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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14701: (Ex)citações (275): Hospitalidade, brejeirice e ... instinto de sobrevivência das mulheres e bajudas fulas de Nhala, na receção aos "periquitos", em 29/4/1973 (António Murta, ex-alf mil inf MA, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)



Vídeo (1' 02'' ). Alojado em You Tube > ADBissau
(Cortesia do nosso saudoso Pepito, 1949-2014. Gravação feita em Gadamael Porto, em setembro de 2013, cinco meses antes de morrer)



Vídeo (0' 44'' ). Alojado em You Tube > ADBissau 

(Cortesia do nosso saudoso Pepito, 1949-2014. Gravação feita em Gadamael Porto, em setembro de 2013, cinco meses antes de morrer)


1. Excerto do poste P14691 (*), da autoria do nosso camarada António Murta, ex-alf mil inf MA, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) [foto à esquerda]

(...) À chegada da coluna a Nhala, e ainda antes de termos descido das viaturas, num ápice, formou-se uma pequena multidão vinda da tabanca, sobretudo mulheres e crianças, que nos receberam com palmas, cânticos, enfim..., se não em apoteose, pelo menos com grande euforia.

Fiquei entre contente e surpreso, a achar tudo um bocado exagerado. Seria sempre assim? Não foi preciso passarem muitos dias para ter uma explicação, plausível, para aquele acolhimento tão efusivo.

E cantavam acompanhando com palmas:

Periquito vai pró mato / Ó lé, lé, lé!, Velhice vai no Bissau / Ó lé-lé – lé-lé!. 

Esta cantilena, soube depois, era conhecida em quase todo o território da Guiné (**). E eram-lhe acrescentados outros versos, que só aprendi mais tarde, muito brejeiros e, pareceu-me, ao sabor da inspiração do momento:

"Mulher grande cá tem cabaço, / Ó lé, lé, lé! / Bajuda tem manga dele / Ó lé-lé – lé-lé"
"Mulher grande cá tem catota, / Ó lé, lé, lé! / Bajuda tem manga dela / Ó lé-lé – lé-lé"


E voltavam ao princípio com o Periquito vai pró mato, etc. etc. (...)

A população de Nhala é Fula. Os adultos parecem muito indiferentes em relação a nós, ou mesmo frios. Dependem muito da tropa, mas estão fartos de tropa. As mulheres e as bajudas atravessam o aquartelamento para se deslocarem à fonte que fica a pequena distância, num baixio. Está sempre alguém a passar para um lado e para o outro com bacias à cabeça e com a roupa que nos lavam. (...)

As bajudas, algumas bonitas, e toda a criançada são uma simpatia. É contagiante a alegria delas e um bálsamo para a nossa saúde mental. Ainda assim, como já disse, os “velhinhos” de Nhala parece que já não beneficiam desse bálsamo. Aproveitando as recomendações deles, vamos escolhendo as nossas lavadeiras. A oferta é grande, de modo que se fazem “contratações” despreocupadamente.

E em matéria de sexo, como é? Já em Bolama aprendemos que há lavadeiras “que lavam tudo” por pouco mais que a mensalidade da roupa lavada. «Desiludam-se!». As fulas são muito reservadas e pouco permissivas.

Contam-nos um caso ou outro de envolvimento com militares, mas excepcionais e por questões de afecto. A tropa em geral vai brincando, mais ou menos inocentemente, com as bajudas mais velhitas, mas sem consequências nem gravidade. De vez em quando, por ocasião da entrega da roupa lavada aos soldados, lá vem uma delas fazer queixa:
- Alfero, o soldado Manel do teu pelotão apalpou minha mama!

E eu perguntava:
- Ai, sim? E não lhe deste uma estalada?

E estava o caso resolvido. (...) (***)

2. Comentário do editor LG:

A propósito da conferência “Filhos da guerra”, no âmbito do Festival Rotas & Rituais (Lisboa, Cinema São Jorge, 22 de maio de 2015), tomei nota no meu canhenho:

 “Temos dificuldade em abordar em público este problema, o das nossas relações com as mulheres guineenses no tempo da guerra colonial. Pior ainda, num público feminino ( e senão mesmo feminista), português e africano, ou de origem africana… Somos, os homens, facilmente “suspeitos de cumplicidade” uns com os outros… Os homens são todos iguais, em toda a parte, defendem-se uns aos outros, dizem elas…

"A intervenção, longa e incisiva,  do Jorge Cabral, em tempo de debate, acabou por provocar algum sururu na sala. Disse ele, em síntese:

- Defenderei até à morte a honra do soldiado português na Guiné. Nós não eramos  nenhum emprenhadores compulsivos. Mais: atrevo-me a dizer que 80% a 90% dos soldados portugueses na Guiné não tiveram quaisquer relações sexuais com mulheres africanos… E se querem falar de prostituição organizada (que no meu tempo praticamente se restringia a Bissau e, em pequena escala, a Bafatá), pois tenho a dizer que é muito maior hoje, só na capital da Guiné-Bissau, do que no meu tempo"…
__________

Notas do editor:


segunda-feira, 27 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14533: Ser solidário (181): Orquestra Geração nos Dias da Música, CCB, Lisboa, 26 de abril, 18h... Um projeto pedagógico inovador que é uma prática social exemplar: "aprendendo música para tocar vidas"















Fotos (e vídeo): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados

1. Ontem, por ocasião de mais uma edição de Dias da Música, no CCB - Centro Cultural de Belém, em Lisboa (este ano sob o tema "Luzes, Cãmara, Música")  tive a grata experiência de ver a atuação da Orquestra Geração de Sopros... Fiz fotos e gravei um pequeno vídeo que quero compartilhar com os leitores do nosso blogue...

Estes putos (e que os ensina  e apoia) merecem as nossas palmas... A Orquestra Geração é um projeto que merece ser conhecido, divulgado e acarinhado. "Aprendendo música para tocar vidas. Projecto pedagógico que já é considerado uma das melhores práticas sociais europeias"...  É um projeto de inclusão social das crianças e jovens de bairros social e economicamente mais desfavorecidos e problemáticos.

Eles estão no Facebook e têm uma página na Net. A responsabilidade pedagógica da Escola de Música do Conservatório Nacional, e contam com o apoio de diversas autarquias e outras entidades.


2. Aqui fica um excerto de um texto sobre o historial do projeto Orqiuestra Geração e seus objetivos:


(...) No início do ano letivo de 2007/2008, fruto de uma conversa entre o Dr. Jorge Miranda (Câmara Municipal da Amadora) e o Dr. António Wagner Diniz, presidente do Conselho de Gestão do Conservatório Nacional, tomou-se a decisão de acrescentar ao projeto Geração já implantado no bairro da Boba (Concelho da Amadora), uma orquestra que aplicasse em Portugal o Sistema de Orquestras Infantis e Juvenis da Venezuela.

Este sistema visa essencialmente dar um apoio social a crianças e jovens oriundos de bairros ditos difíceis, onde impera a marginalidade e o tecido familiar é muito frágil, e tem como objetivo, através da prática intensiva de orquestra (trabalho de conjunto por excelência), integrar as crianças ou jovens na sociedade, aumentando-lhes a autoestima e o respeito pelo outro, de forma a se atingir um desenvolvimento harmonioso da sua personalidade e combater o absentismo escolar, a saída para a marginalidade, enfim a desnaturação da personalidade do ente intervencionado.

O projeto Orquestra Geração tem revestido em Portugal um papel igualmente importante na aproximação e motivação das famílias dos alunos, no sentido de se integrarem progressivamente nas atividades da orquestra, contribuindo para o alargamento do espectro de ação do mesmo, motivando e responsabilizando todo o agregado familiar na obtenção dos resultados por nós idealizados.

