terça-feira, 17 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16101: Efemérides (226): Dia 20 de Abril de 2016, triste aniversário; 46 anos se passaram sobre o assassinato do Chão Manjaco (Manuel Resende, ex-Alf Mil da CCAÇ 2585)



Pelundo - Major Osório em primeiro plano


Pelundo - Major Passos Ramos, o primeiro à esquerda; Major Osório,
último à direita e de costas



Alferes Mosca em primeiro plano ajudando na preparação da ceia de Natal de 1969

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (Ferreira) (2016).


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-alf mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71), com data de 20 de Abril de 2016, a propósito da passagem do 46.º aniversário do assassinato dos Majores PASSOS RAMOS, MAGALHÃES OSÓRIO, PEREIRA DA SILVA; Alferes Miliciano JOÃO MOSCA; dois condutores e um tradutor, no Chão Manjaco, no dia 20 de Abril de 1970.




Triste Aniversário

Caros amigos e camaradas
Hoje é o dia 20 de Abril. Por acaso alguém se lembra do que aconteceu no dia 20 de Abril de 1970 em Jolmete, precisamente há 46 anos?

Neste dia não houve saída para o mato, não saímos do quartel nem para caçar. Achámos estranho, mas o nosso Capitão Almendra disse aos Oficiais, não sei se a mais alguém, talvez ao Dandi, depois do almoço, que se estava a passar algo de anormal.

Nesse dia iria acontecer uma reunião (a última) para a pacificação do “Chão Manjaco”, entre os chefes do PAIGC e os OFICIAIS do CAOP, num local junto à primeira bolanha a contar do Pelundo para Jolmete, a cerca de 4-5 Kms do Pelundo.
Essa reunião destinava-se a integrar todo o pessoal do PAIGC pelos aquartelamentos da zona, como já estava combinado em reuniões anteriores.

No dia anterior, Domingo 19, o CAOP esteve em Bula, e ao jantar, o Sr. Major Pereira da Silva recebeu um telefonema, presume-se de Bissau, dizendo que um tal “LUIS” iria estar presente na reunião no dia seguinte. Segundo o que me lembro dos comentários da altura, diziam que ele ficou cabisbaixo, mudo e pensativo, ... devido à presença inesperada dessa pessoa.

Estavam previstos 5 jipes (isto é o que me lembro da altura dos acontecimentos), mas ficaram reduzidos a três, pois o Sr. Major Pereira da Silva, que superintendia o assunto, não autorizou os outros a serem “martirizados”. Lembro-me de ouvir dizer que o nosso Capelão, Padre António Gameiro queria ir, mas não foi autorizado. Eu tinha a impressão que o nosso médico Dr. Diniz Calado, também queria ir, mas ainda há poucos meses estive com ele, abordei o assunto e o próprio disse-me “que nunca essa hipótese foi colocada, não queria participar em aventuras dessas”.

Bom, o local foi alterado para a segunda bolanha, a 5 Kms de Jolmete. Porquê? Como lá foram parar, cerca de 8 Kms mais a norte, mais próximos de Jolmete?

Devo confirmar que ouvi alguns tiros por volta das 3 da tarde (e muitas outras pessoas também ouviram). Foi muito comentado, pois nesse dia estávamos proibidos de “fazer fogo”, nem a caçar.

Foram barbaramente assassinados pois estavam desarmados:

Major PASSOS RAMOS
Major MAGALHÃES OSÓRIO
Major PEREIRA DA SILVA
Alferes JOÃO MOSCA
Nativo MAMADÚ LAMINE 
Nativo ALIÚ SISSÉ 
Nativo PATRÃO DA COSTA 

OBS: Os nativos eram dois condutores dos jipes e um tradutor.

Não é meu interesse aqui entrar em pormenores, pois apenas quero lembrar a memória destes Oficiais, que devem figurar em todos os escritos com letra maiúscula.

Junto algumas fotos tiradas por mim, lamento não ter nenhuma do Sr. Major Pereira da Silva.

Manuel Cármine Resende Ferreira
Alf. Mil. Art. em Jolmete (Pelundo – Teixeira Pinto)
CCAÇ 2585 – BCAÇ 2884

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2. Comentário do co-editor CV

São devidas desculpas ao Manuel Resende por só hoje estarmos a dar conta desta triste efeméride mas, como este assunto é por demais marcante na história da guerra da Guiné, qualquer dia é próprio para se falar dele.

Quanto a mim, não esqueço esta data porque foi o dia em que nos apresentámos, na Parada do Depósito de Adidos, ao General Spínola. A 21 seguiríamos para Mansabá para uma longa estadia, ali, que só terminaria a 23 de Fevereiro de 1972.

