série "Bom dia desde Bissau"; nosso colaborador permanente para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau" (*)

Data - quinta, 28/04/2022, 09:04

Assunto - Bom desde Bafatá

Bom dia, desde Bafatá.

Luís, esta semana tenho passado uns dias em Bafatá.

Vou enviar umas fotos de hoje e desta semana, que terás que as organizar, vão directamente do meu telemóvel.

Na parte velha de Bafatá,  as casas coloniais são agora organismos públicos.

Muitos por aqui andaram há 50 anos de camuflado. (**)

Mantenhas. Patrício Ribeiro


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Patrício. Dizes bem, por aqui muitos andaram há 50 anos  de camuflado... E outros à civil... Ir a Bafatá, no meu tempo (1969/71), sobretudo ao fim de semana (quando o havia...) dava direito a ir à paisana... Ia-se às "meninas (do Bataclã)" e também matar a malvada em restaurantes como a Transmontana... E, no regresso, beber uma última cerveja no café do Teófilo, o "desterrado"... As manas libanesas também tinham um restaurante e café mas nunca lá fui.

Bafatá faz parte das "geografias emocionais" de boa parte de nós... Todos os camaradas que estiveram no Leste da Guiné passavam obrigatoriamente por Bafatá (elevada a cidade no tempo)... Era uma verdadeira placa giratória... Tal como Bambadinca e o Xime. Em Bafatá,  havia o "charme discreto" da civilização... Havia boas lojas, restaurantes, cinema e  até piscina. O resto da Guiné era "mato", ou seja, guerra. 

Desculpa, se meti alguma "argolada"... Achei que as tuas belas fotos, madrugadoras, mereciam uma legenda mais completa... Mas, para falar de Bafatá, "a princesa do Geba",  temos gente muito mais conceituada do que eu,  porque lá viveu durante a comissão  como é o caso do Fernando Gouveia, do António Azevedo Rodrigues  ou do Manuel Mata, por exemplo. Oxalá eles nos leiam e comentem este fim de semana, antes de eu ir à faca. Para a próxima semana, faço férias do blogue, mas conto com o Carlos Vinhal (e todos os demais coeditores, colaboradores e leitores) para continuarmos a ir "blogando & rindo", enquanto houver picada, pica e pernas para andar...

Da tua parte,  continua a mandar "lembranças" dessa terra, "verde-rubra" (sem conotações saudosistas, paternalistas ou neocolonialistas).  Boa saúde, bom trabalho, E que Deus, Alá e os bons irãs te protejam, a ti e aos nossos amigo da Guiné-Bissau.
___________


(**) Sobre Bafatá, temos mais de 380 referências... Vd. aqui, por exemplo:

8 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20829: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (11): Viagem a Mansoa e a Bafatá, onde estamos a levar a água potável aos hospitais... Este ano, muita gente vai morrer, não da COVID-19, mas de fome: o caju ninguém o vem cá comprar...

9 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19662: Memória dos lugares (390): As três pontes de Bafatá, sobre os rios Geba e Colufe (ou Campossa): contributos de Fernando Gouveia, Humberto Reis, Manuel Mata, Luís Graça, Ricardo Lemos e Virgílio Teixeira
12 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12284: Memória dos lugares (252): Bafatá ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71) (Manuel Mata)

22 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)

7 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8236: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (10): Bafatá, 15/12/2009: "África é um cego em cima de um diamante" (Ali dixit)

(...) Anónimo disse...

Uma geração de jovens que, ao terem a sorte de sobreviver, mesmo sem ferimentos, ficou traumatizada de tal forma que só passados 40 anos consegue falar abertamente do tempo que lá passou. Hoje, já consigo ter saudades do Cinema, da Piscina, do restaurante do Teófilo, do Restaurante a Transmontana, dos comércios das Libanesas, do cheiro a terra, do cacimbo que caía de noite, da pista de Aviação, das noites que passava nas Tabancas, da Javi (miúda atrevida), da Mariana solteira e da Mariana mãe, saudade dos companheiros que já morreram (Sampaio, saudade dos companheiros que ainda não encontrei, Ernesto, etc.), foram 25 meses em Bafatá (de junho de 1968 a julho de 1970).Um muito obrigado ao jovem médico, por me trazer Bafatá ao meu consciente.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23189: Memória dos lugares (440): A antiga pista de Cufar...e uma torre de vigia do tempo da CART 2477 (1969/71) (Martin Evison, Action Guinea-Bissau, Catió e Cufar)

 












Guiné-Bissau >Região de Tombali > Catió > Cufar  > A antiga pista de Cufar, usada pela Força Aérea Portuguesa durante a guerra colonila (1961/74). Posto de sentinela do tempo da CART 2477 (Cufar, 1969/71).

