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domingo, 21 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21097: Tabanca Grande (495): Acácio Fernando da Silva Mares, ex-Fur Mil Inf da 1.ª Comp/BCAÇ 4612/72) (Porto Gole, 1972/74), 809.º Grã-Tabanqueiro da nossa tertúlia

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano, Acácio Fernando da Silva Mares, ex-Fur Mil Inf da 1.ª Comp/BCAÇ 4612/72 (Porto Gole, 1972/74), com data de 11 de Junho de 2020:

O meu nome é Acácio Mares, ex-Furriel Mil. NM 18779672.

Pertenci à 1.ª Companhia do BCAÇ 4612/72 que esteve em Porto Gole.

Gostava de ser incluído no grupo da Tabanca Grande.
Abraço 
Acácio Mares




Acácio Mares em Porto Gole

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2. O camarada Acácio Mares foi contactado no sentido de nos enviar algo mais que nos levasse a conhecê-lo melhor do que resultou o envio desta segunda mensagem em 19 de Junho:

1. Recruta no CISMI (Tavira) com destino a Porto Gole;

2. Por lá está estive 3 a 4 meses, sendo nomeado para Delegado de Batalhão em Bissau, substituindo o ex-camarada furriel Salavisa;

3. No regresso trabalhei na Rodoviária Nacional, em Queluz, como responsável de compras e com várias formações acrescidas: - Organização e Gestão de compras na Empresa; - 52.º Curso Básico de Chefia; - Curso de "Comunicação e Relações Humanas para Chefia".

4. Aos 36 anos tive um AVC, com baixa permanente até aos 40, aí fui reformado;

5. Ao recuperar iniciei um novo projecto - Comércio de lenha e carvão, onde desenvolvi durante 10 anos e trespassei o negócio;

6. Ao trespassar o negócio, entrei em parceria com a minha esposa, adquirimos uma nova loja para comério de roupa;

7. Aí dava suporte às duas lojas em termos de acompanhamento e monitorização de aquisição, levantamento e facturação das mesmas;

8. Obtendo este know how, iniciei-me na revenda de roupa para lojas;

9. Trabalhei cerca de 5 anos na revenda de pronto a vestir, e nesta fase estando esta economia a decrescer iniciei em paralelo novo projecto;

10. Em 1999 construí e abri um novo estaleiro dedicado apenas a comércio de lenha;

11. Este projecto iniciou apenas ao fim de semana, comigo em parceria com a minha esposa, com distribuição casa a casa por área residenciais pré definidas e estabelecidas semanalmente;

12. Este projecto durou cerca de 15 anos, tendo expandido paralelamente negócio de carvão;

13. O estaleiro chegou a ter 7 funcionários em full time, com 2 vagons a distribuir e um camião a distribuir carvão para restaurantes;

14. Na fase final e para contabilização de custos/despesas em compras já eram os nossos veículos que iam adquirir e transportar matéria prima;

15. Em 2017 fui vítima de queda de um lance de escadas, da qual resultou um TC sem perda de conhecimento;

16. A partir daí fiquei de baixa e ausente da gestão e em 2018 trespassei o negócio.

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Localização de Porto Gole
© Infogravura do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (Carta da Província da Guiné - 1:500.000)


3. Comentário do editor:

Caro Acácio Mares,

Em primeiro lugar recebe um abraço em nome dos editores e da tertúlia em geral.

Recebemos-te com todo o gosto nesta Tabanca de antigos Combatentes da Guiné. Vais ocupar o lugar número 809 da tertúlia mas podes "sentar-te" onde quiseres porque não temos qualquer tipo de distinção entre nós, seja pelo antigo (ou actual) posto, formação académica, profissão, idade, etc. Por isso nos tratamos por tu.

Muito obrigado pelo teu currículo/história de vida, muito variado e acidentado quanto à saúde. Esperemos que tenhas recuperado tanto quanto possível e gozes a tua reforma porque bem mereces.

Se tiveres algum tempo livre, podes ir enviando algumas das tuas memórias dos tempos vividos em Porto Gole, seja por escrito ou enviando fotos, que tenhas, acompanhadas com as respectivas legendas.

Como pode confirmar, navegando pelos mais de 21.000 postes do nosso Blogue, a nossa missão é deixar algum espólio para memória futura, para que não sejam os outros a contar a nossa história por nós.

Com os votos de que gozes de boa saúde, deixo-te um abraço pessoal
Carlos Vinhal

PS - Do teu batalhão, BCAÇ 4612/2 (Mansoa, 1972/74), tenos mais de 70 referências no nosso blogue. Vê se recomheces alguém, uma boa parte é de malat da CCS e da 3ª Companhia.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21056: Tabanca Grande (494): Edgar Tavares Morais Soares, ex-Fur Mil Op Especiais da CCS/BART 3873 (Bambadinca, 1971/74), 808.º Grã-Tabanqueiro da nossa tertúlia

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19859: Tabanca Grande (481): Abel Rei, ex-1º cabo, CART 1661 (Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68)... Autor do livro "Entre o paraíso e o inferno: de Fá a Bissá, memórias da Guiné., 1967/68"... Passa finalmente a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 792


Foto nº 1 > Guiné > Região do Oio > Bissá  > CART 1661 (1967/68) > Imagem, desolada,  do destacamento de Bissá, no tempo em que lá esteve o Abel Rei, com o 3º Gr Comb...


Foto nº 2 > Guiné > Região do Oio > Bissá >  > CART 1661 (1967/68) > Imagem do destacamento de Bissá, no tempo em que lá esteve o Abel Rei, com o o 3º Gr Comb...


Foto nº 3

Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CART 1661 (1967/68)  >  Foto tirada em Porto Gole, com o Abel Rei a escrever algumas linhas do seu diário, mais tarde (em 2003) transformado em livro.


Foto nº 4

Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968  > O 1º Cabo Abel Rei, da CART 1661 (Fá, Enxalé, BissáPorto Gole, 1967/68), de férias, na capital da província. “Vim juntamente com o ‘Conjunto João Paulo’, que fez nesse mesmo dia uma actuação musical em Porto Gole, partindo de seguida numa lancha, pelo Rio Geba, para cá”… Ficou hospedado na Pensão Chantre.


Foto nº 5

Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CART 1661 (1967/68) > Monumento ,onde se pode ler: "Para ti, soldado, o testemunho do teu esforço"... No final do ano de 1967, o comando da CART 1661 mudou-se para Porto Gole, passando o Enxalé a ser apenas um simples destacamento, depois na primeira daquelas localidades se terem construído as necessárias instalações para o pessoal, bem como o depósito de material. Foi também construído uma pista de aterragem para aeronaves tipo DO 27.