Temos mais de meia centenas de referência a este trágico episódio; Três majores | Alferes Mosca | Chão manjaco
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Nota do editor

Guiné 63/74 - P16100: Agenda cultural (483): Apresentação do livro "O Jornalismo Português e a Guerra Colonial", organização de Sílvia Torres, dia 24 de Maio de 2016, às 18h30, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa

 C O N V I T E


2. Mensagem do nosso camarada Carlos Matos Gomes, Coronel Cavalaria Reformado (ex-2.º CMDT Batalhão de Comandos da Guiné, 1972/74), escritor e historiógrafo da guerra colonial, com data de hoje, 17 de Maio de 2016:

Junto vos envio o convite para a apresentação do livro "O Jornalismo Português e a Guerra Colonial", no dia 24, às 18 horas, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

A autora, eu e a editora teremos o maior prazer na vossa presença
Carlos Matos Gomes


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Nota do editor

Último poste da série de 16 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16095: Agenda cultural (475): A Fundação Casa de Macau e o sinólogo, nosso amigo e camarada, António Graça de Abreu convidam-nos para a tertúlia, de amanhã, dia 13, às 18h30, na Praça do Príncipe Real, 25-1º , Lisboa: "Macau visto da China"

Guiné 63/74 - P16099: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (37): O nosso Blogue e a sua importância (Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil da CCAV 8350)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Reis (ex-Alf Mil da CCAV 8350, (Guileje, Gadamael, Cumeré, Quinhamel, Cumbijã e Colibuia, 1972/74), com data de hoje, 17 de Maio de 2016, subordinada ao tema, O nosso blogue como fonte de informação:


O BLOGUE E A SUA IMPORTÂNCIA

Caros Editores
Amigos e camaradas,

Há perto de um mês, um professor de História da Escola Secundária de Moncorvo, Armando Gonçalves, solicitou ao Blogue a sua colaboração para que pudesse concluir a sua pesquisa sobre as condições que envolveram a morte do Alf Mil Lourenço da CCAV 8350, falecido na Guiné em 5 de Março de 197373(1).

Este caso englobava-se num projecto mais amplo, respeitante a todos os ex-combatentes de Moncorvo, falecidos nas ex-províncias ultramarinas e nascidos no concelho de Moncorvo. Como se depreende a sua tarefa não foi fácil. O conhecimento das datas de nascimento, filiação, localização dos cemitérios onde se encontram os corpos e a localização de familiares ainda vivos exigiu muito tempo e perspicácia ao Armando. Os locais e as circunstâncias em que morreram foram talvez o trabalho mais complicado. A singela homenagem aos ex-combatentes mortos ser-lhes-à prestada com a colaboração da Câmara Municipal, em data oportuna.

Quero deixar aqui duas notas: O meu apreço e gratidão pela dedicação do Armando a ex-combatentes, nossos camaradas e amigos. Não basta dizer que houve uma guerra e como em todas as guerras há mortos, feridos e estropiados. É redutora esta visão. Há algo mais para além disso. O meu apreço pela pronta, rápida e eficaz colaboração do Blogue, que acabou por me envolver neste processo e me sensibilizou para avançar na localização da campa do Alf. Lourenço e da da sua família.

Em pouco tempo se reuniram a maior parte dos elementos que o nosso amigo Armando precisava com a ajuda preciosa do Alf. Gonçalves, outro dos Alferes da CCAV 8350, que vive em Almada e não via há imensos anos. Localizámos a campa do Alf. Lourenço e dois dos seus primos ainda vivos.

Prestar uma singela homenagem, junto da campa do Lourenço, no Monte da Caparica, conversar com o Gonçalves e conhecer uma prima do Lourenço era uma razão forte para me deslocar ao Monte da Caparica, o que fiz logo que se deparou uma oportunidade. Foi um encontro emotivo e gratificante.
Durante o almoço recordámos vários amigos, várias situações e alguns episódios. Recordámos a morte dramática do Alf. Branco, em Gadamael, que foi substituir o Alf. Lourenço e que poucas horas permaneceu entre nós.


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Vista aérea de Gadamael Porto nos finais do ano de 1971. 

Foto: © António Carlos Morais da Silva, Coronel Art Ref.

Assisti, revoltado, na vala, à sua partida para o patrulhamento, desnecessário e sem sentido. Já não o vi regressar.

Ainda hoje dói ao reviver o filme deste episódio. Não é minha intenção responsabilizar ou julgar alguém, o meu relato é factual.

No dia 31 de Maio de 1973 o Coronel Durão ordena-me para fazer um patrulhamento a Ganturé, da parte da tarde. A meio do percurso, perto das 15 horas, rebenta o ataque do PAIGC e ouvem-se as granadas a sibilar por cima das nossas cabeças. Chego ao local e constato que estou a 100 metros de uma boca de fogo do PAIGC. Solicito o regresso ao aquartelamento, conforme combinado, mas é-me negado, e só no dia seguinte de manhã regresso sem autorização superior, por não me ter sido possível estabelecer qualquer contacto, via rádio, com Gadamael. Entro no aquartelamento pelas 11 horas da manhã do dia 1 de Junho.

