terça-feira, 28 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24895: O nosso livro de estilo (14): Proverbiário da Tabanca Grande, 5ª edição, revista e aumentada: "Protésicos, radioativos, parkinsónicos e/ou al(zhei)mareados"

"Não há tabanca.. sem poilão!"

Guiné-Bissau > Região do Óio > Maqué > 20 de Novembro de 2006 > Poilão, árvore sagrada, habitada pelos irãs... Mais uma chapa do famoso poilão de Maqué. Tirada pelo nosso camarada Carlos Fortunato, ex-Fur Mil da CCAÇ 13 (Os Leões Negros), na sua viagem de 2006 à Guiné-Bissau e à região do Óio.

Foto (e legenda): © Carlos Fortunato (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Em vias de comemorarmos, daqui a cinco meses, em 23/4/2024 (se lá chegarmos...),  os vinte anos de existência do nosso blogue, queremos continuar a ser a Tabanca Grande, "a mãe de todas as tabancas", mas também um espaço de partilha de memórias (e de afetos), um lugar de (re)encontros,  um espaço, na Net, "onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa", tendo por base a tolerância, o respeito mútuo ,  o pluralismo, a verdade, a boa fé, a camaradagem, a liberdade e a responsabilidade.

Referimo-nos, naturalmente, aos "amigos e camaradas da Guiné", e nomeadamente aos "antigos combatentes" que estiveram no teatro de operações da Guiné, entre 1961 e 1974...

"Proverbiário" (vocábulo que ainda não foi grafado nos nossos dicionários): é mais do que  uma simples coleção de provérbios e outros lugares comuns da língua portuguesa. 

São "frases feitas", "títulos de caixa alta do nosso blogue", "títulos dos nossos livros e séries",  "bocarras de tabanqueiro", "tiradas de humor de caserna", "expressões idiomáticas usadas no nosso blogue", umas mais efémeras do que outras, enfim, frases, comentários. máximas, etc., umas mais ligadas ao nosso Livro de Estilo, outras que, por uma razão ou outra, despertaram a nossa atenção... Ou são muito apropriadas à nossa condição de "espécie em vias de extinção", como aquela de que gosto muito, e que cai muito bem a alguns de nós, "autogestores" já de uma boa meia dúzia de doenças crónicas:   "Protésicos, radioativos, parkinsónicos e/ou al(zhei)mareados".

Muitas outras nos escaparam ao longo destes vinte anos a blogar, de 25 mil postes (ou postagens) publicados, de 100 mil comentários... De vez em quando, lá vamos repescando uma ou outra que ficou para trás... 

Os nossos leitores que acrescentem o que bem entenderem, desde que tenha relação, direta ou indireta, com o nosso blogue,as  nossas tabancas, a tropa e a guerra, enfim, a Guiné do nosso tempo...

A 4ª edição (revista e aumentada) já tem uns aninhos (2018) (*). Estava na altura de aparecer a 5ª edição, em 2023 (**).


O NOSSO PROVERBIÁRIO

A blogar é a que a gente... se entende.

A nossa Guinezinha, dizia a Cilinha

A 'roupa suja' lava-se na caserna, não na parada.

A sopa nossa de cada dia nos dai hoje!

A tropa vai fazer de ti... um homem!

Adeus, e até à... próstata!

Água de Lisboa, "manga di sabi".

Alfero Cabral cá mori!

Ainda pior do que o inferno da guerra, 
é o inverno do esquecimento dos combatentes.

Amigo do seu amigo, camarada do seu camarada.

Amigo traz amigo e amigo fica.

Ao luar, entre nevões, até as renas parecem pavões! (Zé Belo dixit)

Aponta, Bruno! (uma das muitas alcunha do nosso Com-Chefe, o gen Spinola)

Aqui o povo é quem mais... "ordenha".

A(r)didos e... mal pagos!

As nossas queridas enfermeiras paraquedistas: 
os anjos que desciam do céu.

As vacas roubadas que andam de mão em mão, acabam sempre comidas em boa ocasião (Salgueiro Maia dixit)

Até aos cem, ainda se aguenta, depois dos cem, só com água benta.

Até aos cem é sempre em frente!... E depois dos cem, 
é só para quem for resiliente...

Até aos entas, bem eu passo, dos entas em diante, 
ai a minha perna, ai o meu braço!...

Autogestores... de doenças crónicas.

Bazuca: o que fazia mal ao fígado, fazia bem à alma.

Beber a água do Geba.

Boa continuação da viagem pela picada da vida!... 
Cuidado com as minas e armadilhas!

Bom amigo, melhor camarada.

Bons tempos, Cabral, consigo ia ficando maluco! (Barbosa Henriques, capitão "comando" dixit)... E eu ia ficando "comando"!... (Alfero Cabral retorquiu)


Brincando por fora, sangrando por dentro.

Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum.

Cabrito pé de rocha [macaco] , "manga di sabi". 

Camarada e amigo... é camarigo!

Camarada não tem que ser amigo: é o que dorme contigo, 
no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo.

Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida, 
ir a Monte Real pelo menos uma vez na vida.

Camarada, que a terra da tua Pátria te seja leve!

Camarada, salvo seja!

Camaradas, na nossa já "bíblica" idade, a queda na "calçada portuguesa", pode ser desastrosa... 

Coitadinho de quem morre, morre e para a glória vai; quem cá fica, come e bebe e o pesar logo se vai.

Com a sua licença, meu general, a merda... que a gente come!

Combatente um vez, combatente para sempre!

Como camaradas que fomos (e continuamos a ser), tratamo-nos por tu!


Dão-se lições de artilharia para infantes.

Deportados para a Guiné... sem culpa formada!

Desaparecidos: aqueles que nem no caixão regressaram.

Desarmados, jubilados, reformados, aposentados mas não... arrumados.

Dezanove anos a blogar... são dez comissões na Guiné!

Diga se me escuta, oubo! (... Diga se me ouve, escuto!).

E depois da peluda... a luta continua! 

E quem não bebeu a água do Geba, nunca poderá entender
a vida, o conteúdo e o continente das nossas estórias.

E também lá vamos facebook...ando e andando.

E viva a Pátria! E viva o nosso General!... Puuum!!! [Gasparinho dixit]

É proibido fazer juízos de valor sobre o comportamento de um camarada (do ponto de vista operacional, disciplinar, ético, moral, social).

Encontro Nacional da Tabanca Grande: orar, comer.. 
e amar em Monte Real!

Entra e senta-te à sombra do nosso poilão.

Estás porreiro ou vais p'ró carreiro!?...

Estorninhos e pardais, aqui somos todos iguais.

Exorcizar os nossos fantasmas.

F... idos e mal pagos.