Do Casal da Boba, mais especificamente da Orquestra Geração estabelecida no agrupamento de escolas Miguel Torga, o projeto alargou-se ao concelho de Vila Franca de Xira, nomeadamente ao agrupamento de escolas da Vialonga ainda em 2007/2008 e no mês de Novembro de 2008 no bairro da Mira também no concelho da Amadora (projeto que terminou no ano letivo de 2009/2010).

Posteriormente, com a entrada através do POR LISBOA de outras autarquias, o projeto Orquestras Juvenis-Orquestra Geração passou a abarcar mais as seguintes escolas: Mário de Sá Carneiro em Camarate, Bartolomeu Dias em Sacavém, da Apelação, todas no concelho de Loures, Alto do Moinho (Zambujal) e Pedro D’Orey da Cunha (Damaia e Cova da Moura), ambas no Concelho da Amadora, Amélia Vieira Luis (Carnaxide-Portela) no concelho de Oeiras, Mestre Domingos Saraiva (Algueirão-Mem Martins) em Sintra e Escola da Boa Água (Quinta do Conde em Sesimbra).

No ano letivo 2010/2011 aderiu ao projeto o Município de Lisboa, com duas escolas, nomeadamente na Ajuda – Alexandre Herculano e na Boavista – Escola Arquiteto Ribeiro Telles. Também neste ano letivo teve início os projetos no norte do país, em Mirandela e Amarante, financiados pela Fundação EDP, com Murça a partir de 2011/2012. Ainda em 2011/2012 iniciou-se igualmente o projeto em Coimbra da responsabilidade do Conservatório local.

O desenvolvimento do projeto assentou em dois vetores fundamentais - a formação de formadores aptos a aplicar a metodologia venezuelana do El Sistema e o encontrar parceiros financeiros que garantissem a continuidade do projeto.

Tendo as orquestras Geração a sua origem no projeto Geração do bairro da Boba na Amadora, foram inicialmente financiadas pelo programa EQUAL, pela Câmara da Amadora e pela Fundação Gulbenkian, cabendo ao Conservatório Nacional a responsabilidade pedagógica e administrativa. Posteriormente outras entidades privadas foram-se associando, tais como a fundação EDP, que patrocinou parte da aquisição dos instrumentos para o núcleo da Boba.

Findo o período de intervenção do EQUAL foram a Câmara da Amadora e fundações Gulbenkian e EDP os apoiantes do primeiro núcleo, nomeadamente na Escola Miguel Torga. Como anteriormente referido, o POR Lisboa veio enquadrar os outros núcleos entretanto formados, à exceção das três escolas de Trás-os-Montes, patrocinadas na totalidade pela Fundação EDP.

A Fundação PT, em conjunto com o Município de Loures e o Ministério da Administração Interna, desde 2009/2010, apoia as escolas de Sacavém e Camarate no âmbito do Contrato Local de Segurança; os bancos Barclays e BNParisParibas no presente ano letivo de 2012/2013 apoiam projetos específicos transversais a todas as escolas do projeto e ainda a TAP.

De salientar o fato de, desde o ano letivo de 2009/2010, o Ministério da Educação assegurar a contratação de todos os professores da zona metropolitana de Lisboa e de Coimbra, englobando um número aproximado de 80 docentes.

(...) Objetivos:

- Promover a inclusão social das crianças e jovens de bairros social e economicamente mais desfavorecidos e problemáticos;

- Combater o abandono e o insucesso escolar;

- Promover o trabalho de grupo, a disciplina e a responsabilidade para uma melhor cidadania;

- Promover a autoestima das crianças e das suas famílias;

- Aproximar os pais do processo educativo dos filhos;

- Contribuir para a construção de projetos de vida dos mais novos;

- Promover o acesso a uma formação musical que seria impossível para a maioria das crianças e jovens que vivem em contextos de exclusão social e urbana. (...)


Texto de António Wagner Diniz (Excertos) [Reproduzido com a devida vénia...]

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14451: Ser solidário (180): No passado dia 28 de Março de 2015 tomaram posse os membros do Lions Clube da Lusofonia que se propõe apoiar os imigrantes dos países lusófonos residentes no Concelho de Matosinhos (Jaime Machado)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14450: Os nossos seres, saberes e lazeres (85): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte III) (Luís Graça)


Berlim, Postsdamer Platz, 27 de março de 2015.  Por aqui passava o muro da vergonha (de todos nós, europeus, do oeste e do leste)... Completamente destruída na II Guerra Mundial, a praça Potsdam é hoje um dos símbolos feéricos da fénix renascida que é a cidade de Berlim...  Aqui se ergue também o famoso Sony Centre"...

Vídeo (0' 34'') alojado em You Tube > Luís Graça













Berlim, 27 de março de 2015 > Potsdamer Platz > A "arquitetura BMW" (*)...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados

1. Legenda para o vídeo: na natureza nada se desperdiça, tudo se transforma... A gralha cinzenta (corvus cornix, se não erro) aproveita o nosso "lixo" para fazer o seu ninho... Há de continuar  a aproveitar os nossos restos mortais quando o IV Reich dos mil anos desaparecer, e com ele a nossa civilização e a nossa espécie...

O "homo sapiens sapiens" foi demasiado bem sucedido, ao longo de muitos milhares de anos, mas o sucesso tem um preço... Não soube respeitar as outras espécies, o planeta terra que o hospeda e sobretudo os outros indivíduos da sua espécie... O nosso modelo de desenvolvimento é insustentável... Temos horror ao vazio, em lugar das enormes crateras deixadas pelas bombas da II Guerra Mundial, os berlinenses construiram  templos de aço e vidro dedicados aos deuses do capital, do mercado e do consumo... Mesmo assim, têm 16 mil hectares de espaços verdes, jardins e parques... E corvos, muitos corvos...Mas o urso, já desaparecido,  é que é a mascote da cidade...

Na nossa cultura, o corvo está associado ao terror e à morte... Em Lisboa, é o símbolo e o padroeiro da cidade, mas eu é raro ver corvos pela minha cidade do Tejo e das sete colinas... Diz a lenda que o corpo do São Vicente, martirizado pelos romanos no séc. IV, foi resgatado dos mouros e  chegou a Lisboa, vindo do Algarve (, do Cabo de São Vicente), no séc. XII, de barco,  acompanhado  por dois corvos... Pobre corvo, indevidamente instrumentalizado  na luta entre duas civilizações e duas religiões monoteístas...


2. Berlim, cidade aberta, 
fénix renascida...
A Alemanha não é Berlim,
ou Berlim não é a Alemanha,
diz-me um luso-alemão,
filho de mãe teutónica e de pai tuga,
que o amor não escolhe nacionalidades...
"Berlim é a civilização,
o resto são as tribos germânicas"...
O turista, o estúpido em férias,
não se apercebe das diferenças...
Afinal, a Alemanha não é monolítica...
O que faz o secreto encanto de Berlim ?
Quem são os berlinenses ?
Os filhos do Kaiser?
Os filhos do Adolf Hitler ?
Os filhos do Walter Ulbricht ?
Os filhos do Willy Brandt ?
Os filhos da Angela Merkhel ?
São filhos do desejo de liberdade, justiça e paz...
Afinal, somos todos filhos, menores. de um deus maior. (**)

Berlim, 23 de março de 2015
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Notas do editor:

quarta-feira, 4 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14322: Ser solidário (179): "Bambadinca Sta Claro", projeto-piloto na Guiné-Bissau, de uma central híbrida fotovoltaica, leva luz a 8 mil habitantes de Bambadinca. Documentário produzido pela ONG TESE e entrevista da Antena 1 a Sara Dourado



(Reproduzido com a devida vénia...)