No aquartelamento sou informado pelo Alf. Seabra de toda a situação. Houve imensos mortos e feridos e não restavam mais de 30 homens, dispersos nas valas. Tinha havido uma fuga desordenada no dia 1 de manhã. Uns conseguiram chegar a Cacine e outros refugiaram-se nas imediações do aquartelamento, onde se sentiam mais seguros do que dentro do aquartelamento. E ainda outros que morriam na travessia do rio.

No dia 1 de Junho, da parte da tarde, o abrigo das transmissões é atingido e são feridos os dois comandantes de Companhia, que acabam por ser evacuados pelos fuzileiros estacionados em Cacine. Poucas horas depois chegam os dois novos Comandantes de Companhia e o Alf. Branco, em substituição do Alf. Lourenço. O novo Comandante da CCAV 8350 teve connosco uma breve conversa, para se inteirar da situação. No dia 2 de Junho ordena um patrulhamento ao Alf. Branco para a zona do antigo heliporto localizado nas imediações do cais. O Alf. Branco não tem homens e caso os tivesse não os conhecia e percorre, vala a vala, a perguntar quem pertencia ao 4.º grupo. Não encontrou ninguém.

Acabou por sair no dia 3, sob pressão do Comandante de Companhia, com 11 homens, voluntários e mal armados. Perante o desespero do Alf. Branco, ainda cheguei a saltar da vala para os acompanhar, mas a protecção divina e percepção da minha inutilidade, aconselhou-me a não o fazer. Mal entrou na mata o pequeno grupo foi fortemente atacado pelos militares do PAIGC, instalados em valas, em missão de protecção avançada aos camaradas estrategicamente colocados no cimo das árvores, para orientar o fogo. Isto acontece a menos de 100 metros do arame fardado. Registaram-se 5 mortos e 1 ferido grave, sendo recolhidos pela Companhia de Paraquedistas 122, recém-chegados.

No ar pairava um misto de dor e revolta. A noite era de breu, alguns comentários ecoaram e  o Comandante de Companhia acabou por exercer algumas represálias sobre mim e sobre o capitão Catarino, ex-adjunto do Major Coutinho e Lima, que também tinha presenciado a saída do reduzido grupo de combate.

Gadamael foi mau demais e só não se transformou num enorme cemitério, devido ao apoio relativamente rápido das três Companhias de Paraquedistas que a partir do dia 3 de Junho passaram a operar em rotatividade.

Recordo algumas palavras escritas na altura.

GADAMAEL-PORTO EU TE AMO, EU TE ODEIO

Na vala recordo os dias alegres da infância, 
os tempos da boémia coimbrã e a ti, Catarina.
Chove, troveja.
Não, não é um trovão, alerta o João.
Deito-me na vala, o mundo parece desabar.
Outra saída, outra e mais outra....
Ouço gemidos. 
O João calara-se para sempre.
É manhã. Ai o café quente de Bissau!....
Os rebentamentos não param. 
Abdulai, nosso guia de Guileje, 
chora os nossos mortos com palavras sentidas e comoventes.
Na vala refilo, 
protesto com palavras obscenas contra tudo e contra todos.
Abdulai, o nosso guia, o nosso amigo,
 morreu.

Um abraço amigo,
Manuel Reis
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Notas do editor

(1) Mensagem de Armando Gonçalves com data de 22 de Março de 2016:

Assunto: Victor Paulo Vasconcelos Lourenço

Boa noite, 
Sou professor da Escola Dr. Ramiro Salgado de Torre de Moncorvo. 
Uma das iniciativas para o 25 de Abril na nossa escola é lembrar os soldados mortos no Ultramar. 
Tenho procurado na Internet informação de todos os nossos conterrâneos caídos, pelo facto encontrei o vosso Blogue e o texto de Hélder Sousa, Fur Mil Transmissões TSF (Piche e Bissau e 1970/72) sobre o Alferes Victor Paulo Vasconcelos Lourenço que muito me sensibilizou. Naturalmente, gostaria de apresentar este texto à comunidade, pois poucos conhecerão este episódio. Além de que seria uma homenagem devida. 
Por este motivo procuro que o autor do texto Hélder Sousa possa compartilhá-lo connosco, com a devida autorização. 

Grato pela atenção que possam dar ao exposto, 
Atenciosamente, 
Armando Manuel Lopes Gonçalves.

Último poste da série de 25 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15900: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (36): quantos quilómetros terá feito, em 9 dias, o valente soldado José António Almeida Rodrigues, na sua fuga, desde o local onde era mantido em cativeiro, na região do Boé, até ao seu porto de salvação, no Saltinho?

