sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22529: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (69): A funda que arremessa para o fundo da memória

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Setembro de 2021:

Queridos amigos,
É com a maior satisfação que me socorro do livro Postais Antigos da Guiné, escolhidos por João Loureiro. Conheci este distinto advogado no Conselho de Publicidade, ele representava as agências e eu os interesses do consumidor. Sobrou uma consideração mútua e um dia pude escrever que o levantamento de património coligido pelo Dr. João Loureiro era inultrapassável, ele sistematizou uma invulgar coleção de quase dez mil postais fotográficos, sem dúvida uma imprescindível fonte iconográfica não só da presença portuguesa em África e no Oriente como também de um período que marcou os sinais da colonização portuguesa e a alvorada das nações lusófonas. A ele dedico hoje este despretensioso texto.

Um abraço do
Mário



Rua do Eclipse (69): A funda que arremessa para o fundo da memória

Mário Beja Santos

Annette mon adorée, presque à arriver à Lisbonne, não sei se é só o meu coração que te aguarda com a maior expetativa, em breve virás tomar conta da nossa casa, és tu que lhe dás vida e que me embalas o destino. Já que te estás a divertir com as peripécias da minha passagem pela Neuropsiquiatria do Hospital Militar nº 241, e que me pedes ainda mais aspetos caricaturais, episódios de pequeníssima história, sobre tudo o que tem sido a minha comissão, aqui vai um punhado avulso de rememorações. Na noite em que desembarcámos do Uíge para uma lancha que nos levou ao cais do Pidjiquiti, já era 29 de julho de 1968, alguns soldados com o olhar furibundo pela estafa que lhes estava a dar, foram arrastando os meus malões de madeira para um estranho portaló, sempre a imprecar, eis senão solta-se uma pega e aquele malão em forma de urna foi disparado para a barcaça, podia ter havido acidentes graves, alguém deu um grito estridente, quem ia dentro da barcaça afastou-se rapidamente, o malão acabou por assentar em cima de uma superfície mole, não tugiu nem mugiu, eu bem corria o risco de ver umas centenas de livros e discos a afundarem-se no Geba. Se achares interessante, adicionas ao tempo a que cheguei a Bissau. Como parti a 2 de agosto para Bambadinca, tive praticamente o último dia de julho e primeiro de agosto por minha conta, e andei a vaguear exatamente pelos mesmos pontos que agora referencio, em abril de 1970.

Penso nas pessoas que conheci e que já partiram, caso do Pedro e da Luísa Abranches, casal muito amigo da minha irmã Manuela, do Cruz Filipe, médico como o Pedro, e que sempre me acolheu tão calorosamente em casa, do Botelho de Melo, passo junto ao edifício do Comando da Defesa Marítima e logo sinto saudades do comandante Teixeira da Mota. Quando trabalhei uns fartos meses em 1991 na Guiné procurei saber o que era feito daquele tão delicado e dedicado funcionário do Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, o que me facilitava a descoberta de literatura que me permitiu ir conhecendo um pouco a Guiné. E automaticamente lembro-me dos sargentos e das praças que me deram tão profícua colaboração e que desapareceram da minha vida, caso do Zacarias Saiegh, do Luís Casanova, do Jolá Indjai, soldado que tuberculizou mal cheguei ao Cuor, tratou-se dois anos em Lisboa, e no exato momento em que embarco no Carvalho Araújo em Bissau, ele me apareceu curado e lembrando-me o carinho com que tinha sido tratado pelos meus familiares. Lembro o Paulo Semedo e o Fodé Dahaba. Sentado na esplanada da 5ª REP remexo nas guias que tenho para os médicos: ortopedia, para ver como tenho o joelho direito, fui operado a uma exostose em abril do ano passado; arrepio-me quando vejo a guia para o estomatologista, já visitei o carniceiro, no banco cá fora eu e muitos mais estremecemos a ouvir a gritaria ou os gemidos de quem está sentado na cadeira, só penso naquela broca que está sempre a zunir; e tenho o otorrino e o oftalmologista e depois a neuropsiquiatria, dou comigo a falar em voz alta e quando remexo nesta papelada, fui impedido de passar férias com os meus entes queridos, tenho agora férias de saúde a vários níveis de recauchutagem. Nisto olho em frente, sou tentado pela Casa Gouveia, entro aqui sempre e fico embasbacado com o estanco monumental, conheço o Rendeiro e o Zé Maria em Bambadinca, ali pode-se comprar deste o nastro ao petromax, aqui o festival fia mais fino, há pratas e porcelanas dispendiosas, estes importadores aproveitam uma alforria da pauta aduaneira e põem à disposição do público artigos de luxo de pouca probabilidade em Lisboa.

Adorada Annette, tomo as refeições na messe de oficiais e descobri um passatempo formidável, sentar-me num cadeirão e ouvir as conversas de militares e famílias, vale um dinheirão, os oficiais indignadíssimos com esta ou aquela postura deste ao daquele superior, as senhoras avaliando o trabalho das empregadas, comentando quem chega e quem parte, observo as gesticulações de uns e outros naquele aquário muito especial em que os militares andam enfurecidos com aspetos burocráticos e as senhoras com as ninharias do quotidiano, para eles o teatro de guerra é inexistente.

Alguém me recomendou que fosse conhecer uma instituição muito especial, a Pensão Central, gerida por uma figura lendária da cidade, Dona Berta. Subi umas escadas em ferro, entrei numa sala cheia de mesas, um empregado veio solícito perguntar se eu queria almoçar, pedi para conversar com a Dona Berta, a senhora apareceu, trazia a candura no sorriso, perguntou-me se fora colocado em Bissau e se queria ser comensal, ainda não tivera tempo para responder e já me dera o teor dos menus diários e o respetivo preço, quando lhe respondi que viera conhecer a distinta senhora ela logo me disse que almoçaria na sua mesa. Perguntou-me qual o prato que eu mais apreciava, não havia que enganar, a canja de ostra, Pitche-Patche. “Hoje não há, amanhã sim, é novamente meu convidado”. Será na Pensão Central que almoçarei e jantarei em 1991, naquele tempo não havia problemas de segurança, metia-me ao caminho para o meu dormitório, a CICER, o pior eram as noites escuras, tinha que andar cauteloso para não me espalhar, felizmente recebia muitas vezes a boleia do Delfim da Silva, colaborador do presidente Nino, que não morava longe.

Tive sorte em encontrar colegas de curso de Mafra, agora colocados em Bissau. Recordo algum turismo de fim de tarde, passeios até Quinhamel e Nhacra. Todas as consultas correram bem, chegou a hora de ir ao neuropsiquiatra, o David Payne disse-me que eu não podia demorar mais. Entrei na consulta, leu o diagnóstico do Payne, comentou em voz alta os sinais de desgaste, as insónias, os comportamentos agressivos, que eu não me apoquentasse, a viver com aquela enorme pressão era imprescindível repousar muito, ia preparar o esquema da terapêutica, amanhã de manhã ele dava entrada na enfermaria, conversaríamos uma semana depois.

