Data: 7 de Dezembro de 2012 23:54
Assunto: Resposa a comentário de Cherno Baldé
Caro Luís e Carlos
Deixo exclusivamente ao vosso critério, em vez de o fazer directamente, a publicação da resposta (a seguir) que gostaria de dar a Cherno Baldé, critério que são vocês os únicos indicados para decidir.
Na actualidade:
1 - Sempre fui e serei Português (com muito orgulho)
2 - Cherno Baldé é Guineense (certamente com muito orgulho)
No tempo da guerra éramos todos Portugueses, independentemente de conceitos diversos sobre o tema.
Segue a minha resposta.
Um grande abraço, Luís e Carlos
2º TEN FZE João Carvalho Meneses
_________________________
Em resposta a Cherno Baldé [, foto à direita] (**):
Desejo-lhe a melhor sorte da vida. Não o conheço a si, nem me conhece igualmente a mim, como prova o seu comentário. Logicamente que o Zé Macedo nada tem a haver com isto, conforme esclarece, e oportunamente, o Luís Graça, estando ele totalmente isento, por direito, e como tal sugiro que lhe apresente desculpas, ou admita que se enganou. Bastava que antes de escrever, tivesse lido com mínima atenção. Levou-o simplesmente o ataque. Do que escrevo, sou eu o único responsável, conhecendo que por vezes, para que todas as sensibilidades fiquem esclarecidas, para dizer uma única palavra, deva fazer uma explicação do sentido que essa mesma palavra pretende.
Se esse comentário se dirigiu ao meu artigo, certamente que sim, caro Baldé. Mas ataque, o conceito e não a pessoa. Não distingo, nem sequer admito que eu o pudesse fazer, entre o PAIGC e o POVO da Guiné Bissau, dado que num estado democrático, é o Povo que elege (ou deve eleger) qual o partido ou os partidos que o devem governar. As lutas internas dos partidos deveriam só a eles dizer respeito, não tendo o direito de fazer sofrer um Povo inteiro, ao tentarem impor-se. Posso extrapolar para qualquer povo. Acrescento qu, e para além da linha PAICG, existem outras, e que é o povo que as escolhe. Não entro, aqui, em análises políticas, por saírem fora do interesse deste espaço e do meu próprio.
Assim, com esta introdução, afirmo-lhe que o PAIGC não tem a importância que o povo tem. Só o tem, se for eleito e o servir na realidade. Vê qual a ordem de prioridades?
Sobre a existência de lutas tribais, já Amílcar Cabral, inconfesso defensor da Guiné e seu Povo, reconhecia essa evidência, derivada de variadíssimos factores, entre eles as diferentes crenças religiosas e comunicação. Verifique-se primeiro: O território da Guiné Bissau diminui 1/3 entre a maré vazia e a cheia. As vias de comunicação são dificílimas de implantar dado que, de um ponto a outro, se tem que contornar bolanhas extensas, aumentando exponencialmente as distâncias. A comunicação entre as diversas ilhas, necessitariam de um serviço minimamente eficiente de meios de transporte, marítimos e fluviais. Os recursos naturais têm limitados meios de produção, etc, etc, que saberá mais aprofundadamente do que eu.
Quanto à droga, está à vista. É organizada por estrangeiros que se servem da Guiné, mas que acabam por os envolver. Não são os Guineenses que plantam, fornecem e distribuem a droga. O dinheiro fácil, corrompeu alguns que, por razão da movimentação dos capitais envolvidos, tentam impor à política a facilitação do pretendido. Estudos internacionais sobre este problema já reconheceram a sua existência, a razão da mesma e o descontrolo.
Quanto ao "está-lhes no sangue", referi-me às evidências do que tem acontecido nas classes dirigentes, até à data, não desde a autoproclamação da Independência, mas a partir da saída dos Portugueses.
Repare, tudo isto, à revelia do Povo.
Dou por finda a minha explicação sobre o que penso da Guiné, desejando a todos os Guineenses que consigam entender-se e estabilizar, para que o Povo tenha a legítima dignidade que ele merece.
Não me leve a mal que escreva o que penso. Não pretendo ofender nenhuma sensibilidade. No tempo em que estive na Guiné morreram Portugueses de várias cores incluindo camponeses.
Com respeito
João Carvalho Meneses
Em resposta a Cherno Baldé [, foto à direita] (**):
Desejo-lhe a melhor sorte da vida. Não o conheço a si, nem me conhece igualmente a mim, como prova o seu comentário. Logicamente que o Zé Macedo nada tem a haver com isto, conforme esclarece, e oportunamente, o Luís Graça, estando ele totalmente isento, por direito, e como tal sugiro que lhe apresente desculpas, ou admita que se enganou. Bastava que antes de escrever, tivesse lido com mínima atenção. Levou-o simplesmente o ataque. Do que escrevo, sou eu o único responsável, conhecendo que por vezes, para que todas as sensibilidades fiquem esclarecidas, para dizer uma única palavra, deva fazer uma explicação do sentido que essa mesma palavra pretende.