Guiné 63/74 - P16098: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (4): A um mês do 25 de abril de 1974, o IN ataca Canquelifá durante 4 dias, com um grande potencial de fogo, e faz violenta emboscada no itinerário Piche-Nova Lamego a coluna auto (Perintrep 12/74, relativo ao período de 17 a 24/3/1974)


Foto nº 1



Foto nº 2

Foto nº 3


Foto nº 4

Guiné > Zona leste > Região de Piche > Setor de Piche > Canquelifá >  Março de 1974 > A desolação da guerra: a tabanca, depois das violentas e prolongadas flagelações, diárias,  do PAIGC, à tabanca e ao aquartelamento,  à luz do dia, com morteiros 120,  foguetões 122 e canhões s/r,  entre 18 e 22 de março de 1974, e partir de várias direções (, e sobretudo Norte e Leste).

Houve mortos e feridos e graves danos materiais: pelo menos, 1 morto e 5 feridos graves entre as  NT; 3 mortos, 2 feridos graves e 4 feridos ligeiros entre a  População. Essas acções, que devem ter sido dirigidas pelo comandante do PAIGC Manuel dos Santos (Manecas),  revelam um certo "sentimento de impunidade", com o IN escudado nos Strela russos, tentando "engodar" a nossa aviação... Nesta altura, Canquelifá corria o risco de tornar-se a Guileje da zona leste.

Sempre presumi que a base de fogos tivesse instalada do outro lado da fronteira. O Perintrep é omisso fosse este ponto. Mass não, ao que parece era na antiga tabanca de Chauara, a escassos 10 km de X Canquelifá, com o PAIGC entrincheirado, e sua artilharia defendida por sapadores e infantaria... a escassos 4 km a norte, havia outra posição. Sinchã Jidé. No caso de Chauara, o reabastecimento era feito por estrada próxima que vinha do Senegal e atravessava a Guiné-Conacri.


Fotos: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné . Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona leste > Mapa de Canquelifá (1957) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Canquelifá (NT) e das bases de fogos do PAIGC, em março de 1974: Sinchã Jidé, a 4 km a norte, junto á fronteira com o Senegal, e Chauara, a menos de 10 km, a leste, junto à fronteira com a Guiné-Conacri.


Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)


Para aliviar a pressão sobre Canquelifá o batalhão de comandos africanos, a 3 companhias,  realizou a Op Neve Gelada (vd. vídeo no You Tube, da série A Guerra, realizado por Joaquim Furtado), a partir de 21 de março e até ao fim do mês, o  que levou à captura de grande quantidade de material, e provocou 26 baixas mortais entre o PAIGC (incluindo combatentes caucasianos ou não africanos, e nomeadamente enfermeiras, segundo testemunho de Carlos Matos Gomes, que comandou uma das companhias do Batalhão de Comandos Africanos).

Os comandos africanos tiveram 6 mortos e 1 desaparecido. Foi a última grande operação da guerra da Guiné, comandada por Raul Folques. esse bravo e lendário 'comando',  na altura, major.

Em 31/1/1974, tinha sido abatido por um Strela o Fiat-G pilotado pelo ten pilav Victor Manuel Castro Gil, a última aeronave abatida no TO da Guiné, antes do fim da guerra. O pilotop ejectou-se e conseguuiu chegar até tabanca de Dunane. Nesse dia Canquelifá foi flagelada com 50 foguetões, durante 2 horas, que causando sérios prejuízos no aquartelamento: um jipe com canhão s/r foi destruido.
























Documento (digitalizado) por Nuno Rubim (2016) / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné




Foto: Nuno Rubim (2007). Tem duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major. Na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966); trabalhador incansável, é também um bom amigo e um grande camarada, a que pedimos informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné; é membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de junho de 2006 (*)

1. Reprodução (parcial) do Perintrep nº 12/74, relativo ao período de 17 (domingo)  a 24 (domingo) de março de 1974.

O Perintrep era uma documento classificado, elaborado pela 2ª Rep/QG/ComChefe/Guiné (chefiada então  por Artur Baptista Beirão, ten cor inf) (1925-2014). Era elaborado a partir de notícias recebidas (Relim) durante um período semanal, indicando-se sempre a origem ou o órgão da fonte da notícia.

Repare-se no nível de segurança: o documento, classificado,  chegava até aos comandantes operacionais (nível de companhia), que o tinham de incinerar no prazo de 72 horas... As informações nele contidas, devidamente selecionadas, podiam ser (ou não)  partilhadas depois com os subordinados, individualmente ou em grupo.

Este documento (cópia nº 36, parcial) chegou-nos às mãos, a nosso pedido, por gentileza do cor art ref Nuno Rubim, investigador, especialista em história da artilharia, e nosso grã-tabanqueiro da primeira hora. O Nuno Rubim tem a coleção toda, digitalizada,  dos Perintrep relativos ao CTIG (*).