Minha adorada, já vesti o pijama e sou conduzido pelo 1º cabo Morais para um quarto de três camas. Este 1º cabo é um homem de conversa económica mas disse-me um dia à queima-roupa: “Sou maqueiro por acidente, no que gosto de fazer é proteger algumas meninas coristas do Parque Mayer”. Mudei de universo, onde me encontro a hierarquia tem outro significado, quem aqui comanda é o 1º cabo Morais, ele pede para não ter que se irritar, quer ver tudo cumprido dentro desta rotina com horas para levantar e deitar, tomar a pica no rabo, engolir comprimidos, tomar banho, almoçar, voltar aos comprimidos, ter uma hora livre para visitar os outros doentes ou receber visitas, se houver condições ler ou escrever, jantar, engorgitar mais comprimidos e depois tudo muito pianinho, a noite e o sono são integralmente para respeitar com aquela luz de azul fosco que nos vigia sem cessar. Cabe-te agora pedires os esclarecimentos que precisas sobre a tragicomédia que vivi durante os nove dias que ali passei. Não achas melhor conversarmos sobre este assunto, dentro de dias, quando chegares a Lisboa? Estou impaciente por te ver, prometo tudo fazer para que o Jules passe uma semana muito agradável na nossa companhia. Bisous et à tantôt, Paulo.


Barbearia no Bissau Velho
Estamos no tempo da divulgação do exotismo. O editor foi a Neogravura de Lisboa, cerca de 1945. Os ocidentais, apanhados de surpresa, são confrontados com danças tribais, tatuagens, um mundo arabizante, um pedaço do continente perdido sob a nossa custódia. A imagem é poderosa, destaca o vigor físico de alguém que nos encara, orgulhoso de quem é.
Pescadora Papel do Biombo. O editor foi a Foto Serra, cerca de 1966. Quantos de nós não enviaram esta imagem para a terra? Mesmo com prudência, não era coisa que se mandasse à namorada (insinuações à parte)...
Mercado, edição da Casa Gouveia, cerca de 1970. Senti-me transportado para Bambadinca ou Bafatá, mercados mais pequenos do que os de Bissau. Não acredito que as cores tenham perdido vivacidade. Como eu gostava de deambular, comprar especiarias, sentir-me penetrado por esta atmosfera de vozes, movimentos, odores.
Morros de baga-baga, edição da Foto Iris, cerca de 1969. Que idades terão estes meninos hoje, que sonhos, que venturas? Despeço-me do álbum de João Loureiro com a nostalgia do futuro. Os meninos merecem sempre mais, em sonho e em esperança. O postal pode não ser muito bom mas gosto muito da linha do horizonte e da pureza das nuvens. E os meninos são sempre os meninos.
Pensão Central ou da Dona Berta, muito próxima da Catedral de Bissau
Avenida Marginal, Bissau
Monumento ao Esforço da Raça, com a Associação Industrial e Comercial ao fundo
Grande Hotel, Bissau, já conhecera dias melhores, galeria de fotos do Didinho, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22508: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (68): A funda que arremessa para o fundo da memória

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22528: Lembrete (35): Apresentação, no sábado, dia 11, na Tabanca dos Melros, do livro autobiográfico do António Carvalho, "Um caminho de quatro passos". Intervenientes: além do autor, José Manuel Lopes, Ana Carvalho e Luís Graça. (Inscrição prévia, para o almoço de convívio, "vinte morteiradas", na "messe de Mampatá": 'vagomestre' Gil Moutinho, telef / telem 224890622 / 919677859)

1. Recorde-se (*) que será apresentado sábado, dia 11 de setembro de 2021, às 11h00, na Tabanca dos Melros, Fânzeres Gondomar, o livro "Uma caminhada de quatro passos" do nosso querido amigo, camarada e grã-tabanqueiro António Carvalho, o "Carvalho de Mampatá". (**)


Haverá um momento musical, e intervenções de: autor, José Manuel Lopes, Ana Carvalho e Luís Graça (editor do blogue). Segue-se uma sessão de autógrafos. 

E, depois, para quem quiser e puder, e mediante inscrição prévia, almoço de convívio no restaurante Quinta dos Choupos - Choupal dos Melros (Rua de Cabanas, 177, 4510-506 Fânzeres, Gondomar), transformado nesse dia na "messe de Mampatá". (Aplicáveis as normas sanitárias em vigor.)

Preço da refeição (tudo incluído): 20 morteiradas. 

Contactos: 'vagomestre' Gil Moutinho, telef / telem   224 890 622 / 919 677 859.


2. Sobre o autor, António dos Santos Carvalho:

(i) nasceu em 17 de fevereiro de 1950, no lugar de Carvalhos, freguesia de Medas (hoje, "desgraçadamente", União das Freguesias de Melres e Medas), concelho de Gondomar;

(ii) no seio de uma família extensa, de grandes lavradores (à escala local: eram os maiores produtores de bata, tinham duas juntas de bois, faziam mais de 30 pipas de vinho, tinham "moços de lavoura", etc.);

(iii) "moldado num ambiente rural", aprendeu, "desde muito cedo, a viver na ambivalência entre o trabalho e a oração";

(iv) furando-se, porém, "sempre que podia, a este ambiente espartano, em correrias transgressivas por caminhos e carreiros, espreitando ninhos, indagando sobre as mais saborosas primícias, arriscando-me nas águas do Douro e regalando-me em tudo o que fosse fresta ou festrola";

(v) em 1962, vai para o Colégio da Mealhada, que frequentou até ao 7º ano do liceu (, fundado pelo padre dr. António Antunes Breda, como Instituto Liceal e Técnico  Sant'Ana da Mealhada, e inaugurado em 1962, funcionava como externato e internato; passou em 1972 a ser a Escola Secundária da Mealhada):

(vi) "plantado na Mealhada durante sete anos (,,,), descobri outras páginas da vida, quer no convívio com os meus condiscípulos, quer nas aulas dos meus professores, alguns deles distintos, como o dr. Urbano Duarte" (, professor de filosofia);

(vii) "Da Mealhada até ao ingresso compulsivo na vida militar, em 11 de janeiro de 1971, foi um salto de pardal, seguindo-se a mobilização  para a guerra do Ultramar" (...),  no decurso de um 'longo«' período de 26 meses, entre 27 de junho de 1972 e  24 de agosto de 1974;

(viii) foi fur mil enf, BART 6520/72, Mampatá, "Os Unidos de Mampatá", 1972/74, e é membro da Tabanca Grande desde 13/9/2008;

(ix) dos seus irmãos do sexo masculino, houve mais dois mobilizados para o Ultramar, o "Necas" (Manuel Carvalho), para a Guiné (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) (foto à direita); e o Fernando, para Angola;

(x) trabalhou, em funções administrativas, na Segurança Social, no Serviço Nacional de Saúde, no Porto, mas também na Câmara Municipal de Gondomar e na Câmara Municipal de Gaia, estando aposentado da função pública desde 2013;

(xi) foi autarca durante quase três décadas:  presidente da junta de freguesia de Medas (1986/1993 e 2002/2013); de permeio desempenhou as funções de secretário e de tesoureiro na mesma junta, entre 1994/97 e 1998/2001, respetivamente;

(xii) faz parte, entre outras tertúlias de antigos combatentes, da Tabanca Grande, da Tabanca de Matosinhos, da Tabanca dos Melros  e de O Bando do Café Progresso;

(xiii) publicou em julho de 2021 o seu primeiro livro, "Um Caminho de Quatro Passos" (Rio Tinto, Lugar da Palavra Editora, 218 pp., ISBN: 978-989-731-187-1);

(xiv) é casado (com a Fátima Carneiro Carvalho, professora do ensino básico, reformada); o casal tem duas filhas;

(xv) mora em Medas, Gondomar.