Fotos (e legendas): © Abel Rei (2002). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional  da Tabanca Grande > 20 de Junho de 2009 > O Abel Rei e a esposa, Maria Elisete, residentes no concelho da Marinha Grande...  O Abel terá conseguido vender, no nosso convívio, mais de três dezenas do seu livro (preço: 10 balas, menos de 100 pp.).

O Abel pertencia, no ano de 2007, à Direcção do Núcleo da Marinha Grande da Liga dos Combatentes (telefone: 244 551 140), exercendo o cargo de Tesoureiro, que teve de abandonar por motivos de saúde.

O livro, na altura,  podia ser encomendado directamente ao Abel Rei, que morava no Beco da R. dos Poços, 1, Lameira da Embra, 2430-126 Marinha Grande / Telem 938 195 700/ Email: abel_rei@hotmail.com (, este endereço já não está atualizado).

Fotos« (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


São Pedro de Moel > 2010 > Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54 > O ex-cap mil, o arquiteto e urbanista  Luís Vassalo Rosa  (1935-2018), ao centro; à esquerda o Abel Rei; e à direita, um alferes da CART 1661, não identificado.

Foto (e legenda): © José António Viegas (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Almeirim > 10 de maio de 2014 >  XXIII Encontro  do pessoal da CCAÇ 1439,  Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 54, e Pel Mort 1028, que passaram pelo Enxalé (1965/67).  O Abel Rei é o primero da primeira fila, do lado direito. Alguns camaradas nossos conhecidos (e membros ds Tabanca Grande): Henrique Matos (Pel Caç Nat 52), José António Viegas (Pel Caç Nat 54), Júlio Pereira (CÇAÇ 1439). O "Mafra" é a alcunha do Manuel Calhanda Leitão, também já convidado para integrar a Tabanca Grande: foi o organizador do último encontro do pessoal, este ano, em 18 de maio de 2019, na Ericeira... Em 2010, houve um encontro histórico, deste pessoal, o 19º Encontro, onde estiveram presentes, entre outros, o Henrique Matos, o Mário Beja Santos, o Jorge Rosales,o João Crisóstomo, o madeirense António Freitas (um dos quatro alferes da CCAÇ 1439),  o João Neto Vaz, o Luís Cunha, e outros.

Foto (e legenda): © Henrique Matos  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Abel de Jesus Carreira Rei,  ex-1º cabo, CART 1661 (1967/68), ou simplesmente Abel Rei, tem 15 referências no blogue, é amigo da página do Facebook da Tabanca Grande, é autor de um livro de memórias sobre a sua passagem na Guiné, já participou num dos nossos encontros nacionais,  o IV, em Ortigosa, Monte Real, Leiria, em 2009... mas, por lapso, ainda não consta da lista alfabética dos membros da Tabanca Grande.

Na altura, em 2009, foi apresentado, na Ortigosa, como "um dos nossos últimos piras (...), membro da Tabanca Grande". (*)

É mais do que justo reparar, agora,  esse imperdoável lapso. Ele passa a sentar-se, à sombra do nosso poilão, no lugar nº 792.(**)

Ainda recentemente o nosso colaborador permanente, Mário Beja Santos,  volta a fazer a recensão do livro do Abel de Jesus Carreira Rei, "Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968".( Prefácio do Ten Gen Júlio Faria de Oliveira): Edição de autor. 2002. 171 pp. (Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002). (***)


(...) "É mais do que merecido o reconhecimento a este diário de Abel Rei, escrito com tanta sinceridade, envolto em tanta ternura, um registo também da vida de uma unidade que palmilhou o Xime, Amedalai, Denbataco, foi ao Buruntoni e ao Poidom, espalhou-se pelo Enxalé, Missirá e Porto Gole. (...) Temos que ter orgulho neste diário, é o espelho de um homem de fé que vai regressar sereno à sua vida civil, sem traumas nem azedumes. Recomendo vivamente a sua leitura. (...).

Do lamentável lapso temos que pedir desculpas ao nosso camarada Abel Rei e aos  restantes membros da Tabanca Grande.

Já em tempos aqui o dissemos: o Abel Rei  teve, entre outros,  o mérito de pôr no mapa da guerra da Guiné o nome de Bissá, sobre o qual poucos de nós sabiam alguma coisa.   Foi em Bissá que o valente Abna Na Onça, capitão de 2ª linha, balanta, enocntrou a morte...

Um camarada nosso que conheceu bem a região de Porto Gole, Bissá e Enxalé, o Henrique Matos, 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (1966/68), também já aqui veio reconhecer que a manutenção de Bissá fora um erro, possivelmente pelo elevado custo, em vidas humanas, que terá acarretado, e pelas dificuldades de reabastecimento da sua guarnição.

2.  Algumas notas biográficas sobre o Abel Rei (que é o único representante da CART 1661, na nossa Tabanca Grande):

O Abel Rei nasceu em 30 de março de 1945, na freguesia de Maceira, concelho de Leiria. O pai era operário vidreiro. A família mudou-se para o concelho da Marinha Grande. O Abel começou a trabalhar bem cedo numa mercearia local, mal acabada a escola primária, aos dez anos. Aos quinze era serralheiro civil.

Mobilizado para a Guiné, serviu na CART 1661, que passou por Fá Mandinga, Enxalé, Bissá e Porto Gole. Partiu em 1 de Fevereiro de 1967 e regressou em 19 de Novembro de 1968.

A companhia teve três comandantes: Cap Mil Art Luís Vassalo [Namorado]  Rosa [1935-2018), Alf Mil Art Fernando António de Sá e Cap Art Manuel Jorge Dias de Sousa Figueiredo.

Depois da tropa, o Abel voltou a estudar, tendo completado o Curso Geral de Mecânica da Escola Industrial.

Citando o prefácio ao seu livro, "Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968,  da autoria .do ten gen ref Júlio Faria de Oliveira, presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, “ainda bem que o antigo combatente Abel Rei escreveu esta história verdadeira, a qual, em minha opinião, é extremamente interessante e duvido que aquela, que ele gostaria de ter escrito, fosse ainda melhor” (p. 17).

Em geral, são notas diárias, de um, dois ou três parágrafos, que o Abel Rei foi redigindo num caderninho que sempre o acompanhava. A primeira tem a data de 1/2/67 (partida do T/T Uíge, do cais da Rocha Conde de Óbidos) e a última data de 19/11/68 (regresso à Metrópole, também no mesmo navio).

