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terça-feira, 3 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1643: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, do Pel Cacç Nat 58 (3): 10 mortos em emboscada com luta corpo a corpo (César Dias)

1. Mensagem do Carlos Vieira Dias (ex-Fur Mil Sapador Inf, CCS do BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)(1):

Olá, companheiros de bala:

É verdade, o Pel Caç Nat 58, juntamente com a CCAÇ 2589, defendia o itinerário Mansoa - Infandre – Namedão (segurança e picagem para passagem de colunas para Bissorã e Olossato), itinerário esse que fazia parte do sector de Mansoa onde estava sediado o meu BCAÇ 2885 (1).

Sobre o Alferes Miliciano que comandava o Pel Caç Nat 58 (2), era desde Junho de 1970 o Alf Mil At, nº 16831968, Eduardo Ribeiro Manuel Cardoso Guerra que tinha vindo da CCAÇ 2679 para substituir o Alf Mil nº 04140867 [...] que terminara a comissão em 30 de Abril de 1970. Em 7 de Janeiro de 1971 o Alf Mil Eduardo Guerra foi evacuado para a metrópole, não sei se por doença ou se por ferimento em combate.

Quanto ao malogrado 1º Cabo José da Cruz Mamede (2), nº 17762169, veio do RI 3, tendo desembarcado em Bissau a 21 de Novembro de 1969 para substituir o 1º Cabo Joaquim da Silva Magalhães, nº 01779368, que havia falecido em combate em 30 de Agosto de 1969.

Amigos e camaradas: 12 de Outubro de 1970 é uma data que recordo com tristeza. Como muitas outras, era mais uma coluna a passar naquele itinerário (Braia-Infandre), mas daquela vez havia à volta duma centena de guerrilheiros, emboscados com morteiros, lança granadas-foguete (RPG) e armas automáticas.

Chegaram mesmo a lutar corpo a corpo. Sofremos 10 mortos (entre os quais, do Pel Caç Nat 58, o 1º cabo José Mamede , o 1º cabo Joaquim Baná, e os soldados Cumba, Seidi, Mundi e Baldé; da CCAÇ 2589 o meu amigo Furriel Miliciano de Op Esp Dinis Castro, e os soldados Joaquim João Silva, Joaquim Manuel Silva e Duarte Ribeiro Gualdino, a quem presto sentida homenagem). Tivemos ainda 9 feridos graves, 8 feridos ligeiros e um soldado capturado.

Recorri aos documentos que guardo com muito carinho, e mais uma vez fiquei emocionado. Espero ter ajudado

Um abraço para todos

César Dias
Ex Furriel Miliciano do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)

PS - Ao Luís Graça, mais uma vez o nosso obrigado por tornar possível situações destas. Bem Hajas !

2. Informação complementar do Benjamim Durães (ex-furriel miliciano do Pel Rec, CCS do BART 2917, Bambadinca, 1970/72) (3):

Pela informação do tertuliano César Dias, ex-furriel miliciano do BCAÇ 2885, averiguei quais os nomes completos dos nossos ex-camaradas (dez) que nesse dia 12 de Outubro de 1970 morreram, e que passo a indicar:

Furriel Miliciano Dinis César Castro;
1º Cabo José Cruz Mamede;
1º Cabo Joaquim Banam;
Soldado Duarte Ribeiro Gualdino;
Soldado Joaquim João Silva;
Soldado Joaquim Manuel Silva;
Soldado Gilberto Mamadu Baldé;
Soldado Idrissa Seidi;
Soldado Tangina Muté;
Soldado Betaquete Cumbá.

Força, Afonso, é assim que não nos esquecemos dos nossos mortos de guerra. Recordá-los é honrar as suas memórias. Ao César o meu muito obrigado por teres contribuído para um melhor esclarecimento da morte do Mamede. O blogue e a tertúlia do Luís Graça & Camaradas da Guiné existem para isso mesmo.

Benjamim Durães
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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 1 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1557: No regresso éramos menos 32 (César Dias, CCS do BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)

(2) Vd. posts de:

3 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)

3 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)

(3) Vd. post de 21 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1618: Tertúlia: Benjamim Durães, ex-furriel mil da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)

Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)

1. Mensagem do Afonso M. F. Sousa:

Olá, caro amigo Benjamim !

Com que satisfação recebi este seu mail, dando-me indicações sobre o trajecto do Pelotão de Caçadores nº 58 (1). Este é um assunto que me vem interessando há já algum tempo. Efectivamente, persisto em tentar descobrir o aonde, quando e em que circunstâncias terá caído mortalmente um amigo e conterrâneo meu, na Guiné (em 12/10/1970). É um objectivo que eu e uma irmã dele perseguimos com todo o entusiasmo.

Diligências nesse sentido já fiz muitas, mas não tinha ainda obtido quaisquer resultados práticos. Talvez que, agora, com a sua prestimosa informação, se possa avançar na procura do alferes ou furriel que em 12 de Outubro de 1970 comandava o Pel Caç Nat 58, em Infandre (a 13 Km de Mansoa, a 45 Km de Bambadinca e a 50 Km de Bissau).

Um deles poder-me-ia informar o sítio exacto da sua morte e em que circunstâncias. Vamos ver se consigo chegar a este desiderato.

Sei que a CCAÇ 13 fez patrulhamentos nesta zona, a partir de 7 de Março de 1971.Quem sabe se algum dos seus elementos conhecia o nome do alferes, comandante daquele pelotão, em Outubro de 70, ou algum outro dos seus elementos brancos. Sei que o Carlos Fortunato pertenceu à CCAÇ 13 e, eventualmente, talvez me possa dizer algo sobre isto. Por isso tomo a ousadia de lhe enviar, também, cópia deste mail, agradecendo-lhe, desde já, a sua eventual ajuda. E, se calhar, atrevo-me a pedir igual favor a outros nossos amigos que estiveram em terras de Mansoa, como o Paulo Lage Raposo, o José Afonso ou o Joaquim Mexia Alves, aos quais, antecipidamente peço
desculpa do meu atrevimento.