O livro pode ser adquirido, ao preço de 15,00 Euros (portes incluídos, no território nacional ou estrangeiro)

Contactos do autor:
António Carvalho, Medas, Gondomar

Email: ascarvalho7274@gmail.com  | Telemóvel: 919 401 036
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Guiné 61/74 - P22527: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XIV: Alfredo Guimarães (Guimarães, 1884 - França, CEP, 1918), cap cav

 

Alfredo Guimarães (1884-1918)


Nome: Alfredo Guimarães

Posto: Tenente de Cavalaria

Naturalidade: Guimarães

Data de nascimento: 22 de Abril de 1884

Incorporação: 1906 na Escola do Exército (nº 166 do Corpo de Alunos)

Unidade:  Serviço de Aviação, Regimento de Cavalaria n.º 2

Condecorações: Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada (a título póstumo) | Cruz de Guerra de 2ª classe | Promoção a Capitão, por distinção

TO da morte em combate;  França (CEP)

Data de Embarque: 4 de Agosto de 1917

Data da morte: 9 de Abril de 1918

Sepultura:  França, Cemitério de Richebourg l`Avoué

Circunstâncias da morte:  Comandando um pelotão da 3ª companhia do BI 29, combateu na 1ª linha dela retirando quando já não tendo homens para comandar e apresentou-se no comando do batalhão onde organizou, por duas vezes, uma força para contra-atacar e por último defender a Red House (posto de comando do batalhão) onde foi ferido. Ainda assim retirou para as linhas de resistência à retaguarda de Laventie, ocupadas por ingleses, onde combateu e foi atingido mortalmente por fogos alemães.

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António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem


1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa

Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.

Para saber mais sobre o "herói vimarense de La Lys", vd, aqui, no Blogue do Minho.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22526: Histórias... com abracelos do Carlos Arnaut (ex-alf mil, 16º Pel Art, Binar, Cabuca, Dara, 1970/72)(5): O jogo do ouri (ou mancala)


1. Mensagem de Carlos Arnaut, ex-alf mil, 16º Pel Art, Binar, Cabuca, Dara, 1970/72)

Data - segunda, 16/08/2021, 13:12



Assunto - Jogos ancestrais (*)


Bom dia, Caro Luís,

Em primeiro lugar o meu desejo de óptimas férias a todos os camaradas, num tempo em que a ameaça que sobre nós pairou parece estar finalmente a desvanecer-se (com ajuda da Marinha).

Deparei num Blog de que sou leitor assíduo, e no seguimento de comentários avulsos sobre o xadrez, jogo de que sou fã, uma referência a um jogo "mancala", que em tempos idos seria jogado pelos árabes e de que existem vestígios no Alentejo.

Este jogo, também ele um jogo de estratégia para dois jogadores, consistiria na transferência de punhados de pedrinhas de cova para cova até se atingir o lado oposto.

A descrição não vai mais além, mas desde logo me recordou aquilo que observei vezes sem conta ser jogado nas zonas por onde andei, na Guiné.

Utilizando-se um madeiro com duas fiadas de covas, os jogadores iam tirando o que me parecia serem umas sementes grandes e arredondadas, de uma cova e vertendo-as noutra ou noutras covas, não tendo eu nunca entendido nem as regras nem quem seria o vencedor.

Recordo-me no entanto que os jogadores estavam sempre altamente concentrados, às vezes com assistência, e tanto quanto me recordo os jogadores eram sempre homens feitos, nunca vi garotos entretidos com tal jogo.

Lembras-te de ter presenciado este jogo? Consegues adiantar mais alguma coisa?

Talvez o nosso amigo Cherno Baldé me consiga matar esta curiosidade, pois acredito que este jogo merece ser divulgado.

Se entenderes que este assunto vale a pena ser debatido, vai em frente.

Grande abraço (agora sim, já vacinado). 

Carlos Arnaut



O jogo de toda a Africa (Ouri, Wari, Solo, Mancala, Awélé, etc.) - Revista Jeux & Strategie, nº 7, Fev / Mar 1981. (Cortesia de Carlos Geraldes) (*)


2. Comentário do editor LG:


Carlos, para já vê aqui uma referência a "jogos tradicionias felupes"... 

Tu referes-te a um jogo de "tabuleiro" fula, de que tenho ideia de ver jogar em tabancas fulas, no meu tempo...  O único poste em que temos referência a esse jogo (um tipo de jogos de tabuleiro) é do falecido Carlos Geraldes (*) (ex-Alf Mil da CART 676, Pirada, Bajocunda e Paúnca, 1964/66).  Ele chamava-lhe ôri, mas a grafia correta, em português, é ouri ou uril.

Ab, boa saúde. Luís (, estou pelo Norte).

PS1- Vou reencaminhar a tua mensagem anterior para o Cherno Baldé, que nos vai ajudar.

PS2 - Grafia(s)

ouri
ouri | n. m.

ou·ri
(origem duvidosa)

nome masculino

[Jogos] Jogo de origem africana, disputado entre dois jogadores num tabuleiro com duas filas de cavidades ou casas, sob um conjunto de regras variáveis que permitem acumular e capturar peças, que geralmente são pedras ou sementes. = MANCALA, URIL

"ouri", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/ouri [consultado em 08-09-2021].

mancala
mancala | n. m.

man·ca·la
(inglês mancala, do árabe)

nome masculino

[Jogos] Designação dada a vários jogos africanos e asiáticos disputados entre dois jogadores num tabuleiro com várias cavidades, sob um conjunto de regras variáveis que permitem acumular e capturar peças, que geralmente são pedras ou sementes.
Palavras relacionadas: ouri, uril.

"mancala", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/mancala [consultado em 08-09-2021].

uril
uril | n. m.

u·ril
(origem duvidosa)

nome masculino

[Jogos] Jogo de origem africana, disputado entre dois jogadores num tabuleiro com duas filas de cavidades ou casas, sob um conjunto de regras variáveis que permitem acumular e capturar peças, que geralmente são pedras ou sementes.= MANCALA, OURIPlural: uris.
Palavras relacionadas: ouri.

