Guiné > Região de Bafatá > Bambadinca > Pel Rec Daimler 2046 (maio de 1968/fevereiro de 1970) > A Rosinha, então com 18 anos... Era a lavadeiar do alf mil cav Jaime Machado... Não sabemos se era cristã... Os brincos e o fio que usa ao pescoço não seriam arte mandinga, inclinamo-nos para a hipótese de serem pechisbeque importado... Os trabalhos do ourives de Bafatá, o Tchame, mandinga, eram caros, podiam custar centenas ou até milhares de pesos... Os guineenses tinham um fascínio pelo ouro, em especial pelos nossos fios de ouro com crucifixo.
Quanto ao penteado da Rosinha, parece-nos mandinga... Será ? De qualquer modo, não é de uma mulher grande, é de uma bajuda. Os penteados africanos obedecem a uma gramática bem estruturada...
Foto (e legenda): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > 1972 > O chefe da tabanca, com o traje usado durante o período do Ramadão: usa ao peito um colar de prata, trabalho que só podia ser de ourives mandinga: há várias teorias sobre a funcção da caixinha. uns dizem que servia para guardar amuletos e outros "roncos"; outros, como o Cherno Baldé, dizem que era uma espécie de "guarda-joias" ambulantes, sobretudo no caso das mulheres...
Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) > O alf mil Luís Dias empunhando uma "longa". usada para a caça grossa... Não sabemos sea confeção é fula, mandinga ou europeia...
Fotos (e legendas): © Luís Dias (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > O alf mil at art Jorge Cabral, ao peito um amuleto de origem fula ou mandinga, e mais dois, um à cintura e outro no direito direito...
Os enfeites das kafalas [ou cafalas] de couro eram feitos de palha - ou ráfia - cosida nuns golpes dados no cabedal.
Há alguém que saiba para que servem aquelas caixas redondas penduradas nos fios de prata? É só ronco ou transportam alguma coisa?
Quase todos soldados fulas da minha CART 11 usavam "amuletos", envolvidos em couro. Tenho um com cerca de 7 cm envolvendo uma presa ou corno, só com a ponta à vista, de forma triangular para pendurar ao pescoço.
Nós também usavámos as nossas medalhinhas nos fios ao pescoço e até santinhos que as nossas mães metiam nas nossas carteiras.
Foto (e legenda): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Região de Bafatá > Setor de Galomaro > Dulombi > CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) > O alf mil Luís Dias empunhando uma "longa". usada para a caça grossa... Não sabemos sea confeção é fula, mandinga ou europeia...
Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > O alf mil at art Jorge Cabral, ao peito um amuleto de origem fula ou mandinga, e mais dois, um à cintura e outro no direito direito...
A função dos amuletos de guerra era "fechar (blindar) o corpo" contra as balas do inimigo... Todos combatentes, em todas as guerras, são "supersticiosos", sejam cristãos, mulçulmanos, judeus, crentes ou não crentes... E mal deles se não desenvolvem uma "idelogia defensiva" que os proteja contra o medo... Todas as profissões de risco (, dos médicos aos pilotos de aviação...) têm estratégias de "racionalização" para lidar com os "riscos"...
Foto (e legenda): © Jorge Cabral (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentários ao poste P21559 (*):
(i) Cherno Baldé:
Como podem notar, a arte entre fulas e mandingas é um prolongamento da arte do então chamado Sudão Ocidental com o centro em Mali que, após a independência e durante alguns anos o teria adoptado como nome oficial do país.
O Mali, como império e centro de cultura na Árica Ocidental, de modo geral, foi zona de apropriação e expansão da religião muçulmana e das artes dos povos árabes.
Respondendo à questão dos colares em prata, a vossa dedução é lógica e faz sentido, pois que as caixinhas teriam sido feitas para alguma utilidade como guardar e/ou transportar pequenas coisas de valor e uso pessoal.
(ii) António J. Pereira da Costa:
Também tenho esse artesanato. (*)
Respondendo à questão dos colares em prata, a vossa dedução é lógica e faz sentido, pois que as caixinhas teriam sido feitas para alguma utilidade como guardar e/ou transportar pequenas coisas de valor e uso pessoal.
Da minha experiência em criança, tenho visto em ocasiões de festas a minha mae abri-la e retirar de lé dinheiro em moedinhas de prata (poucas), brincos das filhas mais pequenas e até pedaços de cola.
No caso dos homens, certamente, era mais para ronco, como diz o Tozé, sem excluir a possibilidade de transportar amuletos ou guardas, não sendo todavia uma prática muito usada, porque estes, normalmente, eram considerados adornos modernos e de luxo ao alcance de poucos e também pouco propícios para albergar ou atrair poderes de protecção. Para isso era utilizado exclusivamente a pele (couro) dos animais.
O Canhangulo [etimologia: do quimbundo, Angola ] em Crioulo da Guiné-Bissau é "Longa", e em fula é "Noku-low", quer dizer (a arma de) "carregar à mão".
O Canhangulo [etimologia: do quimbundo, Angola ] em Crioulo da Guiné-Bissau é "Longa", e em fula é "Noku-low", quer dizer (a arma de) "carregar à mão".
O meu avô materno tinha uma igual e era carregada, salvo erro, pela boca com um chifre de boi, utilizando um pequeno cabo para empurrar e compactar a pólvora.
Quanto ao termo "cafala" (bainha de alfange), é de origem árabe e pode ter diferentes significados, entre os quais de protecção (bainha) ou de adopção no sentido da protecção social ou familiar, muito usado no seio das tribos árabes do Próximo e Mêdio Oriente.
Quanto ao termo "cafala" (bainha de alfange), é de origem árabe e pode ter diferentes significados, entre os quais de protecção (bainha) ou de adopção no sentido da protecção social ou familiar, muito usado no seio das tribos árabes do Próximo e Mêdio Oriente.
O mesmo se poderá dizer do termo Alfange [árabe al-kanjal: sabre largo e curvo].
Pode ser que tenham outros nomes nas línguas fula ou mandinga, mas não conheço. Eu nasci na época das armas automáticas e nunca tive nenhuma curiosidade ou fascínio por armas dos séculos passados.
Também tenho esse artesanato. (*)
Os enfeites das kafalas [ou cafalas] de couro eram feitos de palha - ou ráfia - cosida nuns golpes dados no cabedal.
Há alguém que saiba para que servem aquelas caixas redondas penduradas nos fios de prata? É só ronco ou transportam alguma coisa?
(iii) Valdemar Queiroz:
Nós também usavámos as nossas medalhinhas nos fios ao pescoço e até santinhos que as nossas mães metiam nas nossas carteiras.
A propósito de medalhinhas, o soldado Mamadu Cano, do meu Pelotão, quando eu vim de férias pediu-me para lhe trazer de Lisboa "fio doro com cruz", provavelmente por ver muitos de nós com um crucifixo. Evidentemente que me esqueci desta e de muitas outras "traz-me de Lisboa".
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 19 de novembro de 2020 > Guiné 61/74: P21559: Arte guineense, fula e mandinga (Luís Dias, ex-alf mil inf, CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74)