Ao todo, são 178 registos diários, em pouco mais de 21 meses de comissão, mais de metade das quais (53,4%) correspondem aos quatro primeiros meses (de fevereiro a maio de 1967). De junho até ao final do ano, escreveu apenas, em média, 4 vezes por mês… No segundo ano (jan-nov 1968), o ritmo da escrita, certamente por cansaço, saturação ou quebra de disciplina, baixou ainda mais: um pouco mais de 3 registos por mês, embora mais extensos, ocupando 4 dezenas de páginas (de 126 a 166).

O Abel Rei tem página no Facebook.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de julho de  2009 > Guiné 63/74 - P4648: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (19): Os nossos escritores (Luís Graça)

12 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4815: Notas de leitura (14): As memórias do inferno de Abel Rei (Parte I) (Luís Graça)

14 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4820: Notas de leitura (15): As memórias do inferno de Abel Rei (Parte II) (Luís Graça)

24 de agosto de 2009 > Guiné 1963/74 - P4858: Notas de leitura (16): Memórias do inferno de Abel Rei (Parte III) (Luís Graça)


12 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5983: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (22): As voltas que o mundo dá, graças a um blogue que congrega uma diáspora de combatentes (Beja Santos)

30 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14547: Convívios (671): CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Portogole, 1965/67) + Pel Caç Nat 52 e 54... Caldas da Raínha, dia 9 de maio de 2015... Inscrições até este fim de semana... (Maria Helena Carvalho, filha do Pereira do Enxalé / Henrique Matos, ex-alf mil, cmdt, Pel Caç Nat 52, 1966/68)

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19853: Notas de leitura (1183): "Entre o Paraíso e o Inferno (De Fá a Bissá)", por Abel de Jesus Carreira Rei; edição de autor, 2002 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Maio de 2019:

Queridos amigos,
É mais do que merecido o reconhecimento a este diário de Abel Rei, escrito com tanta sinceridade, envolto em tanta ternura, um registo também da vida de uma unidade que palmilhou o Xime, Amedalai, Denbataco, foi ao Buruntoni e ao Poidom, espalhou-se pelo Enxalé, Missirá e Porto Gole.
A um tempo em que os comandos tomaram a decisão de tirar a sede da Companhia do Enxalé para Porto Gole, perdeu-se a ligação a Missirá, em meu entender um erro crasso, as forças hostis eram as mesmas, de Madina, Belel, a região de Sara-Sarauol, são registos serenos os que o Abel Rei nos deixa, é um homem em conformidade com os seus princípios e valores, chega a refletir sobre as consequências do álcool depois de uma borracheira e lembra como esse mesmo álcool devastou a sua vida familiar.
Temos que ter orgulho neste diário, é o espelho de um homem de fé que vai regressar sereno à sua vida civil, sem traumas nem azedumes. Recomendo vivamente a sua leitura.

Um abraço do
Mário


Faça-se justiça a um belo documento, o diário do camarada Abel Rei

Beja Santos

Aprende-se muito com a releitura de certas obras, no caso vertente do diário da Guiné “Entre o Paraíso e o Inferno (de Fá a Bissá)”, por Abel de Jesus Carreira Rei, confessa-se ter havido uma certa ligeireza na primeira apreciação. É um documento de valor excecional, pela sua simplicidade, pelas páginas tocantes que nos lega falando do correio, das patrulhas, das amizades, dos encontros festivos com gente patrícia ou aparentada, pela genuinidade das apresentações, regista as suas devoções, o que o confunde e deslumbra quando a natureza explode em uníssono, veja-se o que ele escreve em 24 de abril de 1968, um amanhecer em Porto Gole:
“Com sons de todas as distâncias, ouvem-se os mais variados cantares das aves. São cinco horas e vinte minutos da madrugada (do dia, é o melhor termo neste momento!). Há dez minutos que o dia começou a nascer: primeiro lento, sem pressa, como se preferisse não sair da escuridão, depois como a volúpia de um prazer, rápido, com a aclamação de toda a natureza à sua volta. Avista-se entre as árvores espesso nevoeiro, o mesmo que torna húmidas e frias, estas manhãs tropicais – confundindo a mata com o rio, que neste momento apresenta uma crista de areia no meio, a quatro ou cinco quilómetros de mim. Também à minha volta, vejo agora nitidamente os mosquitos, que durante estas duas horas de reforço, tomaram o pequeno-almoço do meu sangue.
Poucos minutos mais volvidos, e já está o dia nascido. O homem encarregado do motor-gerador, já o fez parar. Os abutres vieram até aos limites do rancho ‘fazer limpeza’, enquanto os porcos lá continuam a sua tarefa de demolir tudo com o focinho. Os galináceos limparam do chão os grãos de ‘bianda’ mais próximos; e os cães correm de um lado para o outro (sou obrigado, de vez em quando, a interromper-me, a sacudir os mosquitos da minha pele).
Primeiro poucas, e agora em mais quantidade, as mulheres nativas correm para a fonte – um poço que se encontra rodeado de uma pequena horta, tendo algumas árvores em volta: mangueiros; laranjeiras; e cajueiros – de onde levam água clara, com que se saciarão durante o dia. (Os indígenas, não utilizam filtros como nós para limpar a água; metem-na em bilhas de barro, e ela depois assenta). Com as bilhas cheias, elas já regressam. Na tabanca já se ouve, em ritmo cadenciado, o pilão a martelar na ‘bianda’.
Começa a soprar uma ligeira aragem.
O padeiro já começou a sua tarefa, e o cozinheiro também já remexe os caldeirões. E eu termino… Arma às costas, e deixo o meu posto de sentinela!”.

Em Bissá, andará a cavar, fica cheio de bolhas nas mãos, ele que diz no seu currículo que se iniciou a trabalhar com dez anos ao balcão de uma mercearia no centro da então vila da Marinha Grande, e aos quinze anos já exercia a profissão de serralheiro civil. É uma edição de autor de dezembro de 2002, estou aqui a fazer a confissão de que é obra de valor, um diário autêntico, daqueles que começam a pontuar dia após dia e depois esmorecem, há semanas e meses em branco. Embarca no navio Uíge, faz parte da CART 1661, um dos seus comandantes foi um arquiteto de fama, já falecido, Luís Vassalo Rosa, de Bissau segue para Fá, espera ansiosamente notícias da família, descobre o mundo tropical, a África desconhecida, diz singelamente que acaba de apreciar uma grande plantação de bananeiras, era a primeira vez. Não há perda de tempo, vai-se até ao Xime, descreve-se a tabanca, encontra-se gente de terras próximas. Do Xime vai-se até Enxalé, daqui viaja até Mato de Cão que ele designa por local bastante propício a emboscadas do inimigo, terão ido montar segurança a embarcações militares ou civis. Do Enxalé segue para Porto Gole, dá-se por feliz quando regressa a Fá, é sol de pouca dura, regressa-se ao Xime, encontrou conhecidos dos Pousos de Leiria e de Burinhosa em Alcobaça, é uma operação ao Poidom, estreia-se nos tiros, volta para Fá e regressa ao Xime para uma operação ao Burontoni, capturou-se armamento, deu apoio ao seu colega Saraiva, dos Moinhos de Carvide, que vinha completamente abatido. O cansaço começa a pesar, surgem alguns problemas de saúde, segue novamente para Porto Gole, operações, atribuem funções de vagomestre, em abril de 1967 regista um dia trágico, morreram sete africanos para as bandas de Bissá. “Eu confesso: apesar de estar cá há pouco tempo, vieram-me as lágrimas aos olhos. Tinha morrido um capitão de 2.ª linha, mais seis homens nativos, todos pertencentes à Polícia Administrativa e todos eles com as famílias em Porto Gole. Morria o Capitão Abna Na Onça, corajoso e respeitado pelos negros e brancos”.