"uril", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/uril [consultado em 08-09-2021].


4. Resposta do Cherno Baldé, com data de hoje, às 18h23:


Entre os povos muçulmanos e por influência destes também entre os outros grupos, há a prática do jogo de Xadrez designado na língua fula por "Txoqui" (ler Tchoqui) que deve ser a corruptela da palavra Xeque (do xeque-mate) de origem Arabe ou Oriental. 

Joga-se num tabuleiro improvisado no chão usando um certo número de paus de lado a lado e a técnica é a mesma da do Xadrez, mas aqui a lógica é bem mais simples pois os paus tem o mesmo estatuto e designação, não havendo hierarquia dos pioes ou paus usados no jogo e ganha o oponente que conseguir eliminar/comer o maior número dos paus do adversário mediante uma regra pré-estabelecida.

Por outro lado, pratica-se também o jogo designado na lingua fula por "Worri", este mais para adultos,  embora, como simples jogo de exercício mental em cálculos matemáticos, não existem fronteiras de idades na sua prática. 

Para o efeito utilizam-se pedrinhas ou carroços/sementes da palmeira dendém num instrumento talhado para o efeito com 5 buracos em cada lado ou simplesmente com buracos improvisados no chão. Ganha a partida o oponente que conseguir eliminar (sacar/comer) o maior número das pedrinhas/caroços do adversário mediante uma regra bem estabelecida. 

No geral são jogos/passatempos em períodos mortos quando não há muito que fazer no campo, durante a época seca e, ainda nas pastagens enquanto se espera pelo retorno do gado que está  pastar numa zona aberta de boa visibilidade e sem grandes riscos.

Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
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Notas do editor:

(*) Último poste da série >8 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21867: Histórias... com abracelos do Carlos Arnaut (ex-alf mil, 16º Pel Art, Binar, Cabuca, Dara, 1970/72)(4): O meu saudoso Xico, um "macaco verde" que comprei a um garoto de Dara

Guiné 61/74 - P22525: Historiografia da presença portuguesa em África (279): O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (16) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Dezembro de 2020:

Queridos amigos,
Devo aos técnicos da Sociedade de Geografia de Lisboa a atenção de me indicarem a bibliografia mais pertinente que pudesse de alguma forma trazer outros olhares sobre os conteúdos das atas das sessões do período referente desde a fundação da Sociedade até 1900. Obviamente que o leitor interessado tem ainda ao seu dispor o boletim da Sociedade, outro complemento útil para ir verificar os interesses científicos, as obras de engenharia, os rudimentos da Antropologia, o estudo das línguas étnicas, e muito mais. A questão central posta neste modesto levantamento foi o que pensavam, em termos de ideologia imperial, os fundadores da Sociedade de Geografia, e um conjunto de autores aqui indicados parece contextualizar bem as grandes pressões internacionais. Há, no entanto, uma lacuna que, em meu modesto entender, tem que ser preenchida por outra via historiográfica. Com efeito, não existia somente a via migratória para o Brasil, sucediam-se as crises políticas, e se é facto que o fontismo gerara a Regeneração, o sistema de alternância, o rotativismo, revelou-se incapaz de fazer associar a generalidade do país a poder abraçar, com genuíno entusiasmo, a causa do III Império, foi necessário produzir heróis entre exploradores das travessias africanas e conquistadores, como Mouzinho de Albuquerque. Mas toda aquela África Portuguesa teve uma ocupação incipiente, com todas as consequências que iremos conhecer em meados do século XX e que desaguarão nas independências da década de 1970.

Um abraço do
Mário



O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (16)

Mário Beja Santos

"Viagens de Exploração Terrestre dos Portugueses em África", por Maria Emília Madeira Santos, conheceu duas edições, a que me foi dado ler na Biblioteca da Sociedade de Geografia é da Junta de Investigações Científicas do Ultramar, dada a ligação que a investigadora tinha com o Centro de Estudos de Cartografia Antiga, mas como o leitor pode ver na imagem há duas edições.

Classifico este trabalho como da maior importância, logo pelo seu sumário, tão atrativo para quem queira conhecer as ligações entre a Expansão Portuguesa e África ao longo dos séculos: fontes do conhecimento de África na Europa cristã antes da Expansão Portuguesa; primeiras viagens em terras do noroeste africano; caminhos para desvendar África no final do século XV, penetração na Guiné; o reino do Congo; o império do Preste João – mito e realidade; revelação do império de Monomotapa: missionários, soldados e mercadores neste império; o Cabo da Boa Esperança; Madagáscar e as naus da Índia; a Etiópia e o Nilo: dois enigmas; projetos de travessia – conquista da África Austral no século XVII; governantes, sertanejos, engenheiros, pilotos preparam a travessia de África; a expansão sertaneja no final do século XVIII a caminho da África Austral; a primeira tentativa de travessia científica da África Austral – o Dr. Lacerda e Almeida e a via Cazembe-Muatiânvua; a Lunda aceita o comércio português mas não a influência política; Portugal e o movimento geográfico europeu: expedição portuguesa ao interior da África Austral em 1877; Serpa Pinto atravessa África; a corrida a África: Capelo e Ivens executam a ligação das duas costas; Henrique de Carvalho explora a Lunda; expedição Pinheiro Chagas – a nova exploração africana.

A investigadora recorda-nos que entre 1876 e 1885 triunfara na Europa a ideologia colonial. Além da procura de matérias-primas e de novos mercados, os países europeus desejavam garantir-se pelo poder político e arvoraram-se em executivos predestinados de uma missão civilizadora. Em 1875, a Enciclopédia Britânica ao dar a explicação da palavra África insistia várias vezes no desconhecimento sobre aquele continente. As tentativas de penetração operaram-se através do Mediterrâneo, pela Tunísia e o Egito, foram pontos de partida para penetrações em direção à África Negra. A França utilizou a Argélia para atingir a foz do Níger e o oeste africano. A Inglaterra utilizou o vale do Nilo para penetrar na África Oriental. E, entretanto, apareceram novos competidores, a Bélgica e a Alemanha. Era exatamente na África Austral que o Império Colonial Português possuía as suas maiores colónias, era o polo de atração. Apercebendo-se desses apetites internacionais, gerou-se um entusiasmo em Portugal, era preciso conhecer a geografia e demarcar o nosso império africano. Teve entre nós forte repercussão a Conferência Geográfica de Bruxelas, convocada por Leopoldo II da Bélgica, em 1876 e em que tomaram parte a anfitriã, a Bélgica, a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Rússia, Portugal não foi convidado. Leopoldo II criou a Associação Internacional Africana destinada a servir os seus projetos colonialistas e surgiu um fenómeno novo, apareceram exploradores ao serviço das grandes potências, dispondo de muitas facilidades: Brazza, ao serviço da França, Stanley contratado por Leopoldo, disputam o domínio do Zaire, a grande via para o interior de África. A Inglaterra, pressionada pelas aspirações dos colonos do Cabo, segue o movimento dos Bóeres em direção ao Norte e lança as vistas para a Bechuanalândia, que se estendia do Zambeze até ao Orange. Progressivamente, entre 1876-1884, a África Central iria transformar-se no campo de rivalidades das potências europeias. Portugal ou era ignorado ou denegrido. Exploradores prestigiados, como Livingstone e Cameron, lançaram fortes críticas à administração portuguesa em África, acusavam o Governo Português de continuar a permitir o comércio de escravos. Portugal tinha uma questão de emigração que não era de fácil alteração: o polo de atração continuava a ser o Brasil, só a classe mercantil e um grupo de cientistas se interessava por África. Impunha-se uma nova via, veja-se os antecedentes do estudo da Geografia.