Um grandes abraço para todos.

Afonso M. F. Sousa

2. O Benjamim Durães, em mail de 1 de Abril de 2007, sugeriu ao Afonso para contactar o César Vieira Dias (2), membro recente da nossa tertúlia:

(...) "Aqui volto a dar-te mais algumas dicas quanto ao Pel Caç Nat 58 que esteve em Infandre.

"Salvo melhor opinião, penso que o Pel Caç Nat 58, em Outuibro de 1970 (mês em que morreu o teu amigo, 1º Cano José da Cruz Mamede) estava sob o comando da CCS do BCAÇ 2885, de que fazia parte o Furriel Miliciano César Dias, membro da nossa tertúlia. Talvez ele possa dar mais alguma informação" (...).

___________

Notas de L. G.:

(1) Vd. post de 3 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)

(2) Vd. post de 1 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1557: No regresso éramos menos 32 (César Dias, CCS do BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)

Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)

1. Em 25 de Setembro de 2006, o nosso camarada Afonso M.F. Sousa iniciou uma série de pesquisas sobre a morte, no TO da Guiné, de um amigo e conterrâneo, o José da Cruz Mamede, começando por mandar a seguinte mensagem ao Arquivo Histórico-Militar:


Exmo. Senhor Director do Arquivo Histórico Militar do Exército (Sr. Tenente-Coronel Aniceto Henrique Afonso)

Na qualidade de ex-combatente do exército português no ex-território ultramarino da Guiné (Agosto 1968-Maio 1970), venho junto de V. Exa. na tentativa de recolha da seguinte informação:

Um conterrâneo meu, o José da Cruz Mamede (1º cabo), jamais chegaria da Guiné para voltar ao convívio dos vivos. Como alguém disse, a implacável lei da vida tornou-lhe o caminho mais curto. E quanto o Zezito era estimado pelas gentes da sua terra! No ultramar, tinha morrido o 1º militar oriundo daquela povoação. Foi o fatídico 12 de Outubro de 1970, algures, num qualquer sítio da Guiné. Ultimamente tenho querido saber onde isso terá acontecido e é isso que me leva a dirigir-me a V. Excia.

Ele foi mobilizado pelo RI3 e pertenceu ao Pelotão de Caçadores Nativos 58. A ajuda que lhe pedia era esta: se consta desse arquivo histórico os locais onde esteve e, sobretudo, o local onde faleceu, em combate.

Dados de identificação:

Nome: José da Cruz Mamede > 1º Cabo Exe - Guiné
Unidade de Mobilização: RI 3
Unidade no TO da Guiné: Pel Caç 58
Naturalidade: Casal Comba – Mealhada
Data da morte em combate: 12-10-1970

2. A resposta do Arquivo Histórico Militar veio a seguir, sob a forma da Nota nº 691/2006, de 3 de Outubro de 2006, imnformando o local em que o ex-1º cabo Mamede tinha sido morto em combate: Infandre (Mansoa).

3. Vários camaradas e amigos, deram informações ou pistas ao Afonso relacionadas com este caso e com o Pel Caç Nat 58. É justo referir aqui os seguintes:

Paulo Reis > 10 de Novembro de 2006:

(...) Gostaria de poder ajudá-lo com algo de mais concreto, mas as poucas pesquisas que fiz, até agora, têm-se concentrado nas companhias de comandos. O acesso aos arquivos do CTIG é livre, podendo ser consultados por qualquer pessoa que se drija ao arquivo histórico-militar, que abre das 11h00 da manhã até às 19h00, julgo eu.Só retomarei as minhas pesquisas lá a partir de Novembro. O que posso fazer é perguntar, nessa altura, que material lá há sobre a unidade que me referiu e tentar obter os dados de que necessita (...).

Eduardo Magalhães Ribeiro (o nosso pira de Mansoa) > 10 de Setembro de 2006:

(...) Aconselho aos que gostam de exactidão, a adquirir 2 livros, não muito caros, nos Museus Militares de Lisboa e Porto (...). Já aqui atrasado, reparei que alguém disse que desconhecia que na Guiné houvesse GEs - Grupos Especiais. Pois bem, segundo estes livros, da autoria do Estado Maior de Exército,em 1973 haviam 13 Grupos Especiais de Milícias, que aumentatram para 35 em 1974.

Têm todas as informações úteis sobre batalhões, companhias, mapas, esquemas, etc. (...)

Benjamim Durães > 18 de Março de 2007:

(...) Com um grande abraço de um ex-combatente na Guiné, aqui vos forneço o solicitado, e em anexo segue o guião do Pelotão de Caçadores 58 [que não chegou ao editor do blogue].

De acordo com o vosso pedido, de Setembro de 2005, (pois só agora fui ao site em causa (Kimbas do Olossato)[página da CCAV 3378,Olossato, 1971/73] passo a indicar quando foi formado o Pelotão, e as localidades onde estiveram.

O Pelotão de Caçadores [Nativos] nº 58 foi uma unidade formada na Guiné (CTIG). Iniciou, em Bissau, as suas funções em Abril de 1967. Em Junho de 1967 foi transferido para o Cacheu. Em Agosto de 1967, foi para Teixeira Pinto. Um ano depois (Ago-1968) voltou ao Cacheu. Em Abril de 1969, foi para Canjambari. Em Novembro de 1969, foi colocado em Infandre [Mansoa], onde permaneceu, para além do 25 de Abril de 1974 (...)