Gosta de Porto Gole mas trabalha que se farta. Quando tem saudades, vai para a beira-rio, apreciar a paisagem, ver as mulheres a apanhar uma espécie de caranguejos no lodo. E em maio começa o pequeno inferno de Bissá, um outro local inóspito, entre Mansoa e Porto Gole, destacamento de pouca dura, Spínola pôr-lhe-á termo. Falta água, as colunas de reabastecimento são um suplício, volta por um tempo a Porto Gole, as funções de vagomestre são de imensa responsabilidade. E regressa a Bissá em setembro, o quartel está numa lástima, as flagelações sucedem-se, a tensão é permanente. Nesse mesmo mês de setembro rebenta uma mina anticarro, em consequência quatro mortos e treze feridos graves. Estabelece boas amizades com a gente do Pelotão de Caçadores Nativos n.º 54. O correio é cada vez mais espaçado, sente-se fisicamente em baixo, volta a Porto Gole e ao Enxalé, visita Bafatá, não lhe descobriu interesse. O ano passou e em fevereiro de 1968 passa férias em Bissau, regista um ataque de foguetões à Base Aérea de Bissalanca, volta a Porto Gole em março, anota que as coisas correm mal em Bissá, há cada vez mais emboscadas. Gosta de confirmar dados consultando a história da CART 1661. Spínola visita Porto Gole no início de junho, as coisas estão cada vez pior em Bissá. Em novembro, a sua Companhia é rendida, são colocados no quartel dos Adidos em Bissau, viaja novamente no Uíge para Lisboa. Impossível não registar o que ele escreve quando se despede de nós a bordo do navio Uíge na manhã de 20 de novembro de 1968:
“A minha missão não foi das mais árduas; outros houve que sofreram muito mais. Para esses, irá decerto o carinho de todos quantos nos rodearam através das escassas notícias referidas além-mar. Nada paga tão imensa alegria, de podermos regressar ao lar, e esquecermos tantas e tantas horas que passámos sem dormir, atentos ao inimigo, e depois de o termos aguentado, acarinharmos os nossos camaradas feridos ou chorarmos os mortos. A estes últimos: os heróis desconhecidos desta guerra, aqueles que mais ninguém recordará, a não ser os pais, irmãos, esposas e filhos, a estes, a minha modesta homenagem que se resume a desejar-lhes Eterno Descanso. Irmãos de meses difíceis desta tropa, a minha lembrança por vocês perdurará em mim eternamente, pois eu podia ter sido um de vós!”.

Julgo ter reposto justiça pondo no pódio este magnífico diário do camarada Abel Rei.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19844: Notas de leitura (1182): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (8) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19831: Álbum fotográfico de João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) - Parte IV: a vida em Porto Gole


Foto nº D1

 Foto nº D1A


Foto nº D2

Foto nº D3


Foto nº D4


Foto nº D5


Foto nº D6


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Enxalé > 1965 > CCAÇ 1439 > Aspetos da vida do destacamento de Porto Gole.


A CCAÇ 1439, unidade de quadrícula, com sede no Enxalé,  teve como unidade mobilizadora o BII 19 (Funchal), partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga.  Tinha dos destacamentos: Missirá e Porto Gole.

O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires, já falecido. Alferes (milicianos): Freitas (Funchal, Madeira), Crisóstomo (Torres Vedras, hoje a viver em Nova Iorque), Sousa (Vila Nova de Famalicão), Zagalo (Lisboa, ator de teatro, já falecido).

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

João e Vilma


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico de João Crisóstomo (*):

(i) Camarada da diáspora, a viver nos EUA desde 1975, onde teve como principal profissão ser mordomo em casas da elite de Nova Iorque;

(ii) ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67);

(/iii) casado com a a eslovena Vilma; destacado ativista social luso-americano (de causas célebres como As Gravuras de Foz Coa, Memória de Aristides Sousa Mendes, e Timor Leste);

(iv) tem cerca de 80 referências no nosso blogue;

(v) o casal veio expressaente, de Nova Iorque, ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, que se realizou em Monte Real, em 25 de maio; veio também ao encontro da CCAÇ 1439, e subunidades adidas, que passaram pelo Enxalé: Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52, Pela Caç Nat 54]; regressa esta semana a casa...


Legendas do autor:

 As fotos D1 e D2 foram tiradas durante a visita da Presidente do Movimento Nacional Feminino (era pessoa importante , mas eu já não me lembro o nome) [a Cilinha, Cecília Supico Pinto, de seu nome completo, Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (Lisboa, 1921 — Cascais,  2011); tem mais de 20 referências no nosso blogue].

Na foto nº D1, era o meu pelotão que estava aí destacado na altura, mas nesse dia vieram o nosso capitão Pires, com o alferes Zagalo, trazendo também o furriel Octavio,  de viaturas e manutenção; de óculos é alferes médico do batalhão de Bafatá, cujo nome me não lembro.
 
Na foto nº D2 aparece o famoso régulo Abna na Onça e o capelão da Batalhão. Ao fundo da foto pode-se ver o "Posto” de Porto Gole e ao lado as “instalações”, uns pilares com telhado de zinco,  que serviam de cozinha etc; ao lado deste ficava um pequeno edifício que era a “padaria”. 

Menciono isto porque me lembro que o nosso camarada Henrique Matos ( a 4 de Janeiro de 2011, P 7552) parece estar enganado sobre esta foto, atribuindo-a pertencendo a Enxalé. Esta é sem dúvida em Porto Gole. Havia uma outra semelhante em Enxalé, mas se me não engano o edifício era bem maior.