1. De acordo com notícia da página da TESE - Associação para o Desenvolvimento,  a Delegação da União Europeia junto da República da Guiné-Bissau e a ONG TESE Sem Fronteiras  inauguraram hoje, dia 4 de março, pelas 09h00, em Bambadinca, o Serviço Comunitário de Energia de Bambadinca (SCEB).

Estava prevista participação do Primeiro-Ministro e de outros membros do Governo da Guiné-Bissau, bem como do Embaixador da União Europeia em Bissau e do Comissário da CEDEAO para Energia e Minas.

"A entrada em serviço do SCEB permitirá aos 8 mil habitantes de Bambadinca ultrapassar os constrangimentos no acesso à electricidade, beneficiando de um abastecimento permanente de energia renovável, garantido por uma inovadora central fotovoltaica híbrida de 312 kW de potência.

"Este é o resultado do programa 'Bambadinca Sta Claro', financiado pela União Europeia, pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e pela Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, com o apoio da Direcção-Geral de Energia.

"O projecto foi desenvolvido e executado pela TESE Sem Fronteiras e pelos seus parceiros, a Associação Comunitária de Desenvolvimento de Bambadinca (ACDB), a ONG guineense DIVUTEC e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

"O SCEB será gerido pela ACDB, que garantirá o fornecimento de electricidade a um preço acessível, assim como um modelo de gestão sustentável, com vista à sua replicação futura noutras localidades da Guiné-Bissau e da sub-região."

Programa da inauguração (Disponível aqui)





2. Programa da  Antena 1 > Portugueses no Mundo > 4 de março de 2015 > Sara Dourado, Bambadinca, Região de Bafatá, Guiné-Bissau > Ficheiro áudio, 7' 22''


"Com um clique e faz-se luz por Bambadinca!", relata Sara Dourado, uma "portuguesa no mundo", em entrevista à Antena 1, a "minha rádio". Por ela fico a saber do trabalho da ONGD TESE e do projeto-piloto, na Guiné-Bissau, de uma central híbrida fotovoltaica  em vias de ser inaugurada, e e pssar a fornecer eletricidade a 6 ou 8 mil pessoas, em Bambadinca...

Hoje, de manhã, na 2ª circular, a caminho do trabalho, ouvi deliciado esta entrevista com esta portuguesa que se deixou encontar pela gente boa de Bambadinca (de maioria mandinga e fula, com núcleos balantas)... Oito mil habitantes, quatro ou cinco vezes mais do que há 45 anos, no meu tempo!

É trabalho de seis anos, se bem percebi, trabalho de gente solidária, muito jovem e qualificada, para quem vão as nossas palmas!... Hoje gostava de estar em Bambadinca para ser testemunha da felicidade dos seus habitantes!... Mesmo não falando, a maior parte,  em português (, o que é pena!),  é uma  delícia ouvi-los em crioulo e ler a felicidade estampada no seu rosto!... Não é preciso muito para os seres humanos serem felizes, na Guiné-Bissau... Basta que sejam donos do seu destino e possam participar na resolução de problemas e na tomada de decisão, relevantes para a melhoria das suas vidas !... Vou querer saber mais sobre o trabalho desta ONGD TESE - Sem Fronteiras... (LG)

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14261: Fotos à procura de... uma legenda (52): a boeira, de Candoz, também conhecida por alvéola ou lavandisca, noutros sítios (Luís Graça)




Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 14 de fevereiro de 2015  >

Boeira é o nome desta ave, aqui na região. Estamos no limite da Região de Entre Douro e Minho, com o rio Douro (barragem do Carrapatelo) ao fundo e as serras da Aboboreira e Montemuro ao fundo...  As boeiras são assim chamadas por estarem aasociadas aos bois de trabalho... Quando se lavrava, com o arado puxado por uma junta de bois, a boeira aparecia imediatamente para apanhar, da terra revolvida, os insetos com que se alimenta... As boieiras tal como outras aves residem por aqui, fazem aqui os seus ninhos...  A fauna aqui é diversificada, e inclui javalis... Ainda não tempos a nossa pobre cadalela caiu numa armadilha de apo montada para o javali... Não inclui a boeira numa poema que há tempos escrevo sobre as aves da Tabanca de Candoz... Não sou onitólogo, mas reparo hoje essa injustiça, o meu pecado de omissão (*)...

Foto: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados



You Tube > Nhabijões >  Vídeo  (1' 35'') de Luís Graça (2015)

O trator e as boeiras... Antigamente as boieiras seguiam os bois que puxavam o arado... Daí o seu nome... Hoje associam o trator ao seu alimento preferido: os insetos que vivem debaizo da terra... Basta revolver a terra e estrumá-la, para que a boieira venha logo tomar o seu lugar à mesa da mãe natureza... 


Alvéola >  Com a devida vénia, da Wikipédia em português

(...) Motacilla lugens


Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Passeridae
Motacillidae
Subfamília: Motacillinae
Género: Motacilla
Espécies (...)

As alvéolas são aves passeriformes, classificadas no género Motacilla da sub-família Motacillinae. O grupo inclui onze espécies com distribuição no Velho Mundo.

Este pássaro também conhecido como Labandeira, Lavadeira, Lavandisca, Lavandeira, Alveliço, Avoeira, Boieira e Pastorinha. (**)

As alvéolas são aves de pequeno porte, com um comprimento que ronda os 19,5 centímetros. de constituição delgada. O bico é alongado e fino, próprio para uma alimentação à base de insectos. A cauda longa é agitada de um lado para o outro quando a alvéola está em repouso. As patas são relativamente longas e terminam em dedos com garras compridas. A plumagem é geralmente branca, negra e/ou cinzenta, mas algumas espécies podem ser mais coloridas, apresentando tons de amarelo. As cores do macho e da fêmea são muito parecidas entre si, sendo que no entanto a cor cinzenta do dorso da fêmea geralmente penetra pelo preto da coroa.

A época de acasalamento desta espécie ocorre no fim do Inverno. A fêmea constrói um ninho em qualquer concavidade, seja um buraco de um muro, as raízes de uma árvore, a cavidade de um tronco de árvore, um local abrigado de um telhado. A postura ronda geralmente cinco a seis ovos que são incubados pela fêmea por cerca de duas semanas. Os juvenis saem do ninho duas ou três semanas depois, geralmente já durante a Primavera.

As Labandeiras do Norte da Europa migram no Inverno para zonas do continente africano e para o sul do continente Europeu. A alvéola-branca-britânica é uma subespécie. O macho surge com o dorso preto. Parecidos com a alvéola-branca são a alvéola-cinzenta (Motacilla cinerea) de peito amarelo, cauda negra e dorso cinzento e a alvéola-amarela que tem as regiões inferiores de cor amarela e o dorso esverdeado.

Este pássaro encontra-se espalhado por quase todo o mundo com particular destaque para a Europa, Ásia e África. Surge em Portugal na Beira Baixa, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alentejo e Algarve, no arquipélago da Madeira e em todas as ilhas dos Açores.

Pode ser avistada em campos abertos, prados, margens fluviais e lacustres e no caso das ilhas surge frequentemente à beira-mar, com mais frequência no Verão enquanto no Inverno tem tendência a se deslocar mais para as Serras. (...)