Fotos (e legenda): © Martin Evison  (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Tombali > Cufar > c. 1973 > O Nordatlas na pista de Cufar... Posando junto dele o Eduardo Ferreira Campos, ex-1º Cabo Trms, CCAÇ 4540 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74) (*)



Guiné > Região de Tombali > Cufar > c. 1973 > O Nordatlas na pista de Cufar (*).

Cufar era uma placa giratória de apoio logístico para o Sul e, por esse motivo, originava um movimento muito fora de vulgar, quer em meios aéreos, quer em viaturas e pessoal militar.


Fotos (e legendas): © Eduardo Campos  (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de 20/04/2022 à(s) 20:31, enviada por Martin Evison, através do formulário de contacto do Blogger:

Estive em Cufar na semana passada. Tenho algumas fotos da pista de pouso (sic).
 
Um tem um prédio marcado como CART 2477. Por favor, deixe-me saber se eu posso enviá-los para você. Martin.


2. Respondemos-lhe de imediato nestes termos:

Olá, Martin, teríamos todo o gosto... Temos poucas referências a essa companhia de artilharia, a CART 2477, que por lá passou, em Cufar, em 1969/71, durante a guerra colonial. 

 Saudações, "mantenhas". Luís Graça


3. Nova mensagem do Martin Evison, quinta, 21/04, 19:48  


Olá, Luis,

Anexo algumas fotos. Há algumas mullheres na passarela secando arroz.

Tive problemas por tirar as fotos e tive que me apresentar ao comandante em Buba. Acho que também era um acampamento do exército português. A pista tem sido usada por traficantes de drogas. O exército colocou toras 
 [, toros, em português dePortugal] na pista para controlar seu uso. Supõe-se que a recente tentativa de golpe de Estado tenha sido relacionada a drogas.

Tive o prazer de encontrar uma foto de blog mostrando a 'torre de controle' (?), com um Nord Nordatlas.

4. Depois de recebermos as fotos, perguntámos, com data de ontem, 11:53 e 14:36:

Olá, Martin, está tudo OK. Vou publicar  as fotos com o teu nome. Podemos identificar o autor das fotos ? Não há problema (de segurança, por exemplo) ?

 Gostava de resto que, enquanto amigo da Guiné-Bissau e falando português, te juntasses a esta "tertúlia" ou "comunidade virtual", a Tabanca Grande, que tem 860 "amigos e camaradas da Guiné"... E faz amanhã 18 anos de existência na Net, um grande longevidade... 

 É apenas um blogue de "partilha de memórias (e de afectos)", sem quaisquer "bandeiras" (político-ideológicas, religiosas, étnicas, etc.)... Claro que a maioria dos participantes (90%) são antigos combatentes...E gostariámos que houvesse mais guineenses

Vives na Guiné-Bissau ? Vai dando notícias...  Mantenhas. Luís

5. Resposta do Martins Evison, com data de ontem, 16:05

Olá, Luis,

Obrigado por suas respostas.

Não sou guineense - sou inglês e estava visitando Guiné a convite de uma instituição de caridade inglês - "Action Guinea Bissau" - que ajuda a restaurar poços de água, casas de banheiro e prédios escolares, e patrocinar  uns estudantes de direito e mediina, por exemplo.

Estou aprendendo português, mas meu progresso é lento. Interesso-me pela história portuguesa, de que nós, em Inglaterra, não conhecemos o suficiente.

Por isso, tirei as fotos da pista e da torre, e pouso (sic) e encontrei a foto de 69/71 do Nordatlas com a torre de controle mostrada nele em seu blog! (*)

Tudo bem,  você usar meu nome como autor. Seria possível incluir algumas fotos do trabalho da "Action Guinea-Bissau", uma  instituição de "charity" (beneficência) em Catió e Cufar, e um link para projetos anteriores - se você acha que é apropriado?   (**)

https://www.actionguineabissau.org.uk/project-gallery

Publicaremos a seguir um poste, com as fotos referentes  à " Action Guinea Bissau", " uma organização sem fins lucrativos,  fundada em 2020", sediada no Reino Unido, e que  "está a trabalhar para resolver questões relacionadas com a igualdade de género, desemprego e ambiente na Guiné-Bissau."
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31  de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5569: Histórias do Eduardo Campos (2): CCAÇ 4540, 1972/74 - Somos um caso sério (Parte 2): 5 meses como operador de mensagens em Cufar

sexta-feira, 25 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23110: Memória dos lugares (439): Safim e o edifício do posto administrativo (Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)



Guiné > Sector de Bissau > Safim > CCAÇ 4541/72 (Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar e Safim, 1972/74) > O Victor Costa à esquerda com outro camarada da companhia... Ao fundo, o edifício do posto administrativo... Curioso, tem dois telhados, um mais baixo acompanhando todo a varandim e um sobreelevado, correspondendo ao piso térreo, de pé direito alto... Uma solução da arquitetura colonial, certamente a pensar  na melhoria da ventilação do edifício.