For the Portuguese Armed Forces from Scotland with love... 
[Da Escócia com amor, para as Forças Armadas Portuguesas.]

Futebol, política, religião... e sexo (ou falta dele) são 99% das nossas conversas... da treta.


Guerra do Ultramar, guerra de África, guerra colonial
(como se queira, ao gosto do freguês).

Guerra ganha, guerra perdida? 
Camarada, não percas tempo com a discussão do sexo dos anjos...

Guiné, da floresta verde e do chão vermelho.

Guiné, terra verde-rubra.

Guiné? ... Não era pior nem melhor, era diferente.

Guiné?... Não, nunca ouvi falar!


Há comentadores e comentadores: alguns são como o peixe e o hóspede, ao fim de três dias fedem...

Havia os desertores, os refratários, os faltosos... e nós.

Humor com humor se (a)paga.


In Memoriam: para que não fiques, pobre camarada, 
na vala comum do esquecimento.

Já estás com o bioxene, já estás com os copos, já estás! ()[Valdemar Queiroz dixit]

Já estou mal da cachimónia, / E eu aqui no treco-lareco, / A ouvir o próprio eco, / Na Tabanca da Lapónia.

Lá vamos blogando, recordando, (sor)rindo, 
e às vezes cantando, gemendo e chorando!

Lá vamos contando (e cantando) os quilómetros pela picada da vida fora!

Lembras-te, combatente, que és pó e em que em pó hás de tornar-te.

Lembra-te, ó português, a tua bandeira é a das cinco quinas, 
a dos cinco pagodes é na loja... do chinês!

Lugares ao sol, não temos... Só à sombra, do nosso poilão!

Luso-lapão só há um, o Zé Belo, e mais nenhum.

Mais morto de alma do que vivo de corpo.

Mais peixeiro do que carneiro... mais facebook...eiro do que blogueiro.. 

Mais vale andar neste mundo em muletas do que no outro em carretas.

Mais vale um camarada vivo do que um herói... morto!

Melhor que as bajudas, era a 'água de Lisboa' que nos fazia esquecer as bajudas.

Meu pai, meu velho, meu camarada...

Miguel & Giselda, o casal mais 'strelado' do mundo.

Muita saúde e longa vida, porque tu, camarada, mereces tudo.


Não deixes que o teu espólio de memórias 
vá parar à Feira da Ladra ou ao OLX.

Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti.

Não é o Panteão Nacional, é melhor, é... a Tabanca Grande.

Não fazemos a História com H grande, mas a História não se fará 
sem a nossa... pequena história.

Não há tabanca sem poilão.

Nem mais um soldado... para as colónias! 

Nem medalhas ao peito nem cicatrizes nas costas.

Nem todos os dias faz anos aqui... um general.

Ninguém leva a mal: em cima o camarada, em baixo o general.

No céu... não há disto: comes & bebes!


O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

O mundo é só fumaça, e enquanto nele se passa, toca a... blogar!

O nosso maior inimigo: o Alzheimer (de que Deus nos livre!)...

Ó Pimbas, não tenhas medo!

O povo é sereno, é só fumaça!

O seu a seu dono: respeita os direitos de autor.

Ó Sitafá, deixa lá, cabeças e rabos de sardinha não são bem a mesma cois  [
Alfero Cabral dixit]

O último a morrer, que feche a tampa... do caixão.

Olhe que não, sr. general, olhe que não!

Os bravos não se medem aos palmos.

Os bu...rakos em que vivemos.

Os camaradas tratam-se por tu.

Os camaradas da Guiné dão a cara, não se escondem por detrás do bagabaga.

Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são.

Os netos dos nossos camaradas, nossos netos são.

Os nossos queridos 'nharros'...


Para que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício: "Guiné? Guerra do Ultramar? Guerra Colonial? 
Não, nunca ouvi falar!"...

Partilhamos memórias e afetos.

Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas" em Bissau.

Periquito, salta pró blogue, que a velhice já cá está!

Periquitos até aos 6 meses, maçaricos até a um ano... 
e depois vê-cês-cês (velhinhos comó c...)

Porra, porra, lá iam lixando o Comandante-Chefe (Spinola dixit, quando o seu heli aterrou, por engano, numa "área libertada")

P'rós insultos, não há contemplações nem indultos.

Protésicos, radioativos, parkinsónicos e/ou al(zhei)mareados

Quando o último eucalipto deste país arder, despeçam o último bombeiro, por extinção do posto de trabalho.

Que Deus, Alá e os bons irãs te protejam!

Quem não faz 69, não chega... aos 100!

Quem não sabe beber, beba... merda!

Quem não tem poilão, acolhe-se à sombra do chaparro.

Quem não tem "turpeça", senta-se no chão... e quem "turpeça" também cai.

Rapa o fundo ao teu baú da memória.

Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste,
sofreste, viste morrer e matar, mataste,
e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...


Saber resolver os nossos diferendos, os nossos conflitos... 
sem puxar da G3!

Santo António de Bissau, / Bravo, meu bem, / De todos o mais casmurro,/ Quer do preto fazer branco, / Bravo, meu bem, / E do branco fazer burro.

Sempre presentes, aqueles que da lei da morte já se foram libertando.

Siga a Marinha!

Só há três coisas de que aqui não falamos: futebol, política e religião.

Somos uma espécie em vias de extinção.

Soubemos fazer a guerra e a paz.

Spinolândia, sim, Guiné, não.

Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas!)

Tabanca Grande: a mãe de todas as tabancas.

Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une 
e até com aquilo que nos separa.

Tabanca Grande: onde não há portas nem janelas  
nem arame farpado   nem cavalos de frisa

Tuga, que Deus te livre da doença do... Alemão.

T/T Niassa, Uíge, Ana Rita, Angra do Heroísmo... Os cruzeiros das nossas vidas.


Um blogue de veteranos, nostálgicos da sua juventude (René Pélissier dixit).

Um povo que sabe rir-se de si próprio, não precisa de ir ao psiquiatra.

Uma geração que soube fazer a guerra e a paz.

Uma guerra... a petróleo! (Tó Zé dixit)

Uma noite nos braços de Vénus, três semanas por conta de Mercúrio.  

Vamos à guerra, que a morte é certa.

Vê-cês-cês (velhinhos comó c...)
 
Vinte anos a blogar... são, no mínimo,  dez comissões na Guiné!