________________



(...) Não sei se as aves do paraíso
são felizes.
Mas em Candoz poderiam sê-lo.
Não há aves do paraíso em Candoz
porque Candoz fica no hemisfério norte,
longe dos trópicos e longe do paraíso
(se é que ele existe).
Dizem que as aves do paraíso
são as criaturas mais lindas do mundo.
Em Candoz, há outras aves, outros pássaros,
daqueles que rasgam os céus
e nidificam na terra:
não há perdizes,
ou, se existem, são poucas e loucas;
mas há verdes pombos bravos dos pinhais,
e rolas, de outras paragens,
alegres pintassilgos,
ruidosos pardais do telhado,
andorinhas, cada vez mais,
no vaivem das suas viagens,
mas também toutinegras, popas, verdilhões.
Há coros de rouxinóis,
outras aves canoras e canastrões,
melros de bico amarelo
que fazem seus ninhos nas ramagens
das videiras do vinho verde.
Não há guarda-rios, de azuis e rubras plumagens,
à cota trezentos,
com o rio Douro ao fundo do vale,
a serra de Montemuro em frente.
Eça de Queiroz,
meu vizinho, da Quinta de Tormes,
deveria ter gostado de conhecer Candoz
onde os pássaros são livres,
e, se são livres, logo serão felizes.
Pelo menos têm grandes espaços para voar,
os pássaros de Candoz.
Claro que há os predadores,
o gaio, o corvo, o búteo, o mocho, o milhafre…
A liberdade é a primeira condição da felicidade.
Triste é o melro na gaiola,
mesmo que esta seja forrada a ouro. (...)

(**) Último poste da série > 10 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14238: Fotos à procura de ... uma legenda (51): Manuel Joaquim dos Prazeres, empresário de cinema e caçador, Cabo Verde (1929/1943) e depois Guiné (1943/73)... Fotos da Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde, com amigos (Lucinda Aranha)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14095: Notas de leitura (662): Eu e a minha burra, sozinhos, mais a nossa própria sombra... Recordações da infância (Fernando Sousa, natural de Penedono, autor de "Quatro Rios e um destino")


Penedono > Castelo de Penedono >  28/12/2011. Vídeo (0' 35''). Homenagem ao nosso camarada Fernando de Jesus Sousa, natural de Bebeses, Penedono



Penedono > Castelo e Pelourinho de Penedono  > 28/12/2011 >  Visita que fiz às Terras do Demo há três natais atrás... (LG)


(...) Celebrada como uma das mais belas vilas de Portugal, assim como o seu airoso e esbelto castelo pentagonal (ou hexagonal imperfeito ?), erigido em data bem anterior ao dealbar da Nacionalidade, o é entre os seus pares, mantem inalterado o perfil medievo do seu centro histórico, já que as obras de restauro e edificações ulteriores, incluindo as mais recentes, têm, como ponto de honra, respeitar escrupulosamente o traço arquitectónico e o material granítico da região, nele se integrando de forma coerente e harmoniosa.


Penedono, concelho do distrito de Viseu
com cerca de 133 km2 e menos de 3 mil
habitantes (censo de 2011). Um dos mais antigos
de Portugal: o seu foral remonta a 1055.
Fonte: Wikipedia
Para além do seu altivo pelourinho de gaiola, fronteiro ao Castelo, com a qual delineia uma perspectiva estética de rara elegância, Penedono exibe, ainda, um património de atractivos múltiplos, consignado nas suas seculares igrejas e capelas, recheadas de arte sacra nas suas expressões plásticas e de paramentaria, a que se junta o austero e majestoso Solar dos Freixos, há poucos anos recuperado para acolher, condigna e funcionalmente, os Paços do Concelho e outros serviços da administração pública central e local.

Rezam a tradição e as crónicas que, aqui, teve berço Álvaro Gonçalves Coutinho, o insigne "Magriço", passado à imortalidade por Camões no canto VI dos "Lusíadas", quando o vate descreve e enaltece, ao ritmo épico dos decassílabos, o seu protagonismo exemplar de valentia e cavalheirismo na façanha, ímpar, cometida à frente dos denominados "Doze de Inglaterra", em chãos estranhos e longínquos da loira Albion. (...) 

(Excerto de belíssimo texto de Rui Ferreira Bastos > Penedono e o seu concelho, inserido no sítio da Câmara Municipal de Penedono)


Foto e vídeo: © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados.

1. Pequeno excerto do livro "Quatro rios e um destino" (Lisboa, Chiado Editora, 2014) (*), enviado pelo autor, o nosso camarada Fernando Sousa, no passado dia 28. 

O livro, de 302 pp. pode ser adquirido diretamente ao autor, através do email: fernandodjsousa@gmail.com 



Recorde-se  alguns dados biográficos do Fernando Sousa:

(i) nasceu a 24/12/1948, na véspera de Natal (daí chamar-se Fernando de Jesus...);

(ii) terra natal: Bebeses, freguesia de Póvoa de Penela, concelho de Penedono, distrito de Viseu;

(iii) esteve no TO da Guiné, como 1º cabo at inf, na CCAÇ 6 (Bedanda, 1969/71);

(iv) foi gravement6e ferido por uma mina A/P em julho de 1971;

(v) é DFA (Deficiente das Forças Armadas);

(vi) está escrever um segundo livro.


Excerto, do livro "Quatro Rios e um Destino"  (Capítulo 1 - A minha infância),  pp. 28-30. 


(...) Eu tinha apenas dez anos, para ser confrontado com uma escolha que jamais poderia recusar. Era uma ordem para cumprir, tinha que ser levada a sério, no sentido de moldar todo o meu corpo ao trabalho.  De tanto cavar, gastei essa enxada em pouco tempo e depressa foi substituída por outra ainda maior.

Capa do livro do Fernando Sousa
Voltando à minha companheira inseparável, a simpática burra, com ela percorria várias aldeias, umas mais próximas, outras a distâncias de vinte quilómetros, atravessando ribeiras e o rio Torto, subindo montes, descendo a vales bem profundos, indo mesmo até ao limiar das margens do rio Douro. Partia de manhã bem cedo, para regressar quase de noite por autênticas veredas, que essa burra conhecia bem melhor que eu, porque comecei com apenas nove ou dez anos. Era ela que me conduzia a mim,   por aqueles trilhos.

Foram muitas as viagens, porque a minha mãe, Ilda da Soledade Moutinho, era uma excelente tecedeira, excelente mestra que deu formação a algumas raparigas daquela região. Primava nos trabalhos de tecelagem e, como tal, por aqueles arredores tinha sempre muito trabalho. Era este o seu ganha-pão, era eu o seu mensageiro, o seu encarregado de negócios, o seu transportador eficaz que, de forma abnegada, levava a obra feita e, no regresso, trazia os materiais para novos trabalhos e indicações de como as clientes queriam o novo trabalho feito.

Quantas vezes, faltei à escola para executar estas tarefas! Quantas vezes, ao serão, à luz da velha candeia a azeite, e mais tarde, a petróleo, ajudei a minha mãe a urdir a lã, a desfiar o linho ou a estopa e fazer os novelos na dobadoura, preparar o tear para ao outro dia começar nova obra. Era assim naquela casa. Tudo vinha do trabalho árduo, que executávamos com alegria!

Com esta companheira, autêntico burro de carga, passei noites inteiras a transportar molhos de centeio, do local onde era cultivado, a que chamávamos Cales. Meu pai carregava a burra, que, depois, eu conduzia até à eira, local próximo da povoação, onde seria malhado. A minha mãe descarregava. Neste trajecto, um ponto distante do outro quatro a cinco quilómetros.

Este era um trabalho que tinha de ser executado de noite, porque, se fosse de dia, com o calor, o grão saltava da espiga, tornando inútil todo o trabalho.

Cabia-me a mim, sozinho com a pobre burra, naquelas noites de lua cheia, noites em que o luar tinha mais esplendor, iluminando o céu e a terra, luar que construía segredos debaixo da ramagem de cada árvore, que parecia mexer-se à medida que me aproximava ou uma aragem suavemente e muito ao de leve lhe tocava, como que reflectindo movimento a coisas estáticas, saltando-me aos olhos apenas as imagens quase todas assombrosas, deixando transparecer imagens fantasmagóricas, aterradoras, imagens de todas as formas e feitios, consoante a minha imaginação e os medos deste grande homem com sete, oito e nove anos as interpretavam. Sombras essas que deixavam em mim a sensação de que me seguiam os passos e, no regresso, ali se mantinham quietas e firmes, esperando a minha passagem, para me aterrorizarem.

Panorâmica de Bebeses. Cortesia da
 junta de freguesia de Póvoa de Penela,
Penedono
Nesses trajectos, durante toda a noite, era frequente cruzar-me com aves nocturnas que por ali abundavam, tais como noitibós, mochos, as grandes corujas e morcegos. Nestas idas e vindas, o silêncio da noite era apenas interrompido pelo latir de raposas, pelo ladrar de cães nos povoados, que, pela distância, mal se conseguiam vislumbrar, e pelo barulho destas frágeis sombras em andamento constante e contínuo, levantando o pó do chão, fazendo a terra gemer sempre que estas duas sombras o pisavam.

As idas e vindas sucediam-se à medida e do tamanho da noite, daquelas noites quentes do mês de Julho, atravessando pinhais, soutos de castanheiros e tantas outras árvores mais. Eu e a burra, sozinhos, mais a nossa própria sombra, subindo o monte e descendo ao vale profundo, atravessando a ribeira despida de água, apenas com o reflexo das suas próprias sombras nas correntes da minha imaginação, sempre caminhando até o dia nascer.

Com o nascer do sol chegava a hora de ir dormir, dar descanso ao corpo deste menino homem e sossegar o meu frágil cérebro. Tentar compreender e interiorizar que, naquela noite, não houve nada mais que umas inofensivas sombras, às quais a minha imaginação dava demasiada importância.
Tinha que crescer desta forma e interiorizar, porque era assim e foi desta forma, ao longo de séculos, que os meus antepassados por aquelas paragens se fizeram homens valentes, sem medos para enfrentarem aqueles e outros fantasmas criados apenas na imaginação, em que todos os seres são férteis.

Guardo estas e outras recordações dessa infância, dessas passagens que nesse tempo eram tidas como normais, porque era assim que os homens por lá nascidos e criados se formavam, enfrentando os seus próprios medos, superando-os, ou aprendendo a viver com eles. (...)

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13923: Notas de leitura (652): “Quatro Rios e um Destino”, por Fernando Sousa, Chiado Editora, 2014 (Mário Beja Santos)

(...) É um livro, a vários tipos, raro. Raro pela confidência, raro pelo filtro que o autor se impõe quanto ao sujeito da memória: a infância, a recruta, a especialidade que culmina, praticamente, com a convocatória para a guerra.Não se sabe porquê, desembarca em Luanda e é direcionado, de supetão, para a Guiné, viaja até Bedanda.

Não se perde em considerandos nem faz crónica da guerra, regista estimas e chega depois a hora do sinistro que o transfigurou, até hoje. Impressiona quando escreve sobre os guineenses, captou-lhes a ternura, o gosto pela música, a afabilidade.

Temos aqui um livro que é também um grito de revolta, é alguém que superou o pesadelo e não o esconde. É um livro raro, encontrou um caminho inesperado depois da agonia de se ver sem duas pernas, venceu o destino. (...)

(**) Último poste da série > 29 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14093: Notas de leitura (661): “Guiné 1966, reportagens da época”, edição de autor de Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P14092: Convívios (647): A Tabanca de Bedanda na sede nacional da ADFA, em Lisboa, Av Padre Cruz, no passado dia 18, a convite do Fernando de Jesus Sousa, autor de "Quatro Rios e um Destino” (Chiado Editora, 2014)


Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda > Fernando Jesus e Beja Santos


 Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda > Renato Vieira de Sousa (cor ref, antigo cmdt da CCAÇ 5), e o "Salazar" (alcunha do Eduardo Cesário Rodrigues, que também passou pela CCAÇ 6)


 Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda >  Beja Santos com os bedandenses João Martins e José Vermelho



Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda >  O Manuel Lema Santos e o Fernando de Jesus Sousa


Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda >  O Rui Santos e o Carlos Jesus Pinto



Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda >  O Carlos Alberto de Jesus Pinto, nosso grã-tabanqueiro desde 12 de outubro de 2011  (foi 1.º  cabo condutor apontador Daimler do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1969/71;  nunca esteve em Bedanda,  mas foi "adotado" pelos bendandenses).




Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda > Em primeiro plano, o reaparecido Joaquim Pinto Carvalho e o seu vizinho do Cadaval, o Belarmino Sardinha. Entrre os dois, em segundo plano o Carlos Alberto de Jesus Pinto.


Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda > O Joaquim Pinto Carvalho com o chapéu do saudoso Tony Teixeira (1948-2013)


Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda >  o Rui Santos, o "nosso mais velho", foi quem se ofereceu para receber a massa do almoço, 7 euros por cabeça... Os galináceos, caseiros, criados pelo Fernando Jesus em Palmeira, foram oferecidos por ele,,,


Lisboa >  Av Padre Cruz > ADFA > 18 de dezembro de 2014 > Convívio da Tabanca de Bedanda > O Beja Santos, o Luís Nabais (que já integrou em tempos os órgãos sociais da ADFA)  e, se a memória me não falha, o José Manuel Farinho Lopes, que integra  os atuais corpos sociais da ADFA como secretário do Conselho Fiscal Nacional


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. O pretexto foi um livro e uns galináceos, caseiros... O autor do livro e o criador dos galináceos é o nosso camarada Fernando de Jesus Sousa (ex-1º cabo at inf, Bedanda, 1970/71, DFA).(*)

 Além dos camaradas que aparecem nas fotos, lembro-me ainda do Hugo Moura Ferreira, que chegou atrasado, bem como o João António Carapau (médico reformado).

Estiveram presentes no almoço o José Eduardo Gaspar Arruda, presidente da direcção nacional da ADFA,  e o Manuel Lopes Dias, 2º vice presidente da direção nacional, além da jornalista Isabel Tavares e de um repórter fotográfico do jornal "i" que estavam a fazer um reportagem sobre a ADFA e os seus 40 anos de existência. (**)

Eu e o Beja Santos fomos gentilmente convidados pelo Fernando de Jesus Sousa (que teve
referências elogiosas ao nosso blogue, de que ele, de resto, é membro efetivo).

Uma das ideias discutidas, durante o almoço, foi a possibilidade de utilização das excelentes instalações da  sede da ADFA para próximos convivios da malta da Guiné, em especial dos que vivem na região da Grande Lisboa e se sentam à sombra do poilão da Tabanca Grande.

Tive oportunidade de conhecer dois camaradas que são habitués da sede da ADFA,  o Luís Nabais e o Carmo Vicente.





Vídeo (2' 55''), alojado em You Tube > Luís Graça

Fernando de Jesus Sousa, no uso da palavra. O pretexto foi o lançamento, recente, do seu livro  “Quatro Rios e um Destino” (Lisboa, Chiado Editora, 2014).

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 12 de dezembro de  2014 > Guiné 63/74 - P14014: Convívios (646): Magusto do Combatente no Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, dia 29 de Novembro de 2014 (Armando Costa / Abel Santos / Carlos Vinhal)

(**) Vd. no jornal i "on line" > 25 de dezembro de 2014 > Deficientes de guerra. A realidade que alguns preferiam esconder, por Isabel Tavares

Alguns excertos (com a devida vénia):

(,,,) São 13 mil só na Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA). E não estão lá todos. Estima-se que tenham ficado 30 mil feridos em combate. E mais 40 a 50 mil homens afectados por stresse de guerra. Tantas décadas depois continuam a chegar à instituição processos e pedidos de ajuda para qualificar combatentes da guerra colonial como deficientes das Forças Armadas. Gente à procura de uma pensão, de uma vida mais digna, se não para si, pelo menos para os seus. O Estado atrasa-se na qualificação e as indemnizações materiais teimam em não chegar. (...).

(...) Na ADFA quase todos são voluntários. Mas mais nunca é de mais e aqui é fácil entender porquê. Embora a maioria tenha aprendido a ser tão autónoma quanto possível, há coisas que um cego ou um tetraplégico não conseguem fazer, como cortar um bife, levantar uma colher, um garfo ou uma chávena de café "com cheirinho". São gente que aprendeu a depender da boa vontade dos outros. (...)


(...) No entanto, continuam a existir realidades que ultrapassam a ficção. As próteses dos deficientes militares, grande parte pernas e olhos, são compradas através da central de compras públicas do Estado. Ou seja, uma perna ou um olho, que qualquer técnico acredita que deveriam ser tratados como uma impressão digital, exigem o lançamento de um concurso público. Das três casas candidatas, ganha a que oferecer o preço mais baixo. Já houve resultados desastrosos. Um militar recebeu um olho tamanho standard, metido à força dentro da órbita. A operação valeu-lhe uma valente infecção e um internamento que só por sorte não teve consequências mais graves. Mas não foi caso único.


Outro militar contou que está à espera de uma perna há mais de um ano. As próteses, que podem custar, em média, 7 mil euros, têm de ser trocadas de dois em dois anos e muitas vezes têm de ser afinadas. Este engenheiro de 75 anos não quis ser identificado porque há amigos e familiares que até hoje não sabem que não tem um dos membros inferiores. Foi sempre seguido pela mesma casa, porque se trata de um processo "um bocadinho cirúrgico". No seu caso, um desgaste de cinco milímetros estava a provocar-lhe graves problemas de coluna e também na perna boa. Acontece além disso que a prótese que está a usar era a mais barata do concurso e não a feita na casa que sempre o seguiu e já conhece o seu corpo de cor. "Isto não é a mesma coisa que comprar arroz e batatas", diz. As consequências não se fizeram esperar: dores agudas e coxear como nunca.

Este problema ainda não está completamente sanado e é apenas um dos que o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, se comprometeu a resolver definitivamente. Outro tem a ver com a requalificação do estatuto de deficiente das Forças Armadas, nomeadamente naquilo que são os afectados pelo stresse pós-traumático. "Os afectados pelo stresse pós-traumático ficaram esquecidos, mas a verdade é que eclodiu na nossa cabeça algo muito estranho", diz José Arruda. Este algo muito estranho pode levar à depressão e pode levar a matar. Ou apenas a discussões que fazem voar próteses e impropérios até à chegada da GNR, como aconteceu há uns anos na sede da ADFA. Mas nessa altura eram todos bons rapazes. (...)

(...) E o calvário continua, num tempo que devia, mais que nunca, ser de afecto. Não os deixaram ser miúdos e "agora vamos mais a funerais". No tempo que sobra é preciso ir a juntas médicas, procurar testemunhas do tempo da guerra, fazer requisições para o Ministério da Defesa, ir a médicos, psicólogos, psiquiatras, advogados, Segurança Social. Como no campo de batalha, cada um encontra a sua estratégia de sobrevivência. José Arruda, cego, amputado, corre com a sua personal trainer e, diz quem já viu, ninguém o apanha. Corre porquê? "Corro para ter alento."


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13828: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (36): Vídeo de homenagem ao Pepito (1949-2014)


Vídeo (2' 29''). Alojado no You Tube > ADBissau. Publicado  em  2/4/2014. Produção da TV Klele. No curto vídeo da TV Klele (que ele tanto acarinhava e apoiava) passam algumas imagens recentes da sua vida e das iniciativas que liderou no âmbito da AD de que foi cofundador e diretor executivo: Simpósio Internacional de Guiledje,  Assembleia Geral da ONG,. Festival da Escravatura (Quilambola), 2º Acampamento das EVA [Escolas de Verificação Ambiental].


1. Homenagem da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento ao seu mítico cofundador e líder, o carismático eng agr Carlos Augusto Schwarz da Silva (1/12/1949-18/2/2014). mais conhecido por Pepito, e nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, além de amigo pessoal.

Passaram-se oito meses depois da sua morte, em Lisboa, por doença súbita, e  a saudade continua a ser imensa. Ele morreu, fisicamente, mas a força do seu exemplo e a sua pedagogia do desenvolvimento sustentado, integrado e participado continuarão a inspirar os seus amigos e antigos colaboradores. Não era apenas um homem de ação, mas também de ideias, memórias e afetos. Daqueles  fazem falta ao mundo. E, seguramente, à Guiné-Bissau. sua terra,  que ele amava apaixonadamente, apesar de todos sobressaltos, contrariedades, ameaças, riscos e desencantos. (LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de março de 2014 >  Guiné 63/74 - P12904: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (35): Grande e sentida homenagem ao Pepito (1949-2014), no bairro do Quelelé, em Bissau, onde fica a sede da ONDG e a casa de família

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13006: 10º aniversário do nosso blogue (12): Faz hoje 2 meses que o Pepito nos deixou... Em sua memória reproduzimos aqui um vídeo de 2012, em que ele relata, com humor e boa disposição, uma das cenas de violência de que foi vítima, na sua casa do Quelelé, ao tempo de Kumba Ialá (c. 2000)...



Vídeo: 12' 18''... Alojado no You Tube > Nhabijões


Alcobaça > São Martinho do Porto >  Casa do Cruzeiro > 11 de agosto de 2012 >  3ª edição do convívio anual da Tabanca de São Martinho do Porto

Pepito (1949-2014) o anfitrião, depois do almoço, conta-nos,  com grande sentido de humor e boa disposição, uma das várias péripécias por que passou na sua terra, a Guiné-Bissau, ao tempo do Kumba Ialá, c. 2000, quando 3 ninjas, fardados e armados de Kalash,  cercam a sua casa, no bairro do Quelelé,  às 3 horas da madrugada, amarram o guarda noturno, dando  assim início à concretização de uma ameaça de morte que tinha chegado uns dias antes, sob a forma de uma carta anónimo (*)..

Valeu.-lhe na ocasião a pronta ajuda do vizinho e amigo Nelson Dias bem como um  ou mais elementos do GOE [Grupo de Operações Especiais] (?) da cooperação portuguesa, alertados por um desesperado telefonema da mulher do Pepito... Em voz off, ouve-se o Luís Graça que fez a gravação bem a Isabel Levy Ribeiro, mulher do Pepito, e cidadã portuguesa, e ainda o Zé Teixeira, da Tabanca Pequena de Matosinhos, que está à direita do Pepito.

Faz hoje 2 meses que o Pepito nos deixou, enquanto cresce a nossa saudade e a admiração que sertimos pela sua grandeza como ser humano. 'Nino' Vieira e Kumba Ialá eram dois políticos que o nosso Pepito detestava (*)...  Mas nós nunca ouvimos ou lemos palavras suas  de ódio para com os seus inimigos políticos... Até nisso, o Pepito era um homem dos nossos dias que nos inspirava e nos dava constantes exemplos de coragem (física e moral), de cidadania e de humanidade... A sua associação, póstuma, às comemorações dos 10 anos do nosso blogue, é mais que justa:  ele foi um grã-tabanqueiro da primeira hora, e tínhamos por nós, ex-combatentes, um especial carinho... Nunca foi combatente nem tinha armas em casa... Dois meses depois, ele está bem presente na nossa memóriaL Foi um privilégio, para alguns de nós, conhecê-lo e tê-lo como amigo. G
____________

Pepito.
Foto de Luís Graça (2007)
(*) Excerto do notável escrito do Pepito, de cunho aubiográfico, e que é para todos os efeitos o seu testamento vital, "A sombra do pau torto",  de julho de 2008, e já aqui publicado duas vezes:

(...) Com o Golpe de 14 de Novembro de 1980 reintroduziu-se na história da Guiné a divisão étnica: no início a divisão era entre caboverdianos, apelidados de cavaleiros, e guineenses, chamados de cavalos. Esquecendo-se os seus promotores que. uma vez estabelecida a primeira divisão étnica, outras se lhe seguiriam, surge a estigmatização dos balantas, tanto mística com o fenómeno iang-iang, como política 
com o caso Paulo Correia, 
prosseguindo com a divisão entre muçulmanos e animistas, 
e mais recentemente entre os naturais da cidade e os da tabanca. 
Tudo isto em função da conveniência e interesse da estratégia 
do líder político da ocasião.

Kumba Ialá, que viria a ser mais tarde Presidente, revelou-se neste domínio, o maior, indo buscar os piores traços comuns dos balantas, unificou-os à volta de conceitos demagógicos e populistas, em contraponto aos tempos idos de 'Nino' Vieira em que os membros do governo pouco variavam, limitando-se os seus titulares a mudarem de cadeira. Nessa ocasião, lembro-me de um Ministro que, com três pastas num só ano, bateu o recorde olímpico nacional.

Já o antigo animista Kumba Ialá, travestido agora de muçulmano com a designação de Mohamed Ialá Embaló, introduziu pela primeira vez o conceito de acesso universal ao governo, isto é, passou a promover a entrada para o governo de todos os cidadãos que se julgassem capazes e predispostos a serem ministros. Analfabetos houve que aproveitaram a ocasião…A partir dos anos 2000 assistiu-se à mais louca gestão de um Estado, de que há memória. No fundo até durou pouco tempo…porque, entretanto, o Estado desapareceu!

Foi nesse período em que tudo valia, que um dia, deixaram “cair” perto do meu local de trabalho um bilhete anónimo que dizia: ”neste fim de semana vais sofrer um atentado para te matarem”. Entendi isso apenas como uma tentativa de intimidação. Todavia, às 3 horas da madrugada desse dia, três ninjas (polícia especial armada), acorrentavam o velho guarda da casa e iniciam a tentativa de demolição das janelas. Só a intervenção determinante do nosso vizinho, Nelson Dias, nos salvou, a mim e à Isabel, perante o completo desinteresse da polícia que se escusara a prestar socorro. Os assaltantes, esses, nunca foram punidos, embora saiba que a polícia os identificou. (...)

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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13004: 10º aniversário do nosso blogue (11): 40 anos depois do 25 de abril: "Que inveja eu tive daqueles soldados, a maioria muito jovens sem qualquer experiência de combate, a quem tinha calhado a sorte de ajudar a derrubar a brigada do reumático, abrir as prisões e este país ao Mundo" (Juvenal Amado)

sexta-feira, 28 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12906: Agenda cultural (307): Melech Mechaya, novo disco, "Gente Estranha": Apresentação, em Lisboa, FNAC Colombo, 6ª feira, 28, às 22h00, FNAC Chiado, 31, 2ª feira, às 19h00,. (E ainda... hoje, no programa da RTP1, "Portugal no Coração", c. 15h00)



Vídeo  (5' 13''). Alojado em You Tube > Melech Mechaya  (Cortesia dos Melech Mechaya)


O teledisco do single “Gente Estranha” foi escrito e realizado por António Rodrigues e tem a participação de Zé Ramos.


Capa do novo disco "Gente Estranha"...  É o 3º CD do grupo português Melech Mechaya. Editora: Ponto Zurca. Ano: 2014. Preço: € 9,99 ou € 7,99 (FNAC). Da esquerda para a direita: os músicos da banda, Francisco Caiado (percussão) João Graça (violino). Miguel Veríssimo (clarinete), André Santos (guitarra) e João Sovina (contrabaixo). O João Graça é nosso grã-tabanqueiro; tem cerca de 80 referências no nosso blogue.

1. O terceiro longa-duração da banda portuguesa tem a participação especial de Amélia Muge, Jazzafari e Pedro da Silva Martins. A digressão de apresentação deste novo disco inclui espetáculos em Portugal, Espanha, Bélgica, Suécia, Finlândia, entre outros.

Sinope:  O álbum conta com 15 temas de nomes estapafurdios e pândega garantida. Der Nayer Sher, klezmer tradicional que invoca a Alegria, a beleza de Deusa das Calças Amarelas, e o frenesim de Sr. Xispo. O single Gente Estranha com letra de Pedro da Silva Martins e voz de Jazzafari apresenta-nos a tia Bambolina e o seu sonho de dançar em cima das mesas nos casamentos, e o avô e o padre e os noivos rebolando de felicidade. Amélia Muge canta-nos a história de um Querubim Barbudo. Neste álbum Melech Mechaya revelam-nos finalmente a verdadeira Lenda do Homem Testa, dançando à velocidade de um espirro com Gesundheit (santinho).

Faixas do disco: 1. Der Nayer Sher | 2. Gente Estranha (voz de Jazzafari Unit, letra de Pedro da Silva Martins) | 3. Espírito Livre | 4. Khosidl | 5. Malapata | 6. Dromedário | 7. Sr. Xispo | 8. Chegou a Hora | 9. Querubim Barbudo (voz e letra de Amélia Muge) |10. Deusa das Calças Amarelas  | 11. Interlúdio | 12. Gesundheit | 13. Anachnu Ma'aminim | 14. A Lenda Do Homem-Testa | 15. Tudo Está Iluminado


2. Comentário de L.G.

Aportuguesaram o klezmer!... Estávamos mesmo a precisar desta lufada de ar fresco, de alegria contagiante e de humor ternurento...Vai seguramente fazer sucesso este single (e o CD)... Os Melech Mechaya  ficam, bem com o sexto instrumento que é a voz humana e as suas infinitas possibildiades!.. A capa do disco está deliciosa... Por uma música assim vale a pena perder a cabeça!



Página de rosto do Facebook dos Melech Mechaya:  "Temos a enorme felicidade de trabalhar com pessoas maravilhosas. Esta imagem é mais um exemplo do trabalho fenomenal dos mestres Rodrigo Lameiras e Ivo Cordeiro!"

3. Próximos concertos dos Melech Mechaya (até ao início de agosto):

28 Março, 6ª feira • Lisboa, Portugal
Fnac Colombo | 22h00  

[E, à tarde, às 15h00, no programa "Portugal no Coração", RTP 1]

29 Março • Madrid, Espanha
Sala Penelope

30 Março • Medelim, Portugal
Páscoa Judaica

31 Março, 2ª feira • Lisboa, Portugal
Fnac Chiado | 19h00


13 Junho • Córdoba, Espanha
Festival Internacional de Música Sefardí

14 Junho • Vilarinho São-Roque, Portugal
A anunciar

20 Junho • Macedo de Cavaleiros, Portugal
I Festival de Música de Macedo

27 Junho • Glória do Ribatejo, Portugal
A anunciar

28 Junho • Viena, Áustria
A anunciar

10 Julho • Jyvaskyla, Finlândia
Jyvaskyla Festival

11 Julho • Kaustinen, Finlândia
Kaustinen Folk Festival

13 Julho • Lisboa, Portugal
Festa Privada

18 Julho • Alcalá La Real, Espanha
Festival Etnosur

19 Julho • Las Rozas, Espanha
Noches De Verano

2 Agosto • Urkult, Suécia
Festival Urkult

4.  Melech Mechaya, amanhã dia 29, em Madrid. Artigo do El Pais, de 27 do corrente:

... Ou os  nossos portugueses (que vêm do oeste) e que exportam música (Klzemer aportuguesado...) para o leste, para a Europa, Espanha incluída! Amanhã  vão ter "um concerto muito especial em Madrid, na Sala Penélope" (lê-se na sua página do Facebook) , concerto esse que irá ser azpresentado por Fernando Iñiguez, o mesmo que  assina este artigo que a seguir reproduzimos,  no influente El País!


(...) El klezmer es la música tradicional de los judíos del Este de Europa y, curiosamente, la trae esta semana un quinteto que viene de la parte opuesta, de Portugal. Se llaman Melech Mechaya (pronúnciese Melej Mejaya) y la diversión está garantizada con ellos, pues no en vano ese nombre se traduciría como Los Reyes de la Fiesta.

La llegada de los portugueses al  klezmer, poco conocido en su país, y también en toda la Península Ibérica —aquí la tradición judía enlaza más con el legado sefardí—, viene de un dato tan irrelevante como que al clarinetista del grupo, Miguel Verísimo, le pasó su profesor unas partituras antiguas de esa música, y en seguida quedó fascinado.

Y es que el clarinete tiene mucho que ver con ese sonido característico, alegre y dulce, que, junto con el violín —recuérdese la película El violinista en el tejado, con las vicisitudes que pasaron los judíos del Este de Europa entre las dos guerras mundiales del siglo pasado—, servía para divertir en bodas y otras celebraciones.

Melech Mechaya lo junta también con algunas danzas populares portuguesas, creando una suerte de folklore moderno ibérico, muy vivo y dinámico, que ha cristalizado en el disco Strange People (Gente extraña) que presentan mañana. Sus anteriores actuaciones en España se han saldado siempre con un público extenuado que no para de bailar con la alegría de su música instrumental y llena de evocaciones. (...)

________________

Nota do editor:

domingo, 1 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12375: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (7): By air... (Vídeo de Jorge Félix / Pierre Fargeas)


Vídeo (2' 44'') > Bafatá >  c. 1969 > Alojado no You Tube (Cortesia de Jorge Félix).

© Jorge Félix 2009). Direitos reservados. (Música de fundo: Te Espero, Charles Aznavour, reproduzida com a devida vénia...Vd. página oficial aqui)


1. Vídeo que o Jorge Félix fez com imagens que lhe foram enviadas pelo francês Pierre Fargeas, o técnico da fábrica dos Allouettes III, que fazia a sua manutenção em Bissalanca, no período entre  1969 e 1974.

Escreveu o Jorge:

"Fiz uma pequena montagem das imagens, onde estou a guiar o heli, segue ao meu lado esquerdo a esposa do Pierre, Ivette Fargeas, e depois uns senhores que não me recordo o nome. O Coronel é o meu comandante Diogo Neto."

Sinopse:

O heli parte de Bissalanca e faz uma viagem até Bafatá, sobrevoando o Rio Geba, as bolanhas, as tabancas, a avenida principal da bela vila colonial (ainda não tinha o estatuto de cidade em 1969, só em março de 1970), a casa Gouveia, a catedral, o mercado... 

No heliporto são recebidos por militares que, muito provavelmente, o nosso camarada Fernando Gouveia  deverá reconhcer, pelo menos os oficiais superiores. Um deles, de camuflado, parece-me o cor Hélio Felgas, comandante do Cmd Agrupamentop nº 2957, a que pertencia o Fernando Gouveia.

O Pierre Fargeas faz depois, a pé, com a esposa,  um visita ao encantador mercado de Bafatá, de arquitectura revivalista. O heli regressa a Bissalanca, à BA 12, ao longo do Rio Geba...O  Pierre Fargeas, de óculos graduados sem armação, aparece, no vídeo, no regresso a Bissalanca. A sua esposa, Ivette, ia ao lado do piloto, Jorge Félix. Não sei em que circunstâncias o casal viajou até Bafatá, um dos poucos sítios da Guiné, de então, para além de Bubaque nos Bijagós, que se podia visitar (e valia a pena visitar), "by air", em segurança...  No nosso tempo, meu e do Fernando Gouveia, Bafatá nunca sofreu qualquer ataque ou flagelação por parte do PAIGC. Haverá um ataque, mais tarde, em 28/8/1972, com foguetões 122 mm, mas sem consequências.

2. Comentário de L.G.:

Pedi ao Fernando Gouveia para comentar:

"Tem cenas sobre Bafatá (*)... (e tem a Ivette Fargeas, que é de uma beleza perturbadora...). Quero inclui-lo na tua/nossa série Roteiro de Bafatá... Um abraço. Luis"

São imagens relativamente raras. Temos fotos aéreas, naquela época já havia boas máquinas fotográficas, mas não gravadores de vídeo. Este pequeno filme terá sido feito com câmara de filmar de 8 mm, sendo depois o filme convertido para vídeo.

Escrevi no nosso Facebook, em resposta ao Jorge Félix:

"É um vídeo que eu vejo e revejo...Por muitas razões: por ti, amigo e camarada do meu tempo; pelo regresso ao passado;  pelas saudades da doce, tranquila e bela Bafatá; pelos nossos 20 anos. tão generosos quanto verdes;  pela beleza (pertubadora) da Ivete Fargeas; pela "canción desesperada" do Ch. Aznavour... Uma combinação perfeita!... Um Alfa Bravo".

Já tinha comentado, há 4 anos (**):

(i) Que nostalgia, que saudade, que doçura triste! ... 

(ii) Perfeita a escolha da música do Charles Aznavour, a sua canção Te espero, em espanhol, com seu sotaque meio francês e meio arménio... Um rapaz do mundo, com idade de ser nosso pai (n. 1924...), pai da nossa geração dos baby boomers...

(iii) Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir / la razón es para mí siempre sufrir / y ahora el viento al pasar me da a entender / que en la vida sólo a ti esperaré (***). 

(iv) Uma canción desesperada, uma canção, eterna, 
para um amor talvez impossível, 
um amor sofrido,
uma canção que fica aqui tão bem quando olhamos para o passado, 
quando tínhamos vinte anos e estávamos na guerra...

(v) Jorge: Gosto muito do plano em que estás tu, aparentemente concentrado na tua missão, mas de repente viras-te para trás... e pedes um cigarro!... (Aí temi pela segurança do heli e da tua preciosa carga...).

(vi) Como éramos todos tão apaixonados pelas vida 
(e pelas lindas mulheres....), 
como éramos todos tão conscientemente irresponsáveis, 
como éramos todos tão sem jeito, 
como éramos todos tão inconscientemente loucos, 
como éramos todos tão optimistas e generosos, 
como éramos todos já tão maduros e tão sofridos, 
como éramos todos... 
(Porra, Jorge, que me fazes chorar! )...

___________


(***)Notas de L.G.:

(*) Letra de Charles Aznavour, canção Te espero (1967).reproduzida com a devida vénia:

Pasa el tiempo y sin ti no sé vivir,
la razón es para mí siempre sufrir,
y ahora el viento al pasar me da a entender
que en la vida sólo a ti esperaré.

Yo recuerdo tu mirar y tu besar,
tu sonrisa bajo el sol primaveral,
estoy solo sin saber lo que tú harás,
en mi alma hay dolor al esperar.

Ven... a mí ven no tardes más,
ven por favor te ruego yo,
no podré esperar ven a mí,
yo quiero saber si has de venir,
por fin así dímelo amor.

Es la herida que envejece sin piedad,
más mi amor siempre será eternidad,
en mis blancas noches tú revivirás
el recuerdo de mi amor al despertar.

En mi mente siempre como un altar
y tu rostro grabo en mí para soñar
el momento ha de llegar muy pronto ya
y veré la realidadal despertar.

Ven... ven a mí ven, ven no tardes más,
ven por favor te ruego yo no podré esperar,
ven... oh ven a mí yo... yo quiero saber
si has de venir por fin así dímelo amor.....