As fotos nºs D3, D4 e D5 são de “momentos"  no Geba:  na 3: eu e o "João Padeiro” do Bombarral ( alguém sabe dele? dizem que emigrou, mas é tudo o que sei) na jangada de "pesca e recreio"… mas nunca pescamos nada… 

Na foto D4, oi  barco de abastecimento da casa Gouveia, no momento de descarga, espera a maré cheia… E na foto nº D5: a nossa mais “sofisticada” embarcação; lembro-me de a ter usado varias vezes, mas já nao me lembro se pertencia mesmo a Porto Gole... 

Foto nº D6: atravessia no Rio Geba Estreito, em canoa, em Bambadinca.

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19813: Álbum fotográfico de João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) - Parte III: a vida em Missirá

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19517: In Memoriam (340): Até sempre, 'comandante' Jorge Rosales (1939-2019)


Cascais > Alcabideche > Cabreiro > Restaurante A Camponesa > 24 de Novembro de 2011 > Almoço de convívio da Tabanca da Linha >  O régulo e o almoxarife Jorge Rosales  que tratava da "bianda da Tabanca da Linha"... Era ele que tinha a rede de contactos... E sobre a bianda lá na Guiné, contou.nos o seguinte, no nosso blogue:

"Na minha memória,recordo-me que uma vez o barco não entregou farinha e fermento, e aí é que foi um problema, porque faltava o casqueiro!!! Fomos buscar ao Geba  pequenas pedras, que serviram para acompanhar o molho.

"Este grupo tinha o Alface, sargento do quadro, que com o seu "saber" safava-nos sempre nos dias mais dificeis, Aí aprendi, ou refinei, o espirito de equipe, que resolve tudo"


Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Carreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Um momento de grande camaradagem, captado pela câmara do Manuel Resende: o alfabravo entre o Jorge Rosales e o Armando Pires, dois homens de afetos.

Sobre o Jorge, escreveu o Armando (****):

"Já não sei pela mão de quem, fui ao almoço da Tabanca da Linha. Conhecia uns dois ou três dos presentes e os outros foram-me sendo apresentados.Já estávamos dos digestivos, iam-se misturando as histórias do passado, quando um decidiu incluir-me como actor de uma bravata por ele imaginada.

Senti necessidade de sair por ser mais forte o meu respeito por todos. Foi quando a tua mão forte pousou suavemente no meu ombro, e na tua voz serena me disseste, 'tem calma, Armando, a malta aqui da Linha conhece o gajo, é um inventor, ninguém acredita nas coisas que o gajo conta'...

O teu gesto, Jorge, tornou-se marca indelével de ti. A um grande Homem bastam pequenas coisas para o tornar admirado, respeitado. À admiração e ao respeito fui somando a amizade que te ganhei. Gosto de ouvir quando ao telefone me dizes: 'Armando, sabes quem fala? É o Jorge, o Rosales, estás bom Armando?'

E sinto até o vazio dos anos, tantos anos, que tardei em te conhecer. Ainda bem que te conheci, Jorge. Hoje fazes anos. Leva um profundo abraço meu. É o melhor de mim que tenho para te dar."



Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Da esquerda para a direita, a Gisela (a única camarada presente), o Luís Graça (editor do nosso blogue), o "comandante" Jorge Rosales (, "régulo" da Tabanca da Linha) e Miguel Pessoa (, herói da FAP, que a FAP nunca reconheceu...)

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


27.º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Cascais > Carcavelos > Junqueiro > Hotel Riviera > 22 de setembro de 2016 > Quatro dos 'magníficos': da esquerda para a direita, Juvenal Amado, Jorge Rosales, Armando Pires e Mário Fitas.

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Leiria > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > O Jorge Rosales, régulo da Tabanca da Linha, ainda do tempo do caqui amarelo (1964/66) e a Giselda Pessoa, a primeira mulher a quem começámos a tratar, por direito próprio, como camarada, na sua qualidade de enfermeira paraquedista no TO da Guiné (1972/74).

Foto: © Manuel Resende (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Magnífica Tabanca da Linha > Cascais > Carcavelos> Hotel Riviera > 21/1/2016 >  Almoço-convívio > .Os manos Rosales, Jorge e José. Foto rara...

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Monte Real > XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 5 de maio de 2018 >  Dois veteranos... da Guiné e dos nossos encontros: o Virgímio Briote e o Jorge Rosales... (Infelizmente, o último encontro da Tabanca para o Jorge!)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. O Jorge Rosales nunca foi um hiomem de escritas. Era um homem da fala e dos afetos.  E um líder nato, um organizador, um agregador... Sem ele, nunca a Tabanca da Linha teria provavelmemte nascido e crescido... E foi, na juventude, um grande desportista... Começou nos Salesianos (que estão no Estoril desde 1931).

Recordo-me da primeira vez que o "conheci",  ao telefone. Ligou-me na tarde dia 9 de junho de 2009, há cerca de 10 anos atrás...

- Sou o Jorge Rosales,  tenho  69 anos de idade ,  vivo  no Monte Estoril / Cascais, e estive em Porto Gole, e 1964 a 1966. (*)

Fiquei a saber que falava ao telefone com o Henrique Matos,  o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52, que  esteve a seguir a ele em Porto Gole, entre 1966 e 1968. Falei-lhe do Abel Rei (1967/68), que era mais novo, e que ele naturalmente não conhecia...

O seu objectivo era, muito simplesmente, o de poder ainda inscrever-se , a tempo, no  IV Encontro Nacuional da Tabanca Grande,  em Ortigosa. Naturalmente que eu assegurei automaticamente a sua presença. Foi  o nosso participante nº 96. 

Soube também que ele era o pai da Doutora Marta [Vilar] Rosales, mnha colega (ISCTE e FCSH/UNL), douorada em antropologia (2007), investigadora do ICS- Instituto de Ciências Sociais.  De resto, o Jorge falava dos filhos sempre com um brilhozinho nos olhos. Além da Marta, tinha o Tiago, bancário. E era um homem que se preocupava com a saúde da saúde da sua esposa.

Pude fazer então uma primeira apresentação do nosso novo camarada,  que me disse ter muitas fotografias do seu tempo de comissão de serviço na Guiné e que as iria  levar consigo, para o IV Encontro (***).

(i)  o Jorge era muito amigo do mítico capitão de 2ª linha, o Abna Na Onça, chefe espiritual, poderoso, da comunidade balanta da região, a quem o PAIGC havia cometido o erro fatal de “matar duas mulheres e roubar centenas de cabeças de gado”;

(ii)  o prestígio, a  influência e e o carisma do Abna Na Onça eram tão grandes que ele sabia tudo o que se passava numa vasta região que ia de Mansoa a Bambadinca (nomeadamente, importantes informações militares, como a passagem de homens e armas do PAIGC);

(iii) jovem (teria 72/73 anos se fosse vivo, em 2009), era um homem imponente, nos seus 120 kg. 

(iv) Schulz tinha-lhe oferecido um relógio de ouro e uma G3 como reconhecimento pelos seus brilhantes serviços;

(v) mais tarde, seria morto, em Bissá, em 15/4/67, com seis dos seus polícias administrativos, todos eles residentes em Porto Gole;

O Jorge Rosales, em  agosto de 1964, em Porto Gole,
com o seu guarda-costas bijagó.
(vi) nesse dia o destacamento de Bissá foi abandonado pelas NT: “ um dia trágico para quem estava no inferno de Bissá, como escreveu o Abel Rei no seu diário. 'Entre o paraíso e o inferno: de Fá a Bissá. Memórias da Guiné', 1967/68, editado em 2002, pp. 68/70);

O Jorge Rosales pertencia à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim (Havia mais duas companhias de caçadores indígeas, uma Bedanda e outra em Nova Lamego, acrescenta ele). 

Ficou lá pouco tempo, em Farim, tavez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. Tinha um guarda-costas bijagó. Parte dos soldados eram balantas. 

Em Porto Gole possuíam apenas 1 morteiro (60) e 1 bazuca. A farda ainda era a  amarela. Ficou 18 meses em Porto Gole. Craque de futebol, ia a Bambadinca jogar à bola com os de Fá. Foi uma vez a Bafatá, apanhar o NordAtlas. Lembra-se da piscina.


Guiné > Região de Bafatá > Destacamento de Porto Gole > 1964 > À esquerda da foto o soldado Alfredo Ramos, algarvio, segurando a macaquinha  “Gabriela” enquanto o allf mil Jorge Rosales prova o rancho. O Ramos foi colega de infância do Estorninho, e ficou com uma dívida de gratidão ao alferes Rosales (**).

Foto (e legenda): © Arménio Estorninho (2010).. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Enquanto lá esteve, em Porto Gole, havia um certo respeito mútuo, de parte a parte, entre as NT e o PAIGC, disse-me o Rosales. A influência de Cabral era evidente, fazendo a distinção entre o povo (português) e o regime (colonialista). A nossa malta podia deslocar-se num raio de 10 km…. Mas a ligação com Mansoa já se perdera. O troço já não era seguro. Em Mansoa estavam os respeitados Águias Negras (o BART 645), que dominavam o triângulo do Óio: Olossato, Bissorâ e Mansabá .

Do lado do Geba, eram os fuzileiros que impunham a lei e a ordem. Lançavam uma bóia e fundeavam a LDG em frente a Porto Gole. Vinha quase tudo por rio: os frescos, a bianda, os cunhetes de munições… (excepto o correio, que era lançado do ar, de DO 27, e às vezes ir cair no tarrafo; em contrapartida, o correio expedido ia de LDG... Enfim, singuralidades de Porto Gole que não tinha uma simples pista de terra batida, para as aeronaves). 

Tem vários amigos fuzos, desse tempo, incluindo o comandante Castanho Pais.

Do outro lado, a nascente,  estava a CCAÇ 556, no Enxalé… Também conhece dois furrieís do Enxalé, de quem se tornou amigo. Também passou por Fá. E no final da comissão, esteve em Bolama, por onde passavam os periquitos… Conviveu com algumas companhias que, da ilha de  Bolama, partiam para operações no continente…


Guiné > Região do Oio > Porto Gole > Novembro de 1965 >  "Com o o meu amigo Alfero"...



Guiné > Bissau > Novembro de 1965 > O Jorge Rosales junto ao Palácio do Governador... "Foto tirada pelo infeliz alferes Madonado".


Guiné > Bissau > Praça do Império > Novembro de 1965 > O Jorge Rosales mais o Maldonado, junto ao monumento "Ao Esforço da Raça" ... "O alf mil Maldonado, meu camarada desde Mafra e meu substitulo em Porto Gole, (...) faleceu em março de 1966, em consequência do rebentamento de uma morteirada IN que o atingiu em cheio, no aquartelamento de Porto Gole". De seu nome completo, António Aníbal Maia de  Carvalho Maldonado, morreu  no dia  4/3/1966. Natural da Sé Nova, Coimbra, foi inumado no cemitério da Conchada.

Fotos (e legendas): © Jorge Rosales (2010).. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (***)



No seu tempo (Março de 1966), morreu em Porto Gole o alf mil António Maldonado, que o veio substituir. O Maldonado, de Coimbra, estava em Bolama. Era alf mil da 1ª CCAÇ / BCAÇ 697. Eram amigos, tinham estado em Mafra. Tinham combinado revezar-se ao fim de um ano. O Maldonado vinha para Porto Gole e o Jorge ia para Bolama… No meio disto, há um coronel que vem dificultar o acordo de cavalheiros. Enfim, uma história que é preciso contar com tempo e vagar.

O Maldonado é morto num ataque violentíssimo a Porto Gole, depois de as NT terem feito um ronco nas áreas controladas pelo PAIGC… Ferido, aguardou em vão o heli que só podia vir de manhã. A mãe do Jorge foi ao enterro, em Coimbra. O cadáver foi rapidamente trasladado, contrariamente ao que acontecia na época. Esta morte de um camarada e amigo abalou-o.

Relativamente ao nosso IV Encontro Nacional, o Jorge estava entusiasmadíssimo com a ideia de poder encontrar malta de Bambadinca, Xime, Enxalé, Porto Gole, Fá... Queixava-se de estar isolado, de não ter ninguém do seu tempo, até pelo facto de ter ido, para o CTIG,  em rendição individual.

Isto passa-se em 2009, com ele já reformado de uma dessas empresas que faziam o reabastecimento de combustível aos aviões, no aeroporto de Lisboa. Alguma malta da TAP e da ANA deviam (re)conhecê-lo. Falei-lhe do Humberto Reis, do José Brás, do Alberto Branquinho, do Mário Fitas… Mas no aeroporto há milhares de pessoas a atrabalhar. Tem uma segunda habitação, no Couço, Coruche, sítio onde se refugiava quando podia.

Disse.me na altura que ainda acalentava a esperança  de voltar, à Guiné, com mais malta do seu tempo… Queria fazer parte do nosso blogue, que estava a  acompanha diariamente.

Tanto quanto sabemos morreu sem nunca poder realizar esse sonho, o de voltar à Guiné.

PS - Nunca escondeu de ninguém o seu orgulho de ter sido um antigo salesiano do Estoril. Tinha página no Facebook, aqui. Muitos tabanqueiros prestaram-lhe a última homenagem, em palavras simceras e sentidas. Não nos é possível reproduzí-las todas. Destaco o que escreveram o Manuel Resende e Manuel Joaquim. E recuperamos aqui um belíssimo texto do Zé Manel Dinis, de 2013.


2. Depoimentos:


Caros Magníficos,certamente todos estamos tristes pela partida do nosso amigo, camarada e comandante Jorge Rosales para uma viagem sem regresso. Não o veremos mais fisicamente por isso há que o recordar com as nossas festas, festas-convívio em que ele esteve sempre presente, com excepção do nº 20, altura em que foi operado ao aneurisma e problemas na coluna. Faço-lhe esta pequena homenagem com uma foto de cada convívio e estão numeradas de 1 a 39, correspondendo ao respectivo convívio

(2) Manuel Joaquim

Morreste-me, caro Jorge! De ti me despeço, querido amigo, profundamente chocado e dolorosamente emocionado pela tua partida.  E é já na saudade dos belos momentos de fraterno convívio que passámos juntos que relembro esse teu sorriso franco de que eu gostava tanto, sorriso algo tímido mas bem iluminado pelo brilho especial do teu olhar.

Pensando bem, para mim ainda vives e irás acompanhar-me no que resta do meu caminho, meu querido camarada da Guiné. E depois ... lá nos encontraremos no Absoluto do espaço e do tempo.
Até qualquer dia, Jorge!


Para os teus entes queridos vai a minha profunda solidariedade na dor.

(3) José Manuel Matos Dinis, em 7/10/2013,  na altura secretário da Magnífica da Tabanca da Linha (até 2016)

"O dia de aniversário do Rosales" (****)

 Don Rosales encantou-se pelo pré-cosmopolitismo da região entre Cascais e Estoril. Mas os laços só consolidaram, quando conheceu uma senhora de uma família tradicional de Cascais, por quem se apaixonou, e foi correspondido. Casaram, e decorridos pelo menos os meses que a natureza impõe, nasceu um robusto rapaz, a que se seguiu uma menina e outro rapazola. O primogénito foi rodeado de mimos, e veio ao mundo com seis quilos, setecentas e oitenta e cinco gramas, segundo dados oficiais da família. Chamaram-lhe Jorge, um nome distinto e com apetências imperiais.


Don Rosales assistia ao desenvolvimento do puto com indisfarçável orgulho, e cogitava, se houvesse mais uma dúzia daqueles matulões, garantia-se a si próprio, Portugal nunca se teria separado da Galiza.

Aos dez anos o meu pai deu-me um passe metálico, com fotografia, onde se colocava um bilhete semanal, e mandou-me estudar para os Salesianos do Estoril, a ESSA. Na minha turma andava um rapazito, também Zé, e de apelido Rosales. Tinha um irmão mais velho, que andava lá para os últimos anos do liceu, vestia-se à adulto, com casaco, levava uns cadernos debaixo do braço que lhe conferiam ar intelectual, e batia-me alarvemente, alegando que eu fazia macaquices ao irmão benjamim. Depois já não alegava nada, batia-me, porque sim. Jurei vingar-me.

Mais tarde, quando eu andava pelos dezassete ou dezoito aninhos, o meu clube de putos, o CAC, mas com grande aura na região, foi treinar algumas vezes contra o Estoril-Praia, clube mais ou menos referenciável em ambientes luminosos e dragonianos, fundado por um grupo de que se destacava um primo meu. Lá andava outra vez o Rosales, o tipo assanhado que eu, ainda lingrinhas, tinha que evitar no meio do campo. Por isso jogava a extremo-direito.

Havia dois defesas na equipe da Amoreira que, alternadamente, me calhavam em sorte, o Coropos, e mais escassamente, porque era direito, o Virgílio. Eram dois bulldozers, e a minha equipa fazia um futebol geométrico de grande efeito prático: antes de recebermos a chicha, já tínhamos que saber a quem a endossar. Era lindo, ver os canarinhos em corridas desenfreadas de um lado para o outro. No meio do campo amarelo, o alferes promovido a capitão levava as mãos à cabeça e clamava por calma.

Felizmente para eles, os jogos-treino não tinham espectadores, ou seriam varridos com saraivadas de pedras, sempre abundantes no topo norte. A vingança consumar-se-ia muito mais tarde, no Blogue do Luis Graça, onde voltei a encontrar a imponente figura, mas mais lento de movimentos, sem as fintas com jogo de cintura, e até umas artroses que lhe tolhem os lançamentos em profundidade.

Por isso aproveito esta magnífica ocasião gentil e solidariamente concedida pelo Boss, para vos dar conta do que o aniversariante tem ocultado de personalidade litigante.

Para não faltar à verdade, ainda acrescento que o dito Rosales foi campeão nacional de ténis de mesa, que se transferiu para a Académica, onde esteve quase a triunfar, se o Dr. Rocha tivesse mudado de ares, e posteriormente optou por ir defender a Pátria, e escolheu Porto Gole como destino de privilégio. Assessorado pelo Alface, distinguiu-se com virilidade e distinção. Também manteve relações próximas com o chefe local Abna Onsa, temido e fiel à NT, com quem consertava táticas e acções.

A vocação imperial que lhe estava destinada, tem-na praticado com visíveis resultados, em tascas, bares, e outros estabelecimentos de bebidas. Às vezes aparece em minha casa, sempre a dar ordens disfarçadas de perguntas gentis, do género Ó Zé, tens cá algum vinho bonzinho?

Com o óbvio desejo de lhe tornar a vida num castigo, daqui lhe apresento os parabéns, e o desejo longa vida.

JD [ José Manuel Matos Dinis, ex-fur mil, CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça

(**) Vd. poste de 23 de outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7165: Estórias do meu amigo de infância Alfredo Ramos, ex-Sold Condutor Auto da CCAÇ 556 (Guiné, 1963/65) (Arménio Estorninho)

(***) Vd. postes de:

30 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6501: Álbum fotográfico de Jorge Rosales, ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ, Porto Gole, 1964/66 - I (Jorge Rosales)

1 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6511: Álbum fotográfico de Jorge Rosales, ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ, Porto Gole, 1964/66 - II (Jorge Rosales)

(****) Vd. poste de 7 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12123: Parabéns a você (634): Bom dia, comandante Jorge Rosales!... Um feliz e magnífico dia de aniversário! (José Manuel Matos Dinis, Armando Pires, Beja Santos, Hélder Sousa, Luís Graça)

(*****) Último poste da série  > 19 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19508: In Memoriam (339): Jorge Rosales (1939-2019): morreu esta manhã o comandante, o cofundador e o régulo da Magnífica Tabanca da Linha... Velório na igreja de Stº António do Estoril, e funeral na sexta-feira, 21, às 14h30.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19508: In Memoriam (339): Jorge Rosales (1939-2019): morreu esta manhã o comandante, o cofundador e o régulo da Magnífica Tabanca da Linha... Velório na igreja de Stº António do Estoril, e funeral na sexta-feira, 21, às 14h30.



Jorge Rosales (1939-2019)

Foto de Manuel Resende (2017)
 
1. Acabamos de saber da triste notícia: morreu o nosso camarada, amigo, grã-tabanqueiro e régulo da Magnífica Tabanca da Linha, o Jorge Rosales... Completaria os 80 anos no próximo dia 7 de outubro de 2019.

Prestamos aqui a nossa homenagem ao Jorge,
relembrando uns versinhos que em tempos o nosso editor Luís Graça lhe fez, em 2013, por ocasião do seu 74º aniversário natalício.

Somos solidários na dor, por esta enorme perda, da sua esposa, dos seus filhos Marta e Tiago, da demais família, e dos amigos e camaradas da Magnífica Tabanca de Matosinhos, que ele ajudou a fundar e a crescer e que tanto acarinhou em vida.

O corpo do Jorge Rosales ficará em Câmara Ardente a partir das 17h30 da próxima quinta-feira, na Igreja de Santo António do Estoril. O funeral realiza-se na sexta-feira, com Missa de Corpo Presente, às 14h30, seguindo o féretro para o crematório de Alcabideche.


Guiné > Arquipélagos dos Bijagós > Ilha das Cabras, julho de 1966...


O "comandante" Jorge Rosales, como a gente carinhosamente o tratava, o régulo da Magnífica Tabanca da Linha, um homem amável e afável, amigo do seu amigo... Aqui, na foto, já no final da sua comissão, depois de ter passado 18 meses em Porto Gole, 1964/66... Alferes miliciano, pertenceu à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim. (Havia mais duas, uma Bedanda, a 4ª, CCAÇ, e outra em Nova Lamego, a 3ª CCAÇ).

Ficou lá pouco tempo, em Farim, talvez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. Tinha um guarda-costas bijagó. Ficou lá 18 meses. Passou os últimos tempos, em Bolama, no CIM - Centro de Instrução Militar, a dar recruta a soldados africanos. Era membro da nossa Tabanca Grande desde 9/6/2009.

 

Guiné > Região do Óio > Porto Gole > 1º Companhia de Caçadores Indígenas (1964/66) > O Abna Na Onça e o Jorge Rosales


Guiné > Região do Óio > Porto Gole > 1º Companhia de Caçadores Indígenas (1964/66)> 

O alf mil Jorge Rosales e o 1º srgt Arlindo Verdugo Alface, junto ao monumento comemorativo da chegada do explorador português Diogo Gomes em 1456.

Fotos (e legendas): © Jorge Rosales (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



2. Homenagem a um grã-tabanqueiro,
régulo da Magnífica Tabanca da Linha,
antecipando o almoço-convívio,
no dia 17 de outubro de 2013,
na Adega Camponesa,
em Cabreiro, Alcabideche, Cascais:


Foi craque de futebol
E do pinguepongue campeão,
Desterrado em Porto Gole,
Tudo por mor da Nação.

É de galega linhagem,
Na Linha nado e criado,
É-lhe devida homenagem
Por ter sido bravo soldado.

Comandante só há um
Na Magnífica Tabanca:
Rosales, e mais nenhum,
Que ainda salta e pouco manca.

Estudou nos Salesianos,
Foi herói de capa e espada,
Faz setenta e quatro anos,
É um bom pai e camarada.

É o melhor pai do mundo,
Diz a Marta, no Brasil.
Tenho-lhe um amor profundo,
Diz o Tiago, no Estoril.

É um camarada porreiro,
Dizemos todos em coro,
É nosso grã-tabanqueiro,
É amigo que vale ouro.

Que este dia se repita,
Por muitos e bons aninhos,
Saúde, sorte e guita,
São os votos dos velhinhos.

Tu, periquito, vai no mato
Que o Rosales segue para Bolama,
Da guerra já ele está farto,
Só quer uísque e uma boa cama.

Adeus, meu povo balanta,
Adeus, caqui amarelo,
Nunca sede tive tanta,
Só queria uísque com gelo.

Água do Couço sabe bem,
Na Adega da Camponesa,
Aparece lá também,
Oh! bajuda, oh! beleza.

Se o bom irã me ajudar,
E me der anos p'ra viver,
...Ao Geba quero voltar,
E Porto Gole rever!

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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de fevereiro de  2019 > Guiné 61/74 - P19460: In Memoriam (338): José Arruda (1949-2019): fotos da última homenagem no cemitério dos Olivais, com Honras Militares prestadas por um Pelotão do Exército, e Alas de Cortesia, compostas por praças dos três Ramos das Forças Armadas (José Martins)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19504: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (10): Porto Gole: homenagem aos portugueses que aqui chegaram antes de nós, há mais de 5 séculos e meio...


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 2A  > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019 [Antiga  Casa do Chefe do Posto, que fazia do parte do aquartelamento, conjuntamente com o celeiro]


Foto nº 3A > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 14 de fevereiro de 2019

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2019) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amaigo e camarada Patrício Ribeiro, empresário (Impar Lda), que vive entre Águeda e Bissau, e que tem vindo a fotografar os restos dos cacos do nosso império na pátria de Amílcar Cabral:

[Patrício Ribeiro é um português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. passado, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]

De: IMPAR Lda energia
Enviado: 14 de fevereiro de 2019 08:01
 Assunto: Portogol (fotos)

Bom dia, desde Bissau

Não sei se estes, quando aqui chegaram no ano de 1456, também tiraram uma foto.

Ao que parece chegaram um pouco antes de nós.

Para os outros que por aqui andaram, envio fotos com o cheiro do capim e da lama.

Como este meu texto é curto, cortem a palha e cubram o resto da casa, com os vossos comentários.

PS - A pedra do monumento [, inaugurado em 1946, no âmbito do 'V Centenário do Descobrimento da Guiné', sendo governador-geral Sarmento Rodrigues]  é boa para afiar catanas.

Abraço
Patrício Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guine Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
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Nota dos editores:

Último poste da série > 1 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18886: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (9): Bolama e a Fonte Nova de São João (1945)