Volta, Zé Belo, estás perdoado! (disseram  os "sámi" ao régulo que queria "desertar" da Tabanca da Lapónia).
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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 4 de agosto de  2021 > Guiné 61/74 - P22431: O nosso livro de estilo (13): Cumprir e fazer cumprir as nossas regras editoriais, prevenindo o risco do nosso blogue, respeitável e velhinho, com mais de 17 anos, ser bloqueado ou até banido do Blogger, como aconteceu ontem com o "apagão" de 3 horas (Os editores)

Guiné 61/74 - P24894: Concentração Nacional de ANTIGOS COMBATENTES, amanhã, dia 29 de Novembro, a partir das 10h30, frente à escadaria da Assembleia da República (José Maria Monteiro)



CAMARADAS: Ilustres Combatentes

O MOVIMENTO PRÓ-DIGNIDADE, a favor do Estatuto do Antigo Combatente, constituído por COMBATENTES dos três ramos das Forças Armadas, agendou para o dia 29 de Novembro de 2023, a partir das 10h30m e até às 14h00, frente à escadaria da Assembleia da República, dia da aprovação do Orçamento do Estado para 2024, uma concentração nacional de COMBATENTES.

Esta concentração nacional de COMBATENTES, vai ser realizada por a senhora ministra da Defesa, na reunião com o MOVIMENTO PRÓ-DIGNIDADE, do passado dia 27/07/2023, ter prometido melhorar o Estatuto do Antigo Combatente, promessa que caiu em saco roto.

Somos o único país do Mundo em que os seus COMBATENTES não são reconhecidos, nem dignificados.

Assim, no dia 29/11/2023, a partir das 10h30m comparece, com a tua boina ou com o teu camuflado, para dar um grito de guerra contra uma Pátria que nos humilha, nos abandona e nos ostraciza.

Relativamente aos transportes, fui informado que vai sair um autocarro do Porto e outro de Vila Nova de Gaia, pelo que os interessados deverão falar com o nosso camarada Antônio Silva pelo telemóvel 910 880 002.

“PROPOSTA UNITÁRIA APROVADA EM ASSEMBLEIA GERAL DO CONGRESSO NACIONAL DE ANTIGOS COMBATENTES ”

- Considerando que existem diversas fragilidades económicas que afetam a vida da maioria dos Antigos Combatentes;

- Considerando que as carências evidentes são crónicas e privam os atingidos de poderem ter um resto de vida com alguma dignidade;

- Considerando que os princípios de atribuição de complementos ou suplementos de pensão aos Antigos Combatentes são exclusivamente para reparação dos efeitos nefastos da prestação de serviço militar em condições excecionais de dificuldade ou perigo;

- Considerando que a Rede Nacional de Apoio é restrita e não funciona, deixando milhares de Combatentes indiciados com stress pós-traumático sem o necessário rastreio e tratamento;

- Considerando que o Estatuto do Antigo Combatente, pouco contribuiu para a melhoria e qualidade de vida dos Antigos Combatentes:

A Comissão Organizadora, com o contributo de várias Associações e de vários Antigos Combatentes, propõe o seguinte:

a) Atribuição de uma pensão de guerra a todos os Antigos Combatentes, no valor equivalente ao que cada Antigo Combatente gasta em média por mês em medicamentos, no montante de €60,00;

b) Gratuitidade dos transportes públicos em todas as redes nacionais;

c) Isenção de impostos sobre o Suplemento Especial de Pensão (SEP), Complemento Especial de Pensão (CEP) e Acréscimo Vitalício de pensão (AVP);

d) Reestruturação da Rede Nacional de Apoio, com vista a tratar condignamente os indiciados com stress pós-traumático, devendo o Ministério da Defesa Nacional articular, a aludida rede, com os postos de saúde e com os Serviços Sociais das autarquias;

e) Prioridade no acesso aos hospitais militares e aos hospitais e clínicas públicas;

f) Prioridade e gratuitidade nos lares públicos para os Antigos Combatentes e viúvas com fracos recursos financeiros, confirmados junto da Segurança Social;

g) Que seja dada prioridade aos Antigos Combatentes, na situação de sem abrigo, no acesso à assistência médica e medicamentosa e na habitação.

Carcavelos 30/10/2021
Um por todos, todos por um
Vivam os COMBATENTES

José Maria Monteiro

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Guiné 61/74 - P24893: Notas de leitura (1639): Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1931-1939) - Parte I: a voz dos colonialistas republicanos nostálgicos e exilados




Fonte: Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, nº 2. maio de 1932,  pág. 71


1. A Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro foi fundada a 22 de Maio de 1930.

Este boletim foi um dos primeiros projectos desta associação. O seu objetivo era   dar a conhecer aos portugueses do continente americano, e em especial do Brasil, as colónias portuguesas espalhadas pelo mundo. Tinha como subtítulo "Pela Raça, Pela Língua". 

(...) "A nossa bandeira cobre umna superfície de mais de dois milhões de quilómetros quadrados, onde gravitam 16.860.000  portugueses", dos quais 8,7 milhões "negros", 7 milhões de "brancos", 550 mil "índios", 450 mil "malaios" e 160 mil "amarelos" (sic).

Na realidade, a Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro era "a única associação dedicada exclusivamente à propaganda colonial portuguesa no Brasil" (Assunção, 2017, pág. 60) (#).  Além disso, " também congregava a especificidade de ser produzido por intelectuais republicanos exilados no Brasil, nostálgicos de um ideário 'republicano' de colonização que detinha como principal modelo as gestões de Norton de Matos em Angola (1912-14 e 1921-1924)." (Assunção, 2017,  pág. 59).(#)

Do Boletim publicaram-se 25 números  (alguns são números duplos),  de maio de 1931  (nº 1) a dezembro de 1939 (nº 25). Diretor: António de Sousa Amorim (um republicano, minhoto de Ponta de Lima, exilado no Brasil).

Velhos africanistas como o nosso camarada António Rosinha vão gostar de  o "folhear": está disponivel, em formato pdf e html, na Hemeroteca Digital, sítio da Hemeroteca Municipal de Lisboa (HML).

De entre os  colaboradores do Boletim, descortinámos, um pouco ao acaso, e numa leitura rápida de uma amostra, nomes conhecidos como Norton de Matos, Paiva Couceiro, Henrique Galvão, Manuel Teixeira Gomes, Sarmento Pimentel, Augusto Casimiro (1889-1967) (capitão de infantaria, herói da I Grande Guerra,  braço direito de Norton de Matos em Angola, cofundador da "Seara Nova"...), e outros (quase todos republicanos,  exilados e nostálgicos de um pretenso império que ia "do Minho a Timor", como defenderá mais tarde a propaganda estado-novista )... 

A linha político-ideológica é a do "nacionalismo imperial",  do "panlusitanismo"  e mas também do incipiente "luso-tropicalismo" (teorizado por Gilberto Freire, e rejeitado nos anos 30 e 40 pelo Estado Novo)... 