Fotos (e legenda): © Viictor Costa (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Victor Costa, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974), natural da Figueira da Foz, e membro nº 855 da Tabanca Grande (*):

Data - domingo, 20/03/2022, 14:14 

Assunto - Fotografias do edifício da Administração de Safim


Amigos e Camaradas da Guiné,

Seguem duas fotografias minhas, tiradas no mesmo dia, com dois elementos da CCaç 4541/72, em frente à casa do Administrador de Safim (**), bem próximo do nosso Quartel e do desvio  para João Landim Porto. (***)

(...) Um abraço e em particular àqueles que, com o seu exemplo de coragem, continuam a resistir aos seus problemas de saúde. Aqui se vêem os guerreiros deste País.

Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 30 de novembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22765: Tabanca Grande (528): Victor Manuel Ferreira Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974). Senta-se no lugar n.º 855, à sombra do nosso poilão

(...) Mobilizado em 4 de Março de 1974 para a Guiné, beneficio de 10 dias de licença e no dia 16 de Março do mesmo ano, a bordo de um Boeing 727 da FAP, chego ao aeroporto de Bissalanca e daí em transporte rodoviário para Bissau, a fim de render um camarada Fur Mil, morto em combate na região de Bafatá.

Fico instalado no QG e aguardo ordens, que chegam uns dias depois. Fazer o espólio de guerra do camarada acima citado.

No final do mês de Março sou colocado na CCaç 4541/72 em Safim.

Nesta Unidade é-me atribuído o comando de uma Secção constituída por mim, 3 Cabos e 7 praças e dou início à minha actividade operacional realizando patrulhas e controlos em João Landim Sul, Impernal, arredores da BA 12 e Capunga. A Norte do Rio Mansoa no destacamento de João Landim Norte, segurança e patrulhas do Rio Mansoa até Bula.

Em Maio de 1974, fui eleito membro da Delegação do MFA na CCaç 4541/72.

Regresso à Metrópole a 3 de Outubro desse ano em avião da FAP. (...) 

(**) Deve tratar-se de chefe de posto, e não administrador.  Safim não era circunscrição ou concelho, mas posto administrativo.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23096: Memória dos lugares (438): Rancho da Ponderosa, destacamento de Ualada, subsector de Empada (Francisco Monteiro Galveia, ex-1º cabo op cripto, CCAÇ 616, Empada, 1964/66; vive em Fronteira)


Guiné > Região de Quínara > Empada > CCAÇ 616 (1964/66) > Destacamento de Ualada, o "Rancho da Ponderosa".

Foto (e legenda): © Francisco Monteiro Galveua (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, com data de ontem, às 18h22;Francisco Monteiro Galveia (ex-1º cabo op cripto,  CCAÇ 616  (Empada, 1964/66) , que vive em Fronteira:


Junto foto minha no capô da viatura em 1965, à entrada do "Rancho da Ponderosa" (*). 

Da operação que eu pedi ao Jorge para comentar, é que ele tem mais apontamentos que eu, quanto aos nomes, foi-me passado na altura: que José Pedro Pinto Leite que era deputado na ala liberal da Assembleia Nacional, seria natural daquela povoação e que as nossas tropas tinham que ir ao local para mostrar que o inimigo não tinha o local em seu poder. (**)

Quanto aos nomes e residência eu desconheço. Do que eu me lembro é que um pelotão reforçado com o pelotão de milicias saiu de Empada após o pôr do sol a pé, pela madrugada passaram por toda a gente sem darem um tiro nem dizerem nada e embarcaram nas lanchas LDM com destino a Empada. 

Havia um posto de sentinela avançado numa árvore de grande porte, que se estava lá alguém estava a dormir. É possivel que essa terra se chame Darssalame. O Jorge deve ter mais elementos por isso o meu pedido anterior. 

Um abraço Xiko.

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domingo, 13 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23074: Memória dos lugares (437): Rio Mansoa, destacamento de João Landim (Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5

 Guiné > Região do Cacheu > Rio Mansoa >  Destacamento de  João Landim

Fotos (e legendas): © Viictor Costa (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Cacheu > Rio Mansoa > João Landim > 1965/66 > A famosa jangada que atravessava o Rio Mansoa em João Landim, ligando Bissau com a região do Cacheu

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região do Cacheu > Mapa de Bula (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor: Rio Mansoa e passagem em João Landim.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)


1. Mensagem do Victor Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974)

Data - 12 mar 2022 17:09 
Amigos e camaradas da Guiné,

Ao longo da História,  os Rios e os Portos tiveram sempre muita importância numa guerra e os rios da Guiné, como não podia deixar de ser, tiveram também aqui um papel de relevo.