Estes estudos estavam muito prejudicados desde o encerramento da Sociedade Real Marítima, no princípio do século XIX. Em 1876 fundava-se a Comissão Central Permanente de Geografia, que surgiu pouco depois da Sociedade de Geografia de Lisboa. Nesse tempo o principal problema da geografia africana era ainda o estudo da sua complexa hidrografia. O curso do Zaire fora apenas contornado por Cameron, desconhecia-se a sua nascente. Na opinião de Luciano Cordeiro, a expedição portuguesa devia internar-se na bacia do Zaire, descobrindo-lhe as origens e quais as relações com o Zambeze e com os grandes lagos. Estes sócios-fundadores da Sociedade de Geografia acalentavam a esperança de ver os portugueses encontrarem melhores caminhos entre Angola e Moçambique. A opinião de Luciano Cordeiro era que se deveria fazer a travessia, opinião que contrastava com a de José Júlio Rodrigues, secretário da Comissão Central Permanente de Geografia, este considerava que o centro de África estava irremediavelmente perdido para Portugal, advogava que a expedição devia fazer somente o reconhecimento geográfico e económico das partes menos conhecidas.

O principal objetivo da expedição de 1877 acabou por ser o estudo do rio Cuango nas suas relações com o Zaire e com os territórios portugueses da costa ocidental. Nomearam-se três exploradores: Serpa Pinto, oficial do Exército, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, oficiais da Marinha. Desconhecia-se por esta altura que Stanley já tinha iniciado a descida do Grande Rio, o que tornava assim extemporâneos os projetos dos portugueses. Encetada a viagem, encontraram Stanley em Cabinda, ele acabava de descer o curso do rio. Decidiram então os exploradores portugueses fazer a viagem pelo Sul, partindo de Benguela e daqui dirigiram-se ao Bié. Começaram aqui os desentendimentos entre Serpa Pinto, Capelo e Ivens. No Bié, em casa de Silva Porto, manifestas as divergências, Serpa Pinto optou pela travessia de África enquanto que Capelo e Ivens definiram como objetivo da viagem o estudo do Cuango. Já separados, Capelo e Ivens dirigem-se para as nascentes do Cuanza, seguem depois para os Quiocos, um vai estudar o curso superior do Cuango e o outro segue a linha divisória das águas do Cuanza e do Cuango. Passaram por inúmeras dificuldades, atingem Malange, encontram o rio local e chegam à Fortaleza do Duque de Bragança e daqui seguem para o Cuango. Concluíram que era impossível o levantamento do Cuango.

Quanto a Serpa Pinto, ele atravessou o rico país dos Ambuelas, desceu o rio Ninda e chegou ao Zambeze; daqui alcançou o reino de Barotze onde obteve pirogas e navegou pelo Zambeze abaixo. Próximo da confluência do Cuango com o Zambeze encontrou os primeiros ingleses. Depois de muito penar chegou ao Transval. Em Pretória envia um telegrama para Lisboa, sossegou quem andava inquieto, o seu paradeiro era desconhecido. A parte da viagem que apresenta maior interesse, como Serpa Pinto reconheceu, é o percurso entre o Bié e o Zambeze, região completamente desconhecida dos geógrafos. Estava feita a travessia de África, mas a ligação entre Angola e Moçambique mais uma vez falhara.

A Sociedade de Geografia de Lisboa pede ao governo em 1880 a continuação das explorações geográficas e a fundação de missões religiosas e estações civilizadoras. Foi durante o ministério de Manuel Pinheiro Chagas que se pôs em marcha o vasto plano mais tarde conhecido pelo Mapa Cor-de-Rosa. Neste tempo o objetivo era bem claro: tentava-se definir o domínio português em África. Em novembro de 1883, Pinheiro Chagas criava a Comissão de Cartografia junto do Ministério da Marinha e Ultramar. Iniciaram-se imediatamente os trabalhos para a elaboração de um atlas geral de todas as colónias. Em 1884 organizaram-se nada menos do que três grandes exposições: Capelo e Ivens cruzaram a África de Angola a Moçambique; Serpa Pinto e Augusto Cardoso exploraram o norte de Moçambique, tendo o segundo atingido o Niassa; Henrique de Carvalho percorria a Lunda até ao Muatiânvua. António Maria Cardoso viajava nas terras de Gaza e Inhambane, Paiva de Andrade avançava de Quelimane até Gaza, Artur de Paiva explorava o Cubango, e enquanto tudo isto se passa as missões católicas de S. Salvador do Congo e do Huíla entraram em intensa atividade.

Com a recensão desta obra de Maria Emília Madeira Santos dá-se por concluída a apresentação de uma bibliografia complementar que permite aos interessados encontrar fontes documentais que expliquem com mais desenvolvimento o pensamento imperial destes fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa, eles foram determinantes para a consolidação do III Império Português.

Mapa do continente africano do século XVII, elaborado por Guilherme Blaeu (1571-1638).
Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens
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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22503: Historiografia da presença portuguesa em África (278): O pensamento colonial dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa (15) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22524: Agenda cultural (782): Apresentação, pelo cor Vasco Lourenço, na Feira do Livro de Lisboa, sexta-feira, dia 10, às 15h00, do livro de Moisés Cayetano Rosado, "Salgueiro Maia: das Guerras em África à Revolução dos Cravos" (Edições Colibri, 2021, 210 pp.)

 

Convite das Edições Colibri, que nos chegou por intermédio do nosso camarada Mário Gaspar: apresentação do livro de Moisés Cayetano Rosado, "Salgueiro Maia: das Guerras em África à Revolução dos Cravos" (2021, 210 pp.).  Data e local: 10 de setembro de 2021, sexta-feira, às 15h00, na Feira do Livro de Lisboa, Auditório Nascente, Parque Eduardo VII, Lisboa


Trata-se da tradução portuguesa da edição original em espanhol, “Salgueiro Maia – de las Guerras en África a la Revolución de los Claveles y su Evolución Posterior”.

"Moisés Cayetano Rosado, o autor da obra Salgueiro Maia, tem a particularidade de poder olhar, de forma mais distanciada e desapaixonada, os acontecimentos que narra nesta obra diferentemente de autores portugueses que se têm dedicado aos temas da Descolonização, do 25 de Abril e da ação e personalidade do Capitão Salgueiro Maia.