Como se pode depreender da leitura deste Perintrep, a um mês do 25 de abril de 1974, no conjunto do TO da Guiné, e deum modo geral,  "atividade de iniciativa IN sofreu quebra considerável tanto no número de ações como na agressividade", se excetuarmos a zona leste, e em particular a parte nordeste do território,  "onde o IN fez incidir o esforço":

(i) flagelação da tabanca e aquartelamento de  Canquelifá (posto administrativo de Piche), diaramente, e durante várias horas, durante o dia, a partir de 18 e até 22 de março,   de várias direções, utilizando foguetões 122, canhão s/r, morteiro 120 (fonte: CCAÇ 3545);

(ii) emboscada a 22 de março, às 7h45, a coluna auto, no itinerário Piche-Nova Lamego, no troço entre  Bentém e Cambajã, por um grupo estimado em 200 elementos; as NT tiveram 5 mortos   5 feridos graves e 11 feridos ligeiros;  foram destruídas 3 viaturas: 1 Chaimite, 1 White, 1 Berliet (fonte: BCAÇ 3883)(**) .

A 22 de março de 1974, um grupo IN, na região de Canquelifá, também abriu fogo sobre sobre dois helis AL III, sem consequências.

Nos restantes zonas (oeste e sul), a atividade IN foi mais reduzida, em nº de ações e agressividade: assinalam-se ações, de iniciativa IN, em Binta (zona oeste) e em Gadamael (zona sul).

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 11 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16077: O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (3): Mais três fotos da "minha" CCAÇ 1424... Numa delas o alf mil inf António Joaquim Alves de Moura, natural de Padronelos, Montalegre, que morreu em combate, "a meu lado com um tiro no coração", a 4/9/1966, em Chinchim Dari, entre Mejo, a sul, Nhabocá, a norte, e Salancaur, a oeste... mais 4 topónimos do nosso martirológio de Guileje

(**) Vd. poste de  12 de maio de  2016 > Guiné 63/74 - P16079: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (45): A brutal emboscada do dia 22/3/1974, na estrada (alcatroada, construida pela TECNIL ) Piche-Nova Lamego: só por negligência, propositada ou intencional ou casual, estes casos podiam acontecer... É coincidência apenas, ou as Forças Armadas só já estavam preocupadas com outros valores?...

Guiné 63/74 - P16097: Parabéns a você (1079): António Pinto, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 506 (Guiné, 1963/65)

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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Maio de 2016 Guiné 63/74 - P16093: Parabéns a você (1077): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Guiné, 1972/74)

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16096: Álbum fotográfico do José Salvado, ex-fur mil, CART 1744 (São Domingos, 1967/69) - Parte I: Bissau e Bissalanca, 1968


 Foto nº 1 > 1968 > Bissau, numa esplanada, á espera do embarque para férias. O José Salvado é o primeiro da direita


Foto nº 2 > 1968  > Bissau: porto, com a estátua de Nuno Tristão, no final
da Av da República, hoje, Av Amílcar Cabral...  Era a principal artéria da cidade, vinha da Praça do Império ao Cais do Pidjiguiti.



Foto nº 3 > 1968 > Bissau: Praça do Império e palácio do Governador


Foto nº 4 > 1968 > Bissau, av da República


Foto nº 5 > 1968 > Bissau, rua


Foto nº 5 > 1968 > Aeroporto de Bissalanca. Na pista, um Super Constellation, da TAP


Fotos: © José Salvado (2016). Todos os direitos reservados



1. Primeira parte do álbum de fotografias do novo membro da nossa Tabanca Grande, José Salvado, ex-fur mil arm pes inf, CART 1744 (São Domingos, 1967/69). É natural da Covilhã, vive hoje nas Caldas Raínha onde é advogado. Também passou por Angola onde foi administrador de posto (1969-1975).

A CART 1744 chegou ao TO da Guiné  em 25 de julho de 1967, sendo colocada em S. Domingos, na região do Cacheu, como companhia de intervenção. Fez operações em S. Domingos, Susana, Ingoré, Cacheu e Sedengal.

O José Salvado veio de férias à metrópole em 1968. Regressou a casa no T/T Niassa, com partida a  15 de maio de 1969, e desembarque  em Lisboa no dia 21.