São termos usados por Marcelo Assunção, na sua tese de doutoramento em história pela Universidade Federal de Goiás, para caracterizar a linha editorial do Boletim e a orientação política da Sociedade,  cada vez mais em rota de colisão com o Estado Novo e a política colonial de Salazar.

A trajetória do Boletim passa por duas grandes fases, a da crítica velada (1931-1934) à repulsa ao salazarismo (1935-1939) (que são analisados no cap. II, da tese de doutoramento abaixo citada).

(...) No segundo momento (capítulo III), analisaremos o fenômeno do pan-nacionalismo (da Sociedade Luso-Africana e outras instituições e personagens do período) no quadro mais amplo dos pan-etnicismos, evidenciando as visões sobre o panlusitanismo/luso-brasilidade nas três primeiras décadas do século XX. 

Em seguida, perscrutaremos o panlusitanismo nos anos 30, sendo o Boletim o principal órgão de reprodução do ideário, seja através da sua visão do panlusitanismo como resposta a ascenção do imperialismo germânico e italiano, seja através da 'Cartilha Colonial', de Augusto Casimiro, a principal expressão da visão de mundo dos republicanos que publicam nesta. 

Em um terceiro momento (capítulo IV), trataremos do “republicanismo nostálgico” no Boletim a partir das distintas críticas ao modelo de gestão colonial do salazarismo (centralismo, trabalho forçado, arcaismo economico, etc.). 

Por fim, no capítulo V, analisaremos os “exotismos” construídos sobre o “outro” colonizado a partir da historiografia e dos estudos africanistas (etnologia e antropologia) publicados no Boletim." (... ) (Assunção, 2017, pág. 59).(#)

Há referências à Guiné, mas as estrelas do império (e as   que ocupam mais espaço no Boletim)  são, sem dúvida, Angola e Moçambique. Talvez valha a pena, numa próxima oportunidade, explorar essas referências, o que implica percorrer com atenção os 20 exemplares disponíveis. Destaque para já para o número especial do Boletim, dedicado à Exposição Colonial do Porto de 1934 (de que foi diretor Henrique Calvão).


Capa do nº especial dedicado à exposição colonial do Porto (1934). Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, nº 9, abril-julho de 1934.
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(#) Vd. ASSUNÇÃO, Marcelo. F. M. - A sociedade luso-africana do Rio de Janeiro (1930-1939): uma vertente do colonialismo português em terras brasileiras. 2017. 324 f. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2017. Disponível em formato pdf em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/6960 

Resumo:

Nosso objetivo principal nessa tese é analisar o projeto colonial da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, tendo como fonte primordial de estudo os vinte volumes do seu Boletim (1931-1939), como também os livros, cartilhas e outras produções oriundas dos membros da Sociedade. 

Para realizar esse intento, num primeiro momento (capítulo I) analisamos as condições de emergência do “nacionalismo imperial” do qual o boletim é somente uma das expressões. 

Nos outros quatro capítulos, buscamos entender as diversas especificidades do Boletim. No capítulo II evidenciamos a trajetória da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro em suas duas grandes fases: da crítica velada ao salazarismo e a busca por uma grande “coalização panlusa” (1931-1934) até a repulsa ao Estado Novo dos últimos anos (1935-1939), apreendendo essas transformações a partir de diversas fontes, mas primordialmente através dos editoriais do Boletim. 

No III capítulo buscamos explorar os sentidos políticos do “panlusitanismo” no seio do contexto mais global dos “pan-etnicismos”, abordando também a partir do boletim e da obra “Cartilha Colonial”, de Augusto Casimiro” o discurso panlusitano. A frente, no capítulo IV, fizemos uma análise do projeto colonial dos gestores militares republicanos e sócio-correspondentes da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, dando ênfase as críticas que estes faziam às práticas coloniais do salazarismo e o espelhamento idealizado no “modelo Norton de Matos”. 

Por fim, no capítulo V, perscrutamos as relações entre a historiografia do colonialismo e os estudos africanistas com um ideário de “vocação imperial” tão presente no saber colonial hegemônico nos anos 30. 

Em suma, o exame destes discursos permitem visualizar no seio do Boletim, e das publicações da Sociedade, a particularidade do colonialismo republicano em meio à hegemonia política salazarista nos anos 30. Estes irão ser uma vanguarda do reformismo colonial que só ganha força nos anos 50. A derrota do seu projeto nos anos 30 é uma expressão de que em tempos de Estados Novos a retórica “democrática” (mesmo que restrita ao discurso) não tinha espaço. 

Palavras-chave: Colonialismo, Republicanismo, Salazarismo, Panlusitanismo, Relações Luso-Afro-Brasileiras, Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro.

 https://repositorio.bc.ufg.br/tedeserver/api/core/bitstreams/082dfd1d-ce90-4507-9e4f-cae7720dc11b/content (Com a devida vénia...)

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24892: Notas de leitura (1638): Um dos patrimónios mais valiosos da cultura africana: Como exemplo, um olhar sobre os contos mandingas (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2022:

Queridos amigos,
Aqui se põe termo a uma viagem sobre o trabalho de Hannelore Felizitas Nadolÿ da Silva, uma dissertação de mestrado. Ela retirou um conjunto de histórias da 1ª edição dos contos mandingas, de Manuel Belchior, irá espraiar-se sobre o papel da oratura, a palabra como memória viva de África, tecerá considerações sobre a problemática do conto africano, apresenta alguns dados sobre a História dos mandingas e fala-nos dos temas versados nestes contos do seguinte caráter: religiosos, didáticos, iniciáticos, humorísticos, entre outros. Atenda-se às suas conclusões, o papel dos contos é a transmissão de ensinamentos, os mais novos devem acolher este património de que costumes, crenças e tradições para mais tarde os transmitirem às novas gerações. O objetivo primordial é o saber viver através de uma moral social. Por isso o Griot usa os animais que são tipos morais simbólicos, através deles chegamos ao comportamento humano. Eles são a base da riqueza folclórica dos mandingas, tocador de kora é um transmissor cultural único, os mandingas têm consciência das suas potencialidades no âmbito da cultura e usam-na como mão de mestre. E despede-se do leitor lembrando que esta literatura oral entrou em sério confronto com a educação, com a mobilidade e com a família interétnica. O fosso geracional pode vir a fragilizar esta memória viva de África.