"É um historiador, interventivo e corajoso, na busca da verdade histórica e da defesa e salvaguarda da cultura do seu país, mas também apaixonado pelo seu país vizinho – Portugal – participando na organização de inúmeros eventos literários e culturais.
Nasceu em La Roca de la Sierra (Badajoz, Espanha), em 1951. É licenciado em Filosofia e Ciências da Educação. Mestre em Instrução Primária e tem doutoramento em Geografia e História." (Fonte_ Wook)
.

Sinopse do livro (excerto do prefácio, do Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa):

“Foi há quarenta e dois anos!

Um homem em cima de uma Chaimite. Que interpela o poder que está a cair, enquanto o novo poder tarda em chegar.

Simples. Sem ambições de mando ou de glória.

Que ali está porque sente dever cumprir aquela missão militar, que é também e acima de tudo cívica.

Que não pensa um segundo sequer no simbolismo daquela presença, nem no significado histórico daquele momento.

Que, terminada a missão, regressa ao quartel, para voltar a ser o que era. Com a naturalidade de quem não reclama louros, nem aspira a celebridade.

À sua maneira, Salgueiro Maia deu expressão a um povo e a uma maneira de ser e de viver ao longo dos séculos. (…)

Salgueiro Maia foi o retrato desse povo, que é o que Portugal tem de melhor. (…)

Foi esse povo que fez Portugal. E, nele, os soldados de Portugal. Sem ele e eles os chefes mais ilustres não teriam triunfado, os políticos mais brilhantes não teriam vencido, os empreendedores mais visionários não teriam criado.”


Fonte: Edições Colibri, página no Facebook

Guiné 61/74 - P22523: (De)Caras (175): Gente fixe, gente limiana, de Ponte de Lima, os nossos camaradas Manuel Oliveira Pereira (ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884, Contuboel, 1972//74) e Mário Leitão (ex- fur mil, Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, 1971/73)

Ponte de Lima > 6 de setembro de 2021 > Junto ao posto de turismo e torre da cadeia velha, três bons amigos e camaradas: da esquerda para a direita, o Manuel Oliveira Pereira (ex-fur mil, CCAÇ 3547 / BCAÇ 3884 (Contuboel, 1972//74) e hoje jurista reformado;  o nosso editor Luís Graça, em visita à terra;  e o Mário Leitão [ex- fur mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971/73; famacêutico reformado, escritor, autor, entre outros, do livro "História do Dia do Combatente Limiano", lançado em 2019 no Museu da Farmácia, em Lisboa]... Ao fundo, os cunhados do Luís Graça, Ana Carneiro (Nitas) e Augusto Pinto Soares (Gusto). A foto foi tirada pela Alice Carneiro.


Ponte de Lima > 6 de setembro de 2021 > O Mário Leitão em sua casa, com o nosso editor Luís Graça. A  foto foi tirada pela Lula (diminuitivo da Lurdes, a eposa do Mário)


Fotos (e legendas): © Mário Leitão (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Foi uma visita rápida a Ponte de Lima, para almoçar e visitar Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, este ano na sua 16.ª edição, e tendo por tema "As Religiões nos Jardins". ( O evento encerra no dia 31 de Outubro.)

O nosso editor, dadas as suas atuais limitações de mobilidade, não fez (nem podia fazer) o percurso da exposição, antes aproveitando o convite do Mário Leitão para ir a sua casa tomar um café e dar dois dedos de conversa. E foi evidente regozijo que soube que o Mário Leitão tinha acabado de escrever o seu últmo livro, uma autobiografia (parcialmente ficcionada), com o título provisório de "O aprendiz de mágico"... Ainda sem planos editoriais, madou fazer um tradução em inglês do manuscrito que promete vir a confirmar o talento literário do nosso camarada.  Não descartou a hipótese de o livro ter um lançamento, para o próximo ano, de novo em Lisboa e, porque não, no Museu da Farmácia.

À tarde, o Manuel Oliveira Pereira não pôde juntar-se a nós, por compromissos já anteriormente assumidos. Mas gostei de o ver, a ele, e ao Mário Leitão, ambos de boa saúde, ativos e produtivos.

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22477: (De)Caras (139): Carlos de Azeredo (1930-2021), um homem digno, nobre e corajoso (José Belo, Suécia)

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22522: Fichas de unidades (19): A CCAÇ 423, a última companhia a deslocar-se para o sul (São João) por terra, em maio de 1963 (António Abrantes)



António Abrantes, hoje e ontem



Data - 7 set 2021 12:22  
Assunto - Última Companhia a deslocar-se por terra para o sul da Guiné.

A CCaç 423 foi a última Companhia a deslocar-se para o sul da Guiné por via terrestre, tendo saído de Bissau em 7 de Maio de 1963, logo de manhã, e passado por Nhacra, onde na época acabava a estrada alcatroada e chegado a Mansoa.

Aí efectuou a primeira paragem, seguindo por estrada de terra (não havia outra) e com uma poeira infernal chegámos a Mansabá, onde numa serração abandonada, vi recibos de pagamento diário ao pessoal de um escudo e um escudo e cinquenta (!).

Chegados a Bafatá para almoçar (já tarde), estávamos irreconhecíveis.  Banho rápido, almoço e siga que se faz tarde... rumo a Aldeia Formosa, hoje Quebo, passando a ponte do Saltinho, única ponte digna desse nome, as outras, mais pequenas, eram compostas por umas travessas com umas tábuas ao longo da ponte e em que era preciso acertar com os rodados das viaturas, o que nem sempre acontecia, e quando eu reclamava o condutor dizia: "o que quer, meu alferes, eu tirei a carta com um Jipão brasileiro".

No dia seguinte, 8 de Maio, partimos para Buba, onde chegámos já de noite, não sem antes sofrermos a primeira emboscada, perto de Buba, no depois "célebre cruzamento de Buba", pela quantidade de emboscadas sofridas pelas NT, a ponto de não haver uma única árvore que não tivesse um palmo sem o impacto de uma bala nossa ou do IN. 

Nessa primeira emboscada estivemos cerca de 15 a 20 minutos (que pareceram horas) parados em zona de fogo, valendo-nos o facto de o IN estarmos abrigados em buracos e, dado o nosso potencial de fogo, (aqui já iam duas Companhias, suponho que era a C CAÇ 413), não saíam dos abrigos e ao dispararem as balas passavam por cima de nós, de um lado e do outro, ficando nós como que num túnel. 

Mesmo assim uma granada caiu na minha GMC, dois soldados ao meu lado, e o militar que a apanhou nos joelhos, deitou-a e ...ela explodiu fazendo abanar a viatura. O soldado que teve a granada nos joelhos, teve então consciência do que havia sucedido e desmaiou, tendo o furriel enfermeiro, vindo de outra viatura, prestar-lhe a devida assistência. 