Este tema que pretendo abordar prende-se com o facto das fotografias que pretendo ver publicadas se referirem ao Rio Mansoa, ao Porto de João Landim e daí até a Foz, às Jangadas que realizavam a travessia, à proteção das pessoas e bens que as utilizavam, à amplitude das marés e à segurança e riscos associados ao funcionamento da engrenagem e também aos acidentes que vitimaram muitos de nós.

Todas estas fotografias não incluem equipamento militar nem armas, apesar da maior parte delas serem tiradas de cima de uma jangada militar. Isto não foi devido a qualquer imposição do Comando ou dos meus superiores mas por opção minha e deve-se a uma tonteria dum puto 22 anos que não queria que quando o rolo fosse revelado em Bissau pudesse fornecer ao IN qualquer informação por mais pequena que fosse das NT. Também não foi com a ideia de prejudicar quem acima de mim mandava, até porque era uma pessoa de trato fácil, muito correta e se calhar não dava muita importância a estas questões por ser do interior. Mas acontece que eu nasci e vivo numa zona onde desde miúdo convivi com o Rio, o Mar, a amplitude das marés e os riscos aí associados.
 
Quando em meados de Maio de 1974 fui colocado no Destacamento de João Landim Norte a minha travessia do Rio Mansoa foi feita na praia-mar, foi muito fácil e decorreu sem incidentes.

Mas durante as operações de segurança que ali fiz constactei que, apesar do Porto de João Landim estar a mais de 40 Km da foz (Mar), a influência das marés fazia-se sentir fortemente, com um caudal também muito forte e ainda com uma amplitude de maré superior a 4 metros e onde naturalmente se passeava o tubarão negro.

As próximas 5 fotografias tiveram como objectivo captar:

1º O aluvião descoberto no leito do Rio na baixa-mar para poder calcular a altura entre o nível da maior e da menor maré.

2º O desnível da rampa de acesso à jangada a marca da maré na margem e as dificuldades associadas.

3º A entrada das pessoas para a Jangada civil e a Lancha da Marinha a executar a proteção.

4º A Jangada a navegar no Rio sem qualquer dificuldade.

5º A minha última travessia e despedida já ao longe do edifício do Porto de João Landim, felizmente mais uma vez sem qualquer problema.

Para concluir,na minha modesta opinião, durante o período da Lua, o risco de embarque e desembarque nas Jangadas fora do pico da maré era muito elevado.

Um abraço,
Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23058: Memória dos lugares (436): Safim, às portas de Bissau, e o terminal dos autocarros da A. Brites Palma (Victor Costa, ex-fur mil inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)

terça-feira, 8 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23058: Memória dos lugares (436): Safim, às portas de Bissau, e o terminal dos autocarros da A. Brites Palma (Victor Costa, ex-fur mil inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)


Foto nº 1


Foto nº 1A


Foto nº 2


Foto nº 2A

Guiné > Região de Bissau > Safim > c. 1973/74 > Autocarros da empresa A. Brites Palma que faziam a carreira Safim-Bissau (Foto nº 1) e Safim-Nhacra (Foto nº 2)

Fotos (e legendas): © Victor Costa  (2022). Todos os os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada Victor Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974)


Data - 8 de março de 2022, 14:20  
Assunto - Fotografias dos autocarros da A. Brites Palma em Safim

Amigos e camaradas da Guiné,

Esta mensagem tem como objectivo, adicionar informação e duas fotografias relativas aos autocarros da empresa A. Brites Palma,  da Guiné,  para melhorar o produto final da publicação de 20/02/2022. (*)

A primeira fotografia mostra um autocarro dessa empresa, pronto para partir para Bissau. Por detrás dele encontra-se um mangueiro e o edifício da Marisqueira de Safim e do lado direito desta, o escritório da venda de bilhetes. 

A segunda fotografia é do mesmo dia e mostra outro autocarro no outro lado da estrada, na direção de Nhacra com as pessoas a aguardar a sua partida, portanto na direção contrária. O local das fotografias corresponde à estação de Safim.
 
Entre a estação e a placa de informação rodoviária (Bula) publicada em 06/03/2022  (**) existia uma distância de cerca de 200 m onde se realizava um mercado ou pequena feira ao ar livre (posso também enviar duas fotografias se acharem de interesse).

Se acharem que alguma coisa está fora da forma ou do espírito do Blogue, por favor, devem corrigir. Isto para mim é uma coisa nova, mas penso que estou a melhorar. (***)

Um abraço,
Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23011: Fotos à procura de... uma legenda (160): Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?

(**) Vd. postes de:


(***) Último poste da série > 28 de janeiro de 2022 > Guné 61/74 - P22944: Memória dos lugares (435): Missirá, regulado do Cuor, Sector L1 (Bambadinca), 23 de dezembro de 1966 (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, 1966/68)