Se esse comentário se dirigiu ao meu artigo, certamente que sim, caro Baldé. Mas ataque, o conceito e não a pessoa. Não distingo, nem sequer admito que eu o pudesse fazer, entre o PAIGC e o POVO da Guiné Bissau, dado que num estado democrático, é o Povo que elege (ou deve eleger) qual o partido ou os partidos que o devem governar. As lutas internas dos partidos deveriam só a eles dizer respeito, não tendo o direito de fazer sofrer um Povo inteiro, ao tentarem impor-se. Posso extrapolar para qualquer povo. Acrescento qu, e para além da linha PAICG, existem outras, e que é o povo que as escolhe. Não entro, aqui, em análises políticas, por saírem fora do interesse deste espaço e do meu próprio.
Assim, com esta introdução, afirmo-lhe que o PAIGC não tem a importância que o povo tem. Só o tem, se for eleito e o servir na realidade. Vê qual a ordem de prioridades?
Sobre a existência de lutas tribais, já Amílcar Cabral, inconfesso defensor da Guiné e seu Povo, reconhecia essa evidência, derivada de variadíssimos factores, entre eles as diferentes crenças religiosas e comunicação. Verifique-se primeiro: O território da Guiné Bissau diminui 1/3 entre a maré vazia e a cheia. As vias de comunicação são dificílimas de implantar dado que, de um ponto a outro, se tem que contornar bolanhas extensas, aumentando exponencialmente as distâncias. A comunicação entre as diversas ilhas, necessitariam de um serviço minimamente eficiente de meios de transporte, marítimos e fluviais. Os recursos naturais têm limitados meios de produção, etc, etc, que saberá mais aprofundadamente do que eu.
Quanto à droga, está à vista. É organizada por estrangeiros que se servem da Guiné, mas que acabam por os envolver. Não são os Guineenses que plantam, fornecem e distribuem a droga. O dinheiro fácil, corrompeu alguns que, por razão da movimentação dos capitais envolvidos, tentam impor à política a facilitação do pretendido. Estudos internacionais sobre este problema já reconheceram a sua existência, a razão da mesma e o descontrolo.
Quanto ao "está-lhes no sangue", referi-me às evidências do que tem acontecido nas classes dirigentes, até à data, não desde a autoproclamação da Independência, mas a partir da saída dos Portugueses.
Repare, tudo isto, à revelia do Povo.
Dou por finda a minha explicação sobre o que penso da Guiné, desejando a todos os Guineenses que consigam entender-se e estabilizar, para que o Povo tenha a legítima dignidade que ele merece.
Não me leve a mal que escreva o que penso. Não pretendo ofender nenhuma sensibilidade. No tempo em que estive na Guiné morreram Portugueses de várias cores incluindo camponeses.
Com respeito
João Carvalho Meneses
______________
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 7 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591
(...) (i) Comentário de Cherno Baldé,com data de 7/12/2012:
Caro João Meneses,
"(...)aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pelas guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais".
Esta frase cega, que não faz nenhuma diferença entre o PAIGC e os cidadãos da Guiné-Bissau, vinda de um português de origens caboverdianas e que fez a guerra no território que hoje considera violenta e cujos habitantes têm a violência no sangue, é no mínimo infeliz e lamentável.
O FZE do DFE, Tenente Meneses, hoje advogado, tinha a obrigação de conhecer bem a história da Guiné, ou melhor, da Guiné de Cabo-Verde e saber quem, na verdade, semeou, ao longo dos séculos nos rios da Guiné, ou ainda trás no sangue os germes da intriga étnica e da violência.
Tanto assim que o próprio nos esclarece melhor quais as suas origens e a vocação da sua familia:
"(...) Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família, sabes. (...)".
Afinal, quem trás a guerra e a violência na massa do sangue?
São os Guinenses, concerteza. Quem havia de ser?
Cherno Baldé. (...)
(...) (ii) Novo comentário do Cherno Baldé, com data de 10/12/2012
Desculpem esta recepção um tanto crispada ao João Meneses que confundi com o José Macedo, mas a intenção foi chamar a atenção sobre a ambiguidade de certas frases e discursos que, não sendo intencionais, acabam em generalizações abusivas.
Na Guiné nunca houve guerras étnicas, pois aquilo que se considera como tal, por exemplo entre fulas e mandingas, na minha opinião, era muito mais que isso, porque dificilmente se poderá tomar cada um destes grupos simplesmente como uma etnia. Mas isto é outra história.
Desejo boas vindas ao amigo João Meneses a nossa Tabanca Grande porque eu sei que ele gosta da Guiné e dos Guineenses e aproveito dizer-lhe que tivemos familiares integrados nos FZE (não sei se no 21 ou 22) dos quais me lembro do Sedjali Embaló, preso e morto nos primeiros anos após a independencia.
Cherno Baldé