Entretanto o fogo inimigo parara, mas o mato começou a arder junto às viaturas e então ouvia-se, no meio da escuridão: "filho da puta chega à frente", sem sabermos que não podíamos avançar porque a autometralhadora caíra num buraco feito pelo IN e tapado com ramos de árvore e terra e não conseguia sair.

Poucos minutos depois chegámos a Buba, onde a GMC ardeu e houve que retirá-la para uma extremidade do aquartelamento junto ao rio, e não pegar fogo às outras viaturas. Com a confusão gerada o Comandante da Companhia de Buba teve receio que o IN atacasse o aquartelamento e mandou-nos reforçar a segurança, mas... nada aconteceu.

No dia 10 de Maio seguimos viagem por Fulacunda Bianga (onde eu mais tarde, a 2 de Julho,  sofri uma emboscada debaixo de uma chuvada como só há na GUINÉ, e no dia seguinte a primeira mina, no regresso a São João). 

Seguiu-se Brandão e depois Nova Sintra e em cujo trajecto, feito quase todo a pé, retirámos dezenas de abatizes, embora a Força Aérea nos tenha informado que eram 22 (!). Sofremos a segunda emboscada e alguns tiros esporádicos ao retirar algumas árvores.

Na zona de Brandão  já não tínhamos água e recorremos a um charco e água coada por um lenço, só para molhar a boca. O dia estava no fim e embora perto do nosso destino, São João, havia ainda muitas árvores a retirar e em Nova Sintra desviámos para Tite por esta estrada estar desempedida.

Aí, em Tite, recebi ordem para ir, no outro dia, de barco desde o Enxusé (cais a alguns quilómetros de Tite), com o meu pelotão reforçado e metade dos cozinheiros, desembarcar em São João, onde uma Companhia não tinha conseguido fazê-lo, e ter lá uma refeição quente para o pessoal que ia por terra.

Ao que eu perguntei: "Qual o cozinheiro que corto ao meio?!", uma vez que eram 3 por um ter sido evacuado para Bissau, com um tiro no cu, na realidade numa nádega. Pretendia com isso ganhar tempo e provar que era uma Ordem mal dada. 

Efectivamente pouco depois chegou uma mensagem-rádio de Bissau, a dizer que ía a Companhia toda de barco. De facto, em 13 de Maio, a Companhia seguiu para o Enxudé, onde embarcou na draga Geba (soube algum tempo depois que esta tinha sacos de cimento a tapar buracos no casco, os quais serviam também de lastro), passou ao largo de Bissau e de tarde seguiu para Bolama.

Como devido à mare e à carga que levava não podia passar na chamada "coroa de Bolama", entre as ilhas e o continente, (mais tarde fiquei lá num barco, a seco, aguardando nova maré) foi por fora, ou seja, em mar aberto, tendo apanhado um temporal incrivel, a ponto do piloto ter dito que em 20 anos de Guiné nunca apanhara nada assim. Pensou-se em lancar uma ou duas viaturas ao mar mas ainda bem que não se fez, pois suponho que com o balanço iria tudo ao fundo.

Noite escura (13 para 14 de Maio), temporal, a época das chuvas começava a 15, havia quem não sabendo rezar, pedia a outros para o ensinarem... Com o amanhecer chegamos a Bolama, ou melhor entre Bolama e São João, almocámos (os oficiais) no NRP Vouga, ali fundeado,  e planeámos com os fuzileiros o desembarque, passámos para uma lancha de desembarque e com os fuzileiros e a proteccão de dois avioes da FAP, suponho que T6, desembarcámos em São João  (tipo desembarque na Normandia) sem um único tiro,  tirando partido do efeito surpresa.

Um grande abraco
A. R. Abrantes

Obs. Peço desculpa mas o meu IPad na parte final teve problemas.


2. Comentário do editor LG:

Temos 14 referências à CCAÇ 423.  Depois do ex-alf mil António Abrantes (n.º 748), entrou para a Tabanca Grande o fur mil Gonçalo Inocentes (Matheos), com o n.º 810. De rendição individual, esteve  depois CCAV 488 / BCAV 490 (tendo passado por Bissau, Bolama, S. João, Jabadá e Jumbembem, entre 8 de abril de 1964 e 14 de agosto e 1965).

 A CCAÇ 423, "independente", é uma das primeiras subunidades a ser mobilizada para a Guiné: pertencia ao RI 15, partiu em 16/4/1963 e regressou, dois anos depois, em 29/4/1965. Esteve em São João e em Tite, mas também em Jabadá (1 grupo de combate). O comandante era o cap inf Nuno Gonçalves dos Santos Basto Machado.

Terá sido a primeira a conhecer o pesadelo das minas A/C e dos fornilhos.

Fichas de unidades > Companhia de Caçadores n.º 423 (**)

Identificação: CCaç 423
Unidade Mob: RI 15 - Tomar
Cmdt: Cap Inf Nuno Gonçalves dos Santos Basto Machado
Divisa: -
Partida: Embarque em 16Abr63; desembarque em 22Abr63 | Regresso: Embarque em 29Abr65

Síntese da Actividade Operacional

Após o desembarque, foi atribuída, por um curto período, em reforço do BCaç 236, a fim de colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações da área de Bissau, até à chegada da CCaç 526.

Na sequência de uma série de acções ofensivas desencadeadas pelo BCaç 237 na área Jabadá-Gã Chiquinho, em fins de Abr63, seguiu, em 07Mai63, por Bafatá-Xitole-Bambadinca-Fulacunda, para ocupar a povoação de S. João, que atingiu em 6Mai63, correspondendo à criação do respectivo subsector, na zona de acção do referido BCaç 237.

De 01 a 27Jun63, tomou ainda parte em operações sob controlo operacional do BCaç 356, realizadas na região de Iusse (Quínara), em conjunto com outras subunidades, nomeadamente na Op Seta.

Em 24Abr65, foi rendida, por troca, pela CCav 677, tendo seguido para Tite, onde permaneceu temporariamente até chegada da CCaç 797, após o que recolheu em 29Abr65 a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excerto de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág. 318

Guiné 61/74 - P22521: Ser solidário (239): Para as crianças deslocadas em Moçambique, a Escola é uma primeira casa - Uma iniciativa da Helpo - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (Manuel Gonçalves, ex-Alf Mil)



1. Mensagem do nosso camarada Manuel Gonçalves, ex-Alf Mil Manut da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73), com data de 6 de Setembro de 2021:

Boa noite
Venho por este meio partilhar com os meus contactos, a campanha que está a decorrer, numa parceria Helpo-Pingo Doce, de apoio às crianças no norte de Moçambique, como abaixo se pormenoriza.