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Nota do editor:

Vd. poste de 15 de maio de 2016 >  Guiné 63/74 - P16091: Tabanca Grande (486): José Salvado, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria da CART 1744 (São Domingos, 1967/69); foi também Administrador de Posto em Angola, é hoje advogado, vive nas Caldas da Rainha, e passa a ser o nosso grã-tabanqueiro n.º 715

Guiné 63/74 - P16095: Agenda cultural (482): A Fundação Casa de Macau e o sinólogo, nosso amigo e camarada, António Graça de Abreu convidam-nos para a tertúlia, de amanhã, dia 13, às 18h30, na Praça do Príncipe Real, 25-1º , Lisboa: "Macau visto da China"



"Macau visto da China", por  António Graça de Abreu, dia 17 de maio de 2016, 3ª feira, às 18h30



Fundação Casa de Macau, Praça do Príncipe Real, 25-1º, Lisboa



Agradece-se a confirmação prévia do interessados > telef 21 322 344o / fcmacau@netcabo.pt








1. Convite que nos chega da Fundação Casa de Macau:

Exmos/as Senhores/as,

No âmbito do Ciclo de Tertúlias de 2016, honra-nos promover a participação do conhecido sinólogo António Graça de Abreu na tertúlia que se realizará no próximo dia 17 de Maio, pelas 18:30, subordinada ao tema: «Macau visto da China».

Nas mais diversas atividades e campos disciplinares, da História à Poesia, do ensino à tradução, António Graça de Abreu reflete a sua vasta experiência e conhecimentos numa profícua e ampla bibliografia que vale a pena conhecer.

A tertúlia do dia 17 de Maio será pois uma oportunidade e um privilégio para todos.
Contamos com a V. presença!

Fundação Casa de Macau
Sede: Av. Almirante Gago Coutinho, 142 1700-033 Lisboa
Centro de Documentação: Praça do Príncipe Real, 25 - 1º 1250-184 Lisboa


2. Mensagem de 13 do corrente, do nosso camarada e amigo António Graça de Abreu;

Na próxima terça-feira espero pelos meus Amigos na Fundação Casa de Macau, ali no Príncipe Real, nos melhores espaços de Lisboa.

Prometo uma visão diferente de Macau, acompanhando o olhar sinuoso das gentes da imensidão das terras da China, centrado sobre a estranha e fascinante cidade de Macau.
Apareçam. Vamos tentar olhar Macau com os olhos da China.
Abraço, António Graça de Abreu

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Nota do editor:


Guiné 63/74 - P16094: Nota de leitura (839): Num número da revista Africana encontrei um trabalho de certo fôlego intitulado “Guiné: o gentio perante a presença portuguesa”, da autoria da antropóloga Maria Teresa Vázquez Rocha (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
Pareceu-me particularmente interessante o trabalho desta antropóloga que coligiu relatos sugestivos de viajantes, juntando-lhes documentação sobre a vida das praças e a atividade missionária.
Trata-se de um percurso linear onde podemos ver a euforia de certos viajantes, a deceção dos missionários, as permanentes reivindicações de capitães-mores a pedirem mais efetivos, melhores condições, a deplorar a presença de estrangeiros perante o alheamento das autoridades portuguesas. É juntando estas peças que ganha uma certa claridade o que foi a ténue presença portuguesa e descobrir as razões pelas quais a Grande Senegâmbia excedeu as nossas possibilidades. 

Um abraço do Mário




A Guiné entre os séculos XV e XVIII: olhares e documentos

Beja Santos

Num número da revista Africana encontrei um trabalho de certo fôlego intitulado “Guiné: o gentio perante a presença portuguesa” da autoria da antropóloga Maria Teresa Vázquez Rocha, em que se procura analisar as reações, perante a presença portuguesa, até ao século XVIII das populações autóctones. E o texto arranca com um belíssimo parágrafo do Tratado Breve dos Rios de Guiné do Cabo Verde, de André Álvares de Almada: “Esta terra é tão abundante de tudo que nada lhe falta; abastada de muitos mantimentos, muito fresca de ribeiras de água, laranjeiras, cidreiras, limoeiros, canas-de-açúcar, muitos palmares, muita madeira excelente. Povoando-se, viria a ser de facto de maior trato que o Brasil; nesta terra há algodão e o pau que há no Brasil, e marfim, cera, ouro, âmbar, malagueta, e podem-se fazer muitos engenhos de açúcar”. A autora fala abreviadamente das ligações da Guiné aos grandes impérios da África Ocidental e socorre-se de vários autores para caraterizar as diferentes etnias, e cita novamente André Álvares de Almada: “E como os reinos dos negros sejam tantos e as linguagens tão várias como os costumes diversos, porque em cada espaço em menos de 20 léguas há duas e três nações, todas misturadas, e os reinos uns pequenos, e outros grandes, sujeitos uns aos outros”. Os grupos referenciados são: Balantas, Felupes, Banhuns, Cassangas, Cobianas, Manjacos, Brâmes, Papéis, Bijagós, Beafares, Nalus, Mandingas, Fulas. Quanto à caraterização da chegada, instalação e primórdios portugueses, a fonte mais invocada é a “Crónica da Guiné”, de Azurara.

A ligação a Cabo Verde vem desde os primeiros tempos e daí as designações “Rios da Guiné do Cabo Verde”, “Guiné do Cabo Verde” ou “Senegâmbia do Cabo Verde”. Tudo começa com os comerciantes originários de Cabo Verde que se fixaram no continente adquirindo escravos e outras mercadorias, como escreveu Henrique Pinto Rema, a propósito das primeiras missões da costa da Guiné: “Estes comerciantes brancos, vindos do arquipélago, sobretudo de S. Tiago, familiarizaram-se com os negros e com as negras, aprenderam as línguas do país, enriquecendo-as por seu lado com vocábulos da própria língua materna e confiadamente se lançaram pelo sertão adentro, de onde lhes veio o epiteto de lançados”. Cacheu surge em 1588, teve praça construída por Manuel Lopes Cardoso. Mas só com Gonçalo Gamboa Aiala será construída uma fortaleza propriamente dita e ele nomeado capitão-mor, em 1641. A fixação mais densa dos portugueses verificar-se à apenas nos finais do século XVII, como forma de salvaguardar os interesses nacionais face às intenções francesas. E daí a construção da fortaleza em Bissau, em finais do século XVII e renovada em 1708. Como escreve a autora: “Só no reinado de D. José I, em 1753, se restabeleceu a capitania, ficando Nicolau de Pina Araújo à frente da mesma. A reedificação da fortaleza de S. José de Bissau torna-se então indispensável. O novo forte foi construído sob enorme oposição dos indígenas, a qual se manifestou por inúmeros atos agressivos; Papéis e Grumetes cometiam enormes desacatos, o que não impediria estes de serem, noutras alturas, grandes auxiliares na defesa das praças da Guiné”.

Para além destas praças foram criadas as de Geba, Farim e Zinguinchor. Era quase impossível encontrar colonos devido à natureza do clima e os degredados enviados eram em pequeno número e elevada a taxa de mortalidade. A autora, que pesquisou no Arquivo Histórico Ultramarino cita documentação alusiva à falta de condições de salubridade, às más condições existentes, ao miserável estado da praça de Cacheu, aos conflitos permanentes com as populações circundantes. Desde muito cedo também que irá surgir um problema para o qual não se encontrou solução adequada: a presença efetiva de missionários. Aliás, enviavam-se padres visitadores que tinham uma ação pouco ou nada eficaz, eram frequentes os conflitos entre os visitadores e os moradores das praças, na medida em que os primeiros cometiam excessos e faziam desmesuradas exigências.

Nesta documentação, a autora deteta informação sólida sobre os europeus e o seu comportamento em terras guineenses: falta de qualidades morais de lançados e comerciantes, ganância e toda a sorte de expediente para enriquecer rapidamente, arbitrariedades de toda a espécie. Ficamos igualmente a saber o que se transacionava nas praças, com destaque para o tráfico de escravos. E temos também as queixas sobre a concorrência de franceses, ingleses e holandeses, é percetível o enfraquecimento da presença portuguesa. Quanto às relações políticas, há um documento eloquente, a carta do rei de Bissau, Bacampolco, a D. Pedro II, em 26 de Abril de 1694, manifestando a sua afeição e propondo-se enviar o seu filho primogénito e onde diz: “Rei de Portugal meu irmão, a esta minha ilha veio o bispo dos cristãos e eu o recebi com amor e desejava que ele ficasse logo amigo, pelo gosto que tive de o ver; e como se ele tornar a esta ilha e me achar vivo me quero lavar minha cabeça e fazer cristão, e não só eu mas todos os meus vassalos; peço e rogo a Vossa Majestade que o queira mandar com ele alguns padres para me ensinarem e a minha gente o caminho verdadeiro do Senhor Deus para salvação das nossas almas, que estou pronto e com grande vontade fazer igrejas em que se conheça e adore o verdadeiro Deus”.

A ação missionária dos franciscanos foi hostilizada por quantos se dedicavam ao tráfico de escravos, são choques infindáveis, os frades sairão da Guiné no início do século XVIII. A missionação da Guiné ficou entregue aos cuidados dos padres seculares de Cabo Verde, a assistência foi sempre muito reduzida. Como observa a autora, o século XVIII foi marcado pela decadência missionária. Até 1940, a igreja da Guiné esteve dependente de Cabo Verde, depois ganhou autonomia.

Queremos agora fazer referência a outro artigo publicado nesta revista Africana, trata-se de uma conferência proferida por Silva Cunha em 1959 no Instituto dos Altos Estudos Militares e que tem a ver com os antecedentes da subversão na Guiné. Em dado passo, e falando da importância do movimento islâmico na Guiné e Moçambique, disse o seguinte: “Cerca de um terço da população indígena destas províncias seguem o credo muçulmano e o número tende a aumentar, pois o islamismo, religião missionária, faz um intenso proselitismo entre as populações animistas do nosso território, sem que, infelizmente, se lhe oponha por parte das missões cristãs um apostolado eficiente. A situação é tal que, a manter-se, dentro de uma dezena de anos toda ou quase toda a população nativa da Guiné estará islamizada. Ora, a comunidade de religião cria novas afinidades que, por vezes, superam mesmo as divisões tribais e tendem a uniformizar os caráteres sociais das populações”. O antigo ministro do Ultramar enganou-se, o islamismo cresceu, tal como, surpreendentemente, as religiões cristãs, com destaque para o catolicismo. Iniciada a guerra, verificou-se que o islamismo não foi em si um fator de divisão, ou seja, nem toda a população islamizada se manteve fiel à bandeira portuguesa, e os aspetos religiosos, na atualidade, não parecem tender a agravar as grandes questões étnicas e não se deteta a tal uniformização dos caráteres sociais das populações. Há outros fatores em jogo nesta ponderação, o cultural, a vitória sobre o analfabetismo, a criação de riqueza, o sentido de identidade nacional, o primado do trabalho, etc, jogam tanto ou mais que o fator religioso na tal uniformização dos caráteres sociais do povo.



Carta Hidrográfica da Guiné Portuguesa, 1844, Sociedade de Geografia de Lisboa que amavelmente permitiu a sua publicação no livro “Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau: Um Roteiro”, por Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos, Fronteira do Caos, 2014, reproduz-se com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 13 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16081: Nota de leitura (838): Alexandre Herculano e a Questão de Bolama (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16093: Parabéns a você (1078): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Maio de 2016 Guiné 63/74 - P16090: Parabéns a você (1076): António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas das CART 3493 (Guiné, 1972/74) e Agostinho Jesus, ex-1.º Cabo Mecânico Auto do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74)

domingo, 15 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16092: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (13): três poemas de Valdemar Rocha, militar de transmissões em Santa Luzia, premiado nos Jogos Florais da UDIB (1972)


Capa da brochura Caderno de Poesias "Poilão", edição limitada a cerca de 700 exemplares, policopiados, distribuídos em fevereiro de 1974, em Bissau. A obra é editada em dezembro de 1973, por iniciativa do Grupo Desportivo e Cultural (GDC) dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (A história do GDC dos Empregados do BNU remonta à I República: foi carido em 1924).



1. Considerada a primeira antologia da poesia guineense, esta edição (hoje rara) deve muito à carolice, ao entusiasmo, à dedicação e à sensibilidade sococultural de dois homens:(i) o Aguinaldo de Almeida, caboverdiano, funcionário do BNU, infelizmente já falecido; era o coordenador da secção cultural do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do BNU - Banco Nacional Ultramarino, Bissau; e (ii) o nosso camarada Albano Mendes de Matos (hoje ten cor art ref; tenente art, GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74; "último soldado do império", é natural de Castelo Branco, e vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo) [, foto a seguir, em Bissau, em 1972/73].


,
Albano Mendes de Matos (hoje ten cor art ref; tenente art, GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74)




2. Hoje publicamos três poemas de Valdemar Rocha (*), dois deles premiados  nos Jogos Florais da UDIB - 1972.

Não temos mais referências sobre Valdemar Rocha, a não ser que :

(i) era natural de Rebordosa, Douro, concelho de Paredes;

(ii) na vida civil, era  empregado de escritório;

 (iii)  na época estava em Bissau na unidade de transmissões (Santa Luzia);

(iv) ajudou o Albano Mendes de Matos e o Aguinaldo Almeida a organizar esta antologia;

e ainda (v) foi ele que trouxe dois poemas do Luís Jales  de Oliveira ["Ginho", que esteve em Gadamael Porto, Região de Tombali, 1973; tem página no Facebook e é natural de Mondim de Basto]





Sabe-se que foi um alferes miliciano da Unidade de Tarnsmissões [, aquartelada em Santa Luzia,]  quem desenhou a capa para «Poilão» a pedido de Valdemar Rocha. (**)









Guiné > Bissau > Sede da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau > c. 1962/64. Foto do nosso camarada açoriano Durval Faria (ex-fur mil da CCAÇ 274, Fulacunda, jan 1962/ jan 64)

Foto: © Durval Faria / Blogue Luís Graça > Camaradas da Guiné (2011). Todos os direitos reservados.

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Notaa do editor:

(*) Últimos postes da série:

16 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15259: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (12): Eunice Borges é a única voz feminina desta antologia


12 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13877: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (10): (i) O poeta, cidadão do mundo; (ii) Caminha; e (iii) A minha mãe (Tavares Moreira, n. 1938, Bubaque)


(**) Sobre a históris deste caderno de poesias "Poilão", vd..

24 de outubro de DE 2014 > Guiné 63/74 - P13796: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (8): Respondo a algumas perguntas: (i) o poeta Pascoal D' Artagnan, que era filho de mãe balanta e pai italiano; e (ii) o 'making of' do livrinho (Parte I)


25 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13798: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (9): o 'making of' do livrinho (Parte II)