Um abraço do
Mário



Um dos patrimónios mais valiosos da cultura africana (3):
Como exemplo, um olhar sobre os contos mandingas


Mário Beja Santos

Pomos hoje termo a esta viagem sobre os contos mandingas analisados por Hannelore Felizitas Nadolÿ da Silva. No seu trabalho faz-se uma apreciação do papel da oratura na vertente da literatura oral tradicional, que poder ter a sua envolvente folclórica e musical, o papel da memória viva graças ao narrador, o Griot, foram elencados tanto a função do narrador como a problemática do conto africano, e depois a autora selecionou um conjunto de contos da obra de Manuel Belchior, uns exemplares ou edificantes, outros humorísticos ou envolvendo fábulas de animais, didáticos, iniciáticos, religiosos, etc. Resta-nos agora dar primazia aos contos iniciáticos e proceder à conclusão da autora.

Ela começa com o conto O Caçador e a Serpente, um homem grande está sentado no benten (espaço à sobra de uma grande árvore onde há uma grande esteira, é ali que os homens se sentam para conversar) e fala de uma serpente que atemorizava toda a população, tinha por uso e costume roubar as noivas no dia do casamento; um dia roubou a noiva do mais afamado caçador da região, este pôs-se ao caminho para a matar, anda acompanhado por uma mosca, vão juntar-se animais a esta perseguição, um chacal, uma águia e um elefante; a mosca entrou pela fenda de uma caverna e falou com as raptadas, uma delas esclareceu que a força vital da serpente estava dentro de um ovo, este dentro de uma pomba, este por sua vez na barriga de uma gazela e esta dormia no ventre de um veado, tudo acabava em duas colmeias de abelhas ferozes; havia que partir o ovo mas antes havia que evitar as abelhas e matar sucessivamente todos aqueles animais, com auxílio dos seus acompanhantes, o caçador teve sucesso. Findo o conto, o homem grande perguntou aos netos: “Depois daquilo que vos contei, dizem-me qual foi a ação que vos pareceu mais valiosa, a do caçador, a da mosca, a do chacal, a da águia, a da pedra ou a do elefante?”

A moral da história, como observou o Griot é que na vida todos nós temos um lugar e um desempenho. Segue-se um outro conto intitulado A Pedra com Barbas. Um lobo encontra uma pedra com um belo tufo de cabelos, tal foi a emoção que desmaiou. Escondeu a pedra dentro de uma gruta e ia levando ali alguns animais a pretexto de verem aquela singularidade, mas os animais desapareciam, inexplicavelmente. Um dia, convidou uma lebre que o acompanhou desconfiada, fez perguntas um tanto pertinentes e viu o lobo desmaiar. A lebre compreendeu então a maneira como os animais ficavam à mercê do lobo e veio contar aos outros animais, a pedra com barbas deixou de ser uma arma ao serviço do voraz lobo. Há um terceiro conto intitulado O Moço Viajante. Certo homem com pendores de marabu aconselhou um dos seus filhos a correr o mundo a fim de completar, através de uma variedade de experiências, a educação que lhe dera. Recomendou-lhe que guardasse na memória aqueles factos que acima de tudo lhe merecessem a admiração por ultrapassarem a sua capacidade de entendimento; ele no regresso como mais velho, procuraria ajudá-lo a encontrar para eles a necessária explicação. O moço pôs-se ao caminho, viu um homem a correr, apareceu depois um cavaleiro que não conseguia alcançá-lo. Tínhamos aqui matéria para pedir explicações ao pai; viu numa pradaria dois bois selvagens feridos por flechas, um brutalmente atingido, outro menos, mas era este que gemia mais, e dava-se o caso de ser o menos ferido quem animava o mais ferido, tínhamos aqui mais um caso intrigante que o pai teria de explicar; viu uma cobra sair de um orifício onde depois não pôde entrar, coisa estranha, pensou ele se havia abertura suficiente para a cobra sair também podia nela entrar, mais uma história para contar ao pai; no regresso encontrou uma árvore tombada, altíssima, por mais que tentasse não lhe conseguia encontrar fim, outra situação que merecia explicação do pai. Este fez os seus comentários, valorou os casos de resiliência e lembrou ao filho que nada mais importante há que dispor de uma mentalidade positiva.

A autora socorre-se de um comentário de António Carreira: “Contar à noite é ajudar o dia a suceder à noite”. Para a mentalidade animista, a palabra pelo seu poder mágico, encantatório, tem mais prestígio do que a coisa, e dado que o homem é produto da sociedade em que está inserido, é, portanto, também o homem uma peça do rito. A autora dá ainda exemplos de contos humorístico e históricos e fábulas de animais.

Chegou o momento de tirar conclusões:
“A falsa transparência em que as narrativas se parecem envolver refletem no fundo a sua grande variedade e singularidade. É a razão pela qual o conto deve ser situado no seu exato contexto social e cultural. A razão dos contos é, sobretudo na sociedade mandinga, a de transmitir um ensinamento. Os costumes, as crenças e as tradições transmitem-se através das narrativas, e as jovens gerações assimilam esse contexto mesmo sem se darem conta disso. Os animais são tipos morais simbólicos, tal como nas fábulas. Podemos inferir que o conto exprime de uma forma simbólica, através de determinados temas postos em realce, os problemas que o homem mais intensamente vive e que habitualmente recalca no seu interior. O texto transmitido não será o mesmo que o recebido, pois o executante nele cunhou o seu próprio texto. Nos contos mandingas encontramos traços da sua psicologia, apontamentos dos seus usos e costumes, características da sua índole, do seu temperamento.
Grande parte desta riqueza está, todavia, a ponto de se perder ou de se descaracterizar, tão grande é a força dos modelos universais. Mas os contos podem ser considerados como uma literatura experimental e positiva. Tem pelo menos o valor de documento histórico. Os mandingas devem ter consciência das suas potencialidades no domínio da cultura. Não é, pois, necessário que tenham os olhos apenas virados para o exterior.”


A autora recorda-nos que todo este mundo da literatura tradicional entrou em confronto com a atual sociedade aberta que é a Guiné-Bissau, não só os jovens começaram a frequentar a escola como viajam mais e aumentou impressivamente o número dos casamentos interétnicos. Involuntariamente ou não, gerou-se um fosso entre as gerações precedentes e as atuais.


Capa do livro Contos Mandingas, por Manuel Belchior
Os Griots e a tradição oral africana
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Notas do editor:

Vd. poste anterior de 20 DE NOVEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24868: Notas de leitura (1635): Um dos patrimónios mais valiosos da cultura africana: Como exemplo, um olhar sobre os contos mandingas (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 25 DE NOVEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24884: Nota de leitura (1637): "O universo que habita em nós: estórias com vida”, do nosso camarada José Teixeira, um talentoso contador de histórias e criador de personagens (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P24891: Lições de artilharia para os infantes (10): Uma maneira simples de calcular a distância entre dois locais referenciados por coordenadas geográficas (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71, cmdt do 22.º Pel Art, em Fulacunda , 1969/70)



Guiné > Carta antiga província portuguesa  (1961)  > Escala: 1/500 mil > Coordenadas geográficas  de Bissau e de Mansoa

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)



Domingos Robalo
1. Comentário do Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); nasceu em Castelo Branco, trabalhou na Lisnave, vive em Almada; tem 27 eferências no nosso blogue (coomentário que escreveu  em 19/10/2023, às 11h29,  no nosso Facebook, e que a seguir reproduzios no blogue):

Tabanca Grande Luís Graça,  olá,  amigo Luís, espero que estejas bem. Agradeço a tua atenção. Costumo 
dizer que; só não se engana quem nada faz. Também tenho um mapa  igual ao que partilhaste. Sem pretender ser "professor" , nem "chico esperto", mas tão só com a intenção de partilhar conhecimento, que poderá ser interessente para os camaradas menos familiarizados com a matéria. Assim permite-me o seguinte acréscimo:

No mapa partilhado temos duas opções para medir distâncias.

(i) Na margem inferior da carta, temos uma escala ( 1/500000) que nos indica uma forma de medir distâncias. 

Mas nem sempre esta escala é apresentada.

(ii) Como alternativa ao descrito em (i), temos nas margens inferior e direita do mapa uma graduação que nos indica pelo sistema de coordenadas, (escalas em latitude e longitude) a localização de um qualquer ponto no mapa. 

Exemplo; Bissau, está localizada a 11° 52' de latitude e 15° 35' de longitude, aproximadamente. 

Na falta da escala indicada em (i), podemos sempre considerar, sem erro, este tipo de escala cartesiana, sendo que cada " minuto" corresponde a uma milha. Concluindo; um minuto corresponde a uma milha e esta a 1,8km. (...)


2. Comentário do editor:

Obrigado, camarada artilheiro. Encontrei a Net uma ferramenta muito simples para calcular a distância entre dois locais referenciados por coordenadas geográfica. Ver aqui 

Federação Portuguesa de Columbofilia  (FPC) > Cálculo de Distâncias


Só temos que saber qual a latitude e a longitude do ponto de partida, e a  latitude e a longitude do ponto de chegada... Um exemplo prático: a distância entre Bissau e Mansoa (sabendo que a latitude de Mansoa é 12º 04' e a longitude 15º 19', coordenadas obtidas através da nossa velha carta de 1961, escala 1/ 500 mil, em que desprezamos os segundos).

O resultado é 60 108 metros...Arredondando: 60,1 km...

Obs: A FPC adoptou o formato de coordenadas geográficas +GGG.MM.SS.D, em que:

  • + representa o sinal, que poderá ser + ou -  
  • em Portugal, as latitudes são sempre positivas (sinal +) e as longitudes são sempre negativas (sinal -); em Espanha, os valores a Oeste (O,W) do meridiano de Greenwich têm sinal negativo (-) e os valores a Este (E) têm sinal positivo (+).
  • GGG representa os graus da coordenada;
  • MM representa os minutos da coordenada;
  • SS representa os segundos da coordenada;
  • D representa as décimas de segundos da coordenada ;
  • Representação das coordenadas da FPC (que tem sede em Mira): 40°12'54.8" N, 8°26'9.8" W: Latitude: +040.12.54.8; Longitude: -008.26.09.8
  • Representação das coordenadas de Barcelona : 41°37'10.2" N, 1°23'57.6" E; Latitude: +041.37.10.2;    Longitude: +001.23.57.6
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Guiné 61/74 - P24890: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte II: Depois de Santo Tirso, Portalegre... e 18 razões para não mais esquecer o Alto Alentejo


Portalegre: Escola Secundária de São Lourebço

1.Continuação da nova série do Joaquim Costa, "E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas"...


(i) ex-fur mil at Armas Pesadas Inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74);

(ii) membro da Tabanca Grande desde 30/1/2021, tem cerca de 7 dezenas de referências no blogue;

(iii) autor da série "Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74)" (de que se publicaram 28 postes, desde 3/2/2021 a 28/7/2022) , e que depois publicou em livro ("Memórias de um Tigre Azul - O Furriel Pequenina", por Joaquim Costa; Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp);

(iv) tirou o curso de engenheiro técnico, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto;

(v) foi professor do ensino secundário, tendo-se reformado como diretor da escola secundária de Gondomar;

(vi) minhoto, de Vila Nova de Famalicão , vive em Rio Tinto, Gondomar;



Portalegre: O histórico café Alentejano..

 
Joaquim Costa

"E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas" (Joaquim Costa);  Parte II: E depois de Santo Tirso, Portalegre...


Foi desta cidade que às 2 da manhã do dia 29 de outubro de 1972, fui conduzido (juntamente com a minha companhia) até Figo Maduro, onde embarquei num avião da FAP ruma à Guiné.

O pouco tempo que aqui permaneci, enquanto militar, não deu para conhecer esta bela região alentejana e o seu fantástico triângulo: Portalegre, Marvão, Castelo de Vide.

Lembro-me, na altura, da nossa infantilidade ao entrarmos na escola secundária, em frente do quartel, “matando o tempo”, deliciando-nos com os nomes, para nós, invulgares, mesmo bizarros, dos alunos afixados nas pautas, e, quem sabe, arranjar uma (ou mais) madrinha de guerra…

Nesta cidade lecionou José Régio – reclamado por Vila do Conde onde nasceu e por Portalegre onde viveu, sempre no meio da sua imensa coleção de Cristos.

Depois de dois anos em Santo Tirso, muitas dúvidas permaneciam sobre se seria este o meu caminho. Continuava com a ideia fixa de fazer o meu percurso profissional numa empresa, ou dar corpo a um gabinete de projetos de engenhria,  que estava na incubadora.

A forma como fui recebido em Portalegre: o excelente ambiente entre o corpo docente, o comportamento afável dos alunos (sempre brincando com o meu sotaque nortenho e sempre me dando os parabéns, todas as segundas feiras, pelo desempenho das minhas equipas – FCP e Famalicão que deram cartas nesse ano), as magníficas paisagens, as suas gentes e o seu sotaque doce e meigo e o seu cante, esfriaram a ideia de abandonar o ensino.

Um ano depois de Portalegre, surgiu uma resposta positiva para um emprego numa multinacional Alemã do ramo elétrico. Não obstante umas noites mal dormidas, acabei por rejeitar. O ano em Portalegre creio que foi decisivo para esta decisão.

Nada me tira o meu Minho (… e o meu Douro vinhateiro e...) mas o Alentejo e os Alentejanos estão no meu coração, inclusive o homem que “deitou abaixo” o meu pequeno garrafão de verde tinto nos longínquos anos 60 a caminho de Ermidas Sado.

Na passagem em trânsito para a Guiné, em 1972, não deu para conhecer a bela região do Alto Alentejo, desforrando-me “à tripa forra” em 1977/78.

Jamais esquecerei:

(i) as tertúlias na esplanada do Tarro, depois do jantar, até que os funcionários arrumando as mesas vazias e limpando o lixo debaixo dos nossos pés nos davam ordem de saída;

(ii) o cimbalino (termo que sempre fiz questão de utilizar, com o empregado sempre retorquindo: uma bica?) depois do almoço no café “Facha”, em frente ao imponente plátano, lendo as gordas do jornal da casa;

(iii) uma ou outra vez tomando o cimbalino, depois do jantar, no café Central, a meio da rua direita, mas que é muito “torta”, onde grandes jogadores de xadrez se juntavam;

(iv) um pingo (com o empregado sempre a retorquir: um garoto?) e uma nata, a meio da tarde, no lindo e histórico café Alentejano (onde David Mourão Ferreira comeu uns belos bifes com José Régio), felizmente ainda aberto e mantendo o mesmo “glamour”;

(v) as tardes mais quentes passadas debaixo do frondoso plátano (hoje quase monumento nacional);

(vi) o lanche com um grupo de amigos habituais, depois dos jogos de futebol, na tasquinha do Marchão, bebendo umas espetaculares imperiais (que eu insistia em chamar finos) acompanhadas com perninhas de rã (que eu nunca fui capaz de comer) e umas divinais empadinhas de frango, que eu devorava com sofreguidão;

(vii) as idas a um magnífico restaurante na Serra de S. Mamede, do qual já não me lembro o nome, com paragem obrigatória no magnífico miradouro;

(viii) a Pensão 21 onde me instalei com outro colega e amigo de Viana do Castelo: a qui fomos tratados como filhos pelo proprietário (o Sr. Mourato) e pela simpática empregada que nos servia as refeições; no dia em que decidimos fazer um estendal, na varanda do quarto, com as nossas cuecas a secarem ao sol, foi o dia em que não só o proprietário e a empregada, bem como todos os hóspedes, ficaram definitivamente rendidos aos jovens e prendados professores do Minho;

(ix) as refrescantes idas a uma fonte de água pura e fresca; nos dias de maior calor, a caminho da serra, onde sempre éramos alertados por simpáticas mulheres que aí vendiam fruta; que no alto da sua sabedoria espelhada nos seus cabelos brancos, que bebendo água da fonte o feitiço o ligaria ao Alentejo pelo casamento: o meu amigo de Viana do Castelo casou com uma jovem e simpática professora de Marvão e eu com a Isabel, uma alfacinha de Alcântara, (embora natural de Idanha), professora também deslocada na cidade, ou como diz o provérbio, “Tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia fica lá a asa”!!!

(x) as idas às tasquinhas da Serra de S. Mamede, onde aprendi a letra do “Fado do Embuçado” ;

(xi) o calcorrear, milímetro a milímetro das ruas e tasquinhas de Marvão e Castelo de Vide;

(xii) um fim de semana passado na casa de um colega de Évora, comendo uma divinal sopa de Cação preparada pela sua simpática esposa; 

(xiii) a noite passada numa taberna, estilo Zé d’Alter de Estremoz, onde o fado aparecia de onde menos se esperava, devorando um magnífico gaspacho; terminando a noite a ver nascer o Sol numa das zonas altas da cidade;

(xiv) a abordagem de uma patrulha da polícia, às 4 horas da manhã quando esperava-mos o nascer do sol, pedindo-me a carta de condução, que tinha ficado na pensão, o BI, o título de propriedade da minha Diane, que também não tinha - com o polícia já desesperado a pedir, qualquer documento com fotografia que também não tinha; dada a minha calma, adocicada com algum humor nortenho, o polícia esboçou um sorriso dizendo: parecem boas pessoas, aproveitem bem o fim de semana em Évora;

(xv) uma incursão a Badajoz com o regresso já com a fronteira fechada (chegamos 5 minutos depois da meia noite), voltando a Badajoz, esperando a abertura dos primeiros cafés para o pequeno almoço e acelerar para a primeira aula da manhã;

(xvi) assistir ao dérbi da cidade entre os Estrelas de Portalegre e o Desportivo Portalegrense com as rivalidades levadas ao extremo, durante o jogo, mas logo esvaziadas nas inúmeras tabernas da cidade;

(xvii) participar numa manifestação contra a Lei Barreto, já com o PREC a perder força, com direito a carga policial (e tudo o mais a que tinha-mos direito nestas manifestações…) com fuga ao cassetete com o meu amigo deixando a sua mala de engenheiro para trás;

(xviii) as viagens de comboio (sempre adorei viajar de comboio) a caminho de casa nas pausas escolares na direção: Chança, Mata, Crato… e no regresso ao Alentejo na direção: Crato, Mata, Chança...como gostavam de dizer os portalegrenses;

Viajo de comboio sempre com o mesmo entusiasmo como se fosse a primeira vez. Com o comboio cheio de gente sinto-me personagem de um filme no meio de um turbilhão de cenas do quotidiano. Sozinho sinto-me numa sala de cinema vendo passar o mundo lá fora, pela janela do comboio, como se de uma tela se tratasse.

Durante as viagens faço sempre um esforço tremendo para não adormecer, já que um minuto dormido é um minuto não vivido.

Nos primeiro anos depois da Guiné vivi sofregamente os dias, “engasgando-me” aqui e ali na ânsia de agarrar o mundo todo num só dia. Fui há procura de resgatar os três anos “roubados” da minha juventude, até hoje ainda não devolvidos.

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Nota do editor:

Último poste da série >20  de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24865: E depois da peluda... a luta continua: as minhas escolas (Joaquim Costa) - Parte I: Santo Tirso, o dono da "tasca"

domingo, 26 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24889: S(C)em comentários (19): O silêncio da CECA (Comissão de Estudo para as Campanhas de África) sobre a trágica Op Abencerragem Candente: Xime, 26 de novembro de 1970, 6 mortos e 9 feridos graves


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > c. 1969/70 > Vista aérea da tabanca do Xime, onde estava sediada uma unidade de quadrícula... Em 26 de novembro de 1970, era a CART 2715 / BART 2917, comandada pelo jovem cap art Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014). (*)

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Um dos maiores desaires das NT, no Sector L1 (Bambadinca), no meu tempo (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, junho de 1969/ março de 1971) foi a Op Abencerragem Candente (subsetor do Xime, 25 e 26 de novembro de 1970). (**)

Temos 26 referências no nosso blogue a esta operação. Em contrapartida, há um estranho silêncio nos livros da CECA (Comissão para o Estudo das Campannhas de África)... Nem uma palavra no livro relativo à atividade operacional no CTIG em 1970: vd. CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da actividade operacional: Tomo II - Guiné - Livro II (1.ª edição, Lisboa, 2015), 

A Op Abencerragem Candente foi  53 anos atrás (4 dias depois da Op Mar Verde), e ao que sabemos terá sido a mais sangrenta das operações realizadas no subsetor do Xime, durante a guerra colonial, pelo lado das baixas  contabilizadas para as NT: 6 mortos e 9 feridos graves:

(i) Da CCS/BART 2917, ao serviço da CCAÇ 12: guia e picador Seco Camará, assalariado, trabalhando sobretudo com a CCAÇ 12; está sepultado em Nova Lamego:

(ii) Da CART 2715 / BART 2917 (Xime, 1970/72):

- Furriel Mil Mec Auto Joaquim Araújo Cunha, nº mec 14138068; sepultado em Barcelos;

- 1º Cabo At José Manuel Ribeiro, nº mec 18849069; sepultado em Lousada.

- Sold At Fernando Soares, nº mec 06638369; sepultado em Fafe;

- Sold At Manuel Silva Monteiro, nº mec 17554169; sepultado em Condeixa-a-Nova;

- Sold  At Rufino Correia Oliveira, nº mec 17563169; sepultado em Oliveira de Azeméis...

Dos feridos graves (9), helievacuados em Madina Colhido, não temos infelizmente registo dos seus nomes, tirando o sold Sajuma Jaló (apontador de bazuca do 4º Gr Comb/CCAÇ 12, onde eu ia integrado, como comandante de secção).

A emboscada, em L, enquadrada e/ou comandada por cubanos, apanhou na "zona de morte" os 3 Gr Comb do Agr C [CART 2715] e 1 Gr Comb (4º) do Agr B [CCAÇ 12]. Estiveram envolvidos nesta operação 3 agrupamentos, 8 grupos de combate, cerca de 250 homens em armas.

"O ataque durou cerca de 20 minutos, sendo a retirada do IN apoiada com tiros de mort 82 e canhão s/r (!) que incidiram sobre a antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, e especialmente sobre os 2 últimos Gr Comb (1° e 2º) da CCAÇ 12, assim como rajadas enervantes de pistola-metralhadora, de posições que ainda não se haviam revelado, nomeadamente de cima das árvores." (Fonte: poste P1318).

2. No desfecho desta operação, uma das vítimas, "à posteriori", foi o próprio comandante da CART 2715, o jovem cap art Vitor Manuel Amaro dos Santos, então com 26 anos. Por razões de saúde, saiu do comando da CART 2715, no princípio do ano de 1971, e nunca mais voltou.

Há 7 anos atrás, o nosso editor LG deixou aqui escrito, em verso, o seguinte (****):

(...) Um, dois, três, quatro, cinco, seis homens
vão morrer daqui a três ou quatro horas,
às 8h50,
em vinte e seis de novembro de mil novecentos e setenta,
no cacimbo da madrugada,
na antiga picada do Xime-Ponta do Inglês.
Cinco brancos e um preto,
a lotaria da morte, em L,
numa emboscada que é cubana,
numa roleta que é russa,
com os RPG, amarelos, "made in China"...
no corrocel da morte que é, afinal, universal! (...)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série  > 26 de novembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24888: S(C)em comentários (18): Obrigado, América! Thank You, America ! (José Câmara, Soughton, MA)

(**) Vd. poste de 28 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23823: (De) Caras (190): Vitor Amaro dos Santos (Lousã, 1944 - Coimbra, 2014), o primeiro comandante´da CART 2715 / BART 2917 (Xime, 1970 /72): continuamos a honrar a sua memória 


(****) Vd.poste de 27 de novembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16765: Manuscrito(s) (Luís Graça) (102) : Para ti, camarada, que ainda não sabes que vais morrer, às 8h50 da madrugada do dia 26 de novembro de 1970...

Guiné 61/74 - P24888: S(C)em comentários (18): Obrigado, América! Thank You, America ! (José Câmara, Soughton, MA)


"The First Thanksgiving, 1621",  quadro a óleo (c. 1912/15), da autoria de  Jean Leon Gerome Ferris (1863–1930). Imagem do domínio público. Cortesia de Wikimedia Commons.



O nosso veterano José Câmara


1. Postagem, na página do Facebook Tabanca Grande Luís Graça, com a data de 23 de novembro de 2023, 2:19,  do José Câmara (ex-fur mil inf, CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73;  natural de Fazenda, Lajes das Flores, Ilha das Flores, Açores;  luso-americano, a viver em Stoughton, MA (Massachusetts), EUA; agente de seguros; ingressou na Tabanca Grande em 15/9/2009; autor da série "Memórias e Histórias Minhas" de que publicou até à data 37 postes; tem cerca de 140 referências no nosso blogue):

Amigos e camaradas-de-armas,

O Thanksgiving Day nos EUA é, sem dúvida alguma, o grande feriado familiar nos EUA. Os primeiros imigrantes celebraram o fim das colheitas com orações e festa que se prolongaram por três dias (diz a Wikipedia), e às quais se juntaram os nativos da área de Plymouth, Estado de Massachusetts.

Para muitos imigrantes é conhecido como o dia dos perus. Isso não significa menos respeito por esta grande nação americana que nos recebeu de braços abertos e nunca nos impediu de irmos tão longe quando as nossas capacidades humanas permitiram.

Não é segredo para ninguém o respeito que sinto por este grande País Americano. Dentro do possível, emprestei-lhe o melhor que trouxe do País que me viu nascer e crescer e que moldou o meu caracter, a minha forma de estar na vida. Foi o melhor que lhe pude dar. Aqui dei continuidade a esses princípios, formei a minha família e vi crescer os meus filhos em pessoas de bem. Tudo isso se conjugou para me sentir um homem realizado na vida.

Por favor, deixem-me compartilhar com todos vós um grande Dia de Acção de Graças, um feliz Thanksgiving Day.

Com respeito e consideração,
José Câmara
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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24851: S(c)em comentários (17): "Por ti, Portugal, eu juro!": Memórias e testemunhos dos comandos africanos da Guiné (1971-1974), tese de doutoramento, de Sofia da Palma Rodrigues (2022), UC/CES: Resumo

Guiné 61/74 - P24887: Parabéns a você (2227): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil Art da CART 2412 (Bigene, Guidage e Barro, 1968/70) e Manuel Lima Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3476 (Canjambari e Dugal, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE NOVEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24878: Parabéns a você (2226): Abel Moreira dos Santos, ex-Soldado At da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) e António (Tony) Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)