Grato pela vossa solidariedade.
Manuel Gonçalves


Para as crianças deslocadas, a escola é uma primeira casa. No norte de Moçambique, 400 mil crianças ficaram sem casa, mas não têm que ficar sem escola. De 1 a 13 de setembro, compre um vale numa loja Pingo Doce e ajude na educação destas crianças.
Helpo - O nosso mundo é humano - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
Depois da entrega de kits de sobrevivência e das visitas domiciliárias, voltámos a encontrar-nos com as primeiras 330 famílias em Cabo Delgado, desta vez para entregar um kit casa e kit roupa por família.
Temos vindo a apostar na qualidade de ensino, formação, manutenção das escolinhas, atividades comunitárias, criação de atividades de geração de rendimento, que contribuem para a autossustentabilidade dos centros.
47 alunos deslocados internos de Impire já não terão de percorrer 10km a pé para chegar à escola.
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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22314: Ser solidário (238): Ainda é possível fazer, até ao fim do mês, a consignação do IRS a favor da ONGD "Ajuda Amiga", NIPC 508617910, de que é presidente da direção o nosso camarada e amigo Carlos Fortunato, ajudando assim a finalizar a contrução da escola de Nhenque, Bissorã, que deve entrar em funcionamento no ano lectivo de 2021/22

Guiné 61/74 - P22520: Memória dos lugares (426): Paço, União das Freguesias de São Bartolomeu dos Galegos e Moledo, Lourinhã, inaugura o seu monumento aos antigos combatentes (46 no total estiveram presentes nos vários teatros de operações do séc. XX, da I Grande Guerra à Guerra do Ultramar)


Lourinhã > União das Freguesias de São Bartolomeu dos Galegos e Moledo >Paço > 29 de Agosto de 2021 > Inauguração do Monumento aos Combatentes > Na imagem, o representante da comissão local que esteve na origem deste projeto, Tito Franco Caetano. Outras intervenções: D. Rui Valério, bispo das Forças Armadas e Segurança, presidente da junta de freguesia, Zita Silva,
  vice-presidente da Liga dos Combatentes, maj gen Fernando Aguda, e presidente do município da Lourinhã, João Duarte.

(Fotograma obtido do vídeo da 102FMTV - Peniche, com a devida vénia.)


1. Mensagem do nosso camarada e amigo Joaquim da Silva Jorge, régulo da Tabanca de Ferrel / Peniche, ex-alf mil, CCAÇ 616, Empada, 1964/66, BCAÇ 619, Catió, 1964/66),

Data - segunda, 23/08/2021, 11:42


Assunto - Inauguração do monumento dos combatentes do lugar do Paço

Caro Amigo Luís Graça

Bom dia.

No próximo domingo, dia 29, vai ser inaugurado o monumento aos ex-combatentes
do lugar do Paço. O lugar do Paço tem a característica de pertencer a duas Juntas de
Freguesia, a dois concelhos e a dois distritos. 

O nosso amigo Tito Caetano é o chefe de tabanca lá do sítio. Esta obra é de iniciativa dele. Até o projeto foi ele que o fez.

As cerimónias serão da parte da tarde. Ainda hoje espero falar com ele e depois
mando-te o programa.
Um abraço,

2. Comentário do editor LG:

Joaquim, não me foi possível lá estar. Mas vi a notícia, nas redes sociais, Foi um evento com alguma pompa e circunstância e bastante participação popular.

Parabéns ao Tito Franco Caetano e demais boas gentes do Paço, terra que pertence à União das Freguesias de São Bartolomeu dos Galegos e Moledo, mas "onde já não passo há anos"... Não sabia, por exemplo, que se está estender para o concelho de Peniche. 

Li a notícia no jornal "Alvorada" (, com data de 12 de agosto último), que reproduzo com a devida vénia:

(...) A Comissão Pró-Monumento aos Militares do Paço, que estiveram nas frentes de guerra no século XX, agendaram para o próximo dia 29 de Agosto a inauguração de um memorial, a realizar nesta localidade da União das Freguesias de São Bartolomeu dos Galegos e Moledo. O programa do evento tem início marcado para as 15h00 com a recepção às entidades oficiais, seguindo-se, pelas 15h30, uma cerimónia religiosa que incluirá missa campal no adro da Igreja do Paço em honra dos militares falecidos. A inauguração do memorial está marcada para as 16h45. Recorde-se que esta inauguração esteve agendada para 25 de Julho, mas devido aos constrangimentos causados pela pandemia de Covid-19, foi adiada.

Segundo explicou ao ALVORADA Tito Franco Caetano, membro da comissão, o memorial está instalado no Largo da Igreja, ficando também junto do edifício da escola primária, “tendo bem perto os lavadouros públicos, num espaço bonito, bem arranjado e de muito simbolismo para a população”. 

Este ex-combatente referiu que o monumento pretende perpetuar os militares do Paço que participaram na I Guerra Mundial, passando pela invasão pela Índia à antiga colónia portuguesa e terminando com a Guerra do Ultramar. Estes teatros de operações militares contaram com o envolvimento de um total de 46 militares da povoação lourinhanense.

Este monumento é, segundo Tito Franco Caetano, um projecto da sociedade civil, que o desenhou e concebeu na sua totalidade, “mas quando colocado junto dos responsáveis da Freguesia e do Município, no caso da presidente da União de Freguesias de São Bartolomeu dos Galegos e Moledo e do presidente da Câmara Municipal da Lourinhã, pela sua dignidade e conceito, obteve o seu apoio no imediato”, enalteceu o responsável. (...)

Um vídeo da 102 FMTV - Peniche, de 4'16'', disponível no You Tube, mostra o essencial do evento que contou com a presença do bispo das Forças Armadas e Segurança, D. Rui Valério, e representantes das autoridades civis e militares, bem como dos antigos combatentes do Paço, ainda vivos.

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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22502: Memória dos lugares (425): Mafra, EPI, março de 1967: desfilando com o meu pelotão, o 1.º, da 1.ª Companhia de Instrução do COM, após o juramento de bandeira (Eduardo Moutinho Santos, advogado, Porto)

Guiné 61/74 - P22519: Notas de leitura (1379): Índice e contracapa da obra "Os Números da Guerra de África", de Pedro Marquês de Sousa (Guerra e Paz Editores, 2021, 384 pp.): "Vale a pena ler"! (A. Marques Lopes, cor art ref, DFA))







Índice e contracapa da da 
obra "Os Números da Guerra de África", de Pedro Marquês de Sousa (Guerra e Paz Editores, 2021, 384 pp.), a ser lançada em Lisboa no próximo dia 9, quinta-feira  (*)


1. Mensagem de A.Marques Lopes  Cor Art DFA, 
na reforma, ex-Alf Mil Art da CART 1690,
Geba, e CCAÇ 3, Barro (1967/68), membro sénior da Tabanca Grande, com 250 referências no blogue:


Data - 30/08/2021, 22:58
 

Assunto - Os Números da Guerra de África
 

Vale bem a pena ler! (14,40 € pelo correio). Seguem imagens da contracapa e índice. Abraços.


2. Comentário do editor LG:

António, não queres acrescentar mais uns tantos parágrafos para ser publicado como "nota de leitura", com o teu nome ? Há muito que não nos dás essa honra... Boa contiinuação do verão ou do que resta dele. Luís
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Notas do editor: