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domingo, 23 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2675: As novas emoções daquela terra vermelha, Fevereiro/Março de 2008 (Paulo Santiago) (1): Este ano foi uma festa, fui um felizardo

Guiné- Bissau > Região de Tombali > Contabane > Sinchã Sambel > 3 Março de 2008 > "Eu, o Pedro Lauret com o régulo Suleimane Baldé, régulo de Contabane, e outros habitantes da tabanca"


Guiné-Bissau > Bissau > Eu e o coronel Paulo Malu.

Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palce > 3 de Março de 2008 > Abertura do Simpósio,tendo ao meu lado esquerdo, o jornalista do Correio da Manhã, José Carlos Marques; à direita, um dos
ex-militares de Guiledje, o Sérgio Sousa; à minha frente, pelado como eu, o cubano Ulisses Estrada.

Conversando com a senhora Isabel Buscardini, Ministra dos Antigos Combatentes da Liberdade da Pátria, que nos acompanho na visita ao sul da Guiné-Bissau.

Fotos: © Paulo Santiago (2006). Direitos reservados.


1. Mensagem do Paulo Santiago (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), que voltà Guiné, em Fevereiro e Março de 2008, tendo partiicpado no Simpósio Internacionald e Guiledje (1 a 7 de Março de 2008):


Luís, Briote e Vinhal

Ainda ando a digerir a viagem à Guiné. Contrariamente,ao acontecido em 2005 (1), este ano foi mais soft,não fui em romagem àquela GMC, transformada em túmulo (2). O ex-quartel, agora estalagem, no Saltinho com o Memorial da CCAÇ 2406, já não mexeu com o meu saco lacrimal. Mas, há sempre novas emoções naquela terra.

Há três anos conheci alguns antigos guerrilheiros,estive no quartel de Bambadinca, convivi com militares, nunca escondendo a minha condição de ex-combatente, nunca tendo sido hostilizado, sempre recebido com prazer e cordialidade. O meu filho,meu único acompanhante, português, ficou também apanhado por aquelas gentes e aquela terra vermelha.

Este ano foi diferente. Este ano era oficial, era único. Ex-combatentes Portugueses, Guineenses e Cubanos, que há quarenta anos,nas matas e tarrafos,lutavam em campos opostos,encontrarem-se em Bissau,em Guiledje, em Jemberem, na presença da Ministra dos Antigos Combatentes, Senhora Isabel Buscardini, foi uma Festa. Foi um grande Ronco. E, nas tabancas, não eram só ex-guerrilheiros, também lá estavam ex-milícias e ex-militares que combateram ao nosso lado.

No porto de Canamine, estava o Régulo da zona, ex-fuzileiro do Destacamento 22 e em Cacine ouvimos, grande lucidez, um antigo militar de uma Bateria de Artilharia, mobilizado para Angola, regressado à Guiné em 74 e escolhido pelas autoridades Portuguesas, no fim das hostilidades, para servir de elo de ligação entre aquelas e o PAIGC. Na altura, dizia-nos na presença de
militares guineenses, a sua situação ficou algo complicada, hoje está perfeitamente integrado, lamentando apenas nunca ter recebido qualquer compensação de Portugal.

No regresso a Bissau, 2ª feira, dia 3 de Março, parei em Sinchã Sambel, já lá parara no sábado, mas não encontrara o Régulo de Contabane, Suleimane Baldé, meu amigo e meu ex-Cabo no Pel Caç Nat 53. Mais uma festa. No Domingo telefonara para o Cor Carlos Clemente, em Lisboa, dizendo "o Santiago já cá passou ontem, volta a passar amanhã, vocês da [CCAÇ] 2701 é que nunca mais cá voltam"...

O bom do Suleimane queria dar-me uma cabra, tive de argumentar que não podia trazer o animal para Bissau, então queria matá-la e esfolá-la para a meter-mos no jipe, desculpei-me com o tempo que era escasso para chegar-mos a Bissau à abertura do Simpósio.

O Pedro Lauret, meu acompanhante no jipe, encontrara,entretanto,dois civis, agora residentes em Sinchã Sambel,e em 73, milícias em Guiledje. Tinham sido transportados para Cacine no Orion naqueles dias tumultuosos [, sendo o Pedro Lauret o imediato do navio].

Por falar no jipe, mais um agradecimento a um amigo. Na 6ª feira, no Aeroporto, o Pepito quando lhe perguntei qual era o meu transporte para Guiledje, informou-me que já não havia lugar nos carros, pensava que eu ía no carro que me transportara desde Portugal. Acontece que os amigos de Coimbra com quem fora, não iam ao Simpósio, estava apeado. Valeu-me o Sado Baldé, grande amigo, que me disse de imediato "levas o meu jipe e vou arranjar-te um condutor"... O condutor foi um jovem, o Papé, mandinga, filho do Cor do EMGFA, Braima Sanhá, que conheci depois em Bissau, muito culto,e antigo comandante na Frente Sul. Foi um condutor excelente, o Papé, para mim e para o Pedro.

Voltando a Sinchã Sambel, lá me despedi do Suleimane,dizendo-lhe,se tivesse oportunidade, voltaria na 5ªfeira para levar a cabra. Arrancámos com destino a Bissau. Logo à frente,ao passarmos ao lado da estalagem do Saltinho, fazem-nos sinal para parar. Era o Xico Allen, o Pimentel e o João Rocha que estavam bebendo uns copos com uns militares. Um destes, Major, comandante do Sector de Contabane, balanta, exprimia-se com grande fluência, parecendo ter nascido e vivido em Portugal, e, como bom balanta, bebia bem. Diz-me a mim e ao Pedro chamar-se Alfama.
- Sabes porque tenho este nome ? Quando era puto,em Tite, o Fabião,Capitão naquele tempo,levou-me para o quartel,e como morava em Alfama deu-me esse nome. Ainda hoje, depois dos anos da guerrilha, considero que foi o meu pai.

Já atrasados seguimos para Bissau sem mais paragens.

À tarde foi a Abertura Oficial do Simpósio no Bissau Palace, onde não gostei da postura do Embaixador de Portugal.Parece que na audiência concedida pelo Presidente Nino,o mesmo senhor, não teve comportamento adequado [para com os seus compatriotas].

Gostei do que ouvi e aprendi nas intervenções e nos debates. Foi uma semana vivida intensamente.

Tive tempo para falar com o Paulo Malu (2), mas é conversa para outra altura. Não precisei de ficar num hotel em Bissau, fiquei em casa do meu irmão mais negro, Domingos Pereira, meu colega da Escola Agrícola, director de produção da Cicer, [a fábrica de cerveja] que reabre em Maio. Sou um felizardo.

Abraço

Paulo Santiago
________

Notas de L.G.

(1) Sobre a viagem do Paulo e do João Santiago, em 2005, vd. posts de:

26 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P914: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (1): Bissau

29 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P923: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (2): Bambadinca

30 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P926: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (3): Saltinho e Contabane

5 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P938: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (4): branco com coração negro no Rio Corubal

12 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P955: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (5): O pesadelo da terrível emboscada de 17 de Abril de 1972

13 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P957: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (6): De volta ao Saltinho, Bambadinca e Bissau

20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P975: As emoções de um regresso (Paulo Santiago, Pel Caç Nat 53) (7): ainda as trágicas recordações do dia 17 de Abril de 1972

2) Paulo Malú, hoje coronel, e quadro superior das alfândegas, em Bissau; em 1972, era o comandante ou chefe do bigrupo que emboscou, no Quirafo, forças da CART 3490 (Saltinho, 1972/74), causando mais de duas dezenas de mortos e um prisioneiro (o nosso António da Silva Batista, só libertado em depois do 25 de Abril de 1974)

Vd. poste de 12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago).

Sobre a tragédia do Quirafo, vd. também os seguintes postes de:

17 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1962: Blogoterapia (25): Os Quirafos do nosso Passado (Torcato Mendonça / Virgínio Briote)

21 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1980: Blogoterapia (26): Os nossos fantasmas, os nossos Quirafos (Virgínio Briote / Torcato Mendonça/Luís Graça)

23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P980: A tragédia do Quirafo (Parte I): o capitão-proveta Lourenço (Paulo Santiago)

25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P986: A tragédia do Quirafo (Parte II): a ida premonitória à foz do Rio Cantoro (Paulo Santiago)

26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago

15 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1077: A tragédia do Quirafo (Parte V): eles comem tudo! (Paulo Santiago)

terça-feira, 11 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2625: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (4): Na Ponte Balana, com Malan Biai, da RTP África



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana > 1 de Março de 2008 > Caravana do Simpósio Internacional de Guileje... Imaginem quem é que eu deveria encontrar aqui ? O operador de câmara da RDP África, Malam Biai... Nascido em 1965, em Bambadinca, de etnia mandinga, diz que é primo do J.C. Mussá Biai, natural do Xime e membro da nossa Tabanca Grande... Quando puto, ia ao quartel de Bambadinca, à cata dos restos de comida do pessoal da tropa... Lembra-se bem dos militares da CCAÇ 12, unidade de intervenção que esteve em Bambadinca (Sector L1, Zona Leste), entre 1969 e 1973; dos dois ataques do PAIGC ao aquartelamento; da professora Violete (que dava aulas aos putos da 4ª classe) (1); dos fuzilamentos a seguir à Independência (assistiu, aliás, à execução pública de um agente da polícia administrativa de Bambadinca)... Confirmou-me, de resto, a notícia do fuzilamento, na região do Xime, do Abibo Jau, o gigante da CCAÇ 12, e do tenente ou capitão Jamanca, que conheci na 1ª Companhia de Comandos Africanos, e foi depois comandante da CCAÇ 21 (o que vem ao encontro do relato já aqui feito pelo Mussá Biai) (2)...Diz-me, além, disso que o antigo 1º Cabo da CCAÇ 12, o José Carlos Suleimane Baldé, meu guarda-costas, intérprete, guia, cozinheiro, secretário, está vivo, em Amedalai, perto do Xime... Gostaria de o rever...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana > 1 de Março de 2008 > O Coronel Coutinho e Lima, que irá ser o herói do dia em Guileje, faculta-me informação adicional sobre a situação operacional na zona de Gandembel/Balana, entre 1968 e 1973, ano em que comandava o COP5... Na realidade, a ordem para a fixação da CCAÇ 2317, a que pertencia o nosso camarada Idálio Reis, em Gandembel e Balana, não é do Spínola, mas do seu antecessor, em Abril de 1968... E como eu gostaria que o Idálio pudesse estar aqui hoje!


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Rio Balana, visto da ponte > Uma cena quase idílica, e que nos remete ao tempo da guerra colonial: lavadeiras à beira-rio... Era aqui que os homens de Gandembel se vinham abastecer de água e tomar o seu banho (3)... Na época das chuvas, o caudal do rio é seguramente maior...
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana, ou Ponte sobre o Rio Balana, afluente do Rio Cumbijã (?)... No tempo da CCAÇ 2381 (Abril de 1968/Janeiro de 1971), um grupo de combate defendia heroicamente esta ponte, vital para o reabastecimento das nossas tropas... A ponte, outrora destruída pelo PAIGC, foi depois reconstruída pela Engenharia Militar... Do lado esquerdo, há uma pequena elevação do terreno...Foi aí que as NT edificaram um fortim, hoje completamente em ruínas. O pessoal de Gandembel vinha aqui abastecer-se de água...


Do outro lado da estrada alguém vai construir uma casa... Continuam a usar-se os materiais tradicionais, o barro, para fazer o tijolo, seco ao sol...
Não sei quantos anos têm estas travessas de madeira do tabuleiro da Ponte sobre o Rio Balana, na Estrada Quebo-Gandembel... Mas não irão durar muito mais... O desgaste provocado pela travessia de veículos automóveis é já evidente...
Em primeiro plano, o editor do blogue, tendo à esquerda um dos elementos da escolta policial da Ministra dos Combatentes da Liberdade da Pátria e à direita o escritor Oscar Oramas, embaixador de Cuba em Conacri, antes e depois da morte de Amílcar Cabral.

Uma cena insólita na Ponte Balana... Não é um batalhão, é apenas um magote de fotógrafos e jornalistas tentando ouvir, da boca do editor do blogue, a história da Ponte Balana e dos seus valentes defensores, entre Abril de 1968 e Janeiro de 1969...
O editor do blogue, em cima da ponte de madeira, fazendo um resumo histórico da Ponte Balana, perante as câmaras da RTP - África e outros órgãos de comunicação social, tais como a televisão comunitária do Bairro do Quelélé, TV Klélé... Na imagem, à direita, de óculos escuros, pode ver-se o Califa Soares Cassamá, jornalista, correspondente da RDP-África em Bissau, que ouço, de vez em quando, ao sintonizar de manhã aquela estação radiofónica, a falar com o Guilherme Galiano... Como o mundo é pequeno e a Guiné-Bissau uma tabanca grande: o Califa é primo do meu amigo e aluno de mestrado, o Lázaro Cassamá, médico, filho de um conhecido comandante do PAIGC em Morés, no tempo da luta de libertação...
O pessoal que veio do Porto (juntamente com os de Coimbra) juntou-se a nós em Ponte Balana, a caminho de Guileje... Na foto, a Alice, de costas, do lado esquerdo; o Paulo Santiago, ao centro, e o Álvaro Basto, à direita. Estão alojados em João Landim, a 30 km ao norte de Bissau...

Os nossos queridos amigos e camaradas da Tabanca Grande: Da esquerda para a direita, o Zé Teixeira; o Paulo Santiago, ao meio; o Álvaro Sousa, de costas, à direita. Em primeiro plano, a Alice, a esposa do editor do blogue...

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Ponte Balana / Gandembel > 1 de Março de 2008 > Uma planta chamada matchundadi di branco [ou pila de branco] na expressão bem humorada dos fulas da região (4)...

Fotos, vídeos e texto: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados


Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (4):

Vd. postes anteriores desta série:

9 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2621: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (3): Pequeno-almoço no Saltinho, a caminho do Cantanhez


Sábado, dia 1 de Março de 2008. Partimos hoje de manhã, de Bissau, por volta das 7h30. Seguimos a estrada que vai para leste, ao longo da margem direita do Rio Geba, passando por Nhacra e Bambadinca, flectindo aqui para sul, no sentido do Xitole... Chegamos ao Saltinho às 9h20, sem qualquer paragem anterior. No Clube de Caça do Saltinho fizemos a primeira paragem técnica, para tomar o pequeno-almoço, ou o segundo pequeno-almoço, que isto de andar de jipe em África faz fome e sede...

Às 10h15 a caravana - onde se inclui a Ministra dos Combatentes da Liberdade da Pátria, senhora Isabel Buscardini e uma escolta policial - arranca para a próxima paragem em Ponta Balana, perto de Gandembel, por volta das 11h00. Na realidade, chegamos lá just in time, em menos de três quartos de hora. Até agora apanhámos estrada alcatroada, sem curvas...
 
Saltinho, rápidos do Saltinho, Mampata, Contabane (reordenamento do tempo do Paulo Santiago, quando era comandante do Pel Caç Nat 53), Sare Amadi, Quebo (a Aldeia Formosa do nosso tempo, formosa pelas suas bajudas futa-fulas e sagrada pela presença do Cherno Rachid, alto dignatário do Islão em África) (5), Mampatá, Chamarra (estas três localidades, bem conhecidas do nosso Zé Teixeira, quando ele era 1º cabo enfermeiro da CCAÇ 2381, 1968/70)...

A partir de Quebo, o alcatrão foi desaparecendo e entramos em estrada de terra batida... Começa a maldita poeira e aparecem os primeiros buracões, obrigando as máquinas, os pilotos e os passageiros a prodigíos de equilíbrio... No jipe, conduzido pelo Antero, motorista, balanta, da AD, vou eu, a Alice, o Nuno Rubim e a esposa. O coronel vai à frente. Durante o percurso não tiro fotografias. Observamos a paisagem e pomos a conversa em dia. O Nuno e a esposa, que é natural da Guiné, aonde não vinha há trinta e tal anos, formam um casal de cinco estrelas e são uns óptimos parceiros de aventura.

Ponte Balana... Aqui estiveram os homens-toupeiras, os homens de nervos de aço da CCAÇ 2317 (6). Aqui e em Gandembel. Menos de nove meses, de Abril de 1968 a Janeiro de 1969. O tempo suficiente para apanharem com quase três centenas e meia de ataques e flagelações. Por aqui passaram muitas colunas logísticas, vindas de Aldeia Formosa ... Aqui houve muitos combates, feridos e mortos, entre as forças do PAIGG, as nossas tropas especiais e as unidades de quadrícula de Guileje, Quebo, Gandembel... Aqui um dia uma GMC carregada de bidões foi parar ao rio (7)... Falamos da petite histoire da História com H grande... É preciso escrever as duas... É urgente que os próprios guineense conheçam a sua história recente... Um povo sem história é um povo acéfalo, sem memória, sem identidade, sem raízes...

_________

Notas de L.G.:

(1) Vd. poste de 11 de Janeiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2431: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (15): Oficial e cavalheiro em Bambadinca, às ordens de Dona Violete

(2) Vd. poste de 12 de Maio de 2006 >
Guiné 63/74 - DCCXLIX: O fuzilamento do Abibo Jau e do Jamanca em Madina Colhido (J.C. Mussá Biai)

(3) Vd. poste de 3 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2326: O Hino de Gandembel e a iconografia do soldado atormentado pelo desassossego (Idálio Reis)

(4) Vd. poste de 22 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P895: 'Matchundadi di branco' e o sentido de humor da nossa caserna

(5) Sobre o famoso dignatário religioso Cherno Rachid, da Aldeia Formosa (ou Quebo), vd. postes de:
4 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1815: Álbum das Glórias (14): o 4º Pelotão da CCAÇ 14 em Aldeia Formosa e em Cuntima (António Bartolomeu)
18 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCX: O Cherno Rachid da Aldeia Formosa (Antero Santos, CCAÇ 3566 e CCAÇ 18)
16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXVIII: Um conto de Natal (Artur Augusto Silva, 1962)
15 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LVII: O Cherno Rachid, de Aldeia Formosa (aliás, Quebo) (Luís Graça).

(6) Vd. postes de:
16 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1530: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (1): Aclimatização: Bissau, Olossato e Mansabá